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Introdução:Fugir dos estereótipos. Essa é a melhor razão encontrada para justificar a escolha da música Adimirável Gado Novo para fazer um paralelo com o pré-modernismo brasileiro e suas tão diferentes formas de enchergar o mesmo homem sertanejo. A música Admirável Gado Novo, tenta mostrar através da própria consciência do autor, a complicada vida que o sertanejo, leva. A música traz uma nova versão para o sertanejo, não a versão choramingada e sofrida como estamos acostumados, mas uma versão um tanto quanto mais realista,de sertanejos acomodados, mas trabalhadores. A música faz críticas também que correspondem as da era Pré-modernista, não só a crítica ao homem do campo, mas ao governo e ao Brasil. Para entender um pouco mais dessa visão é preciso descobrir um pouco mais sobre a história do autor.
Biografia       Dotado de um voz cheia de personalidade o compositor e intérprete da música Admirável Gado Novo, Zé Ramalho, é o maior nome da música popular brasileira com raízes nordestinas. Zé Ramalho é fortemente influenciado pelo rock americano dos anos 60 e 70, mas mesmo assim possui uma induvidável referencia de repentistas nordestinos e uma boa dose da essência filosófica de Audous Huxley, Karl Marx e Freud. A maior caracteristica das suas músicas é a critíca, esta feita de uma maneira geral, critíca ao governo, as pessoas, a vida no sertão, esse ultimo tema tendo o seu maior diferencial. Zé Ramalho fala do sertão, do nordeste e do Brasil, mas do que como apenas um brasileiro que sofre, aliás essa não foi a realidade dele. Estudante dos melhores colégios da Paraíba e o tipico garoto criado por avós, com todas as regalias possiveis, ele se destaca pelo posicionamento inteligente e bem fundamentado adotado nas suas canções. Ainda criança começou a se interessar por mitologia greco-romana e literatura de cordel. Viveu até a adolescencia no interior da Paraíba e com isso conheceu a realidade do interior nordestino, apesar de nunca se enquadrar no padrão pobre da sociedade local, soube observar e aprender o quão aquilo tudo estava errado. Facilmente definido com um “mauricinho” mas sem nunca esquecer da realidade, aliás com mais pé no chão do que muita gente que anda descalça, Zé Ramalho traz os problemas do sertanejo mas não da forma choramingada com que a sociedade estava acostumada. Ele traz a culpa para o governo e não para os problemas naturais ou a vontade divina – como outros autores justificam os problemas da seca. Mostrando que apesar da sonoridade universal ele mantém os pés ficandos no nordeste.
InterpretaçãoEm relação direta a obra do famoso filosofo Audous Huxley, a música recebe o mesmo título do livro de Huxley: Admirável Gado Novo de 1931. Apesar de tanto o título quanto a letra demonstrarem de forma subjetiva a síntese da obra do filosofo, a música ficou conhecida nacionalmente quando exibida no horário nobre da televisão brasileira, televisão esta profetizada pelo mesmo em sua obra e tida como um meio de alienação das massas. A tentativa de Zé Ramalho em permitir a utilização da obra em tal meio foi de utilizar o próprio meio de alienação para um efeito reverso, comunicar ao povo que precisar largar-se do cabresto de seus donos.  A composição é feita no formato de três estrofes e um refrão, caracterizando assim a música como uma balada, um tipo de música mais tocada nas rádios, evidenciando ainda mais a intenção de Ramalho em torna-la de conhecimento geral. A estratégia não passaria despercebida e logo a música foi censurada pelo governo. O Refrão caracteriza o homem do sertão trabalhador, esforçado e submisso, mas ainda sim feliz. A utilização da expressão “povo feliz” não está associada apenas a fama do povo brasileiro alegre, mas também a imagem de lutador e modificador do meio que este pode ter e é justamente essa face de cada brasileiro que ele tenta buscar e chamar toda hora na música.
Na primeira estrofe o cantor evidencia de novo a vontade de atingir o público como se falasse diretamente pra cada pessoa: “Vocês que fazem parte dessa massa” e mostra a melhor imagem do brasileiro, a trabalhadora, ao contrário das demais obras com o mesmo tema que destacam a imagem sofredora.
Ele critica também a forma de governo adotada e coloca em pauta o fato do próprio sistema está prejudicando o trabalhador: “E ver que toda essa engrenagem/Já sente a ferrugem lhe comer”.
Na segunda estrofe há a maior ligação com a obra de Huxley, nessa parte ele fala da posição do governo e dos meios de comunicação em tentar alienar o povo, onde este sofre, mas acaba acreditando que está tudo na mais perfeita ordem, pois é essa imagem vendida principalmente pelos meios de comunicação da época de Audous (1913): o jornal e a rádio, e mostra como o sistema envelheceu, mas não mudou.
Traz também a imagem de sonhador e por que não dizer pedinte, que espera pelo melhor na beira de uma estrada, um melhor talvez em uma carona para o sudeste: “Demoram-se na beira da estrada/E passam a contar o que sobrou”.
A terceira e última estrofe mostra o comportamento contemporâneo na tentativa do povo de afastar-se da ignorancia, apesar da imposição desta pelo governo.Relaciona também ao formato do sistema, em que as pessoas pensam em melhorar de vida,não modificando o sistema, mas permanecendo atrás das grades do governo: “E sonham com melhores tempos idos/Contemplam essa vida numa cela”.
Concluindo a música ressaltando a esperança, a religiosidade e a acomodação perante ao sistema do homem do campo, onde eles apenas “Esperam nova possibilidade” e afirma que o comando para a salvação não está ao alcançe desse povo que apenas espera: “A Arca de Noé, o dirigível/Não voam nem se pode flutuar”.
Pré-Modernismo A música de Zé Ramalho traz consigo um veredito, a letra é totalmente ligada à tradição realista, onde vai revelar criticamente as tensões da sociedade brasileira. Nas obras pré-modernistas os autores se posicionam diante dos problemas sociais e culturais, criticando o Brasil arcaico, assim como a letra de Zé Ramalho, só que este por sua vez critica um o país contemporâneo, mas com problemas não tão diferentes dos antigos. Podemos perceber claramente em ambas as obras o Brasil não oficial do sertão, dos caboclos e dos subúrbios, tipos humanos marginalizados, mostrando que a realidade dos pobres também pode ser interessante, talvez até mais interessante do que a realidade dos mais ricos. O Pré-Modernismo é a época do nacionalismo temático: crítico e contestador. Na música, ele critica frequentemente o fato de que o brasileiro trabalha duro, e na maioria das vezes mais do que recebe em troca. Também contesta a coragem, a garra do povo brasileiro para conseguir o que deseja: a garra de lutar pela sobrevivência e por um prato de comida na mesa da família. O regionalismo se encontra presente no texto. Ele não só aborda regiões do Brasil, como o nordeste, interior paulista, por exemplo, mas sim o país como um todo. A música de Zé ramalho mostra a realidade de cada brasileiro, incluindo o povo no campo. Essas críticas se fazem presentes no pré-modernismo. Ele liga fatos políticos, econômicos e sociais, diminuindo a distância entre realidade e ficção, como quando ele fala, na segunda estrofe, sobre a alienação do povo, que por mais que estejam sofrendo, acreditam na perfeição da ordem das coisas, já que é essa imagem imposta pela mídia da época. Na sua última estrofe, ele mostra o comportamento do povo de tentar sair de uma realidade (a ignorância, imposta pelo governo), a tentativa de se revoltar e como o sistema se comporta com isso, de forma semelhante ao sistema na época do Pré-modernismo. Conclusão	 Analisando as obras de autores da época do pré-modernismo, como Augusto dos Anjos, Euclides da Cunha, Lima Barreto e Monteiro Lobato, podemos perceber que, por mais que Zé Ramalho siga o pré-modernismo, ele não tem uma semelhança marcante com nenhum desses escritores. Na verdade, o que percebemos é que Zé Ramalho tem seu próprio estilo de mostrar a realidade do Brasil. Constituindo mais uma cara pro mesmo homem do sertão, tão diferente e tão igual ao mesmo tempo.

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  • 1. Introdução:Fugir dos estereótipos. Essa é a melhor razão encontrada para justificar a escolha da música Adimirável Gado Novo para fazer um paralelo com o pré-modernismo brasileiro e suas tão diferentes formas de enchergar o mesmo homem sertanejo. A música Admirável Gado Novo, tenta mostrar através da própria consciência do autor, a complicada vida que o sertanejo, leva. A música traz uma nova versão para o sertanejo, não a versão choramingada e sofrida como estamos acostumados, mas uma versão um tanto quanto mais realista,de sertanejos acomodados, mas trabalhadores. A música faz críticas também que correspondem as da era Pré-modernista, não só a crítica ao homem do campo, mas ao governo e ao Brasil. Para entender um pouco mais dessa visão é preciso descobrir um pouco mais sobre a história do autor.
  • 2. Biografia Dotado de um voz cheia de personalidade o compositor e intérprete da música Admirável Gado Novo, Zé Ramalho, é o maior nome da música popular brasileira com raízes nordestinas. Zé Ramalho é fortemente influenciado pelo rock americano dos anos 60 e 70, mas mesmo assim possui uma induvidável referencia de repentistas nordestinos e uma boa dose da essência filosófica de Audous Huxley, Karl Marx e Freud. A maior caracteristica das suas músicas é a critíca, esta feita de uma maneira geral, critíca ao governo, as pessoas, a vida no sertão, esse ultimo tema tendo o seu maior diferencial. Zé Ramalho fala do sertão, do nordeste e do Brasil, mas do que como apenas um brasileiro que sofre, aliás essa não foi a realidade dele. Estudante dos melhores colégios da Paraíba e o tipico garoto criado por avós, com todas as regalias possiveis, ele se destaca pelo posicionamento inteligente e bem fundamentado adotado nas suas canções. Ainda criança começou a se interessar por mitologia greco-romana e literatura de cordel. Viveu até a adolescencia no interior da Paraíba e com isso conheceu a realidade do interior nordestino, apesar de nunca se enquadrar no padrão pobre da sociedade local, soube observar e aprender o quão aquilo tudo estava errado. Facilmente definido com um “mauricinho” mas sem nunca esquecer da realidade, aliás com mais pé no chão do que muita gente que anda descalça, Zé Ramalho traz os problemas do sertanejo mas não da forma choramingada com que a sociedade estava acostumada. Ele traz a culpa para o governo e não para os problemas naturais ou a vontade divina – como outros autores justificam os problemas da seca. Mostrando que apesar da sonoridade universal ele mantém os pés ficandos no nordeste.
  • 3. InterpretaçãoEm relação direta a obra do famoso filosofo Audous Huxley, a música recebe o mesmo título do livro de Huxley: Admirável Gado Novo de 1931. Apesar de tanto o título quanto a letra demonstrarem de forma subjetiva a síntese da obra do filosofo, a música ficou conhecida nacionalmente quando exibida no horário nobre da televisão brasileira, televisão esta profetizada pelo mesmo em sua obra e tida como um meio de alienação das massas. A tentativa de Zé Ramalho em permitir a utilização da obra em tal meio foi de utilizar o próprio meio de alienação para um efeito reverso, comunicar ao povo que precisar largar-se do cabresto de seus donos. A composição é feita no formato de três estrofes e um refrão, caracterizando assim a música como uma balada, um tipo de música mais tocada nas rádios, evidenciando ainda mais a intenção de Ramalho em torna-la de conhecimento geral. A estratégia não passaria despercebida e logo a música foi censurada pelo governo. O Refrão caracteriza o homem do sertão trabalhador, esforçado e submisso, mas ainda sim feliz. A utilização da expressão “povo feliz” não está associada apenas a fama do povo brasileiro alegre, mas também a imagem de lutador e modificador do meio que este pode ter e é justamente essa face de cada brasileiro que ele tenta buscar e chamar toda hora na música.
  • 4. Na primeira estrofe o cantor evidencia de novo a vontade de atingir o público como se falasse diretamente pra cada pessoa: “Vocês que fazem parte dessa massa” e mostra a melhor imagem do brasileiro, a trabalhadora, ao contrário das demais obras com o mesmo tema que destacam a imagem sofredora.
  • 5. Ele critica também a forma de governo adotada e coloca em pauta o fato do próprio sistema está prejudicando o trabalhador: “E ver que toda essa engrenagem/Já sente a ferrugem lhe comer”.
  • 6. Na segunda estrofe há a maior ligação com a obra de Huxley, nessa parte ele fala da posição do governo e dos meios de comunicação em tentar alienar o povo, onde este sofre, mas acaba acreditando que está tudo na mais perfeita ordem, pois é essa imagem vendida principalmente pelos meios de comunicação da época de Audous (1913): o jornal e a rádio, e mostra como o sistema envelheceu, mas não mudou.
  • 7. Traz também a imagem de sonhador e por que não dizer pedinte, que espera pelo melhor na beira de uma estrada, um melhor talvez em uma carona para o sudeste: “Demoram-se na beira da estrada/E passam a contar o que sobrou”.
  • 8. A terceira e última estrofe mostra o comportamento contemporâneo na tentativa do povo de afastar-se da ignorancia, apesar da imposição desta pelo governo.Relaciona também ao formato do sistema, em que as pessoas pensam em melhorar de vida,não modificando o sistema, mas permanecendo atrás das grades do governo: “E sonham com melhores tempos idos/Contemplam essa vida numa cela”.
  • 9. Concluindo a música ressaltando a esperança, a religiosidade e a acomodação perante ao sistema do homem do campo, onde eles apenas “Esperam nova possibilidade” e afirma que o comando para a salvação não está ao alcançe desse povo que apenas espera: “A Arca de Noé, o dirigível/Não voam nem se pode flutuar”.
  • 10. Pré-Modernismo A música de Zé Ramalho traz consigo um veredito, a letra é totalmente ligada à tradição realista, onde vai revelar criticamente as tensões da sociedade brasileira. Nas obras pré-modernistas os autores se posicionam diante dos problemas sociais e culturais, criticando o Brasil arcaico, assim como a letra de Zé Ramalho, só que este por sua vez critica um o país contemporâneo, mas com problemas não tão diferentes dos antigos. Podemos perceber claramente em ambas as obras o Brasil não oficial do sertão, dos caboclos e dos subúrbios, tipos humanos marginalizados, mostrando que a realidade dos pobres também pode ser interessante, talvez até mais interessante do que a realidade dos mais ricos. O Pré-Modernismo é a época do nacionalismo temático: crítico e contestador. Na música, ele critica frequentemente o fato de que o brasileiro trabalha duro, e na maioria das vezes mais do que recebe em troca. Também contesta a coragem, a garra do povo brasileiro para conseguir o que deseja: a garra de lutar pela sobrevivência e por um prato de comida na mesa da família. O regionalismo se encontra presente no texto. Ele não só aborda regiões do Brasil, como o nordeste, interior paulista, por exemplo, mas sim o país como um todo. A música de Zé ramalho mostra a realidade de cada brasileiro, incluindo o povo no campo. Essas críticas se fazem presentes no pré-modernismo. Ele liga fatos políticos, econômicos e sociais, diminuindo a distância entre realidade e ficção, como quando ele fala, na segunda estrofe, sobre a alienação do povo, que por mais que estejam sofrendo, acreditam na perfeição da ordem das coisas, já que é essa imagem imposta pela mídia da época. Na sua última estrofe, ele mostra o comportamento do povo de tentar sair de uma realidade (a ignorância, imposta pelo governo), a tentativa de se revoltar e como o sistema se comporta com isso, de forma semelhante ao sistema na época do Pré-modernismo. Conclusão Analisando as obras de autores da época do pré-modernismo, como Augusto dos Anjos, Euclides da Cunha, Lima Barreto e Monteiro Lobato, podemos perceber que, por mais que Zé Ramalho siga o pré-modernismo, ele não tem uma semelhança marcante com nenhum desses escritores. Na verdade, o que percebemos é que Zé Ramalho tem seu próprio estilo de mostrar a realidade do Brasil. Constituindo mais uma cara pro mesmo homem do sertão, tão diferente e tão igual ao mesmo tempo.