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1"f                    o Sistema
                           Nervoso


    COMPONENTES              DO SISTEMA                       voluntário, e seus impulsos são transmitidos através
    NERVOSO                                                   dos neurônios craniais ou dos neurônios mais distais
                                                              da medula espinhal. Para iniciar o movimento volun-
       Em termos gerais, o sistema nervoso é dividido to-     tário, o NMS,que é localizado no cérebro, estimula o
    pograficamente nos componentes central e periférico       NMI distribuído no tronco encefálico e no corno ven-
    com superimposição do sistema nervoso autônomo.           tral da medula espinhal, cuia resposta é então trans-
    Funcionalmente, o sistema nervoso é dividido em re-       mitida para o musculoesquelético da cabeça e resto
    giões sensorial, central e motora. A região sensorial     do corpo nos nervos craniais e periféricos respectiva-
    contém os componentes aferentes, que, através de um       mente, via axônios terminais. Cada unidade motora
    espectro de diferentes receptores e nervos sensoriais e   consiste no NMI e no músculo que ele inerva. Para
    arcos reflexos, são responsáveis pela sensação do am-     facilitar a avaliação, o sistema nervoso central é tam-
o   bienteexternoe internoe transmissãodesses
                                            dadosaté          bém dividido em seções:
    a região central para integração na medula espinhal e
    cérebro.Asrespostasaos dados que chegam são executa-
    das pelo sistema motor ou eferente que consistenos ner-
                                                                 .
                                                                 .   Cérebro
                                                                     Segmentos cervicais superiores da medula espinhal,
    vosmotores, nas placas terminais e nos órgãos efetores.
       O sistema motor é subdividido em sistemas moto-           .   C1-C5
                                                                     Segmentos da tumefação braquial da medula
    res autonômico e somático. O sistema autonômico
    consiste em um sistema de subdivisões em oposição,           .   espinhal,   C6-T2
                                                                     Segmentos torácicos e lombares da medula
    simpática e parassimpática, distribuído pelo sistema
    nervoso e responsável pelo controle involuntário da          .   espinhal,   T3-L3
                                                                     Segmentos da tumefação pélvica da medula
    função das vísceras. Essa região do sistema nervoso
    não é muito envolvida no exame neurológico geral. A          .   espinhal,   L4-S2
                                                                     Segmentos da medula espinhal que inervam o reto,
    porção somática é também conhecida como sistema
    motor voluntário (em contraste com o sistema invo-
    luntário, mencionado há pouco) que, desde um pon-
                                                                 .   ânus e bexiga, 53-55
                                                                     Segmentos da medula espinhal que inervam a
                                                                     cauda, C01-C05
    to de vista funcional, é considerado como sendo
    constituído de um neurônio motor superior (NMS) e
    um neurônio motor inferior (NMI). Na realidade,           MANIFESTAÇÕES DE DOENÇA
    ambos os "neurônios" consistem em mais de um com-         DO SISTEMA NERVOSO
    ponente. O NMI consiste em neurônio motor, em seu
    axônio e em suas conexões terminais no músculo. O             Embora a doença do sistema nervoso possa resul-
    NMIpode ser uma célula do corno ventral da medula         tar em elevação da temperatura corporal, bacteremia,
    espinhal ou a célula nervosa motora de um nervo cra-      septicemia, dor e envolvimento de órgãos adjacentes,
    niallocalizada centralmente. O NMSé a célula nervo-       o papel dominante desse sistema no controle da fun-
    sa motora no córtex responsável pelo movimento            ção de vários órgãos faz com que os principais sinais
84      VICTOR C. SPEIRS



de doença sejam relacionados a uma alteração ou per-
da de função. A variação na função é, portanto, um                  RESPOSTA A UMA LESÃO NO
guia importante para a localização da lesão. A avalia-             NEURÔNIO MOTOR SUPERIOR
ção da função requer um entendimento de como o
NMSe o NMIinteragem, assim como a capacidade de
reconhecer os sinais clínicos associados com a varia-          .   Movimento voluntário reduzido ou ausente
ção na função de cada unidade motora. Usando essa
abordagem, uma lesão pode ser localizada em uma                .   (hiporreflexia,     arreflexia)
                                                                   Resposta reflexa normal ou exagerada (hiper-
parte específica do sistema. Esse conceito funciona
melhor para lesõessolitárias, mas freqüentemente um            .   reflexia)
                                                                   Aumento do tônus muscular (hipertônico),
processo é distribuído pelo sistema como uma lesão
contínua (difusa) ou como uma série de lesões focais
(multicêntrica). O NMI consiste em um componente
                                                               .   atrofia de desuso discreta
                                                                   Perda da propriocepção e da dor (hipoalgesia,
                                                                   analgesia)
sensorial num órgão que se comunica com o neurô-
nio motor na medula espinhal local e daí com um                RESPOSTA UMALESÃONO NEURÔNIO
                                                                      A
músculo efetor,via axônio. Issoé conhecido como arco
reflexo, através do qual um impulso sensorial pode             .
                                                               .
                                                                 MOTOR INFERIOR
                                                                   Movimento         voluntário   reduzido   ou ausente
induzir uma resposta imediata, sem passar pelo cére-
bro. Há uma constante interação entre os sistemas de           .   Resposta reflexa reduzida ou ausente
                                                                   Tônus muscular reduzido (hipotônico) ou
NMIcontrolando grupos musculares em oposição (p.
ex., músculos flexores e extensores) que estão, em cir-
cunstâncias normais, sob influência do NMSque, por
                                                               .   ausente (atônico)
                                                                   Perda da propriocepção e da dor, atrofia
                                                                   muscular grave
sua vez, mantém um controle inibitório sobre o refle-
xo local. Sinais de doença do NMSsão relacionados à
perda dessa inibição, tendendo a causar aumento da
atividade no órgão terminal. Isso contrasta com a le-
são do NMIque causa uma redução na perda da fun-            doença em outro órgão ou sistema e em parte para
ção, observada geralmente como perda no tônus.              detectar a presença de doença que possa produzir si-
                                                            nais neurológicos secundários. Hipóxia, anóxia, hipo
                                                            e hiperglicemia, hepatopatia, uremia, hipocalcemia,
EXAME FíSICO GERAL                                          hiper e hipocalemia, acidose, alcalose e hipo e hiper-
                                                            termia são freqüentemente associadas a sinais clíni-
    Os objetivosdo exame do sistema nervoso são ini-        cos neurológicos. O método para exame do sistema
cialmente estabelecer se há algum processo patológi-        nervoso dado a seguir foi delineado a partir de outras
co presente e, então, caso exista, localizá-Io no sistema   publicações.l,z
nervoso. Como foi dito, é necessário um entendimen-
to completo dos aspectos neuroanatômicos e funcio-          Cabeça
nais do sistema nervoso. Embora qualquer exame
sistemático seja adequado, um objetivo inicial deveser      Comportamento
de localizar a lesão em uma ou mais das seguintes
regiõesque aparecem listadas no sentido cranial a cau-          Comportamento anormal indica mau funciona-
dal, de acordo com o desenvolvimento geral do exa-          mento do córtex cerebral. Conhecer o comportamento
me:                                                         normal é necessário antes que se possa identificar um

   .
   .   Cérebro
                                                            comportamento anormal. Variaçõesdo comportamen-
                                                            to freqüentemente reconhecidas incluem pressionar a

   .
   .
       Troncoencefálico
       Cerebelo
                                                            cabeça, andar em círculos, lamber-se, alterar a voz e o
                                                            apetite e tomar-se agressivo.Aspectosdo comportamen-

   .   Medula espinhal
       Nervos eriféricos músculos
            p          e
                                                            to normal com os quais o clínico deve estar familiari-
                                                            zado incluem:

    A progressão cranial a caudal do exame baseia-se
na progressão semelhante do controle neurológico, do
                                                               .   Maneira com que cavalos reagem a pessoas e a
                                                                   outros cavalos. A incapacidade de manter a
mais alto para o mais baixo.
    Antes que um exame detalhado e específico do sis-          .   ordenação social pode indicar doença ou fraqueza
                                                                   Modo pelo qual os cavalos relaxam quando não
tema nervoso seja feito, deve ser realizado um exame
clínico geral, em parte para detectar a presença de            .   perturbados
                                                                   Quantidade de tempo dedicado a comer e dormir
EXAME CLÍNICO DE EQÜINOS                85


   .   Freqüênciacom que se deveesperarver um cavalo
       deitadoe em que posiçãoele mais provavelmente
                                                             do cavalo, ele geralmente flexiona a cabeça a fim de
                                                             tomar o alimento na boca (apreender) (Figura 4-1).
       estará                                                O animal deveser avaliado enquanto em repouso,para
   .   Comportamentonormal de garanhõese de éguas.           detectarem-se tremores ou postura anormal da cabe-
       Garanhões  freqüentementesão mais agressivos  que     ça. Aposição da nuca em relação ao focinho deveser
       éguase cavaloscastrados,o que não deveser             cuidadosamente avaliada.
       confundidocom desenvolvimento comporta-
                                       de
       mento agressivoem um indivíduoanteriormente
                                                             Avaliação     da Função dos Nervos           Cranianos
       calmo.A agressividade a disposiçãogeral irritadi-
                             e
       ça são sinaismuitasvezesrelacionadosa                     A localização de uma lesão no tronco encefálico é
       desequilíbrioshormonaisassociados tumores
                                         a                   facilitada por um exame cuidadoso dos nervos cra-
       ovarianosou retençãotesticular                        nianos. Aexemplo dos outros componentes do exame,
                                                             é lógico proceder-se num sentido cranial a caudal.
Estado Mental
                                                             AVALIAÇÃO OLFATO(NERVO CRANIANOI
                                                                            DO
    Anormalidades no estado mental indicam um en-            [NERVO OLFATIVO]). É extremamente difícil
volvimentodo tronco encefálico e córtex cerebral me-         avaliar-se o olfato em cavalos e um déficit nesse senti-
nor. Oestado mental pode ser comparado ao estado de          do (anosmia) é, por isso, raramente relatado. Uma
consciência de um animal e reflete a capacidade fun-         avaliação simples do olfato pode ser feita anotando-se
cional do sistema ativador reticular ascendente, loca-       como o cavalo cheira coisas como alimento, mão do
lizado no tronco encefálico, bem como de certas partes       clínico, fezes ou urina, esta última sendo um teste
do córtexcerebral.Normalmente,esses         sistemasres-     melhor para garanhões.
pondem a impulsos sensoriais (aferentes) na forma
de estímulos visuais, tácteis, auditivos, olfativos e gus-   AVALIAÇÃO      DA VISÃO (NERVO CRANIANO 11
tativos. O estado mental varia do normal, passando           [NERVO ÓPTICOD. Avisão é testada pelo reflexo
por uma série de estágios menores de anormalidade            de ameaça, pelo qual um gesto ameaçador feito em
(estupor, depressão, sonolência, delírio, letargia e de-     direção do olho induzirá fechamento da pálpebra e às
pressão), até o coma e semicoma. Coma ocorre quan-           vezes recuo da cabeça (Figura 4-2). Deve-seter cuida-
do não há qualquer resposta aos estímulos normais, e         do para que com o gesto não se provoquem desloca-
semicoma define um estado no qual não ocorre res-            mentos de ar que possam ser percebidos pelo cavalo e
posta a estímulos normais, mas há resposta a estímu-         resultar em uma resposta semelhante. O reflexo pode
los excessivamente nocivos.                                  estar ausente em cavalos deprimidos ou excitados e
                                                             potros recém-nascidos. O cavalo pode tornar-se refra-
Postura e Coordenação          da Cabeça                     tário se o gesto for repetido com muita freqüência. No

    Os movimentos normais suaves e coordenados da
cabeça estão sob controle do cérebro, cerebelo e siste-
ma vestibular. O movimento normal da cabeça envol-
ve várias combinações de flexão lateral, rotação e
extensão da articulação atlantoccipital. Uma posição
anormal pode ser devida à dor de fratura ou infecção.
Lesões vestibulares freqüentemente causam uma ro-
tação caracterizada por inclinação da cabeça com a
nuca desviada para um lado, mas com o focinho e
pescoço na linha média. Por outro lado, as lesões do
cérebro podem fazer com que o cavalo ande em círcu-
los e mostre um desvio da cabeça e pescoço para o
lado da lesão, mas o focinho não gire ao redor da nuca.
As lesões cerebelares interferem com a coordenação
normal e controle fino dos movimentos, resultando em
movimentos abruptos durante a movimentação volun-
tária e em tremores finos quando o animal está em
repouso, conhecidos como tremores de intenção.
    Apostura e coordenação da cabeça podem ser ava-          t   FIGURA 4-1
liadas durante a atividade normal. Se alguma comida          Segurando
                                                                     uma porçãode alimentoadjacente paletaparatestara ca-
                                                                                                  à
é segurada ao lado da paleta em qualquer dos lados           pacidade cavalo flexionar cabeça pescoço
                                                                    do      em        a       e        lateralmente.
86     VICTOR C. SPEIRS



cavalo, como resultado de um cruzamento (decussa-
ção) quase completo no qui asma áptico, a visão em
um olho é controlada, principalmente, no hemisfério
cerebral contralateral. Avia aferente, portanto, envol-
ve primeiro retina, nervo áptico e quiasma áptico para
daí, após a decussação, o trato áptico contralateral,
núcleo geniculado lateral, radiação áptica e cártex
occipital. Avia eferente envolve o núcleo do nervo fa-
cial ipsolateral que fornece uma resposta motora que
termina com o fechamento das pálpebras. Lesões da
retina e do nervo áptico produzirão, portanto, ceguei-
ra ipsolateral, enquanto lesões localizadas mais cen-
tralmente causarão cegueira contralateral.
    Testesde visão incluem a capacidade de seguir uma
luz em movimento e movimentar-se por um trajeto
com obstáculos, evitando-os (Figura 4-3). Uma obser-
vação cuidadosa enquanto o cavalo está comendo ou
                                                                  t   FIGURA 4-3
                                                                  Trajetocomobstáculosparatestara visão.Observe o atendenteper-
                                                                                                              que
caminhando, especialmente se for num ambiente es-                 miteque o cavaloescolha ondecaminha.
                                                                                         por
tranho, pode permitir a detecção da cegueira ou visão
deficitária. A cegueira ou visão deficitária unilateral
são muito mais difíceisde detectar, e sua detecção pode
necessitar vendar os olhos do cavalo (Figura 4-4).                AVALIAÇÃO DO REFLEXO PUPILAR À LUZ
                                                                   (NERVOS CRANIANOS 11 [NERVO ÓPTICO] E
                                                                   111 [NERVO OCULOMOTORD. O tamanho da
                                                                  pupila depende do equilíbrio entre os músculos cons-
                                                                   tritores, inervados por fibras parassimpáticas dos ner-
                                                                  vos oculomotores e músculos dilatadores, inervados por
                                                                  fibras simpáticas do gânglio cervical cranial. A ava-
                                                                   liação do reflexo pupilar à luz testa a função dos ner-
                                                                  vos áptico e oculomotor simultaneamente. Nela, os im-
                                                                  pulsos neurais, produzidos em resposta a um feixe de
                                                                  luz dirigido para o interior do olho, chegam ao cére-
                                                                  bro através do nervo áptico, são integrados na região
                                                                  pré-tectal do mesencéfalo contralateral e, então, ati-
                                                                  vam bilateralmente o componente parassimpático dos
                                                                  nervos oculomotores, fazendo as pupilas contraírem-
                                                                  se. Aconstrição no olho ipsolateral é conhecida como
                                                                  resposta direta, e a constrição no olho contralateral,
    "                                                             como resposta consensual. Avia à resposta ao feixe de
                                                                  luz dirigida para um olho é mostrada na Figura 4-5.
                                                                  Antes de realizar-se o teste, cada olho deve ser exami-
                                                                  nado para assegurar que não existam lesões, como
                                                                  aderências que possam interferir mecanicamente com
                                                                  a constrição. Oreflexo pupilar à luz não envolve o cár-
I
                                                                  tex visual e, portanto, o reflexo pode ser positivo num
                                                                  cavalo com cegueira causada por dano nessa região.
                                                                       O mau funcionamento da inervação pelo nervo
                                                                  simpático ao olho produz uma síndrome conhecida
                                                                  como síndrome de Horner que consiste na constrição
                                                                  (miose), na queda da pálpebra superior (ptose) e na
t        FIGURA 4-2                                               produção da membrana nictitante. Há também sinais
Reflexo ameaça. sdedossão rapidamente
        de      O                        movimentados m dir~
                                                      e           não-oculares como dilatação dos vasos sangüíneos
çãoao olho,tomando-se cuidadode evitarcontatoou produzircorren-
                    o                                             faciais, hiperemia da conjuntiva nasal e tumefação
tes de ar.                                                        do lado afetado da cabeça ou pescoço.
EXAME CLÍNICO DE EQÜINOS             87


AVALIAÇÃO POSIÇÃO DO GLOBO OCULAR
              DA                                                          ritmicamente de posição, no sentido da nova localiza-
(NERVOSCRANIANOS111[NERVO OCULOMO-                                        ção, numa série de pequenos movimentos, ao invésde
TO R], IV [TROCLEAR] E VI [ABDUCEN-                                       manterem-se no meio da órbita, movendo-se junto
TE]). A posição do olho é controlada ativamente                           com a cabeça. Essa última atividade é o nistagmo ves-
pelos quatro músculos retos, pelos dois oblíquos e pe-                    tibular normal ou reflexo oculocefálico e resulta da
los músculos retratores do bulbo (do globo). Aposição                     interação entre os centros que controlam o equilíbrio
pode ser alterada por lesões que ocupam espaço nas                        (núcleos vestibulares) e os nervos responsáveis pelo
órbitas (abscesso, neoplasia) e podem produzir des-                       movimento dos olhos. Estrabismo verdadeiro é raro
vios ou deslocamentos. Os únicos músculos do olho                         em cavalos, mas, quando presente, devido à associa-
não inervados pelo nervo oculomotor são o reto late-                      ção anatõmica íntima dos nervos que controlam o
ral, os músculos retratores do bulbo, que são supridos                    movimento dos olhos, significa que todos os nervos
pelo nervo abducente (nervo craniano VI), e o múscu-                      estão afetados em algum grau. O estrabismo associa-
lo oblíquo dorsal, suprido pelo nervo troclear (nervo                     do a dano em algum desses nervos irá ocorrer, inde-
craniano IV).                                                             pendentemente da posição da cabeça, enquanto que
    A função desses músculos e nervos é avaliada ob-                      olhos com nistagmo associado a dano vestibular po-
servando-se o posicionamento dos olhos nas órbitas e                      dem ser movidos e responderão ao movimento.
também o movimento de cada olho. O posicionamen-
to anormal é chamado de estrabismo, e o movimento                         CAPACIDADEDE MASTIGAR(NERVO CRANIA-
anormal é conhecido como nistagmo. Antes que o                            NO V). Asfibras motoras para os músculos da mas-
movimento anormal possa ser avaliado, os movimen-                         tigação são levadas no nervo trigeminal. Dano bilateral
tos normais dos olhos precisam ser entendidos. Quan-                      a esse nervo reduz a efetividade da mastigação, en-
do a cabeça do cavalo é elevada, os olhos tendem a                        quanto a paralisia causa incapacidade do fechamento
permanecer na posição horizontal e, ao fazer isso, gi-                    da mandíbula. Seguem-se atrofia do masseter, dos
ram ventralmente nas órbitas. Do mesmo modo, quan-                        músculos temporais e ventre distal dos músculos di-
do a cabeça se move para um lado, os olhos mudam                          gástricos. Dano unilateral resulta num tõnus fraco da
                                                                          mandíbula e atrofia unilateral.

                                                                          AVALIAÇÃO      DA SENSAÇÃO CUTÂNEA FACIAL
                                                                          (NERVO CRANIANO V). As fibras sensórias da
                                                                          maior parte da cabeça são levadas pelos ramos man-
                                                                          dibular, maxilar e oftálmico do nervo trigeminal. A
                                                                          função desses ramos sensórios é testada observando-se
                                                                          a resposta à estimulação. O movimento das pálpebras,
                                                                          orelha e lábios em resposta a testes com picadas leves
                                                                          serve para avaliar os ramos sensórios e os componen-
                                                                          tes motores do nervo facial, embora a apreciação cons-
                                                                          ciente do estímulo não seja necessária. Cada ramo pode
                                                                          ser testado, avaliando-se sua área de distribuição (Fi-
                                                                          gura 4-6).

                                                                          AVALIAÇÃODA SIMETRIA E MOVIMENTOS
                                                                          FACIAIS (NERVO CRANIANO VII). Os múscu-
                                                                          los responsáveis pela simetria e expressão faciais são
                                                                          controlados pelas fibras motoras do nervo facial (VII).
                                                                          Para começar, a cabeça deve ser examinada para veri-
                                                                          ficação de perda de tõnus, geralmente observávelcomo
                                                                          assimetria unilateral das pálpebras, orelhas ou lábios.
                                                                          A capacidade de movimentar essas estruturas é então
                                                                          testada, em resposta a testes de provocação. Aparalisia
                                                                          facial é geralmente caracterizada por "queda" da ore-
                                                                          lha e lábios, elevação incompleta da pálpebra supe-
                                                                          rior, desvio do focinho para o lado não-afetado e inca-
                                                                          pacidade de abrir a narina. A localização do dano no
.    FIGURA4-4                                                            nervo determina quais estruturas estão afetadas. Uma
Colocação de venda. Permiteque os olhos sejam adequadamente      cober-   lesão proximal afeta a função de todas as estruturas
tos e que o cavalo não possa ver através da venda ou por suas bordas.     supridas pelo nervo, enquanto que uma lesão distal,
88       VICTOR C. SPEIRS



                                      Estímulo            Estímulo
                                  Diminuição da luz    Aumento da luz




                      Nervo óptico esquerdo                Nervo óptico direito




                    Córtex visual esquerdo               Colículosrostrais direitos
                    Regiãopré-tectal esquerda                     ~       .
                             ~     .                    Estimulaçãobilateral dos colículos
                    Estimulaçãobilateral do              rostrais e tratos tectoespinhais
                    núcleo parassimpáticodos
                    nervos oculomotores     .                 +                +


                         !              !
                   Estimulaçãobilateral dos músculos
                                                         Transmissãocaudal para Tl-3
                                                         com estimulação dos neurônios
                                                         pré-gangliônicos
                   dos esfíncterespupilares através
                   dos gânglios ciliares                      ~                ~
                                                         Transmissãorostral do tronco
                             !          !
                    Constriçãopupilar bilateral
                                                         vagossimpático para os gânglios
                                                         cervicaiscraniais
                                                              +
                                                         Estimulaçãodas fibras
                                                         pós-gangliônicase ativação dos
                                                         músculosdilatadores da pupila
                                                              ~                ~
                                                         Dilatação pupilar bilateral




.     FIGURA 4-5
Viasdo reflexopupilarà luz
EXAME CLíNICO DE EQÜINOS                         89


                                                            do tônus extensor do membro contralateral ocorrem
                                                            como resultado da perda do controle do trato vestibu-
                                                            loespinhal.

                                                            AVALIAÇÃODA APREENSÃO DO ALIMENTO.
                                                            A apreensão de alimentos ou a transferência de ali-
                                                            mentos para a boca envolve uma atividade coordena-
                                                            da pelos lábios e mandíbulas, bem como uma
                                                            coordenação central dos núcleos basais que coorde-
                                                            nam a atividade motora de funções básicas como a
                                                            atividade de comer e beber. A encefalomalácia nigro-
                                                            pálida, causada pela ingestão da planta tóxica Cen-
                                                            taurea solstitialis*, afeta os núcleos basais e causa
                                                            incapacidade de apreender o alimento, de mastigá-Io
                                                            ou de movê-Io para as porções caudais da boca. Omau
t FIGURA 4-6                                                funcionamento do nervo facial com paralisia dos lá-
Testando sensação
       a        cutãnea(nervocranianoV).                    bios torna a apreensão difícil, mas o cavalo em breve
                                                            aprende a mover o alimento para a boca, empurrando
                                                            a cabeça no alimento e pegando-o com os dentes, de
envolvendo os ramos bucais, afeta apenas a função           modo muito semelhante a um carnívoro. Em ambas
dos lábios.                                                 as condições, a deglutição não é afetada, e uma vez
                                                            que a comida ou água estejam na boca, a deglutição
AVALIAÇÃOA AUDIÇÃO (RAMO COCLEAROU
              D                                             normal pode ocorrer.
AUDITIVODO NERVO CRANIANOVII). Aper-                            A apreensão anormal ou dificultosa devido à doen-
da unilateral da audição é difícil de ser detectada e por   ça neurológica deve ser diferenciada de anormalidade
essa razão a surdez clinicamente aparente, que é rara,      devido a lesões dolorosas como fraturas, corpos estra-
é usualmente bilateral. A causa usual é otite média-        nhos na língua ou abscessos retrofaríngeos. A apreen-
interna.                                                    são pode ser avaliada pela alimentação manual
                                                            (oferecer o alimento nas mãos ao cavalo) e pela colo-
AVALIAÇÃO       DO EQUILÍBRIO (DIVISÃO VES-                 cação dos alimentos numa superfície dura e plana.
TIBULAR DO NERVO CRANIANO VIII). Essa
divisãodo 8° nervo craniano fornece os principais im-       AVALIAÇÃO      DA DEGLUTIÇÃO (NERVOS CRA-
pulsos aferentes para o sistema vestibular, que é, por      NIANOS IX E X). Os nervos glossofaríngeo e vago
seu lado, responsável pelo equilíbrio e funciona con-       inervam os músculos que controlam a deglutição. A
trolando a orientação da cabeça, corpo, membros e           deglutição normal envolve.o transporte de alimento e
olhos. O mau funcionamento do sistema é indicado            água da orofaringe para o esôfago sem contaminação
por nistagmo, elevação da cabeça, fraqueza dos mem-         da laringe ou nasofaringe. Omau funcionamento desse
bros e perda do equilíbrio.                                 processo resulta em drenagem de alimento e água pelo
    Nistagmo refere-se à oscilação rítmica do olho e        nariz, presença de alimento ou água nas vias aéreas
ocorre com a cabeça na posição normal (nistagmo             com aspiração para os pulmões e gotejamento de sali-
espontâneo) ou em diferentes posições anormais (nis-        va do nariz e boca. Pode haver uma incapacidade to-
tagmo posicional).3 O movimento pode ser horizon-           tal ou parcial em deglutir. No entanto, essas alterações
tal, vertical ou rotatório, e o nistagmo é descrito pela    não devem ser confundidas com obstrução esofágica
direção da fase rápida do movimento. Adireção da fase       ou fenda no palato mole. A passagem de uma sonda
rápida pode ser usada para auxiliar na localização da       gástrica não detectará nenhuma obstrução, mas tam-
lesão. Por exemplo, uma lesão periférica sempre pro-        bém demonstrará uma deficiência em deglutir.
duz nistagmo com a direção da fase rápida opondo-se             A endoscopia tanto esclarece possíveis defeitos no
ao lado da lesão. Alguma melhora na condição clíni-         palato quanto ajuda a avaliar a desobstrução esofági-
ca segue-se à adaptação à doença vestibular; no en-         ca. As radiografias de contraste podem também ser
tanto, issopode ser abolido ou reduzido pela vendagem.      usadas. Devido ao extenso envolvimento do nervo vago
    Quando ocorre inclinação da cabeça, essa é girada
e flexionada em direção ao local da lesão, o olho ipso-
lateral é desviado para baixo e .0 olho contralateral       .N. de T. O nome comum da planta em inglês !yellow star thistle) signi-
                                                            fica aproximadamente     "estrela de cardo amarela", mas não há nome
para cima.3 Isso é associado a andar trôpego e andar
                                                            popular para essa planta no Brasil, onde a intoxicação ainda não foi des-
em círculos (movimento de rodeio) no sentido do lado        crita. No Uruguai e na Argentina, onde a intoxicação já foi descrita, o
da lesão. Fraqueza do membro ipsolateral e aumento          nome comum de Centaurea solstitialls é "abre-punos".
90         VICTOR C. SPEIRS



na função da laringe, faringe e do trato gastrintesti-                  mente simétricos, embora algumas doenças sejam
nal, uma função anormal desse nervo é também asso-                      caracterizadas por envolvimento assimétrico dos mem-
ciada à intolerância ao exercício.                                      bros.
    O modo mais fácil e melhor de detectar anormali-
dades na deglutição é observar o cavalo cuidadosa-                      Postura
mente enquanto ele come e bebe. Graus pequenos de
anormalidade podem passar despercebidos, pois a tos-                        O cavalo deve ser avaliado enquanto estiver em re-
se pode não ser estimulada e pode haver insuficiente                    pouso, para observar-se qualquer anormalidade pos-
material para passar rapidamente para a parte exter-                    tura!. Cavalos em estação, com postura normal,
na das narinas. Isso se aplica particularmente quando                   apresentam os membros posicionados regularmente
o bebedouro está no nível do chão, e a água pode pas-                   num quadrado abaixo do corpo, embora, quando em
sar para a laringe e então novamente para fora sem                      repouso, possam posicionar-se com o boleto do mem-
estimular um reflexo de tosse significativo.                            bro posterior flexionado e o casco repousando com sua
                                                                        ponta (pinça) ou superfície cranial tocando o solo. A
AVALIAÇÃO FUNÇÃO DA LÍNGUA (NERVO
               DA                                                       posição de estação com os membros amplamente se-
CRANIANOXII). Ainervação motora da língua é                             parados pode indicar fraqueza (paresia) ou falta de
pelo nervo hipoglosso. Aslesões nesse nervo produzem                    propriocepção (capacidade de perceber a localização
uma perda de função da língua no lado afetado. Se a                     dos membros nos espaço).
perda for unilateral, o desvio da língua será para o
lado não-afetado e ela ficará fraca e, com o tempo,                     Andar
desenvolverá atrofia. Se a lesão for bilateral, a língua
não poderá ser retraída para o interior da boca. Lesões                     O cavalo deve ser avaliado enquanto estiver cami-
dolorosas na língua (corpo estranho) podem mimeti-                      nhando, trotando, sendo forçado a mover-se num pe-
zar os efeitos de paralisia. Afraqueza é facilmente de-                 queno círculo e recuando. Outros testes incluem
tectada aplicando-se gentilmente uma tração na                          atravessar ou subir e descer um monte ou rampa, ca-
língua (Figura 4-7).                                                    minhar por um trajeto com obstáculos ou ser forçado
                                                                        a caminhar num trajeto pantanoso (ver Capítulo 5
Andar e Postura                                                         para detalhes no exame de claudicação). O andar anor-
                                                                        mal deve ser localizado num ou mais membros e des-
    As lesões na medula espinhal, no sistema nervoso                    crito, conforme a alteração existente, como fraqueza,
periférico e tronco encefálico podem causar anorma-                     ataxia, espasticidade ou dismetria.
lidades no andar e na postura. O objetivo da análise
ambulatorial e postural é decidir se existe ou não uma                  FRAQUEZAOU PARESIA. Fraqueza, ou paresia,
anormalidade e, caso exista, determinar sua localiza-                   é caracterizada por sinais como arrastamento dos
ção. Aslesões podem ser focais, difusas ou multicên-                    membros, aumento do desgaste nas pinças ou superfí-
tricas, e os sinais clínicos são geralmente caudais ao                  cie cranial do casco, tropeços, quedas e flexão do bole-
local da lesão. Ossinais são, de modo usual, bilateral-                 to.

                                                                        ATAXIA. Ataxia é o termo usado para descrever a
                                                                        perda de propriocepção ou capacidade de identificar
                                                                        as relações espaciais entre os memb"os. Os sinais cau-
                                                                        sados pela perda da propriocepção incluem movimen-
                                                                        tos oscilantes (bambeira) , posicionamento assimétrico
                                                                        das patas, cruzamento dos membros, pisada no mem-
                                                                        bro oposto e circundação da pata do lado de fora ao
                                                                        voltar-se rapidamente.

                                                                        ESPASTICIDADE. Espasticidade é caracterizada
                                                                        por movimentos rígidos com pouca flexão das articu-
                                                                        lações e ocorre quando há perda do controle pelo neu-
                                                                        rônio motor superior sobre o neurônio motor inferior.

                                                                        DISMETRIA. Adismetria é usada para descrever a
t    FIGURA 4-7                                                         perda de controle sobre a direção e espectro de movi-
Testando o tônus da língua. A capacidade do cavaloem retraira línguaé   mentos dos membros e é caracterizada pelo alcance
testada puxando-a gentilmente da boca.                                  exagerado do movimento, hipermetria (movimento
EXAME CLíNICO DE EQÜINOS            91


                                                            do e direito do corpo, na região da articulação do co-
    GRADAÇÃODAS ANORMALIDADES                               tovelo (Figura 4-1).
    AMBULATÓRIASRELACIONADASÀ
     DOENÇADE MEDULA ESPINHAL                               Reflexos do Pescoço em Membros

    .
                                                            Anteriores
        GrauO (normal).Ausênciade distúrbio neuroló-        RESPOSTAS CERVICAIS. A estimulação da pele

    .   gico visível.
        Grau 1.O distúrbio neurológicoé quase
        imperceptível um andar normal, mas é
                      n
                                                            na porção lateral do pescoço, dorsal ao sulco da veia
                                                            jugular, induz geralmente contração dos músculos
                                                            cutâneos vistos como contrações da pele, contração do
        provocadoforçando-seo cavaloa recuar,virar,         músculo braquiocefálico e, quando o teste é realizado
        balançarde um lado paraoutro e pelaextensão         na região cranial, contrações das orelhas. Aestimula-
        do pescoçoe aplicaçãode força à região              ção focal bem delimitada pode ser realizada com um
        lombar.                                             alfinete, agulha, pinça hemostática ou com uma ca-
    .   Grau2. O distúrbio neurológicoé detectado no        neta esferográfica (Figura 4-8).
        andar normal e é grandementeexageradopelos

   .    testesde provocaçãolistadosno Grau 1.
        Grau3. Os déficits neurológicossão bastante
        óbviosna ambulaçãonormal, com tendênciade
                                                            RESPOSTAS CEREBRAIS. Oprocessamento cons-
                                                            ciente de um estímulo nessa região, como foi descrito,
                                                            está sob controle cerebral, e a consciência do estímulo
        quedasou tropeçosdurante os testesde                pode manifestar-se por respostas como chamamento,

   .    provocação.
        Grau4. Tropeçose quedasespontâneosaté
        paralisiacompleta.
                                                            retirada, tentativa de escapar, balançar da cabeça ou
                                                            mordidas.

                                                            REAÇÃO DE BALANÇO. Esse teste é feito com o
                                                            cavalo em estação e também caminhando. Consiste
                                                            na tentativa de empurrar o cavalo lateralmente (Fi-
                                                            gura 4-9). A avaliação envolve testar a resistência do
excessivo),hipometria(movimentodiminuído)e pas-             cavalo a ser puxado ou empurrado lateralmente, bem
sos longos (passo de ganso) ou curtos.                      como verificar ocorrência de tropeços. O teste é útil
 . Para facilitar o registro e comparação entre ani-        para detectar-se fraqueza e ataxia. O cavalo pode ser
mais ou entre diferentes estágios do mesmo animal, a        empurrado na paleta e também puxado lateralmente
gradação de cada membro pode ser feita individual-          com o cabresto.
mente, usando-se uma escala de O a 4, como é mos-
trado no quadro.                                            RESISTÊNCIA À PRESSÃO DORSAL NA CER-
                                                            NELHA. Pressão para baixo na cernelha geralmen-
Pescoço e Membros Anteriores                                te causa arqueamento do dorso (lordose) em cavalos
                                                            normais (Figura 4-10). No entanto, quando a fraque-
Exame e Palpação
    O exame visual e a palpação cuidadosos detecta-
rão assimetria e atrofia musculares que podem indi-
car doença neurológica, defeitos esqueléticos óbvios,
como deformidade congênita observada freqüentemen-
              ,                                       ./"
te em cavalos Arabes e suores localizados, associados a
danos na inervação simpática.

Mobilidade      do Pescoço
    Aincapacidade ou relutância em mover a cabeça e
o pescoço em qualquer direção indicam, geralmente,
uma lesão dolorosa ou mecânica. A mobilidade pode
ser testada pela manipulação manual da cabeça ou
pescoço ou através da estimulação para que o cavalo
mova a cabeça ou pescoço, tentando-o com algum
alimento, como pasto, segurado em uma mão. É par-           t   FIGURA 4-8
ticularmente útil segurar alimento nos lados esquer-        Testando sensação
                                                                   a        cutãneada regiãocervical.
92        VICTOR C. SPEIRS



                                                                            saltitar lateralmente, apoiando-se no outro membro

                                                                        .   (Figura 4-11).
                                                                            Parado de um lado só ou caminhando de um lado
                                                                            só. Ambos os membros esquerdos e, após, ambos
                                                                            os membros direitos são suspendidos de cada vez,
                                                                            e o cavalo é forçado a permanecer em estação e
                                                                            após mover-se de lado, usando os membros
                                                                            opostos.

                                                                    POSICIONAMENTO MANUALDE UM MEMBRO
                                                                    NUMA POSIÇÃO CRUZADA OU ANORMAL. O
                                                                    objetivo com esse teste é avaliar a capacidade de per-
                                                                    cepção de que o membro está numa posição incorreta
                                                                    e então retomá-lo à posição correta (Figura 4-12). Isso
                                                                    avalia especialmente a propriocepção.
.    FIGURA4-9
Reação balanço,membrotorácico É aplicadapressão regiãoda
       de                                           á
cernelha,
        observando-sefacilidade
                   a          comqueo cavalo   podeserempurra-      Tronco       e Membros            Anteriores
do ou puxadoe a maneirapelaqualo equilíbrio restabelecido.
                                           é
                                                                    Palpação e Observação
                                                                       O tronco e os membros anteriores devem ser obser-
za está presente, pode ocorrer incapacidade de resistir             vados e palpados a fim de detectarem-se distúrbios
ou colapso dos membros anteriores.                                  como assimetria, atrofia muscular, malformações e
                                                                  . suores localizados. Atrofia muscular acentuada pro-
REAÇÕES POSTURAIS TORÁCICAS, SALTITA-
MENTO COM MEMBRO TORÁCICO. Em ca-
valos menores (potros e pôneis), pode ser possível
testarem-se algumas das reaçõesposturais comumente
avaliadas em cães e gatos que são úteis para detecta-
rem-se defeitos sutis.                     .
     .   Carrinho de mão. Ambos os membros são suspendi-
         dos, e força-seo animal a caminharsobre os

     .   membrosdianteiros.
         Saltitamento   lateral. Cada membro anterior é
         suspendido uma vez, e força-seo animal a
                   de




.    FIGURA
          4-10
                                                                    .   FIGURA 4-11
                                                                    Saltitamento lateral.Mantendo-se membrodo cavaloelevado em-
                                                                                                    um                         e
Aplicandopressão cernelha
                à        paratestara flexibilidade. pressão
                                                  A       firme     purrando animallateralmente,
                                                                            o                     comoé mostrado,esta-se
                                                                                                                   t     suacapacida-
geralmenteinduzo cavalo abaixarou flexionarventralmente dorso.
                       a                               o            de em saltitarlateralmente, poiando-se o outro membro.
                                                                                              a          n
EXAME CLÍNICO DE EQUINOS            93




                                                          .   FIGURA 4-13
                                                          Testando sensaçãoutãneana regiãodo tronco.
                                                                  a       c




                                                          região Cs-TI onde estão localizados os neurônios mo-
                                                          tores inferiores dos nervos torácicos laterais.

                                                          REAÇÃOAO BALANCEAMENTO. Essa reação é
                                                          testada empurrando-se a pelveou puxando lateralmen-
                                                          te a cauda enquanto o cavalo está parado ou cami-
                                                          nhando (Figura 4-14). Fraqueza ou ataxia são mais
.   FIGURA 4-12                                           aparentes durante essas manobras, se o examinador
Cruzando s membros
       o         paratestara propriocepção.
                                                          for capaz de desviar o cavalo de seu trajeto com bas-
                                                          tante facilidade ou fazê-Io tropeçar e mostrar abdução
                                                          excessiva e acentuada e cruzamento dos membros.
duz curvatura lateral da coluna (escoliose) com o lado
convexo voltado para o lado da lesão. Lesões nos tra-     REAÇÕESPOSTURAIS DOS MEMBROS PÉLVI-
tos simpáticos da medula espinhal ou nervos periféri-     COSo Esses testes são os mesmos descritos para o
cosproduzirão suores localizados cuja posição será útil   membro torácico e são interpretados do mesmo modo.
em localizar a lesão.
                                                          Cauda e Ânus
Sensação    Cutânea
                                                              Nesse segmento estão as partes sacrais e coccígeas
   A sensação cutânea é avaliada aplicando-se uma         dá medula espinhal, seus nervos associados e estrutu-
agulha, caneta esferográfica ou pinças hemostáticas       ras supridas por esses nervos.
por toda a região do tronco (Figura 4-13). Adiminui-
ção da sensação (hipoalgesia, analgesia) caudal a uma     Tônus da Cauda
lesão na medula espinhal é uma indicação útil do lo-
cal da lesão.                                                 Amaioria dos cavalos apresenta um tônus muscu-
                                                          lar que resiste à elevação da cauda, embora a aplica-
Reflexos do Tronco e dos Membros                          ção de uma força moderada permita a elevação da
Anteriores                                                cauda em todos os cavalos, exceto os mais nervososou
                                                          excitados (Figura 4-15). A ausência de tônus ou fra-
A RESPOSTA DO PANÍCULO. Essa resposta é um                queza dos músculos voluntários geralmente indica
reflexo caracterizado por contração dos tecidos asso-     uma lesão no segmento sacrococcígeo da medula es-
ciada à contração dos musculocutâneos rIo tronco,         pinhal. No entanto, lesões graves localizadas mais pro-
após a estimulação nos aspectos laterais do corpo. O      ximalmente podem também produzir fraqueza.
componente sensório desse reflexo é levado à medula       Embora a torcedura da cauda seja, às vezes,associada
espinhal pelos ramos dorsais dos nervos espinhais ao      à doença neurológica, é freqüentemente uma ativida-
nível do estimulo, antes de seguir cranialmente para a    de normal para alguns cavalos.
94      VICTORC. SPEIRS




t    FIGURA 4-14                                                 t    FIGURA 4-15
                                                                 Testando tônusda cauda.
                                                                        o
Reação balanceamento,
         ao               membrosposteriores. pressão exercida
                                            A        é
empurrando-seregiãoda ancaou puxando-se caudae observando-se
              a                          a
a facilidadecomqueo cavalo podeserempurradcJ puxadoe a manei-
                                            ou
ra pelaqualo equilibrio restabelecido.
                       é
                                                                 urgente de fazer-se um diagnóstico e realizar-se um
                                                                 tratamento ou a eutanásia. Para tomar-se essas deci-
                                                                 sões é necessária a localização anatõmica exata da
Reflexo Perineal                                                 lesão.

    Esse reflexo é testado cutucando-se gentilmente a            Reflexo de Flexão do Membro Anterior
pele do períneo com um alfinete, ou caneta esferográ-
fica, e observando a resposta, consistindo em contra-                Esse reflexo é controlado ~los segmentos C6- 2 da
                                                                                                                T
ção do esfíncter anal e abaixamento da cauda (Figura             medula espinhal.
4-16). É importante avaliar-se tanto os componentes
sensórios como os componentes motores do reflexo. A
inervação sensória é feita através dos ramos perineais
                                                                     .   Estímulo. Com o membro estendido, a pele do
                                                                         membro distal é estimulada através da compressão
do nervo pudendo (SI-S3)' A inervação motora do es-
fíncter anal pelo ramo retal caudal do nervo pudendo
e a flexão da cauda é mediada pelos nervos espinhais
                                                                     .   com um pinça (Figura 4-17).
                                                                         Resposta. Recolhimento do membro, consistindo
                                                                         em flexão de todas as articulações.
associados com os segmentos SI-CIO'
                                                                    Apercepção consciente envolve fibras aferentes dos
Cavalos      em Decúbito                                         nervos mediano e ulnar e rotas sensoriais na medula
                                                                 espinhal cervical e tronco encefálico. Lesões craniais
    o decúbito é um sério problema em cavalos e, em-             em C6permitem liberação do controle pelo NMS,o que
bora alguns exames sejam excluídos pelo decúbito,                leva à exacerbação do reflexo extensor.
alguns reflexos espinhais que não podem ser avalia-
dos com o cavalo em pé, podem ser avaliados com o
                                                                 Reflexos do Bíceps e do Tríceps
cavalo em decúbito. Quando o cavalo está em decúbi-
to, a capacidade de localizar uma lesão é ainda mais                Essesreflexos(segmentosCrTI da medula espi-
importante que o usual, porque há uma necessidade                nhal) são geralmentedifíceisde seremevocados fre-
                                                                                                            e
EXAME ClÍNICO DE EQÜINOS               95


qüentementeé necessária a exacerbação provocada por
uma lesão de NMS, antes que uma resposta positiva
possaser obtida.

    .   Estímulo. Como membro     apoiado  paralelamente
        ao chão e levementeflexionado, o tendão dos
        músculosbícepsou trícepsé golpeado levemente
        com um martelo neurológico.O tendão do bícepsé
        localizadocranialmenteà sua origem na escápula
        (Figura4-18),e o tendão do tríceps localiza-se
        proximalà sua inserçãono olécrano(Figura4-19).
    .   Resposta. ma respostapositivaé observadacomo
                    U
        uma contraçãobem marcadado músculoassociado
        (i. e., leveextensãodo cotovelo parao reflexo do
        trícepse leveextensãodo ombro (articulação
        escapuloumeral) flexão do cotovelo para o reflexo
                          e                                 t   FIGURA 4-17
        do bíceps).                                         Testando sensaçãoutãneae resposta
                                                                   a        c               doflexorno cavaloemdecúbito.


Reflexo de Flexão do Membro Posterior
   Esse reflexo tem um componente sensório (nervo
                                                                .   Resposta.Recolhimentodo membro, consistindo
                                                                    em uma flexão da articulação.
ciático) e um componente motor (segmentos 1S-S3da
medula espinha!).                                               o componente sensório depende de onde ocorreu o

    .   Estímulo.Com o membro estendido,a pele da sua
        porçãodistal é apertada com uma pinçacomo foi
                                                            estímulo, sendo femoral para a pele da região medial
                                                            da coxa, peroneal para a pele sobre a porção dorsal do
                                                            tarso e metatarso e tibial para a pele do aspecto plan-
        descritopara o membro anterior.                     tar do metatarso.

                                                            Reflexo Patelar
                                                               Esse reflexo tem um componente sensório (nervo
                                                            femora!) e um componente motor (segmentos 14-1s
                                                            da medula espinha!).

                                                                .   Estímulo. Com o membro paralelo ao chão e
                                                                    levementeflexionado, o ligamento patelar media é
                                                                                                                  I




t   FIGURA 4-16                                             t   FIGURA 4-18
Testando reflexoperineal.
        o                                                   Reflexo bíceps cavaloem decúbito.
                                                                   do     no
96       VICTOR C. SPEIRS




.    FIGURA
          4-19
                                                                .   FIGURA
                                                                         4-20
Reflexo trícepsno cavaloem decúbito.
      do
                                                                Reflexo
                                                                      patelarno cavalo decúbito.
                                                                                      em


         golpeado levementecom um martelo neurológico           tares da medula espinhal toracolombar no nível da

     .   (Figura4-20).
         Resposta. grupo de músculoquadrícepsse
                    O
         contrai e produz uma súbita extensãodo joelho e
                                                                estimulação. A resposta passa cranialmente para Cs-
                                                                T3onde os corpos celulares dos NMIs dos nervos torá-
                                                                cicos são estimulados, produzindo contração dos
         membro.                                                músculos. Portanto, a interrupção do fluxo cranial da
                                                                estimulação sensória por uma lesão induzirá à perda
Interpretação da Capacidade do Cavalo em                        da resposta muscular, quando o estímulo for feito no
                                                                ponto da lesão ou caudal a ele.
Mover a Cabeça, Pescoço e Membros
quando em Decúbito
  Há várias hipóteses,geralmente'verdadeiras,que                MÉTODOS           DE EXAMES ESPECIAIS
podemser feitascorrelacionando-se local da lesão
                                 o
com a capacidadedo cavaloem realizarcertosmovi-                 Coleta e Exame do Líquido
mentos:
                                                                Cefalorraquidiano
     .   5e o cavalo pode   erguer apenas a cabeça, a lesão é       Acoletado líquido cefalorraquidiano (liquor) éum

     .   na parte cranialda região cervical.
         5e o cavalopode erguer a cabeçae o pescoço,a
         lesãoé, geralmente,na parte caudalda região
                                                                procedimento relativamente simples e pode fornecer
                                                                informações muito úteis.4,5Uma amostra pode ser co-
                                                                lhida em qualquer um de dois locais: atlantoccipital e

     .   cervical.
         Seo cavalo
                  nãopodeerguer-setéumaposição
                                 a
         sentado(posiçãode "cão sentado"),a lesãoé na
                                                                lombossacral, a escolha sendo ditada pelo tipo e loca-
                                                                lização da lesão suspeitada. Geralmente, a obtenção
                                                                do liquor no local atlantoccipital é indicada para le-

     .   medula espinhalcervical.
         Seo membro torácicoé funcionante,a lesãoé
                                                                sões intracranianas, e o liquor do locallombossacral,
                                                                para lesões mais distais. A vantagem da coleta lom-

     .   caudala T2.
         Seo déficitneurológico notroncoou membros
                              é
                                                                bossacral é que ela pode ser feita com o cavalo em
                                                                estação, apresenta poucos riscos e é geralmente útil

     .   pélvicos,a lesãoé localizadaentre T2e 52,
         Suor localizadoindicauma lesãonos tratos simpáti-
         cos descendentes.
                                                                para diagnosticar tanto lesões encefálicas como dis-
                                                                tais.

                                                                Procedimento
Resposta a Picadas na Pele (Reflexo do
Paniculo)                                                          A coleta do líquido do espaço atlantoccipital é ge-,
                                                                ralmente feita com o cavalo em decúbito lateral sob
   Aestimulação da pele, picando-se com um alfinete             anestesia geral. Se um cavalo já está em decúbito de-
ou beliscando-se com uma pinça, induz a contração               vidoà enfermidade,podenão ser necessáriaa aneste-
dos músculos cutâneos do tronco, cujos ramos sensó-             sia geral, mas são necessárias analgesia e excelente
rios localizam-se no ramo dorsal dos nervos segmen-             contenção. A càleta do espaço lombossacral é geral-
EXAME CLÍNICO DE EQÜlNO5             97


                                                           ou atlas. Esseserros podem ser minimizados, atentan-
            iais para Coleta de                            do-se para os balizamentos anatômicos e posiciona-
            o Cefalorraquidiano                            mento da cabeça e pescoço. Caso se suspeite que a
                                                           agulha foi mal direcionada, ela deve ser retirada e,
                                                           então, redirecionada. É importante não se tentar cor-
                                                           rigir o mau direcionamento, manipulando-se a posi-
                                                           ção do cavalo enquanto a agulha está inserida.

                                                           COLETALOMBOSSACRAL. Acoleta lombossacral
                                                           é feita com o cavalo contido em troncos. A sedação é
                                                           recomendada apenas quando absolutamente necessá-
                                                           ria, porque tal medicação freqüentemente causa uma
                                                           estação assimétrica, com a maior parte do peso do ca-
                                                           valo apoiada em um membro, o que toma a coleta
                                                           difícil. Embora a coleta seja possível em cavalos em
                                                           decúbito, tal dificuldade associada à ausência de si-
                                                           metria toma o procedimento ainda mais difícil. Se a
                                                           coleta for feita com o cavalo em decúbito, o membro
                                                           pélvico superior deveser elevado para assegurar-se que
                                                           a região fique simétrica. Ambos os membros pélvicos
                                                           podem ser avançados para aumentar o espaço lom-
mente feita com o cavalo em pé, com sedação e con-         bossacral e para estender o ligamento interarciforme
tenção apropriadas.                                        e as meninges, incrementando as condições para a
                                                           percepção da penetração.
 COLETAATLANTOCCIPITAL. Com o cavalo sob                       O local para inserção da agulha na linha média é
  anestesia geral e em decúbito lateral, uma área de 6 x   mostrado na Figura 4-22. Há diferentes modos de lo-
 6" (15 x 15cm), centrada sobre o espaço atlantoccipi-     calizar a posição correta:
 tal, é tricotomizada e preparada para punção estéril. A
 cabeça é posicionada de maneira que fique em ângu-           1. Intersecçãoda linha médiacom uma linha imaginá-
 fo reto com o pescoço, e o focinho é elevado para tor-          ria ligandoas bordascaudaisdas tuberosidades
 nar a cabeça paralela ao chão. Os balizamentos e a              coxais.
 anatomia pertinentes são mostrados na Figura 4-21. A         2. PalpaçãoretaI da eminêncialombossacral entral
                                                                                                        v
 agulha, com o mandril, é inserida verticalmente na              que fica aproximadamenteembaixo do local
 linha média, no encontro com uma linha que une os               correto. Essemétodo é útil em animaisobesosnos
 pontos craniais das asas do atlas. A penetração da              quaisos balizamentosnão são tão facilmente
 membrana atlantoccipital dorsal e dura-máter ocorre             localizados.
 geralmente a uma profundidade de 5 a 7cm (2 a 3") e          3. Palpação dos processos espinhososdorsolombares
 é indicada por uma sensação de "pipocar" e perda de             e sacraisna linha média. Na região lombossacral,
 resistência. Deve-se ter cuidado, apoiando a mão ao             uma depressãoé geralmentepalpável.No entanto,
 avançar a agulha, para evitar uma súbita penetração             deve-se em mente que L6e 51são, respectiva-
                                                                        ter
 excessiva.Quando se percebem os sinais descritos an-            mente, maiscurtas que Lse 52,e que S1geralmente
 teriormente ou quando a profundidade for julgada su-            não é palpável.Portanto,à medidaque apalpação
ficiente, o mandril deve ser removido. Uma inserção              progride no sentido caudal,a primeiradepressão  é
bem-sucedida é indicada pelo aparecimento de líqui-              geralmentesobre L6'e a localização  corretaserá
do cefalorraquidiano (liquor) na cabeça da agulha.               caudal a esseponto.
Se não aparecer líquido, a agulha deve ser rotada em
90°, o que freqüentemente provoca o aparecimento               A localizaçãodo ponto corretopara a inserçãoé
do liquor. Caso não se obtenha liquor, o mandril é re-     relativamente fácil se for lembrado que há uma consi-
colocado, e a agulha é inserida ou redirecionada como      derável variação entre cavalos e também que se de-
indicado. A pressão do liquor pode ser medida aco-         vem usar todos os balizamentos anatômicos disponíveis
piando-se um manômetro à agulha antes que qual-            como guias.
quer quantidade de líquido seja removida.                      O cavalo é posicionado de tal maneira que seus
    Os problemas mais comuns são inserir a agulha          membros pélvicos fiquem simetricamente colocados e
fora da linha média, errando assim o espa~, e dire-        suportem pesos iguais. O local selecionado é tricoto-
cionar a agulha demasiado cranialmente ou caudal-          mizado, preparado para punção estéril e injetado com
mente, acertando, assim respectivamente, o occipital       solução anestésica local. Uma incisão é feita com uma
98      VICTORC. SPEIRS




 t   FIGURA4-21
 Coletado liquordo espaçoatlantoccipital. agulhaestácolocadano local,e o mandrilfoi removido. s balizamentos natômicos
                                       A                                                    O               a         usados sãoos
 bordoscraniais atlase a eminência
               do                   médiada cristanucal.(Fonte:deLahunta Veter/nary
                                                                          A:           Neuroanatomy   and O/n/calNeurology,2nd. ed.,
             Saunders,
 Philadelphia,       1983,p 44. Reproduzidaompermissão.)
                                            c




lâmina de bisturi, e a agulha espinhal, com o man-                  cosoA dura-máter e aracnóide são penetradas geral-
dril, é inserida verticalmente. Uma agulha de 15cm é                mente de forma simultânea com o ligamento interar-
de comprimento suficiente para quase todos os cava-                 ciforme, embora algumas vezes a agulha deva ser
los, exceto os maiores. Normalmente o cavalo não se                 avançada um pouco mais. Mais uma vez, é importan-
ressente com a introdução da agulha e ocorre pouca                  te apoiar (descansar) a mão que controla a agulha
resistência. Como na coleta no espaço atlantoccipital,              sobre o cavalo, de modo a evitar uma penetração ex-
há geralmente a sensação de súbita redução na resis-                cessiva súbita, caso o cavalo se mova repentinamente.
tência quando o ligamento interarciforme é penetra-                     Se o liquor não é obtido, a agulha pode ser avança-
do a uma profundidade de cerca de 11 a 12crn.Embora                 da para o assoalho do canal vertebral (passando atra-
uns poucos cavalos reajam violentamente, na maio-                   vés da dura-mátt'J e espaço subaracnóideo dorsais,
ria.das vezes a penetração é acompanhada somente                    conus medullaris [cofle medular] e espaço subarac-
por um leve movimento da cauda, tremores muscula-                   nóideo e dura-máter ventrais). Então, à medida que
res localizados ou discreta flexão dos membros pélvi-               se gira a agulha, ela vai sendo retirada vagarosamen-
EXAME ClÍNICO DE EQÜINOS                   99


 te, um milímetro de cada vez. A oclusão manual de                  é coletada em recipientes adequados e submetida para
 ambas as veias jugulares (manobra de Queckenstedt),                exame citológico e, caso indicado, para avaliação bac-
 aumenta a pressão intra-espinhal e melhora as chan-                teriológica (Apêndice C).
 cesde obter um volume adequado de liquor. Uma suc-
 ção suave deve ser usada para obter-se liquor, mas                 Resultados
 issodeveser feito muito cuidadosamente a fim de evi-
 tar hemorragia. Se a agulha tocar o osso antes que o                 O liquor é formado pela secreção e filtração, prin-
 liquor seja obtido, o clínico deve decidir se se trata do         cipalmente, pelos plexos coróides ventriculares, flui
 assoalhodo canal medular, ou se agulha, mal direci-               pelas aberturas laterais do quarto ventrículo e, então,
 onada, errou o espaço lombossacral e colidiu no sacro             por sobre os hemisférios cerebrais ou caudalmente ao
 ou no dorso de 16.                                                redor da medula espinhal, saindo através das reflexões
                                                                   da dura-máter dos nervos espinhais. Daí a tendência
 PREPARAÇÃO AMOSTRA. O liquor deve ser
                 DA                                                para as lesões craniais serem melhor diagnosticadas
 examinado o mais cedo possível após a coleta. Caso                numa coleta atlantoccipital, e lesões caudais, numa
 issonão possa ser feito, ele deve ser diluído em igual            coleta lombossacral. Existem barreiras anatômicas e
 volume de álcool para preservar as células. A amostra             funcionais entre o sangue e o liquor, sangue e cérebro




                                       r--


 A
t    FIGURA 4-22
Coletado liquordo espaçolombossacra!. A agulhaestácolocadano local,e o mandrilfoi removido.Osbalizamentosnatômicos
                                     A.                                                                    a          usados sãoos
bordoscaudais cadatuberosidade
              de                 coxal,o bordocaudal a colunavertebral m L,;,o bordocranial a colunanasegunda
                                                    d                e                    d                  vértebrasacral o bordo
                                                                                                                          e
cranialde cadatuberosidade
                         sacra!. Fonte:delahuntaA: Veterinary
                               (                            Neuroanatomy Clinical eurology.2nd. ed., Philadelphia,
                                                                          and        N                             Saunders,1983,p
42. Reproduzidaompermissão.)
                c
100       VICTOR C. SPEIRS




               B
                     .
                     B.Seção
                             FIGURA 4-22 Continuação
                              transversaemonstrando agulhapassando
                                       d              a              portodosostecidos,incluindo conusmedu-
                                                                                                o
                     lIaris(conemedular),até atingir o espaçosubaracnóideentral.(Fonte:delahunta A: Veterinary
                                                                        v
                     Neuroanatomy nd Clinical eurology, nd. ed., Philadelphia,
                                    a          N          2                  Saunders, 983,p 43. Reproduzida
                                                                                       1
                     com permissão.)



e liquor e cérebro. Valoresnormais são apresentados
para adultos nas Tabelas 4-1 e 4-2, e para potros, na
                                                                      .   Lesão tóxica. (p. ex., leucoencefalomalácia por
                                                                          ingestão de milho mofado). Aumento de proteína,
Tabela 4-3.                                                               células mononucleares.
    Algumas categorias de doenças e achados espera-
dos são os seguintes:                                             COMPLICAÇÕES. Pode ocorrer contaminação

   .   Doenças infecciosas. Aumento        de neutrófilos com
       infecções bacterianas, pequenas células mononu-
                                                                  com sangue, o que dá ao liquor uma coloração aver-
                                                                  melhada. Ascaracterísticas a seguir podem ser usadas
                                                                  para auxiliar a determinar se o sangue está presente
       cleares com infecções virais, eosinófilos com              como um contaminante ou se é associado a sangra-

   .   infecções por protozoários e helmintos.
       Necrose e infecções    crônicas. Aumento    de macrófa-
                                                                  mento patológico para o liquor:

                                                                      .
   .   gos ou células mononucleares grandes.
       Trauma. Xantocromia     e aumento     de proteína,
       eritrócitos,neutrófilossem alteraçõestóxicase
                                                                          Em contaminações    pequenas,   o sangue
                                                                          homogeneamente misturado, redemoinha na
                                                                                                                     não é


                                                                          amostra e, geralmente, decresce à medida que mais
       macrófagos.                                                        liquor é retirado.
EXAME CLíNICO DE EQÜINOS                             101


    . TABELA4-1                                                                   poucos mililitros é indicativa dessa possibilidade. Se a
    LíQUIDOEFALORRAQUIDIANO
          C              DEEQÜINOS
                                 (LlQUOR):
                                         VALORESE
                                               D                                  pressão não cair excessivamente, um volume de 30 a
    REFERÊNCIA CAVALOS 24) EPÔNEIS = 21) NORMAIS.
            PARA      (N           (N
    LlQUOROLHIDO
         C      NOSESPAÇOS
                                 ~



                         ATLANTOCClPITAL
                                      (AO)E
                                                                                  40mi' pode ser colhido.
    LOMBOSSACRAL
               (LS)
                         fu               1JII.mR.AÇ---                           Radiologia               do Sistema                 Nervoso
    Variável                                 Média        Desvio Padrão
                                                                                        o exame      radiológico        do sistema nervoso pode ser
 Pressão abertura(mmH,O)
        de                                  308,80             75,15              extremamente útil para localizar e caracterizar lesões
 Retirada liquor(mR)
         de                                  14,93              4,07              relacionadas a traumatismo (fratura de vértebras, des-
 Pressão defechamento    (mmH,O)            223,58             74,46              locamento de vértebras), infecção (abscessosvertebrais
 Leucócitos (nohR)                             1,41             1,74
 Eritrócitos
           (no.jR)                          195,16            511,96              e osteomielite) e malformações (congênitas, síndro-
 Proteína(mgjdR) Cavalos                     37,23             28,41              me de compressão da medula espinhal cervicalou "sín-
                    Pôneis                   60,48             20,45              drome de bambeira" [wobbler]). Ocasionalmente é
                    Diferenças
                             LS-AO            -0,46            13,07
 Glicose(mgjdR) AO                           48,00              9,92              também necessário avaliar-se a cabeça para detecção
                    LS                       55,13              8,22              de traumatismo (fratura de crânio), infecção (infec-
 (%liquorjsoro) AO                           51,65              8,77              ção dos ouvidos médio e interno com envolvimento
                    LS                       58,38              9,48
                                            144,58              1,86
                                                                                  das cavidades timpânicas) e malformação (hidroce-
 Sódio (mEqjR)
 Potássio(mEqjR)                               2,95             0,05              falia congênita e malformação atlantoccipital). Os
 Cloro(mEqfR)                               109,22              6,90              procedimentos e achados são descritos em detalhe em
 Cálcio(mgjdR)                                 4,18             0,87              outra publicação.6
 Fósforo(mgjdR)                                0,83             0,20
 CreatinafosfoquinaseUI)
                       (                       1,08             3,13                  Radiografias de qualidade aceitável da cabeça e das
 Transaminase aspartato
              de                             30,74              6,31              porções proximais da coluna cervical podem ser obti-
   (unidades F)
              S                                                                   das com filmes de alta velocidade e uma unidade mó-
 Desidrogenase  láctica(LlI)                   1,51                1,75
 Fosfatasealcalina (UI)                        0,83                0,95           vel de raio X. No entanto, caso sejam necessárias
 Nitrogênio (mgjdR)                           11,82                3,26           radiografias de alta qualidade ou radiografias da por-
 Colesterol(mgjdR)                             4,76                5,72           ção cervical caudal da coluna, ou mais caudal a essa
                                                                                  porção, e, se o paciente for muito grande, serão neces-
 Observação: Eletrólitos medidos apenas para cavalos. Exceto onde
for indicado, todos os valores são dados combinados     de cavalos e              sários anestesia, um aparelho de alta potência e con-
pône!.s e locais AO e 13 de coleta. (Fonte: Mayhew IG, Whitlock RH,               siderável experiência. A identificação de lesões que
 Tasker JB: Equine cerebrosPinal fluid- Reference values of normal                ocupam espaço é facilitada pela mielografia. Em qual-
 horses. AmJ Vet Res 1977;3: 1271. Reproduzida   com permissão.)
                                                                                  quer caso, radiografias simples (não-contrastadas)
                                                                                  devem ser tomadas antes, a fim de definir a integrida-
       . Uma altamente contaminada pode coagu-
           amostra                                                                de óssea e a necessidade de técnicas de contraste. A

       .   lar; amostras com hemorragia preexistentes não.
           A centrifugação    de uma amostra         contaminada
           produzirá um sobrenadante claro, enquanto que,
                                                                                  existência de lesões demonstráveis apenas quando o
                                                                                  pescoço assume uma posição de estresse (lesões dinâ-
                                                                                  micas), como "síndrome de bambeira" (wobbler) ,
           em casos de hemorragia, o sobrenadante será                            devem ser entendidas, e as técnicas apropriadas de-
           xantocrômico.                                                          vem ser conhecidas.

    Herniação subtentorial pode seguir-se à remoção
                                                                                  Radiografia           Simples
do líquido quando há obstrução cranial ao local de
coleta. A presença de pressão anormalmente alta que                                  Aradiografia simples é executada como um proce-
cai subitamente (25-50%) após a remoção de alguns                                 dimento diagnóstico único ou preliminarmente à ra-

t      TABELA 4-2
VALORESELETROFORÉTICOS LlQUOR
                     DO

                                                      -- 'l:L~---
                                                                                                     Globulina   (rngj100rnR)

Proteína Total (rngj100rnR)          Alburnina     (rngj100rnR)           Alta,               Alta2                     Beta                   Teta

40,1                                 15,3                                 5,2                 6,7                       5,8                    5.7
I3,1                                 I1,2                                 IO,9                I 0,4                     IO,6                   IO,8

Dados originados    de Kirk GR, NeateS,    McClure RC, et aI.: Electrophoreticpattern     ofequine     cerebrosPinalfluid.      AmJ Vet Res 1974; 35:1263.

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  • 1. 1"f o Sistema Nervoso COMPONENTES DO SISTEMA voluntário, e seus impulsos são transmitidos através NERVOSO dos neurônios craniais ou dos neurônios mais distais da medula espinhal. Para iniciar o movimento volun- Em termos gerais, o sistema nervoso é dividido to- tário, o NMS,que é localizado no cérebro, estimula o pograficamente nos componentes central e periférico NMI distribuído no tronco encefálico e no corno ven- com superimposição do sistema nervoso autônomo. tral da medula espinhal, cuia resposta é então trans- Funcionalmente, o sistema nervoso é dividido em re- mitida para o musculoesquelético da cabeça e resto giões sensorial, central e motora. A região sensorial do corpo nos nervos craniais e periféricos respectiva- contém os componentes aferentes, que, através de um mente, via axônios terminais. Cada unidade motora espectro de diferentes receptores e nervos sensoriais e consiste no NMI e no músculo que ele inerva. Para arcos reflexos, são responsáveis pela sensação do am- facilitar a avaliação, o sistema nervoso central é tam- o bienteexternoe internoe transmissãodesses dadosaté bém dividido em seções: a região central para integração na medula espinhal e cérebro.Asrespostasaos dados que chegam são executa- das pelo sistema motor ou eferente que consistenos ner- . . Cérebro Segmentos cervicais superiores da medula espinhal, vosmotores, nas placas terminais e nos órgãos efetores. O sistema motor é subdividido em sistemas moto- . C1-C5 Segmentos da tumefação braquial da medula res autonômico e somático. O sistema autonômico consiste em um sistema de subdivisões em oposição, . espinhal, C6-T2 Segmentos torácicos e lombares da medula simpática e parassimpática, distribuído pelo sistema nervoso e responsável pelo controle involuntário da . espinhal, T3-L3 Segmentos da tumefação pélvica da medula função das vísceras. Essa região do sistema nervoso não é muito envolvida no exame neurológico geral. A . espinhal, L4-S2 Segmentos da medula espinhal que inervam o reto, porção somática é também conhecida como sistema motor voluntário (em contraste com o sistema invo- luntário, mencionado há pouco) que, desde um pon- . ânus e bexiga, 53-55 Segmentos da medula espinhal que inervam a cauda, C01-C05 to de vista funcional, é considerado como sendo constituído de um neurônio motor superior (NMS) e um neurônio motor inferior (NMI). Na realidade, MANIFESTAÇÕES DE DOENÇA ambos os "neurônios" consistem em mais de um com- DO SISTEMA NERVOSO ponente. O NMI consiste em neurônio motor, em seu axônio e em suas conexões terminais no músculo. O Embora a doença do sistema nervoso possa resul- NMIpode ser uma célula do corno ventral da medula tar em elevação da temperatura corporal, bacteremia, espinhal ou a célula nervosa motora de um nervo cra- septicemia, dor e envolvimento de órgãos adjacentes, niallocalizada centralmente. O NMSé a célula nervo- o papel dominante desse sistema no controle da fun- sa motora no córtex responsável pelo movimento ção de vários órgãos faz com que os principais sinais
  • 2. 84 VICTOR C. SPEIRS de doença sejam relacionados a uma alteração ou per- da de função. A variação na função é, portanto, um RESPOSTA A UMA LESÃO NO guia importante para a localização da lesão. A avalia- NEURÔNIO MOTOR SUPERIOR ção da função requer um entendimento de como o NMSe o NMIinteragem, assim como a capacidade de reconhecer os sinais clínicos associados com a varia- . Movimento voluntário reduzido ou ausente ção na função de cada unidade motora. Usando essa abordagem, uma lesão pode ser localizada em uma . (hiporreflexia, arreflexia) Resposta reflexa normal ou exagerada (hiper- parte específica do sistema. Esse conceito funciona melhor para lesõessolitárias, mas freqüentemente um . reflexia) Aumento do tônus muscular (hipertônico), processo é distribuído pelo sistema como uma lesão contínua (difusa) ou como uma série de lesões focais (multicêntrica). O NMI consiste em um componente . atrofia de desuso discreta Perda da propriocepção e da dor (hipoalgesia, analgesia) sensorial num órgão que se comunica com o neurô- nio motor na medula espinhal local e daí com um RESPOSTA UMALESÃONO NEURÔNIO A músculo efetor,via axônio. Issoé conhecido como arco reflexo, através do qual um impulso sensorial pode . . MOTOR INFERIOR Movimento voluntário reduzido ou ausente induzir uma resposta imediata, sem passar pelo cére- bro. Há uma constante interação entre os sistemas de . Resposta reflexa reduzida ou ausente Tônus muscular reduzido (hipotônico) ou NMIcontrolando grupos musculares em oposição (p. ex., músculos flexores e extensores) que estão, em cir- cunstâncias normais, sob influência do NMSque, por . ausente (atônico) Perda da propriocepção e da dor, atrofia muscular grave sua vez, mantém um controle inibitório sobre o refle- xo local. Sinais de doença do NMSsão relacionados à perda dessa inibição, tendendo a causar aumento da atividade no órgão terminal. Isso contrasta com a le- são do NMIque causa uma redução na perda da fun- doença em outro órgão ou sistema e em parte para ção, observada geralmente como perda no tônus. detectar a presença de doença que possa produzir si- nais neurológicos secundários. Hipóxia, anóxia, hipo e hiperglicemia, hepatopatia, uremia, hipocalcemia, EXAME FíSICO GERAL hiper e hipocalemia, acidose, alcalose e hipo e hiper- termia são freqüentemente associadas a sinais clíni- Os objetivosdo exame do sistema nervoso são ini- cos neurológicos. O método para exame do sistema cialmente estabelecer se há algum processo patológi- nervoso dado a seguir foi delineado a partir de outras co presente e, então, caso exista, localizá-Io no sistema publicações.l,z nervoso. Como foi dito, é necessário um entendimen- to completo dos aspectos neuroanatômicos e funcio- Cabeça nais do sistema nervoso. Embora qualquer exame sistemático seja adequado, um objetivo inicial deveser Comportamento de localizar a lesão em uma ou mais das seguintes regiõesque aparecem listadas no sentido cranial a cau- Comportamento anormal indica mau funciona- dal, de acordo com o desenvolvimento geral do exa- mento do córtex cerebral. Conhecer o comportamento me: normal é necessário antes que se possa identificar um . . Cérebro comportamento anormal. Variaçõesdo comportamen- to freqüentemente reconhecidas incluem pressionar a . . Troncoencefálico Cerebelo cabeça, andar em círculos, lamber-se, alterar a voz e o apetite e tomar-se agressivo.Aspectosdo comportamen- . Medula espinhal Nervos eriféricos músculos p e to normal com os quais o clínico deve estar familiari- zado incluem: A progressão cranial a caudal do exame baseia-se na progressão semelhante do controle neurológico, do . Maneira com que cavalos reagem a pessoas e a outros cavalos. A incapacidade de manter a mais alto para o mais baixo. Antes que um exame detalhado e específico do sis- . ordenação social pode indicar doença ou fraqueza Modo pelo qual os cavalos relaxam quando não tema nervoso seja feito, deve ser realizado um exame clínico geral, em parte para detectar a presença de . perturbados Quantidade de tempo dedicado a comer e dormir
  • 3. EXAME CLÍNICO DE EQÜINOS 85 . Freqüênciacom que se deveesperarver um cavalo deitadoe em que posiçãoele mais provavelmente do cavalo, ele geralmente flexiona a cabeça a fim de tomar o alimento na boca (apreender) (Figura 4-1). estará O animal deveser avaliado enquanto em repouso,para . Comportamentonormal de garanhõese de éguas. detectarem-se tremores ou postura anormal da cabe- Garanhões freqüentementesão mais agressivos que ça. Aposição da nuca em relação ao focinho deveser éguase cavaloscastrados,o que não deveser cuidadosamente avaliada. confundidocom desenvolvimento comporta- de mento agressivoem um indivíduoanteriormente Avaliação da Função dos Nervos Cranianos calmo.A agressividade a disposiçãogeral irritadi- e ça são sinaismuitasvezesrelacionadosa A localização de uma lesão no tronco encefálico é desequilíbrioshormonaisassociados tumores a facilitada por um exame cuidadoso dos nervos cra- ovarianosou retençãotesticular nianos. Aexemplo dos outros componentes do exame, é lógico proceder-se num sentido cranial a caudal. Estado Mental AVALIAÇÃO OLFATO(NERVO CRANIANOI DO Anormalidades no estado mental indicam um en- [NERVO OLFATIVO]). É extremamente difícil volvimentodo tronco encefálico e córtex cerebral me- avaliar-se o olfato em cavalos e um déficit nesse senti- nor. Oestado mental pode ser comparado ao estado de do (anosmia) é, por isso, raramente relatado. Uma consciência de um animal e reflete a capacidade fun- avaliação simples do olfato pode ser feita anotando-se cional do sistema ativador reticular ascendente, loca- como o cavalo cheira coisas como alimento, mão do lizado no tronco encefálico, bem como de certas partes clínico, fezes ou urina, esta última sendo um teste do córtexcerebral.Normalmente,esses sistemasres- melhor para garanhões. pondem a impulsos sensoriais (aferentes) na forma de estímulos visuais, tácteis, auditivos, olfativos e gus- AVALIAÇÃO DA VISÃO (NERVO CRANIANO 11 tativos. O estado mental varia do normal, passando [NERVO ÓPTICOD. Avisão é testada pelo reflexo por uma série de estágios menores de anormalidade de ameaça, pelo qual um gesto ameaçador feito em (estupor, depressão, sonolência, delírio, letargia e de- direção do olho induzirá fechamento da pálpebra e às pressão), até o coma e semicoma. Coma ocorre quan- vezes recuo da cabeça (Figura 4-2). Deve-seter cuida- do não há qualquer resposta aos estímulos normais, e do para que com o gesto não se provoquem desloca- semicoma define um estado no qual não ocorre res- mentos de ar que possam ser percebidos pelo cavalo e posta a estímulos normais, mas há resposta a estímu- resultar em uma resposta semelhante. O reflexo pode los excessivamente nocivos. estar ausente em cavalos deprimidos ou excitados e potros recém-nascidos. O cavalo pode tornar-se refra- Postura e Coordenação da Cabeça tário se o gesto for repetido com muita freqüência. No Os movimentos normais suaves e coordenados da cabeça estão sob controle do cérebro, cerebelo e siste- ma vestibular. O movimento normal da cabeça envol- ve várias combinações de flexão lateral, rotação e extensão da articulação atlantoccipital. Uma posição anormal pode ser devida à dor de fratura ou infecção. Lesões vestibulares freqüentemente causam uma ro- tação caracterizada por inclinação da cabeça com a nuca desviada para um lado, mas com o focinho e pescoço na linha média. Por outro lado, as lesões do cérebro podem fazer com que o cavalo ande em círcu- los e mostre um desvio da cabeça e pescoço para o lado da lesão, mas o focinho não gire ao redor da nuca. As lesões cerebelares interferem com a coordenação normal e controle fino dos movimentos, resultando em movimentos abruptos durante a movimentação volun- tária e em tremores finos quando o animal está em repouso, conhecidos como tremores de intenção. Apostura e coordenação da cabeça podem ser ava- t FIGURA 4-1 liadas durante a atividade normal. Se alguma comida Segurando uma porçãode alimentoadjacente paletaparatestara ca- à é segurada ao lado da paleta em qualquer dos lados pacidade cavalo flexionar cabeça pescoço do em a e lateralmente.
  • 4. 86 VICTOR C. SPEIRS cavalo, como resultado de um cruzamento (decussa- ção) quase completo no qui asma áptico, a visão em um olho é controlada, principalmente, no hemisfério cerebral contralateral. Avia aferente, portanto, envol- ve primeiro retina, nervo áptico e quiasma áptico para daí, após a decussação, o trato áptico contralateral, núcleo geniculado lateral, radiação áptica e cártex occipital. Avia eferente envolve o núcleo do nervo fa- cial ipsolateral que fornece uma resposta motora que termina com o fechamento das pálpebras. Lesões da retina e do nervo áptico produzirão, portanto, ceguei- ra ipsolateral, enquanto lesões localizadas mais cen- tralmente causarão cegueira contralateral. Testesde visão incluem a capacidade de seguir uma luz em movimento e movimentar-se por um trajeto com obstáculos, evitando-os (Figura 4-3). Uma obser- vação cuidadosa enquanto o cavalo está comendo ou t FIGURA 4-3 Trajetocomobstáculosparatestara visão.Observe o atendenteper- que caminhando, especialmente se for num ambiente es- miteque o cavaloescolha ondecaminha. por tranho, pode permitir a detecção da cegueira ou visão deficitária. A cegueira ou visão deficitária unilateral são muito mais difíceisde detectar, e sua detecção pode necessitar vendar os olhos do cavalo (Figura 4-4). AVALIAÇÃO DO REFLEXO PUPILAR À LUZ (NERVOS CRANIANOS 11 [NERVO ÓPTICO] E 111 [NERVO OCULOMOTORD. O tamanho da pupila depende do equilíbrio entre os músculos cons- tritores, inervados por fibras parassimpáticas dos ner- vos oculomotores e músculos dilatadores, inervados por fibras simpáticas do gânglio cervical cranial. A ava- liação do reflexo pupilar à luz testa a função dos ner- vos áptico e oculomotor simultaneamente. Nela, os im- pulsos neurais, produzidos em resposta a um feixe de luz dirigido para o interior do olho, chegam ao cére- bro através do nervo áptico, são integrados na região pré-tectal do mesencéfalo contralateral e, então, ati- vam bilateralmente o componente parassimpático dos nervos oculomotores, fazendo as pupilas contraírem- se. Aconstrição no olho ipsolateral é conhecida como resposta direta, e a constrição no olho contralateral, " como resposta consensual. Avia à resposta ao feixe de luz dirigida para um olho é mostrada na Figura 4-5. Antes de realizar-se o teste, cada olho deve ser exami- nado para assegurar que não existam lesões, como aderências que possam interferir mecanicamente com a constrição. Oreflexo pupilar à luz não envolve o cár- I tex visual e, portanto, o reflexo pode ser positivo num cavalo com cegueira causada por dano nessa região. O mau funcionamento da inervação pelo nervo simpático ao olho produz uma síndrome conhecida como síndrome de Horner que consiste na constrição (miose), na queda da pálpebra superior (ptose) e na t FIGURA 4-2 produção da membrana nictitante. Há também sinais Reflexo ameaça. sdedossão rapidamente de O movimentados m dir~ e não-oculares como dilatação dos vasos sangüíneos çãoao olho,tomando-se cuidadode evitarcontatoou produzircorren- o faciais, hiperemia da conjuntiva nasal e tumefação tes de ar. do lado afetado da cabeça ou pescoço.
  • 5. EXAME CLÍNICO DE EQÜINOS 87 AVALIAÇÃO POSIÇÃO DO GLOBO OCULAR DA ritmicamente de posição, no sentido da nova localiza- (NERVOSCRANIANOS111[NERVO OCULOMO- ção, numa série de pequenos movimentos, ao invésde TO R], IV [TROCLEAR] E VI [ABDUCEN- manterem-se no meio da órbita, movendo-se junto TE]). A posição do olho é controlada ativamente com a cabeça. Essa última atividade é o nistagmo ves- pelos quatro músculos retos, pelos dois oblíquos e pe- tibular normal ou reflexo oculocefálico e resulta da los músculos retratores do bulbo (do globo). Aposição interação entre os centros que controlam o equilíbrio pode ser alterada por lesões que ocupam espaço nas (núcleos vestibulares) e os nervos responsáveis pelo órbitas (abscesso, neoplasia) e podem produzir des- movimento dos olhos. Estrabismo verdadeiro é raro vios ou deslocamentos. Os únicos músculos do olho em cavalos, mas, quando presente, devido à associa- não inervados pelo nervo oculomotor são o reto late- ção anatõmica íntima dos nervos que controlam o ral, os músculos retratores do bulbo, que são supridos movimento dos olhos, significa que todos os nervos pelo nervo abducente (nervo craniano VI), e o múscu- estão afetados em algum grau. O estrabismo associa- lo oblíquo dorsal, suprido pelo nervo troclear (nervo do a dano em algum desses nervos irá ocorrer, inde- craniano IV). pendentemente da posição da cabeça, enquanto que A função desses músculos e nervos é avaliada ob- olhos com nistagmo associado a dano vestibular po- servando-se o posicionamento dos olhos nas órbitas e dem ser movidos e responderão ao movimento. também o movimento de cada olho. O posicionamen- to anormal é chamado de estrabismo, e o movimento CAPACIDADEDE MASTIGAR(NERVO CRANIA- anormal é conhecido como nistagmo. Antes que o NO V). Asfibras motoras para os músculos da mas- movimento anormal possa ser avaliado, os movimen- tigação são levadas no nervo trigeminal. Dano bilateral tos normais dos olhos precisam ser entendidos. Quan- a esse nervo reduz a efetividade da mastigação, en- do a cabeça do cavalo é elevada, os olhos tendem a quanto a paralisia causa incapacidade do fechamento permanecer na posição horizontal e, ao fazer isso, gi- da mandíbula. Seguem-se atrofia do masseter, dos ram ventralmente nas órbitas. Do mesmo modo, quan- músculos temporais e ventre distal dos músculos di- do a cabeça se move para um lado, os olhos mudam gástricos. Dano unilateral resulta num tõnus fraco da mandíbula e atrofia unilateral. AVALIAÇÃO DA SENSAÇÃO CUTÂNEA FACIAL (NERVO CRANIANO V). As fibras sensórias da maior parte da cabeça são levadas pelos ramos man- dibular, maxilar e oftálmico do nervo trigeminal. A função desses ramos sensórios é testada observando-se a resposta à estimulação. O movimento das pálpebras, orelha e lábios em resposta a testes com picadas leves serve para avaliar os ramos sensórios e os componen- tes motores do nervo facial, embora a apreciação cons- ciente do estímulo não seja necessária. Cada ramo pode ser testado, avaliando-se sua área de distribuição (Fi- gura 4-6). AVALIAÇÃODA SIMETRIA E MOVIMENTOS FACIAIS (NERVO CRANIANO VII). Os múscu- los responsáveis pela simetria e expressão faciais são controlados pelas fibras motoras do nervo facial (VII). Para começar, a cabeça deve ser examinada para veri- ficação de perda de tõnus, geralmente observávelcomo assimetria unilateral das pálpebras, orelhas ou lábios. A capacidade de movimentar essas estruturas é então testada, em resposta a testes de provocação. Aparalisia facial é geralmente caracterizada por "queda" da ore- lha e lábios, elevação incompleta da pálpebra supe- rior, desvio do focinho para o lado não-afetado e inca- pacidade de abrir a narina. A localização do dano no . FIGURA4-4 nervo determina quais estruturas estão afetadas. Uma Colocação de venda. Permiteque os olhos sejam adequadamente cober- lesão proximal afeta a função de todas as estruturas tos e que o cavalo não possa ver através da venda ou por suas bordas. supridas pelo nervo, enquanto que uma lesão distal,
  • 6. 88 VICTOR C. SPEIRS Estímulo Estímulo Diminuição da luz Aumento da luz Nervo óptico esquerdo Nervo óptico direito Córtex visual esquerdo Colículosrostrais direitos Regiãopré-tectal esquerda ~ . ~ . Estimulaçãobilateral dos colículos Estimulaçãobilateral do rostrais e tratos tectoespinhais núcleo parassimpáticodos nervos oculomotores . + + ! ! Estimulaçãobilateral dos músculos Transmissãocaudal para Tl-3 com estimulação dos neurônios pré-gangliônicos dos esfíncterespupilares através dos gânglios ciliares ~ ~ Transmissãorostral do tronco ! ! Constriçãopupilar bilateral vagossimpático para os gânglios cervicaiscraniais + Estimulaçãodas fibras pós-gangliônicase ativação dos músculosdilatadores da pupila ~ ~ Dilatação pupilar bilateral . FIGURA 4-5 Viasdo reflexopupilarà luz
  • 7. EXAME CLíNICO DE EQÜINOS 89 do tônus extensor do membro contralateral ocorrem como resultado da perda do controle do trato vestibu- loespinhal. AVALIAÇÃODA APREENSÃO DO ALIMENTO. A apreensão de alimentos ou a transferência de ali- mentos para a boca envolve uma atividade coordena- da pelos lábios e mandíbulas, bem como uma coordenação central dos núcleos basais que coorde- nam a atividade motora de funções básicas como a atividade de comer e beber. A encefalomalácia nigro- pálida, causada pela ingestão da planta tóxica Cen- taurea solstitialis*, afeta os núcleos basais e causa incapacidade de apreender o alimento, de mastigá-Io ou de movê-Io para as porções caudais da boca. Omau t FIGURA 4-6 funcionamento do nervo facial com paralisia dos lá- Testando sensação a cutãnea(nervocranianoV). bios torna a apreensão difícil, mas o cavalo em breve aprende a mover o alimento para a boca, empurrando a cabeça no alimento e pegando-o com os dentes, de envolvendo os ramos bucais, afeta apenas a função modo muito semelhante a um carnívoro. Em ambas dos lábios. as condições, a deglutição não é afetada, e uma vez que a comida ou água estejam na boca, a deglutição AVALIAÇÃOA AUDIÇÃO (RAMO COCLEAROU D normal pode ocorrer. AUDITIVODO NERVO CRANIANOVII). Aper- A apreensão anormal ou dificultosa devido à doen- da unilateral da audição é difícil de ser detectada e por ça neurológica deve ser diferenciada de anormalidade essa razão a surdez clinicamente aparente, que é rara, devido a lesões dolorosas como fraturas, corpos estra- é usualmente bilateral. A causa usual é otite média- nhos na língua ou abscessos retrofaríngeos. A apreen- interna. são pode ser avaliada pela alimentação manual (oferecer o alimento nas mãos ao cavalo) e pela colo- AVALIAÇÃO DO EQUILÍBRIO (DIVISÃO VES- cação dos alimentos numa superfície dura e plana. TIBULAR DO NERVO CRANIANO VIII). Essa divisãodo 8° nervo craniano fornece os principais im- AVALIAÇÃO DA DEGLUTIÇÃO (NERVOS CRA- pulsos aferentes para o sistema vestibular, que é, por NIANOS IX E X). Os nervos glossofaríngeo e vago seu lado, responsável pelo equilíbrio e funciona con- inervam os músculos que controlam a deglutição. A trolando a orientação da cabeça, corpo, membros e deglutição normal envolve.o transporte de alimento e olhos. O mau funcionamento do sistema é indicado água da orofaringe para o esôfago sem contaminação por nistagmo, elevação da cabeça, fraqueza dos mem- da laringe ou nasofaringe. Omau funcionamento desse bros e perda do equilíbrio. processo resulta em drenagem de alimento e água pelo Nistagmo refere-se à oscilação rítmica do olho e nariz, presença de alimento ou água nas vias aéreas ocorre com a cabeça na posição normal (nistagmo com aspiração para os pulmões e gotejamento de sali- espontâneo) ou em diferentes posições anormais (nis- va do nariz e boca. Pode haver uma incapacidade to- tagmo posicional).3 O movimento pode ser horizon- tal ou parcial em deglutir. No entanto, essas alterações tal, vertical ou rotatório, e o nistagmo é descrito pela não devem ser confundidas com obstrução esofágica direção da fase rápida do movimento. Adireção da fase ou fenda no palato mole. A passagem de uma sonda rápida pode ser usada para auxiliar na localização da gástrica não detectará nenhuma obstrução, mas tam- lesão. Por exemplo, uma lesão periférica sempre pro- bém demonstrará uma deficiência em deglutir. duz nistagmo com a direção da fase rápida opondo-se A endoscopia tanto esclarece possíveis defeitos no ao lado da lesão. Alguma melhora na condição clíni- palato quanto ajuda a avaliar a desobstrução esofági- ca segue-se à adaptação à doença vestibular; no en- ca. As radiografias de contraste podem também ser tanto, issopode ser abolido ou reduzido pela vendagem. usadas. Devido ao extenso envolvimento do nervo vago Quando ocorre inclinação da cabeça, essa é girada e flexionada em direção ao local da lesão, o olho ipso- lateral é desviado para baixo e .0 olho contralateral .N. de T. O nome comum da planta em inglês !yellow star thistle) signi- fica aproximadamente "estrela de cardo amarela", mas não há nome para cima.3 Isso é associado a andar trôpego e andar popular para essa planta no Brasil, onde a intoxicação ainda não foi des- em círculos (movimento de rodeio) no sentido do lado crita. No Uruguai e na Argentina, onde a intoxicação já foi descrita, o da lesão. Fraqueza do membro ipsolateral e aumento nome comum de Centaurea solstitialls é "abre-punos".
  • 8. 90 VICTOR C. SPEIRS na função da laringe, faringe e do trato gastrintesti- mente simétricos, embora algumas doenças sejam nal, uma função anormal desse nervo é também asso- caracterizadas por envolvimento assimétrico dos mem- ciada à intolerância ao exercício. bros. O modo mais fácil e melhor de detectar anormali- dades na deglutição é observar o cavalo cuidadosa- Postura mente enquanto ele come e bebe. Graus pequenos de anormalidade podem passar despercebidos, pois a tos- O cavalo deve ser avaliado enquanto estiver em re- se pode não ser estimulada e pode haver insuficiente pouso, para observar-se qualquer anormalidade pos- material para passar rapidamente para a parte exter- tura!. Cavalos em estação, com postura normal, na das narinas. Isso se aplica particularmente quando apresentam os membros posicionados regularmente o bebedouro está no nível do chão, e a água pode pas- num quadrado abaixo do corpo, embora, quando em sar para a laringe e então novamente para fora sem repouso, possam posicionar-se com o boleto do mem- estimular um reflexo de tosse significativo. bro posterior flexionado e o casco repousando com sua ponta (pinça) ou superfície cranial tocando o solo. A AVALIAÇÃO FUNÇÃO DA LÍNGUA (NERVO DA posição de estação com os membros amplamente se- CRANIANOXII). Ainervação motora da língua é parados pode indicar fraqueza (paresia) ou falta de pelo nervo hipoglosso. Aslesões nesse nervo produzem propriocepção (capacidade de perceber a localização uma perda de função da língua no lado afetado. Se a dos membros nos espaço). perda for unilateral, o desvio da língua será para o lado não-afetado e ela ficará fraca e, com o tempo, Andar desenvolverá atrofia. Se a lesão for bilateral, a língua não poderá ser retraída para o interior da boca. Lesões O cavalo deve ser avaliado enquanto estiver cami- dolorosas na língua (corpo estranho) podem mimeti- nhando, trotando, sendo forçado a mover-se num pe- zar os efeitos de paralisia. Afraqueza é facilmente de- queno círculo e recuando. Outros testes incluem tectada aplicando-se gentilmente uma tração na atravessar ou subir e descer um monte ou rampa, ca- língua (Figura 4-7). minhar por um trajeto com obstáculos ou ser forçado a caminhar num trajeto pantanoso (ver Capítulo 5 Andar e Postura para detalhes no exame de claudicação). O andar anor- mal deve ser localizado num ou mais membros e des- As lesões na medula espinhal, no sistema nervoso crito, conforme a alteração existente, como fraqueza, periférico e tronco encefálico podem causar anorma- ataxia, espasticidade ou dismetria. lidades no andar e na postura. O objetivo da análise ambulatorial e postural é decidir se existe ou não uma FRAQUEZAOU PARESIA. Fraqueza, ou paresia, anormalidade e, caso exista, determinar sua localiza- é caracterizada por sinais como arrastamento dos ção. Aslesões podem ser focais, difusas ou multicên- membros, aumento do desgaste nas pinças ou superfí- tricas, e os sinais clínicos são geralmente caudais ao cie cranial do casco, tropeços, quedas e flexão do bole- local da lesão. Ossinais são, de modo usual, bilateral- to. ATAXIA. Ataxia é o termo usado para descrever a perda de propriocepção ou capacidade de identificar as relações espaciais entre os memb"os. Os sinais cau- sados pela perda da propriocepção incluem movimen- tos oscilantes (bambeira) , posicionamento assimétrico das patas, cruzamento dos membros, pisada no mem- bro oposto e circundação da pata do lado de fora ao voltar-se rapidamente. ESPASTICIDADE. Espasticidade é caracterizada por movimentos rígidos com pouca flexão das articu- lações e ocorre quando há perda do controle pelo neu- rônio motor superior sobre o neurônio motor inferior. DISMETRIA. Adismetria é usada para descrever a t FIGURA 4-7 perda de controle sobre a direção e espectro de movi- Testando o tônus da língua. A capacidade do cavaloem retraira línguaé mentos dos membros e é caracterizada pelo alcance testada puxando-a gentilmente da boca. exagerado do movimento, hipermetria (movimento
  • 9. EXAME CLíNICO DE EQÜINOS 91 do e direito do corpo, na região da articulação do co- GRADAÇÃODAS ANORMALIDADES tovelo (Figura 4-1). AMBULATÓRIASRELACIONADASÀ DOENÇADE MEDULA ESPINHAL Reflexos do Pescoço em Membros . Anteriores GrauO (normal).Ausênciade distúrbio neuroló- RESPOSTAS CERVICAIS. A estimulação da pele . gico visível. Grau 1.O distúrbio neurológicoé quase imperceptível um andar normal, mas é n na porção lateral do pescoço, dorsal ao sulco da veia jugular, induz geralmente contração dos músculos cutâneos vistos como contrações da pele, contração do provocadoforçando-seo cavaloa recuar,virar, músculo braquiocefálico e, quando o teste é realizado balançarde um lado paraoutro e pelaextensão na região cranial, contrações das orelhas. Aestimula- do pescoçoe aplicaçãode força à região ção focal bem delimitada pode ser realizada com um lombar. alfinete, agulha, pinça hemostática ou com uma ca- . Grau2. O distúrbio neurológicoé detectado no neta esferográfica (Figura 4-8). andar normal e é grandementeexageradopelos . testesde provocaçãolistadosno Grau 1. Grau3. Os déficits neurológicossão bastante óbviosna ambulaçãonormal, com tendênciade RESPOSTAS CEREBRAIS. Oprocessamento cons- ciente de um estímulo nessa região, como foi descrito, está sob controle cerebral, e a consciência do estímulo quedasou tropeçosdurante os testesde pode manifestar-se por respostas como chamamento, . provocação. Grau4. Tropeçose quedasespontâneosaté paralisiacompleta. retirada, tentativa de escapar, balançar da cabeça ou mordidas. REAÇÃO DE BALANÇO. Esse teste é feito com o cavalo em estação e também caminhando. Consiste na tentativa de empurrar o cavalo lateralmente (Fi- gura 4-9). A avaliação envolve testar a resistência do excessivo),hipometria(movimentodiminuído)e pas- cavalo a ser puxado ou empurrado lateralmente, bem sos longos (passo de ganso) ou curtos. como verificar ocorrência de tropeços. O teste é útil . Para facilitar o registro e comparação entre ani- para detectar-se fraqueza e ataxia. O cavalo pode ser mais ou entre diferentes estágios do mesmo animal, a empurrado na paleta e também puxado lateralmente gradação de cada membro pode ser feita individual- com o cabresto. mente, usando-se uma escala de O a 4, como é mos- trado no quadro. RESISTÊNCIA À PRESSÃO DORSAL NA CER- NELHA. Pressão para baixo na cernelha geralmen- Pescoço e Membros Anteriores te causa arqueamento do dorso (lordose) em cavalos normais (Figura 4-10). No entanto, quando a fraque- Exame e Palpação O exame visual e a palpação cuidadosos detecta- rão assimetria e atrofia musculares que podem indi- car doença neurológica, defeitos esqueléticos óbvios, como deformidade congênita observada freqüentemen- , ./" te em cavalos Arabes e suores localizados, associados a danos na inervação simpática. Mobilidade do Pescoço Aincapacidade ou relutância em mover a cabeça e o pescoço em qualquer direção indicam, geralmente, uma lesão dolorosa ou mecânica. A mobilidade pode ser testada pela manipulação manual da cabeça ou pescoço ou através da estimulação para que o cavalo mova a cabeça ou pescoço, tentando-o com algum alimento, como pasto, segurado em uma mão. É par- t FIGURA 4-8 ticularmente útil segurar alimento nos lados esquer- Testando sensação a cutãneada regiãocervical.
  • 10. 92 VICTOR C. SPEIRS saltitar lateralmente, apoiando-se no outro membro . (Figura 4-11). Parado de um lado só ou caminhando de um lado só. Ambos os membros esquerdos e, após, ambos os membros direitos são suspendidos de cada vez, e o cavalo é forçado a permanecer em estação e após mover-se de lado, usando os membros opostos. POSICIONAMENTO MANUALDE UM MEMBRO NUMA POSIÇÃO CRUZADA OU ANORMAL. O objetivo com esse teste é avaliar a capacidade de per- cepção de que o membro está numa posição incorreta e então retomá-lo à posição correta (Figura 4-12). Isso avalia especialmente a propriocepção. . FIGURA4-9 Reação balanço,membrotorácico É aplicadapressão regiãoda de á cernelha, observando-sefacilidade a comqueo cavalo podeserempurra- Tronco e Membros Anteriores do ou puxadoe a maneirapelaqualo equilíbrio restabelecido. é Palpação e Observação O tronco e os membros anteriores devem ser obser- za está presente, pode ocorrer incapacidade de resistir vados e palpados a fim de detectarem-se distúrbios ou colapso dos membros anteriores. como assimetria, atrofia muscular, malformações e . suores localizados. Atrofia muscular acentuada pro- REAÇÕES POSTURAIS TORÁCICAS, SALTITA- MENTO COM MEMBRO TORÁCICO. Em ca- valos menores (potros e pôneis), pode ser possível testarem-se algumas das reaçõesposturais comumente avaliadas em cães e gatos que são úteis para detecta- rem-se defeitos sutis. . . Carrinho de mão. Ambos os membros são suspendi- dos, e força-seo animal a caminharsobre os . membrosdianteiros. Saltitamento lateral. Cada membro anterior é suspendido uma vez, e força-seo animal a de . FIGURA 4-10 . FIGURA 4-11 Saltitamento lateral.Mantendo-se membrodo cavaloelevado em- um e Aplicandopressão cernelha à paratestara flexibilidade. pressão A firme purrando animallateralmente, o comoé mostrado,esta-se t suacapacida- geralmenteinduzo cavalo abaixarou flexionarventralmente dorso. a o de em saltitarlateralmente, poiando-se o outro membro. a n
  • 11. EXAME CLÍNICO DE EQUINOS 93 . FIGURA 4-13 Testando sensaçãoutãneana regiãodo tronco. a c região Cs-TI onde estão localizados os neurônios mo- tores inferiores dos nervos torácicos laterais. REAÇÃOAO BALANCEAMENTO. Essa reação é testada empurrando-se a pelveou puxando lateralmen- te a cauda enquanto o cavalo está parado ou cami- nhando (Figura 4-14). Fraqueza ou ataxia são mais . FIGURA 4-12 aparentes durante essas manobras, se o examinador Cruzando s membros o paratestara propriocepção. for capaz de desviar o cavalo de seu trajeto com bas- tante facilidade ou fazê-Io tropeçar e mostrar abdução excessiva e acentuada e cruzamento dos membros. duz curvatura lateral da coluna (escoliose) com o lado convexo voltado para o lado da lesão. Lesões nos tra- REAÇÕESPOSTURAIS DOS MEMBROS PÉLVI- tos simpáticos da medula espinhal ou nervos periféri- COSo Esses testes são os mesmos descritos para o cosproduzirão suores localizados cuja posição será útil membro torácico e são interpretados do mesmo modo. em localizar a lesão. Cauda e Ânus Sensação Cutânea Nesse segmento estão as partes sacrais e coccígeas A sensação cutânea é avaliada aplicando-se uma dá medula espinhal, seus nervos associados e estrutu- agulha, caneta esferográfica ou pinças hemostáticas ras supridas por esses nervos. por toda a região do tronco (Figura 4-13). Adiminui- ção da sensação (hipoalgesia, analgesia) caudal a uma Tônus da Cauda lesão na medula espinhal é uma indicação útil do lo- cal da lesão. Amaioria dos cavalos apresenta um tônus muscu- lar que resiste à elevação da cauda, embora a aplica- Reflexos do Tronco e dos Membros ção de uma força moderada permita a elevação da Anteriores cauda em todos os cavalos, exceto os mais nervososou excitados (Figura 4-15). A ausência de tônus ou fra- A RESPOSTA DO PANÍCULO. Essa resposta é um queza dos músculos voluntários geralmente indica reflexo caracterizado por contração dos tecidos asso- uma lesão no segmento sacrococcígeo da medula es- ciada à contração dos musculocutâneos rIo tronco, pinhal. No entanto, lesões graves localizadas mais pro- após a estimulação nos aspectos laterais do corpo. O ximalmente podem também produzir fraqueza. componente sensório desse reflexo é levado à medula Embora a torcedura da cauda seja, às vezes,associada espinhal pelos ramos dorsais dos nervos espinhais ao à doença neurológica, é freqüentemente uma ativida- nível do estimulo, antes de seguir cranialmente para a de normal para alguns cavalos.
  • 12. 94 VICTORC. SPEIRS t FIGURA 4-14 t FIGURA 4-15 Testando tônusda cauda. o Reação balanceamento, ao membrosposteriores. pressão exercida A é empurrando-seregiãoda ancaou puxando-se caudae observando-se a a a facilidadecomqueo cavalo podeserempurradcJ puxadoe a manei- ou ra pelaqualo equilibrio restabelecido. é urgente de fazer-se um diagnóstico e realizar-se um tratamento ou a eutanásia. Para tomar-se essas deci- sões é necessária a localização anatõmica exata da Reflexo Perineal lesão. Esse reflexo é testado cutucando-se gentilmente a Reflexo de Flexão do Membro Anterior pele do períneo com um alfinete, ou caneta esferográ- fica, e observando a resposta, consistindo em contra- Esse reflexo é controlado ~los segmentos C6- 2 da T ção do esfíncter anal e abaixamento da cauda (Figura medula espinhal. 4-16). É importante avaliar-se tanto os componentes sensórios como os componentes motores do reflexo. A inervação sensória é feita através dos ramos perineais . Estímulo. Com o membro estendido, a pele do membro distal é estimulada através da compressão do nervo pudendo (SI-S3)' A inervação motora do es- fíncter anal pelo ramo retal caudal do nervo pudendo e a flexão da cauda é mediada pelos nervos espinhais . com um pinça (Figura 4-17). Resposta. Recolhimento do membro, consistindo em flexão de todas as articulações. associados com os segmentos SI-CIO' Apercepção consciente envolve fibras aferentes dos Cavalos em Decúbito nervos mediano e ulnar e rotas sensoriais na medula espinhal cervical e tronco encefálico. Lesões craniais o decúbito é um sério problema em cavalos e, em- em C6permitem liberação do controle pelo NMS,o que bora alguns exames sejam excluídos pelo decúbito, leva à exacerbação do reflexo extensor. alguns reflexos espinhais que não podem ser avalia- dos com o cavalo em pé, podem ser avaliados com o Reflexos do Bíceps e do Tríceps cavalo em decúbito. Quando o cavalo está em decúbi- to, a capacidade de localizar uma lesão é ainda mais Essesreflexos(segmentosCrTI da medula espi- importante que o usual, porque há uma necessidade nhal) são geralmentedifíceisde seremevocados fre- e
  • 13. EXAME ClÍNICO DE EQÜINOS 95 qüentementeé necessária a exacerbação provocada por uma lesão de NMS, antes que uma resposta positiva possaser obtida. . Estímulo. Como membro apoiado paralelamente ao chão e levementeflexionado, o tendão dos músculosbícepsou trícepsé golpeado levemente com um martelo neurológico.O tendão do bícepsé localizadocranialmenteà sua origem na escápula (Figura4-18),e o tendão do tríceps localiza-se proximalà sua inserçãono olécrano(Figura4-19). . Resposta. ma respostapositivaé observadacomo U uma contraçãobem marcadado músculoassociado (i. e., leveextensãodo cotovelo parao reflexo do trícepse leveextensãodo ombro (articulação escapuloumeral) flexão do cotovelo para o reflexo e t FIGURA 4-17 do bíceps). Testando sensaçãoutãneae resposta a c doflexorno cavaloemdecúbito. Reflexo de Flexão do Membro Posterior Esse reflexo tem um componente sensório (nervo . Resposta.Recolhimentodo membro, consistindo em uma flexão da articulação. ciático) e um componente motor (segmentos 1S-S3da medula espinha!). o componente sensório depende de onde ocorreu o . Estímulo.Com o membro estendido,a pele da sua porçãodistal é apertada com uma pinçacomo foi estímulo, sendo femoral para a pele da região medial da coxa, peroneal para a pele sobre a porção dorsal do tarso e metatarso e tibial para a pele do aspecto plan- descritopara o membro anterior. tar do metatarso. Reflexo Patelar Esse reflexo tem um componente sensório (nervo femora!) e um componente motor (segmentos 14-1s da medula espinha!). . Estímulo. Com o membro paralelo ao chão e levementeflexionado, o ligamento patelar media é I t FIGURA 4-16 t FIGURA 4-18 Testando reflexoperineal. o Reflexo bíceps cavaloem decúbito. do no
  • 14. 96 VICTOR C. SPEIRS . FIGURA 4-19 . FIGURA 4-20 Reflexo trícepsno cavaloem decúbito. do Reflexo patelarno cavalo decúbito. em golpeado levementecom um martelo neurológico tares da medula espinhal toracolombar no nível da . (Figura4-20). Resposta. grupo de músculoquadrícepsse O contrai e produz uma súbita extensãodo joelho e estimulação. A resposta passa cranialmente para Cs- T3onde os corpos celulares dos NMIs dos nervos torá- cicos são estimulados, produzindo contração dos membro. músculos. Portanto, a interrupção do fluxo cranial da estimulação sensória por uma lesão induzirá à perda Interpretação da Capacidade do Cavalo em da resposta muscular, quando o estímulo for feito no ponto da lesão ou caudal a ele. Mover a Cabeça, Pescoço e Membros quando em Decúbito Há várias hipóteses,geralmente'verdadeiras,que MÉTODOS DE EXAMES ESPECIAIS podemser feitascorrelacionando-se local da lesão o com a capacidadedo cavaloem realizarcertosmovi- Coleta e Exame do Líquido mentos: Cefalorraquidiano . 5e o cavalo pode erguer apenas a cabeça, a lesão é Acoletado líquido cefalorraquidiano (liquor) éum . na parte cranialda região cervical. 5e o cavalopode erguer a cabeçae o pescoço,a lesãoé, geralmente,na parte caudalda região procedimento relativamente simples e pode fornecer informações muito úteis.4,5Uma amostra pode ser co- lhida em qualquer um de dois locais: atlantoccipital e . cervical. Seo cavalo nãopodeerguer-setéumaposição a sentado(posiçãode "cão sentado"),a lesãoé na lombossacral, a escolha sendo ditada pelo tipo e loca- lização da lesão suspeitada. Geralmente, a obtenção do liquor no local atlantoccipital é indicada para le- . medula espinhalcervical. Seo membro torácicoé funcionante,a lesãoé sões intracranianas, e o liquor do locallombossacral, para lesões mais distais. A vantagem da coleta lom- . caudala T2. Seo déficitneurológico notroncoou membros é bossacral é que ela pode ser feita com o cavalo em estação, apresenta poucos riscos e é geralmente útil . pélvicos,a lesãoé localizadaentre T2e 52, Suor localizadoindicauma lesãonos tratos simpáti- cos descendentes. para diagnosticar tanto lesões encefálicas como dis- tais. Procedimento Resposta a Picadas na Pele (Reflexo do Paniculo) A coleta do líquido do espaço atlantoccipital é ge-, ralmente feita com o cavalo em decúbito lateral sob Aestimulação da pele, picando-se com um alfinete anestesia geral. Se um cavalo já está em decúbito de- ou beliscando-se com uma pinça, induz a contração vidoà enfermidade,podenão ser necessáriaa aneste- dos músculos cutâneos do tronco, cujos ramos sensó- sia geral, mas são necessárias analgesia e excelente rios localizam-se no ramo dorsal dos nervos segmen- contenção. A càleta do espaço lombossacral é geral-
  • 15. EXAME CLÍNICO DE EQÜlNO5 97 ou atlas. Esseserros podem ser minimizados, atentan- iais para Coleta de do-se para os balizamentos anatômicos e posiciona- o Cefalorraquidiano mento da cabeça e pescoço. Caso se suspeite que a agulha foi mal direcionada, ela deve ser retirada e, então, redirecionada. É importante não se tentar cor- rigir o mau direcionamento, manipulando-se a posi- ção do cavalo enquanto a agulha está inserida. COLETALOMBOSSACRAL. Acoleta lombossacral é feita com o cavalo contido em troncos. A sedação é recomendada apenas quando absolutamente necessá- ria, porque tal medicação freqüentemente causa uma estação assimétrica, com a maior parte do peso do ca- valo apoiada em um membro, o que toma a coleta difícil. Embora a coleta seja possível em cavalos em decúbito, tal dificuldade associada à ausência de si- metria toma o procedimento ainda mais difícil. Se a coleta for feita com o cavalo em decúbito, o membro pélvico superior deveser elevado para assegurar-se que a região fique simétrica. Ambos os membros pélvicos podem ser avançados para aumentar o espaço lom- mente feita com o cavalo em pé, com sedação e con- bossacral e para estender o ligamento interarciforme tenção apropriadas. e as meninges, incrementando as condições para a percepção da penetração. COLETAATLANTOCCIPITAL. Com o cavalo sob O local para inserção da agulha na linha média é anestesia geral e em decúbito lateral, uma área de 6 x mostrado na Figura 4-22. Há diferentes modos de lo- 6" (15 x 15cm), centrada sobre o espaço atlantoccipi- calizar a posição correta: tal, é tricotomizada e preparada para punção estéril. A cabeça é posicionada de maneira que fique em ângu- 1. Intersecçãoda linha médiacom uma linha imaginá- fo reto com o pescoço, e o focinho é elevado para tor- ria ligandoas bordascaudaisdas tuberosidades nar a cabeça paralela ao chão. Os balizamentos e a coxais. anatomia pertinentes são mostrados na Figura 4-21. A 2. PalpaçãoretaI da eminêncialombossacral entral v agulha, com o mandril, é inserida verticalmente na que fica aproximadamenteembaixo do local linha média, no encontro com uma linha que une os correto. Essemétodo é útil em animaisobesosnos pontos craniais das asas do atlas. A penetração da quaisos balizamentosnão são tão facilmente membrana atlantoccipital dorsal e dura-máter ocorre localizados. geralmente a uma profundidade de 5 a 7cm (2 a 3") e 3. Palpação dos processos espinhososdorsolombares é indicada por uma sensação de "pipocar" e perda de e sacraisna linha média. Na região lombossacral, resistência. Deve-se ter cuidado, apoiando a mão ao uma depressãoé geralmentepalpável.No entanto, avançar a agulha, para evitar uma súbita penetração deve-se em mente que L6e 51são, respectiva- ter excessiva.Quando se percebem os sinais descritos an- mente, maiscurtas que Lse 52,e que S1geralmente teriormente ou quando a profundidade for julgada su- não é palpável.Portanto,à medidaque apalpação ficiente, o mandril deve ser removido. Uma inserção progride no sentido caudal,a primeiradepressão é bem-sucedida é indicada pelo aparecimento de líqui- geralmentesobre L6'e a localização corretaserá do cefalorraquidiano (liquor) na cabeça da agulha. caudal a esseponto. Se não aparecer líquido, a agulha deve ser rotada em 90°, o que freqüentemente provoca o aparecimento A localizaçãodo ponto corretopara a inserçãoé do liquor. Caso não se obtenha liquor, o mandril é re- relativamente fácil se for lembrado que há uma consi- colocado, e a agulha é inserida ou redirecionada como derável variação entre cavalos e também que se de- indicado. A pressão do liquor pode ser medida aco- vem usar todos os balizamentos anatômicos disponíveis piando-se um manômetro à agulha antes que qual- como guias. quer quantidade de líquido seja removida. O cavalo é posicionado de tal maneira que seus Os problemas mais comuns são inserir a agulha membros pélvicos fiquem simetricamente colocados e fora da linha média, errando assim o espa~, e dire- suportem pesos iguais. O local selecionado é tricoto- cionar a agulha demasiado cranialmente ou caudal- mizado, preparado para punção estéril e injetado com mente, acertando, assim respectivamente, o occipital solução anestésica local. Uma incisão é feita com uma
  • 16. 98 VICTORC. SPEIRS t FIGURA4-21 Coletado liquordo espaçoatlantoccipital. agulhaestácolocadano local,e o mandrilfoi removido. s balizamentos natômicos A O a usados sãoos bordoscraniais atlase a eminência do médiada cristanucal.(Fonte:deLahunta Veter/nary A: Neuroanatomy and O/n/calNeurology,2nd. ed., Saunders, Philadelphia, 1983,p 44. Reproduzidaompermissão.) c lâmina de bisturi, e a agulha espinhal, com o man- cosoA dura-máter e aracnóide são penetradas geral- dril, é inserida verticalmente. Uma agulha de 15cm é mente de forma simultânea com o ligamento interar- de comprimento suficiente para quase todos os cava- ciforme, embora algumas vezes a agulha deva ser los, exceto os maiores. Normalmente o cavalo não se avançada um pouco mais. Mais uma vez, é importan- ressente com a introdução da agulha e ocorre pouca te apoiar (descansar) a mão que controla a agulha resistência. Como na coleta no espaço atlantoccipital, sobre o cavalo, de modo a evitar uma penetração ex- há geralmente a sensação de súbita redução na resis- cessiva súbita, caso o cavalo se mova repentinamente. tência quando o ligamento interarciforme é penetra- Se o liquor não é obtido, a agulha pode ser avança- do a uma profundidade de cerca de 11 a 12crn.Embora da para o assoalho do canal vertebral (passando atra- uns poucos cavalos reajam violentamente, na maio- vés da dura-mátt'J e espaço subaracnóideo dorsais, ria.das vezes a penetração é acompanhada somente conus medullaris [cofle medular] e espaço subarac- por um leve movimento da cauda, tremores muscula- nóideo e dura-máter ventrais). Então, à medida que res localizados ou discreta flexão dos membros pélvi- se gira a agulha, ela vai sendo retirada vagarosamen-
  • 17. EXAME ClÍNICO DE EQÜINOS 99 te, um milímetro de cada vez. A oclusão manual de é coletada em recipientes adequados e submetida para ambas as veias jugulares (manobra de Queckenstedt), exame citológico e, caso indicado, para avaliação bac- aumenta a pressão intra-espinhal e melhora as chan- teriológica (Apêndice C). cesde obter um volume adequado de liquor. Uma suc- ção suave deve ser usada para obter-se liquor, mas Resultados issodeveser feito muito cuidadosamente a fim de evi- tar hemorragia. Se a agulha tocar o osso antes que o O liquor é formado pela secreção e filtração, prin- liquor seja obtido, o clínico deve decidir se se trata do cipalmente, pelos plexos coróides ventriculares, flui assoalhodo canal medular, ou se agulha, mal direci- pelas aberturas laterais do quarto ventrículo e, então, onada, errou o espaço lombossacral e colidiu no sacro por sobre os hemisférios cerebrais ou caudalmente ao ou no dorso de 16. redor da medula espinhal, saindo através das reflexões da dura-máter dos nervos espinhais. Daí a tendência PREPARAÇÃO AMOSTRA. O liquor deve ser DA para as lesões craniais serem melhor diagnosticadas examinado o mais cedo possível após a coleta. Caso numa coleta atlantoccipital, e lesões caudais, numa issonão possa ser feito, ele deve ser diluído em igual coleta lombossacral. Existem barreiras anatômicas e volume de álcool para preservar as células. A amostra funcionais entre o sangue e o liquor, sangue e cérebro r-- A t FIGURA 4-22 Coletado liquordo espaçolombossacra!. A agulhaestácolocadano local,e o mandrilfoi removido.Osbalizamentosnatômicos A. a usados sãoos bordoscaudais cadatuberosidade de coxal,o bordocaudal a colunavertebral m L,;,o bordocranial a colunanasegunda d e d vértebrasacral o bordo e cranialde cadatuberosidade sacra!. Fonte:delahuntaA: Veterinary ( Neuroanatomy Clinical eurology.2nd. ed., Philadelphia, and N Saunders,1983,p 42. Reproduzidaompermissão.) c
  • 18. 100 VICTOR C. SPEIRS B . B.Seção FIGURA 4-22 Continuação transversaemonstrando agulhapassando d a portodosostecidos,incluindo conusmedu- o lIaris(conemedular),até atingir o espaçosubaracnóideentral.(Fonte:delahunta A: Veterinary v Neuroanatomy nd Clinical eurology, nd. ed., Philadelphia, a N 2 Saunders, 983,p 43. Reproduzida 1 com permissão.) e liquor e cérebro. Valoresnormais são apresentados para adultos nas Tabelas 4-1 e 4-2, e para potros, na . Lesão tóxica. (p. ex., leucoencefalomalácia por ingestão de milho mofado). Aumento de proteína, Tabela 4-3. células mononucleares. Algumas categorias de doenças e achados espera- dos são os seguintes: COMPLICAÇÕES. Pode ocorrer contaminação . Doenças infecciosas. Aumento de neutrófilos com infecções bacterianas, pequenas células mononu- com sangue, o que dá ao liquor uma coloração aver- melhada. Ascaracterísticas a seguir podem ser usadas para auxiliar a determinar se o sangue está presente cleares com infecções virais, eosinófilos com como um contaminante ou se é associado a sangra- . infecções por protozoários e helmintos. Necrose e infecções crônicas. Aumento de macrófa- mento patológico para o liquor: . . gos ou células mononucleares grandes. Trauma. Xantocromia e aumento de proteína, eritrócitos,neutrófilossem alteraçõestóxicase Em contaminações pequenas, o sangue homogeneamente misturado, redemoinha na não é amostra e, geralmente, decresce à medida que mais macrófagos. liquor é retirado.
  • 19. EXAME CLíNICO DE EQÜINOS 101 . TABELA4-1 poucos mililitros é indicativa dessa possibilidade. Se a LíQUIDOEFALORRAQUIDIANO C DEEQÜINOS (LlQUOR): VALORESE D pressão não cair excessivamente, um volume de 30 a REFERÊNCIA CAVALOS 24) EPÔNEIS = 21) NORMAIS. PARA (N (N LlQUOROLHIDO C NOSESPAÇOS ~ ATLANTOCClPITAL (AO)E 40mi' pode ser colhido. LOMBOSSACRAL (LS) fu 1JII.mR.AÇ--- Radiologia do Sistema Nervoso Variável Média Desvio Padrão o exame radiológico do sistema nervoso pode ser Pressão abertura(mmH,O) de 308,80 75,15 extremamente útil para localizar e caracterizar lesões Retirada liquor(mR) de 14,93 4,07 relacionadas a traumatismo (fratura de vértebras, des- Pressão defechamento (mmH,O) 223,58 74,46 locamento de vértebras), infecção (abscessosvertebrais Leucócitos (nohR) 1,41 1,74 Eritrócitos (no.jR) 195,16 511,96 e osteomielite) e malformações (congênitas, síndro- Proteína(mgjdR) Cavalos 37,23 28,41 me de compressão da medula espinhal cervicalou "sín- Pôneis 60,48 20,45 drome de bambeira" [wobbler]). Ocasionalmente é Diferenças LS-AO -0,46 13,07 Glicose(mgjdR) AO 48,00 9,92 também necessário avaliar-se a cabeça para detecção LS 55,13 8,22 de traumatismo (fratura de crânio), infecção (infec- (%liquorjsoro) AO 51,65 8,77 ção dos ouvidos médio e interno com envolvimento LS 58,38 9,48 144,58 1,86 das cavidades timpânicas) e malformação (hidroce- Sódio (mEqjR) Potássio(mEqjR) 2,95 0,05 falia congênita e malformação atlantoccipital). Os Cloro(mEqfR) 109,22 6,90 procedimentos e achados são descritos em detalhe em Cálcio(mgjdR) 4,18 0,87 outra publicação.6 Fósforo(mgjdR) 0,83 0,20 CreatinafosfoquinaseUI) ( 1,08 3,13 Radiografias de qualidade aceitável da cabeça e das Transaminase aspartato de 30,74 6,31 porções proximais da coluna cervical podem ser obti- (unidades F) S das com filmes de alta velocidade e uma unidade mó- Desidrogenase láctica(LlI) 1,51 1,75 Fosfatasealcalina (UI) 0,83 0,95 vel de raio X. No entanto, caso sejam necessárias Nitrogênio (mgjdR) 11,82 3,26 radiografias de alta qualidade ou radiografias da por- Colesterol(mgjdR) 4,76 5,72 ção cervical caudal da coluna, ou mais caudal a essa porção, e, se o paciente for muito grande, serão neces- Observação: Eletrólitos medidos apenas para cavalos. Exceto onde for indicado, todos os valores são dados combinados de cavalos e sários anestesia, um aparelho de alta potência e con- pône!.s e locais AO e 13 de coleta. (Fonte: Mayhew IG, Whitlock RH, siderável experiência. A identificação de lesões que Tasker JB: Equine cerebrosPinal fluid- Reference values of normal ocupam espaço é facilitada pela mielografia. Em qual- horses. AmJ Vet Res 1977;3: 1271. Reproduzida com permissão.) quer caso, radiografias simples (não-contrastadas) devem ser tomadas antes, a fim de definir a integrida- . Uma altamente contaminada pode coagu- amostra de óssea e a necessidade de técnicas de contraste. A . lar; amostras com hemorragia preexistentes não. A centrifugação de uma amostra contaminada produzirá um sobrenadante claro, enquanto que, existência de lesões demonstráveis apenas quando o pescoço assume uma posição de estresse (lesões dinâ- micas), como "síndrome de bambeira" (wobbler) , em casos de hemorragia, o sobrenadante será devem ser entendidas, e as técnicas apropriadas de- xantocrômico. vem ser conhecidas. Herniação subtentorial pode seguir-se à remoção Radiografia Simples do líquido quando há obstrução cranial ao local de coleta. A presença de pressão anormalmente alta que Aradiografia simples é executada como um proce- cai subitamente (25-50%) após a remoção de alguns dimento diagnóstico único ou preliminarmente à ra- t TABELA 4-2 VALORESELETROFORÉTICOS LlQUOR DO -- 'l:L~--- Globulina (rngj100rnR) Proteína Total (rngj100rnR) Alburnina (rngj100rnR) Alta, Alta2 Beta Teta 40,1 15,3 5,2 6,7 5,8 5.7 I3,1 I1,2 IO,9 I 0,4 IO,6 IO,8 Dados originados de Kirk GR, NeateS, McClure RC, et aI.: Electrophoreticpattern ofequine cerebrosPinalfluid. AmJ Vet Res 1974; 35:1263.