Este documento discute o simbolismo dos espaços geográficos na obra Os Maias de Eça de Queirós. Coimbra representa a formação acadêmica e o romantismo da juventude. Lisboa simboliza a sociedade portuguesa da época, incapaz de se modernizar. Santa Olávia e Sintra são lugares de refúgio e escapismo para as personagens.
1. Trabalho oral d’ Os Maias
Espaço físico
O espaço físico na obra d’ Os Maias não pode ser analisado em bloco, devido ao facto de que
se podem confundir os elementos e dimensões da história visivelmente distintos. Deste modo,
há que distinguir dois tipos de espaço físico: o primeiro, de âmbito geográfico, é o que diz
respeito, em especial, ao percurso do protagonista ao longo da acção; o segundo é constituído
por cenários interiores capazes de dar um significado complementar relativamente a certos
aspectos da história mais ou menos relevantes.
Nesta apresentação irei apenas referir-me ao primeiro tipo: o espaço geográfico - e ao seu
simbolismo.
Tema: O simbolismo dos espaços geográficos da obra d’ Os Maias
Espaços geográficos:
Coimbra; Lisboa; Santa Olávia; e Sintra
Coimbra é o símbolo da boémia estudantil, artística e literária; é o espaço de formação
académica e cívica de Carlos, onde a existência de Carlos da Maia surge ainda marcada pelo
romantismo.
É ainda em Coimbra que Carlos tem o seu primeiro amor adúltero, onde a rapariga tinha o
nome bárbaro de Hermengarda o que fez com que os amigos de Carlos, ao descobrirem o
romance, o chamassem de «Eurico, o Presbítero», mostrando que a geração de Carlos rejeita o
romantismo e verifica que a feição romântica, ainda própria destes jovens, se encaminha para
outras zonas: para as do satanismo e do empenhamento social abstracto.
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Os grandes espaços geográficos d’ Os Maias constituem sobretudo motivo para a
representação de atributos (mentalidades, vícios, esquemas culturais, etc.) inerentes ao
espaço social, tendo deste modo Lisboa uma referencia + demorada
Lisboa:
O espaço da capital é o espaço da centralidade da nação portuguesa e é o grande espaço
privilegiado ao longo de todo o texto. As suas ruas, as suas praças, os seus hotéis, os seus
locais de convívio e os seus teatros assumem quase o estatuto de personagens ao longo do
romance. Sendo Lisboa um símbolo da “sociedade portuguesa da Regeneração” incapaz de se
modernizar e que agoniza na contemplação de um passado glorioso. Lisboa polariza a vida
política e a vida económica do país, a literatura, a diplomacia e o jornalismo, em resumo: tudo
o que constituía a morna ocupação da camada dirigente que regia os destinos do país.
2. Santa Olávia:
Santa Olávia é associada a um lugar mágico para onde a família se desloca para recuperar as
forças perdidas, para esquecer a dor e encarar o futuro. É lá que Afonso se refugia com Carlos
após o suicídio de Pedro e que Carlos cresce e se prepara para a reabilitação da família. É
também o primeiro local de peregrinação de Carlos (depois de 10 anos de exílio voluntário em
paris) em que visita Afonso que lá passa as férias de verão.
Sintra:
A ida a Sintra de Carlos, Cruges e Alencar constituem um dos momentos mais poéticos e ao
mesmo tempo mais hilariantes de Os Maias. (Basta relembrarmos a cena de Eusebiozinho com
as espanholas, a descrição da paisagem desde Seteais, momento em que Alencar reclama à luz
da lua, e o esquecimento das queijadas por parte de Cruges, para percebermos quanto o
Capitulo VIII é importante para complementar os cenários privilegiados da sociedade lisboeta
da época.) Sintra constitui-se, então, como uma espécie e paraíso romântico perdido, um
refúgio campestre e purificador, que as personagens procuram para fugir ao tédio da capital.
Sintra é ainda espaço de eleição dos homens da capital para encontros furtivos com outras
mulheres, fugindo do espaço familiar.
Curiosidades (para se perguntarem):
Sobre Eurico, o Presbítero
O enredo conta a história de amor entre Eurico e Hermengarda, que se passa na Espanha
visigótica do século VIII. Eurico e seu amigo, Teodomiro, lutam ao lado do rei da
Espanha, Vitiza, contra os "montanheses rebeldes e contra a francos, seus aliados".
Depois de vencer o combate, Eurico pede ao Duque de Fávila a mão de sua filha,
Hermengarda, porém este recusa o pedido ao saber que se trata de um homem de
origens humildes.
Eurico, então, se entrega à religiosidade, tornando-se o Presbítero de Cartéia, para se
afastar das lembranças de Hermengarda, através das funções religiosas e da composição
de poemas e hinos religiosos.
No entanto, quando ele descobre que os árabes estão invadindo a Península Ibérica,
liderados por Tárik, alerta seu amigo Teodomiro e se transforma no enigmático
Cavaleiro Negro. De maneira heróica, Eurico, agora Cavaleiro Negro, luta em defesa de
sua terra e, devido a seu ímpeto, ganha a admiração dos visigodos e dos demais povos
da península, agora seus aliados, e lhes dá forças para combater o invasor.
Quando a vitória parece certa para os godos, Sisebuto e Ebas, filhos do imperador
Vitiza, traem seu povo, a fim de ganhar o trono espanhol. Logo após, Roderico, rei dos
visigodos, morre na Batalha de Guadalete e o povo passa a ser liderado por Teodomiro.
Enquanto isso, os árabes invadem o Mosteiro da Virgem Dolorosa e raptam
Hermengarda. O Cavaleiro Negro a salva quando o "amir" estava prestes a profaná-la.
Durante a fuga, Hermengarda é levada até as Astúrias, onde está seu irmão Pelágio.
3. Em segurança numa gruta de Covadonga, Hermengarda encontra Eurico e declara seu
amor por ele. Contudo, Eurico não acredita que esse amor possa se concretizar, devido
às suas convicções religiosas, e revela a real identidade do Cavaleiro Negro. Ao saber
disso, Hermengarda perde a razão e Eurico, ciente de suas obrigações, parte para um
combate suicida contra os árabes e enfrenta os traidores Bispo Opas e Juliano, Conde de
Ceuta.