1) O documento descreve os meios de transporte mais usados na colônia brasileira, como montarias e veículos puxados por animais.
2) Com a chegada da corte portuguesa, veículos de rodas como as seges passaram a ser usados com mais frequência, principalmente em ocasiões especiais.
3) As cadeirinhas de arruar, carregadas por escravos, também se tornaram comuns, usadas principalmente por mulheres.
1. Na colônia, o meio de transporte de pessoas mais usado era o de montaria (cavalos e burros).
Com a chegada da corte, as pessoas passaram a usar com mais frequência veículos de rodas
puxados por animais, como as seges. Esse tipo de veículo era o preferido em ocasiões
especiais, como festas de casamento, bailes na corte, ou para percorrer distâncias maiores. As
cadeirinhas de arruar, ou seja, de andar nas ruas, também se tornaram comuns, usadas
principalmente pelas mulheres. Essas cadeirinhas, carregadas por escravos, variavam de
modelo conforme as posses do proprietário. Os mais ricos encomendavam modelos luxuosos,
com janelas acortinadas e paredes ornamentadas com desenho.
Apresentação
Referências biográficas
Autobiografia
Obra
Evocação
Genealogia
Álbum de família
Contato
2. Os quatro: Mário Sette e Maria Laura com os filhos, Hilton e Hoel.
Recibo do aluguel da casa onde viviam Mário Sette e Maria Laura em 1907.
A verdade manda que se diga ter existido lá, em casa de meus pais, além do religioso,
um verdadeiro culto à evocação.
4. Hilton Sette, bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito do
Recife (1935)
Aos quarenta e sete anos, vítima de uma fatalidade, Hilton perde a visão e,
impreterivelmente, não pôde continuar desenvolvendo suas pesquisas. Aos poucos, ele
foi encontrando, no engenho da intelectualidade, uma brecha para suas divagações.
5. (...) escreveu romances, contos e novelas que lhe reservaram a cátedra número 9 na
Academia Pernambucana de Letras, em 4 de fevereiro de 1988.
6. Hílcia Sette, licenciada em Geografia e História (FAFIRE, 1955)
“Desde jovem sinto uma sensibilidade à flor da pele, herdada de meu avô Mário Sette,
um sentimental inveterado e Hilton Sette, meu pai, homem de uma ternura e de um
amor extraordinários. Não podia ser diferente...”
8. Hílcia era uma pessoa extremamente sensível à estética e aos problemas do seu tempo.
Nutria demasiado interesse pela música de toda época e lugar.
Duas Palavras
Hilton Sette
Em “Duas Palavras”, Hilton Sette nos ajuda a compreender de forma inequívoca a
marca de Mário Sette, assinalada no culto à evocação, como expressão de sua
pernambucanidade.
Sim, éramos quatro.
Meu pai, minha mãe, meu irmão e eu.
Família igual a muitas outras de classe média, nesta heróica e mui leal cidade do Recife,
durante as primeiras décadas do século andante.
Apreciada através do ângulo social-econômico, uma família de “barnabé” federal,
vivendo sob o império de rígido orçamento doméstico. As despesas mensais, tolerando
raros extraordinários, tinham que se limitar a uma receita representada pelos poucos
vencimentos de um praticante dos Correios e pelos aluguéis de três imóveis,
pertencentes antes a minha mãe, por herança paterna.
Dentro do campo cultural, lar de escritor de província, o romancista e cronista Mário
Sette, sempre voltado para as coisas do espírito e enriquecido pela presença de livros,
muitos livros, quadros de boa pintura nas paredes e aparelho reprodutor de música,
desde o gramofone à vitrola ou rádio.
Sem casa própria, andávamos com os trastes às costas em mudanças complicadas de
Olinda para o Recife, para a Várzea, outra vez para Olinda, para o Espinheiro, num
ziguezague incrível, ditado por circunstâncias as mais diversas.
Meu pai era irrequieto. Parece que não gostava muito de demorar no mesmo lugar. Daí
as mudanças com intervalos, no máximo de quatro anos, as temporadas de vilegiatura e
quase sempre o serviço de repartição em Caruaru, em Gravatá, no engenho de um
parente amigo.
Onde quer que estivéssemos, porém, éramos quatro. Numérico e espiritualmente. Desde
pequenos, meu irmão e eu, começamos a ser admitidos em participação dos problemas,
projetos e planos, grandes decisões da família, num clima de harmonia, de equilíbrio e
de compreensão recíproca.
Lembro-me a respeito que, muito jovem ainda, o desmedido apego à terra natal,
conseguiu desmanchar por duas vezes planos de transferência do nosso lar para o Sul do
país. Continuamos a ser quatro, mesmo após meu casamento em 1933, o nascimento de
9. minha filha em1935, o casamento de meu irmão em 1937 e o progressivo nascimento de
sua prole a partir de 1938.
É que não obstante a autonomia de nossas famílias, habitando residências muito
próximas, continuamos na minha pessoa e na de meu irmão a integrar, sem solução de
continuidade, os quatro do clã paterno.
E permanecemos quatro até 1950. Nesse ano, quando já perfazíamos numericamente
com os acréscimos de noras e netos o fatídico 13, lá se foi o primeiro: meu pai.
Em Janeiro de 1963, o segundo: meu irmão. Deixaram o nosso convívio, passaram a
residir nas ruas sombreadas do Cemitério de Santo Amaro, privaram-nos de suas
presenças e do amparo que nos proporcionavam, mas a memória de ambos, a saudade e
a lembrança, dia a dia mais vivas de suas atitudes certas, de seus modos de pensar, de
seus ensinamentos, de seus conselhos dão-nos a impressão de que nunca morreram.
A verdade manda que se diga ter existido lá, em casa de meus pais, além do religioso,
um verdadeiro culto à evocação.
As nossas reuniões familiares, ora em torno da mesa de refeições, ora durante os serões
até a hora de dormir, eram entretidas por conversas sobre dois temas preferidos: planos
de realizações futuras ou reconstituição em todos os seus pormenores dos felizes
episódios do passado. A qualquer pretexto, uma frase melódica, um certo dito, um
perfume ou odor diferente, e um mundo de reminiscências vinham à tona, focalizando
ocorrências, situações, pessoas, costumes vividos por meus pais ou por todos nós.
Não tinham outro significado os álbuns-miscelânea em que meu pai gostava de
colecionar verdadeiros documentários de nossa existência, onde se destacavam os
instantâneos fotográficos batidos em nossa casa ou em passeios, excursões, solenidades.
Ainda hoje, quando quero mergulhar profundamente no passado, caminho mais curto é
remexer nas estantes da Biblioteca Mário Sette. Poucos sabiam o volume que guarda a
esmo, entre suas folhas, a surgir um mundo de saudades, papéis de folhinhas marcando
efemérides de nosso calendário afetivo, bilhetinhos da gostosa correspondência
doméstica, garatuje desenhadas por nossas mãos de menino, datas e momentos da alma,
lembrando leituras ou releituras de certos papéis.
Notas autobiográficas escritas por Hilton Sette
Hilton Sette, Minha História - Apontamentos Autobiográficos
www.hiltonsette.com.br
Sem dúvida, constatamos que a vida e obra de Mário Sette se alternam em registrar e
exaltar os entes queridos; os cantos e recantos de sua terra; os eventos familiares; os
falares, os hábitos e os costumes da sua gente. Com o propósito de guardar para sempre
na memória, o que o tempo vem, definitivamente, apagar.
Hilton e Hílcia não quiseram que o tempo levasse a memória que Mário Sette,
pernambucanamente, construiu no engenho e na ternura de sua pena. Seguimos com
informações biográficas de Hilton e Hílcia.
O professor e escritor HILTON SETTE
Um exemplo de integridade, amorosidade e perseverança. Hilton nasceu no dia 30 de
julho de 1911, em Recife. Viveu para superar os limites impostos pelo infortúnio.
10. Considerado natimorto, sobreviveu ao parto de fórceps alto e passou a infância e a
grande parte da puberdade necessitando de cuidados médicos. Aos quarenta e sete anos,
vítima de uma fatalidade, Hilton perde a visão e se despede da atividade de geógrafo e
pesquisador. Desde então, até os seus oitenta e seis anos, Hilton não fez outra coisa que
não fosse contar a história dos seus personagens.
Foi alfabetizado aos cinco anos de idade por meio de um abecedário em cubos de
madeira sob a orientação de sua mãe, Maria Laura. Fez o curso primário em casa com
professores particulares. No curso secundário, submeteu se aos exames preparatórios e
completou o grau no Carneiro Leão e Ginásio Pernambucano. Na pretensão de obter um
excelente lastro cultural, elegeu o Curso de Direito. Mas, somente depois de ter
ingressado na função pública dos Correios, marchou para a docência. E encontrou na
Geografia o seu maior interesse, vindo a dedicar-se à pesquisa com entusiasmo.
Em 1945, exonerou-se dos Correios e passou a dedicar-se, exclusivamente, ao
magistério. Lecionou em vários colégios recifenses entre os quais o Nóbrega, o Vera
Cruz, o São José, o Carneiro Leão e o Osvaldo Cruz, bem como na Escola Normal Pinto
Júnior. Em 1946, assumiu a cadeira de Histórias das Américas e História do Brasil na
Faculdade de Filosofia do Recife e aceitou o convite de Padre Bragança para lecionar a
cadeira de Geografia Física, na Faculdade de Filosofia Manuel da Nóbrega, embrião da
atual Universidade Católica de Pernambuco.
Em 1952, ingressou no corpo docente da Universidade Federal de Pernambuco, a
convite de Mário Lacerda de Melo, como professor assistente da cadeira de Geografia
Humana. E em 1953, foi professor do Ginásio Pernambucano, a princípio em caráter
interino e depois catedrático de Geografia do Brasil, mediante aprovação em concurso
de títulos e provas.
Apenas um passo: de professor a autor de livros didáticos. Na intenção de dar aos
alunos a continuação de suas aulas, retratando a sua maneira de ensinar, Hilton resolveu
escrever e publicar pela Editora do Brasil S.A., de São Paulo, em parceria com Manuel
Correia de Andrade, várias séries de compêndios de Geografia Geral, Geografia do
Brasil, destinados ao curso secundário de primeiro e segundos graus. Tais livros
alcançaram mais de quarenta edições de cinco mil exemplares e foram vendidos em
todo o Brasil nas décadas de 50, 60 e 70.
Hilton produziu mais alguns outros livros didáticos, como “Introdução à Geografia”,
“Geografia do Nordeste”, “Geografia dos Continentes”, “Geografia Regional” e
“Geografia do Brasil” para as três séries do antigo Curso Científico, “Geografia e
História de Pernambuco” para o Curso Pedagógico e “Geografia Geral” e “Geografia do
Brasil” para o atual Curso de Segundo Grau.
Os anos 50 representaram para Hilton o apogeu de suas atividades no campo geográfico.
Compondo uma equipe constituída por Mário Lacerda, Gilberto Osório, Manuel
Correia, Tadeu Rocha, Dárdano de Andrade Lima e José Lavareda, Hilton realizou
intensas atividades de pesquisa geográfica. Percorreu, praticamente, em várias
excursões, todo o estado de Pernambuco, quase toda a Paraíba, sul do Ceará e oeste de
Alagoas.
Além de duas teses para concurso, uma em 1946 – “Regiões Naturais de Pernambuco” e
outra em 1955 – “Pesqueira”. Escreveu ainda e publicou “A micro-região geográfica da
Serra Negra”; “Aspectos de Geografia Urbana de Garanhuns” e “Atividades Pesqueiras
de Pernambuco”. Essa equipe fundou a Secção Regional de Pernambuco da Associação
dos Geógrafos Brasileiros (1952). Hilton foi membro da diretoria em diversos anos e
presidente da AGB pernambucana em 1958, quando realizou sua última atividade como
geógrafo e pesquisador, ao tomar parte na Assembléia da AGB Nacional em Santa
11. Maria da Boca do Monte, Rio Grande do Sul.
Aos quarenta e sete anos, vítima de uma fatalidade, Hilton perde a visão e,
impreterivelmente, não pôde continuar desenvolvendo suas pesquisas. Aos poucos, ele
foi encontrando, no engenho da intelectualidade, uma brecha para suas divagações. A
arte de escrever já lhe era muito sua conhecida. Hilton explicava que por afinidade e
carinho ao seu pai, Mário Sette, e pela necessidade de dar vazão ao movimento do
espírito, que não envelhece, ele escreveu romances, contos e novelas que lhe reservaram
a cátedra número 9 na Academia Pernambucana de Letras, em 4 de fevereiro de 1988.
(...)
Ante as limitações impostas pelo envelhecer do corpo, impossibilitando-me o exercício
de outras atividades, recorro à fecundidade do pensamento e à vocação literária herdada
de meu pai. Não faço mais que voltar às raízes. Na infância e adolescência, aparecia
com “colaborações” em “O Tico-tico”, excelente revista infantil carioca, e no “Recreio
da Petizada”, uma congênere recifense. Na juventude, fins da década de 20 e começos
da de 30, publicava poemas “futuristas” à moda de Oswald de Andrade e contos
românticos no “Jornal de Caruaru”, “Vitrina”, “Pra você” e “Jazz-band”, da imprensa
pernambucana ou em “Para todos”, “O Fon-fon”, “O Malho”, revistas do Rio.
(...)
Hilton nos deixou no dia 20 de dezembro de 1997, quando nos preparávamos para mais
um Natal. A proximidade da festa natalina lhe comovia e excitava a sua lembrança.
Reminiscências de uma época mais feliz, em que compartilhava com a sua Jô, a esposa,
Lúcia, falecida há um ano e oito meses, o aconchego do lar e a cumplicidade de meio
século de uma vida inteira a dois. Não se queixava, pelo contrário, Hilton agradecia
tudo com animosidade. Nunca deixou de falar no seu muito amado pai e mãe e de como
foram felizes em família. Recordava com carinho as pessoas que fizeram parte de sua
vida, suas alegrias e tristezas. Mas, a solidão da alma é implacável. Um forte resfriado
agravou seu estado de saúde e, sem muita razão, levou-o para longe dos nossos olhos. A
sua vida e obra permanece aqui, entre os seus, para sempre de geração em geração.
São suas obras:
Romances:
O RAPAZ DA VILA MARIA (1981)
ZÉ DO FOGUETE (1984)
APARTAMENTO DE COBERTURA (1984)
BIOGRAFIA DE UMA VELHA SENHORA (1989)
ESTRANHA PENITÊNCIA (1995)
Novelas:
TIRO DE MISERICÓRDIA (1985)
DONZELAS NA BERLINDA (1988)
Contos:
12. ESTÓRIAS DA VIDA (1985)
ROSAS VERMELHAS (1991)
RESTOS DE TACHO (1995)
HÍLCIA MARIA SETTE MELO RÊGO
ou, simplesmente, a Professora Hílcia
A docência foi uma decorrência espontânea e natural na vida de Hílcia. Filha do
Professor Hilton e a primeira neta do professor e escritor Mário Sette, essas são duas
referências suficientes a sua apresentação.
Nascida em Alagoas, Hílcia passou o seu primeiro ano de vida em Maceió. Depois, veio
a residir, definitivamente, em Recife. Dizia que era alagoana com carinho, mas
pernambucana pela identidade aos costumes e à tradição cultural de Pernambuco.
Hílcia foi, amorosamente, cuidada num ambiente cheio de mimos e superproteção.
Cresceu respirando a intelectualidade do avô e do pai. Por isso foi dona de uma
mundividência sem limites culturais, todavia, com os pés bem plantados na sua terra.
Nos escritos autobiográficos, seu pai, Hilton Sette, menciona o nascimento de sua filha
com essas palavras:
“... Ainda nesses 1935, três acontecimentos marcantes em minha vida. O nascimento de
Hílcia Maria, minha primeira e única filha, a 26 de Janeiro, na Ladeira do Brito, 65,
Maceió, onde morávamos na companhia de meus pais.”
O nascimento de Hílcia, também, não escapa à pena de Mário Sette, o seu avô
diletíssimo, que registra:
“Janeiro de 1935. Vai nascer nosso primeiro neto. Vivemos um clima de expectativa
dos mais doces e extremosos de nossa vida. Vejo um berço em nossa casa. Há quanto
tempo não víamos esse móvel sob nosso teto!... Maria Laura enfeita-o carinhosamente.
Encontro-a uma tarde e sorriu, lembrando-me do tempo de recém-casados...
E chega a noite da véspera. 25 de janeiro. Hoel e Neusa, noivos, passam as férias
conosco. Aguardamos a todo momento a vinda dessa criancinha tão ansiosamente
esperada. Correm as horas... Leio, ou melhor, releio o “Pecheur d’Islande”, de Loti.
Chove, relampeja, troveja longe. Madrugada do sábado, 26. De repente, a um gemido
mais forte de Lúcia, Maria Laura, do quarto de Hilton: - “Nasceu” – e acrescenta: “É
uma menina”. E a voz de Hilton: - Hílcia Maria. Fecho o livro, depois de assinalar a
página em que me achava. O volume será uma lembrança futura de Hílcia. Naquela
página começara a bater por ela o coração do Dindinho... Dali, a pouco, na sala, vemos
a menina, a nossa menina!... Rodeamos-lhe o berço, quase numa adoração.” 1
Sem dúvida, a geografia humana de Hílcia se encontra circunscrita no pai e avô. Pessoas
de conhecimento e sensibilidade que marcaram profundamente a formação e educação
de Hílcia. Aos mais próximos, ela se definia assim:
“Desde jovem sinto uma sensibilidade à flor da pele, herdada de meu avô Mário Sette,
um sentimental inveterado e Hilton Sette, meu pai, homem de uma ternura e de um
amor extraordinários. Não podia ser diferente...”
13. Hílcia, como não poderia deixar de ser, também, escreve algumas linhas autobiográficas
quando completa sessenta anos. Ela nos diz:
Estamos vivendo o sexagésimo oitavo janeiro de minha vida. No ano de 1935, estava às
vésperas de nascer. Minha “baixinha” pesada, andando devagar, gestando um bebê tão
desenvolvido para sua constituição franzina. A expectativa de minha chegada mexia
com toda a família – meu avô Mário Sette, um sentimental inveterado, vivia escrevendo
no seu Diário a emoção do meu nascimento. Dindinha, minha doce avó e madrinha,
aprontava as roupinhas de lã, tricotando-as, ao mesmo tempo em que colocava incenso
no enxovalzinho. Papai, cheio de preocupações com o parto de mamãe numa terra
estranha, longe da família dela. Tio Hoel e Badinha, recém-chegados do Recife,
aguardavam com alegria o momento.
E no dia 26 às três e pouco da madrugada, noite de chuvas e trovoadas distantes
(segundo Mário Sette) vim ao mundo, rodeada de amor e carinho por parte da família. E
o tempo foi passando... Procuro, numa volta ao passado, rememorar os outros 26 de
janeiro de minha vida!
(...)
Durante o curso primário, estudei em casa com professoras particulares, primeiramente
com dona Deolinda e depois com Nadir.
(...)
Minha primeira comunhão realizou-se no Colégio de São José, educandário onde
Dindinho lecionava e era muito estimado. Fui preparada por Madre Rangel e a missa foi
oficiada por Padre Guedes. No outro ano, precisava entrar no ginásio e para isso teria
que prestar o exame de admissão. O colégio escolhido foi outra vez o São José. Depois
de muitos estudos, logrei o primeiro lugar de minha vida, estando, portanto habilitada a
cursar o Ginásio. Novas experiências, novos professores, novas colegas, costumes
rigorosos, farda calorenta, meias compridas, traje de gala branco, roupa de ginástica
desatualizada.
(...)
Terminei meu curso ginasial com “pompa e circunstância” – fui premiada com várias
medalhas: Ao Mérito de comportamento, estudos e religião. Continuei estudando no
Colégio de São José, o curso Científico – sendo Química e Biologia minhas disciplinas
prediletas. Transferi-me do Colégio de São José para o Vera Cruz, onde conclui o
terceiro ano do Curso Colegial. Lá, papai ensinava a uma turma bastante numerosa que
se preparava para o vestibular de Licenciatura de Geografia e História na FAFIRE.
(...)
Fiz vestibular na FAFIRE e passei outra vez em primeiro lugar no curso escolhido. A
FAFIRE foi se incorporando a minha vida. O curso de Geografia e História trazia
algumas vantagens – colegas do Vera Cruz, professores conhecidos, amigos de papai
como Mário Lacerda, Amaro Quintas, Waldemar Valente, Manuel Correia entre outros,
tratavam-me com dedicação e apreço. Sentia-me valorizada a filha do prof. Hilton Sette.
As freiras que exerciam cargos administrativos – Madre Torres (a diretora), Madre
Carneiro, Madre Lopes, já as conhecia no tempo de colégio. Não houve mudanças
bruscas, mas um continuísmo na ambiência estudantil.”
Em 1955, Hílcia se graduou em Licenciatura em Geografia e História pela Faculdade
Frassinetti do Recife - FAFIRE. Em seguida, casou-se com Aldênio Melo Rêgo. Dessa
união nasceram os seus seis filhos e Hílcia se afastou do meio acadêmico para dedicar-se
à família.
Sempre risonha e amável, Hílcia era uma pessoa de fácil relacionamento, mansa, dócil e