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Processo criativo:
Fluxo de Consciência
Clarice Lispector recebeu influência direta do romance psicológico e do
chamado fluxo de consciência presente na literatura irlandesa desde a
publicação de Ulisses de James Joyce. O forte apelo intimista e a
miríade de imagens desencadeadas em seus angustiantes textos
revelam a própria condição de solidão do homem no mundo.
Há um aspecto a ser levantado nas personagens criadas por ela.
Usualmente são moças, velhas, casadas, solteiras, enfim, mulheres e
sua realidade social e pessoal deflagradas sob o olhar hipnotizante e
martirizador de Clarice.
Epifania
Abordagem
psicológica
As personagens criadas por Clarice
Lispector descobrem-se em um mundo
incoerente; essa descoberta dá-se
normalmente diante de um fato imprevisto.
É nesse momento que ocorre a
epifania(revelação), classificada como o
momento em que a personagem sente
uma luz iluminadora de sua consciência e
que a fará acordar para a vida. Para
Clarice, "Não é fácil escrever. É duro
quebrar rochas. Mas voam faíscas e
lascas como aços espelhados". "Mas já
que se há de escrever, que ao menos não
se esmaguem com palavras as
entrelinhas". "Minha liberdade é escrever.
A palavra é o meu domínio sobre o
mundo."
Produções:
Clarice apresenta uma vasta produção literária desde
romances, contos e crônicas a obras de literatura infantil. De todas, as
que mais se destacam são:
•Perto do Coração Selvagem,
•A Paixão Segundo G.H
•A Hora da Estrela
•Laços de Família
De uma maneira geral, a autora possui um estilo
muito próprio, de forma que uma obra sua pode
ser facilmente identificada pelas características
marcantes.
Análise da obra
A obra laços de família de Clarice Lispector
destaca-se entre as produções da autora e
está entre os melhores livros de contos da
literatura brasileira. São treze contos
centrados tematicamente, no processo de
aprisionamento dos indivíduos através dos
"laços de família", de sua prisão
doméstica, de seu cotidiano. As formas de
vida convencionais e estereotipadas vão se
repetindo de geração para geração
, submetendo-se as consciências e as
vontades
Laços de família
OBS: Encontra-se entre as 5 obras
selecionadas pela UERN para o
vestibular 2014!
Uma galinhaPode ser resumido na seguinte indagação
do narrador: “Que é que havia nas suas
vísceras que fazia dela um ser?”. É a
história de uma galinha que foi comprada
para servir de refeição a uma família, mas
que consegue fugir num vôo prodigioso e
desajeitado. É a luta por vida, mesmo que
numa existência da forma mais instintiva.
No entanto, é perseguida pelo chefe da
família, numa pândega corrida pelos
telhados da vizinhança, até ser agarrada.
De volta ao lar opressor, no meio do
estresse misteriosamente a ave bota um
ovo. Mais uma vez a imagem da
feminilidade associada à maternidade. Tal
ato mostra-se tão sagrado, pois que à
véspera da morte ela dá vida, que acaba
sendo poupada, tornando-se o xodó da
casa. O tempo passa, e com ele talvez
todo o aspecto divino de sua feminilidade.
Um dia acaba por servir de refeição.
Feliz aniversário
Um dos mais brutais e
perturbadores relatos escritos pela
autora. Conta a história de uma
senhora chamada Anita que
completa 89 anos e sua filha Zilda
decide fazer uma festa de
aniversário para comemorar.
Filhos, netos e noras de D. Anita
comparecem à festa mais por
convenção social, que por desejo
de comemorar a vida da idosa. D.
Anita percebe isso e assiste
bestializada à situação.
O crime do professor de
matemática
Dotado de elementos religiosos como
missa, pecado, juízo final. Seu
protagonista, um professor de
Matemática (símbolo da
frieza, precisão, objetividade) vai até a
parte mais alta da cidade enterrar um
cachorro. Ao enterrar este cão
desconhecido o professor tenta se
redimir do fato de ter abandonado seu
antigo animal de estimação, atitude
que ele considera um crime. Enquanto
enterra o animal, ele reflete à respeito
da sua relação com o animal de
estimação e da culpa que sente; após
muito considerar pensamentos, o
professor conclui que a melhor forma
de se redimir seria não tentar
esconder sua culpa e desenterra o
cachorro, se sentido mais homem por
assumir seu crime para si mesmo.
A menor mulher do mundo
Narra a descoberta da menor integrante de uma isolada e frágil tribo africana de pigmeus,
os Likoualas. Encontrada no coração da África, por Marcel Pretre, um caçador e explorador,
a menor mulher do mundo tinha 45cm e era escura como um macaco. Vivia numa árvore
com o seu concubino e estava grávida. A sua foto, tirada pelo francês, na qual ela aparecia
em tamanho natural, foi publicada em jornais de todo o planeta despertando nas famílias o
desejo de possuir e proteger aquele pigmeu do sexo feminino, ser humano em miniatura. As
crianças queriam a mulher para brincarem de boneca. "Mamãe, se eu botasse essa
mulherzinha africana na cama de Paulinho enquanto ele está dormindo? Quando ele
acordasse, que susto, hein", disse um menino. Sua mãe olhava-se no espelho e enrolava o
cabelo quando ouviu isso, Lembrou-se de uma história contada pela empregada, que
passara a vida num orfanato. As meninas da instituição não tinham brinquedos. Um dia,
uma delas morreu, e as outras esconderam-na das freiras no armário. Quando não estavam
sendo vigiadas, pegavam a defunta como se fosse uma boneca, davam-lhe banho,
penteavam-lhe os cabelos botavam-na de castigo, punham-na para dormir... Pensando nisso
a mulher considerou cruel a necessidade humana de amar e possuir, a malignidade de
nosso desejo de ser feliz, a ferocidade com que queremos brincar. A alma das famílias
queria devotar-se àquela frágil criatura africana. Enquanto isso, a própria coisa rara, a
menor mulher do mundo, grávida, sentia o seu peito morno de amor. Amava e ria. O
explorador não entendia o amor que lhe saía por aquele riso. Ele, que já conhecia um pouco
da sua língua, fazia-lhe algumas perguntas, às quais Pequena Flor respondia "sim", "Que
era muito bom ter uma árvore para morar, sua, sua mesmo, pois é bom possuir, é bom
possuir, é bom possuir."
AmorAna, uma mulher casada, pacata e mãe de dois filhos, tinha uma vida
doméstica muito calma, onde cuidava dos seus com o esmero e amor típicos
de uma pessoa fraterna e sensível, como uma maneira de ocupar o tempo e
fugir de si mesma. Nota-se, pois, que não está feliz. Numa tarde, enquanto
todos estavam ausentes, resolve fazer compras. No caminho de volta, no
bonde, uma cena inusitada ocorre: vê um cego mascando chiclete. Esse ato
maquinal feito na escuridão talvez possa ser comparado ao estilo de vida da
protagonista. Com certeza, foi um detonador de desequilíbrio na existência
insossa da personagem, o que fica simbolizado no tranco que o bonde
dá, provocando a queda de suas compras. Tão atrapalhada a personagem
fica, que desce no ponto errado. Dirige-se ao Jardim Botânico. É o momento e
o lugar de sua epifania. Diante das árvores, sua emoção é muito grande.
Esses vegetais davam frutos, mas também eram sugagas por parasitas, o que
lhe deu um incômodo nojo (seria uma metáfora de sua condição feminina?).
Perde tanto a noção do tempo que, quando se lembra de que tinha uma
família para cuidar, descobre que o parque estava fechado com ela dentro.
Enquanto se esforça para encontrar alguém que lhe permitisse a saída, realiza
uma inversão de valores. Se antes achava anormal, loucura um cego
mascando chiclete, agora é o seu próprio estilo de vida, de dona de
casa, mergulhado em rotinas domésticas, que se torna uma loucura.
Consegue voltar, dedicando-se ao seu marido e aos seus filhos. Ama-os, mas
agora de uma forma incomodante; ama-os sentindo até nojo.
Condição
feminina na
sociedade
Epifania:
Árvores que dão
frutos e são
sugadas por
parasitas.
Os laços de famíliaConto que dá nome à obra, trata da
história de Catarina que depois de duas
semanas de visita, levava a sua mãe para
a estação, onde a senhora tomaria o trem
e se despediria da filha. Elas estão no
táxi. Catarina recorda-se do desconforto
causado pela breve convivência entre a
sua mãe e o seu marido. O genro e a
sogra mal se suportavam. Durante a
viagem dentro do táxi uma aura estranha
se estabelecia entre as duas E Catarina
meditava sobre a intimidade perdida entre
mãe e filha. Na estação de trem, quando
a campainha tocou, mãe e filha se
olharam assustadas, chamando uma pela
outra. Parecia que, todos aqueles
anos, elas tinham se esquecido de dizer
algo, como: 'sou tua mãe, Catarina. E ela
deveria ter respondido: e eu sou tua filha".
Mas não o disseram, fizeram-se
recomendações. mandaram lembranças
para os parentes, e o trem se foi.
Agora, sem a mãe, Catarina recuperava o
seu modo firme de andar. Caminhar
sozinha era mais fácil, nada a impediria
de subir mais um degrau misterioso nos
seus dias. Chegando em casa sentiu-se
incrivelmente feliz e disposta para cuidar
Questõe
s
1) (FATEC) Com relação a Laços de família, de Clarice
Lispector, é correto afirmar:
a) A denúncia dos componentes repressivos da instituição
familiar volta-se principalmente para a educação moralista
recebida pelas mulheres, como se vê em Feliz aniversário.
b) Em O crime do professor de matemática, o narrador ataca o
poder de sedução dos professores, na defesa da valorização
da moral familiar, alertando contra os perigos do mundo social.
c) Em várias narrativas, a personagem feminina, vivenciando
experiências cotidianas, tem revelações fundamentais para sua
vida interior.
d) a força da personagem feminina, em contos
como Amor, consiste em transformar suas relações pessoais e
familiares a partir de um ato de revolta.
e) com personagens pouco habituais, como a galinha e a
pigméia Pequena Flor, o narrador revela que não há valor na
cultura primitiva, em comparação à vida das instituições
modernas.
2) (UEL) A próxima questão refere-se ao texto a seguir.
“Ainda estava sob a impressão da cena meio cômica entre sua mãe e seu marido, na hora
da despedida. Durante as duas semanas da visita da velha, os dois mal se haviam
suportado; os bons dias e as boas tardes soavam a cada momento com uma delicadeza
cautelosa que a fazia querer rir. Mas eis que na hora da despedida, antes de entrarem no
táxi, a mãe se transformara em sogra exemplar e o marido se tornara o bom genro.
„Perdoe alguma palavra mal dita‟, dissera a velha senhora, e Catarina, com alguma
alegria, vira Antônio não saber o que fazer das malas nas mãos, gaguejar — perturbado
em ser o bom genro. „Se eu rio, eles pensam que estou louca‟, pensara Catarina franzindo
as sobrancelhas. „Quem casa um filho perde um filho, quem casa uma filha ganha mais
um‟, acrescentara a mãe [...].”
(LISPECTOR, Clarice. Laços de Família. 12. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1982. p.
109-111.)
É correto afirmar que o texto foi extraído:
a) Do final do conto, que focaliza a visita de Severina, a velha, ao casal.
b) Da parte intermediária do conto, pois a parte anterior privilegia as reflexões da velha,
enquanto a parte seguinte, os pensamentos de Catarina.
c) Do final do conto, após uma divisão de foco entre os pensamentos de Antônio, o
marido, e de sua esposa Catarina.
d) Do início do conto, e, após esta passagem, o foco continua voltado para mãe e filha até
se deslocar para os pensamentos do marido sobre esposa e filho.
e) Do início do conto, pois, após esta passagem, o foco se volta para os pensamentos de
Catarina sobre a mãe, o filho e o marido.
3) (FUVEST) A respeito de Clarice Lispector, nos
contos de Laços de Família, seria correto afirmar que:
a) Para freqüentemente de acontecimentos
surpreendentes para banalizá-los.
b) Elabora o cotidiano em busca de seu significado
oculto.
c) É altamente intimista, vasculhando o âmago das
personagens com rara argúcia.
d) É regionalista hermética.
e) Opera na área da memória, da auto-análise e do
devaneio.
1) C
2) D
3) C
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Slide clarice lispector -

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  • 2.
  • 4. Fluxo de Consciência Clarice Lispector recebeu influência direta do romance psicológico e do chamado fluxo de consciência presente na literatura irlandesa desde a publicação de Ulisses de James Joyce. O forte apelo intimista e a miríade de imagens desencadeadas em seus angustiantes textos revelam a própria condição de solidão do homem no mundo. Há um aspecto a ser levantado nas personagens criadas por ela. Usualmente são moças, velhas, casadas, solteiras, enfim, mulheres e sua realidade social e pessoal deflagradas sob o olhar hipnotizante e martirizador de Clarice. Epifania Abordagem psicológica
  • 5. As personagens criadas por Clarice Lispector descobrem-se em um mundo incoerente; essa descoberta dá-se normalmente diante de um fato imprevisto. É nesse momento que ocorre a epifania(revelação), classificada como o momento em que a personagem sente uma luz iluminadora de sua consciência e que a fará acordar para a vida. Para Clarice, "Não é fácil escrever. É duro quebrar rochas. Mas voam faíscas e lascas como aços espelhados". "Mas já que se há de escrever, que ao menos não se esmaguem com palavras as entrelinhas". "Minha liberdade é escrever. A palavra é o meu domínio sobre o mundo."
  • 6. Produções: Clarice apresenta uma vasta produção literária desde romances, contos e crônicas a obras de literatura infantil. De todas, as que mais se destacam são: •Perto do Coração Selvagem, •A Paixão Segundo G.H •A Hora da Estrela •Laços de Família De uma maneira geral, a autora possui um estilo muito próprio, de forma que uma obra sua pode ser facilmente identificada pelas características marcantes.
  • 8. A obra laços de família de Clarice Lispector destaca-se entre as produções da autora e está entre os melhores livros de contos da literatura brasileira. São treze contos centrados tematicamente, no processo de aprisionamento dos indivíduos através dos "laços de família", de sua prisão doméstica, de seu cotidiano. As formas de vida convencionais e estereotipadas vão se repetindo de geração para geração , submetendo-se as consciências e as vontades Laços de família OBS: Encontra-se entre as 5 obras selecionadas pela UERN para o vestibular 2014!
  • 9. Uma galinhaPode ser resumido na seguinte indagação do narrador: “Que é que havia nas suas vísceras que fazia dela um ser?”. É a história de uma galinha que foi comprada para servir de refeição a uma família, mas que consegue fugir num vôo prodigioso e desajeitado. É a luta por vida, mesmo que numa existência da forma mais instintiva. No entanto, é perseguida pelo chefe da família, numa pândega corrida pelos telhados da vizinhança, até ser agarrada. De volta ao lar opressor, no meio do estresse misteriosamente a ave bota um ovo. Mais uma vez a imagem da feminilidade associada à maternidade. Tal ato mostra-se tão sagrado, pois que à véspera da morte ela dá vida, que acaba sendo poupada, tornando-se o xodó da casa. O tempo passa, e com ele talvez todo o aspecto divino de sua feminilidade. Um dia acaba por servir de refeição.
  • 10. Feliz aniversário Um dos mais brutais e perturbadores relatos escritos pela autora. Conta a história de uma senhora chamada Anita que completa 89 anos e sua filha Zilda decide fazer uma festa de aniversário para comemorar. Filhos, netos e noras de D. Anita comparecem à festa mais por convenção social, que por desejo de comemorar a vida da idosa. D. Anita percebe isso e assiste bestializada à situação.
  • 11. O crime do professor de matemática Dotado de elementos religiosos como missa, pecado, juízo final. Seu protagonista, um professor de Matemática (símbolo da frieza, precisão, objetividade) vai até a parte mais alta da cidade enterrar um cachorro. Ao enterrar este cão desconhecido o professor tenta se redimir do fato de ter abandonado seu antigo animal de estimação, atitude que ele considera um crime. Enquanto enterra o animal, ele reflete à respeito da sua relação com o animal de estimação e da culpa que sente; após muito considerar pensamentos, o professor conclui que a melhor forma de se redimir seria não tentar esconder sua culpa e desenterra o cachorro, se sentido mais homem por assumir seu crime para si mesmo.
  • 12. A menor mulher do mundo Narra a descoberta da menor integrante de uma isolada e frágil tribo africana de pigmeus, os Likoualas. Encontrada no coração da África, por Marcel Pretre, um caçador e explorador, a menor mulher do mundo tinha 45cm e era escura como um macaco. Vivia numa árvore com o seu concubino e estava grávida. A sua foto, tirada pelo francês, na qual ela aparecia em tamanho natural, foi publicada em jornais de todo o planeta despertando nas famílias o desejo de possuir e proteger aquele pigmeu do sexo feminino, ser humano em miniatura. As crianças queriam a mulher para brincarem de boneca. "Mamãe, se eu botasse essa mulherzinha africana na cama de Paulinho enquanto ele está dormindo? Quando ele acordasse, que susto, hein", disse um menino. Sua mãe olhava-se no espelho e enrolava o cabelo quando ouviu isso, Lembrou-se de uma história contada pela empregada, que passara a vida num orfanato. As meninas da instituição não tinham brinquedos. Um dia, uma delas morreu, e as outras esconderam-na das freiras no armário. Quando não estavam sendo vigiadas, pegavam a defunta como se fosse uma boneca, davam-lhe banho, penteavam-lhe os cabelos botavam-na de castigo, punham-na para dormir... Pensando nisso a mulher considerou cruel a necessidade humana de amar e possuir, a malignidade de nosso desejo de ser feliz, a ferocidade com que queremos brincar. A alma das famílias queria devotar-se àquela frágil criatura africana. Enquanto isso, a própria coisa rara, a menor mulher do mundo, grávida, sentia o seu peito morno de amor. Amava e ria. O explorador não entendia o amor que lhe saía por aquele riso. Ele, que já conhecia um pouco da sua língua, fazia-lhe algumas perguntas, às quais Pequena Flor respondia "sim", "Que era muito bom ter uma árvore para morar, sua, sua mesmo, pois é bom possuir, é bom possuir, é bom possuir."
  • 13. AmorAna, uma mulher casada, pacata e mãe de dois filhos, tinha uma vida doméstica muito calma, onde cuidava dos seus com o esmero e amor típicos de uma pessoa fraterna e sensível, como uma maneira de ocupar o tempo e fugir de si mesma. Nota-se, pois, que não está feliz. Numa tarde, enquanto todos estavam ausentes, resolve fazer compras. No caminho de volta, no bonde, uma cena inusitada ocorre: vê um cego mascando chiclete. Esse ato maquinal feito na escuridão talvez possa ser comparado ao estilo de vida da protagonista. Com certeza, foi um detonador de desequilíbrio na existência insossa da personagem, o que fica simbolizado no tranco que o bonde dá, provocando a queda de suas compras. Tão atrapalhada a personagem fica, que desce no ponto errado. Dirige-se ao Jardim Botânico. É o momento e o lugar de sua epifania. Diante das árvores, sua emoção é muito grande. Esses vegetais davam frutos, mas também eram sugagas por parasitas, o que lhe deu um incômodo nojo (seria uma metáfora de sua condição feminina?). Perde tanto a noção do tempo que, quando se lembra de que tinha uma família para cuidar, descobre que o parque estava fechado com ela dentro. Enquanto se esforça para encontrar alguém que lhe permitisse a saída, realiza uma inversão de valores. Se antes achava anormal, loucura um cego mascando chiclete, agora é o seu próprio estilo de vida, de dona de casa, mergulhado em rotinas domésticas, que se torna uma loucura. Consegue voltar, dedicando-se ao seu marido e aos seus filhos. Ama-os, mas agora de uma forma incomodante; ama-os sentindo até nojo. Condição feminina na sociedade Epifania: Árvores que dão frutos e são sugadas por parasitas.
  • 14. Os laços de famíliaConto que dá nome à obra, trata da história de Catarina que depois de duas semanas de visita, levava a sua mãe para a estação, onde a senhora tomaria o trem e se despediria da filha. Elas estão no táxi. Catarina recorda-se do desconforto causado pela breve convivência entre a sua mãe e o seu marido. O genro e a sogra mal se suportavam. Durante a viagem dentro do táxi uma aura estranha se estabelecia entre as duas E Catarina meditava sobre a intimidade perdida entre mãe e filha. Na estação de trem, quando a campainha tocou, mãe e filha se olharam assustadas, chamando uma pela outra. Parecia que, todos aqueles anos, elas tinham se esquecido de dizer algo, como: 'sou tua mãe, Catarina. E ela deveria ter respondido: e eu sou tua filha". Mas não o disseram, fizeram-se recomendações. mandaram lembranças para os parentes, e o trem se foi. Agora, sem a mãe, Catarina recuperava o seu modo firme de andar. Caminhar sozinha era mais fácil, nada a impediria de subir mais um degrau misterioso nos seus dias. Chegando em casa sentiu-se incrivelmente feliz e disposta para cuidar
  • 16. 1) (FATEC) Com relação a Laços de família, de Clarice Lispector, é correto afirmar: a) A denúncia dos componentes repressivos da instituição familiar volta-se principalmente para a educação moralista recebida pelas mulheres, como se vê em Feliz aniversário. b) Em O crime do professor de matemática, o narrador ataca o poder de sedução dos professores, na defesa da valorização da moral familiar, alertando contra os perigos do mundo social. c) Em várias narrativas, a personagem feminina, vivenciando experiências cotidianas, tem revelações fundamentais para sua vida interior. d) a força da personagem feminina, em contos como Amor, consiste em transformar suas relações pessoais e familiares a partir de um ato de revolta. e) com personagens pouco habituais, como a galinha e a pigméia Pequena Flor, o narrador revela que não há valor na cultura primitiva, em comparação à vida das instituições modernas.
  • 17. 2) (UEL) A próxima questão refere-se ao texto a seguir. “Ainda estava sob a impressão da cena meio cômica entre sua mãe e seu marido, na hora da despedida. Durante as duas semanas da visita da velha, os dois mal se haviam suportado; os bons dias e as boas tardes soavam a cada momento com uma delicadeza cautelosa que a fazia querer rir. Mas eis que na hora da despedida, antes de entrarem no táxi, a mãe se transformara em sogra exemplar e o marido se tornara o bom genro. „Perdoe alguma palavra mal dita‟, dissera a velha senhora, e Catarina, com alguma alegria, vira Antônio não saber o que fazer das malas nas mãos, gaguejar — perturbado em ser o bom genro. „Se eu rio, eles pensam que estou louca‟, pensara Catarina franzindo as sobrancelhas. „Quem casa um filho perde um filho, quem casa uma filha ganha mais um‟, acrescentara a mãe [...].” (LISPECTOR, Clarice. Laços de Família. 12. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1982. p. 109-111.) É correto afirmar que o texto foi extraído: a) Do final do conto, que focaliza a visita de Severina, a velha, ao casal. b) Da parte intermediária do conto, pois a parte anterior privilegia as reflexões da velha, enquanto a parte seguinte, os pensamentos de Catarina. c) Do final do conto, após uma divisão de foco entre os pensamentos de Antônio, o marido, e de sua esposa Catarina. d) Do início do conto, e, após esta passagem, o foco continua voltado para mãe e filha até se deslocar para os pensamentos do marido sobre esposa e filho. e) Do início do conto, pois, após esta passagem, o foco se volta para os pensamentos de Catarina sobre a mãe, o filho e o marido.
  • 18. 3) (FUVEST) A respeito de Clarice Lispector, nos contos de Laços de Família, seria correto afirmar que: a) Para freqüentemente de acontecimentos surpreendentes para banalizá-los. b) Elabora o cotidiano em busca de seu significado oculto. c) É altamente intimista, vasculhando o âmago das personagens com rara argúcia. d) É regionalista hermética. e) Opera na área da memória, da auto-análise e do devaneio.
  • 19. 1) C 2) D 3) C Gabarito: