Este documento discute o relativismo moral e o subjectivismo moral. Apresenta as duas formas básicas de subjectivismo - subjectivismo moral e relativismo ético cultural - e explica os seus pressupostos. Discute também argumentos a favor e contra estas posições, assim como a teoria dos mandamentos divinos.
Série: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo Dia
Relativismo e Subjetivismo Moral
1. TRABALHO DE FILOSOFIA
RELATIVISMO E SUBJECTIVISMO
MORAL
TRABALHO REALIZADO POR:
INÊS OLIVEIRA Nº 18
JOÃO SOUSA Nº 19
JORGE LOPES Nº 22
10ºN
ESCOLA SECUNDÁRIA ALVES MARTINS (2009/2010)
2. Subjectivismo Moral
As duas formas básicas de subjectivismo moral:
Subjectivismo moral;
Relativismo ético cultural.
Subjectivismo moral:
Não há verdades ou princípios morais absolutos
e universais;
A verdade dos juízos é relativa às
opiniões, sentimentos e preferências de cada
indivíduo.
3. Relativismo Ético Cultural
Não há verdades ou princípios morais
absolutos e universais;
A verdade dos juízos é relativa às crenças que
os membros de uma cultura partilham.
4. Argumentos a favor do
subjectivismo moral
O subjectivismo moral parece promover a
tolerância:
Os subjectivistas morais alegam que os
indivíduos devem ser tratados com
tolerância. O subjectivismo ético afirma que
todas as opiniões devem ser consideradas
igualmente boas. A tolerância parece ser um
elemento central do subjectivismo moral.
5. Argumentos a favor do
subjectivismo moral (cont.)
O subjectivismo ético parece respeitar a
liberdade e a autonomia das pessoas:
O subjectivista não admite que alguém tenha o
direito de julgar no lugar dos outros o que é certo
e errado.
Cada um de nós é capaz de distinguir o certo do
errado conforme as normas de cada um.
Ninguém é melhor que os outros em assuntos
morais, não devemos julgar os outros, cada um
deve ter a liberdade e a autonomia para decidir o
que é moralmente correcto ou incorrecto.
6. Argumentos contra o
subjectivismo moral
O subjectivismo moral é contraditório ou
auto-refutante:
O subjectivismo moral nega que haja
verdades objectivas e absolutas em ética.
Nenhum princípio ético é verdadeiro para
todos.
7. Argumentos contra o
subjectivismo moral (cont.)
Crenças opostas acerca de uma questão
podem ser erradas (ou podem nem todas ser
verdadeiras):
Se dois indivíduos não estão de acordo, têm
ambos razão.
Se as duas opiniões se negam uma à
outra, então não podem ser ambas
verdadeiras.
8. Exemplos de contradição
1º exemplo: RACISMO
Dois indivíduos discutem o racismo. Um diz
que o racismo é correcto enquanto o outro
diz que não.
2º exemplo: ABORTO ou IVG
Um grupo de pessoas acha o IVG como sendo
correcto. Outro grupo acha que é errado.
9. Exemplos de contradição
(cont.)
3º exemplo: PENA DE MORTE
Dois grupos de indivíduos intelectuais
discutem a pena de morte. Um grupo diz que
a pena de morte é muito favorável para
aqueles criminosos que cometem crimes
bastante graves enquanto um outro grupo diz
que a pena de morte é considerado um crime
de humanidade fazendo matar criminosos
sem piedade.
10. Relativismo moral cultural
Tal como o subjectivismo moral, o relativismo
moral cultural baseia-se no facto de não
haver acordo sobre as questões morais para
concluir que não há verdades morais
objectivas, aceites por todas as sociedades e
culturas, assim como defende que os juízos
morais tem valor de verdade, isto é, podem
ser verdadeiros ou falsos.
11. Relativismo moral cultural
(cont.)
O relativismo moral cultural é a teoria segundo a
qual o valor de verdade dos juízos morais é
sempre relativo ao que cada sociedade acredita
ser verdadeiro ou falso.
Para o relativismo moral cultural devemos julgar
as acções dos membros de uma sociedade pelas
normas morais estabelecidas no interior dessa
sociedade e não mediante as crenças morais de
outras sociedades. Cumprir essas normas é agir
bem, não as respeitar é agir imoralmente.
12. O argumento central do
Relativismo Moral Cultural
O argumento central do Relativismo Moral
Cultural pode ser formulado do seguinte modo:
1ª premissa: O que é considerado moramente
correcto ou incorrecto varia de sociedade para
sociedade.
2ª premissa: O que é moralmente correcto ou
incorrecto depende do que cada sociedade
acredita ser moralmente correcto ou incorrecto.
Conclusão: Logo, não há juízos morais objectivos
(aceites independentemente do contexto
cultural).
13. Exemplos de premissas do
Relativismo Moral Cultural
1º exemplo: A diversidade de crenças e práticas morais é
um facto que já foi por nós suficientemente ilustrado. Esta
premissa diz simplesmente que as pessoas discordam
acerca do que é certo ou errado.
2º exemplo: Afirma que o certo e o errado em termos
morais depende da aprovação cultural. Se uma dada
sociedade aceita como «válidos» ou correctos
determinados princípios e normas morais, então esses
princípios e normas serão correctos para os membros dessa
cultura. Se não aceita tais princípios e normas estes serão
incorrectos para os membros dessa sociedade, pelo menos
para a maioria. É a aprovação social e cultural que
determina que juízos morais são correctos ou não. O que
uma sociedade acredita ser correcto ou incorrecto constitui
o critério último do que é moralmente certo ou errado.
14. Exemplos de premissas do
R.M.C. (cont.)
Conclusão: Destas duas premissas parece
seguir-se a conclusão de que não há verdades
morais objectivas. Em assuntos morais cada
sociedade tem a sua verdade.
15. Outras objecções ao
Relativismo Moral Cultural
O relativismo moral é auto-refutante.
O Relativismo Moral Cultural afirma que não
há verdades morais objectivas, ou seja, que
todas as verdades morais são relativas. O
relativismo refuta-se a si próprio. É a teoria
segundo a qual tudo é relativo excepto o
próprio relativismo.
16. Outras objecções ao R.M.C.
(cont.)
O relativismo moral torna incompreensível o progresso
moral.
É verdade ou pelo menos parece que não há acordo entre
os seres humanos sobre muitas questões morais mas
também é verdade que a humanidade tem realizado
progressos no plano moral. Falar do progresso moral
parece implicar que haja um padrão objectivo com o qual
confrontamos as nossas acções. Se esse padrão objectivo
não existir, não temos fundamento para dizer que em
termos morais estamos melhor agora do que antes. Se para
o R.M.C. nenhuma sociedade esteve ou está errada nas
suas crenças e práticas morais, então torna-se difícil
compreender a ideia do progresso moral.
17. Outras objecções ao R.M.C.
(cont.)
O Relativismo Moral Cultural reduz a verdade ao que a
maioria julga ser verdadeiro.
Quase nenhuma sociedade é culturalmente homogénea.
Actualmente, a maioria das sociedades é multicultural. No
interior de uma cultura existe subculturas. Podem-se
questionar e debater sobre posições que a nossa sociedade
defende sobre temas tabu (por exemplo). Assim
sendo, temos de concluir que, quando falamos do código
moral ou das crenças morais de uma sociedade, estamos a
falar das crenças da maioria dos seus membros. De acordo
com a R.M.C., é moralmente correcto o que é aprovado
pela sociedade e isso dá a ideia de que então é moralmente
correcto o que a maioria considera moralmente correcto.
18. Outras objecções ao R.M.C.
(cont.)
Partindo do facto de que há discórdia entre as várias sociedades
acerca do que é moralmente certo ou errado, o R.M.C. acaba por
tornar impossível um real debate moral entre sociedades ou
entre membros de sociedades diferentes.
Imagina-se, que na sociedade A, é prática moralmente aceitável
que as crianças brinquem com pássaros até os matarem. A
cultura da sociedade a que pertence condena essa prática
considerando-a cruel. Para o relativista não podemos dizer que
os membros da sociedade A estão errados, ou seja, que a acção
das crianças é errada em si mesma. É errada segundo os nossos
padrões, mas não é errada segundo os seus padrões. Se
considerarmos que o relativismo moral é correcto, ninguém pode
provar que a sociedade tem razão numa disputa moral. Não
podemos dizer que uma delas está objectivamente errada e a
outra certa.
19. Argumentos a favor do
Relativismo Moral Cultural
O R.M.C. parece favorecer a tolerância entre
sociedades e grupos.
20. R.M.C., tolerância e diálogo
entre culturas
Durante muitos séculos, a maioria das
sociedades humanas viveram isolada uma das
outras, desconhecendo-se. Informações de
terras distantes eram escassas. Em tais
condições, parecia razoável pensar que as
crenças e as práticas morais da nossa cultura
eram a forma correcta de pensar e de agir. Hoje
em dia, na época da comunicação global, não é
razoável pensar que as nossas crenças e práticas
são as únicas práticas culturais correctas.
Significa isto que temos de ser relativistas?
21. R.M.C., tolerância e diálogo
entre culturas (cont.)
Uma das principais razões da popularidade
do R.M.C. é a ideia de que promove a
tolerância e o respeito pela diversidade
cultural.
O relativismo moral nega que haja princípios
morais universais, que haja padrões de
avaliação moral
transculturais, independentes e aplicáveis ao
juízo moral que faríamos sobre as diversas
práticas culturais.
22. R.M.C., tolerância e diálogo
entre culturas (cont.)
Para o R.M.C. os juízos morais sobre a correcção moral das
acções não são independentes do contexto cultural. Julgamos
sempre a partir do que é socialmente aprovado na cultura a que
pertencemos. O modo como olhamos para as crenças e práticas
de outras culturas é habitualmente condicionado pelo nosso
modo de ver. Ora, devemos evitar a falsa e intolerante convicção
de que o nosso modo de ver é a única forma de ver.
A tese da tolerância que o relativismo diz promover é geralmente
assim defendida:
Premissa – As diversas culturas tem concepções diferentes sobre
o que é moralmente bom ou mau.
Premissa – Se diferentes sociedades tem crenças morais
diversas, não há verdades morais objectivas e universais.
Conclusão – Logo, devemos adoptar uma atitude de tolerância
face às crenças morais de outras culturas (devemos aceitar o que
é aceite em outras sociedades).
23. R.M.C., tolerância e diálogo
entre culturas (cont.)
Para o R.M.C. cada cultura tem a sua própria
perspectiva sobre o que é moralmente certo
ou errado. Nenhuma cultura é autoridade
incontestável em assuntos morais. A
tolerância significa, para o relativista, que
temos de aceitar o que os membros de outras
culturas pensam e fazem sem tentar corrigi-
los.
24. Objecções ao R.M.C., tolerância
e diálogo entre culturas
O relativismo moral pode promover a
intolerância.
O R.M.C. afirma que aquilo que uma sociedade
pensa ser moralmente correcto é moralmente
correcto para ela. Se moralmente correcto é
igual a cultural e socialmente aprovado, então
essa atitude intolerante é moralmente correcta.
Assim, apesar de pretender promover o diálogo
entre culturas, o R.M.C. pode promover o
conflito e a agressão.
25. A teoria dos mandamentos
divinos
Para a teoria dos mandamentos divinos as
verdades morais são estabelecidas por Deus.
Assim, um acto é errado porque Deus disse
que era errado. É por Deus o proibir que é
errado. É esta a resposta desta teoria à
questão: uma acção é boa porque Deus a
aprova ou Deus aprova-o porque ela é boa?
Deus é a fonte da verdade moral. Nenhum
critério moral é independente da sua
vontade.
26. A teoria dos mandamentos
divinos (cont.)
A teoria dos mandamentos divinos é considerada como
sendo uma teoria convencional.
Para os defensores da T.M.D., se Deus não existisse, nada
seria moralmente certo ou errado. Como a vontade de Deus
é absoluta as normas morais que ela institui são
absolutas, isto é, valem para qualquer ser humano em
qualquer época e em qualquer lugar, não admitem
excepções. Por outras palavras, se Deus existe, há um
código moral absoluto que são as leis ou mandamentos de
Deus que se constituem como sendo o critério fundamental
que nos permite avaliar as diversas crenças e práticas
humanas.
Segundo a T.M.D., há respostas correctas e
incorrectas, verdadeiras e falsas às questões morais. Só há
um código moral verdadeiro: a lei divina.
27. Objecções à Teoria dos
Mandamentos Divinos
Nem todos acreditamos que Deus existe.
Para os defensores da T.M.D., as verdades
morais resultam da vontade de Deus. As noções
de bem e de mal têm origem divina. Esta crença
depende de uma crença básica e fundamental: a
existência de Deus. Quem não acredita que Deus
existe não tem de aceitar a teoria de que a moral
depende da religião. Os ateus (aqueles que
acreditam que Deus não existe) e os agnósticos
(os que suspendem o juízo sobre a questão de
saber se Deus existe ou não) não aceitam a teoria
dos mandamentos divinos.
28. Objecções à Teoria dos
Mandamentos Divinos (cont.)
Mesmo os que acreditam na existência de Deus discordam
quanto ao que Deus permite e proíbe.
Admitindo que é Deus que tem o poder de estipular o que é
certo e errado, fica contudo um problema por resolver:
como saber que Deus definiu como certo e errado, onde
encontrar orientação moral? A resposta do crente será a de
que Deus revelou a sua vontade nas escrituras sagradas.
Assim, os cristãos podem consultar a Bíblia e os
muçulmanos consultar o Corão. Contudo, nem todos os
cristãos concordam sobre o que é a vontade de Deus em
questões morais. Acresce que os livros sagrados das várias
religiões transmitem ideias muito diferentes sobre
questões como o uso legítimo da violência, o tratamento
adequado dos animais, etc.
29. Valores e princípios comuns
a todas as sociedades
Apesar da diversidade cultural, vários
filósofos contemporâneos defendem que há
valores e princípios universais e que essa
universalidade é necessária.
De acordo com um filósofo norte-
americano, é afirmado que há pelo menos
tres princípios morais que são universais:
1) Devemos proteger as crianças;
2) Mentir é errado;
3) O assassínio é errado.
30. Valores e princípios comuns
a todas as sociedades(cont.)
O comportamento dessas normas é considerada
essencial para assegurar a sobrevivência de uma
sociedade ou a saúde do corpo social e só em
circunstâncias extraordinárias é admissível violá-las.
Outra forma de defender que há verdades morais
objectivas consistiria em dizer que tal como há
verdades lógicas evidentes por si mesmas, também
há verdades morais desse tipo.
Uma verdade lógica auto-evidente é por exemplo
esta: «Cada coisa é idêntica a si mesma». Esta
verdade fornece a sua própria evidencia sem
necessidade de mais justificações.
31. Valores e princípios comuns
a todas as sociedades(cont.)
Há verdades morais que também parecem gostar
desse estatuto. Eis duas delas: «Pessoas iguais
devem ser tratadas igualmente» e «O sofrimento
desnecessário é errado».
A primeira norma diz que quando pessoas iguais são
desigualmente tratadas se comete um erro moral.
Para quem sabe o que são a igualdade e a
moralidade, esta verdade é evidente por si, ou
seja, dispensa que se adicionem justificações.
Estes dois princípios morais – o princípio da justiça e
o da misericórdia – parecem ser auto-evidentes e
qualquer comportamento e teoria ética deve ser
compatível com eles.