O documento apresenta uma entrevista com o vocalista e guitarrista Biff da banda punk Sick on the Bus. Na entrevista, Biff fala sobre as influências e estilo musical da banda, além de descrever suas noites de bebedeira excessiva envolvendo álcool e outras drogas.
1. Ano 2 nº 08 MÚSICA .FILME .HQ .SHOW João Pessoa, maio 2012
Distribuição gratuita
Das profundezas da cena obscura do punk no Reino Unido, Sick On The Bus vem
subindo como uma Phoenix de chama suja - bem, talvez mais como um abutre - para
deixar sua marca sobre o estado atual das coisas musicais. No espírito de grandes
bandas como Motorhead, The Damned e Anti-Nowhere League no inicio de suas car-
reiras, SOTB realmente não se importa sobre as tendências e o que as massas pensam
- eles fazem o que querem e fazem isso com autoridade. É essa autoridade que coloca
SOTB sobre a maioria das bandas de punk rock e rock’n’roll. É evidente em seus
últimos lançamentos “Set Fire to Someone in Authority” e o CD duplo “Punk Police/
Suck On Sick On The Bus” pela Go-Kart Records nos EUA. Tive o prazer de conver-
sar com o vocalista/guitarrista Biff que também divide seu tempo como um membro
da clássica banda anarco-punk The Varukers. Biff teve a gentileza de levar o seu tem-
po entre ressacas para responder algumas perguntas e agradeço-lhe por isso. Entre
vista por George Steele e cedida gentilmente pelo próprio Biff ao Jornal Microfonia.
GEORGE: É difícil dividir seu tempo entre duas então eu começo com as vodkas. A maioria das bebe- sons em fita, ou você simplesmente improvisa e toca
bandas? Especialmente duas bandas que possuem deiras ocorre no jardim do meu pub favorito com meus da mesma forma que faria ao vivo?
compromissos e fazem turnês extensas pela Europa companheiros. Nós geralmente fumamos maconha en- BIFF: Nós não gastamos muito tempo no estúdio com
Estados Unidos... quanto estamos bêbado e umas 7 da noite tem um cara nosso som. Se a banda soa bem, eu nem sequer preciso
BIFF: Não mesmo, às vezes o choque entre shows existe, que chega com pílulas ou 2 (ecstasy), às vezes speed ou ouvir a minha guitarra. Se não está ruim não tem razão
mas nós resolvemos isso fazendo o show para quem tem um pouco de coca, depende do que está disponível. Nós para mexer e isso vale para os outros também. Gravamos
a primeira data, a menos que uma turnê tenha inicio e deixamos o bar por volta da meia-noite e vamos para um ao vivo - guitarras, baixo e bateria juntos, apenas o vocal
não há apenas um show em que as datas batem, então clube de merda para mais vodka até 2 da manhã. Geral- guia é regravado.
resolvemos isso brigando. mente é no apartamento de alguém onde eles têm algo
para beber e cheirar, transar, etc. eu realmente gosto de GEORGE: Quando o SOTB vem para a America
GEORGE: Suas letras lidam com questões pessoais absinto quando posso obtê-lo - Eu sempre trago alguns em turnê? Existe alguma possibilidade de vocês em
ao invés dos habituais sócio-políticos que a maioria de quando volto da CZ (República Tcheca), mas não duram turnê com os Varukers? Você seria capaz de lidar
nós ouvintes estamos acostumados a ouvir de bandas muito tempo. com isso?
punk do Reino Unido. E você parece não ter respeito BIFF: Queremos estar lá amanhã. O conflito existe - nós
por aquilo que é politicamente correto. Vocês obtem GEORGE: Lendo o release da banda, vocês parecem realmente não podemos esperar por isso, vamos estar lá
algum feedback negativo a partir de outros punks por ter chegado perto de destruir alguns dos lugares em o mais rápido possível. Eu posso lidar com o fato de
causa disso? que já tocaram na Inglaterra. Qual foi o show mais tocar com os Varukers e SOTB no mesmo show, mas eu
BIFF: eu fico doente de pensar e ouvir falar de política perigoso que você fez? preferia me concentrar em uma ou outra banda, quando
e muito menos cantar sobre isso, e além disso - o que BIFF: O show mais perigoso que já fizemos foi em Praga estamos em turnê (mas é bom ser pago duas vezes em
diabos eu sei sobre políticas sociais, corporações mul- quando algum babaca jogou uma garrafa no meu rosto, uma noite).
tinacionais e o que se passa por trás de portas fechadas? quebrou dois dos meus dentes e cortou o meu lábio, o
O que eu sei sobre a vida é que se minha vida não é o que existiu de perigoso nesse show era que eu poderia ter GEORGE: E, finalmente, de onde vem o nome Sick
PC, então tenho que pedir desculpas por isso, e não te- colocado minhas mãos neles antes de fugirem. On The Bus?
mos qualquer feedback por causa disso? Bem, eu já fui BIFF: Enquanto eu estava trabalhando em um canteiro
chamado de racista e sexista, o que apenas mostra que
nunca tiveram tempo para realmente me conhecer, por
Eu não gosto de death de obras, o filho de meu patrão estava começando uma
banda. Então seu pai (Tony Write) disse-lhe para chamar
isso eles deviam calar a boca!
metal porque finge a banda de doentes no ônibus porque ele disse que “todo
mundo ficou doente em um ônibus em algum ponto
GEORGE: Quando eu escuto SOTB, eu definitiva-
mente ouço influências que vão do Motorhead ao que é punk. em sua vida.” Mas seu filho odiava o nome. Então eu
perguntei se poderia usá-lo porque eu e Brian estavam
Damned ao Anti- Nowhere League. Que outras ban- começando uma banda, mas a gente não tinha um nome,
das são grandes influências em sua composição? GEORGE: Qual o lugar favorito? então SOTB nasceu em uma cantina local de construção.
BIFF: Além das bandas que você mencionou, provavel- Todo lugar tem algo legal, na Europa tem uma ótima
mente, o UK Subs, GBH e apenas outras bandas punk cerveja e podemos beber a noite toda, America tem uma
rock ‘n’ roll - Iggy Pop, esse tipo de merda. Eu e Brian ótima coca e bares legais, na Inglaterra a gente pode tocar
SICK ON THE BUS -
ouvimos bandas de rock antigas e outras coisas. Nós até e ir pra casa, se o show foi uma merda o melhor é poder
SUCK ON SICK ON THE
já pegamos coisas do Deep Purple. dormir na própria cama, no Japão as festas são ótimas
BUS FUCK HEADS (UK)
após cada show, e cada lugar tem pessoas legais e garotas
GEORGE: Apesar de SOTB definitivamente ter mui- bonitas.
ta influência do punk rock do final dos anos 70 e início
dos anos 80, você ainda o mantem renovado e energé- GEORGE: Alex e Simon da banda punk NYC O telefone toca. Do outro lado uma voz diz: você já
tico. Qual a sua opinião a respeito de bandas atuais e Thought Crime estavam com você recentemente para ouviu uma banda chamada Sick on the Bus? De pronto
tendências musicais? Existe alguém lá fora, seja punk alguns shows do festival punk em Inglaterra - eles me respondo: não! SOTB é a banda do Biff, guitarrista
rock ou não, que você gosta de ouvir nos dias de hoje? disseram que você estava fazendo vodka “tiros nos que também toca no Varukers. A sonoridade não sai da
E que tipo de coisas que você realmente não gosta? olhos!” O que é e por que você faria isso? zona de conforto e com isso nos brinda com o mais
BIFF: Nós originalmente começamos o SOTB porque BIFF: Eu não aconselho isso porque pode lhe deixar puro punk rock/hardcore. SOTB é a quarta geração
ninguém estava tocando a música que queríamos ouvir. cego, eu só faço isso quando estou muito bêbado, a idéia que permanece firme e forte em não crer no sistema
Para mim não há muita coisa nova que eu gosto – The é que seus olhos são muito vascular e é uma maneira rá- governante, constatação explicitada na letra de I Don’t
Restarts, Lunachicks são boas bandas. Zero Tolerance, pida para chegar ao cérebro. Believe – I don’t believe in the church, I don’t believe
Thug Murder - há um monte de boas bandas japonesas. in the schools I don’t believe in policemen, I don’t be-
Eu não gosto de death metal porque finge que é punk. GEORGE: O seu consumo excessivo danificou suas lieve in the rules; embora essa seja uma das exceções,
cordas vocais em tudo? Ou será que ele realmente foi já que Biff prefere um tom mais introspectivo quando
GEORGE: Conhecendo você, eu podia dizer, que benéfico – de uma forma meio Motorhead / gargare- canta, pois descreve com propriedade suas bebedeiras,
nesse momento, ou você está bebendo ou se curando jo-com-vidro e lâminas de barbear? aventuras estradeiras e sexuais. Destaque para Kill
uma ressaca. Descreva uma típica noite de bebedeira BIFF: Eu acho que pode ter sido benéfico. No estúdio, Yourself (Cego pela hipocresia/Sua mente é um livro
- o que e quanto você bebe e se há outras substâncias meus vocais normalmente baixam. Quando comecei eu fechado), You Make me Sick (Desde que você chegou
envolvidas? tinha de gritar rouco. ando fora de controle) e Ugly (pena que você não é bo-
BIFF: Bem, eu normalmente começo a beber por volta nita/julgamos o livro pela capa/aparência não é tudo).
de 1 ou 2 horas da tarde (porque os bares fecham mais GEORGE: Suas gravações estão soando muito vivo Quem tiver bala no bolso pode assisti-los no Rebelion
cedo por aqui) eu bebo uns litros de Stella até ficar cheio muito na cara, o que soa apropriado para o que você Festival em Blackpool. A.S.
faz. Você gasta muito tempo no estúdio tentando obter http://www.myspace.com/sickbus
2. 2 MICROFONIA
Zumbilandia EDITORIAL
Nos nossos tempos velozes e furiosos nin-
guém quer pesquisar mais nada, ninguém
quer mastigar, todo mundo quer engolir
sem fazer esforço algum, afinal, o mundo
internético está aí para nos servir... Ser-
vir de que? Pra que? Ah! Para muitas coi-
sas: redes sociais, twitter, linkdlen... Os
irmãos Borges nos anos 70 diziam: se eu
morrer não chore não/É só a lua... Hoje
você será apenas um número a menos no
facebook. A vida se resumiu a números?
Quem me garante que as três mil pessoas
que leem o jornal Microfonia no papel irão
ler no mundo virtual? Será que um núme-
ro maior irá nos dar o retorno do nosso
trabalho de formiguinha? A internet não
tem sangue... Ainda... Quem sabe num
futuro próximo o sangue jorre na nossa
cara assim que ligarmos o monitor e aí?
TODO MUNDO QUASE MORTO (Shaun of the Conseguiremos transpor tudo? É só uma
Dead) – Direção: Edgar Wright, 2004 ferramenta para incrementar o mundo
Shaun acorda feito um zumbi, anda que nem um fantástico de Bob, poucos se dispõem se-
riamente a usar o que a rede tem para ofe-
zumbi, age como se fosse um zumbi, mas não recer de produtivo. É como o avião... Usá-
é um zumbi. Lá fora o cenário não muda tanto, lo para carregar a bomba virou história,
quase todo mundo se comporta como desprovido para transportar pessoas também, resta
saber qual escolheremos para habitar
de cérebro fosse: no supermercado, na fila do ôni- a nossa memória genética. Será preciso
bus e até mesmo o mendigo da esquina. Londres repetir a história? O Microfonia é um
parece estar completamente fora de controle. O aprendizado, se assim, o querido leitor
personagem interpretado por Simon Pegg (que queira tomar, pois somos todos livres pra
escolhermos. O Sick on the Bus enfia o pé
trabalhou em Hot Fuzz do mesmo diretor) só na jaca, Márcio Sno se preocupa com uma
dá conta do que está acontecendo quando uma história a ser contada. Paul MaCartney
menina, já transformada em zumbi, aparece em prefere os palcos. Os grandes heróis da
Marvel estarão a postos para nos salvar? E
seu quintal. É quando ele e seu melhor amigo Ed
Desde que visualizou a capa do Nevermind do Nirvana quem irá dizer que não foi oferecida uma
(Nick Frost), completamente alheios à situação opção? Visível ou não, na sua mão ou com
nos anos 90 que Alexandre Manoel Ferreira imaginou: “A
que assolou a cidade, acham que a garota bebeu os dedos no teclado do computador, nada
capa é bonita, mas se fosse um zumbi no lugar do garoto, é melhor do que por os pés na areia da
demais. Humor digno de se comparar aos tam-
ficaria genial”. A idéia ficou martelando até o dia que ficou praia, que está bem ali e, no nosso caso,
bém ingleses do grupo Monty Python, a diferen- com um jornal nas mãos! Boa leitura!
sabendo que a revista Idéia Fixa (uma conceituada referên-
ça está apenas na quantidade de sangue na tela,
cia para ilustração e fotografia) lançou o tema My Song e
até porque Edgar e Simon assistiram todos os
junto com o seu conhecimento da ferramenta photoshop con-
filmes do George Romero. Como exemplo desse
cretizou a idéia, dando início ao que veria a ser sua primeira
humor tem uma cena em que Shaun e Ed, prestes
exposição individual em outubro do ano passado chamada
a serem atacados, ficam escolhendo quais vinis
“Zumbis Invadem Capas de Discos”. Para a exposição os
irão atirar nos devoradores de vísceras: “Prince -
trabalhos foram impressos em lona no formato 1,20 x 1,20
Sign O’ The Times? Não, jogue o Dire Straits!”.
– numa alusão ao formato tradicional das capas de CDs. A
Segundo o diretor Edgar Wright o grande lance
exposição foi realizada no Bar Kabul localizado próximo ao
do filme é a abordagem da ação e do terror em
cemitério da Consolação, em São Paulo que seguiu até o dia
um contexto suburbano e mundano, onde os lo-
das Bruxas (31 de outubro). Alexandre é formado em Artes
cais turísticos da cidade de Londres são coloca-
Plásticas, quadrinista, editor da revista Subversos, ilustrador,
dos de lado e o holocausto de zumbis se instala
professor de quadrinhos e colaborador do site Impulso HQ.
em Crouch End (nome usado por Stephen King
http://revistasubversos.blogspot.com.br
para um conto nos anos 80) e Barnet – ambos
http://desenhossoturnos.blogspot.com.br
bairros ao norte de Londres. O filme ainda tem
http://www.ideafixa.com
uma ótima trilha sonora, com músicas do Queen
www.impulsohq.com.br
– Don’t Stop me Now e You’re My Best Friend
tão bem escolhidas que parecem terem sido com-
postas para as respectivas cenas - Buzzcocks,
The Smiths e The Specials, com destaque para
a música White Lies cantada por Nick e Simon
bebaços, que foi o primeiro hit rap a falar sobre EXPEDIENTE
drogas. Nos extras do filme mostra como foram
feitos alguns efeitos especiais, além de entrevis- Editores Responsáveis:
Adriano Stevenson
tas e cenas cortadas. Recomenda-se assistir com Olga Costa(DRT – 60/85)
pipoca e crush! O.C.
Colaboradores:Josival Fonseca/Beto
L./Erivan Silva/Laví Kíssinger
Enquanto isso na redação... Editoração:Olga Costa
Ilustração:Josival Fonseca
Agradecimentos:Biff (Sick on the
Bus)
Contato/Anúncios:3512 2330
E-mail:jornalmicrofonia@gmail.com
Facebook.com/jornalmicrofonia
Twitter:@jmicrofonia
Tiragem:3.000 exemplares
3. MICROFONIA 3
Matou a Familia e Foi ao Cinema À Caminho do Inferno
Fanzineiros do Sé-
culo Passado Capí-
tulo 2: O fanzine
a serviço do rock,
os fanzineiros desse
século e os estímulos
para a produção
impressa. Docu-
mentário. Duração
1hora e 2 minutos,
São Paulo 2012
Não existe vida na internet. O que vemos lá não passa Alguém certa feita disse que todos depois dos 60 anos deveriam
de um simulacro inserido num mundo fantástico de morrer. Pois bem, se isso realmente acontecesse não teríamos
Bob. A realidade está lá fora! A história precisa ser presenciado um show de puro rock and roll na sua mais per-
contada e documentada. A vida como conhecíamos feita essência, pois, para esse gênero batizado pelo Alan Freed
antes incorporou elementos virtuais, fazendo-nos mais idade não foi, não é e nem nunca será documento. A prova é a
modernos a ponto de não sabermos mais escrever de On the Run Tour de Paul McCartney. Não por ele ser um ex-
próprio punho. Márcio Sno continua a sua saga na se- beatle e sim por trazer essa paixão pelo rock e pelo palco desde
sempre. Não é por estar a beirar os 70 anos que deveria sentar
gunda parte trazendo depoimentos de fanzineiros que
numa cadeira de balanço e observar seus netos brincarem, mes-
já tinham dado sua contribuição na primeira parte do
mo que tenha previsto algo semelhante quando compôs When
doc. e fanzineiros que mostram a cara pela primeira I’m Sixty-Four (Grandchildren on your knee – Netos no colo).
vez nesse, como é o caso de Henrique Magalhães Paul não desistiu da vida: se apaixonou, casou, divorciou, casou
(PB) e Rodrigo Okuyama (SP). Já Marcatti encontra de novo! Não desistiu da estrada por mais The Long and Wind-
a definição para a internet quando diz: “é a mesma ing Road que ela se apresentasse. Alguns do tipo da primeira
coisa que sexo, punheta resolve na hora, mas não tem frase que abre esse escrito podem dizer que isso é não aceitar
graça porque não existe alguma pessoa para compar- a idade. Não, isso é saber viver! E é por ter uma Live and Let
tilhar isso, para reagir”. Mesmo com o caos instalado, Die que o eterno Beatle nos emociona no palco pela atenção e
o que ressalta é que existem pessoas interessadas consideração com as pessoas que fazem com que tudo ao re-
em resgatar o que de melhor despertou-se em nós no dor, necessário para o grande espetáculo acontecer, não sejam
passado e traze-lo para o presente. O presente de um esquecidas. All You Need is Love pode soar cada vez mais pie-
futuro que se escreve colocando o do it yourself para gas no nosso mundo moderninho, mas é realmente o que mais
engrenar mais uma vez em favor de quem está à mar- precisamos e não conseguimos enxergar. Venus e Marte estavam
gem das grandes corporações. Há muito que se falar alinhados e tudo conspirou para que o autor de My Valentine
e contestar, esse documentário é o segundo passo que (do seu álbum mais recente Kisses on the Bottom) e Maybe
I’m Amazed estivesse inspirado e hipnotizasse a multidão que
saiu no formato de fanzine e tem os erros de grava-
lotou o estádio do Arruda na cidade de Recife: povo arretado!
ção que são uma diversão à parte - O avião! O.C.
El Mariachi
DRAKULA COMANDO FANTASMA CD (SP) Com músicas em inglês, português e instrumental o quarteto formado por D. Wlado (gui-
tarra/baixo/vocal), Lord Ottovon Urban(guitarra), Don Diego Buena Morte (guitarra/vocal) e Lobizomen(bateria). É essa formação que faz
essa bagaça tocar, destrinchando um som psychobilly rock com maestria, fazendo parecer que estamos numa festa com todos aqueles perso-
nagens de filme de terror que costumamos ler ou assistir. O CD é muito bem gravado, as músicas são tão pesada quanto as letras, como por
exemplo: Atado a uma maca/Medo de psiquiatra/Jogado numa cela forrada de borracha/Coma induzindo insulina a dor é uma desgra-
ça. Destaque para Gorila Perez, Bela Lugosi is Back, Hangman Blues, Medo de Psiquiatra onde o uso do teremim é bem encaixado – ô mu-
siquinha insana! – e Aloha Hawaii Dreams com participação de Walkyria Lunette, por sinal muito boa. B.L. www.myspace.com/drakulaband
RATOS DE PORÃO/LOOKING FOR AN ANSWER SPLIT CD (SP/ES) Há bandas que tem tudo pra se foderem e no final das contas são
as que seguram a onda. Ratos de Porão é uma delas e junto com a banda espanhola Looking for na Answer, se mostra mais em atividade do que
nunca. As três primeiras músicas, Exército de zumbis, Paradoxo da Soberba e Martelo dos Hereges são inéditas, depois vem Guerrear e Políti-
cos em Nome Do Povo que já foram registradas no álbum ao vivo e agora estão em versão de estúdio. O álbum tem uma pegada mais metal ,
tendo nas letras a temática que faz o Ratos ser o que é. O Looking for an Answers é grindcore carrego, musicas de velocidade, peso estrondoso
e vocal gutural, alguém pode dizer que é o mais do mesmo, mas não, nesse caso, o nível de gravação é excepcional fazendo a banda ter uma
característica ímpar. Legal também é que cada banda toca uma música da outra, O Ratos toca La Matanza e o LFAA arregaça com Paranóia
Nuclear que no finalzinho da um trecho de Aids Pop Repressão, fudido demais. Já temos a trilha sonora do caos. A.S.www.myspace.com/ratos
R I N O C E R O N T E – N A S C E U C D ( R S ) Banda criada há cinco anos em Santa Maria por três rapazes devotos do bom
e velho rock. Num CD gravado em apenas duas semanas, a banda mostra em dez faixas a que veio. O power trio formado por Pau-
lo Noronha (voz/guitarra), Vinicius Brum (baixo/voz) e Luiz Henrique (Alemão) na bateria, tem momentos stoner, hard rock
e garagem, num disco que deixa evidente o potencial rock, mas sem abandonar a pegada retrô. Com delirantes solos movidos a mui-
tos efeitos, batidas fortes de uma bateria típica de rock e um baixo nervoso embalam as letras que falam sobre vários momentos da vida de
qualquer mortal, com metáforas muito bem colocadas. Destaques para O Choque, Anda no Ar e Nasceu que dá título ao álbum e tem
um som não menos leve, com uma boa letra, fazendo rever os sons possíveis do novo rock. L.K. www.myspace.com/rinoceronterock
MUZZARELAS WE ROCK YOU CD (SP) Em se tratando de punk rock os caras desse quinteto formado por Alexandre Kiss (vocal), Stenio (gui-
tarra/vocal), Flávio (guitarra/backing vocals), ET (baixo) e Lirão (bateria) se saem muito bem. Depois de ter gravado o primeiro trabalho Jumentor
em 95 e Gorgonzzulah de 97 os caras não pararam mais. Lembrando que o primeiro trabalho foi produzido pelo João Gordo (Ratos de Porão). No
sétimo CD eles saem da sombra dos Ramones e estão mais autênticos, com músicas de pegadas rápidas, muito bem tocadas, botaram pra lascar! A
gravação está acima da média, o vocal continua o mesmo, agressivo e sujo, o que se torna uma característica do som. Já a cozinha botou pra fuder. As
letras são escrachadas e ao mesmo tempo divertidas. A arte interna do CD é em preto e branco, explorando o universo HQ e introduzindo os inte-
grantes da banda no contexto. As músicas lembram várias bandas clássicas. Destaque para Weird que lembra o Toy Dolls e 1991 que mesmo citan-
do Ramones remete ao Die Toten Hosen. Cantar em inglês no Brasil é como tocar música instrumental. B.L. www.myspace.com/osmuzzarelas
EVIL IDOLS - CAN’T REMENBER AT ALL CD (PR) Rock pauleira, rock estragado, rock do cabrunhão... Com esses adjetivos adiciona-
se combustivel a um motor V8 e se tem Can’t Remenber at All da banda curitibana Evil Idols, lançado em parceria por três selos. Punk-gara-
gem-rock envenenado com distorção digna das bandas garageiras sessentistas com shows vigorosos regados com muita cerveja. Tocha-
(guitarra/vocais), Xandão (baixo), Lucas (bateria) e Sad (guitarra/vocais) pilotam esse combo desgraceira que existe desde 2000 e teve seu
primeiro trabalho lançado em 2005 chamado Don’t Mess With the Evil Idols. Antes só tinham lançado splits com as bandas Motosierra de
Montevideo (Uruguai) e Estudantes (RJ). Alguma música de destaque? Não! São doze músicas em vinte e três minutos todas com refrões que
te fazem cantar logo de cara. Ótimo para ouvir e dirigir... Se for beber... Vai ter que cuspir no bafômetro.A.S. www.myspace.com/evilidols
4. 4 MICROFONIA
Fahrenheit 451 Amor à Queima Roupa E o Vento Levou...
Editora: Panini-
Revista Periódica -
Os Fanzines
Contam uma Número de páginas: 52
História sobre Formato:Americano
Punks (17 x 26 cm)Colorido
Antônio Carlos Lombada com gram-
de Oliveira
posPreço de capa: R$
Editora
5,50
Achiamé, R$10.
O “Grandes Heróis Marvel” está de volta! Refiro-me
ao gibi com este título, com os heróis que há mais de
quarenta anos faz a alegria de nós leitores e colecio-
Passou desapercebido o trabalho de Antônio Car-
nadores desse Brasil. Quem lia quadrinhos nos ano 80
los de Oliveira com o livro Os Fanzines Contam
sabe o quanto esse gibi fez sucesso trazendo sempre
uma História sobre Punks. Os fanzines tiveram em suas páginas história fechadas (nº 35 – Arma-X),
seu destaque dentro do movimento punk, tanto inícios (nº 27–Guerras Secretas II) ou encerramen- BAD BRAINS-BAD BRAINS
que os primeiros fanzines sobre punks não foram tos (nº 01–A Morte de Warlock que já vinha do gibi 1982 ROIR RECORDS
publicado em 1982 e sim em 1981, entre eles o Heróis da TV) de sagas.Algumas traziam mix com
Factor zero, de São Paulo e o Exterminação de várias histórias curtas, sempre em formatinho, Uma vez o cantor Jeff Buckley já cansado de ter
São Bernardo do Campo, que era confeccionado com papel jornal no miolo e papel couchê na capa. sua música comparada a do seu pai Tim Buckley,
por Wlade da banda Ulster. Os fanzines eram o A Editora Abril foi responsável em lançar esse título bi- disse o seguinte: “Jamais minha música soará
fio condutor de informações que não apareciam mestral nas bancas a partir de Setembro de 1983. Ape- como a do meu pai, pelo simples fato dele não
na grande mídia. Desde o Sniffing Glue até os nas a edição 2 teve um formato maior com uma história ter tido Bad Brains em sua vida”. O Bad Brains
tempos internéticos os mesmos continuam a de Natal com o Homem-Aranha e outros personagens. começou em 1977, gravou o primeiro álbum em
trilhar seu caminho (vide o documentário “Fanzi- Após encerramento desta série, outras duas vieram em 1978, mas só o lançou em 1996 (já conheço esse
neiros do Século Passado I e II” de Marcio Sno). seguida. Uma mensal também em formatinho e arcos filme e eu sei bem o que é isso!). Em 1982 eles
Antônio Carlos não só pesquisou como também de histórias fechadas; A outra foi mais luxuosa em lançaram o álbum amarelo do Bad Brains pela
participou da então chamada fase caverna, em formato americano, lombada quadrada, 160 páginas
ROIR Records, virou clássico instantâneo. Eles
em papel LWC e capa plastificada, com mix de perso-
outras palavras, o cara estava in loco acom- são para o Hardcore o que o Ramones é para o
nagens como Demolidor, Vingadores, Quarteto Fan-
panhando o que acontecia no movimento punk na punk rock: foram pioneiros e influenciaram – e
tástico, Hulk e outros. Fez parte do conjunto de cinco
década de 80: assistiu o primeiro show do Cólera ainda influenciam - músicos de rap, pop, reggae
revistas denominada “Linha Premium” juntamente com
em 79, fala do suicídio de um integrante da banda Homem-Aranha, X-Men, Batman e Superman, ao preço e HC. Você pode até não gostar do Bad Brains,
Verminose (aquela do Kid Vinil) ateando fogo de R$ 9,90, na época, considerado um luxo mesmo. mas alguém da banda que você gosta tem esses
no próprio corpo, comenta sobre a imposição A listagem de todas estas séries da Editora Abril foi a quatro negros rastafáris como referencia, que por
da gravadora inglesa X-CNT, para lançar um seguinte:1ª série: set/1983 – dez/1999, com 66 edições; sinal ficavam putos quando eram apresentados
compacto da banda Olho Seco – a exigência do 2ª série: fev a jul/2000, com 6 edições; 3ª série: Pre- como uma banda de hardcore de negros: “Somos
proprietário era que eles cantassem em inglês - e mium, ago/2000 – dez/2001, com 17 edições. uma banda de hardcore, se somos negros, brancos
até do “sequestro-balada” no Rio de Janeiro do A atual fase, iniciada em agosto de 2011 corresponde ou azuis, foda-se!”. É fácil entender essa irritação,
integrante da banda Inocentes, Clemente , que a 4ª série, agora pela Editora Panini, traz histórias na primeira turnê na Inglaterra alguém gritou da
foi parar na casa do assaltante de banco,Ronald que se estendem por duas ou três edições com preço platéia: CRIOLO! Não deu outra, Dr. Know, então
Biggs. O livro traz a evolução dos fanzines, que justo e papel de boa qualidade. Essa revista é ideal guitarrista da banda, desceu do palco e baixou o
inicialmente tinha uma certa ingenuidade, pas- para quem está começando a ingressar nas HQs, cassete no inglês racista (bem feito!). Entre outros
sando depois a tratar de temas mais politiza- iniciando uma boa coleção e sem muitos prolonga- influenciados ilustres está o integrante do Beastie
dos dentro do movimento. O título do livro é mentos de histórias e com um mix bem variado de Boys, Adam Yauch (que faleceu em 04/05/2012
que deveria se chamar “Os fanzines contam personagens. A dica está dada, quer conhecer os su-
aos 47 anos) que dizia ser esse: “O melhor ál-
várias histórias sobre punks” e não uma. A.S. per-heróis Marvel, então comece pelos grandes.J.F.
bum de hardcore de todos os tempos”. Ele tinha
uma admiração tão grande pela banda que aca-
bou produzindo o álbum de 2007 - Build a Nation.
Tive a chance de assisti-los no Abril Pro Rock de
2008 e como guitarrista fiquei no gargarejo em
frente ao Dr. Know, não deu outra, quando ele
esqueceu o arpejo da musica Secret 77, olhei pra
ele e gritei: “Cadê?” Ele sorriu e levantou o pole-
gar. Naquela noite dormi igual a uma criança.A.S.