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MÚSICA .FILME .HQ .SHOWAno 3 nº 12 João Pessoa, janeiro 2013
Música e desenho... o que veio primeiro?
Desenho. Eu me envolvi com música porque sempre
gostei de escutar música. Minha mãe é pianista, e meu
padrasto é guitarrista da banda Shock, então, sempre
tive essa vibe de música em casa. Gosto mais de um
rock’n’roll, rockabilly... acabei montando uma banda
por pura ironia do destino, por conta dessa combinação
familiar, mas meu lance inicial foi o desenho. Comecei
a desenhar não pelo simples fato de desenhar, era uma
forma de me expressar.
Você é autodidata?
Comecei a fazer poucos cursos, mas nunca tomei gosto
por fazer cursos. Acabei me desenvolvendo sozinho.
Acho importante porque você acaba por desenvolver
um estilo próprio. Quando se está num curso, você aca-
ba indo para um estilo Marvel DC, mais Neal Adams...
acho que me desenvolvi muito mais sozinho do que em
qualquer curso.
Quando é que a música entra na sua história?
Fora esse lance em família (todo mundo lá em casa é
viciado na Rita Lee na época do Tutti Frutti) é um pon-
to em comum, todos gostam – nem sei dizer como foi
que isso aconteceu. Acabei associando os quadrinhos,
que é a minha paixão, com a música.
Se relacionam em algum momento ou você sempre
separa?
Relacionam-se porque eu acabei indo para uma verve
de um quadrinho que tem mais a ver com o Robert
Crumb, do pessoal que era do underground americano,
que fazia quadrinização de Jimi Hendrix. Eles tinham
esse envolvimento com a música, então, eu me identi-
fiquei com isso.
Como você vê o cenário de bandas e de quadrinhos
em João Pessoa? Se parecem ou são completamente
distintos?
Tem muita gente que reclama de João Pessoa, mas João
Pessoa tem a cena do tamanho que ela é! Não acho que
precise de mais, quem tem que se esforçar é o pessoal
que está trabalhando com isso... se você quer crescer,
vai depender do seu esforço, independente de qualquer
estímulo...
Por influência de qual publicação você começou a se
interessar por HQs?
Comecei a ler quadrinhos por causa do Maurício de
Sousa! Depois que passei para os quadrinhos america-
nos, depois é que fui conhecer Glauco, Angeli e Laerte.
Comecei a pegar edições antigas do Chiclete com Ba-
nana. A partir da MAD foi que comecei a me interes-
sar por quadrinhos de humor, que tirava onda com os
super-heróis. Hoje em dia, está politicamente correta
demais!
Qual a melhor fase dos HQs americanos para você?
Não sei se tem uma melhor fase... eu diria que tem
boas histórias, tipo quando Alan Moore escrevia...
quando eu comecei a conhecer Lourenço Mutarelli...
eu li um quadrinho chamado Estigma recentemente e
achei sensacional! Devo essa mudança a Manassés, da
ComicHouse, que me falou que, para fazer quadrinho,
você tem que ter bagagem cultural em relação às outras
mídias...
Will Eisner comenta sobre isso no documentário
Profissão Cartunista, exibido no Top Top recente-
mente, dizendo que “um cartunista tem que ter
noção de arquitetura, deve saber um pouco sobre
interação sociológica, um pouco de psicologia...”.
Em qual tipo de literatura você foi buscar esses e
outros conhecimentos?
Eu comecei a ler, não livros de arquitetura, mas fui
atrás de livros com os quais eu me identificava.
Comecei a ler Luiz Felipe Pondé, achei sensacional,
principalmente o ponto de vista que ele tem sobre mui-
tas coisas... tem o Fernando Pessoa, Chuck Palahniuk
(Clube da Luta e No Sufoco). Acabei adquirindo
repertório com coisas que não têm nada a ver com meu
estilo. Tem muita coisa que faço que só fala sobre rela-
cionamentos, corações partidos, a maioria das tirinhas
são sobre isso, mas é claro que enriquece quando se
lê mais.
Os quadrinhos musicados já lhe chamaram atenção
com outros autores?
Quando você vê um quadrinho do Lawrence Mutarelli
que é da trilogia do Diomedes (Dobro de Cinco/Rei
do Ponto/A Soma de Tudo), tem um momento que ele
musica: “a partir desse momento escute tal música”.
Se não me engano, é uma música do Bob Dylan. Não
só ele como outros quadrinistas fizeram isso, como
Chiquinha (Fabiane Bento Langona, cartunista gaú-
cha) também coloca: “leia esses quadrinhos ouvindo
“Eu te Darei o Céu”, com Roberto Carlos”.Já o Robert
Crumb tem o Blues... Acho isso massa!
Klaus Voorman e Dave McKean são músicos e de-
senhistas. Quais são as suas influências?
Vocês conhecem Mike Allred, que fez Red Rocket
Seven? Ele tem uma banda também! (The Gear). Eu
consumo muito esses quadrinhos ligados à música.
Você é um cartunista que sempre vai relacionar
suas HQs à música ou você pode fugir desse nicho?
Caramba! É o seguinte: eu posso fazer música baseada
nos meus quadrinhos, mas eu acho que os quadrinhos
são algo mais livre! Por exemplo, estou com um pro-
jeto novo que não tem nada a ver com música... É só
quadrinho! HQ vem em primeiro lugar pra mim, é a
forma que eu encontrei para me expressar. A banda
foi uma consequência, foi uma loucura na minha vida,
Distribuiçãogratuita
Com o lápis na mão e um hit na cabeça, Igor Tadeu arregaçou as mangas, quebrou o cofrinho e nos presenteou com o inusitado
One Hit Wonder (sem nenhum incentivo governamental), que ele foi lá e fez! Além disso, o cara ainda arranja tempo para cantar no
Sem Horas, banda de rock’n’roll pessoense. Confira a entrevista com o quadrinista que é músico. Ou músico que é quadrinista?
nunca tive pretensão de ter uma banda, mas acabei en-
trando numa!
Você é um quadrinista que é músico ou um músico
que faz quadrinhos?
Eu sou o quadrinista que tem uma banda! Nunca fui o
músico que faz quadrinhos... tem o cara do Matanza
(Marco Donida/guitarrista) que faz quadrinhos tam-
bém... Ele é um músico que faz quadrinhos! E tem um
traço muito bom!
Falamos de Will Eisner, Robert Crumb, Mike
Allred ... e Mike Deodato?
Na sétima série, eu peguei o telefone de Mike Deo-
dato para fazer uma entrevista com ele, foi a minha
realização na vida! Eu, ainda pirralho, consegui falar
com Deodato. Ele sempre foi para mim uma referência,
mas, depois de um tempo, eu parei de querer essa verve
do quadrinho Marvel e DC e fui seguindo mais uma
linha dos gêmeos Gabriel Bá e Fábio Moon.
Fale sobre One Hit Wonders.
Foi um exercício. Eu comecei a fazer quadrinhos e eu
nunca tive esse estalo pra começar a fazer... eu saí de
um relacionamento e vi que estava com muito tempo
livre e mantive uma regularidade depois disso. One Hit
Wonders foi um estudo, só fiz uma compilação do que
eu já estava colocando no meu blog. Eu mesmo gosto
mais do papel, não consumo nada virtualmente. Se es-
tiver no papel, dou mais valor.
Qual foi a tirinha que deu o pontapé no One Hit
Wonders?
Eu coloquei em ordem cronológica, a ordem não é de
mix tape, não funciona como mix tape porque eu acho
que começa com músicas muito tristes e depois tem
música mais pra cima.
Às vezes, parece que as músicas não têm relação
com as tirinhas...
Algumas estão meio distantes, mas não quer dizer que
não tenham relação, acho que é uma relação mais pes-
soal do que a música em si. Muitas das tirinhas são
meio autobiográficas... mas, na verdade, são ganchos
que peguei de coisas que vivenciei. Algumas vezes, eu
Igor Tadeu - One Hit Man
FotosOlgaCosta
MICROFONIA2
EXPEDIENTE
Editores Responsáveis:
Adriano Stevenson
Olga Costa(DRT – 60/85)
Colaboradores: Josival Fonseca /Beto L. /
Erivan Silva / André Cananéa/Joelson Nas-
cimento
Editoração:Olga Costa
Ilustração:Josival Fonseca
Revisão: Juliene Paiva Osias
E-mail:jornalmicrofonia@gmail.com
Facebook.com/jornalmicrofonia
Twitter:@jmicrofonia
Tiragem:4.000 exemplares
Todos os textos dos nossos colaboradores
são assinados e não necessariamente re-
fletem a opinião da redação.
sou julgado por isso, algumas pessoas acreditam que
estou vivendo aquilo, mas não tem nada a ver! Não
adianta querer me decifrar pela tirinha...
Hoje, olhando em retrospecto, você teria alguma
crítica com relação ao One Hit Wonder?
Tenho várias, em relação a todo trabalho que eu faço.
Depois que termino, acho uma merda!
Ainsatisfação faz você criar um elo com a criação...
Exato! Eu sou contra a felicidade, a felicidade não
produz nada. É o perrengue que faz que você se torne
criativo. Se tiver numa condição perfeita, o ser huma-
no deixa de ser criativo. Dr. House diz: “Eu só produ-
zo porque sou miserável”. Eu trabalho numa agência
de publicidade. O que eu queria realmente fazer era
ser quadrinista em tempo integral, mas o que acon-
tece... o que me deixa miserável é ter um trabalho pro-
letário, é o que me faz ter ideias para produzir meus
quadrinhos... Fico imaginando se irei conseguir pro-
duzir quadrinhos sendo quadrinista em tempo integral.
Depois de One Hit Wonder, o que podemos espe-
rar?
Além de outra compilação de One Hit Wonders, tem
a produção de um novo trabalho com histórias inédi-
tas, não é uma compilação, não vai ter nada publicado
na internet, e estou fazendo em parceria com Bianca
Rosolem, que é uma paulista. Ano que vem, a gente
lança.
Sem Horas, tem influências descarada do rock’ n’
roll e da Jovem Guarda. Roberto e Erasmo Car-
los já admitiram que faziam uso das histórias de
quadrinhos – por ser a literatura que eles mais con-
sumiam na época - para criar as letras das músicas
(no tempo da Jovem Guarda, elas tinham começo,
meio e um final com a moral da história). HQ tam-
bém o inspira na hora de compor?
Todos na banda compõem. Não sou o único a gostar
de HQ no Sem Horas. Guilherme, que é o compositor
mais efetivo, gosta de quadrinhos pra caramba! Sem
dúvida quadrinhos é uma referência mesmo, mas está
mais ligado mesmo à Jovem Guarda. A gente acaba
usando tudo o que a gente consome. Só eu e Gui-
lherme que temos essa vibe dos quadrinhos...
Qual a fase que você mais gosta do Roberto Car-
los? Jovem Guarda, Soul, Religiosa, Motel...
Apesar do lance da Jovem Guarda me influenciar
mais, gosto mais da fase soul/funk. Tem músicas
dessa fase que acabam indo pra fase religiosa como
Jesus Cristo, Todos Estão Surdos... Engraçado como
o pessoal do gospel não consegue fazer música boa,
né? Daí chega um cara como Roberto Carlos que faz,
chega Rita Lee com Eu Vou Me Salvar, uma música
gospel muito boa! Outra banda que faz músicas com
temática religiosa é o Pato Fu, que eu gosto muito!
Uma banda inventiva, acho que não dão muita im-
portância pela pegada pop...
Qual a influência mais atual na sua música?
Comecei a banda por conta da Backbeatband. Mas,
se fosse começar hoje, seria algo completamente
diferente. Inclusive, tenho composições que são bem
diferentes de tudo que o Sem Horas faz. Eu gosto pra
caramba de Tom Waits, Nick Cave e Renato Godard
(cantor e compositor)...
Qual o álbum, na sua opinião, que as pessoas deve-
riam escutar e ainda não o fizeram?
Ângela RoRo de 1979 é sensacional! Tenho ouvido
muito ultimamente...
Você está num projeto com o pessoal do Caronas
do Opala...
Fui convidado para esse projeto pelo Valter para to-
car apenas Roberto Carlos. Tocamos com o nome de
Caronas do Opala no primeiro show, mas ainda esta-
mos vendo como vai ficar, não tem nada certo ainda.
Sem Horas vai lançar material novo. Formação
nova também?
Só o baixista mudou, mas ele tem a mesma vibe da
gente, não mudou muita coisa, não.
O que a gente pode esperar desse trabalho novo?
A gente está mais profissional...
A fase de ouro passou...
Passou geral! A fase pretensiosa passou, vamos fazer
algo bacana...
EDITORIAL
“Mutley, faça alguma coisa!” – “Medalha!
Medalha! Medalha!” – conhecido bordão dos
cartunistas Joseph Hanna & William Barbera
– da famosa Hanna-Barbera criada em 1944.
Traduzindo: ok, eu faço, mas, eu quero um re-
conhecimento! Existem duas lojas de discos
em João Pessoa, um programa de rádio que
divulga o que acontece aqui, mesmo quando
as bandas e produtores envolvidos não movem
uma palha, além de um jornal impresso espe-
cializado em rock. Muitas reclamações e nenhu-
ma ação. E Noyzy se divertindo! Aqui falamos
de gente que faz (parece merchant de Peque-
nas Empresas e Grandes Negócios). Igor Ta-
deu faz One Hit Wonders sem ajuda alguma e
não choraminga pelo cantos. Em Santa Rita,
tem Anemone do Alan Pear. Chet Baker apa
nhou e se divertiu pra cacete! Em Aracaju, tem
Casca Grossa! Quer mais? Levante a bunda
da cadeira, esqueça o fakebook e vá passear!
Quase Famosos
Abanda teve um início prematuro em 2008, quando,
na intenção de compor músicas autorais e absorver
a rotina da cidade, numa ótica de humor e acidez,
alguns amigos que tentavam fazer algo “despreten-
sioso” e sujo enchem a cara e zombam dos dramas
existenciais expostos nas prateleiras. Poucos acordes
e palavras cuspidas em meio a um som que tenta ser
punk/pós punk mas que não consegue ser nada além
do que Harrison nos vocais, Leandro e Cleiton nas
guitarras, Igor e Gaby, respectivamente no baixo
e bateria, costumam ser e executar: música falha
e humana. O nome do grupo faz referência a uma
banda clássica e a um crime em que algoz e vítima
possuíam o mesmo sobrenome, e deixa em aberto
a possibilidade de que enquanto tantos escondem o
quanto se pode ser ruim, a gente te convida para um
novo entretenimento, no qual tentamos experimen-
tar e achar quantos acordes precisamos para sermos
sinceros.
MICROFONIA 3
ZUMBI DO ESPAÇO X GRINDERS CD SPLIT 2003 (SP) Um CD
muito legal, com duas bandas de audição obrigatória. A primeira é a Zumbi
do Espaço, que já tem um tempo de estrada, os caras Tor (vocal), Gargoyle
(baixo/vocal), Zumbilly (bateria) e Hank Alien (guitarra) fazem um som
muito influenciado por Misfits e tudo que o rock tem de bom a oferecer. As
músicas são irônicas e relatam todo o universo dos zumbis, até as versões
que eles fazem vale a pena . Os destaques são para todas as músicas e as
versões de Give it to Me (Stray Cats), Hybrid Moment (Misfits), I Walk
the Line (Johnny Cash), Glad to See You Go (Ramones) e Vem a Vingança
(Grinders). O Grinders dispensa comentários, pois faz parte daquela leva de
bandas punk que deu o pontapé ao movimento em todo país. O som é aquele
hardcore agressivo sem sair da pegada dos anos 80. A formação da banda
conta com Ronaldo Pobreza (vocal), Anderson Punkinho (guitarra), Cisco
(baixo), Renan (bateria) e Edgar (guitarra). Destaques para todas porque são
muito boas, incluindo as versões de Rocker (AC/DC), Bite the Hand That
Seed #2 (Agent Orange) e Guardada para Sempre (Zumbi do Espaço). B.L.
MATE OU MORRA CD-R EP MATE OU MORRA 2012 (PB) O que é
legal nos EPs é que, na maioria deles, o recado fica nítido, sem firulas. É o
caso do Mate ou Morra. Com apenas quatro músicas, já se tem uma ideia
da pedrada que vai vir. Com influências de metal e hardcore, André KBção
(voz), Fabrízio com Z (guitarra), Diego Miranda (bateria) e Felipe Ceara
(baixo) tocam do som mais cadenciado, pesado ao mais rápido. A gravação
está muito boa. Já as influências, vou deixar que vocês identifiquem. Mes-
mo entendendo tudo, as letras fazem falta. Destaques pra 06, 02 e 01. B.L.
CASCA GROSSA CD-R EXPLORAÇÃO 2010 (SE) Posso dizer que
o nome dessa banda tem tudo a ver com o som que ela faz: hardcore
simples, com músicas curtas e bem diretas, do jeito que o estilo pede. A
gravação muito boa com baixo, guitarra, bateria e vocal numa pancada
só! As letras trazem todos os temas que se encaixam direitinho no país
em que vivemos, que tem guerras, fome, exploração da fé, destruição
da natureza e corrupção (esse último não poderia faltar!). A banda tem
na sua formação Atílio (baixo), Miguel (bateria), Flávio (vocal) e Silvio
(guitarra). Todo material é bom, mas os destaques vão para: Co-
El Mariachi
Em geral, muitos leitores de quadrinhos começaram
com os super-heróis, principalmente se teve a fase
da adolescência nos anos 80 ou 90. Pra quem ini-
ciou e quer fugir um pouco sem ir muito longe, a
opção é a Dark (DC Comics/Panini), um gibi men-
sal que traz em seu mix cinco títulos de “Os Novos
52” da DC, lançados por aqui desde o ano passado.
As novas séries são: o carro-chefe é a Liga da
Justiça Dark, formado por John Constantine, Za-
tana, Deadman, Shade e Madame Xanadu, que vem
a enfrentar as ameaças místicas à Terra; Monstro
do Pântano é outro bom título, que recentemente
foi incorporado ao Universo DC – antes, o per-
sonagem pertencia à Vertigo; Homem-Animal,
que, um dia, foi também do selo Vertigo, retorna
com material inédito; Ressurreição traz as histórias
de um personagem que sempre morre e ressuscita
com novos poderes, envolto em tramas e misté-
rio; Eu, O Vampiro é uma releitura atual de um
material clássico da editora, que foi publicado
décadas atrás, agora com uma nova roupagem.
Muitos destes já são bem conhecidos dos leitores, o
que reforça na escolha deste título. Até o momento,
as HQs estão tão boas que, na minha opinião, fica
mércio da Fé, Cárceres do Caos, La Fuerza Del Pueblo (música
do Word’s Guerrilla - SE, o arranjo ficou do cacete!), Guerra Não,
Políticos Imundos, Anarquia, Força Punk e Casca Grossa. B.L.
N.T.E. (NEM TODOS ESQUECEM) EGOÍSMO CD-R (RN)
Se eu fosse contar as bandas boas que existem em Natal, faltari-
am dedos. N.T.E é um exemplo, que conta, na formação que gra-
vou esse CD, com Thiago Cesar (guitarra/backing vocal), Alex-
andre (bateria/voz) e Eduardo (baixo/backing vocal). O trio toca
aquele hardcore direto, sem frescuras, com gravação agressiva,
de boa qualidade e letras bem ácidas, o que não poderia ser dife-
rente, pois Alexandre sempre teve uma visão clara do que acon-
tece no cotidiano; algo que ele já fazia na sua antiga banda, Raça
Odiada. A capa é do Jansen Baracho (também autor da capa do CD
Aos Mortos da Comedores de Lixo), que consegue passar um re-
trato perfeito de como esse país é roubado, e, de como tem crian-
ças passando fome e sofrendo todo tipo de violência – viva o país
da Copa! Uma curiosidade: é a primeira banda que escuto que não
tem nenhuma virada na bateria! Vai entrar pro livro do Guiness! De-
staques para: Frontier (a única cantada em inglês), Abismo, Esquina
Solitária, Maldito Difamador, Egoísmo e Não Aguento Mais. B.L.
ANEMONE COLMEIA CD-R 2012 (PB) Quando o Dolphin
acabou, Alan Pear tinha consigo um punhado de boas canções.
Depois de um ano exorcizando demônios, conseguiu registrar
‘Colmeia’, CD-demo de 11 faixas que assinou sob o pseudônimo
Anemone. Psicodelia, garage rock, rock progressivo e tintas re-
gionais escorrem entre composições como ‘Anonimous song’,
‘Auri Sacra fames’ e ‘Queria ver os vagalumes’. Alan faz uso de
guitarras sujas e distorcidas, teclados retrô, bases eletrônicas e
efeitos etéreos, valorizando suas composições com refrões gru-
dentos (‘Amor em tom maior’ e ‘Rosa dos ventos’ são ótimos
exemplos). Ao misturar Júpiter Maçã, Zé Ramalho e Tame Impala,
Anemone já fez um dos grandes discos paraibanos de 2013. A.C.
Amor à Queima-roupa
Dark
Editora: DC/
Panini
Formato:
americano
Páginas: 108
R$ 9,90
Faz um tempo que eu estava querendo falar sobre esta
série. Planetary é uma das melhores coisas já produ-
zidas pelo selo Wildstorm (hoje o selo pertence à DC
Comics), e, na minha humilde opinião, poderia dizer:
a série é uma das melhores coisas já produzidas nos
quadrinhos até hoje. Planetary é uma organização
também conhecida como os arqueólogos do impos-
sível. Fazem parte deste grupo Elijah Snow, uma cara
rabugento que controla o clima frio ao seu redor. Jakita
Wagner, que possui força e velocidade super-humanas.
E o baterista (que usa como referência visual o próprio
desenhista da série), que pode conversar com qualquer
objeto eletrônico. De um mouse a uma nave espacial. A
Editora: Devir/
Pixel/Panini
Edições: 27
Formato:
americano
Colorido
Preço de capa:
R$ 5,90 a 45,00
até difícil colocá-las em uma sequência. Mas destaco
a Homem-Animal, que me surpreendeu mesmo, e
Monstro do Pântano, que sou suspeito em falar, pois
gosto muito deste. Entre os escritores, temos o Jeff
Lemire (Sweet Tooth) e Scott Snyder e, na arte, vem
o Andrea Sorrentino, Mikel Janin e muitos outros.
A Dark caminha um pouco pra linha Vertigo, e
acredito que tenha uma boa aceitação com um ma-
terial direcionado a um público mais adulto. Es-
pero que continue assim e que sempre tragam
histórias boas e sombrias com esses persona-
gens que iluminam a alegria de nós, leitores. J.F.
organização foi fundada pelo quarto homem. Ele pode
ser qualquer pessoa. Bill Gates, Bono Vox ou até o
Papa. Este grupo de indivíduos procura desvendar e
catalogar os grandes mistérios do mundo, utilizando
este conhecimento a favor da humanidade. Esses
grandes mistérios fazem referências aos quadrinhos,
cinema, literatura e cultura pop em geral. Essas refe-
rências vão de Tarzan, Sherlock Holmes e Marilyn
Monroe, a John Costantine, liga da Justiça e os filmes
do John Woo. Durante a série, eles confrontam “os
quatro”, uma organização que posso definir como a
versão maligna do Quarteto Fantástico. A série, lança-
da no Brasil, inicialmente, pela editora Pandora e, em
seguida, pela Devir, tem 27 capítulos e foi escrita por
Warren Ellis e desenhada por John Cassaday. As cores
ficaram por conta de Laura Martin. O primeiro capí-
tulo intitula-se Mundo estranho e o segundo, O quarto
homem. A editora Pixel deu continuidade às histórias
na revista Pixel Magazine, concluindo a sequência
do número 16 ao 27. Atualmente, a Panini Comics
possui os direitos sobre a série. A grande questão é:
por que não foi republicado ainda? Espero todos os
dias que a Panini crie vergonha e tenha respeito pe-
los leitores, republicando uma das melhores coi-
sas já produzidas pela indústria dos quadrinhos.J.N.
MICROFONIA4
E o Vento Levou
DVD: Chet
Baker - Live at
Ronnie Scott’s
Coqueiro Verde
Records
Show: 58min.
R$ 30,00
A frase “No lugar certo e na hora certa”, nunca fez
tanto sentido a respeito desta coletânea lançada em
2000. Foi também o pontapé inicial para a então em-
preitada que viria a se chamar Cactus Discos, mas o
embrião, ou melhor, o gatilho foi um cara chamado
Vant, vocalista da Tribo Etnos. Para ser mais preciso,
eu estava fazendo um projeto para o FMC (Fundo
Municipal de Cultura) para a minha banda Rotten
Flies, e Vant era o cara articulado que sabia o bê-a-
bá destes projetos. Fui bater na casa do mesmo. Pra
entender como funcionava, o cara me explicou tudo
e disse: tu tens que ir atrás de orçamentos. Foi aí que
caiu a ficha e, sabendo dos valores, saquei que dava
pra dividir pra um certo número de bandas e, ao in-
vés de um CD da Rotten Flies, seria mais legal uma
coletânea. Só que o rapaz que escreve essa matéria
tem um problema sério com uma máquina chamada
computador. Enfim...programas como coreldraw,
photoshop e outras porcarias dessas não compar-
tilham de meu mundo, precisaria de alguém pra isso,
mas quem? Aí veio a luz ...ou melhor ...a lua no fim
de túnel, Klaton Lins (o gordo canalha), sacava tudo
desses programas, praticamente ele era um garoto
de programa e tocava na Matando a Pau, banda que
também entrou na coletânea. Daí, então, foi Mamão
com açúcar, bandas de João Pessoa (Dead Nomads/
Matando a Pau/Rotten Flies/Comedores de Lixo),
Rio Grande do Norte (AR-15), Sergipe (Karne Krua/
Word’s Guerrilla) e Pernambuco (Estado Suicida).
Outro ponto pra este CD é a capa de um artista para-
ibano, nem muito conhecido na época, um tal de
Shiko – demorou pra entregar a arte, mas, quando
veio, foi o chamado cala a boca, porque ficou muito
foda! Vale também salientar que foi o primeiro regis-
tro em CD de muitas bandas que só haviam gravado
em k-7, exceto Karne Krua. Tudo isso culminou
no lançamento com todas as bandas da coletânea
no teatro Cilaio Ribeiro, lotação máxima!
Coloquei o pé na entrada e disse: Cabe mais nin-
guém, não! Putz, se voltasse no tempo, faria
só mais duas coisas diferentes: tomaria mais cer-
veja e não bateria o carro. Foi mal, Márcio Jr! A.S.
Em se tratando de filmes com garotas, Kiss a Girl é um
dos mais bombásticos. O filme traz relato de atrizes
falando sobre as cenas que elas já fizeram nos filmes.
Essa é uma das razões para entender o porquê de mais
e mais garotas revelarem sua opção por mulheres – nem
todas, é claro! As cenas são dinâmicas, principalmente
no momento dos beijos, que passam sensualidade ao
extremo, quase engolindo a língua uma da outra. Além
do contato físico, algo que todo casal deveria aprender.
Aí vocês me perguntam: quem são essas meninas? São
Brett Rose, Samantha Ryan, Missy Martine, Alyssa Ree-
ce, Bailey Blu, Sinn Sage e a deliciosa Gracie Glan. Se
você gosta de sensualidade, recomendo assistir a esse
filme. Com certeza, você irá aprender alguma coisa! B.L.
Sempre fui contra a obrigatoriedade, mas, defini-
tivamente, esse é o tipo de item que, pra quem gosta
de música, aconselho ter em sua estante. Estou fa-
lando do DVD Chet Baker live at Ronnie Scott’s,
gravado em 1986 no clube londrino Ronnie Scott,
que existe desde 1959. Esse DVD expõe um Chet
Baker enrugado e compenetrado, atingindo o me-
lhor do que sempre soube fazer: melodias suaves e
bonitas, parecendo mais uma oração, que parado-
xalmente vai de encontro a sua vida atribulada en-
tre surras, prisões e drogas. Além de uma dupla de
músicos tarimbados que o acompanhavam, como o
italiano Ricardo Del Fra (contrabaixo), que, desde
1979 sempre tocou com Chet, e também o francês
Michel Grailler (piano) – falecido em 2003 – que
o acompanhava regularmente desde 1977. A cereja
do bolo deste DVD é a participação do brado Van
Morrison cantando Send in the Clowns, que já teve
versões de Frank Sinatra , Sarah Vaughn e Susan
Boyle e de um rapaz que usa um óculos à la Buddy
Holy, que se intitula de Elvis Costello, cantando
The Very Thought of You e You Don’t Know What
Love is – por sinal, bem à vontade. Outro destaque
no DVD são relatos de Chet à Elvis Costello cara
a cara, entremeando as canções, passagens mar-
cantes de sua vida. Uma delas fala da vez em que
o trompetista, devendo dinheiro a traficantes, levou
uma surra de cinco cidadãos, perdendo todos os seus
dentes posteriores. Aconselhado por especialistas a
parar de tocar, pois as falhas da arcada dentária não
permitiriam a mesma performance do músico, Chet
coloca dentes postiços e, durante três anos treinou
sua volta, contrariando o estabelecido. Avesso a
partituras musicais, certo dia, deram um tom errado
de uma música de propósito, mesmo assim, Chet
Baker conseguiu encontrar um caminho harmôni-
co. Não é à toa que o cara tinha o rótulo de cool.
Quem pode pode, quem não pode... bate palma. A.S.
Enquanto isso, na redação...
O Chamado Atrás da PortaVerde

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One Hit Man: Igor Tadeu entre HQs e música

  • 1. MÚSICA .FILME .HQ .SHOWAno 3 nº 12 João Pessoa, janeiro 2013 Música e desenho... o que veio primeiro? Desenho. Eu me envolvi com música porque sempre gostei de escutar música. Minha mãe é pianista, e meu padrasto é guitarrista da banda Shock, então, sempre tive essa vibe de música em casa. Gosto mais de um rock’n’roll, rockabilly... acabei montando uma banda por pura ironia do destino, por conta dessa combinação familiar, mas meu lance inicial foi o desenho. Comecei a desenhar não pelo simples fato de desenhar, era uma forma de me expressar. Você é autodidata? Comecei a fazer poucos cursos, mas nunca tomei gosto por fazer cursos. Acabei me desenvolvendo sozinho. Acho importante porque você acaba por desenvolver um estilo próprio. Quando se está num curso, você aca- ba indo para um estilo Marvel DC, mais Neal Adams... acho que me desenvolvi muito mais sozinho do que em qualquer curso. Quando é que a música entra na sua história? Fora esse lance em família (todo mundo lá em casa é viciado na Rita Lee na época do Tutti Frutti) é um pon- to em comum, todos gostam – nem sei dizer como foi que isso aconteceu. Acabei associando os quadrinhos, que é a minha paixão, com a música. Se relacionam em algum momento ou você sempre separa? Relacionam-se porque eu acabei indo para uma verve de um quadrinho que tem mais a ver com o Robert Crumb, do pessoal que era do underground americano, que fazia quadrinização de Jimi Hendrix. Eles tinham esse envolvimento com a música, então, eu me identi- fiquei com isso. Como você vê o cenário de bandas e de quadrinhos em João Pessoa? Se parecem ou são completamente distintos? Tem muita gente que reclama de João Pessoa, mas João Pessoa tem a cena do tamanho que ela é! Não acho que precise de mais, quem tem que se esforçar é o pessoal que está trabalhando com isso... se você quer crescer, vai depender do seu esforço, independente de qualquer estímulo... Por influência de qual publicação você começou a se interessar por HQs? Comecei a ler quadrinhos por causa do Maurício de Sousa! Depois que passei para os quadrinhos america- nos, depois é que fui conhecer Glauco, Angeli e Laerte. Comecei a pegar edições antigas do Chiclete com Ba- nana. A partir da MAD foi que comecei a me interes- sar por quadrinhos de humor, que tirava onda com os super-heróis. Hoje em dia, está politicamente correta demais! Qual a melhor fase dos HQs americanos para você? Não sei se tem uma melhor fase... eu diria que tem boas histórias, tipo quando Alan Moore escrevia... quando eu comecei a conhecer Lourenço Mutarelli... eu li um quadrinho chamado Estigma recentemente e achei sensacional! Devo essa mudança a Manassés, da ComicHouse, que me falou que, para fazer quadrinho, você tem que ter bagagem cultural em relação às outras mídias... Will Eisner comenta sobre isso no documentário Profissão Cartunista, exibido no Top Top recente- mente, dizendo que “um cartunista tem que ter noção de arquitetura, deve saber um pouco sobre interação sociológica, um pouco de psicologia...”. Em qual tipo de literatura você foi buscar esses e outros conhecimentos? Eu comecei a ler, não livros de arquitetura, mas fui atrás de livros com os quais eu me identificava. Comecei a ler Luiz Felipe Pondé, achei sensacional, principalmente o ponto de vista que ele tem sobre mui- tas coisas... tem o Fernando Pessoa, Chuck Palahniuk (Clube da Luta e No Sufoco). Acabei adquirindo repertório com coisas que não têm nada a ver com meu estilo. Tem muita coisa que faço que só fala sobre rela- cionamentos, corações partidos, a maioria das tirinhas são sobre isso, mas é claro que enriquece quando se lê mais. Os quadrinhos musicados já lhe chamaram atenção com outros autores? Quando você vê um quadrinho do Lawrence Mutarelli que é da trilogia do Diomedes (Dobro de Cinco/Rei do Ponto/A Soma de Tudo), tem um momento que ele musica: “a partir desse momento escute tal música”. Se não me engano, é uma música do Bob Dylan. Não só ele como outros quadrinistas fizeram isso, como Chiquinha (Fabiane Bento Langona, cartunista gaú- cha) também coloca: “leia esses quadrinhos ouvindo “Eu te Darei o Céu”, com Roberto Carlos”.Já o Robert Crumb tem o Blues... Acho isso massa! Klaus Voorman e Dave McKean são músicos e de- senhistas. Quais são as suas influências? Vocês conhecem Mike Allred, que fez Red Rocket Seven? Ele tem uma banda também! (The Gear). Eu consumo muito esses quadrinhos ligados à música. Você é um cartunista que sempre vai relacionar suas HQs à música ou você pode fugir desse nicho? Caramba! É o seguinte: eu posso fazer música baseada nos meus quadrinhos, mas eu acho que os quadrinhos são algo mais livre! Por exemplo, estou com um pro- jeto novo que não tem nada a ver com música... É só quadrinho! HQ vem em primeiro lugar pra mim, é a forma que eu encontrei para me expressar. A banda foi uma consequência, foi uma loucura na minha vida, Distribuiçãogratuita Com o lápis na mão e um hit na cabeça, Igor Tadeu arregaçou as mangas, quebrou o cofrinho e nos presenteou com o inusitado One Hit Wonder (sem nenhum incentivo governamental), que ele foi lá e fez! Além disso, o cara ainda arranja tempo para cantar no Sem Horas, banda de rock’n’roll pessoense. Confira a entrevista com o quadrinista que é músico. Ou músico que é quadrinista? nunca tive pretensão de ter uma banda, mas acabei en- trando numa! Você é um quadrinista que é músico ou um músico que faz quadrinhos? Eu sou o quadrinista que tem uma banda! Nunca fui o músico que faz quadrinhos... tem o cara do Matanza (Marco Donida/guitarrista) que faz quadrinhos tam- bém... Ele é um músico que faz quadrinhos! E tem um traço muito bom! Falamos de Will Eisner, Robert Crumb, Mike Allred ... e Mike Deodato? Na sétima série, eu peguei o telefone de Mike Deo- dato para fazer uma entrevista com ele, foi a minha realização na vida! Eu, ainda pirralho, consegui falar com Deodato. Ele sempre foi para mim uma referência, mas, depois de um tempo, eu parei de querer essa verve do quadrinho Marvel e DC e fui seguindo mais uma linha dos gêmeos Gabriel Bá e Fábio Moon. Fale sobre One Hit Wonders. Foi um exercício. Eu comecei a fazer quadrinhos e eu nunca tive esse estalo pra começar a fazer... eu saí de um relacionamento e vi que estava com muito tempo livre e mantive uma regularidade depois disso. One Hit Wonders foi um estudo, só fiz uma compilação do que eu já estava colocando no meu blog. Eu mesmo gosto mais do papel, não consumo nada virtualmente. Se es- tiver no papel, dou mais valor. Qual foi a tirinha que deu o pontapé no One Hit Wonders? Eu coloquei em ordem cronológica, a ordem não é de mix tape, não funciona como mix tape porque eu acho que começa com músicas muito tristes e depois tem música mais pra cima. Às vezes, parece que as músicas não têm relação com as tirinhas... Algumas estão meio distantes, mas não quer dizer que não tenham relação, acho que é uma relação mais pes- soal do que a música em si. Muitas das tirinhas são meio autobiográficas... mas, na verdade, são ganchos que peguei de coisas que vivenciei. Algumas vezes, eu Igor Tadeu - One Hit Man FotosOlgaCosta
  • 2. MICROFONIA2 EXPEDIENTE Editores Responsáveis: Adriano Stevenson Olga Costa(DRT – 60/85) Colaboradores: Josival Fonseca /Beto L. / Erivan Silva / André Cananéa/Joelson Nas- cimento Editoração:Olga Costa Ilustração:Josival Fonseca Revisão: Juliene Paiva Osias E-mail:jornalmicrofonia@gmail.com Facebook.com/jornalmicrofonia Twitter:@jmicrofonia Tiragem:4.000 exemplares Todos os textos dos nossos colaboradores são assinados e não necessariamente re- fletem a opinião da redação. sou julgado por isso, algumas pessoas acreditam que estou vivendo aquilo, mas não tem nada a ver! Não adianta querer me decifrar pela tirinha... Hoje, olhando em retrospecto, você teria alguma crítica com relação ao One Hit Wonder? Tenho várias, em relação a todo trabalho que eu faço. Depois que termino, acho uma merda! Ainsatisfação faz você criar um elo com a criação... Exato! Eu sou contra a felicidade, a felicidade não produz nada. É o perrengue que faz que você se torne criativo. Se tiver numa condição perfeita, o ser huma- no deixa de ser criativo. Dr. House diz: “Eu só produ- zo porque sou miserável”. Eu trabalho numa agência de publicidade. O que eu queria realmente fazer era ser quadrinista em tempo integral, mas o que acon- tece... o que me deixa miserável é ter um trabalho pro- letário, é o que me faz ter ideias para produzir meus quadrinhos... Fico imaginando se irei conseguir pro- duzir quadrinhos sendo quadrinista em tempo integral. Depois de One Hit Wonder, o que podemos espe- rar? Além de outra compilação de One Hit Wonders, tem a produção de um novo trabalho com histórias inédi- tas, não é uma compilação, não vai ter nada publicado na internet, e estou fazendo em parceria com Bianca Rosolem, que é uma paulista. Ano que vem, a gente lança. Sem Horas, tem influências descarada do rock’ n’ roll e da Jovem Guarda. Roberto e Erasmo Car- los já admitiram que faziam uso das histórias de quadrinhos – por ser a literatura que eles mais con- sumiam na época - para criar as letras das músicas (no tempo da Jovem Guarda, elas tinham começo, meio e um final com a moral da história). HQ tam- bém o inspira na hora de compor? Todos na banda compõem. Não sou o único a gostar de HQ no Sem Horas. Guilherme, que é o compositor mais efetivo, gosta de quadrinhos pra caramba! Sem dúvida quadrinhos é uma referência mesmo, mas está mais ligado mesmo à Jovem Guarda. A gente acaba usando tudo o que a gente consome. Só eu e Gui- lherme que temos essa vibe dos quadrinhos... Qual a fase que você mais gosta do Roberto Car- los? Jovem Guarda, Soul, Religiosa, Motel... Apesar do lance da Jovem Guarda me influenciar mais, gosto mais da fase soul/funk. Tem músicas dessa fase que acabam indo pra fase religiosa como Jesus Cristo, Todos Estão Surdos... Engraçado como o pessoal do gospel não consegue fazer música boa, né? Daí chega um cara como Roberto Carlos que faz, chega Rita Lee com Eu Vou Me Salvar, uma música gospel muito boa! Outra banda que faz músicas com temática religiosa é o Pato Fu, que eu gosto muito! Uma banda inventiva, acho que não dão muita im- portância pela pegada pop... Qual a influência mais atual na sua música? Comecei a banda por conta da Backbeatband. Mas, se fosse começar hoje, seria algo completamente diferente. Inclusive, tenho composições que são bem diferentes de tudo que o Sem Horas faz. Eu gosto pra caramba de Tom Waits, Nick Cave e Renato Godard (cantor e compositor)... Qual o álbum, na sua opinião, que as pessoas deve- riam escutar e ainda não o fizeram? Ângela RoRo de 1979 é sensacional! Tenho ouvido muito ultimamente... Você está num projeto com o pessoal do Caronas do Opala... Fui convidado para esse projeto pelo Valter para to- car apenas Roberto Carlos. Tocamos com o nome de Caronas do Opala no primeiro show, mas ainda esta- mos vendo como vai ficar, não tem nada certo ainda. Sem Horas vai lançar material novo. Formação nova também? Só o baixista mudou, mas ele tem a mesma vibe da gente, não mudou muita coisa, não. O que a gente pode esperar desse trabalho novo? A gente está mais profissional... A fase de ouro passou... Passou geral! A fase pretensiosa passou, vamos fazer algo bacana... EDITORIAL “Mutley, faça alguma coisa!” – “Medalha! Medalha! Medalha!” – conhecido bordão dos cartunistas Joseph Hanna & William Barbera – da famosa Hanna-Barbera criada em 1944. Traduzindo: ok, eu faço, mas, eu quero um re- conhecimento! Existem duas lojas de discos em João Pessoa, um programa de rádio que divulga o que acontece aqui, mesmo quando as bandas e produtores envolvidos não movem uma palha, além de um jornal impresso espe- cializado em rock. Muitas reclamações e nenhu- ma ação. E Noyzy se divertindo! Aqui falamos de gente que faz (parece merchant de Peque- nas Empresas e Grandes Negócios). Igor Ta- deu faz One Hit Wonders sem ajuda alguma e não choraminga pelo cantos. Em Santa Rita, tem Anemone do Alan Pear. Chet Baker apa nhou e se divertiu pra cacete! Em Aracaju, tem Casca Grossa! Quer mais? Levante a bunda da cadeira, esqueça o fakebook e vá passear! Quase Famosos Abanda teve um início prematuro em 2008, quando, na intenção de compor músicas autorais e absorver a rotina da cidade, numa ótica de humor e acidez, alguns amigos que tentavam fazer algo “despreten- sioso” e sujo enchem a cara e zombam dos dramas existenciais expostos nas prateleiras. Poucos acordes e palavras cuspidas em meio a um som que tenta ser punk/pós punk mas que não consegue ser nada além do que Harrison nos vocais, Leandro e Cleiton nas guitarras, Igor e Gaby, respectivamente no baixo e bateria, costumam ser e executar: música falha e humana. O nome do grupo faz referência a uma banda clássica e a um crime em que algoz e vítima possuíam o mesmo sobrenome, e deixa em aberto a possibilidade de que enquanto tantos escondem o quanto se pode ser ruim, a gente te convida para um novo entretenimento, no qual tentamos experimen- tar e achar quantos acordes precisamos para sermos sinceros.
  • 3. MICROFONIA 3 ZUMBI DO ESPAÇO X GRINDERS CD SPLIT 2003 (SP) Um CD muito legal, com duas bandas de audição obrigatória. A primeira é a Zumbi do Espaço, que já tem um tempo de estrada, os caras Tor (vocal), Gargoyle (baixo/vocal), Zumbilly (bateria) e Hank Alien (guitarra) fazem um som muito influenciado por Misfits e tudo que o rock tem de bom a oferecer. As músicas são irônicas e relatam todo o universo dos zumbis, até as versões que eles fazem vale a pena . Os destaques são para todas as músicas e as versões de Give it to Me (Stray Cats), Hybrid Moment (Misfits), I Walk the Line (Johnny Cash), Glad to See You Go (Ramones) e Vem a Vingança (Grinders). O Grinders dispensa comentários, pois faz parte daquela leva de bandas punk que deu o pontapé ao movimento em todo país. O som é aquele hardcore agressivo sem sair da pegada dos anos 80. A formação da banda conta com Ronaldo Pobreza (vocal), Anderson Punkinho (guitarra), Cisco (baixo), Renan (bateria) e Edgar (guitarra). Destaques para todas porque são muito boas, incluindo as versões de Rocker (AC/DC), Bite the Hand That Seed #2 (Agent Orange) e Guardada para Sempre (Zumbi do Espaço). B.L. MATE OU MORRA CD-R EP MATE OU MORRA 2012 (PB) O que é legal nos EPs é que, na maioria deles, o recado fica nítido, sem firulas. É o caso do Mate ou Morra. Com apenas quatro músicas, já se tem uma ideia da pedrada que vai vir. Com influências de metal e hardcore, André KBção (voz), Fabrízio com Z (guitarra), Diego Miranda (bateria) e Felipe Ceara (baixo) tocam do som mais cadenciado, pesado ao mais rápido. A gravação está muito boa. Já as influências, vou deixar que vocês identifiquem. Mes- mo entendendo tudo, as letras fazem falta. Destaques pra 06, 02 e 01. B.L. CASCA GROSSA CD-R EXPLORAÇÃO 2010 (SE) Posso dizer que o nome dessa banda tem tudo a ver com o som que ela faz: hardcore simples, com músicas curtas e bem diretas, do jeito que o estilo pede. A gravação muito boa com baixo, guitarra, bateria e vocal numa pancada só! As letras trazem todos os temas que se encaixam direitinho no país em que vivemos, que tem guerras, fome, exploração da fé, destruição da natureza e corrupção (esse último não poderia faltar!). A banda tem na sua formação Atílio (baixo), Miguel (bateria), Flávio (vocal) e Silvio (guitarra). Todo material é bom, mas os destaques vão para: Co- El Mariachi Em geral, muitos leitores de quadrinhos começaram com os super-heróis, principalmente se teve a fase da adolescência nos anos 80 ou 90. Pra quem ini- ciou e quer fugir um pouco sem ir muito longe, a opção é a Dark (DC Comics/Panini), um gibi men- sal que traz em seu mix cinco títulos de “Os Novos 52” da DC, lançados por aqui desde o ano passado. As novas séries são: o carro-chefe é a Liga da Justiça Dark, formado por John Constantine, Za- tana, Deadman, Shade e Madame Xanadu, que vem a enfrentar as ameaças místicas à Terra; Monstro do Pântano é outro bom título, que recentemente foi incorporado ao Universo DC – antes, o per- sonagem pertencia à Vertigo; Homem-Animal, que, um dia, foi também do selo Vertigo, retorna com material inédito; Ressurreição traz as histórias de um personagem que sempre morre e ressuscita com novos poderes, envolto em tramas e misté- rio; Eu, O Vampiro é uma releitura atual de um material clássico da editora, que foi publicado décadas atrás, agora com uma nova roupagem. Muitos destes já são bem conhecidos dos leitores, o que reforça na escolha deste título. Até o momento, as HQs estão tão boas que, na minha opinião, fica mércio da Fé, Cárceres do Caos, La Fuerza Del Pueblo (música do Word’s Guerrilla - SE, o arranjo ficou do cacete!), Guerra Não, Políticos Imundos, Anarquia, Força Punk e Casca Grossa. B.L. N.T.E. (NEM TODOS ESQUECEM) EGOÍSMO CD-R (RN) Se eu fosse contar as bandas boas que existem em Natal, faltari- am dedos. N.T.E é um exemplo, que conta, na formação que gra- vou esse CD, com Thiago Cesar (guitarra/backing vocal), Alex- andre (bateria/voz) e Eduardo (baixo/backing vocal). O trio toca aquele hardcore direto, sem frescuras, com gravação agressiva, de boa qualidade e letras bem ácidas, o que não poderia ser dife- rente, pois Alexandre sempre teve uma visão clara do que acon- tece no cotidiano; algo que ele já fazia na sua antiga banda, Raça Odiada. A capa é do Jansen Baracho (também autor da capa do CD Aos Mortos da Comedores de Lixo), que consegue passar um re- trato perfeito de como esse país é roubado, e, de como tem crian- ças passando fome e sofrendo todo tipo de violência – viva o país da Copa! Uma curiosidade: é a primeira banda que escuto que não tem nenhuma virada na bateria! Vai entrar pro livro do Guiness! De- staques para: Frontier (a única cantada em inglês), Abismo, Esquina Solitária, Maldito Difamador, Egoísmo e Não Aguento Mais. B.L. ANEMONE COLMEIA CD-R 2012 (PB) Quando o Dolphin acabou, Alan Pear tinha consigo um punhado de boas canções. Depois de um ano exorcizando demônios, conseguiu registrar ‘Colmeia’, CD-demo de 11 faixas que assinou sob o pseudônimo Anemone. Psicodelia, garage rock, rock progressivo e tintas re- gionais escorrem entre composições como ‘Anonimous song’, ‘Auri Sacra fames’ e ‘Queria ver os vagalumes’. Alan faz uso de guitarras sujas e distorcidas, teclados retrô, bases eletrônicas e efeitos etéreos, valorizando suas composições com refrões gru- dentos (‘Amor em tom maior’ e ‘Rosa dos ventos’ são ótimos exemplos). Ao misturar Júpiter Maçã, Zé Ramalho e Tame Impala, Anemone já fez um dos grandes discos paraibanos de 2013. A.C. Amor à Queima-roupa Dark Editora: DC/ Panini Formato: americano Páginas: 108 R$ 9,90 Faz um tempo que eu estava querendo falar sobre esta série. Planetary é uma das melhores coisas já produ- zidas pelo selo Wildstorm (hoje o selo pertence à DC Comics), e, na minha humilde opinião, poderia dizer: a série é uma das melhores coisas já produzidas nos quadrinhos até hoje. Planetary é uma organização também conhecida como os arqueólogos do impos- sível. Fazem parte deste grupo Elijah Snow, uma cara rabugento que controla o clima frio ao seu redor. Jakita Wagner, que possui força e velocidade super-humanas. E o baterista (que usa como referência visual o próprio desenhista da série), que pode conversar com qualquer objeto eletrônico. De um mouse a uma nave espacial. A Editora: Devir/ Pixel/Panini Edições: 27 Formato: americano Colorido Preço de capa: R$ 5,90 a 45,00 até difícil colocá-las em uma sequência. Mas destaco a Homem-Animal, que me surpreendeu mesmo, e Monstro do Pântano, que sou suspeito em falar, pois gosto muito deste. Entre os escritores, temos o Jeff Lemire (Sweet Tooth) e Scott Snyder e, na arte, vem o Andrea Sorrentino, Mikel Janin e muitos outros. A Dark caminha um pouco pra linha Vertigo, e acredito que tenha uma boa aceitação com um ma- terial direcionado a um público mais adulto. Es- pero que continue assim e que sempre tragam histórias boas e sombrias com esses persona- gens que iluminam a alegria de nós, leitores. J.F. organização foi fundada pelo quarto homem. Ele pode ser qualquer pessoa. Bill Gates, Bono Vox ou até o Papa. Este grupo de indivíduos procura desvendar e catalogar os grandes mistérios do mundo, utilizando este conhecimento a favor da humanidade. Esses grandes mistérios fazem referências aos quadrinhos, cinema, literatura e cultura pop em geral. Essas refe- rências vão de Tarzan, Sherlock Holmes e Marilyn Monroe, a John Costantine, liga da Justiça e os filmes do John Woo. Durante a série, eles confrontam “os quatro”, uma organização que posso definir como a versão maligna do Quarteto Fantástico. A série, lança- da no Brasil, inicialmente, pela editora Pandora e, em seguida, pela Devir, tem 27 capítulos e foi escrita por Warren Ellis e desenhada por John Cassaday. As cores ficaram por conta de Laura Martin. O primeiro capí- tulo intitula-se Mundo estranho e o segundo, O quarto homem. A editora Pixel deu continuidade às histórias na revista Pixel Magazine, concluindo a sequência do número 16 ao 27. Atualmente, a Panini Comics possui os direitos sobre a série. A grande questão é: por que não foi republicado ainda? Espero todos os dias que a Panini crie vergonha e tenha respeito pe- los leitores, republicando uma das melhores coi- sas já produzidas pela indústria dos quadrinhos.J.N.
  • 4. MICROFONIA4 E o Vento Levou DVD: Chet Baker - Live at Ronnie Scott’s Coqueiro Verde Records Show: 58min. R$ 30,00 A frase “No lugar certo e na hora certa”, nunca fez tanto sentido a respeito desta coletânea lançada em 2000. Foi também o pontapé inicial para a então em- preitada que viria a se chamar Cactus Discos, mas o embrião, ou melhor, o gatilho foi um cara chamado Vant, vocalista da Tribo Etnos. Para ser mais preciso, eu estava fazendo um projeto para o FMC (Fundo Municipal de Cultura) para a minha banda Rotten Flies, e Vant era o cara articulado que sabia o bê-a- bá destes projetos. Fui bater na casa do mesmo. Pra entender como funcionava, o cara me explicou tudo e disse: tu tens que ir atrás de orçamentos. Foi aí que caiu a ficha e, sabendo dos valores, saquei que dava pra dividir pra um certo número de bandas e, ao in- vés de um CD da Rotten Flies, seria mais legal uma coletânea. Só que o rapaz que escreve essa matéria tem um problema sério com uma máquina chamada computador. Enfim...programas como coreldraw, photoshop e outras porcarias dessas não compar- tilham de meu mundo, precisaria de alguém pra isso, mas quem? Aí veio a luz ...ou melhor ...a lua no fim de túnel, Klaton Lins (o gordo canalha), sacava tudo desses programas, praticamente ele era um garoto de programa e tocava na Matando a Pau, banda que também entrou na coletânea. Daí, então, foi Mamão com açúcar, bandas de João Pessoa (Dead Nomads/ Matando a Pau/Rotten Flies/Comedores de Lixo), Rio Grande do Norte (AR-15), Sergipe (Karne Krua/ Word’s Guerrilla) e Pernambuco (Estado Suicida). Outro ponto pra este CD é a capa de um artista para- ibano, nem muito conhecido na época, um tal de Shiko – demorou pra entregar a arte, mas, quando veio, foi o chamado cala a boca, porque ficou muito foda! Vale também salientar que foi o primeiro regis- tro em CD de muitas bandas que só haviam gravado em k-7, exceto Karne Krua. Tudo isso culminou no lançamento com todas as bandas da coletânea no teatro Cilaio Ribeiro, lotação máxima! Coloquei o pé na entrada e disse: Cabe mais nin- guém, não! Putz, se voltasse no tempo, faria só mais duas coisas diferentes: tomaria mais cer- veja e não bateria o carro. Foi mal, Márcio Jr! A.S. Em se tratando de filmes com garotas, Kiss a Girl é um dos mais bombásticos. O filme traz relato de atrizes falando sobre as cenas que elas já fizeram nos filmes. Essa é uma das razões para entender o porquê de mais e mais garotas revelarem sua opção por mulheres – nem todas, é claro! As cenas são dinâmicas, principalmente no momento dos beijos, que passam sensualidade ao extremo, quase engolindo a língua uma da outra. Além do contato físico, algo que todo casal deveria aprender. Aí vocês me perguntam: quem são essas meninas? São Brett Rose, Samantha Ryan, Missy Martine, Alyssa Ree- ce, Bailey Blu, Sinn Sage e a deliciosa Gracie Glan. Se você gosta de sensualidade, recomendo assistir a esse filme. Com certeza, você irá aprender alguma coisa! B.L. Sempre fui contra a obrigatoriedade, mas, defini- tivamente, esse é o tipo de item que, pra quem gosta de música, aconselho ter em sua estante. Estou fa- lando do DVD Chet Baker live at Ronnie Scott’s, gravado em 1986 no clube londrino Ronnie Scott, que existe desde 1959. Esse DVD expõe um Chet Baker enrugado e compenetrado, atingindo o me- lhor do que sempre soube fazer: melodias suaves e bonitas, parecendo mais uma oração, que parado- xalmente vai de encontro a sua vida atribulada en- tre surras, prisões e drogas. Além de uma dupla de músicos tarimbados que o acompanhavam, como o italiano Ricardo Del Fra (contrabaixo), que, desde 1979 sempre tocou com Chet, e também o francês Michel Grailler (piano) – falecido em 2003 – que o acompanhava regularmente desde 1977. A cereja do bolo deste DVD é a participação do brado Van Morrison cantando Send in the Clowns, que já teve versões de Frank Sinatra , Sarah Vaughn e Susan Boyle e de um rapaz que usa um óculos à la Buddy Holy, que se intitula de Elvis Costello, cantando The Very Thought of You e You Don’t Know What Love is – por sinal, bem à vontade. Outro destaque no DVD são relatos de Chet à Elvis Costello cara a cara, entremeando as canções, passagens mar- cantes de sua vida. Uma delas fala da vez em que o trompetista, devendo dinheiro a traficantes, levou uma surra de cinco cidadãos, perdendo todos os seus dentes posteriores. Aconselhado por especialistas a parar de tocar, pois as falhas da arcada dentária não permitiriam a mesma performance do músico, Chet coloca dentes postiços e, durante três anos treinou sua volta, contrariando o estabelecido. Avesso a partituras musicais, certo dia, deram um tom errado de uma música de propósito, mesmo assim, Chet Baker conseguiu encontrar um caminho harmôni- co. Não é à toa que o cara tinha o rótulo de cool. Quem pode pode, quem não pode... bate palma. A.S. Enquanto isso, na redação... O Chamado Atrás da PortaVerde