3. Seu realismo se configura na abordagem de situações que guardam estreita relação com a realidade.
4. A maneira, entretanto, como aborda aponta para uma estrutura que foge às características realistas-naturalistas.
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6. Em Dom Casmurro, o narrador quer provar a culpabilidade da esposa, através de argumentos de natureza subjetiva.
7. Em contos, como Uns braços e Missa do galo, a temática é intensamente psicológica, porque toda a trama está centrada nas sensações interiores das personagens.
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9. Na fase romântica, destacam-se romances como A Mão e a Luva, Helena, Ressurreição, e Iaiá Garcia, e alguns contos, como Miss Dolar.
10. A chamada fase realista, a mais substancial de sua produção, engloba romances e contos, em que se destacam:
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12. Entretanto, já é possível perceber a propensão machadiana para esboçar o caráter das personagens, através de um enredo em que se evidencia ações embasadas no interesse e em conflitos psicológicos.
13. A temática do amor platônico, calcada em torno de dois personagens, desaparece nos romances da primeira fase de Machado, ocorrendo um insinuado triângulo amoroso, que será elemento fundamental na fase realista do autor.
18. O enredo é estruturado em torno de uma história de amor, se bem que não seja platônico.
19. Percebe-se já a tendência do narrador aos comentários, às digressões de ordem psicológica.
20. Os personagens já agem por interesse amoroso, inclusive o amor já é materialista.
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22. A trama é centrada em torno do Dr. Félix, que, apesar de não acreditar no amor, se apaixona por uma viúva, a bela Lívia, sendo emocionalmente instável e sacudido a todo momento por impulsões devido ao temperamento desconfiado e inseguro, o que leva Lívia a romper com a situação.
23. Em a Mão e a luva, narra-se a história de Guiomar, moça altiva e segura de si, que procura, com frieza e cálculo, realizar o ambicioso plano de ascender socialmente, compensando a sua modesta origem. A obra relata com ironia o casamento, visto como troca de favores e movido pelo dinheiro e pela ambição.
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25. A história gira em torno do Conselheiro Vale, um homem importante e rico, que mantém caso amoroso com uma mulher que tinha se parado do marido devido a dificuldades financeiras. A mulher já possuía uma filha, que, mais tarde, foi perfilhada pelo amante rico.
26. Helena sabe que não é filha do Conselheiro, mas aceitando a situação por interesse na herança, mas acaba se apaixonando por Estácio que, por sua vez, está comprometido com Eugênia, cuja família está interessado na riqueza do rapaz.
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28. O romance trata do conflito social entre as classes, aproveitando como eixo o romance entre Jorge, um cavalheiro de alta sociedade e Estela, uma jovem pobre. A adolescente Iaiá funciona como observadora dos fatos que se desenrolam à sua frente.
29. A mãe de Jorge, Valéria Gomes, viúva rica, não quer para seu filho uma esposa pobre e sem lustro social, a moça era filha de Luís Garcia, um ex-empregado de seu falecido pai.
36. A maioria dos contosNestas obras, Machado inova na linguagem e na estrutura, tornando-se, desta maneira, um precursor do Modernismo.
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39. Essa atitude provoca ambiguidade, com o narrador oscilando entre primeira e terceira pessoa.
40. Embora suas narrativas possuam um narrador, percebe-se a presença de várias vozes narrativas, o que provoca uma polifonia.O NARRADOR INTRUSO, AMBIGUIDADE DO FOCO NARRATIVO E A POLIFONIA
41. INTERTEXTUALIDADE/CITAÇÕES BIBLÍCAS, FILOSÓFICAS, CLÁSSICAS, PROVÉRBIOS POPULARES E PARÓDIAS.Constantemente Machado usa do recurso da intertextualidade para explicar, justificar, ironizar, satirizar e parodiar. As ideias originais citadas são desmistificadas. “Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a Segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo, Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no introito, mas no cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco.”
42. DIGRESSÕES/ COMENTÁRIOS/EXPLICAÇÕES As narrativas machadianas são por natureza digressivas, ou seja, comentadas e explicadas, recurso que favorece ao seu realismo atípico, bastante preocupado com o entendimento dos comportamentos. “Essa ideia era nada menos que a invenção de um medicamento sublime, um emplasto anti-hipocondríaco, destinado a aliviar a nossa melancólica humanidade. Na petição de privilégio que então redigi, chamei a atenção do governo para esse resultado, verdadeiramente cristão. Todavia, não neguei aos amigos as vantagens pecuniárias que deviam resultar da distribuição de um produto de tamanhos e tão profundos efeitos. Agora, porém, que sou cá do outro lado da vida, posso confessar tudo: o que me influiu principalmente foi o gosto de ver impressas nos jornais, mostradores, folhetos, esquinas e enfim nas caixinhas do remédio, estas três palavras: Emplasto Brás Cubas.”
54. Rita – A cartomante. Ao contrário do que se pensa Machado não dá a essas mulheres um conceito negativo, mas principalmente, uma atitude de defesa diante de uma sociedade machista e patriarcal.
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56. VISÃO METAFÍSICA RELATIVISTA DE TODOS OS VALORES HUMANOS. A dúvida em relação aos comportamentos humanos e sociais proporciona a Machado a relativizar as atitudes do homem e aos valores sociais. A autenticidade é uma questão de conveniência. O PESSIMISMO/ A VISÃO NIILISTA Decorre de sua visão cética do homem e da sociedade. Para Machado, o homem e a sociedade burguesa não abrem possibilidade de melhorar. CONFUSÃO ENTRE RAZÃO E LOUCURA Machado ironiza os conceitos de loucura do século XIX com duas narrativas impecáveis: Quincas Borba e o Alienista. Em ambas percebe-se a inversão dos conceitos de loucura. Os que pensam são loucos, e os que são loucos raciocinam.
57. SÁTIRA AOS CONCEITOS CIENTÍFICOS E FILOSÓFICOS Machado relativiza os conceitos das ciências e das filosofias do século XIX, principalmente, no tocante á pretensão de verdade absoluta. Cético quanto a esta questão, Machado ironiza os conceitos criando personagens e situações pelo avesso. TEORIAS FREUDIANAS: PROIBIDO X PERMITIDO/ EXPLÍCITO X IMPLÍCITO/ DESEJOS REPRIMIDOS Machado antecipa a psicanálise de Freud do século XX ao trabalhar com temas desconhecidos e pouco esclarecidos em sua época. O desejo reprimido é o tema mais explorado em seus romances.
61. Brás Cubas é uma espécie de anti herói, que narra sarcástica e ironicamente sua trajetória existencial desde sua sepultura.
62. A narração de Brás Cubas é eivada de ironia, mas uma ironia fina em que se percebe a intenção de desnudar a aparência da sociedade em que viveu.
63. Brás Cubas faz um inventário das relações sociais, afetivas e políticas da sociedade burguesa da segunda metade do século XIX.
64. Ganham destaque, por conseguinte, as relações com a família, principalmente, com o pai que queria vê-lo casado e a brilhar como deputado ou ministro.
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66. Mesmo diante do fracasso social e existencial, Brás Cubas se considera um vencedor: “Não teve filhos, portanto não transmitiu a nenhuma criatura o legado de nossa miséria” e também” não precisou do suor do rosto para ter o pão de cada dia”.
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69. Humanitasconceitua o homem como sendo “o lobo do próprio homem” e tem como máxima a frase “ao vencedor as batatas”.[
70. Rubião, muito ingênuo, não compreende a essência da filosofia, o que só vai ser possível mais tarde quando fica louco.
71. De posse da riqueza, Rubião vai morar no Rio de Janeiro, onde é explorado por um casal: Cristiano Palha e Sofia.
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73. Já em Minas, Rubião contrai uma pneumonia, e morre em companhia do cachorro Quincas Borba a quem abandonou quando estava no Rio de Janeiro.
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76. Dom Casmurro é advogado sexagenário que leva uma vida solitária, no Rio de Janeiro, e com uma intensa crise existencial.
77. Na tentativa de fugir ao tédio resolve escrever um livro, História dos subúrbios, mas desiste, escrevendo a sua própria história.
78. Para escrever sua autobiografia, o velho escritor toma todas as providências, inclusive fazendo uma casa igual a que morava na Rua Matacavalos, na infância.
81. Assim é que Dom Casmurro vai levantando algumas provas, num tom irônico e satírico, da época em que se chamava Bentinho, desde seu tempo de menino, de seminarista, de casado, até a separação.
82. As provas, segundo Dom Casmurro, são as semelhanças de seu único filho Ezequiel com Escobar, provável amante de sua mulher, Capitu.
83. Na narrativa, Capitu aparece ao leitor pela visão de Bentinho, cujo melhor retrato é dado pelo agregado José Dias: “Olhos de cigana, oblíqua e dissimulada.”
84. É também de José Dias outra frase insinuadora: “O filho do homem”, para se referir a Ezequiel.
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86. Para o leitor, entretanto, as provas de Bentinho sobre o suposto adultério de Capitu são, no mínimo, duvidosas e ambíguas.
87. Obra em que o leitor tenta desvendar o verdadeiro caráter do narrador de primeira pessoa, Bentinho, que se revela não confiável, pois umbilicalmente está envolvido com o que conta por sua personalidade ciumenta, invejosa, cruel e perversa.
88. Bentinho destrói todos ao seu redor, inclusive, as pessoas que o amam, por suspeitas que o leitor atento perceber serem no mínimo discutíveis.
89. A grande razão do romance é a sua construção formal ambígua, não dando margem ao leitor fazer conclusões exatas sobre o acontecido.
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91. Cada conto é uma espécie de reafirmação da abordagem psicológica e das inovações de linguagem e de estrutura que procede em sua obra.
92. Destacam-se O Alienista pela ironia ao Positivismo e ao Darwinismo, através da história de Simão Bacamarte, um cientista que trata da loucura de seus pacientes.
93. Em O Enfermeiro, a questão da consciência humana volúvel e do remorso é colocado à prova, através do enfermeiro Procópio depois do crime que cometeu.
94. Em Missa do galo, ganha relevo a questão do não dito, ou seja, a insinuação de um possível adultério da personagem Rita com um rapaz que morava em sua casa.
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96. Em suas peças teatrais, como O caminho da porta, O protocolo e Lição de botânica revelam um Machado de Assis observador das relações sociais e culturais do contexto em que viveu.
97. As crônicas de Machado são verdadeiros exercícios crítico do cotidiano do Rio de Janeiro da segunda metade do século XIX, e, em alguns casos, se aproximam do mesmo nível dos contos.