SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 8
Descargar para leer sin conexión
Natal algarvio perdeu tradições 
José Carlos Vilhena Mesquita 
Dificilmente se encontram hoje no Algarve os resquícios da antiga festa natalícia genuinamente regional. Até mesmo nos lugares mais recônditos da serra algarvia se esbateram as tradições de antanho, apesar de em toda a região não ser estranha a alegria que a verdadeira festa do lar traduz no espírito da família. O que hoje se celebra, em todo o país, é um Natal estereotipado, um decalque euro-americano da festa da família, que oscila entre o presépio católico e o pinheirinho protestante, entre o bacalhau dos pobres e o peru dos ricos. 
Em boa verdade, Natal minhoto, Natal transmontano, Natal beirão ou Natal algarvio, todos têm um denominador comum: a celebração de uma festa religiosa com características muito íntimas e peculiares, durante a qual se reúne a família numa verdadeira apoteose dos seus naturais continuadores – as crianças. O Natal é, por excelência, a Festa da Família, representada na criança, tida como natural prolongamento da estirpe e da linhagem, uma espécie de personificação da Esperança e do Futuro 
Os presentes, que no início da nossa Era serviram para homenagear o Deus- Menino, são hoje metaforicamente os mesmos (salvo as devidas distâncias e óbvias proporções do avanço civilizacional/tecnológico), pois que em si traduzem a felicidade do lar, a paz e a amizade entre os homens. Os presentes simbolizam, em suma, um gesto de homenagem àqueles que mais amamos. Por isso, Natal sem consoada, presépio e prendas, não é Natal. E estas são, sem sombra para dúvidas, as características mais gerais da festa natalícia, que progressivamente se tornou pertença do património universal de todas as raças, culturas e civilizações, até mesmo das que coexistem alheias ao cristianismo. 
Verifica-se, porém, que as ascendências culturais, resultantes duma certa heterogeneidade geomorfológica de insondável ancestralidade, influíram as celebrações religiosas com manifestações populares, que, de algum modo, as diferenciavam, criando-lhes uma individualidade algo estranha e curiosa. Com o seu estudo se preocuparam, há décadas atrás, reputados etnólogos e antropólogos, que publicaram importantes obras, que são hoje referências incontornáveis. Não previam, todavia, que se pudesse operar com o tempo um 
Imagem estereotipada da Ceia de Natal em casa abastada
Natal algarvio perdeu tradições 
2 
evolutivo esvaziamento das tradições, para o qual parece estar a contribuir um hodierno progresso tecnológico, emanado de uma sociedade consumista, e de um mercantilismo alienante, que tende a estandardizar as próprias raízes culturais dos povos cristãos. O conservadorismo etnográfico, a reserva do tradicional, assume-se hoje aos olhos cosmopolitas como sintoma de atraso civilizacional. A mundialização do pinheiro escandinavo e do Pai Natal normando superaram, por observância da normalização comercial, os padrões culturais e as manifestações populares do Natal latino, esse sim, genuinamente cristão e profundamente visigótico. De tal forma assim é que o Natal secularizou-se para dar lugar a uma festa social, altamente vulgarizada, profundamente dependente duma indústria de mercado, que a força persuasora da publicidade e dos meios audiovisuais de comunicação tem vindo a banalizar. 
Mesmo assim, apesar de todas as atrocidades etnográficas a que impavidamente temos vindo a assistir, o Natal é, e será sempre, a festa do lar e da família, a apoteose da criança, e um hino de paz que apela à fraternidade humana. 
À procura do Natal algarvio 
Tal como antes afirmamos, não existe hoje propriamente um Natal algarvio, contudo tempos houve em que as manifestações natalícias se transformavam em verdadeiras festas da comunidade, variando de região para região, às vezes mesmo de concelho para concelho. Nos “montes”, nos lugares da serra e nas pequenas freguesias rurais, era evidente o sentimento de solidariedade e de confraternização entre os seus membros, ao qual o espírito religioso emprestava uma forte consistência. Era, curiosamente, uma festa deambulatória, se assim se lhe pode chamar, usando o lar e a igreja como balizas duma intercomunicabilidade fraternal em que as velhas desavenças e incompatibilidades se desfaziam num amplexo 
Lareira tradicional nas casas agrícolas da serra algarvia 
Pinheiro de Natal (Forum Algarve), Faro
Natal algarvio perdeu tradições 
3 
que o respetivo pároco se esforçava por estreitar. Nas terras do interior serrenho, emolduradas num luminoso cenário de azul-cobalto, faltava-lhes a neve ou o frio enregelante capaz de reter as suas gentes no aconchego da cálida lareira. 
Era por isso que as famílias se visitavam, os mais jovens percorriam as ruas a visitar os lares mais queridos e também os mais abastados, comendo, aqui e ali, deliciosos pastéis de mel e provando espirituosos vinhos. A bondosa inocência do serrenho algarvio impregnava o Natal de um calor humano verdadeiramente inigualável. 
Na esperança de encontrarmos a chama ardente desse passado, e das genuínas manifestações culturais natalícias, deslocámo-nos até ao vasto e recôndito concelho de São Brás de Alportel, que se espraia, algo perdido e quase esquecido, pela serra algarvia, cujos lugarejos percorremos ao sabor e à aventura de seculares caminhos. Conversámos com vários anciãos de provecta idade, em diferentes “montes” e em esconsos sítios, mas também falámos com pessoas instruídas e até com alguns jovens, que nesta quadra retornam às suas origens familiares para passarem as suas férias natalícias. No cômputo desse ligeiro inquérito, verificamos que as tradições antigas já se perderam, e que na sua maioria são já irrecuperáveis; que a juventude pouco se interessa com o passado e que despreza as tradições etnográficas; que a televisão, pela sua massificação telenovelesca, faz reter as pessoas em casa e retira o convívio social, perdendo-se também o diálogo familiar em torno da lareira, durante o qual se transmitiam aos jovens as estórias do romanceiro popular; que a carestia de vida exterminou quase por completo as visitas aos lares para estreitar relações, trocar conhecimentos agrícolas e acertar preços para a venda dos seus produtos… Mais consensual entre as diferentes gerações é a ideia de o Natal ser a época em que se recebem presentes, sendo, enfim, a consoada uma noite especialmente feliz, mas muito menos alegre do que a noite da Passagem de Ano. 
Todavia, algo permanece ainda desse passado, para uns tão longínquo, para outros tão saudosamente presente, sobretudo na memória dos mais idosos. Mantém-se nos moldes de antanho a Ceia de Natal, assim como a gastronomia tradicional, a reunião da família, o presépio e os grupos de cantadores populares, a que chamam «charolas», sendo designados por «charoleiros» os seus diversos membros, que animam as noites frias das janeiras e das reisadas. 
O madeiro de Natal ardendo no átrio da igreja, tradição popular que é comum a todo o país
Natal algarvio perdeu tradições 
4 
A tradição do “madeiro” de Natal 
O dia de Natal continua a ser, de forma insofismável, o dia da Família, cujos diversos membros se reúnem na casa dos pais, do filho mais velho ou do irmão mais “remediado”. Curiosamente, há certos sítios da serra onde ainda ouvimos falar dos Morgados, termo que serve para designar os indivíduos mais ricos, em cujos lares se fazem lautas ceias de vários pratos, imensa doçaria e animada festa, para a qual costumam também convidar o pároco. 
Durante a noite da consoada a animação nos lares serrenhos faz-se de diversas formas, conforme os hábitos e instrução dos membros da família; uns jogam às cartas, outros contam histórias antigas, revivem a memória dos antepassados, cantam velhas modinhas, até chegar o momento crucial da distribuição prendas. Nessa altura começa-se pelos mais velhos, dão-se beijos, abraços e sonoras risadas, os avós e os pais tornam-se o centro das atenções. Seguem-se depois os filhos e os netos, que em certos lares perfazem numeroso grupo. 
Costuma também ver-se nas aldeias da serra algarvia muitas viaturas de emigrantes, que apressadamente regressam aos seus lares de origem, para confraternizarem e reunirem-se com a família. A necessidade de afirmação do seu sucesso económico leva- os, por vezes, a realizarem ruidosas festas a que não faltam os acostumados foguetes. 
Nos lares mais tradicionais, com antigas lareiras, queimam- se grossos “madeiros” que se colocam “atrás do fogo”. Esclareça-se que o “madeiro” é um grosso barrote de azinho, e que “atrás do fogo” significa colocar esse toro de lenha atrás da grelha do fogo vivo, encostado ao espelho da lareira, fazendo-o assim arder muito lentamente e 
O lenho no adro da igreja, desenho alegórico de traço artístico 
Lareira de casa abastada com os tradicionais madeiros de azinho
Natal algarvio perdeu tradições 
5 
apenas com o calor irradiado pelo lume. Deste modo transforma-se num enorme braseiro de fogo lento, que se mantém incandescente durante o dia, mantendo a casa quente. À noite reacende-se a lareira, mas sempre evitando que o “madeiro” entre em contacto com o fogo. Reza a tradição local que os rapazes solteiros – para no ano que se avizinha serem bafejados pela sorte – têm que durante a noite visitar nove “madeiros”, comendo filhós e bebendo vinho novo. Mas hoje já poucas casas se podem dar ao luxo de receber tanta gente e de ter uma lareira permanentemente acesa durante todos esses dias. Por outro lado, existem hoje modernos caloríferos para combater o frio, e poucas são as novas habitações que possuem fogão de sala. 
De qualquer modo, dizem os mais velhos que, quando o “madeiro” não chega a consumir-se inteiramente até ao Dia de Reis, deve-se partir o que resta em pequenos pedaços que nos dias de tempestade se voltam a acender para atrair a protecção divina, evitando-se assim que algum raio fulmine o lar. Além disso, os antigos também diziam que o Natal era a festa da lareira ou do fogo sagrado, pelo que quanto maior fosse o “madeiro” e quanto mais tempo durasse a sua lenta incineração, maior e mais saudável seria a seara, ou seja, mais profícua e frutuosa poderia vir a ser a próxima safra agrícola. Curiosa é, porém, a vetusta crença dos serrenhos algarvios de que dá mau agoiro não comer bolotas nem castanhas nas vésperas de Natal. 
A entronização do Menino Jesus 
O presépio é uma tradição inalterável – ultimamente misturado com o pinheirinho pagão, introduzido nos lares serrenhos pelas novas gerações. Toda a gente monta o seu presépio, com mais ou menos figuras e adereços naturais, conforme as possibilidades de cada lar. Nas novas habitações e bairros sociais vê-se uma crescente subalternização do presépio, por figurar debaixo do incaracterístico e pouco católico “pinheirinho”, às vezes feito em plástico, enfeitado com luminosos e musicais conjuntos elétricos. 
Nos lares mais antigos, porém, “entroniza-se o Menino” numa espécie de altar, em forma de peanha com três a cinco andares, que as moças solteiras constroem sobre uma mesa (ou no 
Trono do Menino Jesus, tradicional presépio algarvio
Natal algarvio perdeu tradições 
6 
próprio chão da sala), sobrepondo várias gavetas invertidas e de tamanhos sucessivamente menores, cobertas de níveas toalhas de linho, enfeitadas com pequenas luminárias de azeite (hoje substituídas por lamparinas de cera), frutos secos e frescos de diferentes cores e feitios, bonecos alegóricos à quadra natalícia e as tradicionais “searas”. Convém esclarecer que estas “searas”, com um significado simbólico de ancestral origem, obtêm-se colocando em pequenos recipientes uma porção de cereais, geralmente trigo, cevada, lentilhas, grãos ou centeio, mergulhados em água, que passados alguns dias germinam e crescem com colorações de um verde vivo que vai amarelando suavemente, semelhante aos das verdadeiras cearas de trigo. No último degrau desta curiosíssima pirâmide impõe-se a figura do Menino Jesus, emoldurado pela luz radiante das lamparinas e de todo aquele conjunto de frutos e searas, numa mescla entronização do Divino com o Natural. É em volta do trono do Menino Jesus que os mais jovens entoam alguns cânticos bastante peculiares: 
O meu menino Jesus 
Está lá alto na tribuna; 
Está pedindo à sua mãe 
Que nos dê muita fortuna. 
Eu vim ver este presépio, 
Qual será o meu destino, 
Por ser noite de ano bom, 
Venho cantar ao Menino. 
Hei-de dar ao Menino 
Quatro, cinco, nove, seis, 
E uma camisinha fina 
P’ra vestir Dia de Reis. 
Hei-de dar ao Menino 
Um galão pra cintura; 
Que ele também me há-de dar 
Um lugar na sepultura. 
A Ceia de Natal 
Junto ao presépio costuma montar-se a mesa para a ceia de Natal, a que também chamam na cidade a noite da Consoada, que ocorre na transição de 24 para 25 de Dezembro. Janta-se tarde, porque o dia ocupou-se com a decoração da mesa e a preparação das iguarias natalícias, especialmente os 
Sagrada Família em terracota, arte popular
Natal algarvio perdeu tradições 
7 
doces, que são o deleite das crianças. É a chamada noite feliz, a apoteose da família, a glorificação do Menino Jesus. 
Na mesa de Natal dispõem-se pratinhos de enchidos cortados às rodelas, de fatias de presunto e de carnes frias; mais atrás ficam as canastrinhas de pinhões, de amêndoas, de figos torrados, de avelãs, de nozes e de estrelas de figo; mais perto dos limites da mesa desfilam então os bolos de mel, as filhós, os sonhos ou brinhóis, as fatias douradas, as empanadilhas de batata-doce, os queijinhos de figo e os de amêndoa, os dons-rodrigos, e, ao centro, os vinhos espirituosos e a saborosa medronheira algarvia. Os vinhos da adega da casa, ou comprados ao lavrador a garrafão, serão depois servidos em jarro de vidro incolor para acompanhar a ceia. 
Ao contrário do bacalhau nortenho, do peru da cidade, do polvo do litoral ou das ameijoas com carne de porco do interior, aqui na serra algarvia come-se um anafado galo, escolhido alguns meses atrás para ser “tratado”, leia-se engordado. Desde logo fica marcado como o “Galo do Natal”, merecendo por isso cuidados especiais. Todavia, nas casas mais ricas e opulentas, cujas famílias são mais numerosas, costuma-se matar um porco, cuja carne é cuidadosamente repartida, salgada ou defumada, para que dure até à Quaresma. 
Durante a noite, ou depois da consoada, alguns grupos de rapazes reúnem-se no adro da igreja para percorrerem a aldeia a cantar de casa em casa, até à hora da Missa do Galo. Entretanto, os chefes das famílias mais abastadas da freguesia dirigem- se para a Igreja onde apresentam os votos de Natal ao pároco, oferecendo donativos em dinheiro ou em géneros para a caridade e valimento dos pobres. À meia-noite celebra-se a Missa do Galo, cujo templo foi previamente decorado pelas senhoras mais piedosas e mais conceituadas da aldeia, com flores e outros adornos naturais, que conferem odoríferas colorações em torno do presépio popular, sobre o qual, aliás, se concentram todas as atenções. No fim da Missa, o pároco dá o Menino- Jesus a beijar aos 
O tradicional polvo de natal à algarvia 
A Missa do Galo é tradicional na Igreja de S.Brás d'Alportel
Natal algarvio perdeu tradições 
8 
fiéis, regressando depois todos a casa, com os mais novos a cantarolar algumas quadras alusivas à época. Por vezes, os moços solteiros reúnem-se no largo da aldeia em volta de uma crepitosa fogueira, com um enorme madeiro de azinho em brasa, irradiante de calor, em volta do qual cantam e dançam improvisados corridinhos. É claro que o calor da fogueira não faz dispensar o ardor da medronheira nem a energia das azevias de batata-doce, que os casais mais velhos trazem para oferecer aos jovens, de todas as idades. 
No dia seguinte, come-se o que sobrou da noite da consoada, voltando-se a reunir a família, porém a alegria é bastante menor. Nas localidades da faixa litoral algarvia, especialmente nos bairros de pescadores, come-se pelo Natal o célebre “litão” ou peixe de cor, que é muito concretamente um cação ou uma moreia previamente corado, seco, à soleira da porta. Este costume ainda hoje se mantém em muitos lares e restaurantes de Olhão e de Portimão. 
Na Passagem de Ano a festa é semelhante à do Natal, embora muito mais alegre, marcada por frequentes libações e bailaricos, que os mais jovens organizam nas sociedades recreativas ou nos clubes populares. As janeiras ou charolas são a manifestação mais castiça desta época, e também a mais característica do povo algarvio. No Dia de Reis era costume fazer-se o bolo-rei, cuja elaboração difere muito daquele a que já nos habituamos a consumir durante toda a quadra natalícia. As tradicionais janeiras ou reisadas cantavam-se pela última vez, encerrando-se deste modo o mais belo período festivo do ano. 
Presentemente, nas cidades do litoral algarvio já não existem quaisquer manifestações populares que identifiquem aquilo a que poderíamos chamar um “Natal autêntico”, isto é, um Natal genuinamente algarvio. As tradições esbateram-se com o evoluir dos tempos, de uma forma irrecuperável, perdendo-se assim os usos e costumes de antanho, que emprestavam sensibilidade e afecto ao peculiar Natal algarvio. 
Hoje, o Natal é de cada um, nunca de todos, e cada vez menos do Algarve. 
(artigo publicado no suplemento de Natal do matutino lisboeta «Diário de Notícias», em 24-12-1985) 
Azevias, bolinhóis, estrelas de figo e torta de amêndoa 
Os tradicionais bolinhos de massapão, feitos com amêndoa e recheio de ovos

Más contenido relacionado

La actualidad más candente

A noite de natal lp
A noite de natal lpA noite de natal lp
A noite de natal lp
Teresa Maia
 
Halloween ou pao por-deus 7 f
Halloween ou pao por-deus 7 fHalloween ou pao por-deus 7 f
Halloween ou pao por-deus 7 f
Madalena Relvão
 
Jornal aliança nº 180 outubro 2014
Jornal aliança nº 180 outubro 2014Jornal aliança nº 180 outubro 2014
Jornal aliança nº 180 outubro 2014
mcj2013
 

La actualidad más candente (16)

Capítulo 2
Capítulo 2Capítulo 2
Capítulo 2
 
A BORBOLETA QUE DANÇOU DE MESTRA
A BORBOLETA QUE DANÇOU DE MESTRAA BORBOLETA QUE DANÇOU DE MESTRA
A BORBOLETA QUE DANÇOU DE MESTRA
 
O natal em portugal
O natal em portugalO natal em portugal
O natal em portugal
 
Natal do Coração 2010 - Santa Maria / RS / Brasil
Natal do Coração 2010 - Santa Maria / RS / BrasilNatal do Coração 2010 - Santa Maria / RS / Brasil
Natal do Coração 2010 - Santa Maria / RS / Brasil
 
A noite de natal lp
A noite de natal lpA noite de natal lp
A noite de natal lp
 
Dezembro 2010 graça
Dezembro 2010 graçaDezembro 2010 graça
Dezembro 2010 graça
 
A Clave - Abril de 2014
A Clave - Abril de 2014A Clave - Abril de 2014
A Clave - Abril de 2014
 
Pascoa
PascoaPascoa
Pascoa
 
Pão por deus
Pão por deusPão por deus
Pão por deus
 
Halloween ou pao por-deus 7 f
Halloween ou pao por-deus 7 fHalloween ou pao por-deus 7 f
Halloween ou pao por-deus 7 f
 
A clave dezembro 11
A clave dezembro 11A clave dezembro 11
A clave dezembro 11
 
GRALHA AZUL No. 41 Dezembro 2013
GRALHA AZUL No. 41 Dezembro 2013GRALHA AZUL No. 41 Dezembro 2013
GRALHA AZUL No. 41 Dezembro 2013
 
Numeros Nicolinos
Numeros NicolinosNumeros Nicolinos
Numeros Nicolinos
 
Jornal aliança nº 180 outubro 2014
Jornal aliança nº 180 outubro 2014Jornal aliança nº 180 outubro 2014
Jornal aliança nº 180 outubro 2014
 
Cultura catarinense
Cultura catarinenseCultura catarinense
Cultura catarinense
 
Bom jesus nos meus tempos de crianca
Bom jesus nos meus  tempos de criancaBom jesus nos meus  tempos de crianca
Bom jesus nos meus tempos de crianca
 

Destacado

Cài đặt android ảo
Cài đặt android ảoCài đặt android ảo
Cài đặt android ảo
Nguyen Stone
 
107歷月年二氧化硫一氧化碳ev
107歷月年二氧化硫一氧化碳ev107歷月年二氧化硫一氧化碳ev
107歷月年二氧化硫一氧化碳ev
Mark Wu
 
Arreyadi - Toyota 2014 Banners
Arreyadi - Toyota 2014 BannersArreyadi - Toyota 2014 Banners
Arreyadi - Toyota 2014 Banners
imsholding
 
「簡樸‧回歸自然」─ 一天五善、力行減碳
「簡樸‧回歸自然」─ 一天五善、力行減碳「簡樸‧回歸自然」─ 一天五善、力行減碳
「簡樸‧回歸自然」─ 一天五善、力行減碳
惠玉 倪
 
Presentation c group_2013_a
Presentation c group_2013_aPresentation c group_2013_a
Presentation c group_2013_a
windandsun
 
121結離婚再婚率ev
121結離婚再婚率ev121結離婚再婚率ev
121結離婚再婚率ev
Mark Wu
 
選對池塘釣大魚
選對池塘釣大魚選對池塘釣大魚
選對池塘釣大魚
goriko
 
ドラッカーSkype勉強会 第四週課題
ドラッカーSkype勉強会 第四週課題ドラッカーSkype勉強会 第四週課題
ドラッカーSkype勉強会 第四週課題
imocchi
 
Mel20130626 10key
Mel20130626 10keyMel20130626 10key
Mel20130626 10key
youwatari
 
Seri kota-question
Seri kota-questionSeri kota-question
Seri kota-question
AyuMohamad
 

Destacado (18)

Mascot soho group_ppt
Mascot soho group_pptMascot soho group_ppt
Mascot soho group_ppt
 
Diabetes UK Roadshow slideshow
Diabetes UK Roadshow slideshowDiabetes UK Roadshow slideshow
Diabetes UK Roadshow slideshow
 
Live800の導入【招待ウィンドウ編】
Live800の導入【招待ウィンドウ編】Live800の導入【招待ウィンドウ編】
Live800の導入【招待ウィンドウ編】
 
Cài đặt android ảo
Cài đặt android ảoCài đặt android ảo
Cài đặt android ảo
 
107歷月年二氧化硫一氧化碳ev
107歷月年二氧化硫一氧化碳ev107歷月年二氧化硫一氧化碳ev
107歷月年二氧化硫一氧化碳ev
 
Arreyadi - Toyota 2014 Banners
Arreyadi - Toyota 2014 BannersArreyadi - Toyota 2014 Banners
Arreyadi - Toyota 2014 Banners
 
로잔언약1974
로잔언약1974로잔언약1974
로잔언약1974
 
「簡樸‧回歸自然」─ 一天五善、力行減碳
「簡樸‧回歸自然」─ 一天五善、力行減碳「簡樸‧回歸自然」─ 一天五善、力行減碳
「簡樸‧回歸自然」─ 一天五善、力行減碳
 
Presentation c group_2013_a
Presentation c group_2013_aPresentation c group_2013_a
Presentation c group_2013_a
 
100712 本ゼミプレゼン資料完成版
100712 本ゼミプレゼン資料完成版100712 本ゼミプレゼン資料完成版
100712 本ゼミプレゼン資料完成版
 
121結離婚再婚率ev
121結離婚再婚率ev121結離婚再婚率ev
121結離婚再婚率ev
 
2010 06
2010 062010 06
2010 06
 
選對池塘釣大魚
選對池塘釣大魚選對池塘釣大魚
選對池塘釣大魚
 
2014 11-05 egaota
2014 11-05 egaota2014 11-05 egaota
2014 11-05 egaota
 
ドラッカーSkype勉強会 第四週課題
ドラッカーSkype勉強会 第四週課題ドラッカーSkype勉強会 第四週課題
ドラッカーSkype勉強会 第四週課題
 
Mel20130626 10key
Mel20130626 10keyMel20130626 10key
Mel20130626 10key
 
Seri kota-question
Seri kota-questionSeri kota-question
Seri kota-question
 
Eahae 2008 - presentation
Eahae 2008 - presentationEahae 2008 - presentation
Eahae 2008 - presentation
 

Similar a Natal algarvio perdeu tradições

O Natal na ilha da Madeira
O Natal na ilha da MadeiraO Natal na ilha da Madeira
O Natal na ilha da Madeira
TeresaSousa
 
A minha aldeia, ontem e hoje (1)
A minha aldeia, ontem e hoje (1)A minha aldeia, ontem e hoje (1)
A minha aldeia, ontem e hoje (1)
Patriben
 
A minha aldeia, ontem e hoje (1)
A minha aldeia, ontem e hoje (1)A minha aldeia, ontem e hoje (1)
A minha aldeia, ontem e hoje (1)
Patriben
 
A minha aldeia, ontem e hoje (1)
A minha aldeia, ontem e hoje (1)A minha aldeia, ontem e hoje (1)
A minha aldeia, ontem e hoje (1)
Patriben
 
Importância Cultural das Refeições
Importância Cultural das RefeiçõesImportância Cultural das Refeições
Importância Cultural das Refeições
comerontemehoje
 
A minha aldeia, ontem e hoje (1)
A minha aldeia, ontem e hoje (1)A minha aldeia, ontem e hoje (1)
A minha aldeia, ontem e hoje (1)
Patriben
 
A minha aldeia, ontem e hoje (1)
A minha aldeia, ontem e hoje (1)A minha aldeia, ontem e hoje (1)
A minha aldeia, ontem e hoje (1)
Patriben
 
Reismagos historia e lenda bolo rei
Reismagos historia e lenda bolo reiReismagos historia e lenda bolo rei
Reismagos historia e lenda bolo rei
labeques
 

Similar a Natal algarvio perdeu tradições (20)

O Natal na Voz do Povo 5
O Natal na Voz do Povo 5O Natal na Voz do Povo 5
O Natal na Voz do Povo 5
 
Tradições Portuguesas de Natal - Artur Filipe dos Santos
Tradições Portuguesas de Natal - Artur Filipe dos SantosTradições Portuguesas de Natal - Artur Filipe dos Santos
Tradições Portuguesas de Natal - Artur Filipe dos Santos
 
Apresentação joana...
Apresentação joana...Apresentação joana...
Apresentação joana...
 
Tradiçoes Madeirenses João Tomás 4ºA
Tradiçoes Madeirenses João Tomás 4ºATradiçoes Madeirenses João Tomás 4ºA
Tradiçoes Madeirenses João Tomás 4ºA
 
Festas e romarias do norte de portugal
Festas e romarias do norte de portugalFestas e romarias do norte de portugal
Festas e romarias do norte de portugal
 
O Natal na ilha da Madeira
O Natal na ilha da MadeiraO Natal na ilha da Madeira
O Natal na ilha da Madeira
 
TradiçõEs De Natal
TradiçõEs De NatalTradiçõEs De Natal
TradiçõEs De Natal
 
Espanha
EspanhaEspanha
Espanha
 
A minha aldeia, ontem e hoje (1)
A minha aldeia, ontem e hoje (1)A minha aldeia, ontem e hoje (1)
A minha aldeia, ontem e hoje (1)
 
A minha aldeia, ontem e hoje (1)
A minha aldeia, ontem e hoje (1)A minha aldeia, ontem e hoje (1)
A minha aldeia, ontem e hoje (1)
 
A minha aldeia, ontem e hoje (1)
A minha aldeia, ontem e hoje (1)A minha aldeia, ontem e hoje (1)
A minha aldeia, ontem e hoje (1)
 
555 an 24 dezembro_2015.ok
555 an 24 dezembro_2015.ok555 an 24 dezembro_2015.ok
555 an 24 dezembro_2015.ok
 
Tradições de natal
Tradições de natalTradições de natal
Tradições de natal
 
Tradições de natal
Tradições de natalTradições de natal
Tradições de natal
 
O Natal na Voz do Povo 2
O Natal na Voz do Povo 2O Natal na Voz do Povo 2
O Natal na Voz do Povo 2
 
Importância Cultural das Refeições
Importância Cultural das RefeiçõesImportância Cultural das Refeições
Importância Cultural das Refeições
 
Halloween para os cristaos (portugues)pptx
Halloween para os cristaos   (portugues)pptxHalloween para os cristaos   (portugues)pptx
Halloween para os cristaos (portugues)pptx
 
A minha aldeia, ontem e hoje (1)
A minha aldeia, ontem e hoje (1)A minha aldeia, ontem e hoje (1)
A minha aldeia, ontem e hoje (1)
 
A minha aldeia, ontem e hoje (1)
A minha aldeia, ontem e hoje (1)A minha aldeia, ontem e hoje (1)
A minha aldeia, ontem e hoje (1)
 
Reismagos historia e lenda bolo rei
Reismagos historia e lenda bolo reiReismagos historia e lenda bolo rei
Reismagos historia e lenda bolo rei
 

Más de José Mesquita

Loulé no contexto político e socioeconómico das Lutas Liberais
Loulé no contexto político e socioeconómico das Lutas LiberaisLoulé no contexto político e socioeconómico das Lutas Liberais
Loulé no contexto político e socioeconómico das Lutas Liberais
José Mesquita
 
Felipa de Sousa, algarvia condenada na Inquisição pelo "pecado nefando da sod...
Felipa de Sousa, algarvia condenada na Inquisição pelo "pecado nefando da sod...Felipa de Sousa, algarvia condenada na Inquisição pelo "pecado nefando da sod...
Felipa de Sousa, algarvia condenada na Inquisição pelo "pecado nefando da sod...
José Mesquita
 
História das Pescas em Tavira
História das Pescas em TaviraHistória das Pescas em Tavira
História das Pescas em Tavira
José Mesquita
 
Da extinção à restauração do concelho de Aljezur
Da extinção à restauração do concelho de AljezurDa extinção à restauração do concelho de Aljezur
Da extinção à restauração do concelho de Aljezur
José Mesquita
 
O órgão da sé de faro
O órgão da sé de faroO órgão da sé de faro
O órgão da sé de faro
José Mesquita
 

Más de José Mesquita (20)

O ódio nacionalista ao rei D. Pedro IV.pdf
O ódio nacionalista ao rei D. Pedro IV.pdfO ódio nacionalista ao rei D. Pedro IV.pdf
O ódio nacionalista ao rei D. Pedro IV.pdf
 
As instituições reguladoras da Fazenda Pública no Algarve nos primórdios do l...
As instituições reguladoras da Fazenda Pública no Algarve nos primórdios do l...As instituições reguladoras da Fazenda Pública no Algarve nos primórdios do l...
As instituições reguladoras da Fazenda Pública no Algarve nos primórdios do l...
 
O Terror Miguelista no Algarve - perseguição e devassa
O Terror Miguelista no Algarve - perseguição e devassaO Terror Miguelista no Algarve - perseguição e devassa
O Terror Miguelista no Algarve - perseguição e devassa
 
O primeiro relógio público de Lagoa, adquirido em 1828
O primeiro relógio público de Lagoa, adquirido em 1828O primeiro relógio público de Lagoa, adquirido em 1828
O primeiro relógio público de Lagoa, adquirido em 1828
 
José Carlos Vilhena Mesquita, As minhas memórias académicas e cívicas com o P...
José Carlos Vilhena Mesquita, As minhas memórias académicas e cívicas com o P...José Carlos Vilhena Mesquita, As minhas memórias académicas e cívicas com o P...
José Carlos Vilhena Mesquita, As minhas memórias académicas e cívicas com o P...
 
Loulé no contexto político e socioeconómico das Lutas Liberais
Loulé no contexto político e socioeconómico das Lutas LiberaisLoulé no contexto político e socioeconómico das Lutas Liberais
Loulé no contexto político e socioeconómico das Lutas Liberais
 
Felipa de Sousa, algarvia condenada na Inquisição pelo "pecado nefando da sod...
Felipa de Sousa, algarvia condenada na Inquisição pelo "pecado nefando da sod...Felipa de Sousa, algarvia condenada na Inquisição pelo "pecado nefando da sod...
Felipa de Sousa, algarvia condenada na Inquisição pelo "pecado nefando da sod...
 
A Banha da Cobra - uma patranha com história
A Banha da Cobra - uma patranha com históriaA Banha da Cobra - uma patranha com história
A Banha da Cobra - uma patranha com história
 
Para a História da Saúde no Algarve. As epidemias do cólera-mórbus no século XIX
Para a História da Saúde no Algarve. As epidemias do cólera-mórbus no século XIXPara a História da Saúde no Algarve. As epidemias do cólera-mórbus no século XIX
Para a História da Saúde no Algarve. As epidemias do cólera-mórbus no século XIX
 
Cenótáfio do bispo D. António Pereira da Silva na Sé de Faro
Cenótáfio do bispo D. António Pereira da Silva na Sé de FaroCenótáfio do bispo D. António Pereira da Silva na Sé de Faro
Cenótáfio do bispo D. António Pereira da Silva na Sé de Faro
 
Sagres um lugar na história e no património universal
Sagres um lugar na história e no património universalSagres um lugar na história e no património universal
Sagres um lugar na história e no património universal
 
Encanamento da barra de Tavira
Encanamento da barra de TaviraEncanamento da barra de Tavira
Encanamento da barra de Tavira
 
Breve ensaio geo-económico sobre o Algarve na primeira metade do séc. XIX
Breve ensaio geo-económico sobre o Algarve na primeira metade do séc. XIXBreve ensaio geo-económico sobre o Algarve na primeira metade do séc. XIX
Breve ensaio geo-económico sobre o Algarve na primeira metade do séc. XIX
 
Salazar e Duarte Pacheco não ouviam a mesma música
Salazar e Duarte Pacheco não ouviam a mesma músicaSalazar e Duarte Pacheco não ouviam a mesma música
Salazar e Duarte Pacheco não ouviam a mesma música
 
História das Pescas em Tavira
História das Pescas em TaviraHistória das Pescas em Tavira
História das Pescas em Tavira
 
O Remexido e a resistência miguelista no Algarve
O Remexido e a resistência miguelista no AlgarveO Remexido e a resistência miguelista no Algarve
O Remexido e a resistência miguelista no Algarve
 
Da extinção à restauração do concelho de Aljezur
Da extinção à restauração do concelho de AljezurDa extinção à restauração do concelho de Aljezur
Da extinção à restauração do concelho de Aljezur
 
Quem foi Silvio Pellico
Quem foi Silvio PellicoQuem foi Silvio Pellico
Quem foi Silvio Pellico
 
O órgão da sé de faro
O órgão da sé de faroO órgão da sé de faro
O órgão da sé de faro
 
A Juventude e a Educação - da política da cigarra ao sacrifício da formiga
A Juventude e a Educação - da política da cigarra ao sacrifício da formigaA Juventude e a Educação - da política da cigarra ao sacrifício da formiga
A Juventude e a Educação - da política da cigarra ao sacrifício da formiga
 

Último

PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
HELENO FAVACHO
 
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptxResponde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
AntonioVieira539017
 
SSE_BQ_Matematica_4A_SR.pdfffffffffffffffffffffffffffffffffff
SSE_BQ_Matematica_4A_SR.pdfffffffffffffffffffffffffffffffffffSSE_BQ_Matematica_4A_SR.pdfffffffffffffffffffffffffffffffffff
SSE_BQ_Matematica_4A_SR.pdfffffffffffffffffffffffffffffffffff
NarlaAquino
 
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesRevolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
FabianeMartins35
 
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptxTeoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
TailsonSantos1
 
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
PatriciaCaetano18
 
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
tatianehilda
 
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
marlene54545
 

Último (20)

E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
 
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxSlides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
 
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptx
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptxCartão de crédito e fatura do cartão.pptx
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptx
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
 
migração e trabalho 2º ano.pptx fenomenos
migração e trabalho 2º ano.pptx fenomenosmigração e trabalho 2º ano.pptx fenomenos
migração e trabalho 2º ano.pptx fenomenos
 
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptxResponde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
 
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdfPROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
 
Slides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptx
Slides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptxSlides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptx
Slides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptx
 
SSE_BQ_Matematica_4A_SR.pdfffffffffffffffffffffffffffffffffff
SSE_BQ_Matematica_4A_SR.pdfffffffffffffffffffffffffffffffffffSSE_BQ_Matematica_4A_SR.pdfffffffffffffffffffffffffffffffffff
SSE_BQ_Matematica_4A_SR.pdfffffffffffffffffffffffffffffffffff
 
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.pptaula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
 
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesRevolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
 
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfCurrículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
 
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptxTeoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
 
O PLANETA TERRA E SEU SATÉLITE NATURAL - LUA
O PLANETA TERRA E SEU SATÉLITE NATURAL - LUAO PLANETA TERRA E SEU SATÉLITE NATURAL - LUA
O PLANETA TERRA E SEU SATÉLITE NATURAL - LUA
 
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
 
Araribá slides 9ano.pdf para os alunos do medio
Araribá slides 9ano.pdf para os alunos do medioAraribá slides 9ano.pdf para os alunos do medio
Araribá slides 9ano.pdf para os alunos do medio
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaPROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
 
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
 
Estudar, para quê? Ciência, para quê? Parte 1 e Parte 2
Estudar, para quê?  Ciência, para quê? Parte 1 e Parte 2Estudar, para quê?  Ciência, para quê? Parte 1 e Parte 2
Estudar, para quê? Ciência, para quê? Parte 1 e Parte 2
 
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
 

Natal algarvio perdeu tradições

  • 1. Natal algarvio perdeu tradições José Carlos Vilhena Mesquita Dificilmente se encontram hoje no Algarve os resquícios da antiga festa natalícia genuinamente regional. Até mesmo nos lugares mais recônditos da serra algarvia se esbateram as tradições de antanho, apesar de em toda a região não ser estranha a alegria que a verdadeira festa do lar traduz no espírito da família. O que hoje se celebra, em todo o país, é um Natal estereotipado, um decalque euro-americano da festa da família, que oscila entre o presépio católico e o pinheirinho protestante, entre o bacalhau dos pobres e o peru dos ricos. Em boa verdade, Natal minhoto, Natal transmontano, Natal beirão ou Natal algarvio, todos têm um denominador comum: a celebração de uma festa religiosa com características muito íntimas e peculiares, durante a qual se reúne a família numa verdadeira apoteose dos seus naturais continuadores – as crianças. O Natal é, por excelência, a Festa da Família, representada na criança, tida como natural prolongamento da estirpe e da linhagem, uma espécie de personificação da Esperança e do Futuro Os presentes, que no início da nossa Era serviram para homenagear o Deus- Menino, são hoje metaforicamente os mesmos (salvo as devidas distâncias e óbvias proporções do avanço civilizacional/tecnológico), pois que em si traduzem a felicidade do lar, a paz e a amizade entre os homens. Os presentes simbolizam, em suma, um gesto de homenagem àqueles que mais amamos. Por isso, Natal sem consoada, presépio e prendas, não é Natal. E estas são, sem sombra para dúvidas, as características mais gerais da festa natalícia, que progressivamente se tornou pertença do património universal de todas as raças, culturas e civilizações, até mesmo das que coexistem alheias ao cristianismo. Verifica-se, porém, que as ascendências culturais, resultantes duma certa heterogeneidade geomorfológica de insondável ancestralidade, influíram as celebrações religiosas com manifestações populares, que, de algum modo, as diferenciavam, criando-lhes uma individualidade algo estranha e curiosa. Com o seu estudo se preocuparam, há décadas atrás, reputados etnólogos e antropólogos, que publicaram importantes obras, que são hoje referências incontornáveis. Não previam, todavia, que se pudesse operar com o tempo um Imagem estereotipada da Ceia de Natal em casa abastada
  • 2. Natal algarvio perdeu tradições 2 evolutivo esvaziamento das tradições, para o qual parece estar a contribuir um hodierno progresso tecnológico, emanado de uma sociedade consumista, e de um mercantilismo alienante, que tende a estandardizar as próprias raízes culturais dos povos cristãos. O conservadorismo etnográfico, a reserva do tradicional, assume-se hoje aos olhos cosmopolitas como sintoma de atraso civilizacional. A mundialização do pinheiro escandinavo e do Pai Natal normando superaram, por observância da normalização comercial, os padrões culturais e as manifestações populares do Natal latino, esse sim, genuinamente cristão e profundamente visigótico. De tal forma assim é que o Natal secularizou-se para dar lugar a uma festa social, altamente vulgarizada, profundamente dependente duma indústria de mercado, que a força persuasora da publicidade e dos meios audiovisuais de comunicação tem vindo a banalizar. Mesmo assim, apesar de todas as atrocidades etnográficas a que impavidamente temos vindo a assistir, o Natal é, e será sempre, a festa do lar e da família, a apoteose da criança, e um hino de paz que apela à fraternidade humana. À procura do Natal algarvio Tal como antes afirmamos, não existe hoje propriamente um Natal algarvio, contudo tempos houve em que as manifestações natalícias se transformavam em verdadeiras festas da comunidade, variando de região para região, às vezes mesmo de concelho para concelho. Nos “montes”, nos lugares da serra e nas pequenas freguesias rurais, era evidente o sentimento de solidariedade e de confraternização entre os seus membros, ao qual o espírito religioso emprestava uma forte consistência. Era, curiosamente, uma festa deambulatória, se assim se lhe pode chamar, usando o lar e a igreja como balizas duma intercomunicabilidade fraternal em que as velhas desavenças e incompatibilidades se desfaziam num amplexo Lareira tradicional nas casas agrícolas da serra algarvia Pinheiro de Natal (Forum Algarve), Faro
  • 3. Natal algarvio perdeu tradições 3 que o respetivo pároco se esforçava por estreitar. Nas terras do interior serrenho, emolduradas num luminoso cenário de azul-cobalto, faltava-lhes a neve ou o frio enregelante capaz de reter as suas gentes no aconchego da cálida lareira. Era por isso que as famílias se visitavam, os mais jovens percorriam as ruas a visitar os lares mais queridos e também os mais abastados, comendo, aqui e ali, deliciosos pastéis de mel e provando espirituosos vinhos. A bondosa inocência do serrenho algarvio impregnava o Natal de um calor humano verdadeiramente inigualável. Na esperança de encontrarmos a chama ardente desse passado, e das genuínas manifestações culturais natalícias, deslocámo-nos até ao vasto e recôndito concelho de São Brás de Alportel, que se espraia, algo perdido e quase esquecido, pela serra algarvia, cujos lugarejos percorremos ao sabor e à aventura de seculares caminhos. Conversámos com vários anciãos de provecta idade, em diferentes “montes” e em esconsos sítios, mas também falámos com pessoas instruídas e até com alguns jovens, que nesta quadra retornam às suas origens familiares para passarem as suas férias natalícias. No cômputo desse ligeiro inquérito, verificamos que as tradições antigas já se perderam, e que na sua maioria são já irrecuperáveis; que a juventude pouco se interessa com o passado e que despreza as tradições etnográficas; que a televisão, pela sua massificação telenovelesca, faz reter as pessoas em casa e retira o convívio social, perdendo-se também o diálogo familiar em torno da lareira, durante o qual se transmitiam aos jovens as estórias do romanceiro popular; que a carestia de vida exterminou quase por completo as visitas aos lares para estreitar relações, trocar conhecimentos agrícolas e acertar preços para a venda dos seus produtos… Mais consensual entre as diferentes gerações é a ideia de o Natal ser a época em que se recebem presentes, sendo, enfim, a consoada uma noite especialmente feliz, mas muito menos alegre do que a noite da Passagem de Ano. Todavia, algo permanece ainda desse passado, para uns tão longínquo, para outros tão saudosamente presente, sobretudo na memória dos mais idosos. Mantém-se nos moldes de antanho a Ceia de Natal, assim como a gastronomia tradicional, a reunião da família, o presépio e os grupos de cantadores populares, a que chamam «charolas», sendo designados por «charoleiros» os seus diversos membros, que animam as noites frias das janeiras e das reisadas. O madeiro de Natal ardendo no átrio da igreja, tradição popular que é comum a todo o país
  • 4. Natal algarvio perdeu tradições 4 A tradição do “madeiro” de Natal O dia de Natal continua a ser, de forma insofismável, o dia da Família, cujos diversos membros se reúnem na casa dos pais, do filho mais velho ou do irmão mais “remediado”. Curiosamente, há certos sítios da serra onde ainda ouvimos falar dos Morgados, termo que serve para designar os indivíduos mais ricos, em cujos lares se fazem lautas ceias de vários pratos, imensa doçaria e animada festa, para a qual costumam também convidar o pároco. Durante a noite da consoada a animação nos lares serrenhos faz-se de diversas formas, conforme os hábitos e instrução dos membros da família; uns jogam às cartas, outros contam histórias antigas, revivem a memória dos antepassados, cantam velhas modinhas, até chegar o momento crucial da distribuição prendas. Nessa altura começa-se pelos mais velhos, dão-se beijos, abraços e sonoras risadas, os avós e os pais tornam-se o centro das atenções. Seguem-se depois os filhos e os netos, que em certos lares perfazem numeroso grupo. Costuma também ver-se nas aldeias da serra algarvia muitas viaturas de emigrantes, que apressadamente regressam aos seus lares de origem, para confraternizarem e reunirem-se com a família. A necessidade de afirmação do seu sucesso económico leva- os, por vezes, a realizarem ruidosas festas a que não faltam os acostumados foguetes. Nos lares mais tradicionais, com antigas lareiras, queimam- se grossos “madeiros” que se colocam “atrás do fogo”. Esclareça-se que o “madeiro” é um grosso barrote de azinho, e que “atrás do fogo” significa colocar esse toro de lenha atrás da grelha do fogo vivo, encostado ao espelho da lareira, fazendo-o assim arder muito lentamente e O lenho no adro da igreja, desenho alegórico de traço artístico Lareira de casa abastada com os tradicionais madeiros de azinho
  • 5. Natal algarvio perdeu tradições 5 apenas com o calor irradiado pelo lume. Deste modo transforma-se num enorme braseiro de fogo lento, que se mantém incandescente durante o dia, mantendo a casa quente. À noite reacende-se a lareira, mas sempre evitando que o “madeiro” entre em contacto com o fogo. Reza a tradição local que os rapazes solteiros – para no ano que se avizinha serem bafejados pela sorte – têm que durante a noite visitar nove “madeiros”, comendo filhós e bebendo vinho novo. Mas hoje já poucas casas se podem dar ao luxo de receber tanta gente e de ter uma lareira permanentemente acesa durante todos esses dias. Por outro lado, existem hoje modernos caloríferos para combater o frio, e poucas são as novas habitações que possuem fogão de sala. De qualquer modo, dizem os mais velhos que, quando o “madeiro” não chega a consumir-se inteiramente até ao Dia de Reis, deve-se partir o que resta em pequenos pedaços que nos dias de tempestade se voltam a acender para atrair a protecção divina, evitando-se assim que algum raio fulmine o lar. Além disso, os antigos também diziam que o Natal era a festa da lareira ou do fogo sagrado, pelo que quanto maior fosse o “madeiro” e quanto mais tempo durasse a sua lenta incineração, maior e mais saudável seria a seara, ou seja, mais profícua e frutuosa poderia vir a ser a próxima safra agrícola. Curiosa é, porém, a vetusta crença dos serrenhos algarvios de que dá mau agoiro não comer bolotas nem castanhas nas vésperas de Natal. A entronização do Menino Jesus O presépio é uma tradição inalterável – ultimamente misturado com o pinheirinho pagão, introduzido nos lares serrenhos pelas novas gerações. Toda a gente monta o seu presépio, com mais ou menos figuras e adereços naturais, conforme as possibilidades de cada lar. Nas novas habitações e bairros sociais vê-se uma crescente subalternização do presépio, por figurar debaixo do incaracterístico e pouco católico “pinheirinho”, às vezes feito em plástico, enfeitado com luminosos e musicais conjuntos elétricos. Nos lares mais antigos, porém, “entroniza-se o Menino” numa espécie de altar, em forma de peanha com três a cinco andares, que as moças solteiras constroem sobre uma mesa (ou no Trono do Menino Jesus, tradicional presépio algarvio
  • 6. Natal algarvio perdeu tradições 6 próprio chão da sala), sobrepondo várias gavetas invertidas e de tamanhos sucessivamente menores, cobertas de níveas toalhas de linho, enfeitadas com pequenas luminárias de azeite (hoje substituídas por lamparinas de cera), frutos secos e frescos de diferentes cores e feitios, bonecos alegóricos à quadra natalícia e as tradicionais “searas”. Convém esclarecer que estas “searas”, com um significado simbólico de ancestral origem, obtêm-se colocando em pequenos recipientes uma porção de cereais, geralmente trigo, cevada, lentilhas, grãos ou centeio, mergulhados em água, que passados alguns dias germinam e crescem com colorações de um verde vivo que vai amarelando suavemente, semelhante aos das verdadeiras cearas de trigo. No último degrau desta curiosíssima pirâmide impõe-se a figura do Menino Jesus, emoldurado pela luz radiante das lamparinas e de todo aquele conjunto de frutos e searas, numa mescla entronização do Divino com o Natural. É em volta do trono do Menino Jesus que os mais jovens entoam alguns cânticos bastante peculiares: O meu menino Jesus Está lá alto na tribuna; Está pedindo à sua mãe Que nos dê muita fortuna. Eu vim ver este presépio, Qual será o meu destino, Por ser noite de ano bom, Venho cantar ao Menino. Hei-de dar ao Menino Quatro, cinco, nove, seis, E uma camisinha fina P’ra vestir Dia de Reis. Hei-de dar ao Menino Um galão pra cintura; Que ele também me há-de dar Um lugar na sepultura. A Ceia de Natal Junto ao presépio costuma montar-se a mesa para a ceia de Natal, a que também chamam na cidade a noite da Consoada, que ocorre na transição de 24 para 25 de Dezembro. Janta-se tarde, porque o dia ocupou-se com a decoração da mesa e a preparação das iguarias natalícias, especialmente os Sagrada Família em terracota, arte popular
  • 7. Natal algarvio perdeu tradições 7 doces, que são o deleite das crianças. É a chamada noite feliz, a apoteose da família, a glorificação do Menino Jesus. Na mesa de Natal dispõem-se pratinhos de enchidos cortados às rodelas, de fatias de presunto e de carnes frias; mais atrás ficam as canastrinhas de pinhões, de amêndoas, de figos torrados, de avelãs, de nozes e de estrelas de figo; mais perto dos limites da mesa desfilam então os bolos de mel, as filhós, os sonhos ou brinhóis, as fatias douradas, as empanadilhas de batata-doce, os queijinhos de figo e os de amêndoa, os dons-rodrigos, e, ao centro, os vinhos espirituosos e a saborosa medronheira algarvia. Os vinhos da adega da casa, ou comprados ao lavrador a garrafão, serão depois servidos em jarro de vidro incolor para acompanhar a ceia. Ao contrário do bacalhau nortenho, do peru da cidade, do polvo do litoral ou das ameijoas com carne de porco do interior, aqui na serra algarvia come-se um anafado galo, escolhido alguns meses atrás para ser “tratado”, leia-se engordado. Desde logo fica marcado como o “Galo do Natal”, merecendo por isso cuidados especiais. Todavia, nas casas mais ricas e opulentas, cujas famílias são mais numerosas, costuma-se matar um porco, cuja carne é cuidadosamente repartida, salgada ou defumada, para que dure até à Quaresma. Durante a noite, ou depois da consoada, alguns grupos de rapazes reúnem-se no adro da igreja para percorrerem a aldeia a cantar de casa em casa, até à hora da Missa do Galo. Entretanto, os chefes das famílias mais abastadas da freguesia dirigem- se para a Igreja onde apresentam os votos de Natal ao pároco, oferecendo donativos em dinheiro ou em géneros para a caridade e valimento dos pobres. À meia-noite celebra-se a Missa do Galo, cujo templo foi previamente decorado pelas senhoras mais piedosas e mais conceituadas da aldeia, com flores e outros adornos naturais, que conferem odoríferas colorações em torno do presépio popular, sobre o qual, aliás, se concentram todas as atenções. No fim da Missa, o pároco dá o Menino- Jesus a beijar aos O tradicional polvo de natal à algarvia A Missa do Galo é tradicional na Igreja de S.Brás d'Alportel
  • 8. Natal algarvio perdeu tradições 8 fiéis, regressando depois todos a casa, com os mais novos a cantarolar algumas quadras alusivas à época. Por vezes, os moços solteiros reúnem-se no largo da aldeia em volta de uma crepitosa fogueira, com um enorme madeiro de azinho em brasa, irradiante de calor, em volta do qual cantam e dançam improvisados corridinhos. É claro que o calor da fogueira não faz dispensar o ardor da medronheira nem a energia das azevias de batata-doce, que os casais mais velhos trazem para oferecer aos jovens, de todas as idades. No dia seguinte, come-se o que sobrou da noite da consoada, voltando-se a reunir a família, porém a alegria é bastante menor. Nas localidades da faixa litoral algarvia, especialmente nos bairros de pescadores, come-se pelo Natal o célebre “litão” ou peixe de cor, que é muito concretamente um cação ou uma moreia previamente corado, seco, à soleira da porta. Este costume ainda hoje se mantém em muitos lares e restaurantes de Olhão e de Portimão. Na Passagem de Ano a festa é semelhante à do Natal, embora muito mais alegre, marcada por frequentes libações e bailaricos, que os mais jovens organizam nas sociedades recreativas ou nos clubes populares. As janeiras ou charolas são a manifestação mais castiça desta época, e também a mais característica do povo algarvio. No Dia de Reis era costume fazer-se o bolo-rei, cuja elaboração difere muito daquele a que já nos habituamos a consumir durante toda a quadra natalícia. As tradicionais janeiras ou reisadas cantavam-se pela última vez, encerrando-se deste modo o mais belo período festivo do ano. Presentemente, nas cidades do litoral algarvio já não existem quaisquer manifestações populares que identifiquem aquilo a que poderíamos chamar um “Natal autêntico”, isto é, um Natal genuinamente algarvio. As tradições esbateram-se com o evoluir dos tempos, de uma forma irrecuperável, perdendo-se assim os usos e costumes de antanho, que emprestavam sensibilidade e afecto ao peculiar Natal algarvio. Hoje, o Natal é de cada um, nunca de todos, e cada vez menos do Algarve. (artigo publicado no suplemento de Natal do matutino lisboeta «Diário de Notícias», em 24-12-1985) Azevias, bolinhóis, estrelas de figo e torta de amêndoa Os tradicionais bolinhos de massapão, feitos com amêndoa e recheio de ovos