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PODER DISCIPLINAR E BIOPODER
Katiuscia Pinheiro
GENI – Grupo de Estudos de Gênero,
Memória e Identidade - UFMA
MICHEL FOUCAULT
*1926 +1984
O PENSAMENTO DE FOUCAULT
 Suas análises procuraram revelar
relações até então inexploradas, por exemplo,
entre saberes como a medicina, sobretudo a
psiquiatria, políticas sociais como
o encarceramento, e concepções de subjetivida
de e natureza humana que se constituem
ao longo da tradição moderna
Seu trabalho se define, portanto, mais
como história das idéias ou da cultura,
como ele mesmo admite, do que como
vinculado à filosofia em seu
sentido estrito
ou tradicional, uma vez que envolve um
conhecimento profundo de história,
uma análise documental, e uma pesquisa
de campo, que normalmente não pertencem
à
metodologia filosófica. Entretanto, esse tipo
de análise se
caracteriza exatamente por sua natureza inte
rdisciplinar e por romper com as fronteiras
tradicionais das disciplinas e áreas do saber.
PRINCIPAIS OBRAS
 Doença Mental e Psicologia, 1954;
 História da loucura na idade clássica, 1961;
 Nascimento da clínica, 1963;
 As palavras e as coisas, 1966;
 Arqueologia do saber, 1969;
 Vigiar e punir, 1975;
História da sexualidade:
 A vontade de saber, 1976;
 O uso dos prazeres, 1984;
 O Cuidado de Si, 1984;
 Ditos e escritos; (2006);
A vontade de saber; (1970-1971)
Teorias e instituições penais; (1971-
1972)
A sociedade punitiva; (1972-1973)
O poder psiquiátrico; (1973-1974)
Os anormais; (1974-1975)
Em defesa da sociedade; (1975-
1976)

Segurança, território e população;
(1977-1978)
Nascimento da biopolítica; (1978-
1979)
Microfísica do Poder; (1979)
Do governo dos vivos; (1979-1980)
O que é um autor?; (1983)
Subjetividade e verdade; (1980-1981)
A hermenêutica do sujeito; (1981-
1982)
Le gouvernement de soi et des autres;
(1983)
Le gouvernement de soi et des autres:
le courage de la vérité; (1984)
A Verdade e as Formas Juridicas;
(1996)
A ordem do discurso; (1970)
O poder disciplinar e o
biopoder
Guerra: inteligibilidade dos processos
históricos
Racismo de Estado
Séc. XIX: estatização do biológico
PODER SOBERANO
Súdito não é nem vivo nem morto
em relação ao poder
Poder do soberano se exerce do
lado da morte
Direito de Espada
Fazer morrer ou deixar viver
Constituem soberano para poder
viver
Séc. XVII e XVIII: técnicas de poder
centradas no corpo individual e num
campo de visibilidade ao seu redor
 Técnicas de racionalização
↓
Tecnologia disciplinar do trabalho
(Séc. XVII e XVIII)
BIOPODER
Fim do séc. XVIII : outra técnica
de poder surge, sem eliminar a
anterior
Aplica-se ao homem-vivo, ao
homem-espécie
Massa global: nascimento, morte,
produção, doença etc
Passa-se de uma anátomo-
política do corpo humano, para o
que Foucault chamou de uma
“biopolítica” da espécie humana
“(...) trata-se de um conjunto de
processos como a proporção dos
nascimentos e dos óbitos, a taxa
de reprodução, a fecundidade de
uma população etc. São esses
processos de natalidade, de
mortalidade, de longevidade que,
justamente na segunda metade do
sé. XVIII, juntamente com uma
porção de problemas econômicos
e políticos, constituiram, os
primeiros objetos de saber e os
primeiros alvos de controle dessa
biopolítica.” (p. 289-290)
Primeiras demografias, mapeamento
dos fenômenos de controle dos
nascimentos
Problema da morbidade para além
das epidemias, mas como iminente
para todos
Endemias: forma , natureza, extensão,
intensidade das doenças numa
população
Doenças encaradas como fatotes
permanente, como fenômeno de
população:
“Em suma, a doença como fenômeno
de população: não mais como a morte
que se abate brutalmente sobre a vida
– é a epidemia – mas como a morte
permanente, que se introduz
sorrateiramente na vida, a corrói
perpetuamente, a diminui e a
enfraquece.” (p. 291)
MEDICINA: função da higiene
pública organismos de
coordenação dos tratamentos
centralização da informação,
aprendizado de higiene pela
população.
Surge o problema da relação entre a
espécie humana e seu meio de
existência: a cidade.
Com a Biopolítica desloca-se da
noção de sociedade e INDIVÍDUO-
CORPO para a de POPULAÇÃO
como problema científico, político e
biológico.
Os fenômenos considerados agora
são aqules pertinentes ao nível da
massa.
A biopolítica vai se dirigir, em suma,
aos acontecimentos aleatórios que
ocorrem numa população considerada
em sua duração.
A Biopolítica vai “intervir no nível
daquilo que são as determinações
desses fenômenos gerais, desses
fenômenos no que eles tem de global.
Vai ser preciso modificar, baixar a
morbidade; vai ser preciso
encompridar a vida; vai ser preciso
estimular a natalidade” (p. 293)
Passa-se de uma noção de
disciplina para a de uma
regulamentação.
SOBERANIA BIOPODER
Fazer morrer e
deixar viver
Fazer viver e
deixar morrer
MORTE
- Desqualificação progressiva da morte
desde o séc. XVIII
- Morte: aquilo que se esconde
Poder soberano: morte como passagem
de um poder a outro.
Biopolítica: morte como extremidade do
poder o qual dominará a mortalidade e
não a morte
Poder Disciplinar
(Séc. XVIII)
Biopolítica
(Séc. XVIII)
Tecnologia de
treinamento
Tecnologia de
previdência
tecnologia
disciplinar
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regulamentadora
Corpo
individualizado,
dotado de
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biológicos de
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Poder Disciplinar
(Séc. XVIII)
Biopolítica
(Séc. XVIII)
Soberania como
esquema
organizador
Regulamentação
como esquema
organizador
Locais: escola,
hospital, quartel,
oficina etc
Locais: órgãos
complexos de
coordenação e
centralização
Poder Disciplinar
(Séc. XVIII)
Biopolítica
(Séc. XVIII)
Série:
corpo,organismo,
disciplina,
instituições
Série: população,
processos
biológicos,
mecanismos
regulamentadores,
Estado
Organo-disciplina da
instituição
Bio-regulamentação
pelo Estado
Poder Disciplinar e Biopolítica não se
excluem, pois não estão no mesmo
nível, daí poderem se articular um
com o outro.
EX.: cidade de operários
e
Sistemas de seguro saúde e seguro
velhice
EX.:
Indivíduos em visibilidade, controle
espacial espontâneo
e
regras de higiene para a família, para
garantir a longevidade e pressões
sobre a sexualidade .
COMO EXERCER O PODER DE MORTE NUM
SISTEMA POLÍTICO CENTRADO NO
BIOPODER?
O Racismo
Fragmentação do contínuo biológico
Quanto mais deixar morrer, mais você
viverá
Morte no sentido amplo: morte política,
rejeição
Teoria biológica e discurso de poder
Evolucionismo (sentido amplo):
colonização, guerra, criminalidade,
loucura, classe social.
ESPECIFICIDADE DO RACISMO NO
BIOPODER:
Não está ligada a mentalidades, a
ideologias, a mentiras do poder. Está
ligado a isto que nos coloca, (...) num
mecanismo que permite ao biopoder
exercer-se.
A VELHICE E O BIOPODER
Surge, então, no início do séc. XIX, o
problema da velhice:
“Será o problema muito importante, já
no início do séc. XIX (na hora da
industrialização), da velhice, do
indivíduo que cai, em consequência,
para fora do campo de capacidade, de
atividade.
E, da outra parte, os acidentes, as
enfermidades, as anomalias diversas. E
é em relação a estes fenômenos que a
biopolítica vai introduzir não somente
instituições de assistência (que existem
faz muito tempo), mas mecanismos
muito sutis, economicamente muito mais
racionais...
... do que a grande assistência, a um
só tempo maciça e lacunar , que era
essencialmente vinculada à Igreja.
Vamos ter mecanismos mais sutis,
mais racionais, de seguros, de
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Biopoder

  • 1. PODER DISCIPLINAR E BIOPODER Katiuscia Pinheiro GENI – Grupo de Estudos de Gênero, Memória e Identidade - UFMA
  • 3. O PENSAMENTO DE FOUCAULT  Suas análises procuraram revelar relações até então inexploradas, por exemplo, entre saberes como a medicina, sobretudo a psiquiatria, políticas sociais como o encarceramento, e concepções de subjetivida de e natureza humana que se constituem ao longo da tradição moderna
  • 4. Seu trabalho se define, portanto, mais como história das idéias ou da cultura, como ele mesmo admite, do que como vinculado à filosofia em seu sentido estrito ou tradicional, uma vez que envolve um conhecimento profundo de história,
  • 5. uma análise documental, e uma pesquisa de campo, que normalmente não pertencem à metodologia filosófica. Entretanto, esse tipo de análise se caracteriza exatamente por sua natureza inte rdisciplinar e por romper com as fronteiras tradicionais das disciplinas e áreas do saber.
  • 6. PRINCIPAIS OBRAS  Doença Mental e Psicologia, 1954;  História da loucura na idade clássica, 1961;  Nascimento da clínica, 1963;  As palavras e as coisas, 1966;  Arqueologia do saber, 1969;  Vigiar e punir, 1975;
  • 7. História da sexualidade:  A vontade de saber, 1976;
  • 8.  O uso dos prazeres, 1984;  O Cuidado de Si, 1984;  Ditos e escritos; (2006); A vontade de saber; (1970-1971) Teorias e instituições penais; (1971- 1972) A sociedade punitiva; (1972-1973) O poder psiquiátrico; (1973-1974) Os anormais; (1974-1975)
  • 9. Em defesa da sociedade; (1975- 1976) 
  • 10. Segurança, território e população; (1977-1978) Nascimento da biopolítica; (1978- 1979) Microfísica do Poder; (1979) Do governo dos vivos; (1979-1980) O que é um autor?; (1983)
  • 11. Subjetividade e verdade; (1980-1981) A hermenêutica do sujeito; (1981- 1982) Le gouvernement de soi et des autres; (1983) Le gouvernement de soi et des autres: le courage de la vérité; (1984) A Verdade e as Formas Juridicas; (1996) A ordem do discurso; (1970)
  • 12. O poder disciplinar e o biopoder
  • 13. Guerra: inteligibilidade dos processos históricos Racismo de Estado Séc. XIX: estatização do biológico
  • 14. PODER SOBERANO Súdito não é nem vivo nem morto em relação ao poder Poder do soberano se exerce do lado da morte
  • 15. Direito de Espada Fazer morrer ou deixar viver Constituem soberano para poder viver
  • 16.
  • 17. Séc. XVII e XVIII: técnicas de poder centradas no corpo individual e num campo de visibilidade ao seu redor  Técnicas de racionalização ↓ Tecnologia disciplinar do trabalho (Séc. XVII e XVIII)
  • 18.
  • 19.
  • 20. BIOPODER Fim do séc. XVIII : outra técnica de poder surge, sem eliminar a anterior Aplica-se ao homem-vivo, ao homem-espécie
  • 21. Massa global: nascimento, morte, produção, doença etc Passa-se de uma anátomo- política do corpo humano, para o que Foucault chamou de uma “biopolítica” da espécie humana
  • 22. “(...) trata-se de um conjunto de processos como a proporção dos nascimentos e dos óbitos, a taxa de reprodução, a fecundidade de uma população etc. São esses processos de natalidade, de mortalidade, de longevidade que,
  • 23. justamente na segunda metade do sé. XVIII, juntamente com uma porção de problemas econômicos e políticos, constituiram, os primeiros objetos de saber e os primeiros alvos de controle dessa biopolítica.” (p. 289-290)
  • 24. Primeiras demografias, mapeamento dos fenômenos de controle dos nascimentos Problema da morbidade para além das epidemias, mas como iminente para todos
  • 25. Endemias: forma , natureza, extensão, intensidade das doenças numa população Doenças encaradas como fatotes permanente, como fenômeno de população:
  • 26. “Em suma, a doença como fenômeno de população: não mais como a morte que se abate brutalmente sobre a vida – é a epidemia – mas como a morte permanente, que se introduz sorrateiramente na vida, a corrói perpetuamente, a diminui e a enfraquece.” (p. 291)
  • 27. MEDICINA: função da higiene pública organismos de coordenação dos tratamentos centralização da informação, aprendizado de higiene pela população.
  • 28. Surge o problema da relação entre a espécie humana e seu meio de existência: a cidade. Com a Biopolítica desloca-se da noção de sociedade e INDIVÍDUO- CORPO para a de POPULAÇÃO como problema científico, político e biológico.
  • 29. Os fenômenos considerados agora são aqules pertinentes ao nível da massa. A biopolítica vai se dirigir, em suma, aos acontecimentos aleatórios que ocorrem numa população considerada em sua duração.
  • 30. A Biopolítica vai “intervir no nível daquilo que são as determinações desses fenômenos gerais, desses fenômenos no que eles tem de global. Vai ser preciso modificar, baixar a morbidade; vai ser preciso encompridar a vida; vai ser preciso estimular a natalidade” (p. 293)
  • 31. Passa-se de uma noção de disciplina para a de uma regulamentação.
  • 32. SOBERANIA BIOPODER Fazer morrer e deixar viver Fazer viver e deixar morrer
  • 33. MORTE - Desqualificação progressiva da morte desde o séc. XVIII - Morte: aquilo que se esconde
  • 34. Poder soberano: morte como passagem de um poder a outro. Biopolítica: morte como extremidade do poder o qual dominará a mortalidade e não a morte
  • 35. Poder Disciplinar (Séc. XVIII) Biopolítica (Séc. XVIII) Tecnologia de treinamento Tecnologia de previdência tecnologia disciplinar tecnologia regulamentadora Corpo individualizado, dotado de capacidades Corpos recolocados nos processos biológicos de conjunto
  • 36. Poder Disciplinar (Séc. XVIII) Biopolítica (Séc. XVIII) Soberania como esquema organizador Regulamentação como esquema organizador Locais: escola, hospital, quartel, oficina etc Locais: órgãos complexos de coordenação e centralização
  • 37. Poder Disciplinar (Séc. XVIII) Biopolítica (Séc. XVIII) Série: corpo,organismo, disciplina, instituições Série: população, processos biológicos, mecanismos regulamentadores, Estado Organo-disciplina da instituição Bio-regulamentação pelo Estado
  • 38. Poder Disciplinar e Biopolítica não se excluem, pois não estão no mesmo nível, daí poderem se articular um com o outro. EX.: cidade de operários e Sistemas de seguro saúde e seguro velhice
  • 39. EX.: Indivíduos em visibilidade, controle espacial espontâneo e regras de higiene para a família, para garantir a longevidade e pressões sobre a sexualidade .
  • 40. COMO EXERCER O PODER DE MORTE NUM SISTEMA POLÍTICO CENTRADO NO BIOPODER? O Racismo Fragmentação do contínuo biológico Quanto mais deixar morrer, mais você viverá Morte no sentido amplo: morte política, rejeição
  • 41.
  • 42. Teoria biológica e discurso de poder Evolucionismo (sentido amplo): colonização, guerra, criminalidade, loucura, classe social.
  • 43. ESPECIFICIDADE DO RACISMO NO BIOPODER: Não está ligada a mentalidades, a ideologias, a mentiras do poder. Está ligado a isto que nos coloca, (...) num mecanismo que permite ao biopoder exercer-se.
  • 44. A VELHICE E O BIOPODER
  • 45. Surge, então, no início do séc. XIX, o problema da velhice: “Será o problema muito importante, já no início do séc. XIX (na hora da industrialização), da velhice, do indivíduo que cai, em consequência, para fora do campo de capacidade, de atividade.
  • 46. E, da outra parte, os acidentes, as enfermidades, as anomalias diversas. E é em relação a estes fenômenos que a biopolítica vai introduzir não somente instituições de assistência (que existem faz muito tempo), mas mecanismos muito sutis, economicamente muito mais racionais...
  • 47.
  • 48. ... do que a grande assistência, a um só tempo maciça e lacunar , que era essencialmente vinculada à Igreja. Vamos ter mecanismos mais sutis, mais racionais, de seguros, de poupança individual e coletiva, de seguridade etc. ” (p. 291)