[1] O documento discute as noções de poder disciplinar e biopoder desenvolvidas por Michel Foucault, notadamente a mudança no século XVIII de um poder centrado no corpo individual para um poder que visa a população como um todo. [2] O biopoder regulamenta fenômenos como natalidade, mortalidade e doenças na população. [3] Isso marca o surgimento de novas técnicas de poder como demografia e sistemas de saúde pública.
3. O PENSAMENTO DE FOUCAULT
Suas análises procuraram revelar
relações até então inexploradas, por exemplo,
entre saberes como a medicina, sobretudo a
psiquiatria, políticas sociais como
o encarceramento, e concepções de subjetivida
de e natureza humana que se constituem
ao longo da tradição moderna
4. Seu trabalho se define, portanto, mais
como história das idéias ou da cultura,
como ele mesmo admite, do que como
vinculado à filosofia em seu
sentido estrito
ou tradicional, uma vez que envolve um
conhecimento profundo de história,
5. uma análise documental, e uma pesquisa
de campo, que normalmente não pertencem
à
metodologia filosófica. Entretanto, esse tipo
de análise se
caracteriza exatamente por sua natureza inte
rdisciplinar e por romper com as fronteiras
tradicionais das disciplinas e áreas do saber.
6. PRINCIPAIS OBRAS
Doença Mental e Psicologia, 1954;
História da loucura na idade clássica, 1961;
Nascimento da clínica, 1963;
As palavras e as coisas, 1966;
Arqueologia do saber, 1969;
Vigiar e punir, 1975;
8. O uso dos prazeres, 1984;
O Cuidado de Si, 1984;
Ditos e escritos; (2006);
A vontade de saber; (1970-1971)
Teorias e instituições penais; (1971-
1972)
A sociedade punitiva; (1972-1973)
O poder psiquiátrico; (1973-1974)
Os anormais; (1974-1975)
10. Segurança, território e população;
(1977-1978)
Nascimento da biopolítica; (1978-
1979)
Microfísica do Poder; (1979)
Do governo dos vivos; (1979-1980)
O que é um autor?; (1983)
11. Subjetividade e verdade; (1980-1981)
A hermenêutica do sujeito; (1981-
1982)
Le gouvernement de soi et des autres;
(1983)
Le gouvernement de soi et des autres:
le courage de la vérité; (1984)
A Verdade e as Formas Juridicas;
(1996)
A ordem do discurso; (1970)
17. Séc. XVII e XVIII: técnicas de poder
centradas no corpo individual e num
campo de visibilidade ao seu redor
Técnicas de racionalização
↓
Tecnologia disciplinar do trabalho
(Séc. XVII e XVIII)
18.
19.
20. BIOPODER
Fim do séc. XVIII : outra técnica
de poder surge, sem eliminar a
anterior
Aplica-se ao homem-vivo, ao
homem-espécie
21. Massa global: nascimento, morte,
produção, doença etc
Passa-se de uma anátomo-
política do corpo humano, para o
que Foucault chamou de uma
“biopolítica” da espécie humana
22. “(...) trata-se de um conjunto de
processos como a proporção dos
nascimentos e dos óbitos, a taxa
de reprodução, a fecundidade de
uma população etc. São esses
processos de natalidade, de
mortalidade, de longevidade que,
23. justamente na segunda metade do
sé. XVIII, juntamente com uma
porção de problemas econômicos
e políticos, constituiram, os
primeiros objetos de saber e os
primeiros alvos de controle dessa
biopolítica.” (p. 289-290)
24. Primeiras demografias, mapeamento
dos fenômenos de controle dos
nascimentos
Problema da morbidade para além
das epidemias, mas como iminente
para todos
25. Endemias: forma , natureza, extensão,
intensidade das doenças numa
população
Doenças encaradas como fatotes
permanente, como fenômeno de
população:
26. “Em suma, a doença como fenômeno
de população: não mais como a morte
que se abate brutalmente sobre a vida
– é a epidemia – mas como a morte
permanente, que se introduz
sorrateiramente na vida, a corrói
perpetuamente, a diminui e a
enfraquece.” (p. 291)
27. MEDICINA: função da higiene
pública organismos de
coordenação dos tratamentos
centralização da informação,
aprendizado de higiene pela
população.
28. Surge o problema da relação entre a
espécie humana e seu meio de
existência: a cidade.
Com a Biopolítica desloca-se da
noção de sociedade e INDIVÍDUO-
CORPO para a de POPULAÇÃO
como problema científico, político e
biológico.
29. Os fenômenos considerados agora
são aqules pertinentes ao nível da
massa.
A biopolítica vai se dirigir, em suma,
aos acontecimentos aleatórios que
ocorrem numa população considerada
em sua duração.
30. A Biopolítica vai “intervir no nível
daquilo que são as determinações
desses fenômenos gerais, desses
fenômenos no que eles tem de global.
Vai ser preciso modificar, baixar a
morbidade; vai ser preciso
encompridar a vida; vai ser preciso
estimular a natalidade” (p. 293)
31. Passa-se de uma noção de
disciplina para a de uma
regulamentação.
34. Poder soberano: morte como passagem
de um poder a outro.
Biopolítica: morte como extremidade do
poder o qual dominará a mortalidade e
não a morte
35. Poder Disciplinar
(Séc. XVIII)
Biopolítica
(Séc. XVIII)
Tecnologia de
treinamento
Tecnologia de
previdência
tecnologia
disciplinar
tecnologia
regulamentadora
Corpo
individualizado,
dotado de
capacidades
Corpos recolocados
nos processos
biológicos de
conjunto
36. Poder Disciplinar
(Séc. XVIII)
Biopolítica
(Séc. XVIII)
Soberania como
esquema
organizador
Regulamentação
como esquema
organizador
Locais: escola,
hospital, quartel,
oficina etc
Locais: órgãos
complexos de
coordenação e
centralização
37. Poder Disciplinar
(Séc. XVIII)
Biopolítica
(Séc. XVIII)
Série:
corpo,organismo,
disciplina,
instituições
Série: população,
processos
biológicos,
mecanismos
regulamentadores,
Estado
Organo-disciplina da
instituição
Bio-regulamentação
pelo Estado
38. Poder Disciplinar e Biopolítica não se
excluem, pois não estão no mesmo
nível, daí poderem se articular um
com o outro.
EX.: cidade de operários
e
Sistemas de seguro saúde e seguro
velhice
39. EX.:
Indivíduos em visibilidade, controle
espacial espontâneo
e
regras de higiene para a família, para
garantir a longevidade e pressões
sobre a sexualidade .
40. COMO EXERCER O PODER DE MORTE NUM
SISTEMA POLÍTICO CENTRADO NO
BIOPODER?
O Racismo
Fragmentação do contínuo biológico
Quanto mais deixar morrer, mais você
viverá
Morte no sentido amplo: morte política,
rejeição
41.
42. Teoria biológica e discurso de poder
Evolucionismo (sentido amplo):
colonização, guerra, criminalidade,
loucura, classe social.
43. ESPECIFICIDADE DO RACISMO NO
BIOPODER:
Não está ligada a mentalidades, a
ideologias, a mentiras do poder. Está
ligado a isto que nos coloca, (...) num
mecanismo que permite ao biopoder
exercer-se.
45. Surge, então, no início do séc. XIX, o
problema da velhice:
“Será o problema muito importante, já
no início do séc. XIX (na hora da
industrialização), da velhice, do
indivíduo que cai, em consequência,
para fora do campo de capacidade, de
atividade.
46. E, da outra parte, os acidentes, as
enfermidades, as anomalias diversas. E
é em relação a estes fenômenos que a
biopolítica vai introduzir não somente
instituições de assistência (que existem
faz muito tempo), mas mecanismos
muito sutis, economicamente muito mais
racionais...
47.
48. ... do que a grande assistência, a um
só tempo maciça e lacunar , que era
essencialmente vinculada à Igreja.
Vamos ter mecanismos mais sutis,
mais racionais, de seguros, de
poupança individual e coletiva, de
seguridade etc. ” (p. 291)