SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 10
1
Desses saltos no quotidiano de Fronteira, o pior foi o que se deu com a vinda do Robalo.
Já lá vão anos. O rapaz era do Minho, acostumado ao positivismo da sua terra: um
lameiro, uma junta de bois, uma videira de enforcado, o Abade muito vermelho à varanda da
residência, e o Senhor pela Páscoa. Além disso, novo no ofício – na guarda, para onde
5 entrara em nome dessa mesma terrosa realidade: um ordenado certo e a reforma por inteiro.
Daí que lhe parecesse o chão de Fronteira movediço sob os pés. Mal chegou e se foi
apresentar ao posto, deu uma volta pelo povoado. E aquelas casas na extrema pureza de
uma toca humana, e aqueles seres deitados ao sol como esquecidos da vida, transtornaram-
lhe o entendimento.
10 – Esta gente que faz? – perguntou a um companheiro já maduro no ofício.
– Contrabando.
– Contrabando!? Todos!? E as terras, a agricultura?
– Terras!? Estas penedias?!
O Robalo queria falar de qualquer veiga possível, de qualquer chão que não vira ainda,
15 mas tinha forçosamente de existir, pois que na sua ideia um povo não podia viver senão de
hortas e lameiros. Insistiu por isso na estranheza. Mas o outro lavou dali as mãos:
– Não. Aqui, a terra, ao todo, ao todo, produz a bica de água da fonte. O resto vão-no
buscar a Fuentes.
Mas nem assim o Robalo entendeu Fronteira e o seu destino. No dia seguinte, pelo ribeiro
20 fora, parecia um cão a guardar. Que o dever acima de tudo, que mais isto, que mais aquilo
– sítio que rondasse era sítio excomungado. Até as ervas falavam quando qualquer as pisava
de saco às costas. Mal a sua ladradela de mastim zeloso se ouvia, ou se parava logo, ou nem
Deus do céu valia a um homem. Em quinze dias foram dois tiros no peito do Fagundes, um par
de coronhadas no Albino, e ao Gaspar teve-o mesmo por um triz. Se não dá um torcegão no
25 pé quando apontava, varava a cabeça do infeliz de lado a lado. A bala passou-lhe a menos
de meio palmo das fontes.
Mas Fronteira tinha de vencer. Primeiro, porque o coração dos homens, por mais duro que
seja, tem sempre um ponto fraco por onde lhe entra a ternura; segundo, porque o Diabo põe e
Deus dispõe.
Miguel Torga, Novos Contos da Montanha, Coimbra Editora
Agrupamento de Escolas de Arouca Cód. 151634
Ficha de avaliação de Português - 8º ano
Fevereiro 2013
………………………………………………………………………………………
GRUPO I – Leitura (50 %)
TEXTO A
Lê com atenção o excerto do conto “Fronteira”, de Miguel Torga.
2
Na tua folha de prova, responde às questões sobre o texto que acabaste de ler. Sempre que
necessário, volta a lê-lo.
1. A abertura do texto é feita com a apresentação da personagem Robalo.
1.1. Regista duas características que sirvam para caracterizar psicologicamente essa personagem.
1.2. No retrato psicológico de Robalo prevalece a caracterização direta ou a indireta?
1.2.1. Justifica a tua resposta, recorrendo a um argumento e a um exemplo textual.
2. Quando Robalo chega a Fronteira estranha o modo de vida da sua população.
2.1. Transcreve a passagem textual que comprova essa reação de Robalo.
2.2. Indica a atividade praticada pelos habitantes de Fronteira.
2.2.1. Porque se dedicavam a essa atividade?
3. O narrador afirma o seguinte acerca da atitude de Robalo perante aquele grupo social:
“No dia seguinte, pelo ribeiro fora, parecia um cão a guardar.”
3.1. Explica a passagem textual transcrita.
3.2. Identifica a figura de retórica aí presente.
3.3. Classifica o narrador quanto à sua presença e ciência. Justifica a tua resposta apresentando dois
exemplos textuais.
4. Ao longo do texto, o narrador revela o seu ponto de vista acerca da atividade
desenvolvida pelos habitantes de Fronteira.
4.1. Demonstra que o narrador não condena essa atividade.
5. Relê o último parágrafo do texto.
5.1. Explica de que modo este parágrafo sugere o desenlace do conto.
6. Faz corresponder os elementos das colunas, A e B de modo a obteres afirmações verdadeiras.
A B
1.”Mal a sua ladradela de mastim zeloso
se ouvia…”(l.22)
b.personificação
3.”Mas Fronteira tinha de vencer.”(l.27) c.sinestesia
4. “Até as ervas falavam quando
qualquer as pisava de saco às
costas.”(ll.21-22)
d.metáfora
3
Montalegre recria Rota do Contrabando
de Tourém na sexta-feira
(publicado em 2011-08-10)
Centenas de pessoas vão percorrer, na sexta-feira, a Rota do Contrabando de Tourém,
em Montalegre, e recriar a época em que as trocas comerciais entre Portugal e Espanha
eram seguidas pelas autoridades dos dois lados da fronteira.
A iniciativa acontece pelo sétimo ano consecutivo e é da responsabilidade da junta de
freguesia de Tourém e do Ecomuseu do Barroso, que quis recuperar um dos "emblemas"
do concelho de Montalegre e recriar o espírito "contrabandista" das gentes do Barroso.
O presidente da junta de freguesia, Paulo Barroso, explicou à Lusa que a atividade
pretende ser ”o mais real possível”, pelo que os “contrabandistas” vão sair do coração da
aldeia, no Largo do Outeiro, pelas 19:30 horas, ou seja, pelo “lusco-fusco para se apanhar
a noite”, disse.
O autarca salientou que a meio do caminho haverá investidas de guardas-fiscais e civis
e quem for “apanhado” vai preso juntamente com o burro, responsável pelo transporte da
mercadoria.
A troca dos produtos ou o contrabando será feito numa loja da localidade espanhola
vizinha, em Randím, e segundo Paulo Barroso, os portugueses darão eletrodomésticos
em troca de bens alimentares como bananas, azeite, bacalhau e café.
No final da rota, um percurso de 11 quilómetros, os “contrabandistas” regressam a
Tourém onde haverá um bailarico e um jantar convívio.
O edil referiu que o contrabando era uma “forma de vida” porque as pessoas viviam, e
ainda hoje vivem, essencialmente da agricultura e o contrabando era “um complemento”
ao orçamento mensal.
Paulo Barroso frisou que, futuramente, o polo do Ecomuseu do Barroso em Tourém
será “transformado” numa “espécie” de museu alusivo à atividade contrabandista para os
mais jovens terem uma perspetiva desta atividade.
Em 2010, a iniciativa contou com a participação de 268 intervenientes e superou “todas
as expectativas”.
Este ano, as inscrições contam já com “mais” de 100 pessoas.
No sábado, dia seguinte à Noite do Contrabando de Tourém, realiza-se a Rota do
Contrabando em Vilar de Perdizes, Montalegre.
http://www.jn.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx?Distrito=Vila%20Real&Concelho=
Montalegre&Option=Interior&content_id=1949837&page=2 consultado em 16 /12/11
TEXTO B
Lê a notícia
4
Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.
1. Associa cada elemento da coluna A ao único elemento da coluna B que lhe corresponde,
de acordo com o sentido do texto.
Escreve as letras e os números correspondentes na tua folha de prova. Utiliza cada letra e cada
número apenas uma vez.
COLUNA A COLUNA B
1) Localidades portuguesas que
recriam a Rota do Contrabando
2) Objetivo da iniciativa
3) Rota que os “contrabandistas”
vão realizar
4) Produtos de contrabando
trazidos pelos portugueses
5) Iniciativa futura que visa a
divulgação da cultura raiana.
a) divulgação de uma atividade que caracteriza a
população do Barroso.
b) “museu” do contrabando em Tourém.
c) Tourém e Vilar de Perdizes.
d) encontro no centro da vila seguido de um
percurso de 11 quilómetros, troca de produtos
num estabelecimento comercial.
e) produtos alimentares.
2. Seleciona, para responderes a cada item (2.1. a 2.3.), a única opção que permite obter
uma afirmação correta. Regista na folha de prova o número da questão e a alínea
respetiva.
2.1. A notícia apresentada refere uma atividade:
□ (A) que era praticada nas zonas fronteiriças de Portugal e Tourém.
□ (B) que envolvia unicamente as autoridades fiscais portuguesas.
□ (C) que caracterizava o modo de vida dos habitantes do concelho de Montalegre.
□ (D) que se pratica em Montalegre, mantendo-se nos nossos dias.
2.2. O papel dos guardas fiscais na recriação da “Rota do Contrabando” será:
□ (A) zelar pela segurança dos participantes.
□ (B) apreender as mercadorias e os meios de transporte.
□ (C) aplicar multas aos contrabandistas.
□ (D) simular “ordem de prisão” a alguns contrabandistas.
2.3. A atividade do contrabando entre Portugal e Espanha:
□ (A) correspondia a uma necessidade de sobrevivência.
□ (B) constituía uma atividade lúdica das gentes do Barroso.
□ (C) era uma atividade apoiada pela junta de freguesia.
□ (D) acontecia com regularidade em meios urbanos.
5
GRUPO II – Conhecimento Explícito da Língua ( 30%)
1.Identifica três marcas de Português do Brasil no excerto que se segue.
- Depressa, Luís. Glória foi comprar pão e Jandira está lendo na cadeira de balanço.
Saímos nos espremendo pelo corredor. Fui ajudar ele a desaguar.
- Faz bastante que na rua ninguém pode fazer de dia.
Depois, no tanque, lavei o rosto dele. Fiz o mesmo e voltamos para o quarto.
Vesti ele sem fazer barulho. Calcei os seus sapatinhos. Porcaria esse negócio de meia, só serve
para atrapalhar. Abotoei o seu terninho azul e procurei o pente. Mas o cabelo dele não sentava.
Precisava fazer alguma coisa. Não tinha nada em canto algum. Nem brilhantina, nem óleo. Fui na
cozinha e voltei com um pouco de banha na ponta dos dedos. Esfreguei a banha na palma da mão
e cheirei antes.
José Mauro de Vasconcelos, Meu pé de laranja lima, Lisboa, Dinapress, 2006
1.1. Dos hiperónimos a seguir apresentados, assinala aquele que não se adequa ao hipónimo
sublinhado no texto anterior.
a) calçado
b) vestuário
c) roupa
2.Seleciona a única opção que permite obter uma afirmação correta.
1.1. A frase “ O contrabando era uma “forma de vida” porque as pessoas viviam essencialmente da
agricultura”:
(A) contém uma oração coordenada.
(B) contém uma oração subordinada adverbial final.
(C) contém uma conjunção coordenativa.
(D) contém uma oração subordinada adverbial causal.
3. Indica para que servem as conjunções coordenativas presentes nas frases complexas
seguintes. Para isso, associa os elementos de ambas as colunas, de modo a obteres
afirmações verdadeiras. Regista a alínea correta no espaço à direita da coluna A.
B
a)explicação
b)adição de
informação
c)alternativa
A
3.1.Na frase: Robalo era do Minho e Isabel era
de Fronteira, a conjunção coordenativa serve
para expressar um valor de
3.2.Na frase: O Robalo queria falar de qualquer
veiga possível, de qualquer chão que não vira
ainda, pois que na sua ideia um povo não podia
viver senão de hortas e lameiros, a conjunção
coordenativa serve para transmitir uma
3.3. Na frase: “ou se parava logo, ou nem Deus
do céu valia a um homem” a conjunção
coordenativa serve para transmitir um valor de
6
4. Identifica as afirmações verdadeiras (V) e as falsas (F). Corrige as falsas.
Afirmações V F
4.1.Na frase complexa: Já que em Fronteira não existe agricultura,
recorre-se ao contrabando, a oração subordinada adverbial exprime
uma ideia de causa.
4.2. Uma ideia de consequência está expressa na oração subordinada
adverbial da frase complexa: Logo que possa, vou vigiar Fronteira.
4.3. A oração subordinada da frase complexa: No caso de veres alguém,
avisa-me, exprime uma ideia de concessão.
5. Classifica as orações sublinhadas.
5.1.Este sítio é tão bonito que aconselhei a sua visita aos meus amigos.
5.2. Fronteira tinha de vencer para que todos sobrevivessem.
5.3. Embora o contrabando seja ilegal, aquela gente nada teme.
5.4.Robalo apaixonou-se por Isabel, logo não conseguia fazer-lhe mal.
Grupo III – Produção escrita (20%)
Tema A
Bom trabalho!
A profª: Fátima Carmo
“A história de vida do ex-contrabandista de Tourém, Bento Barroso Grilo, 88
anos, dava um livro, dos tempos de pobreza extrema e sofrimento até ao
desenvolvimento de uma rede organizada de contrabando.
http://www.cafeportugal.net/pages/dossier_artigo.aspx?id=2200, consultado em 16/12/11.
Miguel Torga escreveu um conto sobre esta temática. Escreve um texto de opinião,
de 100 a 150 palavras, em que apresentes o teu ponto de vista sobre o modo de vida
retratado no conto “Fronteira”.
Tema B
Recorda a personagem avó do conto “Avó e neto contra vento e areia” de
Teolinda Gersão.
Num texto de 100 a 150 palavras apresenta a tua opinião sobre o abandono/ a
solidão dos idosos.
7
8
9
10

Más contenido relacionado

La actualidad más candente

"O Cortiço" - Aluísio de Azevedo
"O Cortiço" - Aluísio de Azevedo"O Cortiço" - Aluísio de Azevedo
"O Cortiço" - Aluísio de AzevedoFabio Lemes
 
Prova de ensaio para avaliação parcial primeiro bimestre - lct iii
Prova de ensaio para avaliação parcial   primeiro bimestre - lct iiiProva de ensaio para avaliação parcial   primeiro bimestre - lct iii
Prova de ensaio para avaliação parcial primeiro bimestre - lct iiiHumberto Silva de Lima (UERJ / UFRJ)
 
Prova - Simulado Alvaro Gaudêncio
Prova - Simulado Alvaro Gaudêncio  Prova - Simulado Alvaro Gaudêncio
Prova - Simulado Alvaro Gaudêncio Lenivaldo Costa
 
Apresentação para décimo primeiro ano de 2012 3, aula 125-126
Apresentação para décimo primeiro ano de 2012 3, aula 125-126Apresentação para décimo primeiro ano de 2012 3, aula 125-126
Apresentação para décimo primeiro ano de 2012 3, aula 125-126luisprista
 
História da biblioteca nacional 2010
História da biblioteca nacional 2010História da biblioteca nacional 2010
História da biblioteca nacional 2010Antonio José Paniago
 
Hermoclydes S. Franco Vocabulário em trovas
Hermoclydes S. Franco Vocabulário em trovasHermoclydes S. Franco Vocabulário em trovas
Hermoclydes S. Franco Vocabulário em trovasConfraria Paranaense
 
Apresentação para décimo primeiro ano de 2012 3, aula 115-116
Apresentação para décimo primeiro ano de 2012 3, aula 115-116Apresentação para décimo primeiro ano de 2012 3, aula 115-116
Apresentação para décimo primeiro ano de 2012 3, aula 115-116luisprista
 
Mussum forevis juliano barreto
Mussum forevis   juliano barretoMussum forevis   juliano barreto
Mussum forevis juliano barretoTelmo Giani
 
Apresentação para décimo primeiro ano de 2012 3, aula 121-122
Apresentação para décimo primeiro ano de 2012 3, aula 121-122Apresentação para décimo primeiro ano de 2012 3, aula 121-122
Apresentação para décimo primeiro ano de 2012 3, aula 121-122luisprista
 
linguagens no enem n. 1
 linguagens no enem n. 1 linguagens no enem n. 1
linguagens no enem n. 1PATRICIA VIANA
 
Homens, Sonhos e Frustrações
Homens, Sonhos e FrustraçõesHomens, Sonhos e Frustrações
Homens, Sonhos e FrustraçõesProfessor Belinaso
 
Cópia de exercício enem figuras de linguagens.docx
Cópia de exercício enem figuras de linguagens.docxCópia de exercício enem figuras de linguagens.docx
Cópia de exercício enem figuras de linguagens.docxElaine Junger
 

La actualidad más candente (19)

"O Cortiço" - Aluísio de Azevedo
"O Cortiço" - Aluísio de Azevedo"O Cortiço" - Aluísio de Azevedo
"O Cortiço" - Aluísio de Azevedo
 
AULÃO - TERCEIRO ANO
AULÃO - TERCEIRO ANOAULÃO - TERCEIRO ANO
AULÃO - TERCEIRO ANO
 
Prova de ensaio para avaliação parcial primeiro bimestre - lct iii
Prova de ensaio para avaliação parcial   primeiro bimestre - lct iiiProva de ensaio para avaliação parcial   primeiro bimestre - lct iii
Prova de ensaio para avaliação parcial primeiro bimestre - lct iii
 
Of bm
Of bmOf bm
Of bm
 
Prova - Simulado Alvaro Gaudêncio
Prova - Simulado Alvaro Gaudêncio  Prova - Simulado Alvaro Gaudêncio
Prova - Simulado Alvaro Gaudêncio
 
Apresentação para décimo primeiro ano de 2012 3, aula 125-126
Apresentação para décimo primeiro ano de 2012 3, aula 125-126Apresentação para décimo primeiro ano de 2012 3, aula 125-126
Apresentação para décimo primeiro ano de 2012 3, aula 125-126
 
História da biblioteca nacional 2010
História da biblioteca nacional 2010História da biblioteca nacional 2010
História da biblioteca nacional 2010
 
Hermoclydes S. Franco Vocabulário em trovas
Hermoclydes S. Franco Vocabulário em trovasHermoclydes S. Franco Vocabulário em trovas
Hermoclydes S. Franco Vocabulário em trovas
 
Apresentação para décimo primeiro ano de 2012 3, aula 115-116
Apresentação para décimo primeiro ano de 2012 3, aula 115-116Apresentação para décimo primeiro ano de 2012 3, aula 115-116
Apresentação para décimo primeiro ano de 2012 3, aula 115-116
 
Atividades com interpretacao de texto
Atividades com interpretacao de textoAtividades com interpretacao de texto
Atividades com interpretacao de texto
 
Mussum forevis juliano barreto
Mussum forevis   juliano barretoMussum forevis   juliano barreto
Mussum forevis juliano barreto
 
Apresentação para décimo primeiro ano de 2012 3, aula 121-122
Apresentação para décimo primeiro ano de 2012 3, aula 121-122Apresentação para décimo primeiro ano de 2012 3, aula 121-122
Apresentação para décimo primeiro ano de 2012 3, aula 121-122
 
Prova de validação para o 3º ano
Prova de validação para o 3º anoProva de validação para o 3º ano
Prova de validação para o 3º ano
 
linguagens no enem n. 1
 linguagens no enem n. 1 linguagens no enem n. 1
linguagens no enem n. 1
 
Crianças
CriançasCrianças
Crianças
 
Homens, Sonhos e Frustrações
Homens, Sonhos e FrustraçõesHomens, Sonhos e Frustrações
Homens, Sonhos e Frustrações
 
A História do Angu do Gomes
A História do Angu do GomesA História do Angu do Gomes
A História do Angu do Gomes
 
Cópia de exercício enem figuras de linguagens.docx
Cópia de exercício enem figuras de linguagens.docxCópia de exercício enem figuras de linguagens.docx
Cópia de exercício enem figuras de linguagens.docx
 
O alienista
O alienistaO alienista
O alienista
 

Similar a Ficha de avalia+º+úo janeiro

Similar a Ficha de avalia+º+úo janeiro (20)

SIMULADO UNIFICADO ESCOLA CORNÉLIA. 7º ANO. DOCUMENTO PÚBLICO.
SIMULADO UNIFICADO ESCOLA CORNÉLIA. 7º ANO. DOCUMENTO PÚBLICO.SIMULADO UNIFICADO ESCOLA CORNÉLIA. 7º ANO. DOCUMENTO PÚBLICO.
SIMULADO UNIFICADO ESCOLA CORNÉLIA. 7º ANO. DOCUMENTO PÚBLICO.
 
22-LLCERPort.pdf
22-LLCERPort.pdf22-LLCERPort.pdf
22-LLCERPort.pdf
 
Módulo V
Módulo VMódulo V
Módulo V
 
Modulo 5 pibid
Modulo 5 pibidModulo 5 pibid
Modulo 5 pibid
 
Dinheirinho
DinheirinhoDinheirinho
Dinheirinho
 
Dinheirinho
DinheirinhoDinheirinho
Dinheirinho
 
Dinheirinho
DinheirinhoDinheirinho
Dinheirinho
 
Semana da Leitura 2011
Semana da Leitura 2011Semana da Leitura 2011
Semana da Leitura 2011
 
Prova: funções da linguagem
Prova: funções da linguagemProva: funções da linguagem
Prova: funções da linguagem
 
Prova: funçoes da linguagem
Prova: funçoes da linguagemProva: funçoes da linguagem
Prova: funçoes da linguagem
 
Simulado português e matematica 8 anos ok
Simulado português e matematica 8 anos okSimulado português e matematica 8 anos ok
Simulado português e matematica 8 anos ok
 
Simulado português e matematica 8 anos ok
Simulado português e matematica 8 anos okSimulado português e matematica 8 anos ok
Simulado português e matematica 8 anos ok
 
Exame felizmente
Exame felizmenteExame felizmente
Exame felizmente
 
Lição 6 - 1EM
Lição 6 - 1EMLição 6 - 1EM
Lição 6 - 1EM
 
Incidente em antares
Incidente em antaresIncidente em antares
Incidente em antares
 
Língua portuguesa estrangeirismo
Língua portuguesa estrangeirismoLíngua portuguesa estrangeirismo
Língua portuguesa estrangeirismo
 
Barroco
Barroco Barroco
Barroco
 
Barroco 2010
Barroco 2010Barroco 2010
Barroco 2010
 
Modernismo Brasileiro
Modernismo BrasileiroModernismo Brasileiro
Modernismo Brasileiro
 
História da biblioteca nacional 2012
História da biblioteca nacional 2012História da biblioteca nacional 2012
História da biblioteca nacional 2012
 

Más de Luis Martins (20)

Publicidade
PublicidadePublicidade
Publicidade
 
Almeida garrett
Almeida garrettAlmeida garrett
Almeida garrett
 
Folhas caidas
Folhas caidasFolhas caidas
Folhas caidas
 
Romance de Rita R
Romance de Rita RRomance de Rita R
Romance de Rita R
 
Relatorio
RelatorioRelatorio
Relatorio
 
Energia solar
Energia solarEnergia solar
Energia solar
 
Publicidade
PublicidadePublicidade
Publicidade
 
Texto descritivo
Texto descritivoTexto descritivo
Texto descritivo
 
O que é a poesia
O que é a poesiaO que é a poesia
O que é a poesia
 
Retrato
RetratoRetrato
Retrato
 
Malhao
MalhaoMalhao
Malhao
 
Outros conteudos
Outros conteudosOutros conteudos
Outros conteudos
 
Teste
TesteTeste
Teste
 
Contrabando
ContrabandoContrabando
Contrabando
 
Ficha de avaliação outubro
Ficha de avaliação   outubroFicha de avaliação   outubro
Ficha de avaliação outubro
 
Ficha de avaliação março
Ficha de avaliação   marçoFicha de avaliação   março
Ficha de avaliação março
 
Comprensao oral diag
Comprensao oral diagComprensao oral diag
Comprensao oral diag
 
Doc1
Doc1Doc1
Doc1
 
Matriz
MatrizMatriz
Matriz
 
Ficha de avaliação dezembro
Ficha de avaliação   dezembroFicha de avaliação   dezembro
Ficha de avaliação dezembro
 

Ficha de avalia+º+úo janeiro

  • 1. 1 Desses saltos no quotidiano de Fronteira, o pior foi o que se deu com a vinda do Robalo. Já lá vão anos. O rapaz era do Minho, acostumado ao positivismo da sua terra: um lameiro, uma junta de bois, uma videira de enforcado, o Abade muito vermelho à varanda da residência, e o Senhor pela Páscoa. Além disso, novo no ofício – na guarda, para onde 5 entrara em nome dessa mesma terrosa realidade: um ordenado certo e a reforma por inteiro. Daí que lhe parecesse o chão de Fronteira movediço sob os pés. Mal chegou e se foi apresentar ao posto, deu uma volta pelo povoado. E aquelas casas na extrema pureza de uma toca humana, e aqueles seres deitados ao sol como esquecidos da vida, transtornaram- lhe o entendimento. 10 – Esta gente que faz? – perguntou a um companheiro já maduro no ofício. – Contrabando. – Contrabando!? Todos!? E as terras, a agricultura? – Terras!? Estas penedias?! O Robalo queria falar de qualquer veiga possível, de qualquer chão que não vira ainda, 15 mas tinha forçosamente de existir, pois que na sua ideia um povo não podia viver senão de hortas e lameiros. Insistiu por isso na estranheza. Mas o outro lavou dali as mãos: – Não. Aqui, a terra, ao todo, ao todo, produz a bica de água da fonte. O resto vão-no buscar a Fuentes. Mas nem assim o Robalo entendeu Fronteira e o seu destino. No dia seguinte, pelo ribeiro 20 fora, parecia um cão a guardar. Que o dever acima de tudo, que mais isto, que mais aquilo – sítio que rondasse era sítio excomungado. Até as ervas falavam quando qualquer as pisava de saco às costas. Mal a sua ladradela de mastim zeloso se ouvia, ou se parava logo, ou nem Deus do céu valia a um homem. Em quinze dias foram dois tiros no peito do Fagundes, um par de coronhadas no Albino, e ao Gaspar teve-o mesmo por um triz. Se não dá um torcegão no 25 pé quando apontava, varava a cabeça do infeliz de lado a lado. A bala passou-lhe a menos de meio palmo das fontes. Mas Fronteira tinha de vencer. Primeiro, porque o coração dos homens, por mais duro que seja, tem sempre um ponto fraco por onde lhe entra a ternura; segundo, porque o Diabo põe e Deus dispõe. Miguel Torga, Novos Contos da Montanha, Coimbra Editora Agrupamento de Escolas de Arouca Cód. 151634 Ficha de avaliação de Português - 8º ano Fevereiro 2013 ……………………………………………………………………………………… GRUPO I – Leitura (50 %) TEXTO A Lê com atenção o excerto do conto “Fronteira”, de Miguel Torga.
  • 2. 2 Na tua folha de prova, responde às questões sobre o texto que acabaste de ler. Sempre que necessário, volta a lê-lo. 1. A abertura do texto é feita com a apresentação da personagem Robalo. 1.1. Regista duas características que sirvam para caracterizar psicologicamente essa personagem. 1.2. No retrato psicológico de Robalo prevalece a caracterização direta ou a indireta? 1.2.1. Justifica a tua resposta, recorrendo a um argumento e a um exemplo textual. 2. Quando Robalo chega a Fronteira estranha o modo de vida da sua população. 2.1. Transcreve a passagem textual que comprova essa reação de Robalo. 2.2. Indica a atividade praticada pelos habitantes de Fronteira. 2.2.1. Porque se dedicavam a essa atividade? 3. O narrador afirma o seguinte acerca da atitude de Robalo perante aquele grupo social: “No dia seguinte, pelo ribeiro fora, parecia um cão a guardar.” 3.1. Explica a passagem textual transcrita. 3.2. Identifica a figura de retórica aí presente. 3.3. Classifica o narrador quanto à sua presença e ciência. Justifica a tua resposta apresentando dois exemplos textuais. 4. Ao longo do texto, o narrador revela o seu ponto de vista acerca da atividade desenvolvida pelos habitantes de Fronteira. 4.1. Demonstra que o narrador não condena essa atividade. 5. Relê o último parágrafo do texto. 5.1. Explica de que modo este parágrafo sugere o desenlace do conto. 6. Faz corresponder os elementos das colunas, A e B de modo a obteres afirmações verdadeiras. A B 1.”Mal a sua ladradela de mastim zeloso se ouvia…”(l.22) b.personificação 3.”Mas Fronteira tinha de vencer.”(l.27) c.sinestesia 4. “Até as ervas falavam quando qualquer as pisava de saco às costas.”(ll.21-22) d.metáfora
  • 3. 3 Montalegre recria Rota do Contrabando de Tourém na sexta-feira (publicado em 2011-08-10) Centenas de pessoas vão percorrer, na sexta-feira, a Rota do Contrabando de Tourém, em Montalegre, e recriar a época em que as trocas comerciais entre Portugal e Espanha eram seguidas pelas autoridades dos dois lados da fronteira. A iniciativa acontece pelo sétimo ano consecutivo e é da responsabilidade da junta de freguesia de Tourém e do Ecomuseu do Barroso, que quis recuperar um dos "emblemas" do concelho de Montalegre e recriar o espírito "contrabandista" das gentes do Barroso. O presidente da junta de freguesia, Paulo Barroso, explicou à Lusa que a atividade pretende ser ”o mais real possível”, pelo que os “contrabandistas” vão sair do coração da aldeia, no Largo do Outeiro, pelas 19:30 horas, ou seja, pelo “lusco-fusco para se apanhar a noite”, disse. O autarca salientou que a meio do caminho haverá investidas de guardas-fiscais e civis e quem for “apanhado” vai preso juntamente com o burro, responsável pelo transporte da mercadoria. A troca dos produtos ou o contrabando será feito numa loja da localidade espanhola vizinha, em Randím, e segundo Paulo Barroso, os portugueses darão eletrodomésticos em troca de bens alimentares como bananas, azeite, bacalhau e café. No final da rota, um percurso de 11 quilómetros, os “contrabandistas” regressam a Tourém onde haverá um bailarico e um jantar convívio. O edil referiu que o contrabando era uma “forma de vida” porque as pessoas viviam, e ainda hoje vivem, essencialmente da agricultura e o contrabando era “um complemento” ao orçamento mensal. Paulo Barroso frisou que, futuramente, o polo do Ecomuseu do Barroso em Tourém será “transformado” numa “espécie” de museu alusivo à atividade contrabandista para os mais jovens terem uma perspetiva desta atividade. Em 2010, a iniciativa contou com a participação de 268 intervenientes e superou “todas as expectativas”. Este ano, as inscrições contam já com “mais” de 100 pessoas. No sábado, dia seguinte à Noite do Contrabando de Tourém, realiza-se a Rota do Contrabando em Vilar de Perdizes, Montalegre. http://www.jn.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx?Distrito=Vila%20Real&Concelho= Montalegre&Option=Interior&content_id=1949837&page=2 consultado em 16 /12/11 TEXTO B Lê a notícia
  • 4. 4 Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas. 1. Associa cada elemento da coluna A ao único elemento da coluna B que lhe corresponde, de acordo com o sentido do texto. Escreve as letras e os números correspondentes na tua folha de prova. Utiliza cada letra e cada número apenas uma vez. COLUNA A COLUNA B 1) Localidades portuguesas que recriam a Rota do Contrabando 2) Objetivo da iniciativa 3) Rota que os “contrabandistas” vão realizar 4) Produtos de contrabando trazidos pelos portugueses 5) Iniciativa futura que visa a divulgação da cultura raiana. a) divulgação de uma atividade que caracteriza a população do Barroso. b) “museu” do contrabando em Tourém. c) Tourém e Vilar de Perdizes. d) encontro no centro da vila seguido de um percurso de 11 quilómetros, troca de produtos num estabelecimento comercial. e) produtos alimentares. 2. Seleciona, para responderes a cada item (2.1. a 2.3.), a única opção que permite obter uma afirmação correta. Regista na folha de prova o número da questão e a alínea respetiva. 2.1. A notícia apresentada refere uma atividade: □ (A) que era praticada nas zonas fronteiriças de Portugal e Tourém. □ (B) que envolvia unicamente as autoridades fiscais portuguesas. □ (C) que caracterizava o modo de vida dos habitantes do concelho de Montalegre. □ (D) que se pratica em Montalegre, mantendo-se nos nossos dias. 2.2. O papel dos guardas fiscais na recriação da “Rota do Contrabando” será: □ (A) zelar pela segurança dos participantes. □ (B) apreender as mercadorias e os meios de transporte. □ (C) aplicar multas aos contrabandistas. □ (D) simular “ordem de prisão” a alguns contrabandistas. 2.3. A atividade do contrabando entre Portugal e Espanha: □ (A) correspondia a uma necessidade de sobrevivência. □ (B) constituía uma atividade lúdica das gentes do Barroso. □ (C) era uma atividade apoiada pela junta de freguesia. □ (D) acontecia com regularidade em meios urbanos.
  • 5. 5 GRUPO II – Conhecimento Explícito da Língua ( 30%) 1.Identifica três marcas de Português do Brasil no excerto que se segue. - Depressa, Luís. Glória foi comprar pão e Jandira está lendo na cadeira de balanço. Saímos nos espremendo pelo corredor. Fui ajudar ele a desaguar. - Faz bastante que na rua ninguém pode fazer de dia. Depois, no tanque, lavei o rosto dele. Fiz o mesmo e voltamos para o quarto. Vesti ele sem fazer barulho. Calcei os seus sapatinhos. Porcaria esse negócio de meia, só serve para atrapalhar. Abotoei o seu terninho azul e procurei o pente. Mas o cabelo dele não sentava. Precisava fazer alguma coisa. Não tinha nada em canto algum. Nem brilhantina, nem óleo. Fui na cozinha e voltei com um pouco de banha na ponta dos dedos. Esfreguei a banha na palma da mão e cheirei antes. José Mauro de Vasconcelos, Meu pé de laranja lima, Lisboa, Dinapress, 2006 1.1. Dos hiperónimos a seguir apresentados, assinala aquele que não se adequa ao hipónimo sublinhado no texto anterior. a) calçado b) vestuário c) roupa 2.Seleciona a única opção que permite obter uma afirmação correta. 1.1. A frase “ O contrabando era uma “forma de vida” porque as pessoas viviam essencialmente da agricultura”: (A) contém uma oração coordenada. (B) contém uma oração subordinada adverbial final. (C) contém uma conjunção coordenativa. (D) contém uma oração subordinada adverbial causal. 3. Indica para que servem as conjunções coordenativas presentes nas frases complexas seguintes. Para isso, associa os elementos de ambas as colunas, de modo a obteres afirmações verdadeiras. Regista a alínea correta no espaço à direita da coluna A. B a)explicação b)adição de informação c)alternativa A 3.1.Na frase: Robalo era do Minho e Isabel era de Fronteira, a conjunção coordenativa serve para expressar um valor de 3.2.Na frase: O Robalo queria falar de qualquer veiga possível, de qualquer chão que não vira ainda, pois que na sua ideia um povo não podia viver senão de hortas e lameiros, a conjunção coordenativa serve para transmitir uma 3.3. Na frase: “ou se parava logo, ou nem Deus do céu valia a um homem” a conjunção coordenativa serve para transmitir um valor de
  • 6. 6 4. Identifica as afirmações verdadeiras (V) e as falsas (F). Corrige as falsas. Afirmações V F 4.1.Na frase complexa: Já que em Fronteira não existe agricultura, recorre-se ao contrabando, a oração subordinada adverbial exprime uma ideia de causa. 4.2. Uma ideia de consequência está expressa na oração subordinada adverbial da frase complexa: Logo que possa, vou vigiar Fronteira. 4.3. A oração subordinada da frase complexa: No caso de veres alguém, avisa-me, exprime uma ideia de concessão. 5. Classifica as orações sublinhadas. 5.1.Este sítio é tão bonito que aconselhei a sua visita aos meus amigos. 5.2. Fronteira tinha de vencer para que todos sobrevivessem. 5.3. Embora o contrabando seja ilegal, aquela gente nada teme. 5.4.Robalo apaixonou-se por Isabel, logo não conseguia fazer-lhe mal. Grupo III – Produção escrita (20%) Tema A Bom trabalho! A profª: Fátima Carmo “A história de vida do ex-contrabandista de Tourém, Bento Barroso Grilo, 88 anos, dava um livro, dos tempos de pobreza extrema e sofrimento até ao desenvolvimento de uma rede organizada de contrabando. http://www.cafeportugal.net/pages/dossier_artigo.aspx?id=2200, consultado em 16/12/11. Miguel Torga escreveu um conto sobre esta temática. Escreve um texto de opinião, de 100 a 150 palavras, em que apresentes o teu ponto de vista sobre o modo de vida retratado no conto “Fronteira”. Tema B Recorda a personagem avó do conto “Avó e neto contra vento e areia” de Teolinda Gersão. Num texto de 100 a 150 palavras apresenta a tua opinião sobre o abandono/ a solidão dos idosos.
  • 7. 7
  • 8. 8
  • 9. 9
  • 10. 10