Valor Económico, el diario financiero más influyente de Brasil, dedica media página de su sección de Opinión a este artículo de José Antonio Llorente sobre los desafíos de Brasil en la Cumbre Iberoamericana en Veracruz.
Una gestión de comunicación para la empresa del siglo XXI
Artículo de José Antonio Llorente en Valor Económico
1. Sábado, domingo e segunda-feira, 6, 7 e 8 de dezembro de 2014 | Valor | A13
É pelos 20 centavos sim!
Cúpula reúne grupos de países que caminham a velocidades diferentes. Por José Llorente
“Os EUA são a
melhor casa de
um quarteirão
ruim. O ciclo
global está
dessincronizado”.
De Vincent Reinhart,
economista-chefe para os Estados
Unidos do Morgan Stanley, para
quem a mudança da política
monetária pelo Fed deslanchará um
‘teste de estresse em tempo real’
David Kupfer
As decisões de
investimento
concentram-se em
reestruturação
patrimonial
Acoluna passada, “O
Câmbio e o Saldo”, de
10 de novembro últi-mo,
enfocou os im-pactos
da trajetória da taxa de
câmbio sobre as decisões de pro-dução
dos agentes econômicos.
Sugeriu-se que quanto mais vo-látil
for essa trajetória, menores
em grau ou mais lentos em rit-mo
serão os seus efeitos sobre
essas decisões devido ao fato
primordial de que para bens co-mercializáveis
as expectativas
quanto ao nível futuro da taxa
de câmbio são mais relevantes
do que o seu nível corrente.
Nesta coluna, a reflexão é dire-cionada
para a relação entre a tra-jetória
da taxa de câmbio e as de-cisões
de investir. Embora o fator
expectacional mantenha a sua
primazia, é importante ter claro
que tratar do investimento requer
um quadro analítico mais amplo.
Em primeiro lugar, o cálculo eco-nômico
deixa de se referir apenas
a valores correntes e esperados de
custos e receitas e passa a refletir
também valores presentes e futu-ros
dos diferentes ativos envolvi-dos
na formação de capital, alar-gando
os horizontes temporais e
aumentando as exigências dos
agentes em termos do grau de
confiança na economia.
Em segundo lugar, enquanto
nas decisões de produção a volati-lidade
do câmbio afeta mais in-tensamente
os bens comercializá-veis,
nas decisões de investimento
seu alcance recai sobre a totalida-de
da economia. Isso porque todo
e qualquer investimento engloba
um conjunto de bens de capital
que, sendo comercializáveis, po-dem
e, pelo menos em parte, são
importados pelo país.
Em terceiro lugar, a decisão de
investimento é tomada em mó-dulos
e, portanto, é mais indivisí-vel,
mais irreversível e mais cru-cial
para o sucesso dos negócios
do que as decisões de produção.
A imprevisibilidade quanto à ta-xa
de câmbio futura afeta a esti-mativa
do custo do investimento
e tende a provocar uma preferên-cia
por adiar a aquisição do ativo
à espera de que mais à frente fi-que
mais claro para qual valor a
taxa de câmbio está efetivamente
rumando. É a chamada preferên-cia
pela flexibilidade.
A preferência pela flexibilida-de
ajuda a explicar porque no
Brasil as decisões de investimen-to
concentram-se em operações
de reestruturação patrimonial
que aumentam a eficiência do
capital já imobilizado em detri-mento
de investimentos em ati-vos
realmente novos (green-field),
que teriam impacto muito
maior sobre a produtividade e o
dinamismo da economia. Essa é a
essência da hipótese da rigidez
estrutural que há anos sustento
como a maior mazela enfrentada
pelo sistema produtivo brasilei-ro.
Vem daí, por exemplo, uma
possível razão para o aparente
paradoxo representado pela
convivência de um nível de utili-zação
da capacidade instalada
relativamente alto (81,5% cf. CNI,
média do primeiro semestre de
2014) com o quadro de virtual
estagnação exibido pela econo-mia
brasileira no período.
Sem pretender sequer arranhar
os termos do debate que a teoria
econômica reserva para o processo
de formação de expectativas, é
possível delinear uma explicação.
Olhando para trás, percebe-se que
nos quatro últimos anos está em
curso uma trajetória de desvalori-zação
do real em relação ao dólar
em degraus de aproximadamente
vinte centavos ao ano. Esse proces-so
não é linear, havendo um
overshooting de outros quinze
centavos que, por sua vez, é reverti-do
dentro de cada período. Esse
movimento pode ser depreendido
simplesmente da análise da evolu-ção
dos valores das médias móveis
de 6 meses e dos máximos das ta-xas
de câmbio nominais nesses in-tervalos
tomando-se como refe-rência
o final do mês de junho de
cada ano, a saber: em 2011, R$ 1,61
e R$ 1,67; em 2012, R$ 1,87 e R$
2,02; em 2013; R$ 2,05 e R$ 2,22 e
em 2014, R$ 2,28 e R$ 2,43.
No entanto, a despeito dessa
trajetória, os agentes se baseiam
em um modelo expectacional
que associa aumento da inflação
hoje com valorização do real
amanhã, pois entendem que a
âncora cambial ainda é parte
ativa da estratégia de estabiliza-ção
monetária. Por isso, quando
vêem a inflação em ascensão an-tecipam
que o real irá se valori-zar
(via aumento da taxa de ju-ros)
e passam a exercer a prefe-rência
pela flexibilidade. Resul-tado:
as decisões de investimen-to
são adiadas em toda a econo-mia,
incluindo as atividades de
serviços nas quais as decisões de
produção podem ser mais imu-nes
à volatilidade do câmbio,
mas não as de investimento.
Essa (falta de) dinâmica é par-ticularmente
preocupante dian-te
do fato de que o ciclo de inves-timento
em andamento na eco-nomia
brasileira está apoiado na
expansão da infraestrutura sen-do,
portanto, muito capital-in-tensivo
e envolvendo muita tec-nologia
incorporada nos bens de
Provavelmente ninguém
fez tanto pela integra-ção
ibero-americana co-mo
o recém-falecido
Roberto Gómez Bolaños, com
seus inesquecíveis personagens
Chaves e Chapolin Colorado. Em
espanhol ou português, ele con-seguiu
nos mostrar um pouco da
realidade da nossa região em ca-da
uma de suas histórias. E talvez
esse seja o ambiente que muitos
esperam encontrar no México,
sua terra natal, durante a XXIV
Cúpula Ibero-americana, hoje e
amanhã na cidade de Veracruz.
Mesmo com a Educação e a Ino-vação
como eixos centrais do en-contro,
o panorama econômico da
região para o próximo ano sem
dúvida marcará grande parte das
discussões. E a participação confir-mada
de pelo menos 20 presiden-tes
parece endossar ainda mais a
importância do debate. No ano
passado, no Panamá, um número
ainda menor esteve presente.
Porém,estanãoseráumadiscus-são
fácil em uma Ibero-América
que caminha a duas velocidades:
de um lado estão os países da
Aliança do Pacífico. Chile, Colôm-bia,
México e Peru chegam ao en-contro
com perspectiva de cresci-mento
que vai desde 2%, no Chile,
até os quase 4,8% na Colômbia, de
acordo com o FMI, e com a firme in-tenção
de seguir investindo em
processos de liberalização econô-mica.
E apoiados por uma econo-mia
mexicana revitalizada que pre-vê
um crescimento acima do 3%.
Do outro lado, o bloco do Mer-cosul,
mais propenso ao prote-cionismo,
chega a Veracruz com
um cenário mais pessimista: com
exceção do Paraguai e Uruguai
(com crescimentos em torno ao
4% e 2,8%, respectivamente), Bra-sil,
Argentina e Venezuela aguar-dam
por um ano difícil. Argenti-na
e Venezuela com números ne-gativos
de crescimento, enquan-to
o Brasil terá que se esforçar
muito para superar o 1%.
Entre esses dois blocos, países
como a Bolívia, Panamá ou Repú-blica
Dominicana esperam, de
acordo com o FMI, crescimentos
espetaculares acima de 5%.
Diante de um cenário tão desi-gual,
somado à ausência confir-mada
de Cristina Kirchner, o Bra-sil
tem o desafio de dar um passo
a frente e assumir o papel de pro-tagonista
no México. Quer pela
simples necessidade de fortalecer
os laços comerciais com os seus
“vizinhos prósperos”, ou porque
capital. Estrategicamente, isso
implica perceber que para reto-mar
uma taxa mais robusta de in-vestimento
não basta lubrificar
os circuitos regulatórios e de fi-nanciamento
que vem travando
a aceleração dessas obras. Se as
indústrias fornecedoras não lo-grarem
reverter mesmo que par-cialmente
o hiato de competiti-vidade
que se acumulou nos úl-timos
anos, e principalmente,
não intensificarem o ritmo de
inovação, as pesadas importa-ções
de bens de capital poderão
contaminar o processo de inves-timento
com o virus da prefe-rência
pela flexibilidade.
Nesse ponto, cabe lembrar as
manifestações de junho de 2013
cuja irrupção foi motivada — o
que não quer dizer explicada —
pelo aumento de vinte centavos
de real nos preços das passa-gens
de ônibus. Com relação à
taxa de câmbio, cabem mani-festações
similares em favor de
uma condução mais decidida
da política cambial. É pelos vin-te
centavos sim! Ironias à parte,
feliz ano velho para todos nós.
David Kupfer é professor licenciado e
membro do Grupo de Indústria e
Competitividade do Instituto de
Economia da UFRJ (GIC-IE/UFRJ) e
assessor da presidência do BNDES.
Escreve mensalmente às
segundas-feiras. E-mail: gic@ie.ufrj.br)
www.ie.ufrj.br/gic. As opiniões expressas
são do autor e não necessariamente
refletem posições do BNDES.
o crescimento de toda a região
necessita de um “Brasil saudável”,
especialmente diante de um ce-nário
internacional de redução
na demanda de matérias-primas.
Mas não é só isso. As melhores
perspectivas do México — impul-sionado
pela recuperação dos Es-tados
Unidos — ameaçam roubar
os investimentos que poderiam
vir para o Brasil. E o Brasil não se
pode dar ao luxo de perder um
trem que já avança a uma veloci-dade
maior que a sua.
A presença da Espanha pode
ser útil tanto por ser o segundo
maior investidor estrangeiro no
Brasil, como pela necessidade de
viabilizar o acordo entre o Merco-sul
e a União Europeia. E Veracruz
pode abrir novos caminhos.
Como dizem os especialistas, a
Espanha saiu do poço mas ainda
está no purgatório. Ainda que os
sinais de recuperação convidem ao
otimismo, o fantasma de 23% de
desemprego reflete o fato que, al-gumas
vezes, a economia melhora
sem melhorar a vida das pessoas.
Assim, também a Espanha es-pera
que o Brasil seja esse sócio
que tanto precisa, para continuar
sendo um dos principais desti-nos
da suas empresas, mas tam-bém
para ter mais e maiores in-vestimentos
brasileiros.
Depois de um período de des-confiança,
os primeiros sinais do
segundo mandato de Dilma
Rousseff têm sido bem recebidos
pelos empresários no Brasil. Ago-ra
essa mensagem deve chegar
aos vizinhos da Ibero-América e
do mundo. E a cúpula ibero-ame-ricana
será essa oportunidade.
Mas, junto a estas complexida-des
econômicas, existe também o
desafio político de liderança regio-nal.
Com o México atravessando
dificuldades institucionais e a pró-pria
Espanha em um processo de
transição política e econômica, a
região requer que a diplomacia
brasileira assuma, como já fez no
passado, a liderança que lhe cor-responde.
O Brasil deve ser o gran-de
articulador da região diante
dos diferentes blocos e foros inter-nacionais.
Isto também é parte do
fortalecimento institucional que
se espera deste governo nos espa-ços
internacionais. Hoje, mais do
que nunca, a diplomacia tem a
oportunidade de se consolidar co-mo
questão de Estado, acima de
qualquer outra questão, social,
econômica ou política.
Apesar das complexidades polí-ticas
que o país enfrenta hoje, a Cú-pula
Ibero-americana é a oportu-nidade
que o Brasil tem para colo-car
em prática o seu compromisso
assumido com a inovação e educa-ção.
O país é, junto com a Espanha
e Portugal, o único da região a in-vestir
mais de 1% de seu PIB em
pesquisa e desenvolvimento tec-nológico.
É verdade que deveria (e
deve) ser mais, porém é inegável
que este é um país de grandes em-presários
e com uma inesgotável
capacidade para inovar. E, em mo-mentos
em que as grandes empre-sas
do país se encontram no centro
de uma crise provocada por obscu-ras
gestões é importante não es-quecer
o seu papel como referên-cia
para toda Ibero-América.
Manter a constância em ciclos
de crescimento depende da capa-cidade
para inovar. Para transfor-mar
riqueza em mais riqueza. E se
existe uma parte do continente
que deseja manter o seu ciclo de
prosperidade, existe outra que de-seja
muito retomá-lo. E no meio
está o Brasil, o gigante do qual to-dos
esperam alguma coisa.
Sem dúvida, a Cúpula de Vera-cruz
pode ser o momento espera-do
para que o país retome o cami-nho
do crescimento e a liderança
a partir da educação, da inovação
e da integração ibero-americana.
Como bem dizia o personagem
Chaves “acho que é bem difícil
amar inimigos, mas amar os idio-tas
é quase impossível”.
José Antonio Llorente é sócio fundador
e presidente da Llorente & Cuenca.
Cartas de
Leitores
Desafios do Brasil em Veracruz
Frase do dia
Corrupção e trens
Após excelente trabalho, a Polí-cia
Federal encerrou as investiga-ções
e acusou 33 pessoas como
suspeitas de corrupção ativa e
passiva, lavagem de dinheiro,
evasão fiscal, fraude licitatória,
formação de quadrilha e outros
crimes no cartel de trens em São
Paulo, durante o governo do
PSDB (1998 - 08). Entre os acusa-dos,
então ex diretores de em-presas
como Siemens e Bombar-dier,
o deputado federal José
Aníbal (PSDB) e o ex presidente
da CPTM. Por aí se vê o tamanho
da corrupção, licitações frauda-das,
obras superfaturadas e des-vio
de verbas públicas que impe-ram
no país, sangrando os cofres
públicos em bilhões de dólares.
Seja o partido político que for, a
corrupção é um crime nefasto,
com gravíssimas consequências
para toda a sociedade e que não
pode ficar impune'.
Renato Khair
renatokhair@uol.com.br
Nova equipe
O governo por enquanto caiu na
real e não chama mais os analis-tas
econômicos de pessimistas. E
dando mostras de que quem vai
mandar mesmo na economia
não será mais a Dilma, mas sim o
novo indicado para o ministério
da Fazenda, Joaquim Levy, final-mente
a comunicação do Planal-to
se alinha com a do mercado e
de forma realista reduz de 2% pa-ra
0,8% a projeção de crescimen-to
do PIB para 2015. Até quando
a presidente vai obedecer esta
nova ordem, eu não sei. Mas, que
é um bom começo, e melhor ain-da
para o país, que se respeite as
regras do mercado, isso eu não
tenho dúvidas.
Paulo Panossian
paulopanossian@hotmail.com
●
Ao projetar um crescimento de
0,8% para o PIB em 2015, pratica-mente
coincidindo com o bole-tim
Focus (0,77%) e incorporan-do
à proposta de Lei de Diretri-zes
Orçamentárias (LDO) de
2015, ora encaminhada ao rela-tor
da matéria no Congresso, a
equipe econômica do segundo
mandato da presidente Dilma
mostra sua disposição em traba-lhar
com as perspectivas de mer-cado,
bem distante, portanto,
das projeções delirantes que vi-goraram
nos últimos anos e que
sempre se chocaram com a reali-dade.
Tal novidade deve ser sau-dada
como um grande avanço
na direção certa.
Dirceu Luiz Natal
dirluna@gmail.com
Previdência
O crescimento da expectativa de
vida do brasileiro é um dado
muito importante, refletindo o
momento que estamos passan-do.
Mas isto cria um problema
para que o sistema previdenciá-rio
continue funcionando. Este é
um assunto que exige avaliação
na busca de alternativas que pos-sam
evitar crises futuras, por fal-ta
de verba para cobrir as apo-sentadorias.
Uriel Villas Boas
urielvillasboas@yahoo.com.br
Diante de um cenário
tão desigual, o Brasil
tem o desafio de dar um
passo a frente e assumir
o papel de protagonista.
O crescimento da região
necessita de um “Brasil
saudável”, em especial
diante de um cenário
internacional de
redução na demanda de
matérias-primas
Opinião
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