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A TEORIA ÉTICA DE KANT
           UMA ÉTICA DEONTOLÓGICA


Considera – se que a ética kantiana é
deontológica porque defende que o valor moral
de uma acção reside em si mesma e não nas suas
consequências.
                 Na sua intenção.
A TEORIA ÉTICA DE KANT

Kant defendia que o valor moral das acções depende
  unicamente da intenção com que são praticadas.

                   PORQUÊ?
Porque sem conhecermos as intenções dos agentes
  não podemos determinar o valor moral das acções.
  Na verdade, uma acção pode não ter valor moral
  apesar de ter boas consequências.
A TEORIA ÉTICA DE KANT

Quando é que a intenção tem valor moral ou é
 boa?
Quando o propósito do agente é cumprir o
 dever pelo dever.

O cumprimento do dever é o único motivo em
  que a acção se baseia.
Ex: Não roubar porque esse acto é errado e não
  porque posso ser castigado.
A TEORIA ÉTICA DE KANT

O que é uma acção com valor moral?
É uma acção que cumpre o dever por dever.

  Cumpre o dever sem «segundas intenções».

Deveres como não matar inocentes indefesos, não
  roubar ou não mentir devem ser cumpridos porque
  não os respeitar é absolutamente errado.
A TEORIA ÉTICA DE KANT

  ACÇÕES CONFORMES AO DEVER VERSUS ACÇÕES FEITAS POR
                          DEVER.
                Objectivo desta distinção


  Defender que o valor moral das acções depende unicamente da
                 intenção com que são praticadas.



Mostrar que duas acções podem ter consequências igualmente boas
                  e uma delas não ter valor moral.
A TEORIA ÉTICA DE KANT

          ACÇÕES CONFORMES AO DEVER VERSUS ACÇÕES FEITAS POR DEVER.

EX: dois comerciantes praticam preços justos e não enganam os clientes. Estão a agir
    bem? Estão a cumprir o seu dever? Aparentemente sim.

Suponhamos que um deles - João - não aumenta os preços apenas porque tem receio de
   perder clientes. O seu motivo é egoísta: é o receio de perder clientes que o impede de
   praticar preços injustos. A sua acção é conforme ao dever mas não é feita por dever .

Suponhamos agora que o outro comerciante – Vicente - não aumenta os preços por julgar
   que a sua obrigação moral consiste em agir de forma justa. A sua acção é feita por
   dever.


As duas acções – exteriormente semelhantes – têm a mesma consequência – nenhum
   deles perde clientes – mas não têm o mesmo valor moral.
A TEORIA ÉTICA DE KANT

 ACÇÕES CONFORMES AO DEVER VERSUS ACÇÕES FEITAS POR
                       DEVER.
            ACÇÕES CONFORMES AO DEVER

Acções que cumprem o dever não porque é correcto fazê – lo
   mas porque se evita uma má consequência – perder
   dinheiro, reputação – ou porque daí resulta uma boa
   consequência - a satisfação de um interesse. João não age
   por dever.
Ex: Não roubar por receio de ser castigado ou praticar preços
   justos para manter ou aumentar a clientela.
A TEORIA ÉTICA DE KANT

 ACÇÕES CONFORMES AO DEVER VERSUS ACÇÕES FEITAS POR
                        DEVER.
              ACÇÕES FEITAS POR DEVER



Acções que cumprem o dever porque é correcto fazê – lo. O
   cumprimento do dever é o único motivo em que a acção se
   baseia. Vicente age por dever.
Ex: Não roubar porque esse acto é errado em si mesmo ou
   praticar preços justos simplesmente porque assim é que
   deve ser.
A TEORIA ÉTICA DE KANT

                   A LEI MORAL E O DEVER

   Lei que nos diz qual é a forma correcta de cumprir o dever.

Princípio ético fundamental que exige que eu cumpra o dever
   por dever, sem qualquer outra intenção ou motivo.

Norma geral de natureza puramente racional que exige que a
  vontade domine as inclinações sensíveis - desejos, interesses
  e sentimentos – e cumpra o dever de forma pura.
A TEORIA ÉTICA DE KANT

            A LEI MORAL E O DEVER
Ouvir a voz da lei moral é ficar a saber como
  cumprir de forma moralmente correcta o
  dever. Essa lei diz-nos de forma muito geral o
  seguinte: «Deves em qualquer circunstância
  cumprir o dever pelo dever».
Esta exigência é um imperativo categórico ou
  absoluto porque não se subordina a
  condições.
A TEORIA ÉTICA DE KANT

                   A LEI MORAL E O DEVER
Pense em normas morais como «Não deves mentir»; «Não
  deves matar»; «Não deves roubar». A lei moral, segundo
  Kant, diz-nos como cumprir esses deveres, qual a forma
  correcta de os cumprir. Assim sendo, é uma lei puramente
  racional e puramente formal.
Não é uma regra concreta como «Não matarás!» mas um
  princípio geral que deve ser seguido quando cumpro essas
  regras concretas que proíbem o roubo, o assassinato, a
  mentira, etc.
A TEORIA ÉTICA DE KANT

         A LEI MORAL É UM IMPERATIVO CATEGÓRICO
O que a lei moral ordena – cumprir o dever por puro e simples
  respeito pelo dever – é, para Kant, uma exigência que tem a
  forma de um imperativo categórico.



   Ordena que uma acção boa seja realizada pelo seu valor
    intrínseco, que seja querida por ser boa em si e não por
  causa dos seus efeitos ou consequências. O cumprimento de
   deveres como não roubar ou não mentir é uma obrigação
                            absoluta.
A TEORIA ÉTICA DE KANT

POR QUE RAZÃO O CUMPRIMENTO DO DEVER – AS NOSSAS
  OBRIGAÇÕES MORAIS – É UMA OBRIGAÇÃO ABSOLUTA OU
  CATEGÓRICA?
Se cumprir o dever dependesse dos nossos interesses ou
  sentimentos, teríamos a obrigação, por exemplo, de cumprir
  a palavra dada apenas em certas condições, mas não
  sempre. Esta obrigação dependeria, digamos, do desejo de
  ficarmos bem vistos aos olhos de Deus ou aos olhos dos
  outros, do desejo de agradar a alguém, etc. Se agradar a
  Deus ou aos outros deixasse de nos preocupar, a obrigação
  de cumprir a palavra dada simplesmente desapareceria. Ora,
  não é isso que acontece. Continuamos a ter o dever de
  cumprir a palavra dada quer isso nos agrade quer não.
A TEORIA ÉTICA DE KANT
O CUMPRIMENTO DO DEVER COMO       O CUMPRIMENTO DO DEVER COMO
IMPERATIVO CATEGÓRICO.            IMPERATIVO HIPOTÉTICO.

1. O cumprimento do dever é       1. O cumprimento do dever é
   uma         ordem        não   uma ordem condicionada pelo
   condicionada pelo que de       que      de   satisfatório  ou
   satisfatório ou proveitoso     proveitoso pode resultar do
   pode resultar do seu           seu cumprimento.
   cumprimento.                   2. A palavra “imperativo” quer
2. A palavra “imperativo” quer    dizer obrigação. Com a palavra
   dizer obrigação. Com a         “hipotético”, Kant está a
   palavra “categórico”, Kant     referir-se às obrigações que
   está     a    referir-se   a   adquirimos       apenas     na
   obrigações absolutas - que     condição – ou hipótese – de
   temos sempre.                  termos um certo desejo ou
                                  projecto, mas não sempre.
A TEORIA ÉTICA DE KANT

O CUMPRIMENTO DO DEVER COMO                O CUMPRIMENTO DO DEVER COMO
IMPERATIVO CATEGÓRICO                      IMPERATIVO HIPOTÉTICO

3. A obrigação de salvar uma pessoa do      3.Só tenho a obrigação de estudar
afogamento, se estiver ao nosso alcance    medicina na condição de querer ser
fazê-lo, não é hipotética. Não depende     médico. Caso mude de ideias e abandone
de termos certos desejos, projectos ou     o projecto de vir a ser médico, também a
sentimentos particulares. O mesmo          obrigação      de     estudar     medicina
acontece com a obrigação de não tratar     desaparece. Apenas adquiro a obrigação
os outros apenas como meios e sim          de saber o código da estrada se quiser
como pessoas.                              tirar a carta de condução. Se não for esse
4.Praticar preços justos é uma obrigação   o meu projecto (ou não for esse o meu
absoluta.                                  desejo), esta obrigação deixa de existir.
                                           4. Praticar preços justos é um dever se for
                                           do meu interesse.
A TEORIA ÉTICA DE KANT

 AS DUAS MAIS IMPORTANTES FORMULAÇÕES DO IMPERATIVO
                 CATEGÓRICO OU LEI MORAL.
                  Fórmula da lei universal
“Age apenas segundo uma máxima tal que possas querer ao
   mesmo tempo que se torne lei universal”
                  Fórmula da Humanidade
  Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua
   pessoa como na pessoa de outrem, sempre e
   simultaneamente como fim e nunca apenas como meio.
A TEORIA ÉTICA DE KANT

 QUAL É A FUNÇÃO DESTAS FÓRMULAS? PARA QUE SERVEM?
Para sabermos, em cada circunstância da vida, se a acção que
  queremos praticar está, ou não, de acordo com a moral,
  temos de perguntar se aquilo que nos propomos fazer
  poderia servir de modelo para todos os outros e se não os
  transforma em simples meios ao serviço dos nossos
  interesses. Se faltar a uma promessa, não é algo que todos
  possam imitar e viola os direitos dos outros, então temos a
  obrigação de não o fazer, por muito que isso nos possa
  custar; se mentir não serve de modelo para os outros e os
  reduz a meios que usamos para satisfazer o nosso egoísmo,
  então não temos o direito de abrir uma excepção apenas
  para nós.
A TEORIA ÉTICA DE KANT

                ANÁLISE DA PRIMEIRA FÓRMULA
  “Age apenas segundo uma máxima tal que possas querer ao
             mesmo tempo que se torne lei universal”
Imagine a seguinte situação: Eva precisava de dinheiro. Pediu
   algum dinheiro emprestado a Bernardo com a promessa de
   lho devolver. No entanto, já tinha a intenção de não lhe
   devolver o dinheiro.
Eva agiu de acordo com a seguinte máxima: “Sempre que
   precisar de dinheiro, peço o dinheiro emprestado, mas com a
   intenção de não o devolver”.
Poderá esta máxima ser universalizada? Não será
   contraditória?
A TEORIA ÉTICA DE KANT

                 ANÁLISE DA PRIMEIRA FÓRMULA
Em termos mais gerais a regra que orienta a acção de Eva é esta:
  “Mente sempre que isso for do teu interesse”.
O que aconteceria se esta regra fosse universalizada, se funcionasse
  como modelo para todos, se todos a seguissem. O que
  aconteceria? Ninguém confiaria em ninguém. Ora, a mentira só é
  eficaz se as pessoas confiarem umas nas outras. É preciso que
  Bernardo confie em Eva, para poder ser enganado por ela. Mas se
  eu souber que todos mentem sempre que isso lhes convém,
  deixarei de confiar nos outros e por isso Bernardo não confiará
  em Eva. Não vale a pena Eva prometer porque Bernardo não irá
  acreditar em nada que ela diga. Logo, Bernardo não lhe iria
  emprestar o dinheiro se a máxima de Eva fosse uma lei universal.
  Por estranho que pareça, ao exigir que todos mintam, estou a
  tornar a mentira impossível.
A TEORIA ÉTICA DE KANT

              ANÁLISE DA PRIMEIRA FÓRMULA
Eva não pode querer sem contradição universalizar a excepção
  que abriu para si própria porque se tornará excepção para
  todos. Se todos nós fizéssemos promessas com a intenção de
  não as cumprir todos desconfiaríamos delas e o empréstimo
  de dinheiro baseado em promessas acabaria. A prática de
  fazer e de aceitar promessas desapareceria. A máxima
  referida auto-destrói-se ao ser universalizada porque
  ninguém poderá agir de acordo com ela. A máxima “Mente
  sempre que isso for do teu interesse” não pode ser
  transformada numa lei universal. O nosso dever moral básico
  consiste em praticar apenas as acções que todos os outros
  possam ter como modelo.
A TEORIA ÉTICA DE KANT

           ANÁLISE DA SEGUNDA FÓRMULA
   Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua
          pessoa como na pessoa de outrem, sempre e
    simultaneamente como fim e nunca apenas como meio.

Segundo esta fórmula, cada ser humano é um fim em si e não
  um simples meio. Por isso, será moralmente errado
  instrumentalizar um ser humano, usá-lo como simples meio
  para alcançar um objectivo. Os seres humanos têm valor
  intrínseco, absoluto, isto é, dignidade.
A TEORIA ÉTICA DE KANT

              ANÁLISE DA SEGUNDA FÓRMULA


Pense no modo como quem pede dinheiro emprestado
  sem intenção de o devolver está a tratar a pessoa que
  lhe empresta dinheiro. É evidente que está a tratá-la
  como um meio para resolver um problema e não como
  alguém que merece respeito, consideração. Pensa
  unicamente em utilizá-la para resolver uma situação
  financeira grave sem ter qualquer consideração pelos
  interesses próprios de quem se dispõe a ajudá-lo. Viola
  – se assim a primeira e também a segunda fórmula.
A TEORIA ÉTICA DE KANT

             Conclusão da análise das fórmulas (1)
Para Kant, a pessoa tem de ser tratada sempre como um fim
  em si mesma e nunca somente como um meio, porque é o
  único ser de entre as várias espécies de seres vivos que pode
  agir moralmente. Se não existissem os seres humanos, não
  poderia haver bondade moral no mundo e, nesse sentido, o
  valor da pessoa é absoluto.
Assim, a fórmula da humanidade, também conhecida por
  fórmula do respeito pelas pessoas, exprime a obrigação
  moral básica da ética kantiana.
A TEORIA ÉTICA DE KANT

     Conclusão da análise das fórmulas (2)
  CUMPRIMENTO DO DEVER, IMPARCIALIDADE E RESPEITO
                  PELAS PESSOAS.

A acção moralmente correcta é decidida pelo indivíduo
  quando adopta uma perspectiva universal. Como?
  Colocando de parte os seus interesses, a pessoa
  pensará como qualquer outra que também faça
  abstracção dos seus interesses adoptando, portanto,
  uma perspectiva universal.
A TEORIA ÉTICA DE KANT

             Conclusão da análise das fórmulas (3)
   CUMPRIMENTO DO DEVER, IMPARCIALIDADE E RESPEITO
                        PELAS PESSOAS.
Pense em deveres morais comuns como “ “Paga o que deves”,
  “Sê leal”, “Não roubes”. Só o interesse e parcialidade do
  agente pode levar à violação de tais regras ou deveres
  morais. Eliminada a parcialidade, pensamos segundo uma
  perspectiva universal e aprovamo-los. Sempre que fazemos
  da satisfação dos nossos interesses a finalidade única da
  nossa acção, não estamos a ser imparciais e a máxima que
  seguimos não pode ser universalizada. Assim sendo,
  estamos a usar os outros apenas como meios, simples
  instrumentos que utilizamos para nosso proveito.
A TEORIA ÉTICA DE KANT

                       A BOA VONTADE
Agir moralmente significa agir com a intenção de respeitar
   exclusivamente a norma geral que me diz que devo praticar
   apenas as acções que todos os outros possam ter como
   modelo a seguir e que dado serem puramente
   desinteressadas tratam os outros como fins e nunca só como
   meios.
A vontade que decide agir por puro e simples respeito pelo que
   a lei moral ou imperativo categórico exige tem o nome de
   boa vontade.
A TEORIA ÉTICA DE KANT


    VONTADE AUTÓNOMA                VONTADE HETERÓNOMA
1.Vontade que cumpre o dever      1.Vontade que não cumpre o
   pelo dever. É uma boa             dever pelo dever. Não é uma
   vontade.                          boa vontade.
2. Uma vontade autónoma é         2. O cumprimento do dever não
   uma vontade puramente             é motivo suficiente para agir
   racional, que faz sua uma         tendo de se invocar razões
   lei da razão, que diz a si        externas como o receio das
   mesma «Eu quero o que a           consequências, o temor a
   lei moral exige».Ao agir por      Deus, etc. A vontade
   dever obedeço à voz da            submete-se a autoridades que
   minha razão e nada mais.          não a razão.
A TEORIA ÉTICA DE KANT

                             A BOA VONTADE
É uma vontade que age de forma moralmente correcta independentemente das
   consequências da acção.

É uma vontade que cumpre o dever respeitando absolutamente a lei moral, ou seja,
   cuja única intenção é cumprir o dever.

É uma vontade que age segundo regras ou máximas que podem ser seguidas por
   todos.

É uma vontade que respeita todo e qualquer ser humano considerando – o uma
   pessoa e não uma coisa ou um simples meio ao serviço deste ou daquele
   interesse.

É uma vontade autónoma porque decide cumprir o dever por sua iniciativa e não por
   receio de autoridades externas ou da opinião dos outros.
A TEORIA ÉTICA DE KANT
  E SE CUMPRIR O DEVER DE FORMA ABSOLUTA – SEM OUTRA
  INTENÇÃO – TIVER MÁS CONSEQUÊNCIAS?
Kant responde que não é por isso que a acção se torna
  moralmente errada. O que conta é a intenção.

   Imaginemos que digo a verdade e isso tem más
  consequências. Para Kant, o que importa é o modo
  como cumpro o dever – a intenção – e não o que
  resulta da acção.

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A teoria ética de kant

  • 1. A TEORIA ÉTICA DE KANT UMA ÉTICA DEONTOLÓGICA Considera – se que a ética kantiana é deontológica porque defende que o valor moral de uma acção reside em si mesma e não nas suas consequências. Na sua intenção.
  • 2. A TEORIA ÉTICA DE KANT Kant defendia que o valor moral das acções depende unicamente da intenção com que são praticadas. PORQUÊ? Porque sem conhecermos as intenções dos agentes não podemos determinar o valor moral das acções. Na verdade, uma acção pode não ter valor moral apesar de ter boas consequências.
  • 3. A TEORIA ÉTICA DE KANT Quando é que a intenção tem valor moral ou é boa? Quando o propósito do agente é cumprir o dever pelo dever. O cumprimento do dever é o único motivo em que a acção se baseia. Ex: Não roubar porque esse acto é errado e não porque posso ser castigado.
  • 4. A TEORIA ÉTICA DE KANT O que é uma acção com valor moral? É uma acção que cumpre o dever por dever. Cumpre o dever sem «segundas intenções». Deveres como não matar inocentes indefesos, não roubar ou não mentir devem ser cumpridos porque não os respeitar é absolutamente errado.
  • 5. A TEORIA ÉTICA DE KANT ACÇÕES CONFORMES AO DEVER VERSUS ACÇÕES FEITAS POR DEVER. Objectivo desta distinção Defender que o valor moral das acções depende unicamente da intenção com que são praticadas. Mostrar que duas acções podem ter consequências igualmente boas e uma delas não ter valor moral.
  • 6. A TEORIA ÉTICA DE KANT ACÇÕES CONFORMES AO DEVER VERSUS ACÇÕES FEITAS POR DEVER. EX: dois comerciantes praticam preços justos e não enganam os clientes. Estão a agir bem? Estão a cumprir o seu dever? Aparentemente sim. Suponhamos que um deles - João - não aumenta os preços apenas porque tem receio de perder clientes. O seu motivo é egoísta: é o receio de perder clientes que o impede de praticar preços injustos. A sua acção é conforme ao dever mas não é feita por dever . Suponhamos agora que o outro comerciante – Vicente - não aumenta os preços por julgar que a sua obrigação moral consiste em agir de forma justa. A sua acção é feita por dever. As duas acções – exteriormente semelhantes – têm a mesma consequência – nenhum deles perde clientes – mas não têm o mesmo valor moral.
  • 7. A TEORIA ÉTICA DE KANT ACÇÕES CONFORMES AO DEVER VERSUS ACÇÕES FEITAS POR DEVER. ACÇÕES CONFORMES AO DEVER Acções que cumprem o dever não porque é correcto fazê – lo mas porque se evita uma má consequência – perder dinheiro, reputação – ou porque daí resulta uma boa consequência - a satisfação de um interesse. João não age por dever. Ex: Não roubar por receio de ser castigado ou praticar preços justos para manter ou aumentar a clientela.
  • 8. A TEORIA ÉTICA DE KANT ACÇÕES CONFORMES AO DEVER VERSUS ACÇÕES FEITAS POR DEVER. ACÇÕES FEITAS POR DEVER Acções que cumprem o dever porque é correcto fazê – lo. O cumprimento do dever é o único motivo em que a acção se baseia. Vicente age por dever. Ex: Não roubar porque esse acto é errado em si mesmo ou praticar preços justos simplesmente porque assim é que deve ser.
  • 9. A TEORIA ÉTICA DE KANT A LEI MORAL E O DEVER Lei que nos diz qual é a forma correcta de cumprir o dever. Princípio ético fundamental que exige que eu cumpra o dever por dever, sem qualquer outra intenção ou motivo. Norma geral de natureza puramente racional que exige que a vontade domine as inclinações sensíveis - desejos, interesses e sentimentos – e cumpra o dever de forma pura.
  • 10. A TEORIA ÉTICA DE KANT A LEI MORAL E O DEVER Ouvir a voz da lei moral é ficar a saber como cumprir de forma moralmente correcta o dever. Essa lei diz-nos de forma muito geral o seguinte: «Deves em qualquer circunstância cumprir o dever pelo dever». Esta exigência é um imperativo categórico ou absoluto porque não se subordina a condições.
  • 11. A TEORIA ÉTICA DE KANT A LEI MORAL E O DEVER Pense em normas morais como «Não deves mentir»; «Não deves matar»; «Não deves roubar». A lei moral, segundo Kant, diz-nos como cumprir esses deveres, qual a forma correcta de os cumprir. Assim sendo, é uma lei puramente racional e puramente formal. Não é uma regra concreta como «Não matarás!» mas um princípio geral que deve ser seguido quando cumpro essas regras concretas que proíbem o roubo, o assassinato, a mentira, etc.
  • 12. A TEORIA ÉTICA DE KANT A LEI MORAL É UM IMPERATIVO CATEGÓRICO O que a lei moral ordena – cumprir o dever por puro e simples respeito pelo dever – é, para Kant, uma exigência que tem a forma de um imperativo categórico. Ordena que uma acção boa seja realizada pelo seu valor intrínseco, que seja querida por ser boa em si e não por causa dos seus efeitos ou consequências. O cumprimento de deveres como não roubar ou não mentir é uma obrigação absoluta.
  • 13. A TEORIA ÉTICA DE KANT POR QUE RAZÃO O CUMPRIMENTO DO DEVER – AS NOSSAS OBRIGAÇÕES MORAIS – É UMA OBRIGAÇÃO ABSOLUTA OU CATEGÓRICA? Se cumprir o dever dependesse dos nossos interesses ou sentimentos, teríamos a obrigação, por exemplo, de cumprir a palavra dada apenas em certas condições, mas não sempre. Esta obrigação dependeria, digamos, do desejo de ficarmos bem vistos aos olhos de Deus ou aos olhos dos outros, do desejo de agradar a alguém, etc. Se agradar a Deus ou aos outros deixasse de nos preocupar, a obrigação de cumprir a palavra dada simplesmente desapareceria. Ora, não é isso que acontece. Continuamos a ter o dever de cumprir a palavra dada quer isso nos agrade quer não.
  • 14. A TEORIA ÉTICA DE KANT O CUMPRIMENTO DO DEVER COMO O CUMPRIMENTO DO DEVER COMO IMPERATIVO CATEGÓRICO. IMPERATIVO HIPOTÉTICO. 1. O cumprimento do dever é 1. O cumprimento do dever é uma ordem não uma ordem condicionada pelo condicionada pelo que de que de satisfatório ou satisfatório ou proveitoso proveitoso pode resultar do pode resultar do seu seu cumprimento. cumprimento. 2. A palavra “imperativo” quer 2. A palavra “imperativo” quer dizer obrigação. Com a palavra dizer obrigação. Com a “hipotético”, Kant está a palavra “categórico”, Kant referir-se às obrigações que está a referir-se a adquirimos apenas na obrigações absolutas - que condição – ou hipótese – de temos sempre. termos um certo desejo ou projecto, mas não sempre.
  • 15. A TEORIA ÉTICA DE KANT O CUMPRIMENTO DO DEVER COMO O CUMPRIMENTO DO DEVER COMO IMPERATIVO CATEGÓRICO IMPERATIVO HIPOTÉTICO 3. A obrigação de salvar uma pessoa do 3.Só tenho a obrigação de estudar afogamento, se estiver ao nosso alcance medicina na condição de querer ser fazê-lo, não é hipotética. Não depende médico. Caso mude de ideias e abandone de termos certos desejos, projectos ou o projecto de vir a ser médico, também a sentimentos particulares. O mesmo obrigação de estudar medicina acontece com a obrigação de não tratar desaparece. Apenas adquiro a obrigação os outros apenas como meios e sim de saber o código da estrada se quiser como pessoas. tirar a carta de condução. Se não for esse 4.Praticar preços justos é uma obrigação o meu projecto (ou não for esse o meu absoluta. desejo), esta obrigação deixa de existir. 4. Praticar preços justos é um dever se for do meu interesse.
  • 16. A TEORIA ÉTICA DE KANT AS DUAS MAIS IMPORTANTES FORMULAÇÕES DO IMPERATIVO CATEGÓRICO OU LEI MORAL. Fórmula da lei universal “Age apenas segundo uma máxima tal que possas querer ao mesmo tempo que se torne lei universal” Fórmula da Humanidade Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de outrem, sempre e simultaneamente como fim e nunca apenas como meio.
  • 17. A TEORIA ÉTICA DE KANT QUAL É A FUNÇÃO DESTAS FÓRMULAS? PARA QUE SERVEM? Para sabermos, em cada circunstância da vida, se a acção que queremos praticar está, ou não, de acordo com a moral, temos de perguntar se aquilo que nos propomos fazer poderia servir de modelo para todos os outros e se não os transforma em simples meios ao serviço dos nossos interesses. Se faltar a uma promessa, não é algo que todos possam imitar e viola os direitos dos outros, então temos a obrigação de não o fazer, por muito que isso nos possa custar; se mentir não serve de modelo para os outros e os reduz a meios que usamos para satisfazer o nosso egoísmo, então não temos o direito de abrir uma excepção apenas para nós.
  • 18. A TEORIA ÉTICA DE KANT ANÁLISE DA PRIMEIRA FÓRMULA “Age apenas segundo uma máxima tal que possas querer ao mesmo tempo que se torne lei universal” Imagine a seguinte situação: Eva precisava de dinheiro. Pediu algum dinheiro emprestado a Bernardo com a promessa de lho devolver. No entanto, já tinha a intenção de não lhe devolver o dinheiro. Eva agiu de acordo com a seguinte máxima: “Sempre que precisar de dinheiro, peço o dinheiro emprestado, mas com a intenção de não o devolver”. Poderá esta máxima ser universalizada? Não será contraditória?
  • 19. A TEORIA ÉTICA DE KANT ANÁLISE DA PRIMEIRA FÓRMULA Em termos mais gerais a regra que orienta a acção de Eva é esta: “Mente sempre que isso for do teu interesse”. O que aconteceria se esta regra fosse universalizada, se funcionasse como modelo para todos, se todos a seguissem. O que aconteceria? Ninguém confiaria em ninguém. Ora, a mentira só é eficaz se as pessoas confiarem umas nas outras. É preciso que Bernardo confie em Eva, para poder ser enganado por ela. Mas se eu souber que todos mentem sempre que isso lhes convém, deixarei de confiar nos outros e por isso Bernardo não confiará em Eva. Não vale a pena Eva prometer porque Bernardo não irá acreditar em nada que ela diga. Logo, Bernardo não lhe iria emprestar o dinheiro se a máxima de Eva fosse uma lei universal. Por estranho que pareça, ao exigir que todos mintam, estou a tornar a mentira impossível.
  • 20. A TEORIA ÉTICA DE KANT ANÁLISE DA PRIMEIRA FÓRMULA Eva não pode querer sem contradição universalizar a excepção que abriu para si própria porque se tornará excepção para todos. Se todos nós fizéssemos promessas com a intenção de não as cumprir todos desconfiaríamos delas e o empréstimo de dinheiro baseado em promessas acabaria. A prática de fazer e de aceitar promessas desapareceria. A máxima referida auto-destrói-se ao ser universalizada porque ninguém poderá agir de acordo com ela. A máxima “Mente sempre que isso for do teu interesse” não pode ser transformada numa lei universal. O nosso dever moral básico consiste em praticar apenas as acções que todos os outros possam ter como modelo.
  • 21. A TEORIA ÉTICA DE KANT ANÁLISE DA SEGUNDA FÓRMULA Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de outrem, sempre e simultaneamente como fim e nunca apenas como meio. Segundo esta fórmula, cada ser humano é um fim em si e não um simples meio. Por isso, será moralmente errado instrumentalizar um ser humano, usá-lo como simples meio para alcançar um objectivo. Os seres humanos têm valor intrínseco, absoluto, isto é, dignidade.
  • 22. A TEORIA ÉTICA DE KANT ANÁLISE DA SEGUNDA FÓRMULA Pense no modo como quem pede dinheiro emprestado sem intenção de o devolver está a tratar a pessoa que lhe empresta dinheiro. É evidente que está a tratá-la como um meio para resolver um problema e não como alguém que merece respeito, consideração. Pensa unicamente em utilizá-la para resolver uma situação financeira grave sem ter qualquer consideração pelos interesses próprios de quem se dispõe a ajudá-lo. Viola – se assim a primeira e também a segunda fórmula.
  • 23. A TEORIA ÉTICA DE KANT Conclusão da análise das fórmulas (1) Para Kant, a pessoa tem de ser tratada sempre como um fim em si mesma e nunca somente como um meio, porque é o único ser de entre as várias espécies de seres vivos que pode agir moralmente. Se não existissem os seres humanos, não poderia haver bondade moral no mundo e, nesse sentido, o valor da pessoa é absoluto. Assim, a fórmula da humanidade, também conhecida por fórmula do respeito pelas pessoas, exprime a obrigação moral básica da ética kantiana.
  • 24. A TEORIA ÉTICA DE KANT Conclusão da análise das fórmulas (2) CUMPRIMENTO DO DEVER, IMPARCIALIDADE E RESPEITO PELAS PESSOAS. A acção moralmente correcta é decidida pelo indivíduo quando adopta uma perspectiva universal. Como? Colocando de parte os seus interesses, a pessoa pensará como qualquer outra que também faça abstracção dos seus interesses adoptando, portanto, uma perspectiva universal.
  • 25. A TEORIA ÉTICA DE KANT Conclusão da análise das fórmulas (3) CUMPRIMENTO DO DEVER, IMPARCIALIDADE E RESPEITO PELAS PESSOAS. Pense em deveres morais comuns como “ “Paga o que deves”, “Sê leal”, “Não roubes”. Só o interesse e parcialidade do agente pode levar à violação de tais regras ou deveres morais. Eliminada a parcialidade, pensamos segundo uma perspectiva universal e aprovamo-los. Sempre que fazemos da satisfação dos nossos interesses a finalidade única da nossa acção, não estamos a ser imparciais e a máxima que seguimos não pode ser universalizada. Assim sendo, estamos a usar os outros apenas como meios, simples instrumentos que utilizamos para nosso proveito.
  • 26. A TEORIA ÉTICA DE KANT A BOA VONTADE Agir moralmente significa agir com a intenção de respeitar exclusivamente a norma geral que me diz que devo praticar apenas as acções que todos os outros possam ter como modelo a seguir e que dado serem puramente desinteressadas tratam os outros como fins e nunca só como meios. A vontade que decide agir por puro e simples respeito pelo que a lei moral ou imperativo categórico exige tem o nome de boa vontade.
  • 27. A TEORIA ÉTICA DE KANT VONTADE AUTÓNOMA VONTADE HETERÓNOMA 1.Vontade que cumpre o dever 1.Vontade que não cumpre o pelo dever. É uma boa dever pelo dever. Não é uma vontade. boa vontade. 2. Uma vontade autónoma é 2. O cumprimento do dever não uma vontade puramente é motivo suficiente para agir racional, que faz sua uma tendo de se invocar razões lei da razão, que diz a si externas como o receio das mesma «Eu quero o que a consequências, o temor a lei moral exige».Ao agir por Deus, etc. A vontade dever obedeço à voz da submete-se a autoridades que minha razão e nada mais. não a razão.
  • 28. A TEORIA ÉTICA DE KANT A BOA VONTADE É uma vontade que age de forma moralmente correcta independentemente das consequências da acção. É uma vontade que cumpre o dever respeitando absolutamente a lei moral, ou seja, cuja única intenção é cumprir o dever. É uma vontade que age segundo regras ou máximas que podem ser seguidas por todos. É uma vontade que respeita todo e qualquer ser humano considerando – o uma pessoa e não uma coisa ou um simples meio ao serviço deste ou daquele interesse. É uma vontade autónoma porque decide cumprir o dever por sua iniciativa e não por receio de autoridades externas ou da opinião dos outros.
  • 29. A TEORIA ÉTICA DE KANT E SE CUMPRIR O DEVER DE FORMA ABSOLUTA – SEM OUTRA INTENÇÃO – TIVER MÁS CONSEQUÊNCIAS? Kant responde que não é por isso que a acção se torna moralmente errada. O que conta é a intenção. Imaginemos que digo a verdade e isso tem más consequências. Para Kant, o que importa é o modo como cumpro o dever – a intenção – e não o que resulta da acção.