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Trabalho Final do Curso
Pensamento Sistêmico
Master em Gestão em Sustentabilidade – T8
Análise dos possíveis impactos da produção do
algodão no meio ambiente e sociedade
Aluna:
Larissa Kaneko
São Paulo - Agosto / 2016
Professor:
Paulo Bento Maffei
2
Sumário
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................3
2. RESULTADOS.................................................................................................................4
2.1 Etapas do ciclo de vida do algodão ...........................................................................4
2.2 Análise das etapas do ciclo de vida do algodão, segundo os princípios de
sustentabilidade ...................................................................................................................6
2.3 Aprofundamento e Priorização ...................................................................................6
3. CONCLUSÃO...................................................................................................................7
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................8
3
1. INTRODUÇÃO
As discussões sobre uma moda mais sustentável têm ganhado cada vez mais
espaço nos debates do mundo fashion. Seja por meio de coleções de estilistas e
marcas específicos que levantam a bandeira da causa ou seja pelo apelo dos próprios
consumidores que, pouco a pouco, têm se tornado mais conscientes sobre os
produtos que consomem.
Segundo Cunha (2016), são consumidas cerca de 80 bilhões de novas peças
de roupa a cada ano no mundo, movimentando um mercado avaliado em US$3
trilhões de dólares. Além disso, a indústria emprega milhares de pessoas ao redor
mundo por toda a sua cadeia, que abrange desde a produção de matéria prima até a
venda do produto final, seja por meio de lojas físicas, do comércio eletrônico e outros.
Podemos listar também os inúmeros impactos que a produção de uma peça
de roupa pode ter não apenas ao meio ambiente, mas também na vida das pessoas
envolvidas em sua cadeia de produção. Muito se ouve falar em produções ao redor
do mundo que utilizam trabalho escravo ou operam em condições de trabalho
extremamente precárias, ou ainda, fatos que abrangem a exploração de comunidades
que tem na produção de matéria prima a sua fonte de subsistência.
Além disso, podemos citar também a agressão que a produção dos próprios
tecidos imprime ao meio ambiente. A poluição gerada pelo tingimento de tecidos com
estamparias ou do jeans, por exemplo, tem um alto impacto negativo ao meio
ambiente e são raras as empresas que fazem o tratamento de água necessário para
descarte.
Outro ponto importante, é que não existem hoje formatos eficazes de descarte
e reciclagem das peças de roupas que contém, na maioria das vezes, materiais
sintéticos em sua composição, aumentando ainda mais o tempo de decomposição na
natureza. Outro ponto importante sobre essa cadeia, é o desperdício de materiais que
ocorre por conta da ineficácia da produção. Estima-se que 10% de toda a produção
têxtil vire descarte, sem antes mesmo terem alcançado o seu “objetivo final”, que seria
virar uma peça de roupa.
No final de abril deste ano, a C&A Foundation lançou, em parceria com a
National Geographic, um documentário que mostra o quão imperativo é a necessidade
de uma cadeia de produção mais sustentável. Segundo dados apresentados no
documentário, a produção de algodão ocupa 2,5% de toda a área produtiva mundial
e apresenta um grande impacto ao meio ambiente pelo uso excessivo de água e
pesticidas, que afetam todo o ecossistema.
Em Doken et al (2013) também são mencionados os impactos que a produção
deste material tem no meio ambiente como a contribuição para o aquecimento global
e a ecotoxicidade aquática, terrestre e humana. Estima-se que cerca de 250 mil
agricultores por ano ficam doentes devido à intoxicação decorrentes da aplicação de
agrotóxicos do plantio de algodão. O plantio de algodão é, após a produção de
alimentos, o que mais consome pesticidas e químicos na sua cadeia.
É diante deste cenário de mudança de comportamento e conscientização da
população e dos números que este setor econômico movimenta, que o presente
4
trabalho se propõe a analisar uma das principais matérias primas da indústria: o
algodão. Por questões didáticas, limitaremos a análise realizada no trabalho apenas
ao ciclo de produção do algodão e seus impactos ao meio ambiente.
2. RESULTADOS
2.1 Etapas do ciclo de vida do algodão
Segundo dados do Memphis Cotton Museum, o algodão é uma planta de clima
tropical e atualmente as maiores produções mundiais estão concentradas: nos
Estados Unidos, na China e na Índia. O Brasil também está entre os maiores
produtores mundiais, junto a Turquia e Paquistão.
O ciclo de plantio do algodão possui as seguintes etapas:
- Preparo da Terra: aragem, destruição da colheita anterior, inserção de
complementos dos elementos garantem o crescimento da planta posteriormente,
como o Nitrogênio e o Fósforo;
- Processo de plantio da semente;
- Germinação: após o plantio da semente, sob condições favoráveis, ocorre o
início do processo de germinação. Este processo demora de 5 a 10 dias após o
plantio;
- As primeiras folhas a germinarem são essenciais para que o restante da
planta se desenvolva, através do processo de fotossíntese realizada por estas folhas.
Elas ajudarão no desenvolvimento de todo o sistema de raízes da planta. Este
processo ocorre entre as semanas 2 a 4 após o plantio;
Entre essas duas fases, ocorre o período mais crítico de plantas invasoras,
por isso, recomenda-se o controle.
- Entre as semanas 5 a 7, a planta continua seu desenvolvimento, ganhando
mais folhas, altura e um botão, que dará origem à flor para a polinização;
- Nas semanas 8 a 10, a flor desabrocha e ocorre o processo de polinização;
- Após este processo, um fruto, chamado de “maçã”, começa a crescer e é
onde as fibras de algodão (celulose) irão se desenvolver. Este processo dura
aproximadamente mais 10 semanas;
- Depois que este fruto fica cheio de celulose, capulho, ele desabrocha e o
algodão aparece. Neste momento, ele está pronto para a colheita.
Todo este processo de cultivo do algodão exige uma alta umidade regular do
solo, muito calor e luminosidade. Outros elementos altamente consumidos pela planta
para o seu desenvolvimento, aplicados geralmente por meio da adubação, são:
5
- Nitrogênio: elemento retirado em maior quantidade do solo. Isso ocorre em
todo o seu ciclo produtivo, desde o desenvolvimento até a floração. Ele garante o
comprimento e resistência da fibra;
- Fósforo: concentração principal nas folhas e frutos, sendo responsável pela
polinização, frutificação, maturação e abertura dos frutos e na formação e crescimento
de raízes;
- Potássio: importante para o tamanho das maçãs, para o peso do capulho e
para a qualidade das fibras produzidas;
Além disso, ocorrem também a aplicação de fitorreguladores e o controle de
pragas. Os fitorreguladores possuem a função de: regular o crescimento,
desfolhamento e ajudar na maturação do fruto. Essa ação é realizada, para facilitar o
manejo da colheita automática, fazer o controle de pragas e evitar o apodrecimento
das maçãs. Já o controle de pragas, por meio de intervenção biológica, através de
predadores naturais dos parasitas, mecânico ou químico.
Em Scachetti et al (2013), foi realizada uma análise comparativa do impacto
no meio ambiente do cultivo do algodão e da soja em sistema de rotação de cultura.
Foram analisados os insumos agrícolas, consumo de diesel e de energia elétrica
utilizados na produção destas culturas. A conclusão do estudo foi que o processo de
produção do algodão foi o maior causador de impactos, pelo residual de fosfato no
solo, consequência da utilização de fertilizantes sintéticos, pela emissão de dióxido de
carbono, resultado da combustão de diesel nas operações e, pela emissão de
calcário. As emissões do uso de pesticidas não foram contabilizadas, porém foram
considerados importantes impactos à toxicidade humana e da água, devido ao uso de
fertilizantes.
Um outro estudo realizado por Donke et al (2013), menciona que a produção
de néctar pela planta do algodão, atrai um tipo de praga de difícil controle, o que
aumenta a quantidade de inseticidas aplicados no cultivo. O estudo realizado levou
em conta o impacto dos pesticidas na cultura do algodão em plantio direto, em rotação
com o milheto. A análise utilizou como base o método de avaliação de impactos no
ciclo de vida, e apresentou um inventário de 214 aspectos ambientais, o que englobou:
o consumo de sementes, calcário, fertilizantes (seis tipos diferentes), pesticidas (43
tipos) e o óleo diesel utilizado nas operações agrícolas. Como resultado, foram
estimados 171 fluxos de impactos no meio ambiente, sendo a maioria derivada do uso
de pesticidas. Além disso, foram observados também impactos decorridos da
utilização dos reguladores de crescimento. Como recomendação do estudo, os
autores sugerem medidas alternativas para o controle de praga, como métodos
biológicos e a utilização otimizada dos componentes químicos, a partir da aplicação
em quantidade e época corretas, conforme o ciclo de vida do produto.
Uma alternativa, já adotada por alguns produtores, é investir na produção de
algodão orgânico que visa diminuir os impactos da produção desta matéria prima ao
meio ambiente, garantindo um cultivo livre de inseticidas, com o preparo correto do
solo e sem o uso de estimuladores de crescimento. Segundo site da Embrapa, estima-
se que menos de 1% de toda a produção mundial de algodão seja orgânica. No Brasil,
um grande polo de produção de algodão orgânico ocorre no estado da Paraíba,
incluindo fios de coloração diferenciada, o que reduz os impactos dos processos
6
subsequentes de tingimento do tecido. Além disso, o produto é ainda vendido a um
preço 30% maior do que o convencional, na média.
Portanto, a análise apresentada neste trabalho, visa avaliar os impactos da
aplicação de produtos químicos na cadeira de plantio do algodão e buscar alternativas
para cada etapa do processo, bem como fazer a priorização das mesmas.
2.2 Análise das etapas do ciclo de vida do algodão,
segundo os princípios de sustentabilidade
Segundo estudo da Textile Exchange, a produção de algodão orgânico
apresenta grandes reduções: no consumo de água, na emissão de gases, na
acidificação, na eutrofização e na demanda de energia primária, o que significa que
ela é 46% menos impactante ao aquecimento global do que a produção convencional.
Boa parte da análise considerou como resolução para os impactos provocados na
cadeia de plantio do algodão convencional, a aplicação do sistema de plantio do
algodão orgânico, uma vez que ele trata resolver justamente os impactos desta
produção no meio ambiente.
Para a análise, consultar a aba “Analise ciclo de produção” da planilha em
excel “Ciclo_algodao.xlsx”.
2.3 Aprofundamento e Priorização
Nesta etapa da análise, procurou-se identificar os principais problemas que
precisam ser aprofundados e priorizados. Para a avaliação, utilizamos os seguintes
critérios:
- Identificar os processos do ciclo de plantio do algodão em que ocorre uma
violação, porém nada é feito a respeito;
- Dificuldade de implementação; e
- Impacto positivo na cadeia;
Para o resultado da análise, consultar a aba “Priorização” da planilha em excel
“Ciclo_algodao.xlsx”.
Como mencionado anteriormente, as sugestões de boas práticas foram
baseadas no que já é realizado pelas culturas orgânicas do algodão. Porém, como
existem dificuldades para que algumas dessas práticas sejam aplicadas para
produções em larga escala, isso foi levado em consideração também na escolha das
prioridades.
Todas as etapas que estão destacadas com a cor amarela, significam que
poderiam ou ser reforçadas, uma vez que já são feitas, mas não necessariamente por
7
todos os produtores, ou serem iniciadas. A inserção de repositores de elementos
naturais como o Nitrogênio e Fósforo de forma natural no plantio, representa, pelas
análises, uma mudança relativamente simples de ser realizada e com impacto rápido.
Toda a parte de degradação do solo derivada da má utilização da terra ou de
forma equivocada também pode ser melhorada, a partir de um estudo do solo da
região ou de boas práticas já existentes.
Já a substituição do uso de fertilizantes, requer uma adaptação de médio
prazo por parte dos agricultores, porém é o processo que apresentaria maior impacto
positivo ao meio ambiente e às pessoas envolvidas no processo de plantio. Desta
forma, consideramos esta questão como fator crítico, por apresentar dificuldade de
implantação e impacto na cadeia.
3. CONCLUSÃO
É iminente que haja uma revisão nos processos de produção dos insumos
agrícolas que não apenas os alimentos. À medida que nos conscientizarmos e
trazermos para a nossa realidade os impactos que este tipo de produção tem no meio
ambiente, em toda a cadeia e na nossa própria saúde, começaremos a fazer melhores
escolhas ou ao menos exigir que as empresas e governos adotem posturas mais
ativas na correção destes impactos.
Um dos pontos de atenção, porém, para a produção do algodão orgânico são
as taxas que os agricultores precisam pagar anualmente para receberem a
certificação. Segundo Meirelles (2003), este preço cobrado é um impeditivo para que
pequenos agricultores arquem com o serviço de certificação. Além disso, como não
há uma padronização das exigências, os diferentes compradores deste algodão,
nacionais e internacionais, exigem diferentes selos, o que inviabiliza ainda mais a
competitividade de pequenos agricultores. O desenvolvimento deste tipo de
agricultura deve vir acompanhado também de investimento do governo para que
consiga ganhar competitividade.
E por último, é necessário também um repensar na forma de organização das
partes que se propõem a atuar nestas questões ambientais. Um pensamento mais
estratégico, uma maior divulgação tanto das ações realizadas, quanto dos impactos
que se tem ao manter uma cadeia não sustentável devem ser feitas, para que o
consumidor se conscientize cada vez mais que suas decisões diárias podem alterar o
curso das discussões e o impacto ao meio ambiente.
8
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARDUIN, R. H. Avaliação do ciclo de vida de produtos têxteis: implicações da alocação.
Tese (Pós Graduação em Ciências da Engenharia Ambiental) – Escola de Engenharia de São
Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2013.
BANCO DE TECIDO – Uma solução criativa para cuidar dos resíduos têxteis –
Disponível em: <http://bancodetecido.com.br/sobre>. Acesso em: 14 ago. 16
BELTRÃO, N.E.M., AMORIM, R.S. – Algodão orgânico carece de pesquisas e
marketing – Disponível em: http://www.esalq.usp.br/visaoagricola/sites/default/files/va06-
agronegocio03.pdf. Acesso em: 20 ago. 16.
CARLOS, A.L. – Materiais Sustentáveis que fazem a diferença: algodão orgânico -
Disponível em: < http://www.autossustentavel.com/2014/03/materiais-sustentaveis-algodao-
organico.html>. Acesso em: 20 ago. 16.
COTTON´S JOURNEY – Story of Cotton – Disponível em: <
http://www.cottonsjourney.com/storyofcotton/page3.asp>. Acesso em: 14 ago. 16
CUNHA, R. – A indústria da moda está fora de controle - Disponível em:
<http://www.stylourbano.com.br/a-industria-da-moda-esta-fora-de-controle/>. Acesso em: 14
ago. 2016
DONKE, A.C.G., BARRANTES, L. S., SCACHETTI, M.T., Suassuna, N.D.,
FIGUEIRÊDO, M.C.B., KULAY, L.A., FOLEGATTI – MATSUURA, M.I.S. - Avaliação do ciclo
de vida da produção de algodão para extração de nanofibras: sistema de produção com
plantio direto, em rotação com milheto. In: VII Workshop de Nanotecnologia Aplicada ao
Agronegócio, Embrapa, 2013, São Carlos. Disponível em: <
https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/963639/1/2013AA28.pdf>. Acesso
em: 14 ago. 16.
EMBRAPA – Algodão orgânico é tema de documentário na National Geographic.
Disponível em: < https://www.embrapa.br/web/mobile/noticias/-/noticia/12614727/algodao-
organico-e-tema-de-documentario-na-national-geographic>. Acesso em: 20 ago. 16.
FOR the love of fashion. Direção: produtor, local, produtora, data e especificação do
suporte em unidades físicas. Disponível em: <
https://www.youtube.com/watch?v=1OTzc6Ozybg>. Acesso em: 20 ago.16.
9
GOMEZ, S., CALDEARI, Z. – Nova Perspectiva para o Algodão - Disponível em: <
http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/desenvolvimento/cultivo-organico-algodao-
decoracao-sustentabilidade-496742.shtml>. Acesso em: 20 ago. 16.
MEIRELLES, L. A. Certificação de Produtos Orgânicos - caminhos e descaminhos,
Centro Ecológico Ipê, novembro de 2003, Disponível em: . Acesso em: 20 de ago. 16.
MEMPHIS COTTON MUSEUM – The life cycle of cotton - Disponível em:
<http://pt.slideshare.net/memphiscottonmuseum/the-life-cycle-of-cotton>. Acesso em: 14 ago.
16.
SCACHETTI, M.T., DONKE, A.C.G., SUASSUNA, N.D., FIGUEIRÊDO, M.C.B.,
KULAY, L.A., FOLEGATTI – MATSUURA, M.I.S. - Avaliação do ciclo de vida da produção de
algodão para extração de nanofibras: sistema de produção em rotação com soja e forrageira.
In: VII Workshop de Nanotecnologia Aplicada ao Agronegócio, Embrapa, 2013, São Carlos.
Disponível em: <
https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/963585/1/2013AA24.pdf>. Acesso
em: 14 ago. 16.
SITE ECYCLE – Algodão Orgânico: Diferenças e Vantagens. Disponível em :
<http://www.ecycle.com.br/component/content/article/73-vestuario/3319-o-que-e-algodao-
organico-uso-camiseta-roupa-vestuario-moda-quais-vantagens-beneficios-saude-pele-
sensivel-meio-ambiente-diminuir-impacto-ambiental-sem-produtos-substancias-quimica-
nociva-sintetica-agrotoxicos-manejo-protecao-recursos-naturais-onde-comprar.html> .
Acesso em: 20 ago. 16.
TEXTILE EXCHANGE – The Life cycle assessment of organic cotton fiber. Disponível
em:
<http://farmhub.textileexchange.org/upload/library/Farm%20reports/LCA_of_Organic_Cotton
%20Fiber-Summary_of%20Findings.pdf>. Acesso em: 14 ago. 16.
WIKIPÉDIA – Enciclopédia livre - Gradagem - Disponível em:
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Gradagem>. Acesso em: 20 ago. 16.
ZABOT, L. – A cultura do Algodão. Aula do curso de Agronomia - Universidade Federal
de Santa Maria, Santa Maria, 2007. Disponível em:
<http://w3.ufsm.br/nppce/disciplinas/algodao.pdf>. Acesso em:14 ago. 16.

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  • 2. 2 Sumário 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................3 2. RESULTADOS.................................................................................................................4 2.1 Etapas do ciclo de vida do algodão ...........................................................................4 2.2 Análise das etapas do ciclo de vida do algodão, segundo os princípios de sustentabilidade ...................................................................................................................6 2.3 Aprofundamento e Priorização ...................................................................................6 3. CONCLUSÃO...................................................................................................................7 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................8
  • 3. 3 1. INTRODUÇÃO As discussões sobre uma moda mais sustentável têm ganhado cada vez mais espaço nos debates do mundo fashion. Seja por meio de coleções de estilistas e marcas específicos que levantam a bandeira da causa ou seja pelo apelo dos próprios consumidores que, pouco a pouco, têm se tornado mais conscientes sobre os produtos que consomem. Segundo Cunha (2016), são consumidas cerca de 80 bilhões de novas peças de roupa a cada ano no mundo, movimentando um mercado avaliado em US$3 trilhões de dólares. Além disso, a indústria emprega milhares de pessoas ao redor mundo por toda a sua cadeia, que abrange desde a produção de matéria prima até a venda do produto final, seja por meio de lojas físicas, do comércio eletrônico e outros. Podemos listar também os inúmeros impactos que a produção de uma peça de roupa pode ter não apenas ao meio ambiente, mas também na vida das pessoas envolvidas em sua cadeia de produção. Muito se ouve falar em produções ao redor do mundo que utilizam trabalho escravo ou operam em condições de trabalho extremamente precárias, ou ainda, fatos que abrangem a exploração de comunidades que tem na produção de matéria prima a sua fonte de subsistência. Além disso, podemos citar também a agressão que a produção dos próprios tecidos imprime ao meio ambiente. A poluição gerada pelo tingimento de tecidos com estamparias ou do jeans, por exemplo, tem um alto impacto negativo ao meio ambiente e são raras as empresas que fazem o tratamento de água necessário para descarte. Outro ponto importante, é que não existem hoje formatos eficazes de descarte e reciclagem das peças de roupas que contém, na maioria das vezes, materiais sintéticos em sua composição, aumentando ainda mais o tempo de decomposição na natureza. Outro ponto importante sobre essa cadeia, é o desperdício de materiais que ocorre por conta da ineficácia da produção. Estima-se que 10% de toda a produção têxtil vire descarte, sem antes mesmo terem alcançado o seu “objetivo final”, que seria virar uma peça de roupa. No final de abril deste ano, a C&A Foundation lançou, em parceria com a National Geographic, um documentário que mostra o quão imperativo é a necessidade de uma cadeia de produção mais sustentável. Segundo dados apresentados no documentário, a produção de algodão ocupa 2,5% de toda a área produtiva mundial e apresenta um grande impacto ao meio ambiente pelo uso excessivo de água e pesticidas, que afetam todo o ecossistema. Em Doken et al (2013) também são mencionados os impactos que a produção deste material tem no meio ambiente como a contribuição para o aquecimento global e a ecotoxicidade aquática, terrestre e humana. Estima-se que cerca de 250 mil agricultores por ano ficam doentes devido à intoxicação decorrentes da aplicação de agrotóxicos do plantio de algodão. O plantio de algodão é, após a produção de alimentos, o que mais consome pesticidas e químicos na sua cadeia. É diante deste cenário de mudança de comportamento e conscientização da população e dos números que este setor econômico movimenta, que o presente
  • 4. 4 trabalho se propõe a analisar uma das principais matérias primas da indústria: o algodão. Por questões didáticas, limitaremos a análise realizada no trabalho apenas ao ciclo de produção do algodão e seus impactos ao meio ambiente. 2. RESULTADOS 2.1 Etapas do ciclo de vida do algodão Segundo dados do Memphis Cotton Museum, o algodão é uma planta de clima tropical e atualmente as maiores produções mundiais estão concentradas: nos Estados Unidos, na China e na Índia. O Brasil também está entre os maiores produtores mundiais, junto a Turquia e Paquistão. O ciclo de plantio do algodão possui as seguintes etapas: - Preparo da Terra: aragem, destruição da colheita anterior, inserção de complementos dos elementos garantem o crescimento da planta posteriormente, como o Nitrogênio e o Fósforo; - Processo de plantio da semente; - Germinação: após o plantio da semente, sob condições favoráveis, ocorre o início do processo de germinação. Este processo demora de 5 a 10 dias após o plantio; - As primeiras folhas a germinarem são essenciais para que o restante da planta se desenvolva, através do processo de fotossíntese realizada por estas folhas. Elas ajudarão no desenvolvimento de todo o sistema de raízes da planta. Este processo ocorre entre as semanas 2 a 4 após o plantio; Entre essas duas fases, ocorre o período mais crítico de plantas invasoras, por isso, recomenda-se o controle. - Entre as semanas 5 a 7, a planta continua seu desenvolvimento, ganhando mais folhas, altura e um botão, que dará origem à flor para a polinização; - Nas semanas 8 a 10, a flor desabrocha e ocorre o processo de polinização; - Após este processo, um fruto, chamado de “maçã”, começa a crescer e é onde as fibras de algodão (celulose) irão se desenvolver. Este processo dura aproximadamente mais 10 semanas; - Depois que este fruto fica cheio de celulose, capulho, ele desabrocha e o algodão aparece. Neste momento, ele está pronto para a colheita. Todo este processo de cultivo do algodão exige uma alta umidade regular do solo, muito calor e luminosidade. Outros elementos altamente consumidos pela planta para o seu desenvolvimento, aplicados geralmente por meio da adubação, são:
  • 5. 5 - Nitrogênio: elemento retirado em maior quantidade do solo. Isso ocorre em todo o seu ciclo produtivo, desde o desenvolvimento até a floração. Ele garante o comprimento e resistência da fibra; - Fósforo: concentração principal nas folhas e frutos, sendo responsável pela polinização, frutificação, maturação e abertura dos frutos e na formação e crescimento de raízes; - Potássio: importante para o tamanho das maçãs, para o peso do capulho e para a qualidade das fibras produzidas; Além disso, ocorrem também a aplicação de fitorreguladores e o controle de pragas. Os fitorreguladores possuem a função de: regular o crescimento, desfolhamento e ajudar na maturação do fruto. Essa ação é realizada, para facilitar o manejo da colheita automática, fazer o controle de pragas e evitar o apodrecimento das maçãs. Já o controle de pragas, por meio de intervenção biológica, através de predadores naturais dos parasitas, mecânico ou químico. Em Scachetti et al (2013), foi realizada uma análise comparativa do impacto no meio ambiente do cultivo do algodão e da soja em sistema de rotação de cultura. Foram analisados os insumos agrícolas, consumo de diesel e de energia elétrica utilizados na produção destas culturas. A conclusão do estudo foi que o processo de produção do algodão foi o maior causador de impactos, pelo residual de fosfato no solo, consequência da utilização de fertilizantes sintéticos, pela emissão de dióxido de carbono, resultado da combustão de diesel nas operações e, pela emissão de calcário. As emissões do uso de pesticidas não foram contabilizadas, porém foram considerados importantes impactos à toxicidade humana e da água, devido ao uso de fertilizantes. Um outro estudo realizado por Donke et al (2013), menciona que a produção de néctar pela planta do algodão, atrai um tipo de praga de difícil controle, o que aumenta a quantidade de inseticidas aplicados no cultivo. O estudo realizado levou em conta o impacto dos pesticidas na cultura do algodão em plantio direto, em rotação com o milheto. A análise utilizou como base o método de avaliação de impactos no ciclo de vida, e apresentou um inventário de 214 aspectos ambientais, o que englobou: o consumo de sementes, calcário, fertilizantes (seis tipos diferentes), pesticidas (43 tipos) e o óleo diesel utilizado nas operações agrícolas. Como resultado, foram estimados 171 fluxos de impactos no meio ambiente, sendo a maioria derivada do uso de pesticidas. Além disso, foram observados também impactos decorridos da utilização dos reguladores de crescimento. Como recomendação do estudo, os autores sugerem medidas alternativas para o controle de praga, como métodos biológicos e a utilização otimizada dos componentes químicos, a partir da aplicação em quantidade e época corretas, conforme o ciclo de vida do produto. Uma alternativa, já adotada por alguns produtores, é investir na produção de algodão orgânico que visa diminuir os impactos da produção desta matéria prima ao meio ambiente, garantindo um cultivo livre de inseticidas, com o preparo correto do solo e sem o uso de estimuladores de crescimento. Segundo site da Embrapa, estima- se que menos de 1% de toda a produção mundial de algodão seja orgânica. No Brasil, um grande polo de produção de algodão orgânico ocorre no estado da Paraíba, incluindo fios de coloração diferenciada, o que reduz os impactos dos processos
  • 6. 6 subsequentes de tingimento do tecido. Além disso, o produto é ainda vendido a um preço 30% maior do que o convencional, na média. Portanto, a análise apresentada neste trabalho, visa avaliar os impactos da aplicação de produtos químicos na cadeira de plantio do algodão e buscar alternativas para cada etapa do processo, bem como fazer a priorização das mesmas. 2.2 Análise das etapas do ciclo de vida do algodão, segundo os princípios de sustentabilidade Segundo estudo da Textile Exchange, a produção de algodão orgânico apresenta grandes reduções: no consumo de água, na emissão de gases, na acidificação, na eutrofização e na demanda de energia primária, o que significa que ela é 46% menos impactante ao aquecimento global do que a produção convencional. Boa parte da análise considerou como resolução para os impactos provocados na cadeia de plantio do algodão convencional, a aplicação do sistema de plantio do algodão orgânico, uma vez que ele trata resolver justamente os impactos desta produção no meio ambiente. Para a análise, consultar a aba “Analise ciclo de produção” da planilha em excel “Ciclo_algodao.xlsx”. 2.3 Aprofundamento e Priorização Nesta etapa da análise, procurou-se identificar os principais problemas que precisam ser aprofundados e priorizados. Para a avaliação, utilizamos os seguintes critérios: - Identificar os processos do ciclo de plantio do algodão em que ocorre uma violação, porém nada é feito a respeito; - Dificuldade de implementação; e - Impacto positivo na cadeia; Para o resultado da análise, consultar a aba “Priorização” da planilha em excel “Ciclo_algodao.xlsx”. Como mencionado anteriormente, as sugestões de boas práticas foram baseadas no que já é realizado pelas culturas orgânicas do algodão. Porém, como existem dificuldades para que algumas dessas práticas sejam aplicadas para produções em larga escala, isso foi levado em consideração também na escolha das prioridades. Todas as etapas que estão destacadas com a cor amarela, significam que poderiam ou ser reforçadas, uma vez que já são feitas, mas não necessariamente por
  • 7. 7 todos os produtores, ou serem iniciadas. A inserção de repositores de elementos naturais como o Nitrogênio e Fósforo de forma natural no plantio, representa, pelas análises, uma mudança relativamente simples de ser realizada e com impacto rápido. Toda a parte de degradação do solo derivada da má utilização da terra ou de forma equivocada também pode ser melhorada, a partir de um estudo do solo da região ou de boas práticas já existentes. Já a substituição do uso de fertilizantes, requer uma adaptação de médio prazo por parte dos agricultores, porém é o processo que apresentaria maior impacto positivo ao meio ambiente e às pessoas envolvidas no processo de plantio. Desta forma, consideramos esta questão como fator crítico, por apresentar dificuldade de implantação e impacto na cadeia. 3. CONCLUSÃO É iminente que haja uma revisão nos processos de produção dos insumos agrícolas que não apenas os alimentos. À medida que nos conscientizarmos e trazermos para a nossa realidade os impactos que este tipo de produção tem no meio ambiente, em toda a cadeia e na nossa própria saúde, começaremos a fazer melhores escolhas ou ao menos exigir que as empresas e governos adotem posturas mais ativas na correção destes impactos. Um dos pontos de atenção, porém, para a produção do algodão orgânico são as taxas que os agricultores precisam pagar anualmente para receberem a certificação. Segundo Meirelles (2003), este preço cobrado é um impeditivo para que pequenos agricultores arquem com o serviço de certificação. Além disso, como não há uma padronização das exigências, os diferentes compradores deste algodão, nacionais e internacionais, exigem diferentes selos, o que inviabiliza ainda mais a competitividade de pequenos agricultores. O desenvolvimento deste tipo de agricultura deve vir acompanhado também de investimento do governo para que consiga ganhar competitividade. E por último, é necessário também um repensar na forma de organização das partes que se propõem a atuar nestas questões ambientais. Um pensamento mais estratégico, uma maior divulgação tanto das ações realizadas, quanto dos impactos que se tem ao manter uma cadeia não sustentável devem ser feitas, para que o consumidor se conscientize cada vez mais que suas decisões diárias podem alterar o curso das discussões e o impacto ao meio ambiente.
  • 8. 8 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARDUIN, R. H. Avaliação do ciclo de vida de produtos têxteis: implicações da alocação. Tese (Pós Graduação em Ciências da Engenharia Ambiental) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2013. BANCO DE TECIDO – Uma solução criativa para cuidar dos resíduos têxteis – Disponível em: <http://bancodetecido.com.br/sobre>. Acesso em: 14 ago. 16 BELTRÃO, N.E.M., AMORIM, R.S. – Algodão orgânico carece de pesquisas e marketing – Disponível em: http://www.esalq.usp.br/visaoagricola/sites/default/files/va06- agronegocio03.pdf. Acesso em: 20 ago. 16. CARLOS, A.L. – Materiais Sustentáveis que fazem a diferença: algodão orgânico - Disponível em: < http://www.autossustentavel.com/2014/03/materiais-sustentaveis-algodao- organico.html>. Acesso em: 20 ago. 16. COTTON´S JOURNEY – Story of Cotton – Disponível em: < http://www.cottonsjourney.com/storyofcotton/page3.asp>. Acesso em: 14 ago. 16 CUNHA, R. – A indústria da moda está fora de controle - Disponível em: <http://www.stylourbano.com.br/a-industria-da-moda-esta-fora-de-controle/>. Acesso em: 14 ago. 2016 DONKE, A.C.G., BARRANTES, L. S., SCACHETTI, M.T., Suassuna, N.D., FIGUEIRÊDO, M.C.B., KULAY, L.A., FOLEGATTI – MATSUURA, M.I.S. - Avaliação do ciclo de vida da produção de algodão para extração de nanofibras: sistema de produção com plantio direto, em rotação com milheto. In: VII Workshop de Nanotecnologia Aplicada ao Agronegócio, Embrapa, 2013, São Carlos. Disponível em: < https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/963639/1/2013AA28.pdf>. Acesso em: 14 ago. 16. EMBRAPA – Algodão orgânico é tema de documentário na National Geographic. Disponível em: < https://www.embrapa.br/web/mobile/noticias/-/noticia/12614727/algodao- organico-e-tema-de-documentario-na-national-geographic>. Acesso em: 20 ago. 16. FOR the love of fashion. Direção: produtor, local, produtora, data e especificação do suporte em unidades físicas. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=1OTzc6Ozybg>. Acesso em: 20 ago.16.
  • 9. 9 GOMEZ, S., CALDEARI, Z. – Nova Perspectiva para o Algodão - Disponível em: < http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/desenvolvimento/cultivo-organico-algodao- decoracao-sustentabilidade-496742.shtml>. Acesso em: 20 ago. 16. MEIRELLES, L. A. Certificação de Produtos Orgânicos - caminhos e descaminhos, Centro Ecológico Ipê, novembro de 2003, Disponível em: . Acesso em: 20 de ago. 16. MEMPHIS COTTON MUSEUM – The life cycle of cotton - Disponível em: <http://pt.slideshare.net/memphiscottonmuseum/the-life-cycle-of-cotton>. Acesso em: 14 ago. 16. SCACHETTI, M.T., DONKE, A.C.G., SUASSUNA, N.D., FIGUEIRÊDO, M.C.B., KULAY, L.A., FOLEGATTI – MATSUURA, M.I.S. - Avaliação do ciclo de vida da produção de algodão para extração de nanofibras: sistema de produção em rotação com soja e forrageira. In: VII Workshop de Nanotecnologia Aplicada ao Agronegócio, Embrapa, 2013, São Carlos. Disponível em: < https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/963585/1/2013AA24.pdf>. Acesso em: 14 ago. 16. SITE ECYCLE – Algodão Orgânico: Diferenças e Vantagens. Disponível em : <http://www.ecycle.com.br/component/content/article/73-vestuario/3319-o-que-e-algodao- organico-uso-camiseta-roupa-vestuario-moda-quais-vantagens-beneficios-saude-pele- sensivel-meio-ambiente-diminuir-impacto-ambiental-sem-produtos-substancias-quimica- nociva-sintetica-agrotoxicos-manejo-protecao-recursos-naturais-onde-comprar.html> . Acesso em: 20 ago. 16. TEXTILE EXCHANGE – The Life cycle assessment of organic cotton fiber. Disponível em: <http://farmhub.textileexchange.org/upload/library/Farm%20reports/LCA_of_Organic_Cotton %20Fiber-Summary_of%20Findings.pdf>. Acesso em: 14 ago. 16. WIKIPÉDIA – Enciclopédia livre - Gradagem - Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Gradagem>. Acesso em: 20 ago. 16. ZABOT, L. – A cultura do Algodão. Aula do curso de Agronomia - Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2007. Disponível em: <http://w3.ufsm.br/nppce/disciplinas/algodao.pdf>. Acesso em:14 ago. 16.