1. Capítulo cinco
“Alex não teve tempo de responder, os dedos de Sebastian já estavam em seus cabelos,
a outra mão segurava a cintura dela forte, o calor da mão dele na nuca dela trazia uma
sensação de alívio, conforto e até desejo. Ele beijou primeiro a bochecha, desceu para o canto
da boca, e em seguida, pressionou os lábios contra os dela, envolvendo-a num beijo lento.
Ela não recuou.”
Os lábios de Sebastian ainda estavam contra os de Alex, ela se afastou, empurrando-o
suavemente.
– Pare... É melhor parar.
– Por quê? – ele se afastou mais um pouco.
– Você sabe, daqui a pouco eles chegam, Damon, Norman, Paola e Sam.
– Tudo bem, já entendi.
Sebastian desviou o olhar e se encostou na árvore, ele arrancou alguns raminhos de
grama e jogou a frente, tentando se distrair com qualquer coisa.
– O que foi? – ela perguntou.
– Quer mesmo saber? – ele suspirou. – Sei que gosta de Sam, você se confunde nos
próprios sentimentos, e isso eu vejo claramente.
– Sebastian, eu...
– Não precisa me explicar nada, Alex. – ele olhou para ela. – Foi um erro, eu já sabia, e
isso não vai se repetir.
Alex não falou mais nada, ela gostava de Sam, mas como amigo. Certamente, não teria
como discutir com Sebastian, ele sabia de tudo, tinha visto, não visto o que ela realmente
sentia, mas viu.
Como pensara, Damon, Sam e Paola não demoraram a chegar. Ela resmungou um
agradecimento baixinho.
– Prendemos Katherine no porão, Paola ajudou com as raízes e tudo mais... – disse
Damon.
Sebastian ficou de pé, esfregando as mãos para se livrar da terra.
– Danificaram meu chão? – perguntou, olhando fixamente para Paola, mas quem
respondeu foi Damon.
– Infelizmente sim.
– E ainda deixaram Katherine sozinha... Parabéns, ganharam o prêmio de idiotas do ano.
– Sebastian disse, tentando se conter.
– Sim, mas ela ficou bem presa...
– Nada que uma adaga não resolva. Ela é ágil. Vamos rápido.
– E Norman? – perguntou Alex, ainda constrangida.
– Estou aqui, vão e depois eu vou. – Norman gritou a uns sete metros dali, com um
sorriso no rosto.
Sam apoiou Alex até chegar no carro, logo em seguida todos tomaram seus lugares,
Damon foi dirigindo.
2. – Isso aqui dói? – Sam passou a mão na têmpora de Alex.
– Não, só dói o do braço e o da coxa. – ela sorriu, para ele saber que estava tudo bem,
pelo menos para achar isso.
– Quer ficar onde? Você provavelmente não poderá ir para casa agora... – Sam
sussurrou.
– Não precisa, vou ficar bem na casa de Sebastian, por enquanto.
– Não sei, ainda não confio muito. – Sam se abaixou e sussurrou perto do ouvido de
Alex, para que Sebastian não pudesse ouvir. – O que quiser, só acho que não deveríamos
confiar tanto.
Ela afirmou com a cabeça, e ficou em silêncio.
***
– Chegamos. – disse Damon, saltando do carro e batendo a porta logo em seguida.
Alex se viu parada em frente a casa de Sebastian, pela segunda vez, pensando em como
tudo ainda era novo para ela. Da primeira vez estava confusa sobre quem ela era, e agora,
bem, agora ela mal conseguia discernir sobre o que realmente estava confusa.
Os cinco se dirigiram para a varanda e depois atravessaram a porta, Alex foi a ultima a
entrar, ainda com a ajuda de Sam.
– Damon, fique aqui com Alex que eu, Paola e Sam vamos descer. – ordenou Sebastian,
e Damon fez que sim com a cabeça.
– Não posso... – começou Sam, mas Sebastian interrompeu.
– Não.
Sam não insistiu mais, seguiu Paola e Sebastian até escadas que levavam ao porão. Alex
observou enquanto eles desciam, agora era segurada por Damon, que a fez sentar no sofá,
interrompendo sua visão. Damon examinou os cortes de Alex e a fez colocar as pernas para
cima do sofá.
– Eu vou limpar isso para você. – disse Damon.
Tudo o que ele falava, tinha final, nunca era uma duvida, sempre afirmava.
– Norman já limpou...
– Ele limpou pouco, devemos esterilizar e fazer um curativo. – ele alcançou uma
caixinha branca e se ajoelhou na frente do sofá. – Vai doer um pouco, mas vai melhorar.
– Suportável. – ela resmungou.
Damon começou pelo ferimento da coxa, rasgou a calça ainda mais e passou uma
espécie de pano molhado em um líquido ao redor do corte.
– Lá se foi qualquer esperança de poder recuperar minha calça. – Alex revirou os olhos.
– Vai ficar style, esse rasgo.
– Claro, porque não é a sua calça.
– Exatamente. – ele fez uma pausa, trocando o algodão por um seco e o colocando
sobre o corte. – Vou colocar um algodão limpo e um esparadrapo, quando for tomar banho,
você tira o curativo e coloca um novo.
– Ok.
3. – Está melhor?
– Na verdade, não.
– Eu poderia ter fugido, fiquei por você. – disse Katherine, com os olhos fixos em
Sebastian.
– Você mudou demais. – ele suspirou, como se algo tivesse pesando sobre seus ombros,
mas conseguisse aliviar por um segundo, o ar espesso do porão não ajudava. – Você queria o
poder de Alex para você, é isso?
Sam e Paola assistiam a briga, que começou com alguns deboches sobre os
dominadores atuais, vindas de Katherine, os dois já estavam entediados, sentados na escada.
– Não, esse é o segundo motivo. – ela respondeu, e deu uma risadinha.
– Pelo menos é sincera, não? Você assume o que faz. – Sebastian se virou para onde
Sam e Paola estavam, conversando entre si. – Nos deixem sozinhos.
Os dois fizeram que sim com a cabeça e subiram a escadas.
– Hum, então quer ficar sozinho comigo. – debochou Katherine. – Senti saudade do seu
lado, digamos... “Rawr”. – ela imitou um rosnado de leão, ou pelo menos tentou.
– Isso é sério, Katherine, pode ser mais focada?
– Focada em que? Focada em quanto tempo eu vou ficar aqui embaixo? Me matar você
não pode. – Katherine se inclinou para frente, e olhou para cima, encontrando os olhos de
Sebastian. – Afinal, seu bando sabe daquele segredinho, Sebastian?
– Cale a boca.
– Nossa! Como eu me ofendi! Sinceramente, esperava mais.
– Ok, Katherine, você escolhe, o que eu faço com você? Tem a opção de eu te deixar
presa aqui, ai dependendo do seu comportamento, eu deixo você sem comida, sem agua, o
que acha?
– Faça comigo o que fazia, nos velhos tempos.
– Como pode se tornar tão suja? – Sebastian se agachou na frente dela, encarando-a. –
Eu não te conheço mais.
– Ah, claro, como se eu fosse culpada! Não se esqueça de uma coisa, Sebastian, você me
fez entrar para esse mundo, você me fez conhecer criaturas que eu nunca imaginaria
conhecer, sejam elas boas ou ruins, más influências ou não, você não estava nem ai. Seus pais
eram velhos, eu tinha a juventude, beleza, eu era seu futuro, eu sou, e você sempre se
preocupou tanto com eles, achava que eu não precisava de proteção, não é mesmo? – ela
sibilou. – Não é porque tenho personalidade forte que eu não sou frágil. Você foi minha
primeira ligação com o poder que eu sei que posso ter de volta, e queria realmente que eu
ficasse na minha? Sem aproveitar tudo o que foi me oferecido?
– Foi por você que abri mão do domínio, por você, tudo por você. Tem noção do que é
isso?
– Eles me trataram bem, disseram a mim que poderia ter de volta o poder que foi me
tirado, me ensinaram a lutar, me disseram a verdade, coisa que você nunca fez.
4. Sebastian levantou, irritado, levou as mãos na cabeça e deu as costas para Katherine.
– Está falando dos Oleums?
– Estou sim, e eles são como todo mundo, não como você pensa, seres desprezíveis que
cheiram.
– É claro que eles são como eu penso, não vê? Atraíram-te para o lado deles, te usaram
para lutar com Alex porque eles se transformam em pozinho cheiroso quando morrem ou são
cortados gravemente. Já você, se cura, vive, iria lutar quantas vezes precisasse, eles querem
os dominadores do lado deles, e você era o que eles tinham.
Todos conversavam na sala até que ouviram batidas na porta da frente, Damon foi mais
rápido e alcançou-a antes de Sam ou Paola saírem do lugar. Damon abriu a porta e viu
Norman, a calça jeans suja de terra na altura dos joelhos, ele hesitou antes de deixa-lo passar.
– Peguei um taxi. – Norman sorriu, atravessou a entrada e passou por um corredor
pequeno, parando na sala.
– Ela está bem? – ele disse, apontando para Alex.
– Sim, e eu consigo falar. – ela respondeu.
– Não pude fazer muita coisa na hora, desculpa.
– Ajudou muito. – Alex sorriu.
O silêncio tomou conta da sala, todos estavam com os olhos vidrados em Norman,
esperando que ele falasse sobre si como se estivesse num grupo de apoio. “Oi, meu nome é
Norman e eu não sei quem sou.”.
Depois de alguns minutos, Sam quebrou o silêncio, dizendo:
– Tem alguma comida aqui?
– Vou ver na cozinha. – respondeu Damon, saindo da sala.
– Eu atrapalhei alguma coisa? – perguntou Norman.
– Não, tudo bem, senta aí. – Paola apontou com o queixo para uma cadeira
– Eu me lembrei de algumas coisas hoje... Mas nada conclusivo, nada se encaixa.
– A dor de cabeça passou?
– Sim, bem melhor.
– Você vai ficar bem, eu consigo sentir.
– Obrigado.
– Aqui tem pão, ovos... Dá para fazer alguma coisa? – gritou Damon da cozinha, e assim
que ele parou de falar, ouviram-se gritos do porão.
Katherine virou o rosto para o lado, evitando o olhar de Sebastian.
– E o que vai fazer comigo aqui?
– Vai ficar aqui até eu poder confiar em você.
– Se eu tentar escapar?
– Norman, Damon, Alex, Paola, Sam e eu estaremos lá em cima.
– Tudo isso por minha causa? – ela riu.
5. – Tudo isso porque machucou Alex, gosto dela e vou a ajudar, vou a deixar ficar aqui,
assim como os outros, para treinarem.
Katherine cerrou os punhos presos por galhos.
– Então é ela! – ela aumentou o volume da voz. – Claro que é, eu vi nos seus olhos, e
não só nos olhos, em você, na sua mente imunda! Vi como olhava para ela, uma... – lágrimas
brotaram nos olhos de Katherine, e logo escorreram pelo rosto e pingavam nos joelhos que
estavam junto ao corpo.
– Você não tem o direito nenhum de falar nela. – Sebastian respondeu no mesmo tom
de voz, não deixando transparecer nenhuma reação.
Passos apressados trotearam acima de suas cabeças, e logo desceram a escadas, Paola e
Norman pararam no ultimo degrau.
– Tudo bem? – perguntou Norman, assustado.
– Sim, já vou subir. – respondeu Sebastian, virando as costas para Katherine, e seguindo
os dois até estar de volta a sala.
Damon estava no sofá, Paola foi embora – ela disse que ficou tempo demais longe dos
pais – logo após de subir do porão, Sam levou Alex para o quarto no segundo andar e
Sebastian e Norman estavam almoçando.
Alex sentou-se sobre a cama, tirou os calçados e o moletom suado, Sam estava deitado
ao lado, olhando para o teto.
– Não tenho nenhuma roupa para colocar...
– Peça a Sebastian, ele deve ter alguma coisa aí.
– O que quer dizer com isso? – ela riu e se levantou com dificuldade, Sam ajudou-a a
caminhar até o banheiro.
– Vou pedir para ele, já volto, pode tomar banho.
– Ok.
Sam desceu as escadas correndo e atravessou a sala, parou na cozinha e viu Sebastian e
Norman sentados em volta da bancada, Norman devorava um sanduíche e Sebastian o
assistia.
– Alex precisa de roupas, tem alguma coisa ai? – disse Sam, fazendo Norman
interromper o sanduiche e olhar para ele.
– No meu quarto tem uma gaveta cheia de roupas antigas da minha irmã, na última
gaveta da cômoda, devem servir. – Sebastian respondeu.
– Irmã?
– Vai logo.
Sam subiu as escadas, entrou no quarto de Sebastian e parou na frente da cômoda. Ele
não podia evitar sentir ciúmes de Alex e dele, ela ficaria ali, estava tomando banho ali, e
usaria as roupas que ele guardava, ali. Ele pegou roupas intimas femininas que estavam
dentro da penúltima gaveta, já estava acostumado a fazer essas coisas, só que sempre era
para sua mãe. Fechou a gaveta e abriu a ultima, a maioria das roupas eram pretas, ou cores
escuras, ele pegou uma blusa preta e calça jeans, dobrou sobre o braço e voltou para o quarto
de hóspedes.
6. – Onde eu deixo as roupas? – gritou Sam para que Alex pudesse ouvir do banheiro.
– Pode deixar ai encima da cama, só vira de costas. – ela respondeu gritando, Sam
sentou na cama, virado de costas para a porta do banheiro.
Alex saiu do banheiro enrolada em uma toalha, pegou as roupas e caminhou até a porta,
verificando se estava trancada.
– Você brigou com Katherine? – Sam perguntou.
– Sim, não foi bem uma briga, como dá pra ver, mais apanhei que bati. Disseram-me que
eu me recupero mais rápido, e felizmente é verdade. – ela sorriu, mesmo sabendo que ele
não podia ver e passou o moletom pela cabeça, deslizando os braços pelas mangas grandes. –
Esse moletom é seu?
– Sim, por quê?
– Tem seu cheiro.
– Está pronta?
– Sim.
Sam se virou e viu Alex na ponta da cama, parecia pequena e mais vulnerável do que
nunca, o moletom dele batia no meio da coxa dela, que estava nua.
– Eu não te dei uma calça?
– Eu disse que estava pronta, não que poderia se virar. – ela fez um gesto para que ele
girasse de volta, e ele o fez.
– Eu preciso ainda fazer um curativo.
Alex sentou na cama, as pontas dos pés alcançavam o chão gelado, ela alcançou um
frasco, algodão e esparadrapo para refazer o curativo, assim como Damon tinha explicado, já
estava começando a curar, mas mesmo assim doía. Depois de fazer o curativo, ela pegou a
calça e a colocou, servia perfeitamente.
– Agora sim, pode virar. – ela disse, e ele fez. – Katherine me atacou aqui, – ela passou a
mão por cima do curativo. – e aqui. – ela levantou manga do moletom e mostrou o braço.
– E dói muito?
– Não muito, estava doendo bem mais.
Alex subiu na cama e engatinhou até o lado de Sam.
– Nunca pensou em como foi virar dominador?
– Pensei sim, claro, mas não me lembro de nada que possa ter acontecido comigo, que
alguém morreu perto de mim... Nada.
– Seria bom pesquisar, o que acha?
– Bom. – Sam concordou com a cabeça.
Como se só estivesse percebido agora, ela caiu na real do que realmente estava
acontecendo, Sam era seu melhor amigo e ela não contou para ele como estava se sentindo,
como era tudo aquilo para ela, um silêncio doloroso pousou entre os dois, e ela decidiu que
era hora de uma conversa de verdade, sobre tudo. Alex se acomodou na frente de Sam, com
as pernas cruzadas e estendeu os braços para ele, envolvendo-o em torno do pescoço, ele
retribuiu e deslizou as mãos nas costas dela, trazendo uma sensação tranquilizadora.
7. – Por um instante, que pareceu a eternidade, eu te perdi de vista, – ela soluçou,
sentindo os olhos arder. – foi como se uma parte de mim faltasse, eu me senti fraca,
vulnerável. – o abraço se tornou mais apertado, ela enterrou o rosto no ombro dele. – Depois
de todos esses anos, eu nunca me senti tão aflita por estar longe de você.
Ela não aguentou e desabou em lágrimas, que percorreram seu rosto e molharam a
camisa de Sam. Ele segurou o rosto dela entre as mãos e limpou as lágrimas.
– Alex... – ele suspirou. – Aconteça o que acontecer, eu sempre vou estar do seu lado,
vou te proteger, ainda mais agora, eu sei que é difícil... Olhe pra mim.
Alex levantou a cabeça, os olhos dela encontraram os de Sam azul claro, que a
examinava.
– Eu te amo. – declarou Sam.
Ela o observou, os olhos percorrendo a face dele, triste, imóvel e esperançosa. Alex se
desvencilhou do abraço quieta e pulou para fora da cama, limpando as lágrimas com a manga
do moletom.
– Sam, eu...
– Sei que não sente a mesma coisa por mim, mas queria que soubesse, queria que
ouvisse de mim, por mais difícil que fosse falar isso, eu sabia que não receberia um “te amo”
em troca.
– Eu estou confusa, entenda que muita coisa está acontecendo. – ela respirou fundo e
continuou, com a voz mais alta. – Em um dia eu descubro que sou uma dominadora, e que
tenho poderes relacionados ao fogo. No outro dia eu descubro que meu pai também era um
dominador, e que existem infinidades de criaturas que eu não tenho ideia do que elas podem
fazer, se são poderosas ou não. Ai depois eu preciso lutar e engolir tudo isso o mais rápido
possível, processar tudo, eu e Sebastian...
– Você e Sebastian? – Sam interrompeu, tentando controlar a voz.
Alex desviou o olhar de Sam, indignada, virou-se para a janela e apoiou as mãos no
parapeito, sentiu os músculos doerem, a tensão sobre cada um deles. Observando o tempo
janela afora, ela pensou como tudo foi acontecer em tão pouco tempo, era de tarde, mas o
céu estava claro, e sem sinal da chegada da noite.
– Alex? – ela ouviu o rangido da cama e imaginou que Sam tinha descido, e agora
caminhava em sua direção.
– Você não ouviu nada, não é? Só “eu e Sebastian”.
– Escuta Alex, eu sei que foi isso que pareceu, mas eu também estou passando por
diversas coisas, ainda não sei de quem herdei o domínio, mas descobri que eu sou assim como
você, tive que lutar e também me machuquei, desculpa se eu deveria ter dado mais atenção
para isso... Aliás, eu tenho dedicado meu tempo mais a você do que a mim, eu só quero o seu
bem, sempre quis.
As palavras fluíram da boca de Sam como uma declaração, Alex se virou para ele.
– Não se preocupe comigo. – foi tudo o que ela disse.
8. Alex passou por um Sam pasmo e foi até o corredor, já com as mãos no bolso a procura
do celular. Os dedos se moveram rapidamente pelas teclas, ela discou o numero da mãe e
levou o celular até a orelha.
– Alô? – a voz da mãe ecoou no outro lado da linha.
– Oi, sou eu mãe.
– Ah, nossa, onde você está? Acordei e fui ao seu quarto, mas não te vi, até pensei em
ligar, aí eu pensei bem e acho que ultimamente eu não estou te dando muito espaço...
– Não se preocupe, estou com Sam, vou dormir aqui hoje.
– De jeito nenhum! Amanhã tem aula, você não pode faltar. – a voz de Michelle era
firme, Alex questionou a si mesma se deveria insistir.
– Mas mãe, você mesmo disse que não está me dando muito espaço!
– Se eu deixar, promete que vai à aula amanhã?
– Prometo. – ela mentiu, e se sentiu mal por isso instantaneamente.
Alex ouviu um ruído e desligou o celular. Ela o colocou de volta no bolso, caminhou até
o quarto e trancou a porta atrás de si. Por pouco tempo que fosse ela aliviara a cabeça
falando com a mãe, e achou melhor voltar para conversar com Sam.
– Vamos ser sinceros um com o outro, tudo bem? Éramos melhores amigos,
descobrimos que não somos totalmente humanos e parece que nos somos desconhecidos
agora. – disse Sam, se endireitando na cama.
– Isso porque nós somos desconhecidos para nós mesmos. – Alex foi até a cama e
sentou, perto de Sam.
– Explique.
– Só porque somos dominadores, não quer dizer que temos que mudar.
– Isso já está acontecendo, não vê? Desde que vi Sebastian pela primeira vez, foi como
se tudo o que ele falasse fizesse total sentido. Algo sempre me diz quando estou com ele que
devo aceitar cada palavra, aceitar tudo o que ele diz, – ele mudou de posição, puxando as
pernas para junto do corpo. – e eu não sou gay.
– Isso não é culpa de Sebastian.
– Parece que não está me escutando.
– Você quer colocar toda a culpa disso em Sebastian.
– Prestou atenção no que eu disse? Eu disse que ele convence qualquer um, Ale.
Deveríamos ter ficado horrorizados quando descobrimos quem somos, mas não. Você nem
deu tanta importância para o seu pai ser dominador, eu mesmo não consegui sentir
curiosidade sobre de quem herdei o domínio.
– Você acha que Sebastian é mais do que um antigo dominador?
– Sim, eu acho, e também acho que ele está escondendo coisas da gente, ele não tem só
19 anos, viu como ele age? Como ele luta? E Katherine não parece ter só 19 anos, ou 18.
– Ele não mentiria assim. – Alex suspirou.
– Entenda que eu não estou te colocando contra ele, e nem quero fazer isso, mas pensa
bem, pense sobre tudo. Precisa concordar comigo, se disser que não percebeu nada do que
9. eu falei, eu paro, deixamos isso quieto. – Sam manteve o tom da voz firme, pelo rosto dele,
ela podia ver a esperança de estar certo.
– Percebi.
– O que você percebeu?
– Ele parece sim, mais velho do que disse. E sobre ele estar escondendo coisas de nós,
eu sempre desconfiei, mas achei que ele queria que descobríssemos sozinhos. E quando
descobrimos que sou dominadora, eu estava totalmente perdida, e queria saber de tudo, mas
quando Sebastian chegou... Tudo o que ele disse, por mínimo que fosse, pareceu bastar
quando na verdade não bastava.
– Exatamente disso que eu estava falando.
Alex se jogou para a trás, deitando do lado de Sam.
– Não tem nada que possamos fazer, tem?
– Na verdade, tem.