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31
Arte e sustentabilidade: uma reflexão sobre os problemas
ambientais e sociais por meio da arte
Juliana Cardoso*
Resumo
As correlações entre o mundo da arte e da sustentabilidade constituem uma
tendência da contemporaneidade. Há uma emergência na busca por
estruturas estéticas que correspondam à expansão de reflexões acerca das
alterações sofridas pela natureza e estimuladas pela sociedade de consumo.
Dentro deste quadro, que busca a transformação de valores da sociedade em
prol do meio ambiente, este artigo pretende demonstrar como alguns artistas
têm envolvido suas produções, de modo direto ou indireto, ao discurso da
sustentabilidade e, ainda, evidenciar a importância destas obras como
agentes de reflexão sobre a preservação ambiental.
Palavras-chave: desenvolvimento sustentável, arte, sociedade
contemporânea.
Abstract:
The correlations between the world of art and sustainability is a trend
nowadays. There is an emergency in the search for aesthetic structures that
correspond with the expansion of ideas about changing of nature stimulated
by consumer society. Within this framework, which aims the transformation
of social values in favor of the environment, this article intends to show how
some artists have involved their production, either directly or indirectly, to
the discourse of sustainability, and highlights the importance of these works
as agents of thinking about environmental preservation.
Key words: sustainable development, art, contemporary society
*
JULIANA CARDOSO é Profª. do Curso de Design de Interiores da Faculdade de Arquitetura
Urbanismo e Design da Universidade Federal de Uberlândia -UFU. Atua principalmente na área de
mobiliário e sustentabilidade social e ambiental do design. Mestranda em Geografia-UFU.
32
Desenvolvimento sustentável e
sociedade de consumo
O desenvolvimento sustentável é de fato
uma questão-chave da sociedade
contemporânea, mas não quer dizer que
seu significado esteja ligado somente às
questões ambientais, ainda que se
encontre aí sua origem. O conceito
contempla temas globais como a
degradação ambiental, mudança do
clima e perda da biodiversidade e ainda
faz uma ligação entre essas questões de
âmbito ecológico a outras de âmbito
social como equidade e o
funcionamento das sociedades. Neste
sentido, tem se tornado frequente
questionamentos sobre a maneira como
o homem consome, produz e vive.
A cultura de consumo transformou-se
em uma das principais referências de
legitimidade de comportamentos e
valores, constituindo-se em um dos
eixos centrais do mundo globalizado.
Ono (2006) afirma que “o processo de
globalização, destituído de postura ética
e moral perante a sociedade humana,
tem fomentado o desequilíbrio
cumulativo da natureza e o surgimento
de graves problemas sociais, culturais e
econômicos.” (p.27). Postura essa,
amplamente discutida e contestada pelo
conceito de desenvolvimento
sustentável. Argan (1992) já
questionava a economia capitalista:
Nos países capitalistas, de
economia altamente competitiva,
tem-se o fenômeno já mencionado:
busca de um coeficiente de
qualidade estética na conformação,
apresentação e confecção de
produtos; larga utilização de fatores
estéticos para a difusão dos
produtos e o incremento do
consumo (p. 511).
Nesse contexto de crítica ao
consumismo em prol de um
desenvolvimento sustentável, os
produtos deveriam passar a se vincular
ao duradouro, devendo também
contribuir para a desaceleração dos
ciclos de substituição, evitando-se o
descartável. Esses questionamentos
levaram à pesquisa de novas maneiras
de conceber, produzir e consumir, à
exploração de novas fontes de energia,
ao consumo de lazer cultural, à
produção de bens coletivos, dentre
outros aspectos, objetivando a proteção
dos recursos naturais e do meio
ambiente (ONO, 2006). Sob este
prisma, a arte pode ser de grande
interesse ao conceito de
desenvolvimento sustentável. Isso
porque as artes tocam emoções,
podendo influenciar novas visões de
mundo.
Neste artigo será apresentado um breve
histórico sobre as relações entre o meio
ambiente e a arte e serão analisadas as
obras dos artistas contemporâneos:
Renata de Andrade, Henrique Oliveira e
Frans Krajcberg já que eles vêm
envolvendo suas produções, de modo
direto ou indireto, ao discurso da
sustentabilidade e, ainda, pretende-se
evidenciar a importância de suas obras
como agentes de reflexão sobre a
preservação ambiental.
Meio ambiente e o mundo da arte
No mundo da arte, juntamente com a
origem das preocupações ambientais,
surgem as primeiras “obras ambientais”,
como Time Landscape, (1965-78) de
Alan Sonfist. Em um terreno baldio na
cidade de Nova York, o artista norte
americano procurou recriar a paisagem
do século XVII, por meio do plantio de
árvores nativas, transformando o espaço
em um pulmão vegetal inserido em um
contexto metropolitano extremamente
denso. Uma intervenção que chama a
atenção diante do entorno concretado da
cidade e que busca refletir sobre os
problemas ambientais gerados pelo
33
desenvolvimento econômico e industrial
predatório.
A história demonstra que sempre houve
uma interação entre a arte e o universo
que a cerca, refletindo costumes,
valores, significados e ideais dos
indivíduos de cada época. Sob este
prisma, a arte como uma atividade que
procura explorar e refletir sobre a
realidade pode ser de grande interesse
ao conceito de desenvolvimento
sustentável. Isso porque “(...) as artes
estão muito bem equipadas para tocar os
sentimentos e as emoções, podendo
influenciar o comportamento humano,
suas visões de mundo e estilos de vida”
(DIELEMAN, 2006, p.125).
As correlações entre arte e
sustentabilidade constituem uma das
tendências da sociedade contemporânea.
Conforme Dieleman (2006), com essa
abordagem, os artistas podem trazer
contribuições reais, uma vez que eles,
mais do que outros grupos na sociedade,
têm a capacidade de redefinir as
significações da realidade, romper
fronteiras, sair dos quadros
institucionais e pensar de maneira
lateral, representando os problemas da
contemporaneidade de maneira mais
simbólica e estética. Portanto, a obra de
arte pode atuar como espelho do que as
sociedades e os indivíduos sentem,
pensam e fazem.
Cada vez mais, deveriam ser
criados espaços no limiar entre a
área artística e as diferentes esferas
de vida, nas quais se realizassem,
por longos períodos, e a um só
tempo, trabalhos experimentais
artísticos, científicos e sociais, em
prol de uma modernidade
sustentável (KURT, 2006, p.143).
A apropriação de resíduos pela arte
O desperdício e o descarte de bens
duráveis e efêmeros – incentivados pela
cultura americana do consumo –
também trouxe à tona problemas
ligados ao acúmulo de lixo nas cidades.
De acordo com Andrade (2007), há
muitos anos o grande volume de lixo
começou a impor sua presença em nossa
sociedade. Isso exigiu uma posição
quanto a seu fim e suas consequências,
transformando os problemas ecológicos
e sociais em preocupações forçosamente
urgentes.
Em Arte Moderna, Argan (1992)
intercede favoravelmente ao emprego
na arte de materiais descartados.
Segundo o autor, as coisas recolhidas e
combinadas nos quadros de Kurt
Schwitters (1887-1948) foram
descartadas por terem cumprido sua
função, por não apresentarem mais
serventia. O artista empregava a técnica
de colagem cubista. O movimento
tentava demonstrar que não existe
separação entre os objetos do mundo e o
espaço da arte, “de modo que as coisas
da realidade podem passar para a
pintura sem alterar sua substância” (p.
359). Argan ainda defende o uso desses
resíduos dizendo que:
Não há nada de lastimável ou
patético no gesto de recolhê-las, e
não porque este venha a revelar
alguma da sua beleza secreta e
ignorada. Mas, por serem coisas
‘vividas’, comporão no quadro,
com outras coisas igualmente
‘vividas’, uma relação que não é a
consecutio lógica de uma função
organizada, e sim a trama
intrincada e, no entanto, claramente
legível da existência. Ou, talvez, do
inconsciente que, como motivação
profunda, determina o fluxo
incoerente da vida cotidiana
(p.360).
34
Fig. 01 - Kurt Schwitters. 1939. Merz picture with rainbow.
Conforme evidenciado pela história, as
formas de expressão e comunicação
artística sempre assumiram estruturas
estéticas variadas de acordo com a
época e ou contexto em que se
encontravam. Dieleman (2006) afirma
que cada vez mais, testemunha-se uma
ênfase maior no papel da arte, cultura e
criatividade no mundo da
sustentabilidade, demonstrando mais
uma vez que pode haver uma conexão
entre o espaço real e o das artes.
A exemplo da arte que procura
representar as aspirações de seu tempo,
muitos artistas vem se inspirando nas
questões da sustentabilidade. Esses
trabalhos têm adotado as mais diversas
formas e resultado em uma grande
variedade de obras.
O lixo como expressão para Renata
de Andrade
Segundo Chiarelli (1999), “é como
resíduo que a arte neste século, em
muitos casos, tem encontrado o seu
sentido, seu único espaço de
transcendência” (p. 258). A produção da
artista brasileira Renata de Andrade,
radicada na Europa há mais de vinte
anos, tem empregado esses vestígios
como sua expressão plástica e de crítica
ao consumo desenfreado. Ela age como
uma “colecionadora” de alguns objetos
industrializados que foram descartados
pela sociedade, como garrafas,
tampinhas, sacolas plásticas, papelões
etc, retirando-os das ruas e reciclando-
os pela arte. Desprovidos da função
original, esses elementos agora unidos
numa mesma forma ou composição e
com múltiplas possibilidades de
significação, são lançados novamente
ao fluxo da vida por meio de sua obra.
Fig. 2- Renata de Andrade. Objetos quadrados. 150x150x7 cm. 1995.
Rietveld Academie. Foto: Renata de Andrade
35
Resende (2007) afirma que o lixo não é
o único tema abordado no trabalho de
Renata, mas também tudo que é
rejeitado, abandonado ou esquecido
pelos indivíduos. Além disso, os
arranjos da artista apresentam uma
contribuição social ao chamar a atenção
para as comunidades de catadores de
lixo, que muitas vezes são desprezadas
pela sociedade. Esses anônimos que
perambulam pelas cidades puxando
carrinhos precários não são
reconhecidos ou valorizados, mas
desempenham com seu trabalho
importante papel em defesa do meio
ambiente. Por meio da reciclagem,
reintegram todos aqueles detritos que
dificilmente se decompõe na natureza.
Fig.3- Renata de Andrade. Trash Upgrade. 2009. Exposição em Vlissingen-nl.
Foto: Renata de Andrade
Esses pontos levantados pelo trabalho
de Renata, em muito se assemelham ao
próprio ato da artista de resgatar detritos
das ruas. Com esse gesto, ela “eterniza”
os objetos em suas
esculturas/instalações, rearranjando-os
de modo organizado, por meio de uma
seleção de cores e formas ou mesmo de
amontoados. Dessa maneira, suas
“construções” também alcançam belas
soluções plásticas, oferecendo, ao
mesmo tempo, novo sentido estético a
esses resíduos.
Tapumes: o precário como matéria-
prima na obra de Henrique Oliveira
Materiais precários, desgastados pelo
tempo e descartados, também têm sido
utilizados como forma de expressão no
mundo da arte, mas nem sempre esses
artistas relacionam suas produções
diretamente ao discurso da
sustentabilidade. Apesar disso, tais
trabalhos têm despertado a atenção e
consequentemente estimulado reflexões
sobre o aproveitamento de elementos
até então desprezados. Exemplo disso é
o trabalho de um jovem artista
brasileiro, Henrique Oliveira. Ele tem
valorizado o emprego de matérias-
primas “pobres”, mas mesmo assim
vem conseguindo criar, por meio de
seus Tapumes, soluções visuais
despojadas.
É preciso considerar que, em primeiro
lugar, “interessa a Henrique explorar as
possibilidades estéticas inerentes a este
material, desgastado pela ação do tempo
e da intempérie, e trazê-las à tona, para
o lado de cá” (AMADO, 2006, p.3). Em
contrapartida, a matéria-prima utilizada
em sua obra, restos de tapumes usados
para cercar construções, traz à tona uma
constatação, a de que tal objeto sempre
esteve em volta das pessoas, mas foi
sucessivamente desprezado pelo olhar.
Deste modo, seu trabalho reforça o
conceito de que há um limite estreito
entre as coisas do cotidiano e a arte e
36
demonstra que tais materiais podem ser
uma forte ferramenta de reflexão sobre
as questões ligadas à sustentabilidade
ambiental. “Olhar essas superfícies e
vê-las sob o ponto de vista da arte quer
dizer que elas podem ser re-significadas
pelo ato de pintar e ver pintura – um
movimento que vai da arte para o
mundo e vice-versa” (OLIVEIRA,
2007, p. 21).
Henrique se apropria do objeto e o
modifica como quem reconstrói,
reorganizando-o em camadas. Mesmo
assim, deixa evidente a origem do
material e explora ao máximo suas
possibilidades plásticas. Através de suas
instalações monumentais, pode-se
verificar uma fisionomia áspera e
rudimentar do elemento que constitui
seus Tapumes, feitos de lascas de
madeira deterioradas que teriam como
destino o lixo e que são recolhidas pelo
artista nas ruas.
Fig. 4- Henrique Oliveira. Tapumes. 2009. Rice Gallery-Houston. 2009.
Madeira 4,7m x 13,4m x 2m.
Foto: Nash Baker.
Mesmo sem incluir suas produções
tridimensionais diretamente ao discurso
da sustentabilidade, Oliveira (2007)
relaciona suas “construções” às
preocupações ambientais quando afirma
que o material usado para sua criação
pode remeter a três estágios de reflexão:
“(…) primeiro a aparência imediata
da obra - uma instalação feita de
retalhos, depois os compensados
como produtos usados na
construção civil e, por fim, as
árvores que foram serradas e
processadas pela indústria” (p. 30).
Fig.5- Henrique Oliveira. Tapumes. 2006. Centro Cultural São Paulo.
Madeira e PVC 3,5 x 12 x 1,5m.
Foto: Henrique Oliveira.
37
Observa-se que assim como no trabalho
de Renata de Andrade, Henrique se
apropria de um material industrializado
que foi consumido e descartado pelo
homem e o transpõe da vida para a
imagem. Porém, ao contrário da artista,
ele modifica e reorganiza a matéria-
prima que utiliza criando outra forma.
Além disso, os materiais que sempre
foram ignorados pelo olhar e que seriam
descartados após o uso, depois de
retirados de sua função original, são
convertidos através da obra desses
artistas para um local de visibilidade por
excelência, o circuito da arte.
Frans Krajcberg e seu manifesto em
defesa das florestas brasileiras
Outros artistas vêm traduzindo sua
indignação por meio de manifestos
declarados contra os problemas
ambientais. É o caso do polonês Frans
Krajcberg (1921). Em 1948, depois de
ter perdido toda a família em um campo
de concentração, o artista mudou-se
para o Brasil onde se naturalizou. Em
constantes viagens realizadas pela
Amazônia e pelo Mato Grosso, ele
assiste de perto a destruição das
florestas e dela recolhe a matéria-prima
essencial para a sua criação: troncos de
árvores queimadas e raízes provenientes
de áreas de desmatamento. Suas
esculturas marcantes e sempre
empregadas em prol do meio ambiente
revelam uma luta solitária pela
conservação do que ainda existe.
Defensor ferrenho da natureza,
Krajcberg utiliza fragmentos
incinerados das florestas brasileiras
como expoentes de revolta frente ao
desmatamento - causado principalmente
por queimadas para conversão de terras
para a agricultura – e as suas demais
consequências ao ecossistema. Toda sua
indignação também é representada por
meio de registros fotográficos
dramáticos que assumem caráter de
denúncia. “Meus trabalhos são meu
manifesto. O fogo é a morte, o abismo.
Ele me acompanha desde sempre. A
destruição tem formas. Eu procuro
imagens para meu grito de revolta”
(KRAJCBERG, [199?], não paginado).
Fig. 6 - Frans Krajcberg. Revoltas. Fotografia de queimada na Amazônia.
Foto: Frans Krajcberg
No ano de 2003, o artista doou mais de
cem obras para o Jardim Botânico em
Curitiba, onde foi criado o Instituto
Frans Krajcberg. Mais recentemente, no
ano de 2008, a cidade de São Paulo o
recebeu para uma exposição de seus
trabalhos na Oca do Parque do
Ibirapuera, onde também participou de
uma mesa redonda. Intitulado “desafios
atuais da arte e ecologia”, o debate
visava refletir sobre a capacidade das
manifestações culturais contemporâneas
de mobilizar a sociedade perante os
problemas ambientais.
38
Ao contrário do trabalho de Renata de
Andrade, que se apropria de resíduos
industrializados, sem interferir
diretamente na fisionomia dos objetos,
Krajcberg apropria-se dos resíduos da
natureza que foram destruídos pelo
homem e os modifica com o uso de
pigmentos naturais, como num gesto de
quem tenta dar nova vida à “natureza
morta”.
Fig.7- Frans Krajcberg. Totens. Instituto Frans Krajcberg.
Foto: Juliana Cardoso
Os vestígios da natureza e do homem
utilizados em todas essas criações
podem revelar uma nova narrativa: a
necessidade de um olhar crítico da
sociedade sobre sua cultura de consumo
- que tem causado danos ao meio
ambiente e, consequentemente, à
própria sociedade. Seja por meio de
uma arte como forma de manifesto, ou
mesmo com o emprego de conceitos
simbólicos, muitas vezes implícitos no
uso de objetos ou materiais, esses
artistas têm apresentado contribuições
reais ao conceito da sustentabilidade,
tanto em âmbito ambiental como social.
Considerações finais
Essas novas relações contemporâneas,
como as que conectam arte e
sustentabilidade, vêm se desenvolvendo
de forma dinâmica, abrupta e, muitas
vezes, com certa dramaticidade (KURT,
2006). É certo que esses artistas, com
suas narrativas intrigantes e nem sempre
sutis, vêm transmitindo desconfortáveis
mensagens sobre a maneira como o
homem vive. Entretanto, eles encontram
considerável resistência de alguns
críticos que defendem a arte pela arte,
com fins puramente estéticos e
desvinculados de questões sociais ou
morais. Mesmo diante de tal oposição
continuam firmes em seus propósitos,
contribuindo para a expansão dessa
forma de expressão que muito se
aproxima da realidade e dos desafios
vividos pela contemporaneidade. Dessa
maneira, a arte deste século vem se
expandindo e se constituindo muito
além das questões ligadas à estética,
revelando-se também como objeto
central das expressões da sociedade
contemporânea e atuando como reflexo
de sua evolução.
39
Referências
AMADO, Guy. Tapumes ou uma poética do
avesso. Programa de exposições do Centro
Cultural. São Paulo, mar. de 2006. Disponível
on-line
<http://www.henriqueoliveira.com/texto1.html>
>. Acesso em 17 ago. 2008.
ANDRADE, Marco Pasqualine de. Uma
poética ambiental: Cildo Meireles (1963-
1970). (Tese de doutorado). ECA/USP, São
Paulo, 2007.
ARGAN, Giulio Carlo. Arte moderna: do
Iluminismo aos movimentos contemporâneos.
Tradução de Denise Bottmann e Federico
Carotti. São Paulo: Companhia das Letras,
1992.
CHIARELLI, Tadeu. Arte internacional
brasileira. São Paulo: Lemos Editorial, 1999.
DIELEMAN, Hans. Sustentabilidade como
inspiração para a arte: um pouco de teoria e uma
galeria de exemplos. In: Helio Hara. Caderno
Videobrasil 02: Arte Mobilidade e
Sustentabilidade. Associação Cultural
Videobrasil, nº2, São Paulo, 2006.
KRAJCBERG, Frans. Revolte. Tradução de
Tália Mouracadé e Mimi Sananés. França:
[199?]. Disponível on-line
<http://www.krajcberg.vertical.fr/>. Acesso em
20 set. 2009.
KURT, Hildegard. Arte e sustentabilidade: uma
relação desafiadora, mas promissora. In: Helio
Hara. Caderno Videobrasil 02: Arte
Mobilidade e Sustentabilidade. Associação
Cultural Videobrasil, nº2, São Paulo, 2006.
OLIVEIRA, Henrique de Souza. Tapumes:
relatos de uma experiência pictórica em três
dimensões. (Dissertação de mestrado)-
ECA/USP, São Paulo, 2007.
ONO, Maristela Mitsuko. Design e cultura:
sintonia essencial. Curitiba: Edição da Autora,
2006.
RESENDE, Ricardo. O lixo o belo e o nada.
Revista eletrônica um ponto e outro.
Florianópolis, n.5, Abr. 2007. Disponível on-
line
<http://www.museuvictormeirelles.org.br/umpo
ntoeoutro/numero5/ricardo_resende.htm>.
Acesso em 18 set. 2009.

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Artigo arte e sustentabilidade

  • 1. 31 Arte e sustentabilidade: uma reflexão sobre os problemas ambientais e sociais por meio da arte Juliana Cardoso* Resumo As correlações entre o mundo da arte e da sustentabilidade constituem uma tendência da contemporaneidade. Há uma emergência na busca por estruturas estéticas que correspondam à expansão de reflexões acerca das alterações sofridas pela natureza e estimuladas pela sociedade de consumo. Dentro deste quadro, que busca a transformação de valores da sociedade em prol do meio ambiente, este artigo pretende demonstrar como alguns artistas têm envolvido suas produções, de modo direto ou indireto, ao discurso da sustentabilidade e, ainda, evidenciar a importância destas obras como agentes de reflexão sobre a preservação ambiental. Palavras-chave: desenvolvimento sustentável, arte, sociedade contemporânea. Abstract: The correlations between the world of art and sustainability is a trend nowadays. There is an emergency in the search for aesthetic structures that correspond with the expansion of ideas about changing of nature stimulated by consumer society. Within this framework, which aims the transformation of social values in favor of the environment, this article intends to show how some artists have involved their production, either directly or indirectly, to the discourse of sustainability, and highlights the importance of these works as agents of thinking about environmental preservation. Key words: sustainable development, art, contemporary society * JULIANA CARDOSO é Profª. do Curso de Design de Interiores da Faculdade de Arquitetura Urbanismo e Design da Universidade Federal de Uberlândia -UFU. Atua principalmente na área de mobiliário e sustentabilidade social e ambiental do design. Mestranda em Geografia-UFU.
  • 2. 32 Desenvolvimento sustentável e sociedade de consumo O desenvolvimento sustentável é de fato uma questão-chave da sociedade contemporânea, mas não quer dizer que seu significado esteja ligado somente às questões ambientais, ainda que se encontre aí sua origem. O conceito contempla temas globais como a degradação ambiental, mudança do clima e perda da biodiversidade e ainda faz uma ligação entre essas questões de âmbito ecológico a outras de âmbito social como equidade e o funcionamento das sociedades. Neste sentido, tem se tornado frequente questionamentos sobre a maneira como o homem consome, produz e vive. A cultura de consumo transformou-se em uma das principais referências de legitimidade de comportamentos e valores, constituindo-se em um dos eixos centrais do mundo globalizado. Ono (2006) afirma que “o processo de globalização, destituído de postura ética e moral perante a sociedade humana, tem fomentado o desequilíbrio cumulativo da natureza e o surgimento de graves problemas sociais, culturais e econômicos.” (p.27). Postura essa, amplamente discutida e contestada pelo conceito de desenvolvimento sustentável. Argan (1992) já questionava a economia capitalista: Nos países capitalistas, de economia altamente competitiva, tem-se o fenômeno já mencionado: busca de um coeficiente de qualidade estética na conformação, apresentação e confecção de produtos; larga utilização de fatores estéticos para a difusão dos produtos e o incremento do consumo (p. 511). Nesse contexto de crítica ao consumismo em prol de um desenvolvimento sustentável, os produtos deveriam passar a se vincular ao duradouro, devendo também contribuir para a desaceleração dos ciclos de substituição, evitando-se o descartável. Esses questionamentos levaram à pesquisa de novas maneiras de conceber, produzir e consumir, à exploração de novas fontes de energia, ao consumo de lazer cultural, à produção de bens coletivos, dentre outros aspectos, objetivando a proteção dos recursos naturais e do meio ambiente (ONO, 2006). Sob este prisma, a arte pode ser de grande interesse ao conceito de desenvolvimento sustentável. Isso porque as artes tocam emoções, podendo influenciar novas visões de mundo. Neste artigo será apresentado um breve histórico sobre as relações entre o meio ambiente e a arte e serão analisadas as obras dos artistas contemporâneos: Renata de Andrade, Henrique Oliveira e Frans Krajcberg já que eles vêm envolvendo suas produções, de modo direto ou indireto, ao discurso da sustentabilidade e, ainda, pretende-se evidenciar a importância de suas obras como agentes de reflexão sobre a preservação ambiental. Meio ambiente e o mundo da arte No mundo da arte, juntamente com a origem das preocupações ambientais, surgem as primeiras “obras ambientais”, como Time Landscape, (1965-78) de Alan Sonfist. Em um terreno baldio na cidade de Nova York, o artista norte americano procurou recriar a paisagem do século XVII, por meio do plantio de árvores nativas, transformando o espaço em um pulmão vegetal inserido em um contexto metropolitano extremamente denso. Uma intervenção que chama a atenção diante do entorno concretado da cidade e que busca refletir sobre os problemas ambientais gerados pelo
  • 3. 33 desenvolvimento econômico e industrial predatório. A história demonstra que sempre houve uma interação entre a arte e o universo que a cerca, refletindo costumes, valores, significados e ideais dos indivíduos de cada época. Sob este prisma, a arte como uma atividade que procura explorar e refletir sobre a realidade pode ser de grande interesse ao conceito de desenvolvimento sustentável. Isso porque “(...) as artes estão muito bem equipadas para tocar os sentimentos e as emoções, podendo influenciar o comportamento humano, suas visões de mundo e estilos de vida” (DIELEMAN, 2006, p.125). As correlações entre arte e sustentabilidade constituem uma das tendências da sociedade contemporânea. Conforme Dieleman (2006), com essa abordagem, os artistas podem trazer contribuições reais, uma vez que eles, mais do que outros grupos na sociedade, têm a capacidade de redefinir as significações da realidade, romper fronteiras, sair dos quadros institucionais e pensar de maneira lateral, representando os problemas da contemporaneidade de maneira mais simbólica e estética. Portanto, a obra de arte pode atuar como espelho do que as sociedades e os indivíduos sentem, pensam e fazem. Cada vez mais, deveriam ser criados espaços no limiar entre a área artística e as diferentes esferas de vida, nas quais se realizassem, por longos períodos, e a um só tempo, trabalhos experimentais artísticos, científicos e sociais, em prol de uma modernidade sustentável (KURT, 2006, p.143). A apropriação de resíduos pela arte O desperdício e o descarte de bens duráveis e efêmeros – incentivados pela cultura americana do consumo – também trouxe à tona problemas ligados ao acúmulo de lixo nas cidades. De acordo com Andrade (2007), há muitos anos o grande volume de lixo começou a impor sua presença em nossa sociedade. Isso exigiu uma posição quanto a seu fim e suas consequências, transformando os problemas ecológicos e sociais em preocupações forçosamente urgentes. Em Arte Moderna, Argan (1992) intercede favoravelmente ao emprego na arte de materiais descartados. Segundo o autor, as coisas recolhidas e combinadas nos quadros de Kurt Schwitters (1887-1948) foram descartadas por terem cumprido sua função, por não apresentarem mais serventia. O artista empregava a técnica de colagem cubista. O movimento tentava demonstrar que não existe separação entre os objetos do mundo e o espaço da arte, “de modo que as coisas da realidade podem passar para a pintura sem alterar sua substância” (p. 359). Argan ainda defende o uso desses resíduos dizendo que: Não há nada de lastimável ou patético no gesto de recolhê-las, e não porque este venha a revelar alguma da sua beleza secreta e ignorada. Mas, por serem coisas ‘vividas’, comporão no quadro, com outras coisas igualmente ‘vividas’, uma relação que não é a consecutio lógica de uma função organizada, e sim a trama intrincada e, no entanto, claramente legível da existência. Ou, talvez, do inconsciente que, como motivação profunda, determina o fluxo incoerente da vida cotidiana (p.360).
  • 4. 34 Fig. 01 - Kurt Schwitters. 1939. Merz picture with rainbow. Conforme evidenciado pela história, as formas de expressão e comunicação artística sempre assumiram estruturas estéticas variadas de acordo com a época e ou contexto em que se encontravam. Dieleman (2006) afirma que cada vez mais, testemunha-se uma ênfase maior no papel da arte, cultura e criatividade no mundo da sustentabilidade, demonstrando mais uma vez que pode haver uma conexão entre o espaço real e o das artes. A exemplo da arte que procura representar as aspirações de seu tempo, muitos artistas vem se inspirando nas questões da sustentabilidade. Esses trabalhos têm adotado as mais diversas formas e resultado em uma grande variedade de obras. O lixo como expressão para Renata de Andrade Segundo Chiarelli (1999), “é como resíduo que a arte neste século, em muitos casos, tem encontrado o seu sentido, seu único espaço de transcendência” (p. 258). A produção da artista brasileira Renata de Andrade, radicada na Europa há mais de vinte anos, tem empregado esses vestígios como sua expressão plástica e de crítica ao consumo desenfreado. Ela age como uma “colecionadora” de alguns objetos industrializados que foram descartados pela sociedade, como garrafas, tampinhas, sacolas plásticas, papelões etc, retirando-os das ruas e reciclando- os pela arte. Desprovidos da função original, esses elementos agora unidos numa mesma forma ou composição e com múltiplas possibilidades de significação, são lançados novamente ao fluxo da vida por meio de sua obra. Fig. 2- Renata de Andrade. Objetos quadrados. 150x150x7 cm. 1995. Rietveld Academie. Foto: Renata de Andrade
  • 5. 35 Resende (2007) afirma que o lixo não é o único tema abordado no trabalho de Renata, mas também tudo que é rejeitado, abandonado ou esquecido pelos indivíduos. Além disso, os arranjos da artista apresentam uma contribuição social ao chamar a atenção para as comunidades de catadores de lixo, que muitas vezes são desprezadas pela sociedade. Esses anônimos que perambulam pelas cidades puxando carrinhos precários não são reconhecidos ou valorizados, mas desempenham com seu trabalho importante papel em defesa do meio ambiente. Por meio da reciclagem, reintegram todos aqueles detritos que dificilmente se decompõe na natureza. Fig.3- Renata de Andrade. Trash Upgrade. 2009. Exposição em Vlissingen-nl. Foto: Renata de Andrade Esses pontos levantados pelo trabalho de Renata, em muito se assemelham ao próprio ato da artista de resgatar detritos das ruas. Com esse gesto, ela “eterniza” os objetos em suas esculturas/instalações, rearranjando-os de modo organizado, por meio de uma seleção de cores e formas ou mesmo de amontoados. Dessa maneira, suas “construções” também alcançam belas soluções plásticas, oferecendo, ao mesmo tempo, novo sentido estético a esses resíduos. Tapumes: o precário como matéria- prima na obra de Henrique Oliveira Materiais precários, desgastados pelo tempo e descartados, também têm sido utilizados como forma de expressão no mundo da arte, mas nem sempre esses artistas relacionam suas produções diretamente ao discurso da sustentabilidade. Apesar disso, tais trabalhos têm despertado a atenção e consequentemente estimulado reflexões sobre o aproveitamento de elementos até então desprezados. Exemplo disso é o trabalho de um jovem artista brasileiro, Henrique Oliveira. Ele tem valorizado o emprego de matérias- primas “pobres”, mas mesmo assim vem conseguindo criar, por meio de seus Tapumes, soluções visuais despojadas. É preciso considerar que, em primeiro lugar, “interessa a Henrique explorar as possibilidades estéticas inerentes a este material, desgastado pela ação do tempo e da intempérie, e trazê-las à tona, para o lado de cá” (AMADO, 2006, p.3). Em contrapartida, a matéria-prima utilizada em sua obra, restos de tapumes usados para cercar construções, traz à tona uma constatação, a de que tal objeto sempre esteve em volta das pessoas, mas foi sucessivamente desprezado pelo olhar. Deste modo, seu trabalho reforça o conceito de que há um limite estreito entre as coisas do cotidiano e a arte e
  • 6. 36 demonstra que tais materiais podem ser uma forte ferramenta de reflexão sobre as questões ligadas à sustentabilidade ambiental. “Olhar essas superfícies e vê-las sob o ponto de vista da arte quer dizer que elas podem ser re-significadas pelo ato de pintar e ver pintura – um movimento que vai da arte para o mundo e vice-versa” (OLIVEIRA, 2007, p. 21). Henrique se apropria do objeto e o modifica como quem reconstrói, reorganizando-o em camadas. Mesmo assim, deixa evidente a origem do material e explora ao máximo suas possibilidades plásticas. Através de suas instalações monumentais, pode-se verificar uma fisionomia áspera e rudimentar do elemento que constitui seus Tapumes, feitos de lascas de madeira deterioradas que teriam como destino o lixo e que são recolhidas pelo artista nas ruas. Fig. 4- Henrique Oliveira. Tapumes. 2009. Rice Gallery-Houston. 2009. Madeira 4,7m x 13,4m x 2m. Foto: Nash Baker. Mesmo sem incluir suas produções tridimensionais diretamente ao discurso da sustentabilidade, Oliveira (2007) relaciona suas “construções” às preocupações ambientais quando afirma que o material usado para sua criação pode remeter a três estágios de reflexão: “(…) primeiro a aparência imediata da obra - uma instalação feita de retalhos, depois os compensados como produtos usados na construção civil e, por fim, as árvores que foram serradas e processadas pela indústria” (p. 30). Fig.5- Henrique Oliveira. Tapumes. 2006. Centro Cultural São Paulo. Madeira e PVC 3,5 x 12 x 1,5m. Foto: Henrique Oliveira.
  • 7. 37 Observa-se que assim como no trabalho de Renata de Andrade, Henrique se apropria de um material industrializado que foi consumido e descartado pelo homem e o transpõe da vida para a imagem. Porém, ao contrário da artista, ele modifica e reorganiza a matéria- prima que utiliza criando outra forma. Além disso, os materiais que sempre foram ignorados pelo olhar e que seriam descartados após o uso, depois de retirados de sua função original, são convertidos através da obra desses artistas para um local de visibilidade por excelência, o circuito da arte. Frans Krajcberg e seu manifesto em defesa das florestas brasileiras Outros artistas vêm traduzindo sua indignação por meio de manifestos declarados contra os problemas ambientais. É o caso do polonês Frans Krajcberg (1921). Em 1948, depois de ter perdido toda a família em um campo de concentração, o artista mudou-se para o Brasil onde se naturalizou. Em constantes viagens realizadas pela Amazônia e pelo Mato Grosso, ele assiste de perto a destruição das florestas e dela recolhe a matéria-prima essencial para a sua criação: troncos de árvores queimadas e raízes provenientes de áreas de desmatamento. Suas esculturas marcantes e sempre empregadas em prol do meio ambiente revelam uma luta solitária pela conservação do que ainda existe. Defensor ferrenho da natureza, Krajcberg utiliza fragmentos incinerados das florestas brasileiras como expoentes de revolta frente ao desmatamento - causado principalmente por queimadas para conversão de terras para a agricultura – e as suas demais consequências ao ecossistema. Toda sua indignação também é representada por meio de registros fotográficos dramáticos que assumem caráter de denúncia. “Meus trabalhos são meu manifesto. O fogo é a morte, o abismo. Ele me acompanha desde sempre. A destruição tem formas. Eu procuro imagens para meu grito de revolta” (KRAJCBERG, [199?], não paginado). Fig. 6 - Frans Krajcberg. Revoltas. Fotografia de queimada na Amazônia. Foto: Frans Krajcberg No ano de 2003, o artista doou mais de cem obras para o Jardim Botânico em Curitiba, onde foi criado o Instituto Frans Krajcberg. Mais recentemente, no ano de 2008, a cidade de São Paulo o recebeu para uma exposição de seus trabalhos na Oca do Parque do Ibirapuera, onde também participou de uma mesa redonda. Intitulado “desafios atuais da arte e ecologia”, o debate visava refletir sobre a capacidade das manifestações culturais contemporâneas de mobilizar a sociedade perante os problemas ambientais.
  • 8. 38 Ao contrário do trabalho de Renata de Andrade, que se apropria de resíduos industrializados, sem interferir diretamente na fisionomia dos objetos, Krajcberg apropria-se dos resíduos da natureza que foram destruídos pelo homem e os modifica com o uso de pigmentos naturais, como num gesto de quem tenta dar nova vida à “natureza morta”. Fig.7- Frans Krajcberg. Totens. Instituto Frans Krajcberg. Foto: Juliana Cardoso Os vestígios da natureza e do homem utilizados em todas essas criações podem revelar uma nova narrativa: a necessidade de um olhar crítico da sociedade sobre sua cultura de consumo - que tem causado danos ao meio ambiente e, consequentemente, à própria sociedade. Seja por meio de uma arte como forma de manifesto, ou mesmo com o emprego de conceitos simbólicos, muitas vezes implícitos no uso de objetos ou materiais, esses artistas têm apresentado contribuições reais ao conceito da sustentabilidade, tanto em âmbito ambiental como social. Considerações finais Essas novas relações contemporâneas, como as que conectam arte e sustentabilidade, vêm se desenvolvendo de forma dinâmica, abrupta e, muitas vezes, com certa dramaticidade (KURT, 2006). É certo que esses artistas, com suas narrativas intrigantes e nem sempre sutis, vêm transmitindo desconfortáveis mensagens sobre a maneira como o homem vive. Entretanto, eles encontram considerável resistência de alguns críticos que defendem a arte pela arte, com fins puramente estéticos e desvinculados de questões sociais ou morais. Mesmo diante de tal oposição continuam firmes em seus propósitos, contribuindo para a expansão dessa forma de expressão que muito se aproxima da realidade e dos desafios vividos pela contemporaneidade. Dessa maneira, a arte deste século vem se expandindo e se constituindo muito além das questões ligadas à estética, revelando-se também como objeto central das expressões da sociedade contemporânea e atuando como reflexo de sua evolução.
  • 9. 39 Referências AMADO, Guy. Tapumes ou uma poética do avesso. Programa de exposições do Centro Cultural. São Paulo, mar. de 2006. Disponível on-line <http://www.henriqueoliveira.com/texto1.html> >. Acesso em 17 ago. 2008. ANDRADE, Marco Pasqualine de. Uma poética ambiental: Cildo Meireles (1963- 1970). (Tese de doutorado). ECA/USP, São Paulo, 2007. ARGAN, Giulio Carlo. Arte moderna: do Iluminismo aos movimentos contemporâneos. Tradução de Denise Bottmann e Federico Carotti. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. CHIARELLI, Tadeu. Arte internacional brasileira. São Paulo: Lemos Editorial, 1999. DIELEMAN, Hans. Sustentabilidade como inspiração para a arte: um pouco de teoria e uma galeria de exemplos. In: Helio Hara. Caderno Videobrasil 02: Arte Mobilidade e Sustentabilidade. Associação Cultural Videobrasil, nº2, São Paulo, 2006. KRAJCBERG, Frans. Revolte. Tradução de Tália Mouracadé e Mimi Sananés. França: [199?]. Disponível on-line <http://www.krajcberg.vertical.fr/>. Acesso em 20 set. 2009. KURT, Hildegard. Arte e sustentabilidade: uma relação desafiadora, mas promissora. In: Helio Hara. Caderno Videobrasil 02: Arte Mobilidade e Sustentabilidade. Associação Cultural Videobrasil, nº2, São Paulo, 2006. OLIVEIRA, Henrique de Souza. Tapumes: relatos de uma experiência pictórica em três dimensões. (Dissertação de mestrado)- ECA/USP, São Paulo, 2007. ONO, Maristela Mitsuko. Design e cultura: sintonia essencial. Curitiba: Edição da Autora, 2006. RESENDE, Ricardo. O lixo o belo e o nada. Revista eletrônica um ponto e outro. Florianópolis, n.5, Abr. 2007. Disponível on- line <http://www.museuvictormeirelles.org.br/umpo ntoeoutro/numero5/ricardo_resende.htm>. Acesso em 18 set. 2009.