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Relevo e Hipsometria

     A análise do relevo de qualquer área tem como base a sua formação geológica e o seu
clima.
     O contorno oeste do Piauí é formado pelo vale do rio Parnaíba; já o leste e o sul da Bacia
Sedimentar do Maranhão-Piauí formam um arco de planaltos (chamados de serras e chapa-
das), resultantes do soerguimento dessa bacia por movimentos tectônicos [VER MAPA 01].
Neste arco de fronteiras estão as maiores altitudes do território piauiense, que variam de 600
a 800 metros de altitudes. Na sequencia de norte para sul, encontram se a Cuesta da Ibiapa-
ba/Serra Grande, que formam limite com o Ceará; a Serra do Bom Jesus do Gurgueia (seccio-
nada em várias Serras locais, como a da Capivara, das Confusões, dos Gerais e Vermelha) e a
Chapada das Mangabeiras, que forma limites estaduais com a Bahia, Tocantins e Maranhão.
     Destaque-se que em vários pontos dessa bacia sedimentar encontram-se curiosas e belas
formas de relevo, elaboradas a partir do desgaste das rochas areníticas expostas à erosão das
chuvas e dos ventos, chamadas de feições ruiniformes.

        Compartimentos regionais de relevo e formas locais

Observe a classificação estrutural de Iracilde Maria de M. Fé Lima (1983 e 1987) [VER MAPA
01]. Em linhas gerais, os grandes conjuntos de formas e os tipos de formas locais que ocorrem
nos compartimentos regionais do relevo piauiense são a seguir identificados:
    I.      Depressões Periféricas à Bacia Sedimentar do Maranhão-Piauí
    II.     Chapadões do Alto-Médio Parnaíba
    III.    Planalto Oriental da Bacia Sedimentar do Maranhão-Piauí
    IV.     Baixos Planaltos do Médio-Baixo Parnaíba
    V.      Tabuleiros Litorâneos
    VI.     Planície Costeira

    I – DEPRESSÕES PERIFÉRICAS À BACIA SEDIMENTAR DO MARANHÃO-PIAUÍ

     Este compartimento é representado por uma faixa de áreas do Sudeste e parte do Sul do
Piauí, elaborado em estrutura cristalina pré-Cambriana. Esta faixa corresponde a uma porção
das depressões que se estendem pelo interior da região Nordeste brasileira, denominada de
depressões intermontanas e genericamente conhecidas por “sertões nordestinos”. Também
faz parte deste compartimento uma pequena porção da área do extremo nordeste do estado
(próxima ao mar), como continuação dessas depressões cristalinas que se estendem pela área
cearense, no limite norte do planalto ou serra da Ibiapaba.
     Topograficamente, essa área piauiense corresponde a uma faixa deprimida que se limita
de um lado pelo bordo da bacia sedimentar do Maranhão-Piauí e do outro por um conjunto de
serras cristalinas, nos limites com os estados da Bahia e Pernambuco, sendo as de maior ex-
pressão a Serra da Tabatinga e a Serra Dois Irmãos, que formam os divisores topográficos das
bacias hidrográficas do Rio Parnaíba e do São Francisco, neste trecho.
     Desta forma, adota-se neste trabalho a classificação de Iracilde Lima, que tem por base os
indicadores da geologia, de relevo e de hidrografia, em níveis sub-regional e local, para deno-
minar este compartimento de “Depressões Periféricas à Bacia Sedimentar do Maranhão-
Piauí”, ao invés de “depressões periféricas do médio São Francisco”, uma vez que esta depres-
são pertence à bacia hidrográfica do Parnaíba e não à bacia hidrográfica do São Francisco. Esta
última classificação é adotada em estudos que utilizam a bacia hidrográfica do rio São Francis-
co como referência regional, como é o caso do Projeto Radam (1973).
     É importante observar, ainda, que no contato com Pernambuco e Ceará, entre a Serra
Grande e a dos Dois Irmãos, penetra sobre o Cristalino piauiense uma pequena porção da
Chapada do Araripe, formada por sedimentos da Era Mesozóica, cujo topo na área piauiense é
de aproximadamente 600 metros.

    II – CHAPADÕES DO ALTO-MÉDIO PARNAÍBA

     Este compartimento corresponde ao conjunto de extensos Planaltos tabulares, conheci-
dos como chapadões do Sul do Piauí. Inicia-se no bordo da bacia sedimentar do Maranhão-
Piauí, no contato com as Depressões Periféricas à Bacia Sedimentar do Maranhão-Piauí, indo
até o vale do rio Paranaíba (no sentido leste-oeste). No sentido sul-norte, localiza-se desde a
Chapada das Mangabeiras, que chega a 800 m de altitude, até os planaltos mais baixos, nas
proximidades da barragem de Boa Esperança, com cerca de 300 m de altitude.
     Topograficamente, esses planaltos correspondem às superfícies tabulares de estrutura
horizontal, de topos planos e levemente inclinados, decrescendo gradativamente de sul para
norte. O nível de base local desse compartimento (que corresponde ao fundo dos vales) situa-
se em cerca de 200 m de altitude.
     Esses planaltos são isolados uns dos outros pelos vales dos grandes rios, que se apresen-
tam com fundos chatos e encostas predominantemente retilíneas verticais. Essas vertentes ou
encostas são mantidas pelas rochas resistentes à erosão, mescladas com camadas rochosas
menos resistentes, formando patamares estruturais voltadas para o fundo dos vales.
     O limite sudeste deste compartimento é formado pelo planalto conhecido por Serra do
Bom Jesus do Gurgueia, cujas escarpas se encontram voltadas para a depressão periférica,
intensamente dissecada pela erosão diferencial. Essa grande serra encontra-se seccionada,
formando vários planaltos de menores dimensões, como a Serra da Capivara, do Congo, das
Confusões, das Guaribas e a Vermelha. Essas serras formam os divisores topográficos dos altos
cursos dos rios Gurgueia, Itaueiras e Piauí, pois aí nascem afluentes desses grandes rios que
drenam todo o compartimento [como pode ser visto nos mapas 01 e 02]. Em algumas dessas
serras forma-se, ainda, estreito e profundos vales (chamados de boqueirões ou “canyons”) e
também grutas areníticas, que formam nas linhas de falhas e fraturas.

    III – PLANALTO ORIENTAL DA BACIA SEDIMENTAR DO MARANHÃO-PIAUÍ

     Este compartimento corresponde ao bordo leste da bacia sedimentar do Maranhão-Piauí,
sendo sua porção Norte conhecida com Serra da Ibiapaba e sua porção sul como Serra Grande.
Estas duas grandes serras compõem, assim, um mesmo conjunto estrutural, que foi seccionada
pelo rio Poti, formando um vale canyon (ou boqueirão). Este é formado pelo encaixamento
desse rio, que nasce no Ceará em estrutura cristalina e entra na bacia sedimentar, indo desa-
guar no rio Parnaíba, na cidade de Teresina, Capital do Piauí. Topograficamente, esse conjunto
reflete o soerguimento do bordo leste da bacia sedimentar e o mergulho de suas formações
geológicas para o interior dessa bacia, a oeste, formando um planalto tipo “cuesta”. Este pla-
nalto apresenta suas maiores altitudes no estado vizinho do Ceará, para onde tem voltado o
seu front (escarpa abrupta), e alcança a altitude de 900 m. Assim, apresenta-se com suaves
declividades para o lado piauiense (que corresponde ao seu reverso), com altitudes decres-
cendo para oeste, sendo desdobrado ou compartimentado por vales estruturais chamados
depressões ortoclinais, como a que ocorre em Pedro II e Domingo Mourão, nas serras dos Ma-
tões e da Cangalha. Também é cortado por vales fluviais, formando planaltos de menores di-
mensões dentro dessa grande cuesta regional.
Os planaltos de menores dimensões são considerados formas de relevo locais e corres-
pondem ao desdobramento da grande cuesta em vários planaltos, divisores topográficos de
alguns afluentes dos rios Piranji, Longá, Poti e Canindé.

     IV – BAIXOS PLANALTOS DO MÉDIO-BAIXO PARANAÍBA

     Este compartimento corresponde ao conjunto dos baixos planaltos dissecados, que for-
mam divisores topográficos dos rios Longá, do baixo curso do rio Poti, do médio e baixo cursos
do rio Canindé, com altitudes máximas variando entre 200 e 300 metros.
     As formas locais são resultantes da dissecação sob climas atuais ou sob paleoclimas,
quando a drenagem foi isolando pequenos planaltos rebaixados. As formas modeladas se a-
presentam em formas tipo “mesa” (encostas retilíneas e topos horizontais) que ocorrem ora
agrupadas, ora de forma isoladas. Nas áreas mais úmidas, esses baixos planaltos apresentam-
se com encostas levemente convexas e topos mais abaulados, formando baixos planaltos e
colinas.

     V – TABULEIROS PRÉ-LITORÂNEOS

      Este compartimento corresponde a uma área de topografia plana, caimento para o norte,
denominada de tabuleiros pré-litorâneos. Representa uma faixa de 30-50 km de largura, ela-
borado em rochas da Formação Barreiras, entre a bacia sedimentar do Maranhão-Piauí e o
litoral piauiense. As cotas mais elevadas dessa área encontram-se no seu limite sul, com altitu-
des um pouco abaixo de 100 m, formando o divisor topográfico que limita a bacia hidrográfica
do rio Parnaíba com as pequenas bacias dos rios litorâneos.

     VI – PLANÍCIE COSTEIRA

     Conforme se observa no MAPA 01 e na figura ao lado, a Planície
Costeira piauiense corresponde à faixa litorânea, que se inicia na baía
das Canárias, indo até a baía formada na foz conjunta dos rios Ubatuba
(piauiense) e Timonha cearense. Apresenta largura que varia de me-
nos de 1 km no trecho entre o seu limite leste até o rio Camurupim,
passando a alargar-se para 5 a 7 km em direção à Ilha Grande de Santa
Isabel.                                                                    1 Planície Costeira
     Os campos de dunas se formam a partir das praias, compondo-se         2 Tabuleiros Pré-litorâneos
de dunas móveis, dunas fixas e paleodunas, que se distribuem na pla-
nície litorânea, entre os sedimentos Terciários do Grupo Barreiras e o Oceano Atlântico.
     As principais formas locais que ocorrem nessa faixa são as praias, as ilhas do Delta do rio
Parnaíba e a ilha da Mota, os campos de dunas, as baías e as planícies flúvio-marinhas [VER
MAPA 03]. As praias são predominantemente arenosas e sofrem influência das marés, sendo
as mais frequentadas: Cajueiro da Praia, Barra Grande, Macapá, Coqueiro, Atalaia e Pedra do
Sal. As maiores baías são a das Canárias, Amarração e Ubatuba/Timonha, que se formam na
foz dos rios que têm sentido sul-norte e sofrem maior influência das marés. As ilhas que se
localizam entre os canais do rio Parnaíba, formam o delta na foz desse rio, onde se alternam
mangues e dunas.
MAPA 03




     As planícies flúvio-marinhas correspondem aos traços dos rios que sofrem influência das
marés altas, quando inundam os leitos dos rios, fazendo-os transbordarem e alargarem os seus
leitos, inundando frequentemente os seus terraços fluviais. Em maior expressão, esse fenô-
meno ocorre nos rios Igaraçu, Cardoso, Camurupim e alguns afluentes.
Vegetação e Fauna

      A vegetação resulta da inter-relação entre o clima, as rochas, o relevo e os solos de um
determinado espaço. E bioma é um conjunto de diferentes ecossistemas, que possuem certo
nível de homogeneidade. São as comunidades biológicas, ou seja, as populações de organis-
mos da fauna e da flora interagindo entre si e interagindo também com o ambien-
te físico chamado biótopo.
      No espaço piauiense encontram-se partes de três dos grandes biomas brasileiros: costei-
ro, cerrado e caatinga. Estes ocorrem intercalados pelas áreas de transição ou ecótonos: o
cerrado-caatinga e o cerrado-amazônia. As formações vegetais que compõem estes biomas e
ecótonos estão identificados no MAPA 04.

    1. Bioma costeiro

       É composto pelas formações vegetais litorâneas ou costeiras que acompanham toda a
costa brasileira, formando conjuntos florísticos bastante diversificados, pois a vegetação é
diferente e litoral rochoso, arenoso ou de mangue.
       Na faixa litorânea ocorre a vegetação de mangues nas áreas do delta do Parnaíba e tam-
bém nas áreas das planícies flúvio-marinhas dos rios Portinho, Camurupim e Ubatuba, princi-
palmente. Dentre as espécies destes ecossistemas encontram-se o Mangue vermelho, sapatei-
ro ou verdadeiro. Apresenta grandes raízes aéreas que ficam expostas durante a maré baixa.
Outras espécies vegetais arbóreas e arbustivas que ocorrem nesta área são o Mangue-preto
ou siriúba ou canoé; Mangue-manso, rajadinho ou branco; Mangue-botão ou de bolota; Anin-
ga; Sambaíba-de-mangue; Algodão-de-mangue; dentre outras.
       A Carnaúba ocorre no interior das ilhas do delta e também nos vales dos rios, entre o
mangue e a caatinga litorânea, em grande concentração. Destaque-se a presença de Salgados
ou Apicuns, que são manchas que se apresentam destituídas de vegetação arbustiva e arbó-
rea, ora como um ambiente de transição entre o mangue e as áreas arenosas de praias e du-
nas, ora entremeando os manguezais.
       No litoral as algas marinhas também são encontradas com certa abundância, desde os ti-
pos que podem ser utilizadas para fins farmacêuticos, de alimentação e de adubação. Dentre
os animais mais abundantes das áreas do delta e planícies flúvio-marinhas, estão os crustá-
ceos. Entre as aves estão maçarico, guará, lavandeiras etc. Entre os mamíferos destacam-se o
macaco-prego e o peixe-boi-marinho. Ocorre também nas águas do delta e proximidades uma
grande quantidade de peixes, como bagre, voador, agulha, pargo, arraia, camurupim, cioba,
pescada etc.
       Nas praias, principalmente onde afloram recife de arenito e conchas durante as marés
baixas, encontram-se pequenos animais como a estrela-do-mar, búzios e tatuís. Na faixa pós-
praia e campos de dunas encontra-se a vegetação pioneira como a salsa-da-praia e o pinheiro-
da-praia. Nas dunas e areias já fixadas, mais distante da praia, encontram-se o bredo-da-praia,
tiririca e vassorinha-de-botão. Dentre as espécies arbóreo-arbustivas estão murici, cajuí, co-
queiro da praia, caatingueira etc. A fauna dessas áreas de solos arenosos corresponde princi-
palmente aos répteis, aves e mamíferos. Alguns exemplos são a cobra jibóia, garça azul, sabiá-
da-praia, raposa, preá, etc.
2. Bioma cerrado

      Constituído por formações vegetais que apresentam, geralmente, três estratos: herbáceo,
arbustivo e arbóreo. Conforme variações ambientais regionais e locais, formam-se diversos
ecossistemas, com subtipos ora arbóreo, ora arbustivo e herbáceo. Assim, sob o ponto de vista
fisionômico, são classificados como cerradão, cerrado típico, campo cerrado, campo sujo de
cerrado e campo limpo de cerrado. São características marcantes do cerrado os seus troncos
tortuosos, ramos retorcidos, cascas espessas e folhas grossas. Estas resultam da adaptação às
condições de solo que, mesmo dispondo de umidade suficiente, apresentam teores elevados
de acidez pela presença do alumínio e ferro, o que dificulta o desenvolvimento das plantas e
lhes dá essa fisionomia.
      Destaque-se que em muitos vales ocorre a formação de brejos, que são locais onde aflo-
ram os olhos d’água que geralmente formam nascentes de riachos que vão alimentar grandes
rios. Nesses locais de solos úmidos destaca-se o buriti que, muitas vezes, acompanha o leito
dos rios, como indicador de que o lençol freático se encontra próximo à superfície do solo. O
fruto desta palmeira é muito utilizado para a fabricação de doces e sucos, além do óleo que
tem uso medicinal.
      Dentre as espécies mais frequentes no cerrado piauiense encontram-se faveira, fava-
danta, jatobá, pau-de-terra, sambaíba ou lixeira, piqui, amargoso, cachamorra, pau-pombo,
chapada, barba-timão etc. Os animais encontrados neste bioma com maior frequência são:
veado-campeiro, ema, lobo-guará, perdiz, raposa, macacos, tatu-canastra, cobras, araras, pa-
pagaios, periquitos, gaviões, carcará, capivara, paca, ratos, e muitos outros.

    3. Bioma caatinga

     É considerada o único bioma exclusivamente brasileiro. Considerando os aspectos fisio-
nômicos, a caatinga apresenta-se em subtipos, conforme as variações nas condições locais de
umidade de clima e dos solos. Assim, forma ecossistemas classificados como: caatinga arbusti-
va aberta, abustivo-arbórea e caatinga densa. Em alguns locais mais úmidos como serras e
chapadas, por exemplo, desenvolve-se a fisionomia arbórea ou de floresta. Aí ocorrem espé-
cies que podem alcançar grande altura, como angico, aroeira e braúna. Nas áreas mais secas,
ocorre a caatinga arbustiva aberta, com a presença do marmeleiro, jurema-preta, unha-de-
gato e favela. Destaque-se que é frequente a ocorrência de carnaubeira, em algumas áreas
mais úmidas dos vales, onde formam manchas significativas, embora não seja exclusiva da
caatinga, pois no Piauí ela ocorre também nos biomas costeiro e cerrado.
     A característica mais marcante da caatinga é xerofismo ou xeromorfismo das espécies ve-
getais. Ele traduz a adaptação da vegetação às condições climáticas sob regime de baixos índi-
ces pluviométricos e elevadas temperaturas do ar e do solo. Assim, muitas espécies vegetais
perdem as folhas no período seco (caducifólias), como forma de se protegerem contra a perda
de água e se manterem vivas durante o período seco, quando adquirem aspecto seco, como se
estivessem mortas.
     Outras espécies da caatinga também desenvolveram mecanismos diferentes de adapta-
ção às condições secas do ambiente semi-árido, como o juazeiro, que produz cerosidade que
forma uma película nas suas folhas, e os cactos e bromélias que, no seu processo de evolu-
ção/adaptação, substituíram as folhas por espinhos.
     A fauna do bioma caatinga é representada por animais como: sapo-cururu, asa-branca,
andorinha, acauã, canário-da-terra, galo-campina, currupião, rolinha, beija-flor, bicudo, chico-
preto, azulão, cancan, cotia, gambá, preá, veado-caatingueiro, onça pintada, onça vermelha ou
parda, seriema, tatu-peba, tatu-bola, macaco-prego, tamanduá-manbira, tamanduá-bandeira,
etc.

    4. Áreas de transição
As Áreas de Transição ou ecótonos, que ocorrem no espaço piauiense correspondem às
áreas de passagem do bioma Cerrado para o da Amazônia, e as áreas entre o Bioma Cerrado e
o Bioma Caatinga. Também existem enclaves de cerrados na caatinga e de caatinga no cerra-
do, por influência de fatores locais.
     Observando o MAPA 04, percebe-se que a área de transição cerrado-amazônia localiza-se
na região noroeste do estado, formando a floresta mista sub-caducifólia, acompanhando o
vale do rio Parnaíba, a partir da foz do rio Canindé até os Tabuleiros Pré-litorâneos. Ocorre
também uma faixa de menor extensão deste tipo de vegetal no vale do rio Gurgueia. Nesta
formação florestal predominam as espécies arbóreas, apresentando espécies que se mantêm
verdes durante todo o ano e outras que perdem as folhas durante o período seco. Dentre elas
destacam-se: cedro, bacuri, sapucaia, angico-branco, candeias, ingá, cajá, ipês (pau-d’arco) etc.
Nesta área, assim como em vários trechos do cerrado que acompanham o rio Parnaíba, encon-
tram-se os babaçuais, ora de forma mais densa, ora entremeados com as demais espécies que
ocorrem nas áreas de relevo mais baixo, em toda a extensão desse vale.
     Em direção ao centro-norte, observa-se a ocorrência de outras manchas de tipos vegetais,
destacando-se o ecossistema denominado Complexo de Campo Maior (no médio curso do rio
Longá), caracterizado pela predominância de área de campos inundáveis, onde se entremeiam
carnaubais e outras palmeiras, principalmente o tucum, bem como algumas espécies de cerra-
do e da faixa de transição que abrange maior área, de centro-nordeste ao sul do Piauí. Fre-
quentemente, se alternam manchas de cerrado com outras de caatinga, ou áreas em que as
espécies destes dois biomas se misturam, formando uma faixa de transição com fisionomia
vegetal própria e variada, ora se aproximando do cerrado, ora da caatinga.
     A fauna dessas áreas de transição é composta por várias espécies, notadamente dos bio-
mas do cerrado e da caatinga, se adaptando a outros habitats, principalmente na busca de
água e alimentos nos períodos secos.
     A Mata de Cocais corresponde a uma área de transição entre os domínios da Amazônia e
a Caatinga.

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Análise do relevo e compartimentos regionais do Piauí

  • 1.
  • 2. Relevo e Hipsometria A análise do relevo de qualquer área tem como base a sua formação geológica e o seu clima. O contorno oeste do Piauí é formado pelo vale do rio Parnaíba; já o leste e o sul da Bacia Sedimentar do Maranhão-Piauí formam um arco de planaltos (chamados de serras e chapa- das), resultantes do soerguimento dessa bacia por movimentos tectônicos [VER MAPA 01]. Neste arco de fronteiras estão as maiores altitudes do território piauiense, que variam de 600 a 800 metros de altitudes. Na sequencia de norte para sul, encontram se a Cuesta da Ibiapa- ba/Serra Grande, que formam limite com o Ceará; a Serra do Bom Jesus do Gurgueia (seccio- nada em várias Serras locais, como a da Capivara, das Confusões, dos Gerais e Vermelha) e a Chapada das Mangabeiras, que forma limites estaduais com a Bahia, Tocantins e Maranhão. Destaque-se que em vários pontos dessa bacia sedimentar encontram-se curiosas e belas formas de relevo, elaboradas a partir do desgaste das rochas areníticas expostas à erosão das chuvas e dos ventos, chamadas de feições ruiniformes.  Compartimentos regionais de relevo e formas locais Observe a classificação estrutural de Iracilde Maria de M. Fé Lima (1983 e 1987) [VER MAPA 01]. Em linhas gerais, os grandes conjuntos de formas e os tipos de formas locais que ocorrem nos compartimentos regionais do relevo piauiense são a seguir identificados: I. Depressões Periféricas à Bacia Sedimentar do Maranhão-Piauí II. Chapadões do Alto-Médio Parnaíba III. Planalto Oriental da Bacia Sedimentar do Maranhão-Piauí IV. Baixos Planaltos do Médio-Baixo Parnaíba V. Tabuleiros Litorâneos VI. Planície Costeira I – DEPRESSÕES PERIFÉRICAS À BACIA SEDIMENTAR DO MARANHÃO-PIAUÍ Este compartimento é representado por uma faixa de áreas do Sudeste e parte do Sul do Piauí, elaborado em estrutura cristalina pré-Cambriana. Esta faixa corresponde a uma porção das depressões que se estendem pelo interior da região Nordeste brasileira, denominada de depressões intermontanas e genericamente conhecidas por “sertões nordestinos”. Também faz parte deste compartimento uma pequena porção da área do extremo nordeste do estado (próxima ao mar), como continuação dessas depressões cristalinas que se estendem pela área cearense, no limite norte do planalto ou serra da Ibiapaba. Topograficamente, essa área piauiense corresponde a uma faixa deprimida que se limita de um lado pelo bordo da bacia sedimentar do Maranhão-Piauí e do outro por um conjunto de serras cristalinas, nos limites com os estados da Bahia e Pernambuco, sendo as de maior ex- pressão a Serra da Tabatinga e a Serra Dois Irmãos, que formam os divisores topográficos das bacias hidrográficas do Rio Parnaíba e do São Francisco, neste trecho. Desta forma, adota-se neste trabalho a classificação de Iracilde Lima, que tem por base os indicadores da geologia, de relevo e de hidrografia, em níveis sub-regional e local, para deno- minar este compartimento de “Depressões Periféricas à Bacia Sedimentar do Maranhão- Piauí”, ao invés de “depressões periféricas do médio São Francisco”, uma vez que esta depres- são pertence à bacia hidrográfica do Parnaíba e não à bacia hidrográfica do São Francisco. Esta última classificação é adotada em estudos que utilizam a bacia hidrográfica do rio São Francis- co como referência regional, como é o caso do Projeto Radam (1973). É importante observar, ainda, que no contato com Pernambuco e Ceará, entre a Serra Grande e a dos Dois Irmãos, penetra sobre o Cristalino piauiense uma pequena porção da Chapada do Araripe, formada por sedimentos da Era Mesozóica, cujo topo na área piauiense é
  • 3.
  • 4. de aproximadamente 600 metros. II – CHAPADÕES DO ALTO-MÉDIO PARNAÍBA Este compartimento corresponde ao conjunto de extensos Planaltos tabulares, conheci- dos como chapadões do Sul do Piauí. Inicia-se no bordo da bacia sedimentar do Maranhão- Piauí, no contato com as Depressões Periféricas à Bacia Sedimentar do Maranhão-Piauí, indo até o vale do rio Paranaíba (no sentido leste-oeste). No sentido sul-norte, localiza-se desde a Chapada das Mangabeiras, que chega a 800 m de altitude, até os planaltos mais baixos, nas proximidades da barragem de Boa Esperança, com cerca de 300 m de altitude. Topograficamente, esses planaltos correspondem às superfícies tabulares de estrutura horizontal, de topos planos e levemente inclinados, decrescendo gradativamente de sul para norte. O nível de base local desse compartimento (que corresponde ao fundo dos vales) situa- se em cerca de 200 m de altitude. Esses planaltos são isolados uns dos outros pelos vales dos grandes rios, que se apresen- tam com fundos chatos e encostas predominantemente retilíneas verticais. Essas vertentes ou encostas são mantidas pelas rochas resistentes à erosão, mescladas com camadas rochosas menos resistentes, formando patamares estruturais voltadas para o fundo dos vales. O limite sudeste deste compartimento é formado pelo planalto conhecido por Serra do Bom Jesus do Gurgueia, cujas escarpas se encontram voltadas para a depressão periférica, intensamente dissecada pela erosão diferencial. Essa grande serra encontra-se seccionada, formando vários planaltos de menores dimensões, como a Serra da Capivara, do Congo, das Confusões, das Guaribas e a Vermelha. Essas serras formam os divisores topográficos dos altos cursos dos rios Gurgueia, Itaueiras e Piauí, pois aí nascem afluentes desses grandes rios que drenam todo o compartimento [como pode ser visto nos mapas 01 e 02]. Em algumas dessas serras forma-se, ainda, estreito e profundos vales (chamados de boqueirões ou “canyons”) e também grutas areníticas, que formam nas linhas de falhas e fraturas. III – PLANALTO ORIENTAL DA BACIA SEDIMENTAR DO MARANHÃO-PIAUÍ Este compartimento corresponde ao bordo leste da bacia sedimentar do Maranhão-Piauí, sendo sua porção Norte conhecida com Serra da Ibiapaba e sua porção sul como Serra Grande. Estas duas grandes serras compõem, assim, um mesmo conjunto estrutural, que foi seccionada pelo rio Poti, formando um vale canyon (ou boqueirão). Este é formado pelo encaixamento desse rio, que nasce no Ceará em estrutura cristalina e entra na bacia sedimentar, indo desa- guar no rio Parnaíba, na cidade de Teresina, Capital do Piauí. Topograficamente, esse conjunto reflete o soerguimento do bordo leste da bacia sedimentar e o mergulho de suas formações geológicas para o interior dessa bacia, a oeste, formando um planalto tipo “cuesta”. Este pla- nalto apresenta suas maiores altitudes no estado vizinho do Ceará, para onde tem voltado o seu front (escarpa abrupta), e alcança a altitude de 900 m. Assim, apresenta-se com suaves declividades para o lado piauiense (que corresponde ao seu reverso), com altitudes decres- cendo para oeste, sendo desdobrado ou compartimentado por vales estruturais chamados depressões ortoclinais, como a que ocorre em Pedro II e Domingo Mourão, nas serras dos Ma- tões e da Cangalha. Também é cortado por vales fluviais, formando planaltos de menores di- mensões dentro dessa grande cuesta regional.
  • 5.
  • 6. Os planaltos de menores dimensões são considerados formas de relevo locais e corres- pondem ao desdobramento da grande cuesta em vários planaltos, divisores topográficos de alguns afluentes dos rios Piranji, Longá, Poti e Canindé. IV – BAIXOS PLANALTOS DO MÉDIO-BAIXO PARANAÍBA Este compartimento corresponde ao conjunto dos baixos planaltos dissecados, que for- mam divisores topográficos dos rios Longá, do baixo curso do rio Poti, do médio e baixo cursos do rio Canindé, com altitudes máximas variando entre 200 e 300 metros. As formas locais são resultantes da dissecação sob climas atuais ou sob paleoclimas, quando a drenagem foi isolando pequenos planaltos rebaixados. As formas modeladas se a- presentam em formas tipo “mesa” (encostas retilíneas e topos horizontais) que ocorrem ora agrupadas, ora de forma isoladas. Nas áreas mais úmidas, esses baixos planaltos apresentam- se com encostas levemente convexas e topos mais abaulados, formando baixos planaltos e colinas. V – TABULEIROS PRÉ-LITORÂNEOS Este compartimento corresponde a uma área de topografia plana, caimento para o norte, denominada de tabuleiros pré-litorâneos. Representa uma faixa de 30-50 km de largura, ela- borado em rochas da Formação Barreiras, entre a bacia sedimentar do Maranhão-Piauí e o litoral piauiense. As cotas mais elevadas dessa área encontram-se no seu limite sul, com altitu- des um pouco abaixo de 100 m, formando o divisor topográfico que limita a bacia hidrográfica do rio Parnaíba com as pequenas bacias dos rios litorâneos. VI – PLANÍCIE COSTEIRA Conforme se observa no MAPA 01 e na figura ao lado, a Planície Costeira piauiense corresponde à faixa litorânea, que se inicia na baía das Canárias, indo até a baía formada na foz conjunta dos rios Ubatuba (piauiense) e Timonha cearense. Apresenta largura que varia de me- nos de 1 km no trecho entre o seu limite leste até o rio Camurupim, passando a alargar-se para 5 a 7 km em direção à Ilha Grande de Santa Isabel. 1 Planície Costeira Os campos de dunas se formam a partir das praias, compondo-se 2 Tabuleiros Pré-litorâneos de dunas móveis, dunas fixas e paleodunas, que se distribuem na pla- nície litorânea, entre os sedimentos Terciários do Grupo Barreiras e o Oceano Atlântico. As principais formas locais que ocorrem nessa faixa são as praias, as ilhas do Delta do rio Parnaíba e a ilha da Mota, os campos de dunas, as baías e as planícies flúvio-marinhas [VER MAPA 03]. As praias são predominantemente arenosas e sofrem influência das marés, sendo as mais frequentadas: Cajueiro da Praia, Barra Grande, Macapá, Coqueiro, Atalaia e Pedra do Sal. As maiores baías são a das Canárias, Amarração e Ubatuba/Timonha, que se formam na foz dos rios que têm sentido sul-norte e sofrem maior influência das marés. As ilhas que se localizam entre os canais do rio Parnaíba, formam o delta na foz desse rio, onde se alternam mangues e dunas.
  • 7. MAPA 03 As planícies flúvio-marinhas correspondem aos traços dos rios que sofrem influência das marés altas, quando inundam os leitos dos rios, fazendo-os transbordarem e alargarem os seus leitos, inundando frequentemente os seus terraços fluviais. Em maior expressão, esse fenô- meno ocorre nos rios Igaraçu, Cardoso, Camurupim e alguns afluentes.
  • 8. Vegetação e Fauna A vegetação resulta da inter-relação entre o clima, as rochas, o relevo e os solos de um determinado espaço. E bioma é um conjunto de diferentes ecossistemas, que possuem certo nível de homogeneidade. São as comunidades biológicas, ou seja, as populações de organis- mos da fauna e da flora interagindo entre si e interagindo também com o ambien- te físico chamado biótopo. No espaço piauiense encontram-se partes de três dos grandes biomas brasileiros: costei- ro, cerrado e caatinga. Estes ocorrem intercalados pelas áreas de transição ou ecótonos: o cerrado-caatinga e o cerrado-amazônia. As formações vegetais que compõem estes biomas e ecótonos estão identificados no MAPA 04. 1. Bioma costeiro É composto pelas formações vegetais litorâneas ou costeiras que acompanham toda a costa brasileira, formando conjuntos florísticos bastante diversificados, pois a vegetação é diferente e litoral rochoso, arenoso ou de mangue. Na faixa litorânea ocorre a vegetação de mangues nas áreas do delta do Parnaíba e tam- bém nas áreas das planícies flúvio-marinhas dos rios Portinho, Camurupim e Ubatuba, princi- palmente. Dentre as espécies destes ecossistemas encontram-se o Mangue vermelho, sapatei- ro ou verdadeiro. Apresenta grandes raízes aéreas que ficam expostas durante a maré baixa. Outras espécies vegetais arbóreas e arbustivas que ocorrem nesta área são o Mangue-preto ou siriúba ou canoé; Mangue-manso, rajadinho ou branco; Mangue-botão ou de bolota; Anin- ga; Sambaíba-de-mangue; Algodão-de-mangue; dentre outras. A Carnaúba ocorre no interior das ilhas do delta e também nos vales dos rios, entre o mangue e a caatinga litorânea, em grande concentração. Destaque-se a presença de Salgados ou Apicuns, que são manchas que se apresentam destituídas de vegetação arbustiva e arbó- rea, ora como um ambiente de transição entre o mangue e as áreas arenosas de praias e du- nas, ora entremeando os manguezais. No litoral as algas marinhas também são encontradas com certa abundância, desde os ti- pos que podem ser utilizadas para fins farmacêuticos, de alimentação e de adubação. Dentre os animais mais abundantes das áreas do delta e planícies flúvio-marinhas, estão os crustá- ceos. Entre as aves estão maçarico, guará, lavandeiras etc. Entre os mamíferos destacam-se o macaco-prego e o peixe-boi-marinho. Ocorre também nas águas do delta e proximidades uma grande quantidade de peixes, como bagre, voador, agulha, pargo, arraia, camurupim, cioba, pescada etc. Nas praias, principalmente onde afloram recife de arenito e conchas durante as marés baixas, encontram-se pequenos animais como a estrela-do-mar, búzios e tatuís. Na faixa pós- praia e campos de dunas encontra-se a vegetação pioneira como a salsa-da-praia e o pinheiro- da-praia. Nas dunas e areias já fixadas, mais distante da praia, encontram-se o bredo-da-praia, tiririca e vassorinha-de-botão. Dentre as espécies arbóreo-arbustivas estão murici, cajuí, co- queiro da praia, caatingueira etc. A fauna dessas áreas de solos arenosos corresponde princi- palmente aos répteis, aves e mamíferos. Alguns exemplos são a cobra jibóia, garça azul, sabiá- da-praia, raposa, preá, etc.
  • 9.
  • 10. 2. Bioma cerrado Constituído por formações vegetais que apresentam, geralmente, três estratos: herbáceo, arbustivo e arbóreo. Conforme variações ambientais regionais e locais, formam-se diversos ecossistemas, com subtipos ora arbóreo, ora arbustivo e herbáceo. Assim, sob o ponto de vista fisionômico, são classificados como cerradão, cerrado típico, campo cerrado, campo sujo de cerrado e campo limpo de cerrado. São características marcantes do cerrado os seus troncos tortuosos, ramos retorcidos, cascas espessas e folhas grossas. Estas resultam da adaptação às condições de solo que, mesmo dispondo de umidade suficiente, apresentam teores elevados de acidez pela presença do alumínio e ferro, o que dificulta o desenvolvimento das plantas e lhes dá essa fisionomia. Destaque-se que em muitos vales ocorre a formação de brejos, que são locais onde aflo- ram os olhos d’água que geralmente formam nascentes de riachos que vão alimentar grandes rios. Nesses locais de solos úmidos destaca-se o buriti que, muitas vezes, acompanha o leito dos rios, como indicador de que o lençol freático se encontra próximo à superfície do solo. O fruto desta palmeira é muito utilizado para a fabricação de doces e sucos, além do óleo que tem uso medicinal. Dentre as espécies mais frequentes no cerrado piauiense encontram-se faveira, fava- danta, jatobá, pau-de-terra, sambaíba ou lixeira, piqui, amargoso, cachamorra, pau-pombo, chapada, barba-timão etc. Os animais encontrados neste bioma com maior frequência são: veado-campeiro, ema, lobo-guará, perdiz, raposa, macacos, tatu-canastra, cobras, araras, pa- pagaios, periquitos, gaviões, carcará, capivara, paca, ratos, e muitos outros. 3. Bioma caatinga É considerada o único bioma exclusivamente brasileiro. Considerando os aspectos fisio- nômicos, a caatinga apresenta-se em subtipos, conforme as variações nas condições locais de umidade de clima e dos solos. Assim, forma ecossistemas classificados como: caatinga arbusti- va aberta, abustivo-arbórea e caatinga densa. Em alguns locais mais úmidos como serras e chapadas, por exemplo, desenvolve-se a fisionomia arbórea ou de floresta. Aí ocorrem espé- cies que podem alcançar grande altura, como angico, aroeira e braúna. Nas áreas mais secas, ocorre a caatinga arbustiva aberta, com a presença do marmeleiro, jurema-preta, unha-de- gato e favela. Destaque-se que é frequente a ocorrência de carnaubeira, em algumas áreas mais úmidas dos vales, onde formam manchas significativas, embora não seja exclusiva da caatinga, pois no Piauí ela ocorre também nos biomas costeiro e cerrado. A característica mais marcante da caatinga é xerofismo ou xeromorfismo das espécies ve- getais. Ele traduz a adaptação da vegetação às condições climáticas sob regime de baixos índi- ces pluviométricos e elevadas temperaturas do ar e do solo. Assim, muitas espécies vegetais perdem as folhas no período seco (caducifólias), como forma de se protegerem contra a perda de água e se manterem vivas durante o período seco, quando adquirem aspecto seco, como se estivessem mortas. Outras espécies da caatinga também desenvolveram mecanismos diferentes de adapta- ção às condições secas do ambiente semi-árido, como o juazeiro, que produz cerosidade que forma uma película nas suas folhas, e os cactos e bromélias que, no seu processo de evolu- ção/adaptação, substituíram as folhas por espinhos. A fauna do bioma caatinga é representada por animais como: sapo-cururu, asa-branca, andorinha, acauã, canário-da-terra, galo-campina, currupião, rolinha, beija-flor, bicudo, chico- preto, azulão, cancan, cotia, gambá, preá, veado-caatingueiro, onça pintada, onça vermelha ou parda, seriema, tatu-peba, tatu-bola, macaco-prego, tamanduá-manbira, tamanduá-bandeira, etc. 4. Áreas de transição
  • 11. As Áreas de Transição ou ecótonos, que ocorrem no espaço piauiense correspondem às áreas de passagem do bioma Cerrado para o da Amazônia, e as áreas entre o Bioma Cerrado e o Bioma Caatinga. Também existem enclaves de cerrados na caatinga e de caatinga no cerra- do, por influência de fatores locais. Observando o MAPA 04, percebe-se que a área de transição cerrado-amazônia localiza-se na região noroeste do estado, formando a floresta mista sub-caducifólia, acompanhando o vale do rio Parnaíba, a partir da foz do rio Canindé até os Tabuleiros Pré-litorâneos. Ocorre também uma faixa de menor extensão deste tipo de vegetal no vale do rio Gurgueia. Nesta formação florestal predominam as espécies arbóreas, apresentando espécies que se mantêm verdes durante todo o ano e outras que perdem as folhas durante o período seco. Dentre elas destacam-se: cedro, bacuri, sapucaia, angico-branco, candeias, ingá, cajá, ipês (pau-d’arco) etc. Nesta área, assim como em vários trechos do cerrado que acompanham o rio Parnaíba, encon- tram-se os babaçuais, ora de forma mais densa, ora entremeados com as demais espécies que ocorrem nas áreas de relevo mais baixo, em toda a extensão desse vale. Em direção ao centro-norte, observa-se a ocorrência de outras manchas de tipos vegetais, destacando-se o ecossistema denominado Complexo de Campo Maior (no médio curso do rio Longá), caracterizado pela predominância de área de campos inundáveis, onde se entremeiam carnaubais e outras palmeiras, principalmente o tucum, bem como algumas espécies de cerra- do e da faixa de transição que abrange maior área, de centro-nordeste ao sul do Piauí. Fre- quentemente, se alternam manchas de cerrado com outras de caatinga, ou áreas em que as espécies destes dois biomas se misturam, formando uma faixa de transição com fisionomia vegetal própria e variada, ora se aproximando do cerrado, ora da caatinga. A fauna dessas áreas de transição é composta por várias espécies, notadamente dos bio- mas do cerrado e da caatinga, se adaptando a outros habitats, principalmente na busca de água e alimentos nos períodos secos. A Mata de Cocais corresponde a uma área de transição entre os domínios da Amazônia e a Caatinga.