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Jose Bornes dns M nins Jp .IHR
a
Jcsé Borges dos Santos Júnior

H i s t ó r i a
da

R edenção

☆

)
&

Composição, Impressão e Distribuição de

"O PURITANO"
órgão oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil
“ A SEMENTE É A PALAVRA DE DEUS” . Quando o
grande Semeador disse essas palavras, o que então existia eram
as Escrituras do Velho Testamento que Êle citou tantas vêzes
e de maneira sempre respeitosa. Depois que Êle deixou o mun­
do, vieram as outras Escrituras — os Evangelhos, os Atos e
as cartas do Novo Testamento. Tudo isso é o celeiro onde o
semeador, fiel à sua missão, pode encontrar a bendita semente
da verdade revelada, para lançar com esperança e confiança
no coração dos homens.
Conservo bem firme no meu espírito a convicção de que
a tarefa mais importante da Igreja continua sendo a dissemi­
nação da Bíblia. Assim, também, o trabalho dos pregadores
do Evangelho, dignos áêsse nome, consiste em expor com tôda
a fidelidade possível os ensinos do grande Livro de Deus. . . .
Haverá expositores e expositores: uns mais, outros me­
nos cultos, mas a grande contribuição cultural que os prega­
dores poderão dar ao país é a exposição sistemática, perse­
verante e competente da Bíblia.
Não nos impressionemos com as modernices que andam
por aí: emparelhada com estas modernices, que põem em dú­
vida a Inspiração, apresenta-se uma impressionante decadência
de costumes.
“ Prega a palavra” , escreveu há muito tempo o apóstolo,
e acrescentou: “ Tempo virá em que não sofrerão a sã doutri­
na, mas procurarão para si mesmos mestres conforme os seus
próprios desejos e desviarão os ouvidos da verdade, voltando
às fábulas.”
Compete-nos ensinar a Palavra.
é estudar e expor a Bíblia.

A maior necessidade

Estas lições, onde não há qualquer pretenção a ensino
original, tem por objetivo oft jecer ao povo simples e piedoso
das igrejas um,a singela exposição das Escrituras, em que o
leitor possa acompanhar com facilidade o fio da História da
Redenção, e ver a continuidade da intervenção da Providência.
E’ um livro para o povo.
Um povo que conheça as Escrituras e obedeça ao seu
ensino, será sempre um grande povo!
O Autor.
NOTAS EXPLICATIVAS

As lições constantes dêste curso são genuinamente bí­
blicas. Seguem o fio histórico das Escrituras Sagradas. Seu
objetivo não é ensinar noções históricas, geográficas ou socio­
lógicas da Bíblia. Não é tão pouco o ensino de moral. Tem
uma finalidade doutrinária e religiosa.
A análise dos acontecimentos e a apreciação dos perso­
nagens visam destacar as doutrinas fundamentais da revelação
que se acham na Bíblia. Por isso entendemos que nenhum no­
me quadra tão bem a êste curso como “ História da Redenção” .
Porque a Bíblia não foi escrita para ensinar geografia, nem
qualquer outra ciência, nem ainda moral. Seu objetivo é a
redenção dos homens.
Para bom proveito do estudo é indispensável que alunos
e professores usem a Bíblia.
Método: Os professores devem exigir que os alunos
leiam, durante a semana, os trechos indicados e tragam res­
pondidas as perguntas do questionário.
Como as lições tratam de assunto profundo da revela­
ção, vão surgir muitas perguntas interessantes e algumas bem
difíceis de responder. Em vez de dar uma resposta qualquer,
os professores devem consultar os pastores ou, se preferirem,
os redatores da lição.
Além das lições sôbre a Bíblia há seis lições suplemen­
tares sôbre perguntas do Br^ve Catecismo.
As lições abrangem um ano de estudo.
E ’ um trabalho modesto, onde aparecem imperfeições
de quem, está no meio das aperturas de um pastorado intenso.
José Borges dos Santos Jr.
A HISTÓRIA DA REDENÇÃO
Leitura: João 1:1-18.
O estudo desta matéria deve começar com uma pergunta:
De onde viemos, para onde vamos e para que existimos ?
Cada um de nós quando nasce já encontra uma família,
uma cidade, um povo, uma raça da qual faz parte. Acha tam­
bém as organizações, as invenções, tudo aquilo que o homem
realizou até o dia em que nós aparecemos neste mundo e des­
cobrimos que existimos. Encontramos o que já existia antes
do homem e aquilo que o homem inventou e construiu.
De onde veio o mundo? De onde veio a raça que está
no mundo,' aumentando, lutando e sofrendo? E para que é
que existe essa raça? Para onde vai, ou melhor, para onde
marcha a civilização dessa raça?
São perguntas legítimas, inquietadoras, normais e até
obrigatórias. Há um livro que trata da matéria dessas per­
guntas e apresenta as únicas respostas verdadeiras e satisfa­
tórias. Êsse livro é .a Bíblia.
Que é a Bíblia ?
O nome está dizendo: é uma biblioteca especializada
num assunto — religião.
Examinando essa biblioteca descobrimos que ela come­
ça com uma narrativa que se prolonga até os primeiros anos
da era cristã. Verificamos que os primeiros livros dessa bi­
blioteca apresentam uma seqüência histórica. Podemos dizer
que começa com a história do homem e termina com a história
da raça separada para um fim especial. Não existe uma his­
tória de todos os homens, isto é, da humanidade inteira em
todos os tempos, mas apenas uma história geral.
Só a Bíblia trata da história do homem no seu início.
Podemos dizer que há dois modos de contar a história do mundo
e do homem: o divino e o humano.
A história humana pode-se chamar história geral, his­
tória da civilização, etc..
À história divina, muitas vêzes chamada história sa­
grada, deve chamar-se, com mais propriedade, história da re­
denção.
Êsse título convém mais porque inclui não só os fatos vis­
tos pelos olhos de Deus, mas também a revelação dos princípios
que interessam à redenção do homem.
Comparando uma história com outra descobrimos alguns
pontos de diferença:
1) Só Deus conhece a origem do mundo e do homem. E
somente Êle vê o plano completo do mundo e da raça que nêle
habita. Em outras palavras: os homens narram aquilo que já
aconteceu. Deus também, mas que já era do seu conhecimen­
to antes que acontecesse. Jó 38:4. Isaías 46:9-11.
2) O homem vê apenas a conduta dos outros homens.
Deus vê o homem interior, sabe os motivos, conhece as causas
da conduta e, por isso, não pode cometer enganos. Ao passo
que o homem, considerando os fatos, pode apenas presumir os
motivos íntimos que os produziram. I Samuel 16:7. Salmo
139:1, 2, 3, 4, 14, 15, 16.
3) O historiador humano depende do testemunho de ou­
tros homens para escrever a história. Deus é a testemunha
constante, onipresente, infalível nn sua apreciação dos fatos.
Apoc. 3:14 e 1:5.
4) Por muito que o historiador procure ser imparcial
êle, ainda que não o queira, está sujeito à contingência de
contar a história de um ponto de vista unilateral e até faccioso.
A história geral é uma prova disso.
Os marcos, em geral, são guerras, conquistas onde os
protagonistas dificilmente são apresentados com imparcialidade.
A Bíblia, não. Ela narra a história com uma finalidade
específica e superior que exige a apresentação do homem, quem
quer que êle seja, exatamente como êle é e sem nenhum retoque.
Que finalidade é essa?
Levar o homem ao reconhecimento de seu estado peca­
minoso e de sua completa dependência de Cristo para à sua sal­
vação. I Cor. 10:11, Gál. 3:24. Daí o nome — História da
Redenção.
Divisão:
A história da redenção, no Velho Testamento, está di­
vidida em sete períodos.
1. Da Criação ao Dilúvio (Adão a Noé). Gên. 1 a Gên.7;
2. Do Dilúvio à Chamada de Abrão (Noé a Abrão). Gên.
7 a Gên. 12.
—

8

—
3.
4.
5.
6.
7.

Da Chamada de Abrão ao Êxodo (Abrão a José). Gên.
12 a Êx. 12
Do Êxodo à Fundação do Reino (Moisés a Samuel). Êx.
12 a I Sam. 10.
Da Fundação do Reino ao Cativeiro da Babilônia (Samuel
a Jeremias). I Samuel 10 a II Crônicas 36.
Os 70 anos de cativeiro. (Daniel) II Crônicas 36 a Esdras e Nehemias.
Da Volta do Cativeiro ao Nascimento de Jesus — (Nehe­
mias e Esdras). Esdras, Nehemias e Malaquias.
QUESTIONÁRIO:

Onde podemos encontrar a verdade? João 17:17. Que
impressão tem o homem depois que Deus lhe mostra a verda­
de? Jó 42:3. Como é que sabemos a história da criação? He­
breus 11:3. A Bíblia narra só o que já aconteceu? Apoc. 1:1.
Qual é a finalidade das narrativas da Bíblia? I Cor. 10:11.
Quem marca as horas e os tempos da história? Dan. 2:21.
Desde quando Deus conhece os fatos da história ? Isaías 45:21.
CAPÍTULO I

AS ORIGENS
Leitura: Gênesis 1.

A nossa biblioteca religiosa, a Bíblia, tem um livro espe­
cializado neste assunto: a origem das coisas.
Não é um livro científico, porque a ciência é muito va­
riável, é humana, é relativa, é militante, não é definitiva. Há
uma ciência para cada época, mas a Bíblia fala para tôdas as
épocas.
O livro especializado tem exatamente êste nome — ori­
gens, princípios.
Quando e como nasceu o mundo?
O primeiro verso da Bíblia, em poucas palavras, res­
ponde com perfeita sabedoria a essa pergunta.
Quando nasceu? — No princípio.
Antes de existir o mundo não existia calendário, por­
que o calendário faz parte do mundo. Por isso a Bíblia diz,
magistralmente, apenas isto — no princípio.
Como nasceu? — Deus criou.
Não podia nascer do nada, portanto, antes do mundo
existir, já existia o Eterno, o que não tem princípio.
Nestas primeiras palavras a Bíblia estabelece a mais
verdadeira distinção entre as coisas que existem — o Eterno
e o principiado. Só Deus não tem princípio. O mais são os
céus e a terra, imensos, misteriosos, insondados — mas tive­
ram princípio.
A palavra Gênesis significa origens e, por isso, o livro
começa a sua narrativa indicando o* Àutor eterno e a criação
temporal.
Há dois grandes livros: o livro da natureza e o livro da
revelação. Livros de Deus.
No primeiro, vemos apenas o livro e, pelo seu grande

V
estilo, percebemos indiretamente a existência do Autor eterno.
No segundo, aparece o nome, o caráter, o pensamento
e, também, os desígnios dêsse mesmo Autor.
A interpretação da natureza chama-se ciência. A in­
terpretação da revelação chama-se teologia.
Há conflitos entre a teologia e a ciência. A teologia
e a ciência passam, mas a verdade de Deus que aparece nos
seus livros, permanece para sempre.
O Gênesis apresenta simplesmente um sumário das
origens.
1.° O grande ato onipotente da criação universal —
os céus e a terra.
A palavra terra, aí, não significa globo terráqueo, mas
a parte material de tôda a criação universal, como a palavra
céu indica a criação de todos os sêres espirituais. Repitamos:
a expressão os céus e a terra inclui tudo o que teve princípio,
tudo o que não é Deus.
Assim, pois, a primeira declaração da Bíblia refuta o
materialismo, o ateísmo, o politeísmo e o panteísmo, assim
como a segunda declaração exclui completamente o deísmo.
2.° Seguindo do geral para o particular, a narrativa
trata da criação do cenário da vida humana. A narrativa se
caracteriza: a) pela unidade do plano da criação; b) pela ordem
progressiva, fazendo aparecer, primeiro o simples e, depois, o
complexo; c) pelo princípio de economia, porque Deus ia usan­
do o que já tinha criado; d) pelo monogenismo da obra, por­
que atribui tudo a um Criador só; e) e pela finalidade da
criação, porque, após à conclusão de cada fase do plano, o Autor
dizia que estava bom, isto é, cumpria bem a sua finalidade.
Há dois verbos empregados nessa narrativa para indi­
car os atos criadores. O verbo barah, usado em três lugares,
para indicar a criação da matéria, da vida animal e da alma.
Nos outros é o verbo asah, que significa ageitar, afeiçoar, dar
forma.
A ordem da criação, como está no primeiro capítulo do
Gênesis, é a seguinte:
1.° dia — Atividade luminosa da matéria: luz cósmica.
2.° dia — Condensação e individualização sideral da ma­
téria: aparecimento da expansão ou espaço.
3.° dia — Individualização da terra e o aparecimento
dos mares e continentes: criação da vida vegetal.
4o dia — Individuálização da luz: luz sideral, solar e
lunar.
5.° dia — Animais inferiores.
6.° dia — a) aves e mamíferos; b) o homem.
Alguns teólogos propõem a seguinte analogia com os da­
dos da ciência:
1. Início de atividade da matéria — resultado a luz. Vs.3.
2. Desagregação planetária: a terra — Vs. 6-8.
3. Configuração das terras e das águas — Vs. 9-10.
4. Sinais da vida: vegetais e protozoários. Vs. 10-12.
5. Luz solar que dá energia e com a luz lunar e sideral ofe­
rece os meios para divisão do tempo — Vs. 14-18.
6. Aparecimento de várias espécies da vida animal.
Vs.
20-23.
7. Aparecimento dos mamíferos, vertebrados superiores.
Vs. 24-25.
8. Aparecimento do homem — Vs. 26-30. — (Prof. Dana,
da Universidade Y ale).
A ciência bem fundamentada nos fatos e na experiên­
cia concorda com a Bíblia no seguinte: o homem não pode criar
nem a matéria, nem a vida, nem a alma. A ciência conclui pela
negativa: o homem não pode. A Bíblia pela afirmativa: Deus
criou.
A criação está dividida em duas grandes fases: a pri­
meira narrada do verso 1 ao verso 13; a segunda, do verso 14
ao verso 27. Ambas iniciam com a luz e terminam com a cria­
ção de uma coisa inteiramente nova.
A linguagem do livro não é científica. E’ uma lingua­
gem simples, própria para expressar os grandes acontecimen­
tos da criação, em termos exatos e ao mesmo tempo accessíveis
ao entendimento de qualquer leitor. E nisso está uma das
grandes maravilhas do livro. Diz exatamente o que é neces­
sário, sem empregar uma linguagem técnica. Um exemplo é
a palavra “ dia” . O vocábulo hebráico significa período ou me­
dida de tempo. Pode também indicar a duração de qualquer pe­
ríodo luminoso. No texto de Gênesis 1 é empregado para indicar
períodos luminosos de duração muito diferente. Verso 5 —
período indeterminado de luz; verso 14 — períodos divisio­
nários do ano, 24 horas; verso 18 — período em que o sol está
acima do horizonte; Gên. 2 :4 — período geral da criação. Vejá-se também Levítico 25:29 e Juizes 17:10.
Só Deus, que assistiu à criação, nos poderia dizer como
as coisas se passaram.
A narrativa do Gênesis é sóbria, simples, inteligível, bre­
ve, simplesmente magistral.
Há mistérios muito grandes que um dia, talvez, pos­
samos compreender perfeitamente, mistérios que não anulam
as certezas alcançadas.
Disse um grande professor americano, Bowne; há duas
grandes perguntas:
—

13

—
Quem fêz o mundo?
Só há uma resposta racional: Deus criou o mundo.
Como Deus criou o mundo?
Não há resposta racional. Nós, os crentes, fazemos
nossas as lindas palavras que se encontram na carta aos He­
breus: “ Pela fé entendemos que os mundos foram criados
pela Palavra de Deus” .
QUESTIONÁRIO:
Como era a terra 110 princípio? Que é que não pode
andar misturado? Quem deu nome às coisas? Que houve no pri­
meiro dia? A erva foi pintada antes, ou depois de nascer?
Que existiu primeiro: a galinha ou o ovo ? Quem foi 0 primeiro
relojoeiro? Que é que vem primeiro, a tarde ou a manhã?
Qual é o feitio do homem? Qual é a finalidade do homem?
Que tal a criação?

_ _

14

_
CAPÍTULO II

A CRIAÇÃO DO HOMEM
Leitura: Gên. 1:26-31 2:5-24.

Disse Camões que o homem é “ um bicho da terra, tão
pequeno” . Entretanto, apesar de todos os contratempos e revêzes que o poeta descreve, o homem encheu a terra e dela
tomou conta. E’ que assim estava escrito e para isso foi êle
criado.
Que sabia Moisés das dimensões da terra? Entretanto,
afirmou que Deus, depois de criar o homem, lhe disse que
enchesse a terra e a dominasse.
Moisés, autor do livro, não escreveu de si mesmo, mas
por inspiração divina.
O livro das origens faz duas narrativas. A primeira
é a narrativa geral da criação e nela aparece como parte e,
em resumo, a criação do homem. A segunda trata só da cria­
ção do homem. Preparado o cenário grandioso, vai aparecer"
o protagonista. À narrativa da sua criação o Autor consa­
gra um capítulo especial.
A lição pode ser dividida em três partes:
1.°)

O ATO CRIADOR

A narrativa mostra que há diferença entre a criação
do homem e a criação dos animais.
Na criação dos animais a expressão que Deus usou foi
a seguinte: “ Produza a terra” . Na criação do homem, é di­
ferente, disse: — “ Façamos o homem” .
O verbo designado para expressar o ato criador é, outra
vez, o verbo barah, indicando que Deus vai introduzir um ele­
mento novo — a vida racional.
Quando trata dos animais o livro diz apenas o seguinte:
—

15

—
“ conforme a sua espécie” , o que mostra que êsses sêres vivos
não têm semelhança com espécies anteriores.
Falando do homem, porém, diz: “ Façamos o homem à
nossa imagem e semelhança” , em vez de falar “ conforme a sua
espécie” . O homem foi feito segundo um feitio anterior. E,
para que êsse aspecto da criação ficasse bem marcado, o Autor
repete a expressão, dizendo:
Fêz Deus o homem à sua
imagem.
A narrativa diz que Deus fêz o homem do pó, mas não
diz como foi que Deus fêz. E é notável que Deus não se di­
rigisse à terra para dizer “ produza” . Não diz também se era
pó animado ou inanimado.
Em qualquer dos casos, o aparecimento do homem exi­
giu um ato criador e onipotente. O homem é uma criação
imediata e direta de Deus. Deus o fêz.
Nêsse ato criador o que Deus fêz não foi apenas o in­
divíduo, mas o casal, isto é, o homem. Em outros termos: a
raça humana. Daí a expressão que se vê no verso 26 — “ do­
minem” , e no verso 27 — “ macho e fêmea” os criou” .
2.°)

A NATUREZA DO HOMEM

Do que se disse acima, ficou estabelecido que o homem
é um ser não só diferente dos outros animais, mas de ordem
superior. E’ a chave de ouro da criação. As Escrituras di­
zem dêle duas coisas:
a) Que tem alma vivente.
Os animais também têm alma vivente. O homem é se­
melhante aos animais. Não era preciso que a Bíblia dissesse
isso para nós o sabermos. Como os animais, êle é da terra,
Veio da terra e voltará para a terra. Gên. 2:7 e 3:19. Ecl.
3:18-20.
b) Que é semelhante a Deus.
Tem, portanto, uma natureza dupla. E’ como diz
o Eclesiastes quando descreve a morte do homem: “ O pó
volta à terra como o era, e o espírito volta a Deus que o deu”.
O homem não é só da terra.
Em termos mais precisos, ou acadêmicos, poderíamos
dizer que o homem é personalidade: tem consciência própria
e determinação própria. Consciência própria, porque se dis­
tingue de tudo mais e nada faz sem saber o que está fazendo.
O homem não se confunde com as outras coisas. Tem deter­
minação própria, porque tem a faculdade de obedecer ou não
obedecer, conforme queira.
Deus plantou uma árvore no jardim. Se o homem fôsse
apenas um animal, teria colocado uma cêrca ao redor dessa
16 —
árvore. Em vez de fazer uma cêrca, fêz uma proibição, por­
que o homem não é um animal. O animal é apenas instinto;
o homem é mais do que isso; razão e consciência.
A lição nos apresenta o homem ideal, no seu estado de
inocência, livre, bom, feliz e sem malícia. Gên. 2:16, 17, 25
— Ecl. 7:29.
3.°)

A FINALIDADE DO HOMEM

Diz a narrativa que Deus tomou o homem e o pôs no
jardim para o lavrar e guardar. Essa declaração ensina vá­
rias coisas importantes.
a) O homem foi feito para se associar com Deus no
trabalho de realizar na terra um plano divino, isto é, para
cuidar daquilo que Deus fêz: é cooperador de Deus.
b) O trabalho, longe de ser castigo ou causa de sofri­
mento, é, pelo contrário, a verdadeira finalidade do homem.
E’ uma expressão da vida inteligente. O castigo consiste, como
se verá depois, na degradação do trabalho, isto é, na sujeição
ao estômago — trabalhar para comer.
c) Deus não entregou ao homem uma obra consumada
e sim alguma coisa que o homem deve afeiçoar. Só isso lhe
dará felicidade. Fêz um jardim, um lugar de felicidade, mas
que o homem tinha de lavrar e guardar.
Essa lição sugere outra mais importante e profunda
— o próprio homem é também assim. Deus o fêz inocente
e feliz, mas deixou nas suas mãos confirmar sua inocência e
felicidade pela obediência voluntária.
E’ necessário observar que Deus não colocou o homem
simplesmente no cenário grandioso do mundo, mas num lugar
adequado, com circunstâncias favoráveis à felicidade e neces­
sário à prova, disciplina e à estruturação definitiva da sua per­
sonalidade.
Mostra a narrativa que o homem é um ser gregário:
“ não é bom que o homem esteja só” . Ao descrever a criação
da mulher a narrativa mostra que a família é uma instituição
idivina. Nela, e não no homem individual, está a unidade primaTiarda grei humana. A mulher foi tirada do homem e, por­
tanto, é do mesmo elemento. E, por isso, não obstante certas
diferenças constitutivas, não é inferior ao homem.
Comparando-se com a narrativa bíblica o desenvolvimen­
to da raça na terra em todos os seus aspectos e, recorrendo a
dados positivos da ciência e não a hipóteses precárias e discutí­
veis, sente-se que, apesar de resumida, a narrativa bíblica da
criação do homem é grandiosa e verdadeira. Não faz da cria­
tura humana um ser tão alto que não pudesse ainda subir
— 17 —
mais nem o faz tão baixo que êle não pudesse perceber a sua
grandeza e a sua dignidade. Não nos apresenta uma fantasia,
mas traços verdadeiros que, não obstante a longa evolução do
homem até o dia de hoje, se conservam vivos e apegados em
sua natureza.
QUESTIONÁRIO:
O homem era carnívoro? Que encargos recebeu o ho­
mem? Quem foi o primeiro jardineiro? E o segundo? Quem
fêz a árvore da ciência do bem e do mal? A árvore da ciência
do bem e do mal era agradável à vista e boa para comer? De
onde formou Deus todo o animal do campo e tôdas as aves do
céu? Quem fêz o primeiro batizado? O Eden era um jardim?
Como era o primeiro regador? Que semelhança há entre o ho­
mem e o animal ? Quando e por quem foi feita a primeira narcotização ?
CAPÍTULO III

O PRINCÍPIO DO PECADO
Leitura: Gên. 8
Texto Áureo: Rom. 5:12
Disse Pascal que duas coisas nos impressionam quando
consideramos o homem: a sua grandeza e a sua miséria. Êsse
contraste aparece também em nossa maneira de tratá-lo, por­
que falamos dêle como se fôsse a chave de ouro da criação e
o tratamos, muitas vêzes, como se fôsse o pior inimigo, e dêle
nos precavemos por mêdo e desconfiança. Em outras palavras:
há diferença entre o homem idealizado, que é perfeito, e o
homem real que é uma contradição de grandeza e miséria.
O homem terá sido sempre assim?
Diz a literatura e a Bíblia que não. Ovídio, nas meta­
morfoses, fala de uma época em que o homem era bom, justo
e feliz. Depois, se corrompeu. A Bíblia diz que Deus fêz o
homem bom, mas o homem caiu e se degradou.
Quando e como caiu?
O livro das origens tem um capítulo dedicado a êsse
tenebroso acontecimento que transformou completamente a fe­
licidade do homem e os seus destinos na terra. O livro das
origens não vai desvendar o segrêdo da origem do mal; vai
apenas contar como foi que o homem principiou a ser pecador.
Pela narrativa sabemos que havia pecado e sêres pe­
cadores antes do homem também se fazer pecador. Quando
êsses outros sêres se tornan - pecadores, não sabemos. Deus
deixou a explicação dêsse mistério para mais tarde. I Cor.
13:12. Sabemos, também, três coisas: que houve uma tenta­
ção, um ato pecaminoso inicial e uma irremediável mudança
moral do homem depois dêsse primeiro ato pecaminoso. Esta
é a divisão do nosso estudo.
1.°)

A

TENTAÇÃO

0 tentador disfarçou-se sob as aparências de uma cria-
tura que, segundo diz a narrativa, era astuta. Sabemos que
não se trata de uma serpente qualquer, porque a Bíblia o diz:
Apoc. 12:9, O tentador tomou a forma de um animal que a
mulher já conhecia. Revestido dêsse disfarce, o tentador pro­
cedeu com o seguinte método:
a) Fêz a mulher pensar naquilo que Deus tinha
proibido.
O pensamento nas coisas que uma pessoa não tem e não
pode ter, aguça o desejo de possuí-la. Mas nada aguça tanto
o desejo como pensar numa coisa proibida. Primeiro passo
da tentação: fazer pensar em coisas proibidas.
b) Confundiu a verdade com o êrro, o bem com o mal.
Fêz promessas que, em parte, se cumpriram, e em parte, não.
Por exemplo: êles ficaram sabendo, por experiência, o que era
o bem e o mal, mas não se tornaram como Deus.
c) Exagerou, de um lado, as prerrogativas do homem
e, de outro, a severidade de Deus, dando a entender que Deus
sonegava de suas criaturas aquilo que lhes deveria conceder
e que Êle reserva para si mesmo só. Apelou para uma neces­
sidade natural — a curiosidade, e indicou um meio ilegal para
satisfazê-la — a desobediência.
d) Procurou, astutamente, introduzir o assunto da ten­
tação e entabolar conversa, aparentando ignorar os termos
da proibição. Negou a veracidade de Deus — “ não morrereis” .
E’ impressionante a marcha da tentação no espírito do
homem. Uma idéia, uma impressão agradável — “ agradável
à vista” ; uma imagem deleitosa — " boa para comer” ; um de­
“
sejo intenso — “ desejável para dar entendimento” ; e um desfêcho trágico — “ tomou e comeu” .
O tentador não obriga; sugere o ato, valoriza, embeleza
o objeto da tentação. O resto fica por conta do pecador. O
diabo deixa a semente na terra e vai embora.
2.°

O ATO PECAMINOSO

O ato de comer aquêle fruto não era, talvez, em si mes­
mo pecaminoso, o pecado foi a desobediência. Quando a mulher
e o homem comeram o fruto da arvore da ciência do bem e do
mal, já tinham pecado. O simples fato de pôr em dúvida a
veracidade de Deus e, de deliberar sôbre as vantagens de co­
mer aquêle fruto, já era pecado. O ato exterior é pura reve­
lação do pecado que já está estabelecido dentro do coração.
Cabe aqui uma pergunta.
Quando e como se estabeleceu o pecado no coração?
No momento em que a mulher estabeleceu como norma
e princípio da sua conduta a sua própria vontade em vez da
— 20 —
vontade de Deus. Em outras palavras: o pecado começou exa­
tamente no momento em que a mulher resolveu verificar se
seria mais vantajoso comer o fruto do que obedecer à ordem
de Deus. Ainda que não praticasse a desobediência, já tinha
do que se arrepender.
3.°)

RESULTADOS DEFINITIVOS DO PECADO

A experiência já ensinou que os atos morais do homem
modificam o seu caráter. Cometida a desobediência, o homem
já não era o mesmo. Primeiro, foi a perversão da sua natu­
reza, com os seguintes aspectos:
a)
Aparecimento da malícia. Gên. 3 :7 ;
b)
Diminuição do afeto. Gên. 3:12;
c)
Revolta contra Deus. Gên. 3:12;
d) Perda do bom senso, porque se escondeu de Deus.
Gen. 3:8.
Em segundo lugar veio a destruição da sua felicidade.
a) Sentia-se envergonhado, atribúindo à nudez o que
tinha causa no sentimento de culpa.
b) Atemorizou-se com aquilo que antes lhe causava
grande alegria, isto é, a presença de Deus.
c) Foi lançado para fora do jardim.
Em terceiro lugar veio uma degradação lamentável.
O trabalho que, até ali, tinha sido um traço de nobreza
do homem e de sua semelhança com Deus, tomou a forma de
uma sujeição detestável, porque o homem passou a depender
dêie para satisfazer o seu estômago.
Finalmente:— o homem perdeu o acesso à fonte da vida
perene e começou o pavoroso reinado da morte.
Nessa narrativa não há romance, nada de imaginativo,
mas o realismo cru com que a revelação divina apresenta ao
homem a tragédia da sua queda e o começo da sua miséria moral.
QUESTIONÁRIO:
A pergunta da serpente estava certa? E a resposta
da mulher? Quando se disse a primeira mentira no mundo?
De onde vêm o mêdo? De quem era, afinal, a culpa? Para
onde voltará o homem? As árvores são um bom esconderi­
jo? Deus sabia onde Adão estava? Já existia dor antes do
pecado ? Antes do pecado o homem dominava a mulher ? Pode-se obter pão sem sofrimento? Quem foi o primeiro alfaiate?
CAPÍTULO IV

O PROGRESSO DO MAL
Leitura: Gên. 4:5.
Texto Áureo: II Tim, 3:13.
Cometido o pecado, deu-se uma divisão insanável. Des­
de êsse dia duas grandes fôrças se antagonizam no mundo,
numa luta sem tréguas. A divisão e o antagonismo aparece­
ram já no seio da primeira família. Tendo se apoderado de
uma parte da criação, o diabo começa a empregar enormes
recursos para manter a praça conquistada.
Na presente lição, veremos o crescimento rápido e ater­
rador do mal, crescimento incontrolável.
O objetivo desta lição é mostrar primeiro as caracterís­
ticas da poderosa corrente do mal que defluiu, desde Adão até
agora, engrossando-se cada vez mais. E, depois, as manifes­
tações alarmantes do crescimento incontrolável do pecado.
1.° As duas correntes antagônicas aparecem na Bíblia
sob muitas figuras e fatos: Noé e os anti-diluvianos; José e
os seus irmãos; Josué, Caleb e seus companheiros; Esaú e
Jacó; Salmo 1:6; as dez virgens, ovelhas e bodes (Mat. 25).
Justos e ímpios.
As fôrças do mal se caracterizam especialmente pela
violência: Faraó, Acab, Herodes, César. Essa corrente é cha­
mada na Bíblia “ filhos dos homens” . A sua preocupação do­
minante é a posse de coisa« Nota-se que, desde o início, êles
procuram afastar as funestas conseqüências do pecado, recor­
rendo à riqueza, à ciência, como também à arte. Para realçar
bem o êrro, ou melhor, o engano dessa atitude, a narrativa bí­
blica diz dos outros apenas o seguinte: — “ êles andaram com
Deus”. Uns construíram cidades, pondo nelas a sua confiança,
outros acharam melhor andar com Deus.
2.° O progresso do pecado não se fêz esperar. Cor­
rompida a natureza, o tentador deixou o homem entregue a si
23
mesmo. A semente lançada tinha germinado e, agora, vai cres­
cendo assustadoramente. O mal que vai crescendo apresenta
os seguintes aspectos:
a) Formalismo e exterioridade do culto.
Qual foi o êrro de Caim? — duplicidade. Por fora, ato
de culto; por dentro, coração afastado de Deus.
Como sabemos disso?
A narrativa diz duas coisas: primeiro, que Deus não
olhou nem para Caim, nem para seu sacrificio. A razão é
simples: Deus olha primeiro para o coração e, só depois disso
e achando o coração reto, olha para aquilo que está dentro.
Diz m ais: Que Caim não fêz bem. Se tivesse feito bem Deus
teria olhado. Isaias 1:13-15. Jer. 17:9-10.
A carta aos Hebreus diz que Abel ofereceu maior sa­
crifício pela f é : Q que agradou a Deus, em Abel, foi um fato
interior, um fato do coração — a fé. Era o que faltava a Caim.
Por fora, homem religioso; por dentro, homem divorciado de
Deus, procurando sanar o mal com o culto exterior.
b) Inimizade contra o homem e aversão a Deus.
Caim não foi tentado pelo diabo. O que provocou o seu
ato de violência foi o ato de Abel. Fatos e circunstâncias que
teriam estimulado em outras pessoas a prática do bem, desper­
taram nêle as manifestações do mal. E’ que o mal já estava nêle.
Em que forma?
Amor supremo a si mesmo. Como conseqüência, ódio
aos homens e aversão a Deus.
Que mal tinha feito Abel?
Nenhum. — Entretanto, Caim o aborreceu, como se êle
tivesse sido a causa da sua rejeição. I João 3:14, 15. Logo
depois, o mesmo Caim, declara que se afastara de Deus e se
escondera dêle.
c) Violência. A simples aversão não tardou a mudar-se
em ódio que o moveu a um ato de violência. A causa de não ter
sido aceito era êle mesmo. Era, pois, contra si próprio que
se devia virar. Mas, em vez disso, aborreceu Abel e o matou.
Essa violência vai ser manifestada na sua descendência.
Como diz Marcus Dodds, a maldição do pecado se ma­
nifesta de modo terrível. Quem a executa é o próprio homem.
“ No dia em que dêle comerdes, c itmente morrerás” . Mas a
primeira morte não foi morte natural, mas um homem matou
outro homem. Isso ensina que o mal vem de nós mesmos e
não de Deus.
d) Luxúria e cinismo.
Fortes uns contra os outros e violentos na prática do
crime, os filhos dos homens são fracos para governar os seus
instintos de luxúria. Na geração de Caim aparece o primeiro
— 24 —
caso de poligamia. Mais grave do que isso é que a primeira
poesia registrada nessa narrativa tão breve, são versos em que
Lamech proclama o crime que cometeu. Nada é pior do que
a perda do idealismo da vida moral. Reconhecendo-se mau,
o homem se acomoda nesse estado, habitua-se com a sua triste
deformação e até se vangloria dela.
Ao mesmo tempo em que a corrupção tomava êsse im­
pulso assustador, manifestava-se, de outro lado, o poder vitorioso
do bem. Os homens começaram invocar o nome do Senhor —
surge e principia a geração dos piedosos: Seth, Enos, Matuzalém, Enoque e o patriarca do dilúvio, que agradaram a Deus.
Deus nunca ficou sem testemunhas.
QUESTIONÁRIO:
Para onde é que Deus olha? Em que consiste o perigo
de não fazer bem as coisas? O derramamento de sangue é
inocente? Quem foi o primeiro arquiteto? Quem foi o pri­
meiro vaqueiro? Quem foi o primeiro músico? E o primeiro
caldeireiro? Quem viveu mais tempo? Todos os homens mor­
rem? Quantos anos viveu Enoque?
CAPÍTULO V

O DILÚVIO
Gên. 7, 8, 9.
Texto Áureo: Luc. 17: 26 e 27.
Certa vez Jesus declarou aos seus opositores: “ Errais
porque não conheceis as Escrituras e o poder de Deus” . E
é por isso também que o homem peca.
A narrativa do dilúvio, tantas vêzes posta em dúvida,
exemplifica o que acabamos de escrever. Por essa narrativa
se vê que a semente do pecado é vigorosa. Depois de germinar,
atinge depressa pleno desenvolvimento. De outro lado, o dilú­
vio, a primeira hecatombe de que temos notícia, exemplifica
o que diz a carta aos hebreus: “ Todo o pecado e desobediência
recebeu a merecida retribuição” . Cheia a medida, Deus não
retarda mais a execução da sua justiça.
O objetivo desta lição é mostrar que bases temos nós
para crêr na impressionante narrativa que encontramos no
livro das origens quando o homem, pela primeira vez, chegou
a um estado de completa corrupção.
1.°

A

BASE NATURAL

A narrativa do dilúvio apresenta certas dificuldades.
a)
De onde viria tanta água?
Pelo texto se vê que não foi apenas chuva. Houve um
cataclisma de proporções i- .ás amplas. A Bíblia diz que a
água veio do céu e da terra, isto é, as chuvas e as fontes do
grande abismo. — Gên. 7:11. O grande abismo são os oceanos.
Houve, pois, junto com a chuva um transbordamento dos ocea­
nos. Êsse fenômeno, entre outras causas, podia ter duas:
I) — Levantamento do fundo dos mares e submersão
dos continentes. — (Cuvier).
Provas: Há lugares longe dos oceanos a grandes altu-
ras onde existem camadas de ostras, horizontais, oblíquas e
verticais. Encontram-se ossos de animais, de várias espécies,
reunidos num lugar só. Em certas regiões árticas onde nunca
teria sido possível a vida, encontram-se cadáveres de animais.
Bergiér cita o fato de se encontrarem ossos de animais de um
continente noutro continente.
II — Um grande degêlo rápido produziu ou auxiliou a
inundação (Bernardin de Saint Pierre). O degêlo avolumou
a inundação marítima. Êsse cataclisma foi súbito e universal,
pois deixou vestígios em tôda a parte.
b) Como pôde Noé reunir os animais?
A narrativa diz que êles mesmos vieram ter com Noé.
A observação mostra que os animais percebem o cata­
clisma muito antes do homem. Reunem-se, instintivamente,
no primeiro lugar que encontram. Êsses fatos mostram que
há uma base natural para aceitar, sem dificuldade, a narra­
tiva. Acresce ainda que, em tôdas as raças, existem tradi­
ções curiosíssimas de um grande cataclisma em que o. mundo
todo foi destruído pela água. Mas, além dessa base, existem
outras mais firmes.
2.°)

BASE SOBRENATURAL — O PODER DE DEUS

Êle é o autor do mundo. Se o homem que é simples cria­
tura pode provocar hoje o desencadeamento das fôrças imen­
sas da natureza, não há razão para duvidar do poder de Deus
e dos seus recursos para fazer coisas incomparàvelmente
maiores.
O pigmeu que fêz a bomba atômica só tem razões para
crêr nas imensas possibilidades do Criador de tôdas as coisas.
Aliás, quando Jesus falou da ignorância dos seus opositores,
disse que era ignorância das Escrituras e do poder de Deus.
Essa ignorância acha mesmo muita dificuldade para crêr no
ensino claro das Escrituras.
3.°)

A BASE ÉTICA

A extrema perversão do h. iem e o limite da paciência
de Deus. Gên. 15:16. I Pedro 3:20. II Pedro 3:9. Rom. 4:24.
I)
A paciência de Deus deve ter um limite: quem o
afirma é a própria incredulidade. Há pessoas que dizem duvi­
dar da existência de Deus somente porque o castigo dos pe­
cadores tarda em vir. Se Deus existisse, dizem êles, os homens
não viveriam impunemente no pecado como vivem. Então,
uma vez que Deus existe, há um limite para a sua longanimi-
dade. A perversão chega a um limite que exige a imediata in­
tervenção de Deus. Foi o que se deu naquela época e em mui­
tas outras que terminaram num cataclisma.
II)
A história é uma série de ciclos proféticos.
fatos particulares que profetizam outros mais gerais. Como
escrevemos acima, em certas épocas de extrema perversão mo­
ral a punição de Deus vem catastroficamente. Veja-se o caso
de Herculano, e Pompéia, impressionante pela destruição sú­
bita e pela requintada perversão daquelas cidades.
3:1-10.

Cumpre lembrar que Deus não pune sem aviso.
Gên. 19:12-14. II Pedro 2:5.

4.°)

Jonas U

A BASE DA FE’

Mas, acima de tudo o que foi dito, está a palavra auto­
rizada de Jesus Cristo. Mais de uma vêz se referiu Êle ao
dilúvio como quem fala de um fato histórico incontestável. E
quando falou do dilúvio foi sempre para avisar solenemente
os homens da iminência de catástrofes semelhantes, mas incom­
paravelmente maiores.
A análise da narrativa do dilúvio apresenta os seguintes
aspectos:
a) Completa degenerescência moral do homem, carac­
terizada por sensualidade e violência.
b) Continuação da estirpe dos piedosos, não obstante
a corrupção geral. Noé era diferente dos seus contemporâneos,
apesar das suas imperfeições.
c) A narrativa mostra a ação contínua da providência
divina, no aviso dos pecadores, nos recursos para a salvação de
Noé e na orientação de tôdas as coisas para a preservação da
semente humana.
Há quem se preocupe com discutir se o dilúvio foi par­
cial ou universal. Perda de tempo. O certo é que o gênero
humano todo então existente foi atingido pelo cataclisma. E
ninguém escapou a não ser aquêle que Deus quis salvar.
O essencial é a lição que Jesus aponta nesses aconte­
cimentos. E’ indispensável estar de sobreaviso para não ser f
alcançado inesperadamente pelos juízos severos de Deus, na í
hora das grandes catástrofes.
— 29

Há
QUESTIONÁRIO:

Há pessoas que só pensam no mal? E ’ possível servir
a Deus no meio da perversão? Qual era o sinal da corrupção
dos antidiluvianos? Quem foi o primeiro engenheiro naval?
Quem disse que Noé era justo? Como expressou Noé o seu
espírito de obediência? Quantas pessoas entraram na arca?
Quem fechou a arca? Quanto tempo durou o dilúvio? Quando
virá outro dilúvio?
CAPÍTULO VI

A NOVA ERA
Leitura: Gên. 9:20-29; 10, 11, 12:1-9.
Texto Áureo: Isaias 65:17.
Inicia-se, com a lição de hoje, a terceira era da história
da redenção. A primeira foi até a queda do homem. Não co­
nhecemos a sua extensão. A segunda vai até o dilúvio. E’
uma fase da história caracterizada por terríveis manifesta­
ções do mal. A terceira era começa depois do dilúvio. Só exis­
te a família de Noé, salva miraculosamente do grande ca­
taclisma.
Após o dilúvio Deus estabelece um novo pacto de bene­
volência com a raça porque, se não fôra assim, teria de des­
truí-la mesmo. E nesse pacto êle garante aos homens a dura­
ção contínua das circunstâncias favoráveis e indispensáveis
à vida.
A lição pode ser em três partes.
1.°)

REVELAÇÃO DA

RAÇA

HUMANA

a) A natureza da raça.
Antes de descrever a difusão das famílias da huma­
nidade, tôdas elas descendentes de Noé e seus filhos, a Bíblia
narra um episódio muito triste da vida de Noé. Embriagou-se
com vinho e deu ensejo, assiW a que um dos seus filhos zom­
basse dêle. Êsse fato não foi narrado, nem para ridicula­
rizar o Patriarca, nem para acusar o seu filho pouco respeitoso,
mas com o fim de mostrar que, não obstante a sua sincerida­
de e a retidão relativa da sua vida, Noé era participante das
fraquezas da raça decaída. O pecado tinha entrado no homem
e não saía mais, sendo necessário uma constante vigilância
para que êle não se apodere definitivamente da criatura hu­
mana, nêste mundo. Depois de agradar a Deus, pela justiça
— 31 —
)■ '

.
da sua vida, o patriarca se descuidou e o pecado infligiu-lhe
uma derrota humilhante. O homem é pecador, e só Deus o
pode livrar dêsse estado.
A fraqueza de Noé, narrada como está na Bíblia, pode
provocar duas reações muito diferentes dos leitores. Muitos
alegarão essa hora de fraqueza de um homem bom para des­
culpar as fraquezas da sua própria vida e a tomarão com pre­
texto para continuarem na prática do mal. Outros, porém,
verão nesse episódio um sinal, um aviso necessário para to­
marem cuidado e não tombarem como Noé tombou.
b) A seguir aparecem as origens raciais.
Essa genealogia que aparece no livro das origens esta­
belece o contato das eras pré-históricas com povos que já fazem
parte da história. Aí se diferencia, outra vez, a Bíblia da ciên­
cia. A ciência vai até um certo ponto, e pára. A Bíblia, porém,
mergulha mais fundo nos tempos desconhecidos da história e,
mediante a revelação divina, traz ao nosso conhecimento fatos
que ficaram sem testemunho.
2.°)
RAÇA

A ORIGEM DAS LÍNGUAS E A DIFUSÃO DA

O
livro das origens vai narrar agora quando e como
os homens começaram a falar línguas diferentes. Até aqui,
embora divididos em famílias, os homens tinham um traço de
união — falavam a mesma língua. Não se tinham esquecido
do dilúvio, mas não se lembravam mais da causa que o pro­
duzira.
E’ lamentável que as lições morais do passado pouco ou
nada aproveitem às gerações seguintes. Em vez de remover a
causa do castigo, o pecado, os homens fizeram uma nova ten­
tativa para sustar as suas conseqüências, usando recursos me­
ramente humanos e externos. Resolveram edificar uma tôrre.
Nesse ponto fêz-se uma interferência divina. Usando as leis
simples da natureza humana, Deus provocou a diversificação
das línguas e manifestou-se externamente, verbalmente, uma
realidade interior do coração humano — a divisão dos homens.
Não sabemos que processo Deu usou, mas a ciência moderna
da linguagem tem elementos positivos para provar que as lín­
guas hoje faladas no mundo, têm tôdas origem numa língua
só. Trombetti, na Europa, e Bertolazo Stella, no Brasil, têm
obras que provam abundantemente o monogenismo das línguas.
3.°)

A ORIGEM DA RAÇA ESCOLHIDA

Nessa era começa o fio histórico mais importante: a
— 32 —
história do povo hebreu. Podemos dizer mais importante pelos
seguintes motivos:
a) O povo hebreu é a raça escolhida para depositária
dos oráculos divinos. — Rom. 3:1, 2.
b) O povo hebreu surge nesse ponto remotíssimo da
história, destaca-se pela superioridade dos seus conceitos reli­
giosos, e não desaparece mais.
c) Jesus Cristo, figura culminante da história humana,
é filho do povo hebreu.
A ponta do fio histórico começado nessa era é o pa­
triarca Abrão.
Convém notar o seguinte:
I — Deus não' escolheu um homem perfeito, escolheu
uma criatura humana com suas fraquezas, mas cheia de fé, e
a quem Deus mesmo ia disciplinar e aperfeiçoar.
II — O patriarca da raça hebraica se caracterizou por
uma fé profunda. Hebreus 11:8. Imprimiu à sua descendên­
cia um cunho moral e espiritual inegualado.
III — No comêço dêsse fio histórico Deus, chamando
a Abrão, fêz uma miniatura profética da história do povo he­
breu. Basta examinar as promessas da chamada de Abrão,
para verificar que os fatos aí profetizados têm se repetido su­
cessivamente na história dêsse grande povo.
“ Far-te-ei uma grande nação” — e fêz mesmo.
“ Engrandecerei o teu nome” — o nome do hebreu é gran­
de. Salomão, Davi, Mendelson, Einstein, Rotchild, os grandes
pilotos das descobertas marítimas, etc..
Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os
que te amaldiçoarem” .
—
A história das nações per­
seguidoras de hebreus, bem como dos povos que os tra­
taram bem, confirma impressionantemente essa profecia.
Basta lembrar, de um lado, os nomes de Portugal e Espanha
e, de outro, Holanda e Estados Unidos da América do Norte.
“ Em ti serão benditas tôdas as famílias da terra” .
Qual é a maior bênção dos homens? Não é Jesus Cris­
to? Pois bem: Êle era descendente de Abrão.
A vida de Abrão, errante pelo Egito e Palestina, foi
uma prefiguração histórica da vida errante da sua descendên— 33 —
eia através dos séculos, pelo mundo inteiro.
Certa vez Frederico, o Grande, perguntou a um teólo­
go se êle podia dar uma prova da inspiração da Bíblia numa
palavra só. A teólogo respondeu: Judeu.
Êsse capítulo, que acabamos de estudar na sua simpli­
cidade, é uma das provas da inspiração do livro das origens
e de tôda a nossa biblioteca.
QUESTIONÁRIO:
Qual foi o primeiro ato de Noé ao sair da arca? Quem
foi o primeiro geômetra? Quantas línguas havia no princípio?
Quantos eram os filhos de Noé? Desde quando os homens têm
permissão para comer carne? Porque é que o homicídio é
crime? Quem foi o primeiro vinhateiro? De onde vieram to­
das as nações ? O hebreu é bênção ? Quando ? A quem foi que
Abrão edificou um altar? Qual foi a fraqueza de Abrão?

34 —
CAPÍTULO VII

FEBCALÇOS DÂ PROSPERIDADE MATERIAL
Gên. 13, 14, 15 e 18, 19.
Texto Áureo: I TIm. 6:10.
A prosperidade material é uma fôrça de.dois.. PjqIqs:
pode ser bênção e pode ser maldição.
—
^jJrõspCTiHaHe material"T~Sempre uma prova. Pode
ser, antes de mais nada, simples pròviT~dê" caráter porque a
prosperidade honesta requer muita energia e fôrça de ca­
ráter. De outro lado, a prosperidade alcançada submete o ho­
mem a provas tão fortes que só mesmo um caráter consolida­
do pode resistir. Além disso, a prosperidade material acar­
reta encargos pesados, provoca reações desagradáveis e, às
vêzes, se transforma numa causa de sofrimento muito gran­
de. Há ocasiões em que a prosperidade material é mau sin­
toma, mas há outras em que é sinal de bênção. Pode-se dizer
que, muitas vêzes, o imenso poder do mal se incorpora na pros­
peridade material para melhor subjugar e destruir os homens.
A, história da redenção^no§ apresenta uma narrativa
que exemplifica essas verdades na vida de dois homens, co­
locados dentro das mesmas circunstâncias criadas pela pros­
peridade. Êsses homens reagiram de modo muito diferente:
foram Abrão e Ló.
A lição apresenta os seguintes aspectos:
1.°)

PROSPERIDADE E CONTENDA

Enquanto eram pobres, Abrão e Ló puderam viver jun­
tos, com amizade e entendimento. A mesma terra supria re­
cursos suficientes, tanto para a vida de um como para a vida
de outro. Mas a riqueza de ambos cresceu tanto, que a terra
“ já não tinha capacidade para poderem habitar juntos” . Não
foi o povo que aumentou — foi o gado. Não era para bôcas
humanas que faltava alimento. O que esgotou a capacidade
da terra foi o crescimento excessivo da riqueza. Tiveram de
separar-se.
Mas a lição mostra, nesse ponto, uma influência fre­
qüente e nefasta da riqueza: gera contendas.
( Os cães rosnam e se mordem uns aos outros, por causa
de um osso. Os homens,, não: contendem depois que estão com
o açougue todo em casa.] O mal não está na prosperidade. O
mal é aquêle princípio que se introduziu na essência da raça
e que aparece com o seu poder e vigor sempre que haja uma
ocasião favorável. A pobreza recalca, a prosperidade dá ex­
pansão a esse princípio do mal. Gên. 13:1-8.
2.°)

PROSPERIDADE E INGRATIDÃO

Quem iniciou Ló na prosperidade material? — Abrão.
Tinha sido o amigo, o protetor, a mão que dirige e ajuda. Na
hora da separação, Ló, que sempre dependera do tio e agora
estava rico, escolheu egoisticamente para si a parte da terra
que lhe parecia mais fértil, mais opulenta, mais vantajosa.
Escolheu as campinas, deixando para o velho tio o terreno aci­
dentado e difícil das montanhas. Não soube ser agradecido,
mas, na escolha que fêz, Ló revelou que o seu senso moral es­
tava embotado, porque tomou em consideração somente o as­
pecto material da terra, sem cogitar do caráter moral dos
seus habitantes que, aliás, eram extremamente corrompidos.
/ A prosperidade material o absorvera tão completamente que êle,
j parece, não tinha mais visão dos valores espirituais e morais.
Será que a prosperidade material é assim tão maligna
que embota sempre o senso moral dos homens?
Não. A prova é a atitude generosa e, ao mesmo tempo,
confiante em Deus com que Abrão se comportou na mesma con­
tingência. Nas mesmas circunstâncias, com as mesmas ten­
tações, os dois homens reagiram diferentemente. Gên. 13:9-18.
3.°)

PROSPERIDADE E PERIGO

Onde há mel, aí se ajuntam as abelhas. O dinheiro sem­
pre atrai os malfeitores. Disse alguém: difícil é ganhar di­
nheiro. Mais difícil ainda é defendê-lo daqueles que o desejam
obter de qualquer jeito. Havendo dinheiro, há perigo. Foi o
que Ló aprendeu depois que estava em Sodoma e Gomorra.
Tendo sido bem recebido pelos habitantes de Sodoma
e Gomorra, Ló não percebeu que o povo o tratou assim por
causa do gado numeroso que êle trazia. Não percebeu tam­
bém que, se êle desejava aquelas terras, outros havia que as
— 36
desejavam também e que haviam de disputá-las pela violência,
E foi o que aconteceu. Veio a guerra e êle perdeu as terras
cobiçadas, a fazenda que tinha levado e a própria liberdade.
Gên. 14:1-13.
O perigo do dinheiro é o espírito interesseiro dos ho­
mens. Mas nem todos são assim interesseiros. Há homens
que se dirigem por aquilo que podemos chamar o dever bem
compreendido. Assim era Abrão. Logo que teve notícia da
guerra, correu em auxílio de Ló, arriscou a vida, derrotou os
inimigos, reconquistou a fazenda e os prisioneiros, e não acei­
tou por êsse enorme serviço nenhuma paga. Mas recebeu a
bênção de Deus. Gên. 14:13-24.
4.°)

PROSPERIDADE E RUÍNA MORAL Gên. 18, 19.

A prosperidade material não impede e, às vêzes, até fa­
vorece a corrupção moral. Também não susta a execução da
justiça divina. Foi o que aconteceu a Ló e à sua família. Dia
chegou em que a maldade dos homens daquela cidade encheu
as medidas e veio o castigo. Na destruição de Sodoma e Go­
morra convém observar o seguinte:
a) O aviso foi feito primeiro a Abrão, que não estava
na cidade. Havia nisso uma expressão carinhosa da amizade
de Deus para com o seu servo fiel. — Gên. 19:17-19.
b) Deus não executou o castigo sem salvaguardar as
medidas rigorosas da justiça. Havia reclamações: foi verifi­
cá-las. Gên. 18:20-22.
c) No livramento de Ló apareceu tanto a justiça como
a misericórdia de Deus. Misericórdia em avisá-lo, em forçá-lo a sair da cidade e em retardar o castigo até que êle saísse —
(Gên. 19:12-16). Justiça, em salvar-lhe a vida, mas apenas
a vida. Em Sodoma ficaram os bens e, até certo ponto, a dig­
nidade de Ló.
d) A lição ilustra a posição dos crentes neste mundo
corrompido.
Abrão é o tipo do crente santificado, sem compromisso
algum com o mundo, embora vivendo no mundo.
Ló é o tipo do crente meio mundanizado. II Pedro 2 :6-8.
Connhece o pecado, aflige-se com êle, mas não larga dêle.
A mulher de Ló é o tipo do crente completamente mun-
danizado. O corpo saiu de Sodoma, mas o espírito ficou lá e
ela pereceu na injustiça da cidade.
O mal não está na prosperidade, mas no coração dos
homens. O mal não é o dinheiro. Disse o apóstolo: “ O amor do
dinheiro é a raiz de todos os males” .
QUESTIONÁRIO:
Quando começou a briga? O que foi que Ló não olhou?
Quem serviu doze anos? Quem abençoou a Abrão? Quem era
Melchizedec? Para onde olharam os anjos? Por que motivos
Deus não escondeu os seus planos a Abrão? Onde ficou Abrão?
Quantos justos salvariam a cidade? Quando saiu o sol?
CAPÍTULO VIII

A DISCIPLINA E O EXERCÍCIO DA FE'
Leitura: Gên. 15
Texto Áureo: Hebreus 11:8
A história da redenção tem por objetivo conduzir os
homens a Jesus Cristo. Para alcançar êsse objetivo mostra,
de um lado, o homem com suas qualidades e suas grandes fra­
quezas, e, de outro lado, a sabedoria, a justiça e, principalmen­
te, a imensa misericórdia de Deus.
Sua descrição dos homens é realista. Mostra o homem
como êle é, sem retoques. Poderíamos dizer que as descrições
da Bíblia são como retratos de carteira de identidade: aparecejn também as cicatrizes.
A Bíblia”nõs ensina que não há homens propriamente
bons. Os melhores homens, ao lado de atos inspiradores de
fé e obediência, foram sujeitos a fraquezas muito tristes.
| Não nos esqueçamos de que o pecado, entrando no ho­
mem, gerou um conflito incessante não somente entre homens
e homens, mas dentro de cada homem. Êsse conflito é mais
vivo e mais forte no coração dos homens crentes que sincera­
mente procuram obedecer a Deusa Os melhores homens não
são homens perfeitos, mas hQmeH,s-que- Di3ua_tirou do barro co­
...
mum para disciplinar, afeiçoar e, afinal, tornar bons. ~
T5ra, para que vejamos essa verdade era tôda a sua cla­
reza e admiremos a perfeição e sabedoria da obra divina, é que
a Bíblia mostra os homens tais quais êles foram durante muito
tempo, com todos os seus êrros, defeitos e qualidades.
Abrão é incontestàveimente um dos melhores homens da
Bíblia. Na süãTvIcIãrapárece, de um lado, a sábia direção da
Providência divina e, de outro lado, o patriarca sujeito a pro­
vas, tentações e disciplinas da vida comum com suas derrotas
e vitórias.
A interferência de Deus na vida de Abrão nos autori-
za a dizer que Deus, na sua maneira sábia de afeiçoar os cren­
tes, promete bênção, sonda o coração, expõe a provas e tenta­
ções muito fortes, manda cumprir ordens muito difíceis e supre,
quando é preciso, as necessidades vitais dos crentes.
Para não prolongar esta lição, vamos resumir a histó­
ria do patriarca em três grandes traços do seu caráter, nos
quais aparece o contraste da fé e da fraqueza e a disciplina da fé.
1.°)

FRAQUEZAS DO PATRIARCA

Abrão, como todos os homens, viveu dentro da hora da
sua época ao nível da sua natureza decaída, enfrentando as
mesmas dificuldades, trabalhos e oportunidades.
A primeira fraqueza do patriarca, que destoa da sua
vida de fé, é o caso de-Jíasae-e-Jsmael. Deus havia feito ao
patriarca a promessa de torná-lo pai de numerosa descendên­
cia. Os anos iam passando e o filho não nascia. Um dia Sarah, a espôsa de Abrão, de acôrdo com a ética do tempo, suge­
riu a Abrão que fizesse de sua escrava Hagar sua concubina,
o que o patriarca fêz, antecipando-se assim à Providência. Re­
pitamos: a §aa^.aqueza-fflLter-se antecipado à Providência.
Não teve paciência de esperarque Deus cumprisse, notem po
próprio, a promessa em que êle, Abrão, tinha crido firmemen­
te. Teve energia para crer na promessa, mas não teve paciên­
cia para esperar muito tempo que ela se cumprisse.
Outra fraqueza do patriarca parece que era o mêdo. Por
causa dessa fraqueza duas vêzes êlem entiu narapoupar a vi­
da, chegando mesmo a comprometer-gfsua dignidade, bem como
a integridade da sua família. Gên. 12:11-20, especialmente o
verso 12; Gên. 20:1-11.
O mêdo é uma das fraquezas mais fàcilmente explorá­
veis da natureza humana. Mêdo dejnorrer, mêdo de pobreza,
mêdo de -castigo, mêdo.de sofriméníõ. Por causa do mêdo o
homem fraqueja e arrisca, muitas vêzes, sua honra, sua de­
cência e sua dignidade. O pâd£L_.é.,..jiiuítas vêzes, o pai da
mentira. Desde cêdo o diabo tem explorado o mêdo para con­
servar os homens debaixo do seu poder. Só a graça de Deus
e a intervenção da sua sabedoria salvaram o patriarca de um
desastre irremediável, quando êle se deixou levar pela fraque­
za do mêdo.
Êsse fato estabelece um problema muito difícil, por­
que Abrão era um homem de fé. Tanto assim que foi cha­
mado o “ pai dos crentes” . Ora, a fé exclui completamente o
mêdo. Mas a explicação é fá cil: o diabo não ataca sem exami­
nar cuidadosamente-^? praça e sem ter descoberto os pontos
vulneráveis. E sabia muito bem onde estava o ponto vulnerá­
vel do patriarca e foi diretamente a êle.
Grande maravilha é a Bíblia! Nas poucas palavras de
uma narrativa simples exibe aos homens de todos os tempos
as peças delicadas do mecanismo complexo da vida humana,
onde o bem se mistura paradoxalmente com o próprio mal.
2.°)

DISPOSIÇÃO PARA CRER

Essa é, talvez, a característica peculiar de Abrão. Onde
quer que chegasse erguia o altar para exercício da sua vida
religiosa. Mesmo quando tudo parecia mostrar que êle não
chegaria a ser pai, creu, sem vacilação, na promessa que Deus
fêz de dar-lhe inumerável descendência. — Gên. 15.
No tempo em que povos aguerridos e fortíssimos habita­
vam a terra da Palestina e êle era apenas um criador de gado,
errante de terra em terra, creu firmemente na promessa que
Deus lhe fêz de torná-lo senhor daquela terra. Gên. 15.
E’ fácil crer em promessas que não tardam. Abrão creu
em promessas que demoraram muito. Diz a Bíblia, em dois
lugares, que Abrão creu no Senhor e isso lhe foi imputado por
justiça. Creu na hora que Deus falou. Daí se tira uma lição
muito simples e importante: a fé é coisa íntima do coração e
invisível. Deus, porém, sonda a alma dos seus filhos e sabe
o que se passa no mais interior do homem. Êle conhece o que
há no homem. Êle sabe quando há fé e conhece a verdadeira
finalidade da fé. E, vendo fé sincera, trata o homem que não
é justo, como se o fôsse. Imputa-lhe fé como justiça. Era
isso que havia em Abrão e que tanto agradava a Deus — dis­
posição para crer nas promessas divinas. Por isso, foi êle
chamado o amigo de Deus.
3.°)

DISPOSIÇÃO PARA OBEDECER

Mas, onde há disposição para crer, surge necessaria­
mente disposição para obediência. A fé, a verdadeira fé, apa­
rece de dois modos. Aos olhos de Deus, que vê o coração, e
aos olhos dos homens, que £' podem ver as obras, isto é, a obe­
diência.
Das vêzes que Abrão mostrou a sua disposição para obe­
decer, duas se destacam de maneira impressionante. A pri­
meira, quando êle deixou tudo e partiu para o desconhecido,
atendendo à chamada de Deus. Gên. 12.
Convém citar aqui as palavras da carta aos hebreus:
“ Pela fé Abrão, sendo chamado, obedeceu, indo para um lugari
que havia de receber por herança; e saiu, sem saber para
onde ia” .
Nessa passagem podemos fazer a análise de dois ele­
mentos paradoxais da fé : ignorância e conhecimento.
Ignorância: Abrão saiu sem saber para onde ia.
Conhecimento: Abrão sabia duas coisas: a ordem era
de Deus. Deus sabia o lugar para onde o mandava. Daí, a
sua disposição para obedecer.
A segunda vez que Abrão mostrou a sua disposição para
obedecer foi numa prova dolorosa e decisiva da sua carreira.
Deus o mandou imolar Isac.
Deus prova o homem pela prosperidade, pela alegria,
pelo sofrimento, pela pobreza.
Para quê?
Para lhe dar oportunidade de mostrar e exercitar a
sua fé.
Deus prova o homem. A expressão da Bíblia é outra: —
“ tentou Deus a Abrão”.
Como pode ser isso, se as Escrituras dizem que Deus a
ninguém tenta?
Tôdas as vêzes que Deus dá uma ordem ao homem Êle
o coloca diante de duas alternativas: obedecer ou desobede­
cer. Não é que esteja tentando no sentido em que o diabo
tenta. Não. Mas, consideradas as dificuldades, as lutas, os so­
frimentos e as perdas que o homem tem de encarar para fazer
o que Deus manda, é incontestável que certas ordens de Deus
colocam o homem dentro da experiência de uma tremenda ten­
tação para não cumprir a ordem.
No cadinho dessa prova suprema e decisiva, Deus co­
locou Abrão quando lhe mandou imolar o seu filho.
E terá necessidade de submeter os homens ao sofrimen­
to das provas, para saber se êle tem fé?
E’ claro que não. A prova tem dois objetivos, como já
se disse. Primeiro, exibir a fé do patriarca ao mundo inteiro,
fazendo dela um modêlo, uma inspiração, um estímulo para
outros crentes. Segundo, a fé, faculdade espiritual, como tôdas
as outras faculdades deve ser exercitada para desenvolver-se
e fortalecer-se. O próprio crente deve saber até onde chega a
fôrça da sua fé.
Não há página mais comovedora do que a narrativa do
sacrifício de Isaque. Filho da velhice, longamente esperado,
cumprimento da promessa divina. E a ordem era de Deus.
Abrão não vacilou, obedeceu.
Como se explica que Deus exija do seu servo um sacri­
fício humano?
Marcus Dodds pensa que aproveitou essa prova exata-
mente para mostrar que Êle não deseja, nem manda fazer ó
sacrifício de criaturas humanas.
E’ certo que a redenção exige o sacrifício de alguém.
Deus quer redimir a humanidade. E assim como depois da
ordem dada, deixou que Abrão fôsse até o momento supremo
de erguer o cutelo para depois fazê-lo suspender o gesto e apontar-lhe o cordeiro que devia substituir o filho, assim também
Êle faz primeiro o pecador sentir a exigência justa do seu pró­
prio castigo, para depois mostrar-lhe que êsse castigo foi exe­
cutado para sempre no sacrifício de Jesus Cristo.
Abrão obedeceu com mêdo e dor no coração, mas obede­
ceu porque sabia que as ordens de Deus atendem a razões certas
e justas. Não são arbitrárias, não desdizem, nem desmentem
as promessas divinas. E Deus havia dito: — “ Em Isaque
será chamada a sua descendência”.
Obedeceu porque, se Deus ordenou o sacrifício, é porque
havia necessidade dêle.
Como conciliar a execução do sacrifício com o cumpri­
mento da promessa?
Essa devia ter sido a perplexidade do patriarca. Mas
não era descontrolado por perplexidades. Era dirigido pela fé.
Deus prometeu a descendência, Deus mandou executar o filho.
Parecia uma contradição. À Deus competia resolvê-la, a Abrão
competia obedecer, e obedeceu.
E quando o filho, que nada sabia, lhe perguntou: —
“ Onde está o cordeiro para o sacrifício?” O patriarca res­
pondeu somente isso: — “ Deus proverá” .
O coração rebelde tem a capacidade maligna de trans­
formar uma prova divina em tentação de não fazer o que Deus
deseja. Abrão, porém, era diferente. Seu coração cheio de fé
transformou uma prova dolorosa numa vitoria espiritual e num
exemplo singular de obediência.
QUESTIONÁRIO:
Quem foi o primeiro astrônomo? Quanto tempo ia du­
rar a prova dos hebreus? Quando é que vem o castigo? Que
idade tinha Abrão quando nasceu Isac? Qual era o parentes­
co de Abrão e Sara? Quem carregou a lenha para o sacrifí­
cio? Para onde se dirigiam juntos Abrão e Isac? Como se
ficou chamando o lugar do sacrifício de Isac? Quantos dias
viajaram Abrão e Isac? Porque é que as bênçãos das nações
vieram da descendência de Abrão? Quantas vêzes o anjo falou
com Abrão?
CAPÍTULO IX

ELOS HUMANOS DA PROVIDÊNCIA DIVINA
Leituras: Gên. 24, 26, 27.
Texto Áureo: I Cor. 9:27
Uma leitura superficial da história da redenção poderia
dar a entender que há estirpes piedosas e estirpes pecadoras.
Uma observação mais atenta mostra coisa muito diferente.
Na descendência dos melhores homens vai aparecendo
sempre o estigma do pecado. Foi o que se deu na descendência
de Abrão: Isaque e Ismael; Esaú e Jacó, e assim por diante.
Percebe-se nesse fato a seleção contínua que a Providência tem
de ir fazendo para impedir que a raça se decomponha comple­
tamente. E’ uma interferência incessante da Providência, den­
tro da raça humana e até mesmo dentro da própria raça es­
colhida.
Isaque era filho de Abrão, crente piedoso, filho da pro­
messa divina, não apresenta, entretanto, o mesmo caráter altivo
do patriarca Abrão. Era homem mais ou menos passivo, que
se deixava levar pela fôrça das circunstâncias, bem como pela
ação dos outros. Não obstante isso, foi um elo na imensa ca­
deia da providência divina. Era o filho de Abrão e o pai de
Jacó. Com êles forma a trindade patriacal dos hebreus. Quan­
do mais tarde os hebreus fizerem a sua invocação, hão de fazê-la mencionando o Deus de Abrão, de Isaque e de Jacó.
Na história dêsse patriarca podemos destacar alguns
episódios principais que serão analisados sob os seguintes tí­
tulos :
1.°)

INDÍCIOS CLAROS E DESÍGNIOS DESCONHE­
CIDOS

E’ o que vemos, por exemplo, nos arranjos do casamento
de Isaque. Quem se encarregou de tudo foi o pai. Éle apenas
45 —
aceitou a noiva e, como disse o texto, amou-a intensamente.
Quais eram os indícios claros que a Providência tinha
dado?
O propósito de Deus separar uma estirpe dentre todos
os povos. Orientado instintivam ente por êsses indícios, A brão
não quis que seu filho se casasse com gente estranha. Não lhe
faltariam alianças por meio do matrimônio do filho com os
príncipes da terra. Mas, se isso se desse, talvez se prejudicasse
a linhagem escolhida. Por isso A brão mandou o seu mordo­
mo à casa dos antepassados e parentes buscar uma noiva para
o filho. Gên. 24:1-14.
Quem seria a noiva 7
Isso, nem êle sabia, nem o mordomo. Êste, porém, foi à
terra onde o seu senhor o mandara e, depois de orar, pediu a
Deus um sinal. E, por meio dêste, escolheu a noiva. Perce­
be-se na narrativa Deus que dirigiu tudo.
Parece que Rebeca não era lá muito piedosa. Os acon­
tecimentos posteriores apresentam falhas muito graves do seu
caráter. Não foi uma boa mãe no sentido pleno da palavra.
Mas os desígnios de Deus são insondáveis, e Rebeca também
entrou como um elo na m isteriosa corrente da providência di­
vina.
Já nesse tempo a noiva era consultada para dar o seu
consentimento no matrimônio. Gên. 24:58. Também já se fa ­
zia depender da bênção divina a felicidade conjugal. Naquele
tempo procurava-se a mulher que tivesse capacidade para su­
p rir às necessidades do lar. Dados êsses passos, o mais ficava
a cargo da Providência.
2.°)

F R A Q U E Z A DO HOMEM E SOCORRO DE DEUS

E ’ impressionante como certas fraquezas se transm item
de pais a filhos. Vim os que uma das fraquezas de A brão era
o mêdo e, por causa do mêdo, mentiu. Em Isaque aparece a mes­
ma coisa. Indo a uma cidade chamada Gerar, por amor à vida,
enganou o povo dizendo que Rebeca era sua irmã. Como no
caso de Abrão, foi a Providência que o livrou de um desastre
muito grande.
O mentiroso é sempre um fraco. A m entira revela duas
coisas: interesse pelas coisas m ateriais ou mêdo do sofrim en­
to físico.
Deus não tardou a m ostrar ao p atriarca que não havia
razão para temer, uma vez que êle tinha por si o amparo da
Providência.
46 —
3.°)

DILIGÊNCIA HUMANA E BÊNÇÃO DE DEUS

Não obstante a sua relativa passividade, Isac mostrou-se
diligente. Quando apareceu a fome na terra êle formulou ime­
diatamente um plano, que só não executou porque Deus não lho
perm itiu. Encontrando-se em G erar não perdeu tempo na ocio­
sidade, mas preparou a terra, fêz uma grande sem enteira e
teve uma grande colheita, porque Deus o abençoou. Como êle
tivesse cavado alguns poços e os filisteus cheios de inveja o
hostilizassem, êle não perdeu tempo numa contenda inútil e
nociva. Abandonou aquêles poços e cavou outros. Novamente
a bênção de Deus recompensou a sua diligência. Segue-se daí
uma lição muito im portante: Deus abençoa aquêles que se es­
forçam por fazer o melhor que podem.
E ’ certo que há uma Providência que vela, que dirige os
acontecimentos, que dispõe as circunstâncias e da qual tôdas
as coisas necessàriamente dependem. Nem sempre os desíg­
nios sábios dessa Providência aparecem com suficiente clareza.
Mas aos homens incumbe cum prir com diligência os deveres
claramente ensinados na Bíblia e reconhecidos pela consciência.
E nisso Isaque foi um modelo.
Não podemos term inar esta lição, sem apontar o traço
m ais importante do caráter de Isaque. E ra homem de oração.
Gên. 24:63. E foi quando êle estava no campo buscando soli­
dão para orar, que viu pela prim eira vez a noiva que vinha
chegando. Se não teve uma espôsa perfeita, teve, entretanto,
suficiente paciência para suportar as im perfeições dela.
Q U E S T IO N Á R IO :
Em que Deus abençoou Abrão ? Qual o sinal de uma boa
espôsa? Qual o traço característico de Rebeca? Que foi que
mais interessou a Labão ? O servo de A brão era crente ? Quan­
to tempo durou o banquete ? Onde estava Isaque quando Rebeca
chegou? Qual foi a fraqueza de Isaque? Qual é o resultado da
prosperidade? Qual foi a promessa de Deus a Isaque?

— 47
CAPÍTULO X

O HOMEM NATURAL
Leitura: Gên. 25:24-84 e 27 a 32:21.
Texto Áureo: I Cor. 2:14.
Jacó é o vulto central na história do povo hebreu. Em
certo sentido êle é o verdadeiro pai da raça. Abrão teve vá­
rios filhos, mas de Isaque veio a linhagem israelita. Isaque teve
dois filhos, mas a linhagem passou a Jacó. Os filhos de Jacó
constituíram a grande família israelita. Em outras palavras:
de Abrão e Isaque procederam vários povos. De Jacó, porém,
um povo só. E é digno de nota que êsse povo conserva, através
dos tempos, as mesmas características que podemos descobrir
em Jacó.
Mais uma vez vamos lembrar que a história da reden­
ção descreve os homens tais quais êles são. O retrato de Jacó
impressiona muito mal. E’ um homem de personalidade forte
e cheio de defeitos. E’ um homem como todos os homens peca­
dores, no seu estado natural. E’ um explêndido espécimen do
homem natural.
O têrmo natural vem de um verbo latino que significa
nascer. O homem natural, portanto, é o homem como êle nasce,
sem as modificações da graça divina e antes da conversão. E’
o barro sem modelagem. E’ bom conhecê-lo, para melhor apre­
ciar, depois, a obra que Deus fêz com êle.
Verificado que o povo hebreu, salvo alguns indivíduos,
apresenta sempre as mesmas características que marcaram Ja,có, o pai da raça, como homem natural, segue-se que a raça foi
separada para uma função histórica que exerceu e da qual lhe
advieram benefícios e privilégios temporais. Entretanto, só
participam dos benefícios perenes do pacto da graça e das pro­
messas maiores que Deus fêz ao patriarca Abrão, aquêles filhos
da raça natural que, pela conversão, passam também a fazer
parte da raça espiritual. E convém saber que nessa raça espi— 49 —
ritual, que são os filhos da promessa, estão incluídos também
filhos de outras raças, chamados gentios, que eram homens
naturais, mas que se converteram. Rom. 9 :6-8.
Para melhor esclarecimento do assunto vamos estudar os
aspectos mais salientes e marcantes do homem natural, que
aparecem na pessoa de Jacó.
1.°)

ASTÚCIA E VIOLÊNCIA

Dois irmãos, filhos do mesmo pai e da mesma mãe, por­
tadores do mesmo sangue, e tão diferentes um do outro. Um,
amigo do campo e da caça, afeito à violência, insofrido, impre­
vidente, profano — Esaú. O outro, amigo da casa, afeito às
subtilezas e às intrigas com que se defendem dos mais fortes
aqueles que, pela sua fraqueza física, acabam descobrindo que
a inteligência é uma fôrça maior — Jacó. Mas os dois tinham
unuiTaco comum. Aquele traço que São Paulo descreve em
duas~írases^apidares: “ Homens amantes de si mesmos” — e
que só tratavam do que era seu. Em uma palavra: egocêntricos.
O “ eu” era o centro do mundo e de tudo. Um usava a violência,
outro a astúcia, mas cada um usava o que podia a serviço ex­
clusivo de si mesmo. Tão diferentes um do outro nos aspectos
acidentais e, na essência real da sua natureza, iguaizinhos como
duas gotas de água.
Dois episódios mostram as diferenças acidentais da con­
duta e a igualdade da natureza.
O primeiro é a velha história do prato de lentilhas, em
que Esaú, profanamente, insensatamente, insofridamente atirou
fora, com as suas grandes prerrogativas a sua própria digni­
dade pessoal. Julgou a matéria em função do seu prazer pes­
soal, sem qualquer referência aos interêsses da grei. Só bus­
cava o que era seu, imediatamente seu.
Nesse mesmo episódio aparece, pela primeira vez, a saga­
cidade incrível de Jacó e a sua mais incrível ousadia para explo­
rar, em seu benefício exclusivo, a fraqueza do seu próprio irmão.
Gostava muito de todos, mas no fundo era amigo de si mesmo.
Um, porque desprezou; outro, porque explorou; ambos agiram
em função de um mesmo princípio: era o homem natural.
O
outro episódio incomparàvelmente mais grave, porque
nele aparecem além da astúcia, a mentira, a fraude e também o
desrespeito ao pai já velho e cego é o caso da bênção que Jacó
tomou. Aí é que se vê bem o homem natural que crê mais na sa­
bedoria dos homens que na sabedoria de Deus; que confia mais
na posse imediata, embora fraudulenta das coisas, do que no
cumprimento remoto das promessas divinas. Realmente, o ho­
mem natural aparece aí em tôda a sua plenitude, em Jacó, em
Rebeca e no próprio Esaú. Ninguém tomou em consideração os
50 —
direitos alheios. Cada um tratou de buscar apenas o que era
seu. Nenhum pensamento acerca da justiça de Deus. Tanto
assim, que todos os meios, inclusive a mentira e a fraude, lhes
pareceram úteis para alcançarem o seu objetivo.
2.°)

PECADO E SUPERSTIÇÃO

Praticada a fraude, seguiram-se as conseqüências inevi­
táveis, isto é, o pecado medrou e com êle apareceu o mêdo. Esaú
jurou matar Jacó — violência. Rebeca resolveu salvar o filho
e, para não ouvir recriminações de Isaque alegou um motivo rasoável que Isaque aceitou para mandá-ío embora — astúcia.
Jacó partiu. No caminho teve uma experiência religiosa
verdadeira, mas ainda aí aparece o homem natural. A visão
foi magnífica: ouviu as promessas de Deus, mas entendeu-as
como homem natural. Em vez de religião, superstição.
Quatro coisas assinalam, nesse passo, a religião do ho­
mem natural.
a) Ignorância — “ Deus está neste lugar e eu não
sabia” .
b) Mêdo — Em vez de alegria e sentimento de segu­
rança pela presença de Deus, Jacó temeu.
c) Contradição — Disse que aquêle lugar era a porta
do céu, mas era um lugar terrível.
d) Espírito utiliatário, aliás, uma das marcas incon­
fundíveis do homem natural: promessas interesseiras. Tratou,
imediatamente, de explorar as possíveis vantagens daquela ex­
periência religiosa “ Se me abençoares dar-te-ei o dízimo” .
3.°)

ENGANO E CONTENDA

Na visão que Jacó teve Deus lhe declarou que não o lar­
garia mais, até que êle tivesse feito tudo o que tinha determina­
do. Em outras palavras: estava decidido a endireitá-lo mesmo.
Vamos ver o esmeril em que Deus vai afeiçoar a personalidade
do patriarca.
Combinou circunstâncias para tirá-lo do lar onde a co­
modidade e outros fatores iam .amolecer o seu caráter. Jacó foi
parar longe e achou-se numa luta que não lhe deu mais sossêgo.
Dois elementos devem ser especialmente mencionados: o
amor de Jacó e a astúcia de Labão. Com o amor a Raquel, Deus
colocou um freio na bôca de Jacó, de modo que êle mesmo não
quis voltar para casa. Com a astúcia de Labão, colocou diante
dêle um adversário da mesma fôrça, que o obrigou a exercitar
as suas fôrças e desenvolvê-las completamente. Mas, acima de
tudo, essa luta incessante o levou a sentir que dependia mais da
— 51 —
bênção e da proteção de Deus do que da sua própria astúcia.
Era o homem natural contra o homem natural, exatamente como
disse São Paulo: “ Enganando e sendo enganado” . Jacó, o en­
ganador, encontrou um enganador mais traquejado do que êle
mesmo e, assim, aprendeu que o engano é causa de contenda e
não fator de segurança.
Para terminar esta lição, convém realçar; mais uma vez,
que a inconstância, os interêsses e os enganos dos homens não
anulam a fidelidade de Deus e não impedem a ação da Provi­
dência. Não sabemos como, mas o certo é que Deus combina
os movimentos independentes das criaturas humanas, de modo
maravilhoso, para realizar os desígnios da sua providência.
Qual era o desígnio de Deus na fuga de Jacó?
Hoje nós o sabemos, mas êles não sabiam. Tirá-lo do
ambiente amolecedor do lar mal organizado, para a luta onde
ia temperar o seu caráter. E todos, sem saber, concorreram
para isso: Jacó e Rebeca, para evitar a fúria de Esaú; Isaque,
para evitar o casamento de Jacó com as etéias; e o próprio Esaú,
para não ser obrigado a cumprir o seu juramento de matar o
seu irmão, favoreceu a fuga.
QUESTIONÁRIO:
Quando começou a luta entre os dois irmãos? Qual era a
perícia de Esaú? Que significa Edon? Há negócios insensatos?
Que é que Isaque não sabia? Tôdas as mães ensinam só coisas
boas? Tudo o que os homens atribuem a Deus é verdade?
Quantas vêzes Jacó enganou Esaú? Todos acham o céu um
lugar feliz? Que promessa fêz Deus a Jacó?
CAPÍTULO XI

O HOMEM ESPIRITUAL
Leitura: Gen. 31-32.
Texto Áureo: II Cor. 5:17.
Não importa o que o homem tenha sido, desde que êla
se torne uma nova criatura. Deve-se levar em conta não aqui­
lo que o homem foi e sim aquilo que Deus fêz dêle. E’ por
isso que Deus conserva com vida durante longos anos, com
imensa paciência, homens que são grandes pecadores. E’ para
fazer deles grandes servos e grandes provas do seu poder. Jacó
é um dos melhores exemplos. Por isso, também, Jesus procura­
va os grandes pecadores do seu tempo. Luc. 7 :39. Gal. 6:15.
I Tim. 1:15,16.
Na última lição, Jacó nos foi apresentado como o homem
natural, isto é, como tinha nascido. E’ tempo de afirmar uma
doutrina bíblica da mais alta importância: depois de Adão
cair, ninguém nasce crente. A conversão é indispensável. E'
preciso nascer de novo, disse Jesus. Tôda religião que um
homem tem não substitui o novo nascimento. Às vezes vem
mais cêdo, às vezes mais tarde. Em alguns casos é mudança
repentina, noutros um processo mais lento, mas é sempre o
ponto de partida indispensável da vida espiritual. Em Jacó
tardou muito. Os seus anos já iam adiantados, quando êle
passou pela crise da conversão. Foi na volta para a terra de
seus pais que o fato se deu.
Vamos fixar nesta li^ão os aspectos mais importantes.
1.°

UMA COMPREENSÃO NOVA

Depois de cometer os êrros Jacó nunca mais teve sossêgo. Vivia sempre fugindo, evitando alguém, escondendo al­
guma coisa, encontrando novos conflitos, inventando e pra­
ticando mais enganos — tragédia do homem natural desde
Adão até agora. Nos homens via apenas os inimigos. Ao en-
trar de novo na terra de seus pais teve mêdo da vingança de
Esaú, a quem tinha prejudicado e ofendido. A té então não ti­
nha percebido que não era apenas Esaú, mas também Deus

e a sua ju stiça que tinham sido agravados pela sua conduta pe­
caminosa. A té a experiência da luta com o anjo no vale de
Jaboque, nunca tinha pensado nisso.
O simbolismo daquela luta é lindíssimo. Jacó im agina­
va que Esaú podia impedí-lo de entrar novamente na terra
de seus pais. O anjo que lutou com êle veiu lhe ensinar que
Deus também se opunha a essa entrada, até que êle tomasse um
rumo direito na vida.
Pela prim eira vez compreendeu que
se tinha pôsto em inimizade não somente contra os homens,
mas também contra Deus. Desprezando e violando o direito
dos homens, até aquele dia, tinha estado em luta contínua
contra o Altíssim o e, por isso, nunca tivera descanso. A té en­
tão tinha tido apenas uma compreensão carnal. Só agora co­
m eçava a ver os fatos com os olhos de homem espiritual. Daí
uma visão nova de si mesmo, de seus recursos e do seu engenho.
Y iu que não podia confiar inteiramente na astúcia. Com ela
conseguira tornar-se rico, mas não se fizera feliz. E viu m a is:
que só da bênção de Deus lhe viria a segurança e o descanso
que em vão tinha procurado por tôda a parte.
2.°

L U T A E V IT Ó R IA N E C E S S Á R IA

A conversão de Jacó se deu antes de êle atravessar o
ribeiro do Jaboque. Não ficava bem que êle regressasse à
casa de seus pais no mesmo estado espiritual em que saíra
de lá. E stava na fron teira geográfica e tinha chegado tam ­
bém à fronteira espiritual. Não convinha que atravessasse uma
sem também atravessar a outra. A té então tinha lutado com
os homens, tinha lutado contra Deus, entendendo que a causa
do desassossêgo estava nos outros. Só não havia lutado con­
sigo mesmo. Subjugara, pela astúcia, o irmão violento; ven­
cera, pela astúcia, a sagacidade de Labão. O seu nome sig n ifi­
cava suplantador. Sabia vencer e suplantar os outros, mas não
sabia vencer-se a si mesmo. O texto diz que êle ficou só. Não
se via por ali nenhum inimigo. Nessa altura é que o anjo apa­
receu e lutou com êle. Diz o texto que o anjo não conseguiu
prevalecer contra Jacó. Uma leitura superficial daria a en­
tender que Jacó superou o anjo fisicam ente. Mas o narrador
se encarrega de desfazer essa interpretação, porque diz que o
anjo, não podendo prevalecer contra Jacó, tocou-lhe na ju n tura
da coxa e a deslocou. O que mostra que o anjo dispunha de
fôrça para vencer fisicam ente o patriarca.
A resistência de Jacó, portanto, não era física. D evia
ser espiritual. E foi preciso que o anjo o atingisse fisicam en-
te, para que êle compreendesse que não tinha outro recurso
senão submeter-se. Jacó, até ali, havia suplantado os inimigos e,
nesse dia, suplantou-se a si mesmo. Aprendeu que só há um
meio de prevalecer com Deus depois de lutar com Êle — é
submeter-se.
Antes da submissão estava pronto a fazer o que Deus
mandasse, se primeiro Deus fizesse o que êle desejava. Gen.
28:20,22. De agora em diante, fa ria tudo sem condição algu­
ma. A luta, a verdadeira luta, deve ter sido íntima, como tam ­
bém o foi essa vitória sôbre si mesmo.
3.°

M U D A N Ç A R A D IC A L

A té aquêle momento Jacó ainda era o mesmo homem ego­
cêntrico, confiado nos recursos humanos, desassossegado e amedrontado, livrando-se de um inimigo para ver-se ameaça­
do por outro. Escapara de Labão, seu tio, e tem ia encontrar-se
com Esaú, seu irmão. T razia na mente ainda o plano de con­
quistar a terra, prevalecendo-se da sua astúcia e da fraqueza
de Esaú.
P or isso, mal soube que o irmão lhe saía ao en­
contro, mandou-lhe uma série de presentes. N a hora crítica
em que sentiu mêdo, fez-se religioso e pediu a proteção de
Deus. Mas, apesar de orar, como êle mesmo disse, tinha con­
fiança era nos presentes para aplacar o irmão. Gen. 32.
Depois da crise já era outro homem. Sua própria a ti­
tude com Esaú era outra. E vê-se no capítulo 33 que a sua
confiança agora estava posta era mesmo na bênção de Deus.
E ’ um exemplo daquilo que disse Paulo: “ A s coisas velhas
tinham passado, e tudo se fizera novo” . Não era ainda uma
pessoa perfeita, mas tinha mudado completamente a raiz da
sua vida moral. Jacó, daí em diante, era de fato Israel.
Convém notar as duas circunstâncias mais im portan­
tes dessa mudança.
a) Deu-se quando êle se achava só. Com efeito, o proble­
ma espiritual deve ser resolvido entre Deus e o homem só.
b) Foi durante uma luta e por meio dela. Ninguém obe­
dece a Deus sem lutar muito consigo mesmo, sem se vencer
completamente.
Ficam bem aqui as palavras do hino 244:

Salvador, eu hoje venho me render;
Só por ti vencido poderei vencer;
Q U E STIO N Á R IO
Que encontrou Jacó no seu caminho de volta?
Que
circunstâncias atem orizavam Jacó?
Que coisa era maior
— 55 —
do que Jacó? Que é que aparecia primeiro: o presente,
ou o irmão? Em que é que Jacó de fato confiava? Quem
ficou na companhia de Jacó? Qual foi o novo nome de Jacó?
Desde quando Jacó manquejava? Qual o primeiro encontro
de Jacó no caminho? Onde passou Jacó a noite decisiva da
sua vida?

— 56
CAPÍTULO XII

CAMINHOS DA PROVIDÊNCIA
Leitura: Gen. 37
Texto Áureo: Isaias 46:10
A história da redenção atinge um dos seus pontos cul­
minantes na vida de José. Além de uma narrativa emocio­
nante, cheia de lances interessantíssimos, a história de José
é uma exposição clara e persuasiva da existência de um pla­
no que a Providência, a despeito de tôdas as circunstâncias
contrárias, vai realizando através da história.
Em Jacó, era esquisito que Deus tivesse escolhido um
homem máu para um plano bom e perfeito; em José, o misté­
rio é o sofrimento de um homem bom. Na história de Jacó
vemos a mão da Providência executando o seu plano com uma
personalidade defeituosa — o trabalho consistiu em afeiçoar
o homem ao plano. Na história de José vemos a continuação
do mesmo plano, por meio de um homem excepcionalmente
bom. Contra êsse homem se levanta a hostilidade não só dos
extranhos, mas da própria família de Israel. E os aconteci­
mentos que seguem, dirigidos pela mão invisível da Providên­
cia, convergem todos na consumação do que Deus tinha deter­
minado fazer.
Pode-se dizer de José que êle é o tipo do homem que
Deus dirige. A narrativa da sua vida nos apresenta o mais
impressionante exemplo da vida dirigida.
A lição apresenta os seguintes pontos importantes:
1.0) PREVISÕES PROFÉTICAS DA PROVIDÊNCIA
Um dos fatos impressionantes na história de José são
os sonhos dêle e de outras pessoas e que êle interpretou.
Os sonhos se cumprem?
Nem todos. Os de José, bem como outros que aparecem
na Bíblia, foram meios que Deus usou para mostrar aos ho­
mens o que só Êle sabe, isto é, uma parte do seu plano. Se
usarmos a linguagem de Daniel, diremos que “ o Deus grande
fêz saber aos seus servos o que há de ser depois.”
Os sonhos da história de José apresentavam as seguin­
tes características:
a) Eram sonhos bem nítidos e sem confusão. Além disso,
repetiam-se com outras imagens, mas apresentando sempre a
mesma idéia. Gênesis 37:7 e 9 é um bom exemplo.
O primeiro sonho apresentava a imagem de molhos de ce­
real; o segundo sonho apresentava a imagem dos astros. Essa
repetição tinha por objetivo destacar a idéia contida na reve­
lação e mostrar que o sonho tratava de desígnios de Deus e
não d.e meras imaginações da mente humana, tão comuns nos
outros sonhos. Gên. 41-32 e Gên. 37:6-10.
b) Êsses sonhos não tratavam de interêsses particulares
ou individuais. Tinham em mira interêsses gerais de raças e,
por meio delas, a salvação daa humanidade.
c) Êsses sonhos se cumpriram à risca.
Cabe aqui a afirmação de uma doutrina. Deus revelou
antecipadamente o que estava para acontecer. Revelou por­
que sabia de antemão. Se sabia, então tudo estava certo. Essa
certeza é o plano de Deus. Os sonhos da narrativa da histó­
ria de José são as primeiras amostras dos caminhos da Pro­
vidência, isto é, dos planos.
2.°) TENTATIVAS INÚTEIS PARA IMPEDIR OS DE­
SÍGNIOS DA PROVIDÊNCIA
Uma vez que Deus ia executar o seu plano por meio
de José, resulta que tudo quanto se fizesse contra êle, era
também oposição ao plano divino.
Os irmãos que já não gostavam dêle, depois de ouvir a
narrativa dos sonhos, começaram a hostilizá-lo abertamente.
Qual a causa da inimizade dos irmãos de José?
a) A superioridade moral e intelectual dêle. Eram maus,
e a retidão de José realçava essa maldade. Além disso, êle
não suportava a vida depravada que êles levavam e os acusa­
va perante o pai. Gen. 3 7 :2.
b) A parcialidade de Jacó que tratava José com mais ca­
rinho.
c) Os sonhos de José que êle despreocupadamente, contava
aos irmãos.
d) O único motivo razoável dessa inimizade era a parcia­
lidade de Jacó.
Em que direção se manifestou a inimizade dêles?
Primeiro, procuraram matá-lo; depois, mudando de
idéia, venderam-no aos Ism aelitas que o levaram para o Egito.
E fizeram isso, como disseram, para impedir a todo transe
que se cumprissem os sonhos dêle. Em outras p a la v ra s: ainda
que o não soubessem estavam tentando impedir os desígnios
da Providência.
Aparece nêsse ponto o aspecto mais maravilhoso da
ação da Providência — aquilo que os homens fazem para im­
pedir, contribui para que se cumpram os desígnios providen­
ciais de Deus.
Sabiam êles que estavam se opondo ao plano de Deus?
E ’ claro que não. I Cor. 2:8. Mas também não igno­
ravam que estavam praticando um ato mau. E is aí o perigo
de fazer mal aos hom ens: a ofensa é contra Deus.
Alcançaram êles o seu objetivo?
Também já vimos que não. Causaram sofrim ento a
José e a Jacó, mas fizeram exatam ente o que era necessário
para acontecer o que êles não desejavam . O ímpio quando
procura impedir o plano de Deus parece alcançar durante al­
gum tempo o seu objetivo, porque a Providência não tem pressa.
E um dia êsses disígnios sábios e certos se cumprem mesmo.
3.°) A S P R E P A R A Ç Õ E S D A P R O V ID Ê N C IA
A hora suprema da vida de José ainda não tinha soado
no relógio de Deus. A ntes que ela chegasse, devia êle chegar
ao lugar que lhe estava designado. Mais do que isso, era in­
dispensável que estivesse preparado espiritual e moralmente
para êsse momento de imensas responsabilidades.
A sorte do filho de Jacó mudava a cada passo. Dois
elementos contribuíram para que êle, submetido a tantas pro­
vas, finalm ente triunfasse. De um lado a sua fidelidade e,
de outro, a bênção de Deus. Gen. 39:2, 21-23.
Muitas vêzes José pensou que tudo estava perdido. E ’
que os caminhos de Deus não são os nossos caminhos.
Se
Deus impedisse a ação dos irmãos invejosos, José, talvez, nun­
ca teria ido além de simples criador de ovelhas. Se Deus des­
vendasse a calúnia da mulher de P otifar, José teria ficado o
resto da vida como simples mordomo do capitão de gu ard a.
Deus, porém, queria fazer dêle outra coisa mais alta — o vice-rei do Egito, o salvador da raça.
V árias vêzes a carreira de José pareceu fru s tra d a : é que
ainda não estava completa a sua preparação e Deus o queria
perfeitam ente adestrado para a missão que lhe tinha desig­
nado.
Grande lição as E scrituras nos ensinam com a vida de
José. Quando Deus deseja um homem, manda prim eiro pro. — 59 —
vá-ío e exercitá-io na escola das tentações, do sofrimento e da
paciência.
Antes de terminar esta lição, convém lembrar que José
é um tipo prefigurativo de Jesus Cristo: um bom entre os maus,
vendido por algumas moedas de prata, que sofre para salvar
aquêles que o maltrataram.
QUESTIONÁRIO:
Com quem andava José? Por que o detestavam? Quem re­
preendeu José? Onde se perdeu êle? Quando comeram pão?
Quem estava sempre com José? Que coisa perdeu José?
Que outra coisa não perdeu? Que serviço prestava José?
A memória é sempre fiel?
CAPÍTULO XIII

A HORA DA PROVIDÊNCIA
Leitura: Gen. 41
Texto Áureo: I Pedro 5:6
Tôdas as coisas têm o seu propósito determinado e há
tempo certo para o propósito. Ecl. 3:1.
Ninguém diria quando José foi preso, quando o copeiro
mór sonhou e depois se esqueceu do companheiro que tinha
interpretado o sonho, ninguém diria que tantas coisas dife­
rentes e desconcertadas fôssem peças articuladas de um plano
só, o grande plano de Deus na história.
Deus mostrou antecipadamente uma nêsga dêsse plano
na vida de José. Que lições tão boas para a edificação do crente.
Vistos êsses fatos, já não podemos perder a confiança
na mão poderosa e sábia que dirige o curso dos acontecimentos.
Afinal chegou a hora de Deus usar o homem que Êle
vinha preparando há tanto tempo. Poderíamos dizer que o
homem e a hora chegaram juntos, para cumprir o plano de
Deus.
1.°) O PLANO E A SUA FINALIDADE
José disse a Faraó que o sonho das vacas magras e das
vaeas gordas, das espigas grandes e das espigas fracas não
era um sonho qualquer. Era um aviso de Deus. No sonho
Deus mostrou que viria, primeiro, a provisão, depois, a fome.
O que parece indicar que, embora sejam insondáveis os desíg­
nios da Providência, o homem pode tomar na sua execução uma
parte operosa e inteligente.
Junto com o sonho, Deus deparou um homem que o pu­
desse interpretá-lo.
Que finalidade estaria sendo visada?
Observe-se o seguinte:
— 61
a)
Os sábios fracassaram na sua tentativa de interpreta­
ção. O copeiro logo se lembrou de José. Evidentemente, Deus
desejava que a interpretação fôsse feita pelo seu servo: assim
José se tornaria pessoa influente e poderia proteger a raça
escolhida.
F icaria nisso a finalidade do plano?
Parece que não. P a ra proteger a raça Deus poderia ter
impedido a fome, mas não o fez. E ’ que Deus move os homens
por meio da necessidade. E ra preciso levar a raça escolhida
ao contacto com uma civilização superior, a fim de prepará-la
para a sua missão histórica. Em outras p a la v ra s: Deus não
os trouxe do E gito para salvá-los da fo m e ; enviou a fome para
trazê-los ao Egito.
Podemos corrigir aqui um êrro grande a respeito da ora­
ção. A oração não existe para nos desembaraçar da necessida­
de, mas a necessidade para nos induzir à oração.
2.°) O P L A N O D A P R O V ID Ê N C IA E A A T IV ID A D E DO
HOM EM
Se Deus predisse a Faraó o que estava para acontecer,
então parece que tudo já estava prefixado e, portanto, nada
restava para Faraó fazer. Podia cruzar os braços. Essa, po­
rém, não foi nem a opinião, nem êsse o conselho de José. Pelo
contrário: recomendou medidas urgentes para prevenir a mi­
séria, enceleirando trigo durante os anos de fartura. A f ir ­
mou uma verdade im portante: uma vez que Deus já prefixou
e mostrou o que há de fazer, nós ficam os sabendo com tôda a
exatidão o que também nos compete fazer.
Se Deus não tivesse um plano sábio e exato, se os acon­
tecimentos se dessem ao acaso, se o mundo andasse à matroca,
então, sim, não adiantava nada o nosso esforço. Podiamos
cruzar os braços. Mas há um plano, uma direção firm e dos
acontecimentos, uma articulação sábia das circunstâncias. Po­
demos ag ir e trabalhar com tranquilidade. Não perderemos
nem o tempo, nem os esforços.
3.°) S U R P R E Z A S E O PO R T U N ID A D E S DO P L A N O
Nada como um dia depois do outro. Naquela hora som­
bria em que José, amedrontado, teria suplicado a seus irmãos
que lhe poupassem a vida, êle, que era sonhador, estava longe
de sonhar que um dia as posições se inverteriam . E foi o que
se deu.
Podemos dizer, muito reverentemente, que há um cer­
to humorismo nas execuções da Providência. Ora, vejam os:
— 62
Qual fo i uma das causas da irritação dos irmãos de José?
O sonho que parecia predizer que êles se prostariam
diante dêle. P ara impedir isso, trataram -no com deshumana
dureza. Pois bem, quando foram comprar trigo no Egito, cum­
priram literalm ente o sonho de José, prostrando-se diante dêle.
Gen. 42:6; 43:26; 44:14 e 50:18.
Mas a execução do plano não traz apenas surprezas;
traz também explêndidas oportunidades que os homens, in fe­
lizmente, nem sempre sabem aproveitar.
José era sábio: aplicou aos irmãos o tratam ento que se
tornava necessário e, assim, pôde ve rifica r que êles não eram
homens completamente perdidos. Repeliram com energia o
roubo da taça, colocaram-se solidariamente ao lado de Benjamin e voltaram com êle ao Egito. Um deles, preferiu fazer-se
escravo a voltar sem o irmão para casa.
Quantas surprezas! E, além do mais, José foi longânimo com seus irmãos.
A singela exposição que acaba de ser feita nos mostra
que ao redor de nós há fôrças e circunstâncias que não obede­
cem ao nosso comando. Nunca sabemos o que elas nos obriga­
rão a fazer.
Jacó, por exemplo, resolveu não m andar mais ao E g i­
to buscar trigo. E mandou.
Vim os também que a hora do castigo chega mesmo e
que Deus, h aja o que houver, conduz as coisas para um desfêcho feliz, quando e como só Êle sabe.
Q U E S T IO N Á R IO :
Quem ficou em companhia de José? Que sonho se cum priu?
O estômago argum enta? Se não houvesse fome Jacó teria
dito “ pode ser que fôsse ê rro ” ? Confiou Jacó em Deus, ou
no presente? Quantas vêzes se cumpriu o sonho de José?
.Quem era como F araó? A que hora José alm oçava? Os f i ­
lhos de Jacó disseram a verdade? Só as mulheres choram?

— 63 —
CAPÍTULO XIV

A EXATIDÃO DA PROVIDÊNCIA
Leitura: Gên. 45 a 50.
Texto Áureo: Gên. 50:19.
Para o observador pouco instruido e superficial, o céu
dá uma impressão de desordem: as estréias parecem espalha­
das no firmamento, sem plano ou disposição. Entretanto, sa­
bemos que, apesar dessa aparência, há no firmamento uma
disposição planejada de todos os astros que ocupam posições
rigorosamente exatas e executam movimentos regulares e har­
moniosos. Nada acontece por acaso e nada fica fora do seu
lugar.
A mesma impressão errônea temos da história e da vida
humana. Parece que os fatos acontecem sem plano e sem or­
dem, como se não existisse um govêrno, uma Providência para
dirigir os acontecimentos.
As lições que estamos estudando ajudam a perceber que
essa desordem é também aparente. Os fatos da história humana
obedecem a causas e leis muito mais misteriosas que as causas
e leis do mundo físico. São incomparavelmente mais difíceis
de compreender e de explicar, mas, nem por isso, deixam de
obedecer à direção sábia de uma Providência e de executar
um plano.
O fim do livro de Gênesis demonstra, de maneira mui­
to simples, esta verdade que estamos enunciando: a exatidão
da Providência. Podemos estudar o assunto em três aspectos.
1.°)

OS TEMPOS DA PROVIDÊNCIA

I V .. M
-.

Aí aparecem as nossas primeiras impressões erradas
porque, às vêzes, parece que a Providência tarda. E, para cor­
rigir o êrro dessa impressão, a sabedoria popular comete outro
êrro dizendo: Deus tarda, mas não falha” . A verdade é que
— 65
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História da Redenção ( pdf ) Jose Borges dos Santos Júnior

  • 1. w Jose Bornes dns M nins Jp .IHR a
  • 2. Jcsé Borges dos Santos Júnior H i s t ó r i a da R edenção ☆ ) & Composição, Impressão e Distribuição de "O PURITANO" órgão oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil
  • 3. “ A SEMENTE É A PALAVRA DE DEUS” . Quando o grande Semeador disse essas palavras, o que então existia eram as Escrituras do Velho Testamento que Êle citou tantas vêzes e de maneira sempre respeitosa. Depois que Êle deixou o mun­ do, vieram as outras Escrituras — os Evangelhos, os Atos e as cartas do Novo Testamento. Tudo isso é o celeiro onde o semeador, fiel à sua missão, pode encontrar a bendita semente da verdade revelada, para lançar com esperança e confiança no coração dos homens. Conservo bem firme no meu espírito a convicção de que a tarefa mais importante da Igreja continua sendo a dissemi­ nação da Bíblia. Assim, também, o trabalho dos pregadores do Evangelho, dignos áêsse nome, consiste em expor com tôda a fidelidade possível os ensinos do grande Livro de Deus. . . . Haverá expositores e expositores: uns mais, outros me­ nos cultos, mas a grande contribuição cultural que os prega­ dores poderão dar ao país é a exposição sistemática, perse­ verante e competente da Bíblia. Não nos impressionemos com as modernices que andam por aí: emparelhada com estas modernices, que põem em dú­ vida a Inspiração, apresenta-se uma impressionante decadência de costumes. “ Prega a palavra” , escreveu há muito tempo o apóstolo, e acrescentou: “ Tempo virá em que não sofrerão a sã doutri­ na, mas procurarão para si mesmos mestres conforme os seus próprios desejos e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas.” Compete-nos ensinar a Palavra. é estudar e expor a Bíblia. A maior necessidade Estas lições, onde não há qualquer pretenção a ensino original, tem por objetivo oft jecer ao povo simples e piedoso das igrejas um,a singela exposição das Escrituras, em que o leitor possa acompanhar com facilidade o fio da História da Redenção, e ver a continuidade da intervenção da Providência. E’ um livro para o povo. Um povo que conheça as Escrituras e obedeça ao seu ensino, será sempre um grande povo! O Autor.
  • 4. NOTAS EXPLICATIVAS As lições constantes dêste curso são genuinamente bí­ blicas. Seguem o fio histórico das Escrituras Sagradas. Seu objetivo não é ensinar noções históricas, geográficas ou socio­ lógicas da Bíblia. Não é tão pouco o ensino de moral. Tem uma finalidade doutrinária e religiosa. A análise dos acontecimentos e a apreciação dos perso­ nagens visam destacar as doutrinas fundamentais da revelação que se acham na Bíblia. Por isso entendemos que nenhum no­ me quadra tão bem a êste curso como “ História da Redenção” . Porque a Bíblia não foi escrita para ensinar geografia, nem qualquer outra ciência, nem ainda moral. Seu objetivo é a redenção dos homens. Para bom proveito do estudo é indispensável que alunos e professores usem a Bíblia. Método: Os professores devem exigir que os alunos leiam, durante a semana, os trechos indicados e tragam res­ pondidas as perguntas do questionário. Como as lições tratam de assunto profundo da revela­ ção, vão surgir muitas perguntas interessantes e algumas bem difíceis de responder. Em vez de dar uma resposta qualquer, os professores devem consultar os pastores ou, se preferirem, os redatores da lição. Além das lições sôbre a Bíblia há seis lições suplemen­ tares sôbre perguntas do Br^ve Catecismo. As lições abrangem um ano de estudo. E ’ um trabalho modesto, onde aparecem imperfeições de quem, está no meio das aperturas de um pastorado intenso. José Borges dos Santos Jr.
  • 5. A HISTÓRIA DA REDENÇÃO Leitura: João 1:1-18. O estudo desta matéria deve começar com uma pergunta: De onde viemos, para onde vamos e para que existimos ? Cada um de nós quando nasce já encontra uma família, uma cidade, um povo, uma raça da qual faz parte. Acha tam­ bém as organizações, as invenções, tudo aquilo que o homem realizou até o dia em que nós aparecemos neste mundo e des­ cobrimos que existimos. Encontramos o que já existia antes do homem e aquilo que o homem inventou e construiu. De onde veio o mundo? De onde veio a raça que está no mundo,' aumentando, lutando e sofrendo? E para que é que existe essa raça? Para onde vai, ou melhor, para onde marcha a civilização dessa raça? São perguntas legítimas, inquietadoras, normais e até obrigatórias. Há um livro que trata da matéria dessas per­ guntas e apresenta as únicas respostas verdadeiras e satisfa­ tórias. Êsse livro é .a Bíblia. Que é a Bíblia ? O nome está dizendo: é uma biblioteca especializada num assunto — religião. Examinando essa biblioteca descobrimos que ela come­ ça com uma narrativa que se prolonga até os primeiros anos da era cristã. Verificamos que os primeiros livros dessa bi­ blioteca apresentam uma seqüência histórica. Podemos dizer que começa com a história do homem e termina com a história da raça separada para um fim especial. Não existe uma his­ tória de todos os homens, isto é, da humanidade inteira em todos os tempos, mas apenas uma história geral. Só a Bíblia trata da história do homem no seu início. Podemos dizer que há dois modos de contar a história do mundo e do homem: o divino e o humano. A história humana pode-se chamar história geral, his­ tória da civilização, etc..
  • 6. À história divina, muitas vêzes chamada história sa­ grada, deve chamar-se, com mais propriedade, história da re­ denção. Êsse título convém mais porque inclui não só os fatos vis­ tos pelos olhos de Deus, mas também a revelação dos princípios que interessam à redenção do homem. Comparando uma história com outra descobrimos alguns pontos de diferença: 1) Só Deus conhece a origem do mundo e do homem. E somente Êle vê o plano completo do mundo e da raça que nêle habita. Em outras palavras: os homens narram aquilo que já aconteceu. Deus também, mas que já era do seu conhecimen­ to antes que acontecesse. Jó 38:4. Isaías 46:9-11. 2) O homem vê apenas a conduta dos outros homens. Deus vê o homem interior, sabe os motivos, conhece as causas da conduta e, por isso, não pode cometer enganos. Ao passo que o homem, considerando os fatos, pode apenas presumir os motivos íntimos que os produziram. I Samuel 16:7. Salmo 139:1, 2, 3, 4, 14, 15, 16. 3) O historiador humano depende do testemunho de ou­ tros homens para escrever a história. Deus é a testemunha constante, onipresente, infalível nn sua apreciação dos fatos. Apoc. 3:14 e 1:5. 4) Por muito que o historiador procure ser imparcial êle, ainda que não o queira, está sujeito à contingência de contar a história de um ponto de vista unilateral e até faccioso. A história geral é uma prova disso. Os marcos, em geral, são guerras, conquistas onde os protagonistas dificilmente são apresentados com imparcialidade. A Bíblia, não. Ela narra a história com uma finalidade específica e superior que exige a apresentação do homem, quem quer que êle seja, exatamente como êle é e sem nenhum retoque. Que finalidade é essa? Levar o homem ao reconhecimento de seu estado peca­ minoso e de sua completa dependência de Cristo para à sua sal­ vação. I Cor. 10:11, Gál. 3:24. Daí o nome — História da Redenção. Divisão: A história da redenção, no Velho Testamento, está di­ vidida em sete períodos. 1. Da Criação ao Dilúvio (Adão a Noé). Gên. 1 a Gên.7; 2. Do Dilúvio à Chamada de Abrão (Noé a Abrão). Gên. 7 a Gên. 12. — 8 —
  • 7. 3. 4. 5. 6. 7. Da Chamada de Abrão ao Êxodo (Abrão a José). Gên. 12 a Êx. 12 Do Êxodo à Fundação do Reino (Moisés a Samuel). Êx. 12 a I Sam. 10. Da Fundação do Reino ao Cativeiro da Babilônia (Samuel a Jeremias). I Samuel 10 a II Crônicas 36. Os 70 anos de cativeiro. (Daniel) II Crônicas 36 a Esdras e Nehemias. Da Volta do Cativeiro ao Nascimento de Jesus — (Nehe­ mias e Esdras). Esdras, Nehemias e Malaquias. QUESTIONÁRIO: Onde podemos encontrar a verdade? João 17:17. Que impressão tem o homem depois que Deus lhe mostra a verda­ de? Jó 42:3. Como é que sabemos a história da criação? He­ breus 11:3. A Bíblia narra só o que já aconteceu? Apoc. 1:1. Qual é a finalidade das narrativas da Bíblia? I Cor. 10:11. Quem marca as horas e os tempos da história? Dan. 2:21. Desde quando Deus conhece os fatos da história ? Isaías 45:21.
  • 8. CAPÍTULO I AS ORIGENS Leitura: Gênesis 1. A nossa biblioteca religiosa, a Bíblia, tem um livro espe­ cializado neste assunto: a origem das coisas. Não é um livro científico, porque a ciência é muito va­ riável, é humana, é relativa, é militante, não é definitiva. Há uma ciência para cada época, mas a Bíblia fala para tôdas as épocas. O livro especializado tem exatamente êste nome — ori­ gens, princípios. Quando e como nasceu o mundo? O primeiro verso da Bíblia, em poucas palavras, res­ ponde com perfeita sabedoria a essa pergunta. Quando nasceu? — No princípio. Antes de existir o mundo não existia calendário, por­ que o calendário faz parte do mundo. Por isso a Bíblia diz, magistralmente, apenas isto — no princípio. Como nasceu? — Deus criou. Não podia nascer do nada, portanto, antes do mundo existir, já existia o Eterno, o que não tem princípio. Nestas primeiras palavras a Bíblia estabelece a mais verdadeira distinção entre as coisas que existem — o Eterno e o principiado. Só Deus não tem princípio. O mais são os céus e a terra, imensos, misteriosos, insondados — mas tive­ ram princípio. A palavra Gênesis significa origens e, por isso, o livro começa a sua narrativa indicando o* Àutor eterno e a criação temporal. Há dois grandes livros: o livro da natureza e o livro da revelação. Livros de Deus. No primeiro, vemos apenas o livro e, pelo seu grande V
  • 9. estilo, percebemos indiretamente a existência do Autor eterno. No segundo, aparece o nome, o caráter, o pensamento e, também, os desígnios dêsse mesmo Autor. A interpretação da natureza chama-se ciência. A in­ terpretação da revelação chama-se teologia. Há conflitos entre a teologia e a ciência. A teologia e a ciência passam, mas a verdade de Deus que aparece nos seus livros, permanece para sempre. O Gênesis apresenta simplesmente um sumário das origens. 1.° O grande ato onipotente da criação universal — os céus e a terra. A palavra terra, aí, não significa globo terráqueo, mas a parte material de tôda a criação universal, como a palavra céu indica a criação de todos os sêres espirituais. Repitamos: a expressão os céus e a terra inclui tudo o que teve princípio, tudo o que não é Deus. Assim, pois, a primeira declaração da Bíblia refuta o materialismo, o ateísmo, o politeísmo e o panteísmo, assim como a segunda declaração exclui completamente o deísmo. 2.° Seguindo do geral para o particular, a narrativa trata da criação do cenário da vida humana. A narrativa se caracteriza: a) pela unidade do plano da criação; b) pela ordem progressiva, fazendo aparecer, primeiro o simples e, depois, o complexo; c) pelo princípio de economia, porque Deus ia usan­ do o que já tinha criado; d) pelo monogenismo da obra, por­ que atribui tudo a um Criador só; e) e pela finalidade da criação, porque, após à conclusão de cada fase do plano, o Autor dizia que estava bom, isto é, cumpria bem a sua finalidade. Há dois verbos empregados nessa narrativa para indi­ car os atos criadores. O verbo barah, usado em três lugares, para indicar a criação da matéria, da vida animal e da alma. Nos outros é o verbo asah, que significa ageitar, afeiçoar, dar forma. A ordem da criação, como está no primeiro capítulo do Gênesis, é a seguinte: 1.° dia — Atividade luminosa da matéria: luz cósmica. 2.° dia — Condensação e individualização sideral da ma­ téria: aparecimento da expansão ou espaço. 3.° dia — Individualização da terra e o aparecimento dos mares e continentes: criação da vida vegetal. 4o dia — Individuálização da luz: luz sideral, solar e lunar. 5.° dia — Animais inferiores. 6.° dia — a) aves e mamíferos; b) o homem.
  • 10. Alguns teólogos propõem a seguinte analogia com os da­ dos da ciência: 1. Início de atividade da matéria — resultado a luz. Vs.3. 2. Desagregação planetária: a terra — Vs. 6-8. 3. Configuração das terras e das águas — Vs. 9-10. 4. Sinais da vida: vegetais e protozoários. Vs. 10-12. 5. Luz solar que dá energia e com a luz lunar e sideral ofe­ rece os meios para divisão do tempo — Vs. 14-18. 6. Aparecimento de várias espécies da vida animal. Vs. 20-23. 7. Aparecimento dos mamíferos, vertebrados superiores. Vs. 24-25. 8. Aparecimento do homem — Vs. 26-30. — (Prof. Dana, da Universidade Y ale). A ciência bem fundamentada nos fatos e na experiên­ cia concorda com a Bíblia no seguinte: o homem não pode criar nem a matéria, nem a vida, nem a alma. A ciência conclui pela negativa: o homem não pode. A Bíblia pela afirmativa: Deus criou. A criação está dividida em duas grandes fases: a pri­ meira narrada do verso 1 ao verso 13; a segunda, do verso 14 ao verso 27. Ambas iniciam com a luz e terminam com a cria­ ção de uma coisa inteiramente nova. A linguagem do livro não é científica. E’ uma lingua­ gem simples, própria para expressar os grandes acontecimen­ tos da criação, em termos exatos e ao mesmo tempo accessíveis ao entendimento de qualquer leitor. E nisso está uma das grandes maravilhas do livro. Diz exatamente o que é neces­ sário, sem empregar uma linguagem técnica. Um exemplo é a palavra “ dia” . O vocábulo hebráico significa período ou me­ dida de tempo. Pode também indicar a duração de qualquer pe­ ríodo luminoso. No texto de Gênesis 1 é empregado para indicar períodos luminosos de duração muito diferente. Verso 5 — período indeterminado de luz; verso 14 — períodos divisio­ nários do ano, 24 horas; verso 18 — período em que o sol está acima do horizonte; Gên. 2 :4 — período geral da criação. Vejá-se também Levítico 25:29 e Juizes 17:10. Só Deus, que assistiu à criação, nos poderia dizer como as coisas se passaram. A narrativa do Gênesis é sóbria, simples, inteligível, bre­ ve, simplesmente magistral. Há mistérios muito grandes que um dia, talvez, pos­ samos compreender perfeitamente, mistérios que não anulam as certezas alcançadas. Disse um grande professor americano, Bowne; há duas grandes perguntas: — 13 —
  • 11. Quem fêz o mundo? Só há uma resposta racional: Deus criou o mundo. Como Deus criou o mundo? Não há resposta racional. Nós, os crentes, fazemos nossas as lindas palavras que se encontram na carta aos He­ breus: “ Pela fé entendemos que os mundos foram criados pela Palavra de Deus” . QUESTIONÁRIO: Como era a terra 110 princípio? Que é que não pode andar misturado? Quem deu nome às coisas? Que houve no pri­ meiro dia? A erva foi pintada antes, ou depois de nascer? Que existiu primeiro: a galinha ou o ovo ? Quem foi 0 primeiro relojoeiro? Que é que vem primeiro, a tarde ou a manhã? Qual é o feitio do homem? Qual é a finalidade do homem? Que tal a criação? _ _ 14 _
  • 12. CAPÍTULO II A CRIAÇÃO DO HOMEM Leitura: Gên. 1:26-31 2:5-24. Disse Camões que o homem é “ um bicho da terra, tão pequeno” . Entretanto, apesar de todos os contratempos e revêzes que o poeta descreve, o homem encheu a terra e dela tomou conta. E’ que assim estava escrito e para isso foi êle criado. Que sabia Moisés das dimensões da terra? Entretanto, afirmou que Deus, depois de criar o homem, lhe disse que enchesse a terra e a dominasse. Moisés, autor do livro, não escreveu de si mesmo, mas por inspiração divina. O livro das origens faz duas narrativas. A primeira é a narrativa geral da criação e nela aparece como parte e, em resumo, a criação do homem. A segunda trata só da cria­ ção do homem. Preparado o cenário grandioso, vai aparecer" o protagonista. À narrativa da sua criação o Autor consa­ gra um capítulo especial. A lição pode ser dividida em três partes: 1.°) O ATO CRIADOR A narrativa mostra que há diferença entre a criação do homem e a criação dos animais. Na criação dos animais a expressão que Deus usou foi a seguinte: “ Produza a terra” . Na criação do homem, é di­ ferente, disse: — “ Façamos o homem” . O verbo designado para expressar o ato criador é, outra vez, o verbo barah, indicando que Deus vai introduzir um ele­ mento novo — a vida racional. Quando trata dos animais o livro diz apenas o seguinte: — 15 —
  • 13. “ conforme a sua espécie” , o que mostra que êsses sêres vivos não têm semelhança com espécies anteriores. Falando do homem, porém, diz: “ Façamos o homem à nossa imagem e semelhança” , em vez de falar “ conforme a sua espécie” . O homem foi feito segundo um feitio anterior. E, para que êsse aspecto da criação ficasse bem marcado, o Autor repete a expressão, dizendo: Fêz Deus o homem à sua imagem. A narrativa diz que Deus fêz o homem do pó, mas não diz como foi que Deus fêz. E é notável que Deus não se di­ rigisse à terra para dizer “ produza” . Não diz também se era pó animado ou inanimado. Em qualquer dos casos, o aparecimento do homem exi­ giu um ato criador e onipotente. O homem é uma criação imediata e direta de Deus. Deus o fêz. Nêsse ato criador o que Deus fêz não foi apenas o in­ divíduo, mas o casal, isto é, o homem. Em outros termos: a raça humana. Daí a expressão que se vê no verso 26 — “ do­ minem” , e no verso 27 — “ macho e fêmea” os criou” . 2.°) A NATUREZA DO HOMEM Do que se disse acima, ficou estabelecido que o homem é um ser não só diferente dos outros animais, mas de ordem superior. E’ a chave de ouro da criação. As Escrituras di­ zem dêle duas coisas: a) Que tem alma vivente. Os animais também têm alma vivente. O homem é se­ melhante aos animais. Não era preciso que a Bíblia dissesse isso para nós o sabermos. Como os animais, êle é da terra, Veio da terra e voltará para a terra. Gên. 2:7 e 3:19. Ecl. 3:18-20. b) Que é semelhante a Deus. Tem, portanto, uma natureza dupla. E’ como diz o Eclesiastes quando descreve a morte do homem: “ O pó volta à terra como o era, e o espírito volta a Deus que o deu”. O homem não é só da terra. Em termos mais precisos, ou acadêmicos, poderíamos dizer que o homem é personalidade: tem consciência própria e determinação própria. Consciência própria, porque se dis­ tingue de tudo mais e nada faz sem saber o que está fazendo. O homem não se confunde com as outras coisas. Tem deter­ minação própria, porque tem a faculdade de obedecer ou não obedecer, conforme queira. Deus plantou uma árvore no jardim. Se o homem fôsse apenas um animal, teria colocado uma cêrca ao redor dessa 16 —
  • 14. árvore. Em vez de fazer uma cêrca, fêz uma proibição, por­ que o homem não é um animal. O animal é apenas instinto; o homem é mais do que isso; razão e consciência. A lição nos apresenta o homem ideal, no seu estado de inocência, livre, bom, feliz e sem malícia. Gên. 2:16, 17, 25 — Ecl. 7:29. 3.°) A FINALIDADE DO HOMEM Diz a narrativa que Deus tomou o homem e o pôs no jardim para o lavrar e guardar. Essa declaração ensina vá­ rias coisas importantes. a) O homem foi feito para se associar com Deus no trabalho de realizar na terra um plano divino, isto é, para cuidar daquilo que Deus fêz: é cooperador de Deus. b) O trabalho, longe de ser castigo ou causa de sofri­ mento, é, pelo contrário, a verdadeira finalidade do homem. E’ uma expressão da vida inteligente. O castigo consiste, como se verá depois, na degradação do trabalho, isto é, na sujeição ao estômago — trabalhar para comer. c) Deus não entregou ao homem uma obra consumada e sim alguma coisa que o homem deve afeiçoar. Só isso lhe dará felicidade. Fêz um jardim, um lugar de felicidade, mas que o homem tinha de lavrar e guardar. Essa lição sugere outra mais importante e profunda — o próprio homem é também assim. Deus o fêz inocente e feliz, mas deixou nas suas mãos confirmar sua inocência e felicidade pela obediência voluntária. E’ necessário observar que Deus não colocou o homem simplesmente no cenário grandioso do mundo, mas num lugar adequado, com circunstâncias favoráveis à felicidade e neces­ sário à prova, disciplina e à estruturação definitiva da sua per­ sonalidade. Mostra a narrativa que o homem é um ser gregário: “ não é bom que o homem esteja só” . Ao descrever a criação da mulher a narrativa mostra que a família é uma instituição idivina. Nela, e não no homem individual, está a unidade primaTiarda grei humana. A mulher foi tirada do homem e, por­ tanto, é do mesmo elemento. E, por isso, não obstante certas diferenças constitutivas, não é inferior ao homem. Comparando-se com a narrativa bíblica o desenvolvimen­ to da raça na terra em todos os seus aspectos e, recorrendo a dados positivos da ciência e não a hipóteses precárias e discutí­ veis, sente-se que, apesar de resumida, a narrativa bíblica da criação do homem é grandiosa e verdadeira. Não faz da cria­ tura humana um ser tão alto que não pudesse ainda subir — 17 —
  • 15. mais nem o faz tão baixo que êle não pudesse perceber a sua grandeza e a sua dignidade. Não nos apresenta uma fantasia, mas traços verdadeiros que, não obstante a longa evolução do homem até o dia de hoje, se conservam vivos e apegados em sua natureza. QUESTIONÁRIO: O homem era carnívoro? Que encargos recebeu o ho­ mem? Quem foi o primeiro jardineiro? E o segundo? Quem fêz a árvore da ciência do bem e do mal? A árvore da ciência do bem e do mal era agradável à vista e boa para comer? De onde formou Deus todo o animal do campo e tôdas as aves do céu? Quem fêz o primeiro batizado? O Eden era um jardim? Como era o primeiro regador? Que semelhança há entre o ho­ mem e o animal ? Quando e por quem foi feita a primeira narcotização ?
  • 16. CAPÍTULO III O PRINCÍPIO DO PECADO Leitura: Gên. 8 Texto Áureo: Rom. 5:12 Disse Pascal que duas coisas nos impressionam quando consideramos o homem: a sua grandeza e a sua miséria. Êsse contraste aparece também em nossa maneira de tratá-lo, por­ que falamos dêle como se fôsse a chave de ouro da criação e o tratamos, muitas vêzes, como se fôsse o pior inimigo, e dêle nos precavemos por mêdo e desconfiança. Em outras palavras: há diferença entre o homem idealizado, que é perfeito, e o homem real que é uma contradição de grandeza e miséria. O homem terá sido sempre assim? Diz a literatura e a Bíblia que não. Ovídio, nas meta­ morfoses, fala de uma época em que o homem era bom, justo e feliz. Depois, se corrompeu. A Bíblia diz que Deus fêz o homem bom, mas o homem caiu e se degradou. Quando e como caiu? O livro das origens tem um capítulo dedicado a êsse tenebroso acontecimento que transformou completamente a fe­ licidade do homem e os seus destinos na terra. O livro das origens não vai desvendar o segrêdo da origem do mal; vai apenas contar como foi que o homem principiou a ser pecador. Pela narrativa sabemos que havia pecado e sêres pe­ cadores antes do homem também se fazer pecador. Quando êsses outros sêres se tornan - pecadores, não sabemos. Deus deixou a explicação dêsse mistério para mais tarde. I Cor. 13:12. Sabemos, também, três coisas: que houve uma tenta­ ção, um ato pecaminoso inicial e uma irremediável mudança moral do homem depois dêsse primeiro ato pecaminoso. Esta é a divisão do nosso estudo. 1.°) A TENTAÇÃO 0 tentador disfarçou-se sob as aparências de uma cria-
  • 17. tura que, segundo diz a narrativa, era astuta. Sabemos que não se trata de uma serpente qualquer, porque a Bíblia o diz: Apoc. 12:9, O tentador tomou a forma de um animal que a mulher já conhecia. Revestido dêsse disfarce, o tentador pro­ cedeu com o seguinte método: a) Fêz a mulher pensar naquilo que Deus tinha proibido. O pensamento nas coisas que uma pessoa não tem e não pode ter, aguça o desejo de possuí-la. Mas nada aguça tanto o desejo como pensar numa coisa proibida. Primeiro passo da tentação: fazer pensar em coisas proibidas. b) Confundiu a verdade com o êrro, o bem com o mal. Fêz promessas que, em parte, se cumpriram, e em parte, não. Por exemplo: êles ficaram sabendo, por experiência, o que era o bem e o mal, mas não se tornaram como Deus. c) Exagerou, de um lado, as prerrogativas do homem e, de outro, a severidade de Deus, dando a entender que Deus sonegava de suas criaturas aquilo que lhes deveria conceder e que Êle reserva para si mesmo só. Apelou para uma neces­ sidade natural — a curiosidade, e indicou um meio ilegal para satisfazê-la — a desobediência. d) Procurou, astutamente, introduzir o assunto da ten­ tação e entabolar conversa, aparentando ignorar os termos da proibição. Negou a veracidade de Deus — “ não morrereis” . E’ impressionante a marcha da tentação no espírito do homem. Uma idéia, uma impressão agradável — “ agradável à vista” ; uma imagem deleitosa — " boa para comer” ; um de­ “ sejo intenso — “ desejável para dar entendimento” ; e um desfêcho trágico — “ tomou e comeu” . O tentador não obriga; sugere o ato, valoriza, embeleza o objeto da tentação. O resto fica por conta do pecador. O diabo deixa a semente na terra e vai embora. 2.° O ATO PECAMINOSO O ato de comer aquêle fruto não era, talvez, em si mes­ mo pecaminoso, o pecado foi a desobediência. Quando a mulher e o homem comeram o fruto da arvore da ciência do bem e do mal, já tinham pecado. O simples fato de pôr em dúvida a veracidade de Deus e, de deliberar sôbre as vantagens de co­ mer aquêle fruto, já era pecado. O ato exterior é pura reve­ lação do pecado que já está estabelecido dentro do coração. Cabe aqui uma pergunta. Quando e como se estabeleceu o pecado no coração? No momento em que a mulher estabeleceu como norma e princípio da sua conduta a sua própria vontade em vez da — 20 —
  • 18. vontade de Deus. Em outras palavras: o pecado começou exa­ tamente no momento em que a mulher resolveu verificar se seria mais vantajoso comer o fruto do que obedecer à ordem de Deus. Ainda que não praticasse a desobediência, já tinha do que se arrepender. 3.°) RESULTADOS DEFINITIVOS DO PECADO A experiência já ensinou que os atos morais do homem modificam o seu caráter. Cometida a desobediência, o homem já não era o mesmo. Primeiro, foi a perversão da sua natu­ reza, com os seguintes aspectos: a) Aparecimento da malícia. Gên. 3 :7 ; b) Diminuição do afeto. Gên. 3:12; c) Revolta contra Deus. Gên. 3:12; d) Perda do bom senso, porque se escondeu de Deus. Gen. 3:8. Em segundo lugar veio a destruição da sua felicidade. a) Sentia-se envergonhado, atribúindo à nudez o que tinha causa no sentimento de culpa. b) Atemorizou-se com aquilo que antes lhe causava grande alegria, isto é, a presença de Deus. c) Foi lançado para fora do jardim. Em terceiro lugar veio uma degradação lamentável. O trabalho que, até ali, tinha sido um traço de nobreza do homem e de sua semelhança com Deus, tomou a forma de uma sujeição detestável, porque o homem passou a depender dêie para satisfazer o seu estômago. Finalmente:— o homem perdeu o acesso à fonte da vida perene e começou o pavoroso reinado da morte. Nessa narrativa não há romance, nada de imaginativo, mas o realismo cru com que a revelação divina apresenta ao homem a tragédia da sua queda e o começo da sua miséria moral. QUESTIONÁRIO: A pergunta da serpente estava certa? E a resposta da mulher? Quando se disse a primeira mentira no mundo? De onde vêm o mêdo? De quem era, afinal, a culpa? Para onde voltará o homem? As árvores são um bom esconderi­ jo? Deus sabia onde Adão estava? Já existia dor antes do pecado ? Antes do pecado o homem dominava a mulher ? Pode-se obter pão sem sofrimento? Quem foi o primeiro alfaiate?
  • 19. CAPÍTULO IV O PROGRESSO DO MAL Leitura: Gên. 4:5. Texto Áureo: II Tim, 3:13. Cometido o pecado, deu-se uma divisão insanável. Des­ de êsse dia duas grandes fôrças se antagonizam no mundo, numa luta sem tréguas. A divisão e o antagonismo aparece­ ram já no seio da primeira família. Tendo se apoderado de uma parte da criação, o diabo começa a empregar enormes recursos para manter a praça conquistada. Na presente lição, veremos o crescimento rápido e ater­ rador do mal, crescimento incontrolável. O objetivo desta lição é mostrar primeiro as caracterís­ ticas da poderosa corrente do mal que defluiu, desde Adão até agora, engrossando-se cada vez mais. E, depois, as manifes­ tações alarmantes do crescimento incontrolável do pecado. 1.° As duas correntes antagônicas aparecem na Bíblia sob muitas figuras e fatos: Noé e os anti-diluvianos; José e os seus irmãos; Josué, Caleb e seus companheiros; Esaú e Jacó; Salmo 1:6; as dez virgens, ovelhas e bodes (Mat. 25). Justos e ímpios. As fôrças do mal se caracterizam especialmente pela violência: Faraó, Acab, Herodes, César. Essa corrente é cha­ mada na Bíblia “ filhos dos homens” . A sua preocupação do­ minante é a posse de coisa« Nota-se que, desde o início, êles procuram afastar as funestas conseqüências do pecado, recor­ rendo à riqueza, à ciência, como também à arte. Para realçar bem o êrro, ou melhor, o engano dessa atitude, a narrativa bí­ blica diz dos outros apenas o seguinte: — “ êles andaram com Deus”. Uns construíram cidades, pondo nelas a sua confiança, outros acharam melhor andar com Deus. 2.° O progresso do pecado não se fêz esperar. Cor­ rompida a natureza, o tentador deixou o homem entregue a si 23
  • 20. mesmo. A semente lançada tinha germinado e, agora, vai cres­ cendo assustadoramente. O mal que vai crescendo apresenta os seguintes aspectos: a) Formalismo e exterioridade do culto. Qual foi o êrro de Caim? — duplicidade. Por fora, ato de culto; por dentro, coração afastado de Deus. Como sabemos disso? A narrativa diz duas coisas: primeiro, que Deus não olhou nem para Caim, nem para seu sacrificio. A razão é simples: Deus olha primeiro para o coração e, só depois disso e achando o coração reto, olha para aquilo que está dentro. Diz m ais: Que Caim não fêz bem. Se tivesse feito bem Deus teria olhado. Isaias 1:13-15. Jer. 17:9-10. A carta aos Hebreus diz que Abel ofereceu maior sa­ crifício pela f é : Q que agradou a Deus, em Abel, foi um fato interior, um fato do coração — a fé. Era o que faltava a Caim. Por fora, homem religioso; por dentro, homem divorciado de Deus, procurando sanar o mal com o culto exterior. b) Inimizade contra o homem e aversão a Deus. Caim não foi tentado pelo diabo. O que provocou o seu ato de violência foi o ato de Abel. Fatos e circunstâncias que teriam estimulado em outras pessoas a prática do bem, desper­ taram nêle as manifestações do mal. E’ que o mal já estava nêle. Em que forma? Amor supremo a si mesmo. Como conseqüência, ódio aos homens e aversão a Deus. Que mal tinha feito Abel? Nenhum. — Entretanto, Caim o aborreceu, como se êle tivesse sido a causa da sua rejeição. I João 3:14, 15. Logo depois, o mesmo Caim, declara que se afastara de Deus e se escondera dêle. c) Violência. A simples aversão não tardou a mudar-se em ódio que o moveu a um ato de violência. A causa de não ter sido aceito era êle mesmo. Era, pois, contra si próprio que se devia virar. Mas, em vez disso, aborreceu Abel e o matou. Essa violência vai ser manifestada na sua descendência. Como diz Marcus Dodds, a maldição do pecado se ma­ nifesta de modo terrível. Quem a executa é o próprio homem. “ No dia em que dêle comerdes, c itmente morrerás” . Mas a primeira morte não foi morte natural, mas um homem matou outro homem. Isso ensina que o mal vem de nós mesmos e não de Deus. d) Luxúria e cinismo. Fortes uns contra os outros e violentos na prática do crime, os filhos dos homens são fracos para governar os seus instintos de luxúria. Na geração de Caim aparece o primeiro — 24 —
  • 21. caso de poligamia. Mais grave do que isso é que a primeira poesia registrada nessa narrativa tão breve, são versos em que Lamech proclama o crime que cometeu. Nada é pior do que a perda do idealismo da vida moral. Reconhecendo-se mau, o homem se acomoda nesse estado, habitua-se com a sua triste deformação e até se vangloria dela. Ao mesmo tempo em que a corrupção tomava êsse im­ pulso assustador, manifestava-se, de outro lado, o poder vitorioso do bem. Os homens começaram invocar o nome do Senhor — surge e principia a geração dos piedosos: Seth, Enos, Matuzalém, Enoque e o patriarca do dilúvio, que agradaram a Deus. Deus nunca ficou sem testemunhas. QUESTIONÁRIO: Para onde é que Deus olha? Em que consiste o perigo de não fazer bem as coisas? O derramamento de sangue é inocente? Quem foi o primeiro arquiteto? Quem foi o pri­ meiro vaqueiro? Quem foi o primeiro músico? E o primeiro caldeireiro? Quem viveu mais tempo? Todos os homens mor­ rem? Quantos anos viveu Enoque?
  • 22. CAPÍTULO V O DILÚVIO Gên. 7, 8, 9. Texto Áureo: Luc. 17: 26 e 27. Certa vez Jesus declarou aos seus opositores: “ Errais porque não conheceis as Escrituras e o poder de Deus” . E é por isso também que o homem peca. A narrativa do dilúvio, tantas vêzes posta em dúvida, exemplifica o que acabamos de escrever. Por essa narrativa se vê que a semente do pecado é vigorosa. Depois de germinar, atinge depressa pleno desenvolvimento. De outro lado, o dilú­ vio, a primeira hecatombe de que temos notícia, exemplifica o que diz a carta aos hebreus: “ Todo o pecado e desobediência recebeu a merecida retribuição” . Cheia a medida, Deus não retarda mais a execução da sua justiça. O objetivo desta lição é mostrar que bases temos nós para crêr na impressionante narrativa que encontramos no livro das origens quando o homem, pela primeira vez, chegou a um estado de completa corrupção. 1.° A BASE NATURAL A narrativa do dilúvio apresenta certas dificuldades. a) De onde viria tanta água? Pelo texto se vê que não foi apenas chuva. Houve um cataclisma de proporções i- .ás amplas. A Bíblia diz que a água veio do céu e da terra, isto é, as chuvas e as fontes do grande abismo. — Gên. 7:11. O grande abismo são os oceanos. Houve, pois, junto com a chuva um transbordamento dos ocea­ nos. Êsse fenômeno, entre outras causas, podia ter duas: I) — Levantamento do fundo dos mares e submersão dos continentes. — (Cuvier). Provas: Há lugares longe dos oceanos a grandes altu-
  • 23. ras onde existem camadas de ostras, horizontais, oblíquas e verticais. Encontram-se ossos de animais, de várias espécies, reunidos num lugar só. Em certas regiões árticas onde nunca teria sido possível a vida, encontram-se cadáveres de animais. Bergiér cita o fato de se encontrarem ossos de animais de um continente noutro continente. II — Um grande degêlo rápido produziu ou auxiliou a inundação (Bernardin de Saint Pierre). O degêlo avolumou a inundação marítima. Êsse cataclisma foi súbito e universal, pois deixou vestígios em tôda a parte. b) Como pôde Noé reunir os animais? A narrativa diz que êles mesmos vieram ter com Noé. A observação mostra que os animais percebem o cata­ clisma muito antes do homem. Reunem-se, instintivamente, no primeiro lugar que encontram. Êsses fatos mostram que há uma base natural para aceitar, sem dificuldade, a narra­ tiva. Acresce ainda que, em tôdas as raças, existem tradi­ ções curiosíssimas de um grande cataclisma em que o. mundo todo foi destruído pela água. Mas, além dessa base, existem outras mais firmes. 2.°) BASE SOBRENATURAL — O PODER DE DEUS Êle é o autor do mundo. Se o homem que é simples cria­ tura pode provocar hoje o desencadeamento das fôrças imen­ sas da natureza, não há razão para duvidar do poder de Deus e dos seus recursos para fazer coisas incomparàvelmente maiores. O pigmeu que fêz a bomba atômica só tem razões para crêr nas imensas possibilidades do Criador de tôdas as coisas. Aliás, quando Jesus falou da ignorância dos seus opositores, disse que era ignorância das Escrituras e do poder de Deus. Essa ignorância acha mesmo muita dificuldade para crêr no ensino claro das Escrituras. 3.°) A BASE ÉTICA A extrema perversão do h. iem e o limite da paciência de Deus. Gên. 15:16. I Pedro 3:20. II Pedro 3:9. Rom. 4:24. I) A paciência de Deus deve ter um limite: quem o afirma é a própria incredulidade. Há pessoas que dizem duvi­ dar da existência de Deus somente porque o castigo dos pe­ cadores tarda em vir. Se Deus existisse, dizem êles, os homens não viveriam impunemente no pecado como vivem. Então, uma vez que Deus existe, há um limite para a sua longanimi-
  • 24. dade. A perversão chega a um limite que exige a imediata in­ tervenção de Deus. Foi o que se deu naquela época e em mui­ tas outras que terminaram num cataclisma. II) A história é uma série de ciclos proféticos. fatos particulares que profetizam outros mais gerais. Como escrevemos acima, em certas épocas de extrema perversão mo­ ral a punição de Deus vem catastroficamente. Veja-se o caso de Herculano, e Pompéia, impressionante pela destruição sú­ bita e pela requintada perversão daquelas cidades. 3:1-10. Cumpre lembrar que Deus não pune sem aviso. Gên. 19:12-14. II Pedro 2:5. 4.°) Jonas U A BASE DA FE’ Mas, acima de tudo o que foi dito, está a palavra auto­ rizada de Jesus Cristo. Mais de uma vêz se referiu Êle ao dilúvio como quem fala de um fato histórico incontestável. E quando falou do dilúvio foi sempre para avisar solenemente os homens da iminência de catástrofes semelhantes, mas incom­ paravelmente maiores. A análise da narrativa do dilúvio apresenta os seguintes aspectos: a) Completa degenerescência moral do homem, carac­ terizada por sensualidade e violência. b) Continuação da estirpe dos piedosos, não obstante a corrupção geral. Noé era diferente dos seus contemporâneos, apesar das suas imperfeições. c) A narrativa mostra a ação contínua da providência divina, no aviso dos pecadores, nos recursos para a salvação de Noé e na orientação de tôdas as coisas para a preservação da semente humana. Há quem se preocupe com discutir se o dilúvio foi par­ cial ou universal. Perda de tempo. O certo é que o gênero humano todo então existente foi atingido pelo cataclisma. E ninguém escapou a não ser aquêle que Deus quis salvar. O essencial é a lição que Jesus aponta nesses aconte­ cimentos. E’ indispensável estar de sobreaviso para não ser f alcançado inesperadamente pelos juízos severos de Deus, na í hora das grandes catástrofes. — 29 Há
  • 25. QUESTIONÁRIO: Há pessoas que só pensam no mal? E ’ possível servir a Deus no meio da perversão? Qual era o sinal da corrupção dos antidiluvianos? Quem foi o primeiro engenheiro naval? Quem disse que Noé era justo? Como expressou Noé o seu espírito de obediência? Quantas pessoas entraram na arca? Quem fechou a arca? Quanto tempo durou o dilúvio? Quando virá outro dilúvio?
  • 26. CAPÍTULO VI A NOVA ERA Leitura: Gên. 9:20-29; 10, 11, 12:1-9. Texto Áureo: Isaias 65:17. Inicia-se, com a lição de hoje, a terceira era da história da redenção. A primeira foi até a queda do homem. Não co­ nhecemos a sua extensão. A segunda vai até o dilúvio. E’ uma fase da história caracterizada por terríveis manifesta­ ções do mal. A terceira era começa depois do dilúvio. Só exis­ te a família de Noé, salva miraculosamente do grande ca­ taclisma. Após o dilúvio Deus estabelece um novo pacto de bene­ volência com a raça porque, se não fôra assim, teria de des­ truí-la mesmo. E nesse pacto êle garante aos homens a dura­ ção contínua das circunstâncias favoráveis e indispensáveis à vida. A lição pode ser em três partes. 1.°) REVELAÇÃO DA RAÇA HUMANA a) A natureza da raça. Antes de descrever a difusão das famílias da huma­ nidade, tôdas elas descendentes de Noé e seus filhos, a Bíblia narra um episódio muito triste da vida de Noé. Embriagou-se com vinho e deu ensejo, assiW a que um dos seus filhos zom­ basse dêle. Êsse fato não foi narrado, nem para ridicula­ rizar o Patriarca, nem para acusar o seu filho pouco respeitoso, mas com o fim de mostrar que, não obstante a sua sincerida­ de e a retidão relativa da sua vida, Noé era participante das fraquezas da raça decaída. O pecado tinha entrado no homem e não saía mais, sendo necessário uma constante vigilância para que êle não se apodere definitivamente da criatura hu­ mana, nêste mundo. Depois de agradar a Deus, pela justiça — 31 — )■ ' .
  • 27. da sua vida, o patriarca se descuidou e o pecado infligiu-lhe uma derrota humilhante. O homem é pecador, e só Deus o pode livrar dêsse estado. A fraqueza de Noé, narrada como está na Bíblia, pode provocar duas reações muito diferentes dos leitores. Muitos alegarão essa hora de fraqueza de um homem bom para des­ culpar as fraquezas da sua própria vida e a tomarão com pre­ texto para continuarem na prática do mal. Outros, porém, verão nesse episódio um sinal, um aviso necessário para to­ marem cuidado e não tombarem como Noé tombou. b) A seguir aparecem as origens raciais. Essa genealogia que aparece no livro das origens esta­ belece o contato das eras pré-históricas com povos que já fazem parte da história. Aí se diferencia, outra vez, a Bíblia da ciên­ cia. A ciência vai até um certo ponto, e pára. A Bíblia, porém, mergulha mais fundo nos tempos desconhecidos da história e, mediante a revelação divina, traz ao nosso conhecimento fatos que ficaram sem testemunho. 2.°) RAÇA A ORIGEM DAS LÍNGUAS E A DIFUSÃO DA O livro das origens vai narrar agora quando e como os homens começaram a falar línguas diferentes. Até aqui, embora divididos em famílias, os homens tinham um traço de união — falavam a mesma língua. Não se tinham esquecido do dilúvio, mas não se lembravam mais da causa que o pro­ duzira. E’ lamentável que as lições morais do passado pouco ou nada aproveitem às gerações seguintes. Em vez de remover a causa do castigo, o pecado, os homens fizeram uma nova ten­ tativa para sustar as suas conseqüências, usando recursos me­ ramente humanos e externos. Resolveram edificar uma tôrre. Nesse ponto fêz-se uma interferência divina. Usando as leis simples da natureza humana, Deus provocou a diversificação das línguas e manifestou-se externamente, verbalmente, uma realidade interior do coração humano — a divisão dos homens. Não sabemos que processo Deu usou, mas a ciência moderna da linguagem tem elementos positivos para provar que as lín­ guas hoje faladas no mundo, têm tôdas origem numa língua só. Trombetti, na Europa, e Bertolazo Stella, no Brasil, têm obras que provam abundantemente o monogenismo das línguas. 3.°) A ORIGEM DA RAÇA ESCOLHIDA Nessa era começa o fio histórico mais importante: a — 32 —
  • 28. história do povo hebreu. Podemos dizer mais importante pelos seguintes motivos: a) O povo hebreu é a raça escolhida para depositária dos oráculos divinos. — Rom. 3:1, 2. b) O povo hebreu surge nesse ponto remotíssimo da história, destaca-se pela superioridade dos seus conceitos reli­ giosos, e não desaparece mais. c) Jesus Cristo, figura culminante da história humana, é filho do povo hebreu. A ponta do fio histórico começado nessa era é o pa­ triarca Abrão. Convém notar o seguinte: I — Deus não' escolheu um homem perfeito, escolheu uma criatura humana com suas fraquezas, mas cheia de fé, e a quem Deus mesmo ia disciplinar e aperfeiçoar. II — O patriarca da raça hebraica se caracterizou por uma fé profunda. Hebreus 11:8. Imprimiu à sua descendên­ cia um cunho moral e espiritual inegualado. III — No comêço dêsse fio histórico Deus, chamando a Abrão, fêz uma miniatura profética da história do povo he­ breu. Basta examinar as promessas da chamada de Abrão, para verificar que os fatos aí profetizados têm se repetido su­ cessivamente na história dêsse grande povo. “ Far-te-ei uma grande nação” — e fêz mesmo. “ Engrandecerei o teu nome” — o nome do hebreu é gran­ de. Salomão, Davi, Mendelson, Einstein, Rotchild, os grandes pilotos das descobertas marítimas, etc.. Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem” . — A história das nações per­ seguidoras de hebreus, bem como dos povos que os tra­ taram bem, confirma impressionantemente essa profecia. Basta lembrar, de um lado, os nomes de Portugal e Espanha e, de outro, Holanda e Estados Unidos da América do Norte. “ Em ti serão benditas tôdas as famílias da terra” . Qual é a maior bênção dos homens? Não é Jesus Cris­ to? Pois bem: Êle era descendente de Abrão. A vida de Abrão, errante pelo Egito e Palestina, foi uma prefiguração histórica da vida errante da sua descendên— 33 —
  • 29. eia através dos séculos, pelo mundo inteiro. Certa vez Frederico, o Grande, perguntou a um teólo­ go se êle podia dar uma prova da inspiração da Bíblia numa palavra só. A teólogo respondeu: Judeu. Êsse capítulo, que acabamos de estudar na sua simpli­ cidade, é uma das provas da inspiração do livro das origens e de tôda a nossa biblioteca. QUESTIONÁRIO: Qual foi o primeiro ato de Noé ao sair da arca? Quem foi o primeiro geômetra? Quantas línguas havia no princípio? Quantos eram os filhos de Noé? Desde quando os homens têm permissão para comer carne? Porque é que o homicídio é crime? Quem foi o primeiro vinhateiro? De onde vieram to­ das as nações ? O hebreu é bênção ? Quando ? A quem foi que Abrão edificou um altar? Qual foi a fraqueza de Abrão? 34 —
  • 30. CAPÍTULO VII FEBCALÇOS DÂ PROSPERIDADE MATERIAL Gên. 13, 14, 15 e 18, 19. Texto Áureo: I TIm. 6:10. A prosperidade material é uma fôrça de.dois.. PjqIqs: pode ser bênção e pode ser maldição. — ^jJrõspCTiHaHe material"T~Sempre uma prova. Pode ser, antes de mais nada, simples pròviT~dê" caráter porque a prosperidade honesta requer muita energia e fôrça de ca­ ráter. De outro lado, a prosperidade alcançada submete o ho­ mem a provas tão fortes que só mesmo um caráter consolida­ do pode resistir. Além disso, a prosperidade material acar­ reta encargos pesados, provoca reações desagradáveis e, às vêzes, se transforma numa causa de sofrimento muito gran­ de. Há ocasiões em que a prosperidade material é mau sin­ toma, mas há outras em que é sinal de bênção. Pode-se dizer que, muitas vêzes, o imenso poder do mal se incorpora na pros­ peridade material para melhor subjugar e destruir os homens. A, história da redenção^no§ apresenta uma narrativa que exemplifica essas verdades na vida de dois homens, co­ locados dentro das mesmas circunstâncias criadas pela pros­ peridade. Êsses homens reagiram de modo muito diferente: foram Abrão e Ló. A lição apresenta os seguintes aspectos: 1.°) PROSPERIDADE E CONTENDA Enquanto eram pobres, Abrão e Ló puderam viver jun­ tos, com amizade e entendimento. A mesma terra supria re­ cursos suficientes, tanto para a vida de um como para a vida de outro. Mas a riqueza de ambos cresceu tanto, que a terra “ já não tinha capacidade para poderem habitar juntos” . Não foi o povo que aumentou — foi o gado. Não era para bôcas
  • 31. humanas que faltava alimento. O que esgotou a capacidade da terra foi o crescimento excessivo da riqueza. Tiveram de separar-se. Mas a lição mostra, nesse ponto, uma influência fre­ qüente e nefasta da riqueza: gera contendas. ( Os cães rosnam e se mordem uns aos outros, por causa de um osso. Os homens,, não: contendem depois que estão com o açougue todo em casa.] O mal não está na prosperidade. O mal é aquêle princípio que se introduziu na essência da raça e que aparece com o seu poder e vigor sempre que haja uma ocasião favorável. A pobreza recalca, a prosperidade dá ex­ pansão a esse princípio do mal. Gên. 13:1-8. 2.°) PROSPERIDADE E INGRATIDÃO Quem iniciou Ló na prosperidade material? — Abrão. Tinha sido o amigo, o protetor, a mão que dirige e ajuda. Na hora da separação, Ló, que sempre dependera do tio e agora estava rico, escolheu egoisticamente para si a parte da terra que lhe parecia mais fértil, mais opulenta, mais vantajosa. Escolheu as campinas, deixando para o velho tio o terreno aci­ dentado e difícil das montanhas. Não soube ser agradecido, mas, na escolha que fêz, Ló revelou que o seu senso moral es­ tava embotado, porque tomou em consideração somente o as­ pecto material da terra, sem cogitar do caráter moral dos seus habitantes que, aliás, eram extremamente corrompidos. / A prosperidade material o absorvera tão completamente que êle, j parece, não tinha mais visão dos valores espirituais e morais. Será que a prosperidade material é assim tão maligna que embota sempre o senso moral dos homens? Não. A prova é a atitude generosa e, ao mesmo tempo, confiante em Deus com que Abrão se comportou na mesma con­ tingência. Nas mesmas circunstâncias, com as mesmas ten­ tações, os dois homens reagiram diferentemente. Gên. 13:9-18. 3.°) PROSPERIDADE E PERIGO Onde há mel, aí se ajuntam as abelhas. O dinheiro sem­ pre atrai os malfeitores. Disse alguém: difícil é ganhar di­ nheiro. Mais difícil ainda é defendê-lo daqueles que o desejam obter de qualquer jeito. Havendo dinheiro, há perigo. Foi o que Ló aprendeu depois que estava em Sodoma e Gomorra. Tendo sido bem recebido pelos habitantes de Sodoma e Gomorra, Ló não percebeu que o povo o tratou assim por causa do gado numeroso que êle trazia. Não percebeu tam­ bém que, se êle desejava aquelas terras, outros havia que as — 36
  • 32. desejavam também e que haviam de disputá-las pela violência, E foi o que aconteceu. Veio a guerra e êle perdeu as terras cobiçadas, a fazenda que tinha levado e a própria liberdade. Gên. 14:1-13. O perigo do dinheiro é o espírito interesseiro dos ho­ mens. Mas nem todos são assim interesseiros. Há homens que se dirigem por aquilo que podemos chamar o dever bem compreendido. Assim era Abrão. Logo que teve notícia da guerra, correu em auxílio de Ló, arriscou a vida, derrotou os inimigos, reconquistou a fazenda e os prisioneiros, e não acei­ tou por êsse enorme serviço nenhuma paga. Mas recebeu a bênção de Deus. Gên. 14:13-24. 4.°) PROSPERIDADE E RUÍNA MORAL Gên. 18, 19. A prosperidade material não impede e, às vêzes, até fa­ vorece a corrupção moral. Também não susta a execução da justiça divina. Foi o que aconteceu a Ló e à sua família. Dia chegou em que a maldade dos homens daquela cidade encheu as medidas e veio o castigo. Na destruição de Sodoma e Go­ morra convém observar o seguinte: a) O aviso foi feito primeiro a Abrão, que não estava na cidade. Havia nisso uma expressão carinhosa da amizade de Deus para com o seu servo fiel. — Gên. 19:17-19. b) Deus não executou o castigo sem salvaguardar as medidas rigorosas da justiça. Havia reclamações: foi verifi­ cá-las. Gên. 18:20-22. c) No livramento de Ló apareceu tanto a justiça como a misericórdia de Deus. Misericórdia em avisá-lo, em forçá-lo a sair da cidade e em retardar o castigo até que êle saísse — (Gên. 19:12-16). Justiça, em salvar-lhe a vida, mas apenas a vida. Em Sodoma ficaram os bens e, até certo ponto, a dig­ nidade de Ló. d) A lição ilustra a posição dos crentes neste mundo corrompido. Abrão é o tipo do crente santificado, sem compromisso algum com o mundo, embora vivendo no mundo. Ló é o tipo do crente meio mundanizado. II Pedro 2 :6-8. Connhece o pecado, aflige-se com êle, mas não larga dêle. A mulher de Ló é o tipo do crente completamente mun-
  • 33. danizado. O corpo saiu de Sodoma, mas o espírito ficou lá e ela pereceu na injustiça da cidade. O mal não está na prosperidade, mas no coração dos homens. O mal não é o dinheiro. Disse o apóstolo: “ O amor do dinheiro é a raiz de todos os males” . QUESTIONÁRIO: Quando começou a briga? O que foi que Ló não olhou? Quem serviu doze anos? Quem abençoou a Abrão? Quem era Melchizedec? Para onde olharam os anjos? Por que motivos Deus não escondeu os seus planos a Abrão? Onde ficou Abrão? Quantos justos salvariam a cidade? Quando saiu o sol?
  • 34. CAPÍTULO VIII A DISCIPLINA E O EXERCÍCIO DA FE' Leitura: Gên. 15 Texto Áureo: Hebreus 11:8 A história da redenção tem por objetivo conduzir os homens a Jesus Cristo. Para alcançar êsse objetivo mostra, de um lado, o homem com suas qualidades e suas grandes fra­ quezas, e, de outro lado, a sabedoria, a justiça e, principalmen­ te, a imensa misericórdia de Deus. Sua descrição dos homens é realista. Mostra o homem como êle é, sem retoques. Poderíamos dizer que as descrições da Bíblia são como retratos de carteira de identidade: aparecejn também as cicatrizes. A Bíblia”nõs ensina que não há homens propriamente bons. Os melhores homens, ao lado de atos inspiradores de fé e obediência, foram sujeitos a fraquezas muito tristes. | Não nos esqueçamos de que o pecado, entrando no ho­ mem, gerou um conflito incessante não somente entre homens e homens, mas dentro de cada homem. Êsse conflito é mais vivo e mais forte no coração dos homens crentes que sincera­ mente procuram obedecer a Deusa Os melhores homens não são homens perfeitos, mas hQmeH,s-que- Di3ua_tirou do barro co­ ... mum para disciplinar, afeiçoar e, afinal, tornar bons. ~ T5ra, para que vejamos essa verdade era tôda a sua cla­ reza e admiremos a perfeição e sabedoria da obra divina, é que a Bíblia mostra os homens tais quais êles foram durante muito tempo, com todos os seus êrros, defeitos e qualidades. Abrão é incontestàveimente um dos melhores homens da Bíblia. Na süãTvIcIãrapárece, de um lado, a sábia direção da Providência divina e, de outro lado, o patriarca sujeito a pro­ vas, tentações e disciplinas da vida comum com suas derrotas e vitórias. A interferência de Deus na vida de Abrão nos autori-
  • 35. za a dizer que Deus, na sua maneira sábia de afeiçoar os cren­ tes, promete bênção, sonda o coração, expõe a provas e tenta­ ções muito fortes, manda cumprir ordens muito difíceis e supre, quando é preciso, as necessidades vitais dos crentes. Para não prolongar esta lição, vamos resumir a histó­ ria do patriarca em três grandes traços do seu caráter, nos quais aparece o contraste da fé e da fraqueza e a disciplina da fé. 1.°) FRAQUEZAS DO PATRIARCA Abrão, como todos os homens, viveu dentro da hora da sua época ao nível da sua natureza decaída, enfrentando as mesmas dificuldades, trabalhos e oportunidades. A primeira fraqueza do patriarca, que destoa da sua vida de fé, é o caso de-Jíasae-e-Jsmael. Deus havia feito ao patriarca a promessa de torná-lo pai de numerosa descendên­ cia. Os anos iam passando e o filho não nascia. Um dia Sarah, a espôsa de Abrão, de acôrdo com a ética do tempo, suge­ riu a Abrão que fizesse de sua escrava Hagar sua concubina, o que o patriarca fêz, antecipando-se assim à Providência. Re­ pitamos: a §aa^.aqueza-fflLter-se antecipado à Providência. Não teve paciência de esperarque Deus cumprisse, notem po próprio, a promessa em que êle, Abrão, tinha crido firmemen­ te. Teve energia para crer na promessa, mas não teve paciên­ cia para esperar muito tempo que ela se cumprisse. Outra fraqueza do patriarca parece que era o mêdo. Por causa dessa fraqueza duas vêzes êlem entiu narapoupar a vi­ da, chegando mesmo a comprometer-gfsua dignidade, bem como a integridade da sua família. Gên. 12:11-20, especialmente o verso 12; Gên. 20:1-11. O mêdo é uma das fraquezas mais fàcilmente explorá­ veis da natureza humana. Mêdo dejnorrer, mêdo de pobreza, mêdo de -castigo, mêdo.de sofriméníõ. Por causa do mêdo o homem fraqueja e arrisca, muitas vêzes, sua honra, sua de­ cência e sua dignidade. O pâd£L_.é.,..jiiuítas vêzes, o pai da mentira. Desde cêdo o diabo tem explorado o mêdo para con­ servar os homens debaixo do seu poder. Só a graça de Deus e a intervenção da sua sabedoria salvaram o patriarca de um desastre irremediável, quando êle se deixou levar pela fraque­ za do mêdo. Êsse fato estabelece um problema muito difícil, por­ que Abrão era um homem de fé. Tanto assim que foi cha­ mado o “ pai dos crentes” . Ora, a fé exclui completamente o mêdo. Mas a explicação é fá cil: o diabo não ataca sem exami­ nar cuidadosamente-^? praça e sem ter descoberto os pontos
  • 36. vulneráveis. E sabia muito bem onde estava o ponto vulnerá­ vel do patriarca e foi diretamente a êle. Grande maravilha é a Bíblia! Nas poucas palavras de uma narrativa simples exibe aos homens de todos os tempos as peças delicadas do mecanismo complexo da vida humana, onde o bem se mistura paradoxalmente com o próprio mal. 2.°) DISPOSIÇÃO PARA CRER Essa é, talvez, a característica peculiar de Abrão. Onde quer que chegasse erguia o altar para exercício da sua vida religiosa. Mesmo quando tudo parecia mostrar que êle não chegaria a ser pai, creu, sem vacilação, na promessa que Deus fêz de dar-lhe inumerável descendência. — Gên. 15. No tempo em que povos aguerridos e fortíssimos habita­ vam a terra da Palestina e êle era apenas um criador de gado, errante de terra em terra, creu firmemente na promessa que Deus lhe fêz de torná-lo senhor daquela terra. Gên. 15. E’ fácil crer em promessas que não tardam. Abrão creu em promessas que demoraram muito. Diz a Bíblia, em dois lugares, que Abrão creu no Senhor e isso lhe foi imputado por justiça. Creu na hora que Deus falou. Daí se tira uma lição muito simples e importante: a fé é coisa íntima do coração e invisível. Deus, porém, sonda a alma dos seus filhos e sabe o que se passa no mais interior do homem. Êle conhece o que há no homem. Êle sabe quando há fé e conhece a verdadeira finalidade da fé. E, vendo fé sincera, trata o homem que não é justo, como se o fôsse. Imputa-lhe fé como justiça. Era isso que havia em Abrão e que tanto agradava a Deus — dis­ posição para crer nas promessas divinas. Por isso, foi êle chamado o amigo de Deus. 3.°) DISPOSIÇÃO PARA OBEDECER Mas, onde há disposição para crer, surge necessaria­ mente disposição para obediência. A fé, a verdadeira fé, apa­ rece de dois modos. Aos olhos de Deus, que vê o coração, e aos olhos dos homens, que £' podem ver as obras, isto é, a obe­ diência. Das vêzes que Abrão mostrou a sua disposição para obe­ decer, duas se destacam de maneira impressionante. A pri­ meira, quando êle deixou tudo e partiu para o desconhecido, atendendo à chamada de Deus. Gên. 12. Convém citar aqui as palavras da carta aos hebreus: “ Pela fé Abrão, sendo chamado, obedeceu, indo para um lugari
  • 37. que havia de receber por herança; e saiu, sem saber para onde ia” . Nessa passagem podemos fazer a análise de dois ele­ mentos paradoxais da fé : ignorância e conhecimento. Ignorância: Abrão saiu sem saber para onde ia. Conhecimento: Abrão sabia duas coisas: a ordem era de Deus. Deus sabia o lugar para onde o mandava. Daí, a sua disposição para obedecer. A segunda vez que Abrão mostrou a sua disposição para obedecer foi numa prova dolorosa e decisiva da sua carreira. Deus o mandou imolar Isac. Deus prova o homem pela prosperidade, pela alegria, pelo sofrimento, pela pobreza. Para quê? Para lhe dar oportunidade de mostrar e exercitar a sua fé. Deus prova o homem. A expressão da Bíblia é outra: — “ tentou Deus a Abrão”. Como pode ser isso, se as Escrituras dizem que Deus a ninguém tenta? Tôdas as vêzes que Deus dá uma ordem ao homem Êle o coloca diante de duas alternativas: obedecer ou desobede­ cer. Não é que esteja tentando no sentido em que o diabo tenta. Não. Mas, consideradas as dificuldades, as lutas, os so­ frimentos e as perdas que o homem tem de encarar para fazer o que Deus manda, é incontestável que certas ordens de Deus colocam o homem dentro da experiência de uma tremenda ten­ tação para não cumprir a ordem. No cadinho dessa prova suprema e decisiva, Deus co­ locou Abrão quando lhe mandou imolar o seu filho. E terá necessidade de submeter os homens ao sofrimen­ to das provas, para saber se êle tem fé? E’ claro que não. A prova tem dois objetivos, como já se disse. Primeiro, exibir a fé do patriarca ao mundo inteiro, fazendo dela um modêlo, uma inspiração, um estímulo para outros crentes. Segundo, a fé, faculdade espiritual, como tôdas as outras faculdades deve ser exercitada para desenvolver-se e fortalecer-se. O próprio crente deve saber até onde chega a fôrça da sua fé. Não há página mais comovedora do que a narrativa do sacrifício de Isaque. Filho da velhice, longamente esperado, cumprimento da promessa divina. E a ordem era de Deus. Abrão não vacilou, obedeceu. Como se explica que Deus exija do seu servo um sacri­ fício humano? Marcus Dodds pensa que aproveitou essa prova exata-
  • 38. mente para mostrar que Êle não deseja, nem manda fazer ó sacrifício de criaturas humanas. E’ certo que a redenção exige o sacrifício de alguém. Deus quer redimir a humanidade. E assim como depois da ordem dada, deixou que Abrão fôsse até o momento supremo de erguer o cutelo para depois fazê-lo suspender o gesto e apontar-lhe o cordeiro que devia substituir o filho, assim também Êle faz primeiro o pecador sentir a exigência justa do seu pró­ prio castigo, para depois mostrar-lhe que êsse castigo foi exe­ cutado para sempre no sacrifício de Jesus Cristo. Abrão obedeceu com mêdo e dor no coração, mas obede­ ceu porque sabia que as ordens de Deus atendem a razões certas e justas. Não são arbitrárias, não desdizem, nem desmentem as promessas divinas. E Deus havia dito: — “ Em Isaque será chamada a sua descendência”. Obedeceu porque, se Deus ordenou o sacrifício, é porque havia necessidade dêle. Como conciliar a execução do sacrifício com o cumpri­ mento da promessa? Essa devia ter sido a perplexidade do patriarca. Mas não era descontrolado por perplexidades. Era dirigido pela fé. Deus prometeu a descendência, Deus mandou executar o filho. Parecia uma contradição. À Deus competia resolvê-la, a Abrão competia obedecer, e obedeceu. E quando o filho, que nada sabia, lhe perguntou: — “ Onde está o cordeiro para o sacrifício?” O patriarca res­ pondeu somente isso: — “ Deus proverá” . O coração rebelde tem a capacidade maligna de trans­ formar uma prova divina em tentação de não fazer o que Deus deseja. Abrão, porém, era diferente. Seu coração cheio de fé transformou uma prova dolorosa numa vitoria espiritual e num exemplo singular de obediência. QUESTIONÁRIO: Quem foi o primeiro astrônomo? Quanto tempo ia du­ rar a prova dos hebreus? Quando é que vem o castigo? Que idade tinha Abrão quando nasceu Isac? Qual era o parentes­ co de Abrão e Sara? Quem carregou a lenha para o sacrifí­ cio? Para onde se dirigiam juntos Abrão e Isac? Como se ficou chamando o lugar do sacrifício de Isac? Quantos dias viajaram Abrão e Isac? Porque é que as bênçãos das nações vieram da descendência de Abrão? Quantas vêzes o anjo falou com Abrão?
  • 39. CAPÍTULO IX ELOS HUMANOS DA PROVIDÊNCIA DIVINA Leituras: Gên. 24, 26, 27. Texto Áureo: I Cor. 9:27 Uma leitura superficial da história da redenção poderia dar a entender que há estirpes piedosas e estirpes pecadoras. Uma observação mais atenta mostra coisa muito diferente. Na descendência dos melhores homens vai aparecendo sempre o estigma do pecado. Foi o que se deu na descendência de Abrão: Isaque e Ismael; Esaú e Jacó, e assim por diante. Percebe-se nesse fato a seleção contínua que a Providência tem de ir fazendo para impedir que a raça se decomponha comple­ tamente. E’ uma interferência incessante da Providência, den­ tro da raça humana e até mesmo dentro da própria raça es­ colhida. Isaque era filho de Abrão, crente piedoso, filho da pro­ messa divina, não apresenta, entretanto, o mesmo caráter altivo do patriarca Abrão. Era homem mais ou menos passivo, que se deixava levar pela fôrça das circunstâncias, bem como pela ação dos outros. Não obstante isso, foi um elo na imensa ca­ deia da providência divina. Era o filho de Abrão e o pai de Jacó. Com êles forma a trindade patriacal dos hebreus. Quan­ do mais tarde os hebreus fizerem a sua invocação, hão de fazê-la mencionando o Deus de Abrão, de Isaque e de Jacó. Na história dêsse patriarca podemos destacar alguns episódios principais que serão analisados sob os seguintes tí­ tulos : 1.°) INDÍCIOS CLAROS E DESÍGNIOS DESCONHE­ CIDOS E’ o que vemos, por exemplo, nos arranjos do casamento de Isaque. Quem se encarregou de tudo foi o pai. Éle apenas 45 —
  • 40. aceitou a noiva e, como disse o texto, amou-a intensamente. Quais eram os indícios claros que a Providência tinha dado? O propósito de Deus separar uma estirpe dentre todos os povos. Orientado instintivam ente por êsses indícios, A brão não quis que seu filho se casasse com gente estranha. Não lhe faltariam alianças por meio do matrimônio do filho com os príncipes da terra. Mas, se isso se desse, talvez se prejudicasse a linhagem escolhida. Por isso A brão mandou o seu mordo­ mo à casa dos antepassados e parentes buscar uma noiva para o filho. Gên. 24:1-14. Quem seria a noiva 7 Isso, nem êle sabia, nem o mordomo. Êste, porém, foi à terra onde o seu senhor o mandara e, depois de orar, pediu a Deus um sinal. E, por meio dêste, escolheu a noiva. Perce­ be-se na narrativa Deus que dirigiu tudo. Parece que Rebeca não era lá muito piedosa. Os acon­ tecimentos posteriores apresentam falhas muito graves do seu caráter. Não foi uma boa mãe no sentido pleno da palavra. Mas os desígnios de Deus são insondáveis, e Rebeca também entrou como um elo na m isteriosa corrente da providência di­ vina. Já nesse tempo a noiva era consultada para dar o seu consentimento no matrimônio. Gên. 24:58. Também já se fa ­ zia depender da bênção divina a felicidade conjugal. Naquele tempo procurava-se a mulher que tivesse capacidade para su­ p rir às necessidades do lar. Dados êsses passos, o mais ficava a cargo da Providência. 2.°) F R A Q U E Z A DO HOMEM E SOCORRO DE DEUS E ’ impressionante como certas fraquezas se transm item de pais a filhos. Vim os que uma das fraquezas de A brão era o mêdo e, por causa do mêdo, mentiu. Em Isaque aparece a mes­ ma coisa. Indo a uma cidade chamada Gerar, por amor à vida, enganou o povo dizendo que Rebeca era sua irmã. Como no caso de Abrão, foi a Providência que o livrou de um desastre muito grande. O mentiroso é sempre um fraco. A m entira revela duas coisas: interesse pelas coisas m ateriais ou mêdo do sofrim en­ to físico. Deus não tardou a m ostrar ao p atriarca que não havia razão para temer, uma vez que êle tinha por si o amparo da Providência. 46 —
  • 41. 3.°) DILIGÊNCIA HUMANA E BÊNÇÃO DE DEUS Não obstante a sua relativa passividade, Isac mostrou-se diligente. Quando apareceu a fome na terra êle formulou ime­ diatamente um plano, que só não executou porque Deus não lho perm itiu. Encontrando-se em G erar não perdeu tempo na ocio­ sidade, mas preparou a terra, fêz uma grande sem enteira e teve uma grande colheita, porque Deus o abençoou. Como êle tivesse cavado alguns poços e os filisteus cheios de inveja o hostilizassem, êle não perdeu tempo numa contenda inútil e nociva. Abandonou aquêles poços e cavou outros. Novamente a bênção de Deus recompensou a sua diligência. Segue-se daí uma lição muito im portante: Deus abençoa aquêles que se es­ forçam por fazer o melhor que podem. E ’ certo que há uma Providência que vela, que dirige os acontecimentos, que dispõe as circunstâncias e da qual tôdas as coisas necessàriamente dependem. Nem sempre os desíg­ nios sábios dessa Providência aparecem com suficiente clareza. Mas aos homens incumbe cum prir com diligência os deveres claramente ensinados na Bíblia e reconhecidos pela consciência. E nisso Isaque foi um modelo. Não podemos term inar esta lição, sem apontar o traço m ais importante do caráter de Isaque. E ra homem de oração. Gên. 24:63. E foi quando êle estava no campo buscando soli­ dão para orar, que viu pela prim eira vez a noiva que vinha chegando. Se não teve uma espôsa perfeita, teve, entretanto, suficiente paciência para suportar as im perfeições dela. Q U E S T IO N Á R IO : Em que Deus abençoou Abrão ? Qual o sinal de uma boa espôsa? Qual o traço característico de Rebeca? Que foi que mais interessou a Labão ? O servo de A brão era crente ? Quan­ to tempo durou o banquete ? Onde estava Isaque quando Rebeca chegou? Qual foi a fraqueza de Isaque? Qual é o resultado da prosperidade? Qual foi a promessa de Deus a Isaque? — 47
  • 42. CAPÍTULO X O HOMEM NATURAL Leitura: Gên. 25:24-84 e 27 a 32:21. Texto Áureo: I Cor. 2:14. Jacó é o vulto central na história do povo hebreu. Em certo sentido êle é o verdadeiro pai da raça. Abrão teve vá­ rios filhos, mas de Isaque veio a linhagem israelita. Isaque teve dois filhos, mas a linhagem passou a Jacó. Os filhos de Jacó constituíram a grande família israelita. Em outras palavras: de Abrão e Isaque procederam vários povos. De Jacó, porém, um povo só. E é digno de nota que êsse povo conserva, através dos tempos, as mesmas características que podemos descobrir em Jacó. Mais uma vez vamos lembrar que a história da reden­ ção descreve os homens tais quais êles são. O retrato de Jacó impressiona muito mal. E’ um homem de personalidade forte e cheio de defeitos. E’ um homem como todos os homens peca­ dores, no seu estado natural. E’ um explêndido espécimen do homem natural. O têrmo natural vem de um verbo latino que significa nascer. O homem natural, portanto, é o homem como êle nasce, sem as modificações da graça divina e antes da conversão. E’ o barro sem modelagem. E’ bom conhecê-lo, para melhor apre­ ciar, depois, a obra que Deus fêz com êle. Verificado que o povo hebreu, salvo alguns indivíduos, apresenta sempre as mesmas características que marcaram Ja,có, o pai da raça, como homem natural, segue-se que a raça foi separada para uma função histórica que exerceu e da qual lhe advieram benefícios e privilégios temporais. Entretanto, só participam dos benefícios perenes do pacto da graça e das pro­ messas maiores que Deus fêz ao patriarca Abrão, aquêles filhos da raça natural que, pela conversão, passam também a fazer parte da raça espiritual. E convém saber que nessa raça espi— 49 —
  • 43. ritual, que são os filhos da promessa, estão incluídos também filhos de outras raças, chamados gentios, que eram homens naturais, mas que se converteram. Rom. 9 :6-8. Para melhor esclarecimento do assunto vamos estudar os aspectos mais salientes e marcantes do homem natural, que aparecem na pessoa de Jacó. 1.°) ASTÚCIA E VIOLÊNCIA Dois irmãos, filhos do mesmo pai e da mesma mãe, por­ tadores do mesmo sangue, e tão diferentes um do outro. Um, amigo do campo e da caça, afeito à violência, insofrido, impre­ vidente, profano — Esaú. O outro, amigo da casa, afeito às subtilezas e às intrigas com que se defendem dos mais fortes aqueles que, pela sua fraqueza física, acabam descobrindo que a inteligência é uma fôrça maior — Jacó. Mas os dois tinham unuiTaco comum. Aquele traço que São Paulo descreve em duas~írases^apidares: “ Homens amantes de si mesmos” — e que só tratavam do que era seu. Em uma palavra: egocêntricos. O “ eu” era o centro do mundo e de tudo. Um usava a violência, outro a astúcia, mas cada um usava o que podia a serviço ex­ clusivo de si mesmo. Tão diferentes um do outro nos aspectos acidentais e, na essência real da sua natureza, iguaizinhos como duas gotas de água. Dois episódios mostram as diferenças acidentais da con­ duta e a igualdade da natureza. O primeiro é a velha história do prato de lentilhas, em que Esaú, profanamente, insensatamente, insofridamente atirou fora, com as suas grandes prerrogativas a sua própria digni­ dade pessoal. Julgou a matéria em função do seu prazer pes­ soal, sem qualquer referência aos interêsses da grei. Só bus­ cava o que era seu, imediatamente seu. Nesse mesmo episódio aparece, pela primeira vez, a saga­ cidade incrível de Jacó e a sua mais incrível ousadia para explo­ rar, em seu benefício exclusivo, a fraqueza do seu próprio irmão. Gostava muito de todos, mas no fundo era amigo de si mesmo. Um, porque desprezou; outro, porque explorou; ambos agiram em função de um mesmo princípio: era o homem natural. O outro episódio incomparàvelmente mais grave, porque nele aparecem além da astúcia, a mentira, a fraude e também o desrespeito ao pai já velho e cego é o caso da bênção que Jacó tomou. Aí é que se vê bem o homem natural que crê mais na sa­ bedoria dos homens que na sabedoria de Deus; que confia mais na posse imediata, embora fraudulenta das coisas, do que no cumprimento remoto das promessas divinas. Realmente, o ho­ mem natural aparece aí em tôda a sua plenitude, em Jacó, em Rebeca e no próprio Esaú. Ninguém tomou em consideração os 50 —
  • 44. direitos alheios. Cada um tratou de buscar apenas o que era seu. Nenhum pensamento acerca da justiça de Deus. Tanto assim, que todos os meios, inclusive a mentira e a fraude, lhes pareceram úteis para alcançarem o seu objetivo. 2.°) PECADO E SUPERSTIÇÃO Praticada a fraude, seguiram-se as conseqüências inevi­ táveis, isto é, o pecado medrou e com êle apareceu o mêdo. Esaú jurou matar Jacó — violência. Rebeca resolveu salvar o filho e, para não ouvir recriminações de Isaque alegou um motivo rasoável que Isaque aceitou para mandá-ío embora — astúcia. Jacó partiu. No caminho teve uma experiência religiosa verdadeira, mas ainda aí aparece o homem natural. A visão foi magnífica: ouviu as promessas de Deus, mas entendeu-as como homem natural. Em vez de religião, superstição. Quatro coisas assinalam, nesse passo, a religião do ho­ mem natural. a) Ignorância — “ Deus está neste lugar e eu não sabia” . b) Mêdo — Em vez de alegria e sentimento de segu­ rança pela presença de Deus, Jacó temeu. c) Contradição — Disse que aquêle lugar era a porta do céu, mas era um lugar terrível. d) Espírito utiliatário, aliás, uma das marcas incon­ fundíveis do homem natural: promessas interesseiras. Tratou, imediatamente, de explorar as possíveis vantagens daquela ex­ periência religiosa “ Se me abençoares dar-te-ei o dízimo” . 3.°) ENGANO E CONTENDA Na visão que Jacó teve Deus lhe declarou que não o lar­ garia mais, até que êle tivesse feito tudo o que tinha determina­ do. Em outras palavras: estava decidido a endireitá-lo mesmo. Vamos ver o esmeril em que Deus vai afeiçoar a personalidade do patriarca. Combinou circunstâncias para tirá-lo do lar onde a co­ modidade e outros fatores iam .amolecer o seu caráter. Jacó foi parar longe e achou-se numa luta que não lhe deu mais sossêgo. Dois elementos devem ser especialmente mencionados: o amor de Jacó e a astúcia de Labão. Com o amor a Raquel, Deus colocou um freio na bôca de Jacó, de modo que êle mesmo não quis voltar para casa. Com a astúcia de Labão, colocou diante dêle um adversário da mesma fôrça, que o obrigou a exercitar as suas fôrças e desenvolvê-las completamente. Mas, acima de tudo, essa luta incessante o levou a sentir que dependia mais da — 51 —
  • 45. bênção e da proteção de Deus do que da sua própria astúcia. Era o homem natural contra o homem natural, exatamente como disse São Paulo: “ Enganando e sendo enganado” . Jacó, o en­ ganador, encontrou um enganador mais traquejado do que êle mesmo e, assim, aprendeu que o engano é causa de contenda e não fator de segurança. Para terminar esta lição, convém realçar; mais uma vez, que a inconstância, os interêsses e os enganos dos homens não anulam a fidelidade de Deus e não impedem a ação da Provi­ dência. Não sabemos como, mas o certo é que Deus combina os movimentos independentes das criaturas humanas, de modo maravilhoso, para realizar os desígnios da sua providência. Qual era o desígnio de Deus na fuga de Jacó? Hoje nós o sabemos, mas êles não sabiam. Tirá-lo do ambiente amolecedor do lar mal organizado, para a luta onde ia temperar o seu caráter. E todos, sem saber, concorreram para isso: Jacó e Rebeca, para evitar a fúria de Esaú; Isaque, para evitar o casamento de Jacó com as etéias; e o próprio Esaú, para não ser obrigado a cumprir o seu juramento de matar o seu irmão, favoreceu a fuga. QUESTIONÁRIO: Quando começou a luta entre os dois irmãos? Qual era a perícia de Esaú? Que significa Edon? Há negócios insensatos? Que é que Isaque não sabia? Tôdas as mães ensinam só coisas boas? Tudo o que os homens atribuem a Deus é verdade? Quantas vêzes Jacó enganou Esaú? Todos acham o céu um lugar feliz? Que promessa fêz Deus a Jacó?
  • 46. CAPÍTULO XI O HOMEM ESPIRITUAL Leitura: Gen. 31-32. Texto Áureo: II Cor. 5:17. Não importa o que o homem tenha sido, desde que êla se torne uma nova criatura. Deve-se levar em conta não aqui­ lo que o homem foi e sim aquilo que Deus fêz dêle. E’ por isso que Deus conserva com vida durante longos anos, com imensa paciência, homens que são grandes pecadores. E’ para fazer deles grandes servos e grandes provas do seu poder. Jacó é um dos melhores exemplos. Por isso, também, Jesus procura­ va os grandes pecadores do seu tempo. Luc. 7 :39. Gal. 6:15. I Tim. 1:15,16. Na última lição, Jacó nos foi apresentado como o homem natural, isto é, como tinha nascido. E’ tempo de afirmar uma doutrina bíblica da mais alta importância: depois de Adão cair, ninguém nasce crente. A conversão é indispensável. E' preciso nascer de novo, disse Jesus. Tôda religião que um homem tem não substitui o novo nascimento. Às vezes vem mais cêdo, às vezes mais tarde. Em alguns casos é mudança repentina, noutros um processo mais lento, mas é sempre o ponto de partida indispensável da vida espiritual. Em Jacó tardou muito. Os seus anos já iam adiantados, quando êle passou pela crise da conversão. Foi na volta para a terra de seus pais que o fato se deu. Vamos fixar nesta li^ão os aspectos mais importantes. 1.° UMA COMPREENSÃO NOVA Depois de cometer os êrros Jacó nunca mais teve sossêgo. Vivia sempre fugindo, evitando alguém, escondendo al­ guma coisa, encontrando novos conflitos, inventando e pra­ ticando mais enganos — tragédia do homem natural desde Adão até agora. Nos homens via apenas os inimigos. Ao en-
  • 47. trar de novo na terra de seus pais teve mêdo da vingança de Esaú, a quem tinha prejudicado e ofendido. A té então não ti­ nha percebido que não era apenas Esaú, mas também Deus e a sua ju stiça que tinham sido agravados pela sua conduta pe­ caminosa. A té a experiência da luta com o anjo no vale de Jaboque, nunca tinha pensado nisso. O simbolismo daquela luta é lindíssimo. Jacó im agina­ va que Esaú podia impedí-lo de entrar novamente na terra de seus pais. O anjo que lutou com êle veiu lhe ensinar que Deus também se opunha a essa entrada, até que êle tomasse um rumo direito na vida. Pela prim eira vez compreendeu que se tinha pôsto em inimizade não somente contra os homens, mas também contra Deus. Desprezando e violando o direito dos homens, até aquele dia, tinha estado em luta contínua contra o Altíssim o e, por isso, nunca tivera descanso. A té en­ tão tinha tido apenas uma compreensão carnal. Só agora co­ m eçava a ver os fatos com os olhos de homem espiritual. Daí uma visão nova de si mesmo, de seus recursos e do seu engenho. Y iu que não podia confiar inteiramente na astúcia. Com ela conseguira tornar-se rico, mas não se fizera feliz. E viu m a is: que só da bênção de Deus lhe viria a segurança e o descanso que em vão tinha procurado por tôda a parte. 2.° L U T A E V IT Ó R IA N E C E S S Á R IA A conversão de Jacó se deu antes de êle atravessar o ribeiro do Jaboque. Não ficava bem que êle regressasse à casa de seus pais no mesmo estado espiritual em que saíra de lá. E stava na fron teira geográfica e tinha chegado tam ­ bém à fronteira espiritual. Não convinha que atravessasse uma sem também atravessar a outra. A té então tinha lutado com os homens, tinha lutado contra Deus, entendendo que a causa do desassossêgo estava nos outros. Só não havia lutado con­ sigo mesmo. Subjugara, pela astúcia, o irmão violento; ven­ cera, pela astúcia, a sagacidade de Labão. O seu nome sig n ifi­ cava suplantador. Sabia vencer e suplantar os outros, mas não sabia vencer-se a si mesmo. O texto diz que êle ficou só. Não se via por ali nenhum inimigo. Nessa altura é que o anjo apa­ receu e lutou com êle. Diz o texto que o anjo não conseguiu prevalecer contra Jacó. Uma leitura superficial daria a en­ tender que Jacó superou o anjo fisicam ente. Mas o narrador se encarrega de desfazer essa interpretação, porque diz que o anjo, não podendo prevalecer contra Jacó, tocou-lhe na ju n tura da coxa e a deslocou. O que mostra que o anjo dispunha de fôrça para vencer fisicam ente o patriarca. A resistência de Jacó, portanto, não era física. D evia ser espiritual. E foi preciso que o anjo o atingisse fisicam en-
  • 48. te, para que êle compreendesse que não tinha outro recurso senão submeter-se. Jacó, até ali, havia suplantado os inimigos e, nesse dia, suplantou-se a si mesmo. Aprendeu que só há um meio de prevalecer com Deus depois de lutar com Êle — é submeter-se. Antes da submissão estava pronto a fazer o que Deus mandasse, se primeiro Deus fizesse o que êle desejava. Gen. 28:20,22. De agora em diante, fa ria tudo sem condição algu­ ma. A luta, a verdadeira luta, deve ter sido íntima, como tam ­ bém o foi essa vitória sôbre si mesmo. 3.° M U D A N Ç A R A D IC A L A té aquêle momento Jacó ainda era o mesmo homem ego­ cêntrico, confiado nos recursos humanos, desassossegado e amedrontado, livrando-se de um inimigo para ver-se ameaça­ do por outro. Escapara de Labão, seu tio, e tem ia encontrar-se com Esaú, seu irmão. T razia na mente ainda o plano de con­ quistar a terra, prevalecendo-se da sua astúcia e da fraqueza de Esaú. P or isso, mal soube que o irmão lhe saía ao en­ contro, mandou-lhe uma série de presentes. N a hora crítica em que sentiu mêdo, fez-se religioso e pediu a proteção de Deus. Mas, apesar de orar, como êle mesmo disse, tinha con­ fiança era nos presentes para aplacar o irmão. Gen. 32. Depois da crise já era outro homem. Sua própria a ti­ tude com Esaú era outra. E vê-se no capítulo 33 que a sua confiança agora estava posta era mesmo na bênção de Deus. E ’ um exemplo daquilo que disse Paulo: “ A s coisas velhas tinham passado, e tudo se fizera novo” . Não era ainda uma pessoa perfeita, mas tinha mudado completamente a raiz da sua vida moral. Jacó, daí em diante, era de fato Israel. Convém notar as duas circunstâncias mais im portan­ tes dessa mudança. a) Deu-se quando êle se achava só. Com efeito, o proble­ ma espiritual deve ser resolvido entre Deus e o homem só. b) Foi durante uma luta e por meio dela. Ninguém obe­ dece a Deus sem lutar muito consigo mesmo, sem se vencer completamente. Ficam bem aqui as palavras do hino 244: Salvador, eu hoje venho me render; Só por ti vencido poderei vencer; Q U E STIO N Á R IO Que encontrou Jacó no seu caminho de volta? Que circunstâncias atem orizavam Jacó? Que coisa era maior — 55 —
  • 49. do que Jacó? Que é que aparecia primeiro: o presente, ou o irmão? Em que é que Jacó de fato confiava? Quem ficou na companhia de Jacó? Qual foi o novo nome de Jacó? Desde quando Jacó manquejava? Qual o primeiro encontro de Jacó no caminho? Onde passou Jacó a noite decisiva da sua vida? — 56
  • 50. CAPÍTULO XII CAMINHOS DA PROVIDÊNCIA Leitura: Gen. 37 Texto Áureo: Isaias 46:10 A história da redenção atinge um dos seus pontos cul­ minantes na vida de José. Além de uma narrativa emocio­ nante, cheia de lances interessantíssimos, a história de José é uma exposição clara e persuasiva da existência de um pla­ no que a Providência, a despeito de tôdas as circunstâncias contrárias, vai realizando através da história. Em Jacó, era esquisito que Deus tivesse escolhido um homem máu para um plano bom e perfeito; em José, o misté­ rio é o sofrimento de um homem bom. Na história de Jacó vemos a mão da Providência executando o seu plano com uma personalidade defeituosa — o trabalho consistiu em afeiçoar o homem ao plano. Na história de José vemos a continuação do mesmo plano, por meio de um homem excepcionalmente bom. Contra êsse homem se levanta a hostilidade não só dos extranhos, mas da própria família de Israel. E os aconteci­ mentos que seguem, dirigidos pela mão invisível da Providên­ cia, convergem todos na consumação do que Deus tinha deter­ minado fazer. Pode-se dizer de José que êle é o tipo do homem que Deus dirige. A narrativa da sua vida nos apresenta o mais impressionante exemplo da vida dirigida. A lição apresenta os seguintes pontos importantes: 1.0) PREVISÕES PROFÉTICAS DA PROVIDÊNCIA Um dos fatos impressionantes na história de José são os sonhos dêle e de outras pessoas e que êle interpretou. Os sonhos se cumprem? Nem todos. Os de José, bem como outros que aparecem
  • 51. na Bíblia, foram meios que Deus usou para mostrar aos ho­ mens o que só Êle sabe, isto é, uma parte do seu plano. Se usarmos a linguagem de Daniel, diremos que “ o Deus grande fêz saber aos seus servos o que há de ser depois.” Os sonhos da história de José apresentavam as seguin­ tes características: a) Eram sonhos bem nítidos e sem confusão. Além disso, repetiam-se com outras imagens, mas apresentando sempre a mesma idéia. Gênesis 37:7 e 9 é um bom exemplo. O primeiro sonho apresentava a imagem de molhos de ce­ real; o segundo sonho apresentava a imagem dos astros. Essa repetição tinha por objetivo destacar a idéia contida na reve­ lação e mostrar que o sonho tratava de desígnios de Deus e não d.e meras imaginações da mente humana, tão comuns nos outros sonhos. Gên. 41-32 e Gên. 37:6-10. b) Êsses sonhos não tratavam de interêsses particulares ou individuais. Tinham em mira interêsses gerais de raças e, por meio delas, a salvação daa humanidade. c) Êsses sonhos se cumpriram à risca. Cabe aqui a afirmação de uma doutrina. Deus revelou antecipadamente o que estava para acontecer. Revelou por­ que sabia de antemão. Se sabia, então tudo estava certo. Essa certeza é o plano de Deus. Os sonhos da narrativa da histó­ ria de José são as primeiras amostras dos caminhos da Pro­ vidência, isto é, dos planos. 2.°) TENTATIVAS INÚTEIS PARA IMPEDIR OS DE­ SÍGNIOS DA PROVIDÊNCIA Uma vez que Deus ia executar o seu plano por meio de José, resulta que tudo quanto se fizesse contra êle, era também oposição ao plano divino. Os irmãos que já não gostavam dêle, depois de ouvir a narrativa dos sonhos, começaram a hostilizá-lo abertamente. Qual a causa da inimizade dos irmãos de José? a) A superioridade moral e intelectual dêle. Eram maus, e a retidão de José realçava essa maldade. Além disso, êle não suportava a vida depravada que êles levavam e os acusa­ va perante o pai. Gen. 3 7 :2. b) A parcialidade de Jacó que tratava José com mais ca­ rinho. c) Os sonhos de José que êle despreocupadamente, contava aos irmãos. d) O único motivo razoável dessa inimizade era a parcia­ lidade de Jacó. Em que direção se manifestou a inimizade dêles? Primeiro, procuraram matá-lo; depois, mudando de
  • 52. idéia, venderam-no aos Ism aelitas que o levaram para o Egito. E fizeram isso, como disseram, para impedir a todo transe que se cumprissem os sonhos dêle. Em outras p a la v ra s: ainda que o não soubessem estavam tentando impedir os desígnios da Providência. Aparece nêsse ponto o aspecto mais maravilhoso da ação da Providência — aquilo que os homens fazem para im­ pedir, contribui para que se cumpram os desígnios providen­ ciais de Deus. Sabiam êles que estavam se opondo ao plano de Deus? E ’ claro que não. I Cor. 2:8. Mas também não igno­ ravam que estavam praticando um ato mau. E is aí o perigo de fazer mal aos hom ens: a ofensa é contra Deus. Alcançaram êles o seu objetivo? Também já vimos que não. Causaram sofrim ento a José e a Jacó, mas fizeram exatam ente o que era necessário para acontecer o que êles não desejavam . O ímpio quando procura impedir o plano de Deus parece alcançar durante al­ gum tempo o seu objetivo, porque a Providência não tem pressa. E um dia êsses disígnios sábios e certos se cumprem mesmo. 3.°) A S P R E P A R A Ç Õ E S D A P R O V ID Ê N C IA A hora suprema da vida de José ainda não tinha soado no relógio de Deus. A ntes que ela chegasse, devia êle chegar ao lugar que lhe estava designado. Mais do que isso, era in­ dispensável que estivesse preparado espiritual e moralmente para êsse momento de imensas responsabilidades. A sorte do filho de Jacó mudava a cada passo. Dois elementos contribuíram para que êle, submetido a tantas pro­ vas, finalm ente triunfasse. De um lado a sua fidelidade e, de outro, a bênção de Deus. Gen. 39:2, 21-23. Muitas vêzes José pensou que tudo estava perdido. E ’ que os caminhos de Deus não são os nossos caminhos. Se Deus impedisse a ação dos irmãos invejosos, José, talvez, nun­ ca teria ido além de simples criador de ovelhas. Se Deus des­ vendasse a calúnia da mulher de P otifar, José teria ficado o resto da vida como simples mordomo do capitão de gu ard a. Deus, porém, queria fazer dêle outra coisa mais alta — o vice-rei do Egito, o salvador da raça. V árias vêzes a carreira de José pareceu fru s tra d a : é que ainda não estava completa a sua preparação e Deus o queria perfeitam ente adestrado para a missão que lhe tinha desig­ nado. Grande lição as E scrituras nos ensinam com a vida de José. Quando Deus deseja um homem, manda prim eiro pro. — 59 —
  • 53. vá-ío e exercitá-io na escola das tentações, do sofrimento e da paciência. Antes de terminar esta lição, convém lembrar que José é um tipo prefigurativo de Jesus Cristo: um bom entre os maus, vendido por algumas moedas de prata, que sofre para salvar aquêles que o maltrataram. QUESTIONÁRIO: Com quem andava José? Por que o detestavam? Quem re­ preendeu José? Onde se perdeu êle? Quando comeram pão? Quem estava sempre com José? Que coisa perdeu José? Que outra coisa não perdeu? Que serviço prestava José? A memória é sempre fiel?
  • 54. CAPÍTULO XIII A HORA DA PROVIDÊNCIA Leitura: Gen. 41 Texto Áureo: I Pedro 5:6 Tôdas as coisas têm o seu propósito determinado e há tempo certo para o propósito. Ecl. 3:1. Ninguém diria quando José foi preso, quando o copeiro mór sonhou e depois se esqueceu do companheiro que tinha interpretado o sonho, ninguém diria que tantas coisas dife­ rentes e desconcertadas fôssem peças articuladas de um plano só, o grande plano de Deus na história. Deus mostrou antecipadamente uma nêsga dêsse plano na vida de José. Que lições tão boas para a edificação do crente. Vistos êsses fatos, já não podemos perder a confiança na mão poderosa e sábia que dirige o curso dos acontecimentos. Afinal chegou a hora de Deus usar o homem que Êle vinha preparando há tanto tempo. Poderíamos dizer que o homem e a hora chegaram juntos, para cumprir o plano de Deus. 1.°) O PLANO E A SUA FINALIDADE José disse a Faraó que o sonho das vacas magras e das vaeas gordas, das espigas grandes e das espigas fracas não era um sonho qualquer. Era um aviso de Deus. No sonho Deus mostrou que viria, primeiro, a provisão, depois, a fome. O que parece indicar que, embora sejam insondáveis os desíg­ nios da Providência, o homem pode tomar na sua execução uma parte operosa e inteligente. Junto com o sonho, Deus deparou um homem que o pu­ desse interpretá-lo. Que finalidade estaria sendo visada? Observe-se o seguinte: — 61
  • 55. a) Os sábios fracassaram na sua tentativa de interpreta­ ção. O copeiro logo se lembrou de José. Evidentemente, Deus desejava que a interpretação fôsse feita pelo seu servo: assim José se tornaria pessoa influente e poderia proteger a raça escolhida. F icaria nisso a finalidade do plano? Parece que não. P a ra proteger a raça Deus poderia ter impedido a fome, mas não o fez. E ’ que Deus move os homens por meio da necessidade. E ra preciso levar a raça escolhida ao contacto com uma civilização superior, a fim de prepará-la para a sua missão histórica. Em outras p a la v ra s: Deus não os trouxe do E gito para salvá-los da fo m e ; enviou a fome para trazê-los ao Egito. Podemos corrigir aqui um êrro grande a respeito da ora­ ção. A oração não existe para nos desembaraçar da necessida­ de, mas a necessidade para nos induzir à oração. 2.°) O P L A N O D A P R O V ID Ê N C IA E A A T IV ID A D E DO HOM EM Se Deus predisse a Faraó o que estava para acontecer, então parece que tudo já estava prefixado e, portanto, nada restava para Faraó fazer. Podia cruzar os braços. Essa, po­ rém, não foi nem a opinião, nem êsse o conselho de José. Pelo contrário: recomendou medidas urgentes para prevenir a mi­ séria, enceleirando trigo durante os anos de fartura. A f ir ­ mou uma verdade im portante: uma vez que Deus já prefixou e mostrou o que há de fazer, nós ficam os sabendo com tôda a exatidão o que também nos compete fazer. Se Deus não tivesse um plano sábio e exato, se os acon­ tecimentos se dessem ao acaso, se o mundo andasse à matroca, então, sim, não adiantava nada o nosso esforço. Podiamos cruzar os braços. Mas há um plano, uma direção firm e dos acontecimentos, uma articulação sábia das circunstâncias. Po­ demos ag ir e trabalhar com tranquilidade. Não perderemos nem o tempo, nem os esforços. 3.°) S U R P R E Z A S E O PO R T U N ID A D E S DO P L A N O Nada como um dia depois do outro. Naquela hora som­ bria em que José, amedrontado, teria suplicado a seus irmãos que lhe poupassem a vida, êle, que era sonhador, estava longe de sonhar que um dia as posições se inverteriam . E foi o que se deu. Podemos dizer, muito reverentemente, que há um cer­ to humorismo nas execuções da Providência. Ora, vejam os: — 62
  • 56. Qual fo i uma das causas da irritação dos irmãos de José? O sonho que parecia predizer que êles se prostariam diante dêle. P ara impedir isso, trataram -no com deshumana dureza. Pois bem, quando foram comprar trigo no Egito, cum­ priram literalm ente o sonho de José, prostrando-se diante dêle. Gen. 42:6; 43:26; 44:14 e 50:18. Mas a execução do plano não traz apenas surprezas; traz também explêndidas oportunidades que os homens, in fe­ lizmente, nem sempre sabem aproveitar. José era sábio: aplicou aos irmãos o tratam ento que se tornava necessário e, assim, pôde ve rifica r que êles não eram homens completamente perdidos. Repeliram com energia o roubo da taça, colocaram-se solidariamente ao lado de Benjamin e voltaram com êle ao Egito. Um deles, preferiu fazer-se escravo a voltar sem o irmão para casa. Quantas surprezas! E, além do mais, José foi longânimo com seus irmãos. A singela exposição que acaba de ser feita nos mostra que ao redor de nós há fôrças e circunstâncias que não obede­ cem ao nosso comando. Nunca sabemos o que elas nos obriga­ rão a fazer. Jacó, por exemplo, resolveu não m andar mais ao E g i­ to buscar trigo. E mandou. Vim os também que a hora do castigo chega mesmo e que Deus, h aja o que houver, conduz as coisas para um desfêcho feliz, quando e como só Êle sabe. Q U E S T IO N Á R IO : Quem ficou em companhia de José? Que sonho se cum priu? O estômago argum enta? Se não houvesse fome Jacó teria dito “ pode ser que fôsse ê rro ” ? Confiou Jacó em Deus, ou no presente? Quantas vêzes se cumpriu o sonho de José? .Quem era como F araó? A que hora José alm oçava? Os f i ­ lhos de Jacó disseram a verdade? Só as mulheres choram? — 63 —
  • 57. CAPÍTULO XIV A EXATIDÃO DA PROVIDÊNCIA Leitura: Gên. 45 a 50. Texto Áureo: Gên. 50:19. Para o observador pouco instruido e superficial, o céu dá uma impressão de desordem: as estréias parecem espalha­ das no firmamento, sem plano ou disposição. Entretanto, sa­ bemos que, apesar dessa aparência, há no firmamento uma disposição planejada de todos os astros que ocupam posições rigorosamente exatas e executam movimentos regulares e har­ moniosos. Nada acontece por acaso e nada fica fora do seu lugar. A mesma impressão errônea temos da história e da vida humana. Parece que os fatos acontecem sem plano e sem or­ dem, como se não existisse um govêrno, uma Providência para dirigir os acontecimentos. As lições que estamos estudando ajudam a perceber que essa desordem é também aparente. Os fatos da história humana obedecem a causas e leis muito mais misteriosas que as causas e leis do mundo físico. São incomparavelmente mais difíceis de compreender e de explicar, mas, nem por isso, deixam de obedecer à direção sábia de uma Providência e de executar um plano. O fim do livro de Gênesis demonstra, de maneira mui­ to simples, esta verdade que estamos enunciando: a exatidão da Providência. Podemos estudar o assunto em três aspectos. 1.°) OS TEMPOS DA PROVIDÊNCIA I V .. M -. Aí aparecem as nossas primeiras impressões erradas porque, às vêzes, parece que a Providência tarda. E, para cor­ rigir o êrro dessa impressão, a sabedoria popular comete outro êrro dizendo: Deus tarda, mas não falha” . A verdade é que — 65