2. O QUE È CULTURA
Cultura é o conjunto de manifestações artísticas,
sociais, linguísticas e comportamentais de um povo
ou civilização. Portanto, fazem parte da cultura de
um povo as seguintes atividades e manifestações:
música, teatro, rituais religiosos, língua falada e
escrita, mitos, hábitos alimentares, danças,
arquitetura, invenções, pensamentos, formas de
organização social, etc.
3.
A Cultura, num mundo globalizado, é o que distingue
cada um dos povos e cada uma das sociedades.
Cada vez mais os mares encurtam e aproximam os
continentes fazendo com que exista uma maior
uniformização cultural. Os jeans deixaram de ser uma
característica americana, as frutas tropicais nascem
em países com condições climatéricas rigorosas, o
inglês é a língua oficial da internet e já é possível
assistir nas televisões portuguesas aos canais dos
países do leste. Contudo, continuamos a falar
português, a não conseguir comer as especialidades
que se cozinham nos países asiáticos ou a não ter
expressão em desportos como o críquete. Todos
estes elementos fazem parte da cultura específica de
cada povo, de cada sociedade por muito que exista
uma globalização e uniformização cultural.
4.
Como escreve Kayser as «diferenças fundamentais
entre regiões, aldeias, gerações ou grupos sociais
são sobretudo diferenças culturais»
(Grácia, 2001, pp. 23). Entre estas características
endógenas estão as que fazem parte da Cultura
Popular que foi «generada autónomamente por la
población no ilustrada y que podemos observar
plasmada en la literatura anónima, en los mitos y
leyendas, en la arquitectura sin arquitectos, en los
refranes, en las canciones y los bailes, en los oficios
tradicionales y en una larga serie de manifestaciones
denominadas populares»• (López, 1999, pp. 136) e
que «emanam de uma comunidade cultural fundadas
na tradição, expressas por um grupo ou por
indivíduos»• (UNESCO 25ª Reunião). Mesmo assim
é possível «pertencer» à Cultura Popular sendo
técnico especializado.
5.
É possível um músico com formação acadêmica tocar ou
compor música popular. Aliás, actualmente assiste-se a
este fenômeno particular. Com a massificação dos
produtos e a uniformização do consumo aumenta a
procura pelo valor único e pelo que é singular. Ao mesmo
nível aumentou a procura pelo turismo rural a que os
analistas chamam um «regresso ao passado». De facto,
é no interior rural que se mantém com mais vigor, uma
vez que os efeitos da globalização sobre as identidades
locais, hábitos, tradições, modos de vida menos se
fizeram sentir (Cavaco, 1999), e onde a oralidade e as
relações familiares e de vizinhança constituem alguns dos
traços dominantes (Cristovão, 1998), que as formas
tradicionais de cultura: a música, o teatro, o folclore, o
artesanato, os jogos populares continuam a
desempenhar um papel fundamental e a ser uma
referência, nos momentos mais marcantes da vida
comunitária (Neves, 2000, pp.12).
6.
José António Neves, na sua tese de mestrado, refere
que foram entre 1940 e 1970 que se fizeram mais
recolhas e estudos sobre hábitos e tradições locais
«no período em que as comunidades rurais não
estavam, ainda, sensibilizadas para o valor do seu
património local»• (Neves, 2000, pp.23-24). Contudo
não podemos esquecer que foi neste período que mais
se cultivou o gosto pelo rural e se fomentou o culto dos
valores nacionais e locais. Vários exemplos poderiam
ser dados mas não compete a este ensaio fazê-lo.
Outro exemplo da mistura entre o popular e o global
está patente no fenómeno da World Music. As cantigas
e instrumentos pertencentes à Cultura Popular
integraram bandas que rapidamente se expandiram
tornando estes produtos singulares em bens
massificados.