1. Agosto 2010
INDÚSTRIA
Setorial NAVAL
Pré-sal impulsiona
indústria nacional
Recursos para
a modernização
Novos polos
produtores
Valor Setorial Indústria Naval
FROTA
RENOVADA
Investimento em
estaleiros é recorde
2. CARTA AO LEITOR |
Valor Econômico S.A.
Diretora de Redação
Vera Brandimarte
Conselho Editorial
FROTA COM
BANDEIRA
Aluízio Maranhão Gomes da Silva, Antonio Manuel Teixeira Mendes, Celso Pinto, João Roberto
Marinho, Luiz Frias, Nicolino Spina, Otavio Frias Filho, Roberto Irineu Marinho e Vera Brandimarte
Diretor-Presidente
Nicolino Spina
Conselho de Administração
Antonio Manuel Teixeira Mendes, Luiz Frias, Paulo César Pereira Novis, Roberto Irineu Marinho
Diretora de Redação
Vera Brandimarte
Diretora-Adjunta de Redação
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Diretora de Conteúdo do Valor Online
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Editores Executivos
NACIONAL
Célia de Gouvêa Franco, Cristiano Romero, José Roberto Campos, Pedro Cafardo
A
Diretor-Presidente indústria naval brasileira, que chegou a ser a segunda mais
Nicolino Spina
Diretor Financeiro
Carlos Alberto Arroyo Ponce de Leon
importante do mundo no fim dos anos 1970, precisou es-
Diretora de Projetos Especiais
Rosvita Saueressig Laux
perar longos 13 anos para retomar as entregas de navios de
Diretor-Adjunto de Projetos Especiais
Carlos Raíces
grande porte à Petrobras, interrompidas em 1997, numa encomen-
Diretor de Negócios Digitais
Rubens Pedretti Jr.
da realizada ainda nos últimos anos da década de 1980. Em maio
Diretor de TI
Mauricio Ribeiro
deste ano, num ato simbólico, o Estaleiro Atlântico Sul lançou ao
Diretora de Assuntos Jurídicos e RH
Daphne Murahovschi Sancovsky mar o primeiro petroleiro produzido no país desde então.
Diretor de Circulação e Marketing
Eduardo Guterman As perspectivas delineadas daqui para frente, no entanto, suge-
rem uma fase de crescimento vigoroso da produção, graças não só
Unidade de Projetos Especiais
Revista s • Suplementos • Seminários a fatores conjunturais, mas especialmente em função das possibili-
Diretora
Rosvita Saueressig Laux
dades abertas pela descoberta das reservas de petróleo no pré-sal e
Diretor-Adjunto
Carlos Raíces
pela exigência crescente de conteúdo nacional, embutida na políti-
Gerente de Publicidade Nacional
Katiane Oliveira
ca desenhada pelo governo a partir de 2004.
Gerente de Publicidade – Brasília
Luiza Pupe A indústria tem dado mostras de eficiência ao se dedicar ao fi-
Gerente de Publicidade – Rio de Janeiro
Paulo Roberto Santos da Costa lão aberto pela exploração de petróleo a grandes profundidades na
Equipe de Publicidade
São Paulo – Andréa Cheunamann, Elizabeth Resende, Ligia Xavier, Marco Leal, Susy plataforma marítima e atravessa, agora, uma fase de consolidação.
Trucolo, Wagner Fonseca Claro; Rio de Janeiro – Haydée Figueiredo; Brasília – Joana Ferreira
Analista de Publicidade: Elza Favorito A marca dessa nova etapa pode ser expressa no pacote de encomen-
Setorial das de embarcações de grande porte despachado pela Transpetro.
Editora: Tânia Nogueira Alvares O Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef) con-
Editora-Assistente: Maria Cândida Vieira
Repórteres e Colaboradores: Adriana Aguilar, Anamárcia Vainsencher, Célia Demarchi, Denise templa 49 navios em duas etapas, com entrega prevista até 2015. O
Bueno, Genilson Cezar, Gilberto Pauletti, Gleise de Castro, Jacílio Saraiva, Juan Garrido, Lauro Vei-
ga Filho, Luiz Maciel, Roberto Rockmann, Rosangela Capozoli, Simone Goldberg, Vladimir Goitia programa inclui desde os gigantescos Suezmax, com capacidade
Revisão: Mauro de Barros
para 1,05 milhão de barris e 157 mil toneladas de porte bruto (TPB),
Pesquisa e Revisão Técnica: Valor Data
Gerente: Willian Volpato até navios para transporte de derivados claros (gasolina, diesel,
Pesquisadores: Andrea Rodrigues dos Santos, Edgard Kanamaru, Eni Ribeiro dos Santos,
Marcio Lorencini Ferreira, Marcos Roberto de Andrade Silva, Murilo Giovaneli, Robinson Moraes querosene, nafta e óleo lubrificante) e gaseiros, com 4 mil TPB ou
Arte 7,2 milhões de litros.
Editor de Arte/Fotografia: Silas Botelho
Editor-Assistente de Arte: Renato Brandão A movimentação de cargas por navegação comercial também
Coordenação de Arte: Eli Sumida
Assistente de Arte: Thomas Camargo Coutinho e José Vicente da Veiga
Pesquisa de Fotos e Imagens: Fernanda Prado
registra recuperação da demanda, com a retomada do comércio
Capa: Navio João Cândido/ Estaleiro Atlântico Sul – Divulgação Agência Petrobras mundial, maior ritmo de produção nas fábricas, safra recorde de
Paginação e Editoração Eletrônica
Grecco Comunicação
grãos e novos investimentos em infraestrutura. Com mais de 8 mil
Comercialização
quilômetros de litoral e cerca de 40 mil quilômetros de rios e lagos
CASA DE SUCESSO
REPRESENTAÇÃO COMERCIAL
navegáveis, o potencial náutico do Brasil é ainda subutilizado, mas
E ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS LTDA.
já chama a atenção até mesmo de grandes fabricantes internacio-
Rua: Irmã Pia, nº 422, 3º andar – Jaguaré – CEP.: 05335-050
São Paulo – SP – Fones: (11) 3768-1025 ou 1157 ou 1192 nais de iates e lanchas esportivas, que anunciam investimentos na
Marisa Stephano Feba e Paulo Feba – Diretoria
Daiane Vila Nova Rodrigues – Executiva de Negócios construção de estaleiros no país.
4 ValorSetorial INDÚSTRIA NAVAL
3. ÍNDICE |
10 10 CONJUNTURA
Inclui NÚMERO DE
FATURAMENTO MAIOR* 5,5 Estaleiros ESTALEIROS*
Em R$ bi hões
Navios
5,0
Plataformas 34
Petróleo e gás puxam ritmo de investimentos
48
de produção
de petróleo CARTEIRA DE
42
ENCOMENDAS*
2007 2008 2009 2010
( st mat v )
229 navios
Dados pen s dos a soc a os do S nav l
20 FINANCIAMENTO
Petrobras negocia acordo pioneiro
Mais crédito
Financ amentos do Fundo
da Marinha Mercante
em R$ b lhões 13
2,4
2009
Empregos em expansão
Em m l postos
de traba ho 39 0
2007
40 3
2008 46 5
22 SEGUROS
Múltis disputam os contratos de riscos
2009
11 2008
26 NAVEGAÇÃO COMERCIAL
2007
0 72 0 66 19 6
2004 0 46 2006 2006
2005 12 6 14 4
2004 2005
Aumento de 68% no transporte de cargas
Capacidade de transporte
Capac dade da frota
de navios brasileiros
30 LOGÍSTICA
À procura de opções mais competitivas
3,5 milhões
Em m l TPB** contratada
2004
2005
2006
2007
58
19 3
2 55
2 466 8
de toneladas de porte
bruto (TPB)
Capac dade mundial
Em mil TPB** entregue
2004
2005
2006
2007
17 3
45 3
67 3
50 1
34 HIDROVIAS
Mais barcaças no sistema Tietê-Paraná
2008 531 7 1,1 bilhão 2008 101 4
36
de toneladas de porte
PORTOS
2009 871 1 2009 13 2
bruto (TPB)
36
Gargalos crônicos de infraestrutura
38 PORTOS PRIVADOS
Empresas investem em terminais próprios
40 SUDESTE
Rio concentra 50% da capacidade
46 NORDESTE
Benefícios fiscais atraem estaleiros
50 SUL
Rio Grande forma cadeia produtiva
54 NORTE E CENTRO-OESTE
Uso de transporte fluvial ainda é pouco explorado
56 TECNOLOGIA
União para obter soluções inovadoras
60 PROJETOS
40 62
Mercado restrito para a engenharia nacional
CONSTRUTORAS
Grandes grupos disputam novos nichos
66 INSUMOS
Siderúrgicas investem para cortar custos
68 EQUIPAMENTOS
Fabricantes enfrentam concorrência da China
72 MOTORES
Parceria ajuda a estrear no mercado
74 TINTAS
Produto especial para navios e plataformas
78 SERVIÇOS
Estrutura de apoio à operação em alto-mar
50 80 FORNECEDORES
Incentivo para aumentar o conteúdo local
82 RECURSOS HUMANOS
Preocupação com a falta de profissionais
84 SUSTENTABILIDADE
Plano de ação a favor do ambiente
86 TURISMO NÁUTICO
Estímulo para atrair mais barcos de lazer
88 LUXO
Brasil é novo destino de iates e lanchas
90 INDICADORES
6 ValorSetorial INDÚSTRIA NAVAL
4. CONJUNTURA | POR SIMONE GOLDBERG
PETRÓLEO E GÁS
PUXAM RITMO DE
INVESTIMENTOS
Novos petroleiros, embarcações de apoio,
plataformas e navios-sonda de perfuração
estimularam a construção de 18 estaleiros
O
Brasil já foi um dos maiores ção Naval e Offshore (Sinaval). A
construtores navais do mun- carteira de pedidos nos esta-
do. Hoje, em meio à compe- leiros nacionais até 2014,
tição global, esse pódio dos cam- segundo a entidade,
peões é ocupado por países asiá- soma 300 embarca-
ticos, como Coreia do Sul, China e ções, é fortemen-
Japão. Mas há um título que voltou te concentrada
a ser verde-amarelo: o país toca, no atendimento
atualmente, o maior programa de da Petrobras e de
investimentos offshore do mundo, outras empresas do
estimulando a indústria naval. segmento offshore e vai
Só a Petrobras vai investir, até demandar investimento
2014, US$ 108,2 bilhões na área de próximo a R$ 10 bilhões. São
exploração e produção. Desse total, mais de 50 encomendas de navios-
US$ 78 bilhões serão aplicados no petroleiros e de produtos, cerca de
desenvolvimento da produção, o 140 embarcações de apoio maríti-
que inclui a construção de dezenas mo, oito cascos de navios-platafor-
de sistemas submarinos como no- mas (FPSO), três plataformas, cin-
vas plataformas e dutos marítimos co navios porta-contêineres, dois
de escoamento de produtos. Há pla- graneleiros e cerca de 70 comboios
nos de encomendas navais da esta- fluviais e rebocadores. Somente em
tal em curso, como o Programa de 2010, o faturamento estimado para
Modernização e Expansão da Frota o setor é de R$ 5,5 bilhões.
(Promef) para a construção de pe- “O novo plano de negócios da
troleiros, o Empresas Brasileiras de Petrobras prevê que a produção de
Navegação (EBN) para afretamento óleo e gás praticamente duplique
de navios a serem construídos por até 2020. O aumento da produção
empresas nacionais e o Programa com os campos do pré-sal é uma das
de Renovação da Frota de Apoio Ma- premissas fundamentais para os
rítimo (Prorefam). novos planos. Parcela significativa
O fornecimento de novos pe- de nossas novas embarcações será
troleiros, embarcações de apoio empregada no alívio das platafor-
marítimo, plataformas e sondas mas da bacia de Santos e no trans-
de produção estimulou a constru- porte de petróleo até os terminais”,
ção de 18 novos estaleiros no país, avalia Sérgio Machado, presidente
segundo o Sindicato Nacional da da Transpetro, braço logístico e de
Indústria da Construção e Repara- transportes da Petrobras.
10 ValorSetorial INDÚSTRIA NAVAL
5. INFOGRÁFICO: MULTISP
RETOMADA FIRME
Panorama da indústria naval no Brasil
Inclui NÚMERO DE
FATURAMENTO MAIOR* 5,5 • Estaleiros ESTALEIROS*
Em R$ bilhões
• Navios
4,8
5,0
• Plataformas
de produção
34
de petróleo CARTEIRA DE
4,2
ENCOMENDAS*
229 navios
*Dados apenas dos associados do Sinaval
2007 2008 2009 2010
(estimativa)
Mais crédito Empregos em expansão
Financiamentos do Fundo 2,4 Em mil postos
da Marinha Mercante, 2009 de trabalho 40,3
39,0
2008 46,5
em R$ bilhões 1,3 2007 2009
1,1 2008
2007
0,72 0,66 19,6
2004 0,46 2006 2006
2005 12,6 14,4
2004 2005
Capacidade de transporte
Capacidade da frota
de navios brasileiros
3,5 milhões
de toneladas de porte
Em mil TPB** contratada bruto (TPB) Em mil TPB** entregue
2004 5,8 2004 17, 3
2005 19,3 2005 45,3
2006 2,55 Capacidade mundial
2006 67,3
2007 2.466,8 2007 50,1
2008 531,7 1,1 bilhão 2008 101,4
2009 871,1 de toneladas de porte 2009 13,2
bruto (TPB)
**Tonelagem de porte bruto. Fonte: Sinaval
6. CONJUNTURA |
Há ainda o que o mercado cha-
ma de Promefinho: programa de
renovação da frota hidroviária da
estatal destinado ao projeto de es-
coamento de etanol pela Hidrovia
Tietê-Paraná. Lançado em março,
o Promef Hidrovias prevê a cons-
trução de 80 barcaças e 20 empur-
radores. As propostas técnicas de
13 empresas, recebidas no final de
junho pela estatal, serão analisadas
nos próximos dois meses.
Na primeira fase do programa
EBN, 19 navios estão contratados
junto a empresas de navegação que
irão construí-los – no caso de pos-
suírem estaleiros próprios, como
a Navegação São Miguel – ou man-
dar construir em outros estaleiros
nacionais, como é o caso da Global
Transportes Oceânicos e da Panco-
ast, entre outras. A previsão é que
essas embarcações estejam em ope-
ração entre 2011 e 2014.
Desde já, a Petrobras pretende
aumentar essas contratações. “Enca-
minhamos para o mercado o EBN 2,
que são mais 20 navios”, diz o dire-
tor de abastecimento, Paulo Rober-
to Costa. Somado ao EBN 1, os dois
programas totalizarão 39 embarca-
ções. Costa lembra ainda os 49 na-
vios encomendados pela Transpetro
dentro do Promef. “A Petrobras tem
hoje 88 navios de grande porte para
serem construídos nos próximos
anos, todos no Brasil.”
Dos 49 navios do Promef, 46 fo-
ram licitados. As encomendas acer- Sérgio Machado, da Transpetro: prioridade para o atendimento às plataformas da
tadas somam US$ 4,7 bilhões. Entre
os estaleiros vencedores estão os “O Brasil está retomando sua para atender a própria demanda da
fluminenses Mauá (que faz quatro indústria naval. A consistência da Petrobras e de outros segmentos,
e concorre nos três pendentes), Eisa demanda e a modernidade dos es- como mineração e cabotagem. Há
Ilha (com quatro navios), Superpe- taleiros credenciam nossa indús- a Marinha, que acena com investi-
sa (três) e Rio Nave (cinco) e os per- tria a competir também no merca- mentos em ampliação da esquadra,
nambucanos Estaleiro Atlântico Sul do internacional”, diz o presidente além de armadores estrangeiros
(EAS), com 22 encomendas, e Pro- do EAS, Angelo Bellelis. O estaleiro para atender o mercado brasileiro
mar, com oito pedidos. Com sede no investiu cerca de R$ 1,8 bilhão de e outros.” O Estaleiro Atlântico Sul
Rio, uma nova unidade do Promar 2008 a 2010. Sua capacidade de lançou ao mar, em maio, o primeiro
será construída em Pernambuco processamento é de 160 mil tonela- navio do Promef.
pelo STX Brazil Offshore (ex-Aker das de aço por ano. A avaliação positiva de Bellelis
Promar), de controle coreano, com Para Bellelis, as perspectivas encontra respaldo na realidade. Es-
investimento de US$ 100 milhões. são “ótimas”, graças à demanda da taleiros como o Eisa Ilha têm enco-
O Promef, que busca conteúdo na- Transpetro e ao pré-sal, que traz mendas não só da Transpetro, mas
cional de cerca de 70%, foi elaborado maisoportunidadesemplataformas também da Marinha, para quem o
antes de uma avaliação de necessi- offshore, mais navios e equipamen- Eisa faz barcos-patrulha, e da Log-
dades do pré-sal. Uma nova fase do tos. “Armadores privados também In, empresa privada de logística,
programa está em análise. têm necessidades de embarcações que encomendou navios de carga.
12 ValorSetorial INDÚSTRIA NAVAL
7. SILVIA COSTANTI / VALOR
de navios de apoio marítimo para
atender à demanda da Petrobras.”
Além da construção de navios, o
mercado de manutenção e constru-
ção de plataformas também agita
o setor. A Iesa, que cuida da manu-
tenção e modernização de seis pla-
taformas em operação na bacia de
Campos e duas na bacia de Santos,
integra o consórcio Quip, respon-
sável por construir módulos da pla-
taforma semissubmersível P-55 e da
P-63, um navio-plataforma (FPSO).
Ambas serão feitas no Rio Grande do
Sul. “Os atuais contratos compõem
uma carteira de aproximadamente
R$ 1 bilhão”, afirma o diretor finan-
ceiro e administrativo da Iesa Óleo
& Gás, Irajá Galliano Andrade.
Outro executivo da empresa, o
diretor de engenharia José Eduardo
Catelli Soares de Figueiredo, diz que
um dos focos atuais é a produção de
módulos para plataformas, porque
a empresa está fazendo este tipo de
peça para a P-55. “Deveremos inves-
tir algo em torno de R$ 30 milhões
numa espécie de fábrica de módu-
los.” Figueiredo destaca que a Iesa
está atenta à demanda por novas
plataformas para atender ao pré-
sal e ao crescimento da produção.
“Estamos preparados para atuar em
novos nichos, como o da construção
de plataformas de perfuração.” A
P-55 e a P-63 têm valor de contrato
de US$ 2,9 bilhões.
Há ainda 28 navios-sonda em
bacia de Santos e ao transporte de petróleo até os terminais licitação pela Petrobras, que serão
construídos no Brasil, com entrega
Ainda tem pedidos da Venezuela tros dos quais com contrato para prevista entre 2013 e 2018 e valor
para fornecer petroleiros. prestar serviço à Petrobras –, além avaliado pelo mercado em cerca de
Outros representantes dos bons da expansão do estaleiro em Niterói US$ 25 bilhões. Até 2018, a Petro-
ventos que sopram na indústria na- e da construção de nova unidade in- bras vai contratar 58 sondas. Muitas
val são a Companhia Brasileira de dustrial em São Gonçalo, ambos no estão sendo encomendadas no exte-
Offshore (CBO) e o Estaleiro Aliança, Estado do Rio de Janeiro. rior, enquanto a indústria nacional
seu controlado. O Aliança tem em O investimento total é de se prepara para responder às novas
carteira oito navios de apoio maríti- US$ 828,8 milhões, dos quais 90% pressões de demanda.
mo em construção – aqueles que le- financiados pelo banco com recur- Vários estaleiros estão “nascen-
vam suprimentos às plataformas de sos do Fundo da Marinha Mercante do” motivados por essas sondas. Um
petróleo –, com entregas previstas (FMM). A ampliação em Niterói está deles será fruto do consórcio Galvão/
de 2010 a 2012 para a própria CBO. em etapa final e a construção da se- Alusa e deve ficar em Quissamã, no
E pretende ampliar sua produção. gunda unidade, o Aliança Offshore, norte do Estado do Rio de Janeiro.
O Banco Nacional de Desenvolvi- teve as obras de terraplenagem ini- Outro estaleiro fluminense, o Mauá,
mento Econômico e Social (BNDES) ciadas, segundo o presidente da CBO assinou contrato de arrendamento
aprovou financiamento para a cons- e do Estaleiro Aliança, Luiz Maurício com a construtora Andrade Gutier-
trução de 19 navios de apoio maríti- Portela. “A expansão do Estaleiro rez, também de olho na produção
mo do tipo PSV 3000 e 4500 – qua- Aliança visa à construção e reparos de sondas. Mais um novo empre-
INDÚSTRIA NAVAL ValorSetorial 13
8. CONJUNTURA |
LEO PINHEIRO / VALOR
No final do ano passado, o conselho
diretor do Fundo da Marinha Mer-
cante (FMM) aprovou prioridades
para a construção de 253 navios, o
que representa investimentos de
R$ 8,9 bilhões e outros R$ 2,3 bilhões
para a implantação e modernização
de mais 15 estaleiros. Em meados
de junho, uma nova lei autorizou a
União a conceder até R$ 15 bilhões
aos agentes financeiros do FMM – os
bancos federais – para viabilizar os
projetos aprovados.
Para o gerente do departamento
de gás e petróleo e cadeia produti-
va do BNDES, Vinícius Samu de Fi-
gueiredo, o país tem, com o pré-sal,
uma oportunidade como há anos
não surgia para desenvolver o setor
naval. “O setor de óleo e gás é, sem
dúvida, o grande ‘drive’ dessa de-
manda. Só ele é suficiente para sus-
tentar uma retomada da indústria.”
Figueiredo demonstra certa preo-
cupação em relação aos anúncios
de novos estaleiros, principalmente
aqueles voltados para a construção
dos navios-sonda em licitação pela
Petrobras. “Há dúvidas sobre se essa
demanda específica vai se manter, e
o risco é termos estaleiros esvazia-
dos no futuro.”
No entanto, Figueiredo vê espa-
Ariovaldo Rocha, do endimento anunciado é o Eisa Ala- senvolvimento Produtivo (PDP), ço para estaleiros dedicados a em-
Sinaval: nova fase goas, do grupo Sinergy (que contro- o setor desfruta de uma série de barcações de apoio marítimo, para
de expansão com la o Mauá e o Eisa do Rio), que exigi- desonerações fiscais, entre elas IPI, navios de grande porte e platafor-
navios graneleiros rá investimento de R$ 1,5 bilhão. PIS-Pasep e Cofins, além de finan- mas. E defende um esforço maior na
e porta-contêineres “A indústria naval brasileira pas- ciamento oficial mais barato para produção de barcos de apoio, que
sou por um período de recuperação projetos com maior índice de na- são feitos de acordo com o pedido
entre 1999 e 2007. As encomendas cionalização de componentes, uma do cliente e, por isso, não dependem
da Transpetro consolidaram o setor das metas da PDP. A segunda meta tanto de economia de escala, como
com a construção de navios-petro- é ampliar a participação da bandei- os grandes petroleiros. Neles, o Bra-
leiros de grande porte. É a fase em ra brasileira na marinha mercante sil tem chance de ser competitivo. “É
que nos encontramos”, diz o presi- mundial. Nos últimos dois anos, muito difícil competir com a Coreia
dente do Sinaval, Ariovaldo Rocha. houve um aumento superior a 25% do Sul em navios de grande porte.
Para ele, a próxima fase será de ex- no número de embarcações na frota Ela faz, em um estaleiro apenas, cem
pansão, com o aumento da deman- de bandeira nacional e a geração de navios por ano. Nosso maior e mais
da por navios porta-contêineres e mais de 25 mil empregos na cadeia moderno estaleiro não faz cinco.”
navios-graneleiros, diversificando produtiva do setor. O gerente do BNDES lembra que é
clientes para além do setor de petró- “Com os estaleiros em operação preciso desenvolver tecnologia. “Por
leo e gás. O executivo acredita que contínua, o atendimento aos de- enquanto, os projetos desses barcos
o país está no caminho certo, com mais segmentos, além do petróleo de apoio vêm de fora.” Existe hoje
o aumento dos investimentos e ex- e gás, vai ocorrer. Uma das metas no BNDES uma carteira de projetos
pansão do emprego direto no ramo mais importantes é a construção de avaliados em R$ 29,6 bilhões em
– de 2 mil, em 2000, para 46, 5 mil, uma frota própria de navios para o financiamentos para o setor naval,
em 2010. Os empregos indiretos comércio exterior brasileiro, prin- somando os que estão em perspecti-
chegam a 230 mil pessoas. cipalmente porta-contêineres e va, carta-consulta, enquadrados, em
Contemplado na Política de De- graneleiros”, diz Rocha, do Sinaval. análise e aprovados.
14 ValorSetorial INDÚSTRIA NAVAL
9. CONJUNTURA |
LEO PINHEIRO / VALOR
Irajá Andrade, Segundo o Sinaval, o país está dos Reis, que construirá a P-61. avaliação do Sinaval é de uma neces-
da Iesa: carteira construindo capacidade produti- O consórcio Quip fará a P-63 no sidade de 55 plataformas até 2020,
de cerca de va capaz de dar conta da demanda Estaleiro Rio Grande (RS) e parte incluindo as 48 que a OGX, empresa
R$ 1 bilhão em atual e da estimada. Isso indica (módulos) da P-55, que está em do grupo EBX – do empresário Eike
modernização uma geração de 60 mil empregos construção no Estaleiro Atlântico Batista –, vai precisar e serão feitas
diretos em 2014 e cerca de 240 mil Sul (EAS). As outras duas platafor- no estaleiro do grupo, o OSX. Este
indiretos. Só em plataformas de mas em construção são a P-58 e a estaleiro, que inicialmente seria ins-
produção de diversos tipos, a de- P-62, que terão os cascos conver- talado em Santa Catarina, negocia
manda é avaliada em mais de 150 tidos em Cingapura e os diversos com o governo do Rio de Janeiro sua
unidades até 2020. módulos e a montagem final rea- ida para o Estado. O investimento é
De acordo com o plano de ne- lizados no Brasil, mas ainda sem avaliado em R$ 2,5 bilhões.
gócios da Petrobras, até 2015 as ne- estaleiros definidos. Para Floriano Martins, vice-pre-
cessidades de plataformas superam Para o pré-sal, há carta de in- sidente da Sociedade Brasileira de
140 unidades (incluindo as fixas, as tenção assinada com a Engevix Engenharia Naval (Sobena) e pro-
de pernas tensionadas e os navios- para a construção, no Estaleiro Rio fessor da Coppe-Instituto Alberto
plataforma de produção) e colocam Grande (RS), de oito cascos de pla- Luiz Coimbra de Pós-Graduação
uma demanda de 491 barcos de taformas do tipo FPSO (sigla em e Pesquisa de Engenharia da Uni-
apoio e especiais. Até o final de 2010, inglês para plataforma flutuante, versidade Federal do Rio de Janeiro
segundo a Petrobras, haverá sete que produz, processa, armazena (UFRJ), apesar das boas perspecti-
plataformas em construção no país, e escoa petróleo). O contrato está vas do setor, há gargalos que pre-
a serem entregues entre 2011 e 2104 avaliado em US$ 3,5 bilhões, e a cisam ser superados, como falta
e que vão operar no pós-sal. Entre Engevix vai investir cerca de R$ de infraestrutura e de mão de obra
elas estão a P-56 e a P-57, em produ- 400 milhões para adaptar o esta- qualificada, defasagem tecnológi-
ção no estaleiro Brasfels (do grupo leiro às necessidades da obra. ca e a necessidade de estruturação
Keppel, de Cingapura), em Angra Para as petrolíferas privadas, a da cadeia produtiva.
16 ValorSetorial INDÚSTRIA NAVAL
10. FINANCIAMENTO | POR ADRIANA AGUILAR
PETROBRAS NEGOCIA
ACORDO PIONEIRO
Apesar da elevada expansão da oferta de crédito, empresa negocia
pacto com bancos para facilitar o empréstimo aos fornecedores
A
Petrobras está negociando O acordo cogita a criação de um agente financeiro credenciado
com seis grandes bancos, banco de dados para o armazena- pelo FMM, o Banco do Brasil (BB)
em uma iniciativa pionei- mento das informações de cada soma oito operações contratadas de
ra, um acordo para que toda a ca- empresa. Com esse histórico, os 2009 até julho de 2010, totalizando
deia de fornecedores da indústria bancos reduziriam a percepção de R$ 900 milhões em financiamentos.
naval tenha acesso ao crédito. A risco em relação às empresas, libe- “O crescimento da construção na-
perspectiva é de que o acordo seja rando o crédito rapidamente. Para val se consolidou no país, inclusive
fechado ainda neste ano. Segundo mitigar os riscos e garantir agilida- com a entrada de empresas estran-
alguns bancos, as reuniões com a de nas contratações, os contratos geiras se associando às brasileiras,
Petrobras ocorrem desde o último de garantia seriam padronizados. o que demonstra credibilidade no
trimestre de 2009. Atualmente, os A Petrobras seria favorecida pela negócio. Estamos em outro estágio,
fornecedores da indústria naval, redução geral de preços, decorren- que é o fortalecimento e desenvolvi-
quando solicitam financiamento, te de menor custo financeiro em mento do setor de navipeças brasi-
enfrentam custos mais elevados e, toda cadeia produtiva. leiro”, diz Débora Teixeira, diretora
muitas vezes, têm o pedido negado A ação da Petrobras é um reforço do departamento do FMM.
por não conseguirem comprovar para a indústria naval, cuja deman- As condições atrativas – emprés-
geração de caixa suficiente para o da crescente por embarcações no- timo de até 20 anos e taxas de juro
pagamento dos compromissos. vas, aliada à ampliação e moderni- reduzidas – justificam a demanda
Hoje, a Petrobras é a âncora zação da infraestrutura na constru- pelos recursos do FMM. Uma reso-
da cadeia produtiva da indústria ção naval, tem elevado o volume de lução do Conselho Monetário Na-
naval. O objetivo é que a capaci- financiamentos. Nos últimos anos, cional, de dezembro de 2009, fixou
dade de a estatal saldar seus com- os empréstimos para a indústria novas condições financeiras para as
promissos financeiros seja um naval passaram de R$ 500 milhões operações com dinheiro do fundo.
facilitador para os fornecedores. para R$ 2 bilhões. Os recursos são do Por essa norma, quanto maior o con-
Segundo o sistema proposto, o Fundo da Marinha Mercante (FMM) teúdo nacional do projeto, menor o
banco analisaria a forma de paga- e o principal repassador do dinhei- custo do dinheiro emprestado, o
mento do empréstimo com base ro continua sendo o Banco Nacional que estimula o fortalecimento da
na expectativa de geração de caixa de Desenvolvimento Econômico e indústria naval local. O aumento do
de cada contrato ligado indireta- Social (BNDES), que desembolsará índice de nacionalização das enco-
mente à Petrobras. R$ 1,8 bilhão em 2010. Como novo mendas da Petrobras é uma política
do governo para fortalecer a indús-
tria brasileira, associado ao traba-
Mais recursos lho desenvolvido pelo Programa de
Ano BNDES FMM Mobilização da Indústria Nacional
(em R$/milhões) (R$/milhões) de Petróleo e Gás Natural.
Os financiamentos com recursos
2005 393,70 472,17 do FMM, dependendo do empreen-
2006 500,94 1.069,40 dimento, têm prazo máximo de 20
2007 982,65 876,17 anos, com taxa de juro que pode va-
2008 1.047,99 1.608,85 riar de 2% a 7% ao ano, acrescida da
2009 1.787,03 2.051,07 Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP),
2010 1.799,25* 1.148,62** hoje em 6% ao ano, ou da variação do
dólar americano. Fica a critério da
Fonte: BNDES e FMM. *Perspectiva de desembolso total em 2010. ** Até julho de 2010
empresa a escolha de um dos inde-
20 ValorSetorial INDÚSTRIA NAVAL
11. DIVULGAÇÃO
Nos últimos três anos, houve
um incremento de recursos no se-
tor naval devido, principalmente,
ao Programa de Modernização e
Expansão da Frota (Promef 1 e 2),
bem como a ampliação do número
de projetos com as descobertas do
pré-sal. Também o Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC),
lançado em janeiro de 2007, in-
cluiu a indústria naval como um
setor prioritário. Em maio de 2008,
o setor foi incluído na Política de
Desenvolvimento Produtivo (PDP).
O BNDES conta com uma cartei-
ra de projetos contratados na área
de R$ 11,4 bilhões com recursos do
FMM. Aí estão incluídos projetos do
Promef 1 (da Transpetro), platafor-
mas, navios de apoio, embarcações
de navegação de interior e estaleiros.
Desse total, restam R$ 9,2 bilhões,
que serão desembolsados em três
anos. No financiando da expansão
da frota da Transpetro (Promef 1),
foram licitados 23 navios–tanque.
Os financiamentos do banco atin-
giram R$ 4,7 bilhões, em fase de
desembolso. Já o Promef 2 prevê a
construção de 26 navios-tanque.
Ainda em julho, o BB aprovou o
financiamento de R$ 110,58 milhões
em contratos assinados pela Trans-
petro e pelo estaleiro Superpesa, do
Rio de Janeiro, para a construção de
três navios de transporte de com-
bustível para embarcações, chama-
dos de bunkers. Credenciado como
agente financeiro do FMM desde
2009, o BB apresenta oito operações
contratadas em moeda estrangeira e
nacional por diferentes empresas. O
montante das oito operações soma
Sandro Kohler Marcondes, do BB: curva intensa de aprendizagem no setor cerca de R$ 900 milhões.
Na carteira de análise do BB, há
xadores. Também pode haver uma Por isso, o Tesouro ofereceu R$ 15 29 projetos que totalizam R$ 6,8 bi-
combinação deles. O custo total do bilhões de outra fonte em 2009. lhões. Mais de 90% dos recursos são
financiamento será dado pelo custo Em 2010, de janeiro a julho, o para a cadeia de óleo e gás, ou seja,
financeiro, mais os spreads da insti- FMM recebeu novos projetos, que fornecedores da Petrobras. O BB tem
tuição repassadora dos recursos. somam R$ 8,5 bilhões. A expecta- estruturado negócios para um seg-
Em dezembro de 2009, o Conse- tiva é de que a avaliação seja feita mento que continuará crescendo
lho Diretor do Fundo da Marinha na próxima reunião do Conselho nos próximos anos. “Desde o início
Mercante aprovou projetos no valor Diretor do FMM. O orçamento para de 2009, estamos em uma curva in-
de R$ 14,2 bilhões para financiar desembolsos em 2010 para as obras tensa de aprendizagem e as empre-
o setor. A arrecadação própria do em andamento e contratações clas- sas do setor naval estão interessadas
FMM, no entanto, ao longo da exe- sificadas como prioritárias, firma- em conhecer o trabalho do BB”, diz o
cução das obras (até 2014), não era das neste ano ou em anos anterio- diretor da área comercial do banco,
suficiente para atender à demanda. res, são de R$ 4 bilhões. Sandro Kohler Marcondes.
INDÚSTRIA NAVAL ValorSetorial 21
12. SEGUROS | POR DENISE BUENO
MÚLTIS DISPUTAM OS
CONTRATOS DE RISCOS
Abertura do mercado de resseguro coincide com maior demanda
por apólices de cobertura e atrai grande número de seguradoras
ANNA CAROLINA NEGRI / VALOR
O
s contratos de seguros da ros aqui por ser a principal parceira
indústria naval brasileira de grandes estaleiros sediados em
estão entre os mais disputa- Cingapura e que começam a ganhar
dos no mundo. O país está longe de contratos também no Brasil.
ser o maior mercado neste segmen- “Tudo isso sem falar na explora-
to, liderado por Cingapura. Mas é ção de petróleo, que exige grande
o que mais interesse desperta pelo investimento na construção de em-
grande potencial de negócios. “Be- barcações de apoio, principalmente
neficiado com investimentos signi- para a exploração da camada pré-
ficativos, o setor reluz para os exe- sal, bem como para a moderniza-
cutivos de seguros e de resseguros ção da frota”, acrescenta Mauricio
de todo o mundo”, diz Maria Hele- Aguiar Giuntini, ex-oficial da ma-
na Carbone, diretora da “marine” rinha mercante contratado pela
da AON Risk, uma das principais Liberty International Underwriters,
corretoras do mundo. divisão internacional responsável
“A área naval passou a fazer parte pelos grandes riscos do grupo Li-
do foco de investimentos de várias berty Mutual.
seguradoras que ainda estão se es- Até pouco tempo atrás, a indús-
truturando para atender à deman- tria naval no Brasil estava limitada
da”, conta Ângelo Colombo, diretor aos seguros dos 54 navios da frota
da subsidiária do grupo alemão da subsidiária da Petrobras, a Trans-
Allianz, maior seguradora do mun- petro, com seguro restrito a apólice
do em valor de mercado. Os grupos de reparo naval. O contrato foi por
negociam coberturas e serviços muitos anos administrado pela
dentro das necessidades dos clien- SulAmérica e desde o ano passado
tes locais e contratos de resseguros tem como líder a seguradora japo-
automáticos para atender à deman- nesa Tokio Marine. A licitação era re-
da explosiva esperada para os pró- alizada praticamente sem qualquer
ximos 15 anos, devido ao aqueci- concorrência, uma vez que mais de
mento dos negócios para estaleiros, 90% do risco dependia do valor do
embarcadores, administradores de resseguro, operação que por quase
portos e empresas de transporte. 70 anos ficou monopolizada no Bra-
“A Transpetro impulsionou a re- sil. Sem concorrência, o seguro ti-
tomada da indústria naval e os esta- nha coberturas e preços limitados.
leiros buscam contratos no mundo Dois anos após a abertura do
todo, pois não há como depender só mercado, o cenário é bem diferen-
da estatal”, diz João Baptista Bárba- te. “O Brasil é investment grade, a
ra, corretor da Colemont Brasil Insu- indústria naval se moderniza e o
rance e Reinsurance, especializada mercado de seguros se internacio-
em seguros navais. Segundo Jacques nalizou e conta com quase cem res-
Bergman, presidente da subsidiária seguradores no país”, analisa Felipe
local da canadense Fairfax, o grupo Smith, diretor da Tokio Marine. Em
Felipe Smith, da Tokio Marine: mercado se internacionalizou está negociando contratos de segu- março, a empresa fechou parceria
22 ValorSetorial INDÚSTRIA NAVAL
13. Nossos Negócios
Soluções
Competitivas
Área Naval – Shiprepairer’s Liability,
Marine TPL, Builders’s Risk e
Operation’s Risk
Riscos de Engenharia
A FOUR CORRETORA DE SEGUROS está a 20 anos
atuando no Mercado da Indústria Naval, atendendo a clientes
Seguro Garantia
como o Estaleiro Atlântico Sul, STX Brasil Offshore entre
outros. Recentemente realizou assessoria completa para
Responsabilidade Civil, D&O
diversos estaleiros com referência ao FUNDO GARANTIDOR
DA CONSTRUÇÃO NAVAL (FGCN), através do SINAVAL,
Riscos Diversos Equipamentos
entidade para qual presta consultoria para demandas
em seguros.
Riscos Patrimoniais,
Operacionais e Nomeados Especializada na Indústria Naval, desenvolve programas
de seguros específicos atendendo às reais necessidades dos
Programas de Benefícios clientes. Empresas que necessitam destes serviços
(Saúde e Vida em grupo) encontram na FOUR CORRETORA DE SEGUROS a
parceria para soluções ágeis e competitivas.
Transportes
Este é o diferencial da FOUR CORRETORA DE SEGUROS.
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14. SEGUROS |
GUSTAVO LOURENCAO / VALOR
rado e chega até o momento em que negócios do Lloyd’s no Brasil e, nos
a embarcação está em plena opera- últimos três anos, saiu de US$ 30
ção, com apólices que garantem o milhões de prêmios para os atuais
vai e vem das mercadorias transpor- US$ 60 milhões.
tadas mesmo com a ação de piratas Não há estatísticas do quanto
ou da fúria da natureza. essa indústria movimenta. Dados da
Aos poucos, ganha fôlego a co- Susep mostram prêmios de R$ 200
bertura de construção naval, apólice milhões no ramo embarcações. Po-
semelhante à de riscos de engenha- rém incluem riscos de embarcações
ria de construção de um empreen- de passeio e não consideram o se-
dimento. “Este é o filé-mignon da in- guro de garantia para a construção
dústria”, diz Paulo Barrocas, gerente do navio, nem mesmo o seguro que
de riscos de transporte do IRB Brasil garante os riscos materiais e de res-
Re. Dos 49 navios do Programa de ponsabilidade civil que envolvem a
Modernização e Expansão da Frota, construção de um navio. Boa parte
46 já foram contratados, com inves- desse valor expressa o contrato de
timento de US$ 4,7 bilhões. seguros da frota da Transpetro, que
O índice de sinistralidade é prati- é segurada através de clubes de se-
camente zero. O maior risco é quan- guro de responsabilidade civil, que
do o navio vai ser lançado. “Quando são formados por associações cente-
há acidente, ele leva boa parte do nárias de armadores de navios.
Jacques Bergman, com o grupo Schahin para o seguro lucro, pois o custo é elevado pelo Douglas Sakamoto, da Munich
da Fairfax: de equipamentos e navios destina- valor da embarcação e dos estragos Re do Brasil, diz que o mercado para
contratos com dos à perfuração e manutenção de que ele causa em volta”, diz Maria o segmento de embarcações comer-
grandes estaleiros poços em águas oceânicas e aguar- Helena, da AON. Já no reparo naval, ciais de longo curso deve manter o
de Cingapura da outros contratos de sondas de as seguradoras amargam perdas pe- atual cenário, com a prática de pre-
perfuração em águas profundas em los gargalos dos portos brasileiros, ços competitivos acentuada pelo
construção na Coreia e na China e frota de navios com idade avançada apetite dos novos players que vieram
que devem chegar ao Brasil no pró- e urgência na reformulação de um com a abertura do resseguro. O úni-
ximo ano. novo arcabouço regulatório para o co segmento que enfrenta alguma
Os produtos ofertados começam setor naval. dificuldade é o seguro para opera-
na garantia de que a empresa con- É um dos principais mercados do ção de plataformas, impactado pelo
tratante terá sua encomenda no pra- Lloyd’s of London. “Principalmen- maior desastre ao meio ambiente
zo e nas condições acertadas no con- te com a abertura do mercado de causado pela explosão da platafor-
trato, passa pelas garantias exigidas resseguros”, diz o representante da ma Deep Horizon, da British Petro-
do banco financiador do projeto de empresa no Brasil, Marco Castro. A leum, no Golfo do México, em abril
que o valor do empréstimo será hon- carteira naval representa 30% dos deste ano e que só em meados de ju-
lho teve o vazamento controlado.
Aparentemente, as perdas para
Principais seguros as seguradoras estão limitadas a
US$ 3,5 bilhões. Os contratos para
Builders Risk Contratada pelo estaleiro para se proteger de danos durante o período de construção
a operação de plataformas estão
(construtor naval) até o final do período de teste do navio nos primeiros meses de operação
sendo revisados e o setor aguarda
Casco e máquinas Apólice contratada pelos proprietários de navios e protege a embarcação com relação a um realinhamento de coberturas
danos materiais, inclusive ao motor e preços devido à possível alteração
Reparador naval Cobre eventuais prejuízos causados a terceiros pelo reparador naval em razão dos na legislação americana de polui-
serviços prestados ção por óleo quanto ao limite de
Operador portuário Cobre danos materiais causadas pelo operador a terceiros responsabilidade dos proprietários
de navios. Algumas seguradoras de-
Guerra e greves Protege a embarcação com relação a danos materiais em áreas de guerra e greve
cidiram sair desse tipo de cobertura
Loss of Hire Cobre a perda de receita dos embarcadores por paralisações em razão do dano material coberto diante da dúvida sobre a segurança
Protection Cobre responsabilidade civil do transportador aquaviário, sendo as maiores capacidades da tecnologia para exploração de
& Indemnity ofertadas pelos clubes de investimentos dos quais os armadores são sócios petróleo em águas profundas. Ou-
Strikes Protege contra a paralisação da embarcação por atos de greve, bloqueios e outros tras reduziram a oferta, e as que fi-
caram estão mais exigentes do que
Taxas de hipotecas Protege os interesses do credor hipotecário
nunca. Seguros ligados à operação
e riscos adicionais
de plataformas devem registrar rea-
Fonte: Aon Risk
juste médio de até 50% nos preços.
24 ValorSetorial INDÚSTRIA NAVAL
15. Experiência global
no estaleiro local
O grupo STX Europe, especializado na
construção de navios para operações
Pipelayer offshore, dedica toda a experiência e
tecnologia internacional ao estaleiro da
STX Europe no Brasil. São 15 estaleiros
localizados no Brasil, Finlândia, França,
Noruega, Romênia e Vietnam. É o apoio
RSV global a soluções locais na produção de
petróleo offshore.
AHTS
PSV Praça Alcides Pereira 1 – Ilha da Conceição
Niterói - RJ – CEP: 24.050-350 – Brasil
Tel: 21 2718-9090 – Fax: 21 2718-9080
www.stxeurope.com