Este documento discute lógica proposicional e cálculo proposicional. Introduz conceitos como proposições, valores lógicos, operadores lógicos, tabelas de verdade e expressões lógicas. Também discute implicações e equivalências lógicas, formas normais disjuntivas e conjuntivas e obtenção de formas normais disjuntivas a partir de tabelas de verdade.
1. Lógica
Fernando Fontes
Universidade do Minho
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2. Outline
1 Introdução
2 Implicações e Equivalências Lógicas
3 Mapas de Karnaugh
4 Lógica de Predicados
5 Argumentação Matemática
6 Indução Matemática
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3. Introdução
Lógica
Importância da lógica:
Precisar argumentos matemáticos
Verificar a sua validade
Programação de computadores
Verificar a correcção de algoritmos
Circuitos electrónicos digitais
Definição
Uma proposição é uma afirmação que pode ser classificada como
verdadeira ou falsa.
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4. Introdução
Exemplos de proposições:
Guimarães é a capital de Portugal.
x + y = y + x para quaisquer x, y ∈ R.
A milionésima casa decimal de π é 5.
(Não precisamos de saber o valor para considerarmos se é proposição)
4 é positivo e 3 é negativo.
Se hoje é Domingo, então 1 + 1 = 3.
Contra exemplos:
Vamos almoçar?
Estejamos atentos!
x −y =y −x
(Para que valores de x e y ?)
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5. Introdução
Cálculo Proposicional I
Valores Lógicos:
Verdadeiro, representado por V ou 1.
Falso, representado por F ou 0.
Operadores Lógicos:
Negação: Negação de p é representado por ¬p (também
representado por p em expressões lógicas).
¬p é verdadeiro se p for falso e é falso se p for verdadeiro.
Exemplo:
p: Hoje é Domingo.
¬p: Hoje não é Domingo.
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6. Introdução
Cálculo Proposicional II
E(Conjunção): A conjunção de p e q é representada por p ∧ q
(também por p.q ou pq).
p ∧ q é verdadeiro se p e q forem ambos verdadeiros. É falso se p
for falso ou se q for falso (ou ambos).
Exemplo:
q: Hoje está a chover.
p ∧ q: Hoje é Domingo e está a chover.
OU(Disjunção): Disjunção de p ou q é representada por p ∨ q.
p ∨ q é verdadeiro se p for verdadeiro ou se q for verdadeiro. É
falso se p e q forem ambos falsos.
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7. Introdução
Tabelas de verdade I
NEGAÇÃO CONJUNÇÃO DISJUNÇÃO
p ¬p p q p∧q p q p∨q
0 1 0 0 0 0 0 0
1 0 0 1 0 0 1 1
1 0 0 1 0 1
1 1 1 1 1 1
(Tem que explicitar todas as combinações possíveis.)
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9. Introdução
Outros Operadores Lógicos I
OU EXCLUSIVO: representado por p ⊕ q.
p ⊕ q é verdadeiro quando exactamente uma das proposições p
ou q é verdadeira. É falso quando p e q tiverem o mesmo valor
lógico.
p q p⊕q
0 0 0
0 1 1
1 0 1
1 1 0
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10. Introdução
Outros Operadores Lógicos II
IMPLICAÇÃO (material): p implica q é representado por p → q.
p → q é falso quando p é verdadeiro e q é falso. É verdadeiro em
qualquer outro caso.
p q p→q
0 0 1
0 1 1
1 0 0
1 1 1
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11. Introdução
Outros Operadores Lógicos III
Podemos ler p → q como:
p implica q
Se p então q
p é condição suficiente para q
q é condição necessária para p
q sempre que p
q se p
Numa implicação p → q chamamos:
A p a hipótese, o antecedente ou a premissa.
A q a conclusão, ou consequência.
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12. Introdução
Outros Operadores Lógicos IV
EQUIVALÊNCIA (material): p equivale a q, ou p se e só se q,
representado por p ↔ q.
p ↔ q é verdadeiro se p e q tiverem os mesmos valores lógicos.
É falso no outro caso.
p q p↔q
0 0 1
0 1 0
1 0 0
1 1 1
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13. Introdução
Expressões Lógicas I
Regras de Precedência:
¬ precedência mais alta
∧,∨,⊕ nível de precedência seguinte
→, ↔ precedência mais baixa
Exemplo:
p ∨ ¬q → ¬p ∧ q deve ler-se como:
(p ∨ (¬q)) → ((¬p) ∧ q)
Atenção a expressões ambíguas do tipo p ∨ q ∧ r ou do tipo
p → q → r.
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14. Introdução
Expressões Lógicas II
Exercício:
Verifique que (p ∨ q) ∧ r tem uma tabela de verdade diferente de
p ∨ (q ∧ r ).
Verifique que (p → q) → r tem uma tabela de verdade diferente
de p → (q → r ).
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15. Implicações e Equivalências Lógicas
Implicações e Equivalências Lógicas I
Definição
Uma expressão lógica que seja sempre verdadeira (quaisquer que
sejam os valores lógicos das proposições que a compõem) é
chamada uma Tautologia.
Definição
Uma expressão lógica que seja sempre falsa é chamada uma
Contradição.
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16. Implicações e Equivalências Lógicas
Implicações e Equivalências Lógicas II
Exemplo
p → p é uma tautologia.
p p→p
0 1
1 1
p ∧ ¬p é uma contradição.
p p ∧ ¬q
0 0
1 0
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17. Implicações e Equivalências Lógicas
Implicações e Equivalências Lógicas III
Exercício
Verifique que são tautologias as seguintes expressões:
1 (a ∨ b) ∨ (¬a ∧ ¬b)
2 (a → b) ↔ ((¬a) ∨ b)
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18. Implicações e Equivalências Lógicas
Equivalência Lógica (⇔) I
Dizemos que uma expressão lógica f1 é logicamente equivalente a
outra expressão f2 se e só se os valores lógicos de ambas as
expressões forem iguais quaisquer que sejam os valores lógicos das
proposições que as compõem.
Isto é, as últimas colunas das tabelas de verdade de f1 e f2 são iguais.
Conclui-se que:
f1 ⇔ f2 se e só se f1 ↔ f2 é uma tautologia.
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19. Implicações e Equivalências Lógicas
Equivalência Lógica (⇔) II
As equivalências lógicas são úteis para simplificar expressões.
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20. Implicações e Equivalências Lógicas
Equivalência Lógica (⇔) III
Exercício:
Verifique as leis de De Morgan:
¬(p ∨ q) ⇔ (¬p ∧ ¬q)
¬(p ∧ q) ⇔ (¬p ∨ ¬q)
Verifique p → q ⇔ ¬p ∨ q
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21. Implicações e Equivalências Lógicas
Implicação Lógica (⇒) I
Dizemos que uma expressão lógica f1 IMPLICA LOGICAMENTE outra
expressão f2 se e só se quaisquer que sejam os valores lógicos das
proposições que compõem f1 e que tornam f1 verdadeira, também
tornam f2 verdadeira.
Isto é, sempre que na última coluna da tabela de verdade de f1 ocorrer
um valor verdadeiro, terá que ser também verdadeiro o valor
correspondente na última coluna da tabela de verdade de f2 .
Conclui-se que:
f1 ⇒ f2 se e só se f1 → f2 é uma tautologia.
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22. Implicações e Equivalências Lógicas
Implicação Lógica (⇒) II
As implicações lógicas são úteis na demonstração de argumentos matemáticos.
Exercício:Verifique o seguinte argumento de redução ao absurdo:
Se ¬p implica uma contradição, então p é verdadeiro.
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23. Implicações e Equivalências Lógicas
Implicação Lógica (⇒) III
Forma normal disjuntiva:
Expressão na forma de disjunção de termos compostos por
conjunções e negações.
Exemplo:
(¬p ∧ q ∧ r ) ∨ (p ∧ q¬r ) ∨ (¬p ∧ r )
Forma normal conjuntiva:
Expressão na forma de conjunções de termos compostos por
disjunções e negações.
Exemplo:
(¬p ∨ q ∨ r ) ∧ (p ∨ q¬r ) ∧ (¬p ∨ r )
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24. Implicações e Equivalências Lógicas
Obtenção da Forma Normal Disjuntiva a partir de tabelas de
verdade. I
Exemplo:
p q p⊕q
0 0 0
0 1 1
1 0 1
1 1 0
1 Considere as linhas da tabela que dão resultado verdadeiro.
No exemplo 2a e 3a linhas.
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25. Implicações e Equivalências Lógicas
Obtenção da Forma Normal Disjuntiva a partir de tabelas de
verdade. II
2 Para cada uma dessas linhas conjugue as entradas verdadeiras
com a negação das entradas falsas.
No exemplo: 2a linha: ¬p ∧ q
3a linhas: p ∧ ¬q
3 Faça a disjunção das expressões obtidas para cada linha.
No exemplo: (¬p ∧ q) ∨ (p ∧ ¬q)
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26. Implicações e Equivalências Lógicas
Obtenção da Forma Normal Disjuntiva a partir de tabelas de
verdade. III
Exercício: Transforme na forma normal disjuntiva as seguintes
expressões:
1 (p ∧ ¬q) → r
2 (¬p → q) ∧ (r ∨ p)
Expressões na forma normal disjuntiva são habitualmente escritas
representando a conjunção a ∧ b por a · b ou ab (com precedência
superior à disjunção) e a negação ¬a por a.
Assim, (p ∧ q ∧ ¬r ) ∨ (p ∧ q¬r ) poderá ser representado como
pqr ∨ pqr
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27. Implicações e Equivalências Lógicas
Obtenção da Forma Normal Disjuntiva a partir de tabelas de
verdade. IV
Uma das simplificações mais usuais de expressões na forma normal
disjuntiva é agrupar termos que diferem apenas no valor de uma das
variáveis. (termos adjacentes)
Exemplo: abc ∨ abc = ab(c ∨ c) = ab ∧ 1 = ab
Se tivermos expressões mais complexas poderá não ser tão fácil
identificar as possíveis simplificações.
Exemplo: abcd ∨ abcd ∨ abcd ∨ abcd ∨ abcd =? poderemos recorrer
a métodos gráficos para simplificar.
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28. Mapas de Karnaugh
Mapas de Karnaugh I
Método gráfico para simplificar expressões lógicas na forma normal
disjuntiva que não tenham um número muito elevado de variáveis
(tipicamente até 6 variáveis).
Mapas de Karnaugh para expressões de 2 variáveis
a) xy ∨ xy
b) xy ∨ xy
c) xy ∨ xy ∨ xy
d) x ∨ y
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29. Mapas de Karnaugh
Mapas de Karnaugh II
Objectivo: Agrupar células adjacentes formando blocos.
Blocos com 2 células → termos com uma variável
Blocos com 1 célula → termos com 2 variáveis.
Cobrir o mapa com blocos de tamanho o maior possível.
a) y b)xy ∨ xy c) x ∨ y d) x ∨ y
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30. Mapas de Karnaugh
Mapas de Karnaugh III
Mapas de Karnaugh para expressões de 3 variáveis
f = f (x, y , z)
Células adjacentes diferem apenas
numa variável.
1a célula é adjacente à 4a coluna!
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31. Mapas de Karnaugh
Mapas de Karnaugh IV
Blocos com 1 célula → termo com 3 variáveis
Blocos com 2 células → termos com 2 variáveis.
Blocos com 4 células → termos com 1 variável.
Exemplo
xy z ∨ xy z ∨ yz ∨ x
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32. Mapas de Karnaugh
Mapas de Karnaugh V
Objectivo da simplificação:
Cobrir o mapa com blocos (formados por células adjacentes) de tamanho o
maior possível (e com o menor número possível de blocos).
Questão: Como cobrir o mapa anterior com 3 blocos de 4 elementos.
Solução:
x ∨y ∨z
Exercício: Simplifique as seguintes expressões:
xy ∨ xy z ∨ xyz
yz ∨ xy z ∨ xy
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33. Mapas de Karnaugh
Mapas de Karnaugh VI
Mapas de Karnaugh para expressões de 4 variáveis
Células adjacentes diferem apenas numa variável
1a coluna é adjacente à 4a coluna!
1a linha é adjacente à 4a linha!
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34. Mapas de Karnaugh
Mapas de Karnaugh VII
Exemplo:
f (x, y , w, z) = xywz ∨ xy wz ∨ xywz ∨ xy wz
Um bloco de 4 células adjacentes!
f (x, y , w, z) = yz
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35. Lógica de Predicados
Lógica de Predicados
Considere as afirmações:
P(x): x >3
Q(x, y ): x =y +3
R(x, y , z): x + y − z é par
Estas afirmações não podem ser classificadas como verdadeiras ou
falsas enquanto os valores para as variáveis não forem especificadas.
Mas,
P(2) é falso
Q(6, 3) é verdadeiro
R(2, 2, 3) é falso
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36. Lógica de Predicados
Quantificadores
Definição:
Um predicado ou função proposicional é uma afirmação envolvendo
variáveis tal que qualquer substituição de cada variável por um ponto
do seu domínio, torna a afirmação numa proposição.
Quantificadores
Uma alternativa a atribuir valores específicos às variáveis de um
predicado é utilizar quantificadores que também transformam os
predicados em proposições.
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37. Lógica de Predicados
Quantificador Universal ∀ I
∀x P(x)
Para todo o x P(x)
Qualquer que seja x P(x)
“Para todos os valores de x pertencentes ao universo do discurso, a
proposição P(x) é verdadeira.”
O universo poderá (e deverá) ser especificado quando há
ambiguidades
Exemplo:
∀x∈R x 2 ≥ 0 é uma proposição verdadeira.
∀x∈C x 2 ≥ 0 é uma proposição falsa.
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38. Lógica de Predicados
Quantificador Universal ∀ II
Quando o universo do discurso é finito
Exemplo:
x ∈ {1, 2, 3, 4}
A proposição
∀x∈{1,2,3,4} P(x)
pode ser escrita como conjunção
P(1) ∧ P(2) ∧ P(3) ∧ P(4)
(i.e. P tem que ser verdadeiro para 1, 2, 3 e 4)
Exercício: ∀x P(x, y ) é Predicado ou Proposição?
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39. Lógica de Predicados
Quantificador Existencial, ∃ I
∃x P(x)
Existe um x tal que P(x).
Existe pelo menos um x tal que P(x).
“Para algum x pertencente ao universo do discurso a proposição P(x)
é verdadeira.”
Da mesma maneira o universo poderá ser especificado
∃x∈R 2x = 1 é verdadeiro
∃x∈N 2x = 1 é falso
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40. Lógica de Predicados
Quantificador Existencial, ∃ II
Quando o universo é finito a proposição
∃x∈{1,2,3,4} P(x)
é o mesmo que a disjunção
P(1) ∨ P(2) ∨ P(3) ∨ P(4).
Exercício: Justifique que (∀x P(x)) ⇒ (∃x P(x)).
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41. Lógica de Predicados
Quantificador Existencial, ∃ III
∀x P(x)
Para ser verdadeiro, P(x) tem que ser verdadeiro para todos os
valores de x.
Para ser falso basta que arranjemos um exemplo para o qual P(x)
é falso.
Logo,
¬(∀x P(x)) ⇔ ∃x (¬P(x))
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42. Lógica de Predicados
Quantificador Existencial, ∃ IV
∃x P(x)
Para ser verdadeiro, basta que encontremos um exemplo de x para
o qual P(x) é verdadeiro.
Para ser falso teremos que mostrar que não há nenhum exemplo
de um valor de x para o qual P(x) seja verdadeiro. Por outras
palavras, para ser falso, P(x) tem que ser falso para todos os
valores de x.
Logo,
¬(∃x P(x)) ⇔ ∀x (¬P(x))
Exercício: Utilize as Leis de Morgan para verificar as expressões
anteriores para um universo finito {1, 2, 3, 4}.
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43. Lógica de Predicados
Quantificador Existencial, ∃ V
Atenção à ordem dos quantificadores!
Exemplo: Qual o valor lógico das seguintes proposições?
P: ∀x∈{1,2} ∃y ∈{1,2} x = y
Q: ∃y ∈{1,2} ∀x∈{1,2} x = y
P é verdadeiro!
Q é falso!
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44. Lógica de Predicados
Tradução de linguagem natural para expressões lógicas I
Exemplo 1:
“Toda a gente tem um bom amigo.”
Seja B(x, y ) : y é um bom amigo de x.
∀x ∃y B(x, y ).
Exemplo 2:
“Há alguém que é bom amigo de toda a gente.”
∃y ∀x B(x, y ).
Exemplo 3:
“Toda a gente tem exactamente um melhor amigo.”
Seja M(x, y ) : y é o melhor amigo de x.
∀x ∃y ∀z (M(x, y ) ∧ (z = y )) → ¬M(x, y ).
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45. Lógica de Predicados
Tradução de linguagem natural para expressões lógicas II
Exemplo 4:
“O Marco Paulo tem pelo menos 2 amores.”
Seja A(x): x é o amor do Marco Paulo.
∃x ∃y A(x) ∧ A(y ) ∧ (x = y ).
Exemplo 5:
“O Marco Paulo tem exactamente 2 amores.”
∃x ∃y ∃z [A(x) ∧ A(y ) ∧ (x = y ) ∧ (x = z) ∧ (y = z)] → ¬A(z).
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46. Argumentação Matemática
Argumentação Matemática I
Como verificar se um argumento matemático está correcto?
Como cosntruir argumentos matemáticos que permitam mostrar
que uma proposição ou teorema são verdadeiros?
Um TEOREMA é uma afirmação que se pode mostrar ser verdadeira.
Um teorema é habitualmente escrito na forma:
H1 ∧ H2 ∧ . . . ∧ Hn ⇒ C
em que as proposições:
H1 , H2 , . . . , Hn são as HIPÓTESES
C é a CONCLUSÃO.
Lemas e Corolários são casos particulares de teoremas.
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47. Argumentação Matemática
Argumentação Matemática II
Lemas sem importância própria, usados na demonstração de outros
teoremas.
Corolários são casos particulares de um teorema.
Uma Demonstração de um teorema consiste numa sequência de
proposições que termina na conclusão (C) e que são Válidas.
Para uma proposição de uma demonstração ser válida deverá ser:
ou uma das hipóteses (H1 , H2 , . . .),
uma tautologia conhecida,
derivar de uma proposição anterior por substituição de variáveis livres
(ie variáveis não associadas a um quantificador),
ou derivar de proposições anteriores por Regras de Inferência.
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48. Argumentação Matemática
Regras de Inferência I
P1
P2
. lê-se: P1 , P2 , · · · , Pk logo Q
.
.
Significado: P1 ∧ P2 ∧ . . . ∧ Pk ⇒ Q
Pk
∴ Q
Algumas regras de inferência mais usuais:
Regra Tautologia Nome
p
p → (p ∨ q) Adição
∴ p∨q
p∧q
(p ∧ q) → p Simplificação
∴ p
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49. Argumentação Matemática
Regras de Inferência II
Regra Tautologia Nome
p
p→q [p ∧ (p → q)] → q Modus Ponens (destacamento)
∴ q
¬p
p→q [¬q ∧ (p → q)] → ¬p Modus Tollens
∴ ¬p
p→q
q→r [(p → q) ∧ (q → r )] → (p → r ) Silogismo de hipótese
∴ p→r
p∨q
¬p [(p ∨ q) ∧ ¬p] → q Silogismo de Disjunção
∴ q
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50. Argumentação Matemática
Regras de Inferência III
Exemplo 1
Verifique formalmente o seguinte argumento:
“Está frio. Logo está frio ou está chuva.”
p: “está frio”
q: “está chuva”
1 p por hipótese
2 p ∨ q por 1 e adição.
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51. Argumentação Matemática
Regras de Inferência IV
Exemplo 2
Verifique o argumento:
“Se hoje estiver sol vou à praia.
Hoje está sol. Logo vou à praia.”
p: “está sol”
q: “vou à praia”
1 p→q por hipótese
2 p por hipótese
3 q por 1,2 e Modus Ponens.
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52. Argumentação Matemática
Regras de Inferência V
Exemplo 3
Verifique o seguinte argumento:
“Se eu estudar ou se eu for um génio, então vou passar a MD Se eu
passar a MD vou ter umas boas férias. Logo, se eu não tiver umas
boas férias não sou um génio.”
Uma possível demonstração:
e: “eu estudo”
g: “eu sou um génio”
p: “vou passar a MD”
f : “vou ter umas boas férias”
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53. Argumentação Matemática
Regras de Inferência VI
1 e ∨ g → p por hipótese
2 p → f por hipótese
3 g →e∨g adição
4 g →g∨e 3, comutatividade da disjunção
5 g→p 4,1, silogismo da hipótese
6 g→f 5,2, silogismo da hipótese
7 ¬f → ¬g 6, contrapositivo.
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54. Argumentação Matemática
Técnicas de Demonstração I
Demonstração Directa
H1 ∧ H2 ∧ . . . ∧ Hn ⇒ C
Começando pelas hipótese e usando as regras de inferência,
tautologias e outras proposições válidas tentar chegar à
conclusão C.
Demonstração por Contradição (redução ao absurdo)
H1 ∧ H2 ∧ . . . ∧ Hn ∧ ¬C ⇒ contradição
Demonstração do contrapositivo
¬C ⇒ ¬(H1 ∧ H2 ∧ . . . ∧ Hn )
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55. Argumentação Matemática
Técnicas de Demonstração II
Demonstração por enumeração dos casos
Usa o facto que
H1 ∨ H2 ∨ . . . ∨ Hn ⇒ C
é equivalente a
(H1 ⇒ C) ∧ (H2 ⇒ C) ∧ . . . ∧ (Hn ⇒ C)
Cada um pode ser mostrado separadamente.
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56. Argumentação Matemática
Técnicas de Demonstração III
Exemplo
Mostre que se 3n + 2 é ímpar, então n também é ímpar
i) por contradição
ii) por contrapositivo
i) Por contradição
(3n + 2 é ímpar) ∧ (n é par) ⇒ contradição
Por hipótese:
3n + 2 = 2k + 1 para algum k inteiro
n = 2l para algum l inteiro
Mas
3n + 2 = 3(2l) + 2 = 6l + 2 = 2k + 1
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57. Argumentação Matemática
Técnicas de Demonstração IV
Da última igualdade
k = 6l+1 = 3l + 1
2 2
Como k e l são inteiros, temos uma contradição.
ii) Pelo contrapositivo (n par) ⇒ (3n + 2 par)
Por hipótese
n = 2k , k inteiro
Donde
4n + 2 = 3(2k ) + 2 = 2(3k + 1) é par.
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58. Argumentação Matemática
Técnicas de Demonstração V
Exemplo:
Mostre que se n não é divisível por 3 então a divisão de n2 por 3 dá
sempre resto 1. (Sugestão: use enumeração de casos)
i) Resto 1. n = 3k + 1, k inteiro
ii) Resto 2. n = 3k + 2, k inteiro
i) n2 = (3k + 1)2 = 9k 2 + 3k + 1 = 3(3k 2 + k ) + 1, resto 1.
ii) n2 = (3k + 2)2 = 9k 2 + 6k + 4 = 3(3k 2 + 2k + 1) + 1, resto 1.
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59. Indução Matemática
Indução Matemática
Técnica de demonstração de teoremas do tipo:
“P(n) é verdadeiro para qualquer inteiro positivo n.”
Exemplo:
n(n+1)
Mostre que o somatório dos n primeiros inteiros é igual a 2 , para
qualquer n inteiro positivo n.
É fácil verificar para os primeiros
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60. Indução Matemática
1=1
1+2
1+2=2 =3
2
1+3
1+2+3=6=3
2
1+4
1 + 2 + 3 + 4 = 10 = 4
2
Mas por enumeração não conseguimos mostrar para todos os inteiros
positivos n.
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61. Indução Matemática
Indução Matemática I
1 Passo de Base: Mostrar que P(1) é verdadeiro.
2 Passo de Indução: Assumindo que P(k ) é verdadeiro, mostrar
que P(k + 1) também é verdadeiro, para qualquer k . (i.e.
P(k ) → P(k + 1), ∀k )
Expressando a Indução Matemática como uma Regra de Inferência:
P(1)
P(k ) → P(k + 1), ∀k ∈N
∴ P(n), ∀k ∈N
Ou como
[P(1) ∧ (P(k ) → P(k + 1), k ∈ N)] ⇒ P(n), ∀n∈N
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62. Indução Matemática
Indução Matemática II
n(n+1)
“O somatório dos n primeiros inteiros é igual a 2 ”
Demonstração por indução matemática
1 Passo de base
1·2
P(1) : 1 = 2 = 1 verdadeiro
2 Passo de indução (P(k ) → P(k + 1))
P(k ) : 1 + 2 + . . . k = k k +1
2
k +2
P(k + 1) : 1 + 2 + . . . + k + (k + 1) = (k + 1) · 2
k (k +1)
P(k ) → 1 + 2 + . . . k = 2
(k +1)(k +2)
→ 1 + 2 + . . . + k + (k + 1) = 2 + (k + 1)
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63. Indução Matemática
Indução Matemática III
k (k +1)+2(k +1)
→ 1 + 2 + . . . + k + (k + 1) = 2
(k +1)(k +2)
→ 1 + 2 + . . . + k + (k + 1) = 2
→ P(k + 1)
Verdadeiro
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64. Indução Matemática
Interpretação I
O primeiro dominó tomba.
Se um qualquer dominó tombar, então o seguinte tomba também.
∴ todos os dominós tombam.
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65. Indução Matemática
Interpretação II
Exercício:
Mostre a fórmula da soma de uma progressão geométrica
n
rn − 1
ri = r .
r −1
n=1
Mostre que 2n < n! para n ≥ 4.
Se o cardinal de um conjunto A for n, então o número de
subconjuntos de A é igual a 2n . Mostre por indução.
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