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UNIVERSIDADE DE CUIABÁ
FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

RELATÓRIO: AULA DE CAMPO REALIZADA NO MUNICIPIO DE JAURU – MT
MAICK CAMPOS COSTA

CUIABÁ – MT
2013/2
UNIVERSIDADE DE CUIABÁ
FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

RELATÓRIO: AULA DE CAMPO REALIZADA NO MUNICIPIO DE JAURU – MT
MAICK CAMPOS COSTA

Relatório referente Aula de Campo do Curso
de Ciências Biológicas da Universidade de
Cuiabá – UNIC, para obtenção de nota na
disciplina

Biogeografia

Bacharelado
orientado

em

pelo

do

Curso

Ciências

professor

Cuiabá, MT
2013/2

Biológicas

MSc.

Massavi Evangelista em 2013/1.

de

Mahal
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 8
2. METODOLOGIA ................................................................................................... 7
2.1

Área De Estudo ................................................................................................. 7

2.2

Materiais e Métodos .......................................................................................... 8

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................ 12
4. REFERÊNCIAS .................................................................................................. 16
5. ANEXOS ............................................................................................................. 19
1. INTRODUÇÃO

O intenso trânsito dos pesquisadores pelas variadas áreas naturais e
ecológicas no Brasil e a tendência para a formação de equipes mais
interdisciplinares, são condições favoráveis para a intensificação de estudos no meio
científico brasileiro (AB’SABER, 1978).
As disciplinas devem incluir várias modalidades didáticas, visto que, a
variação das atividades pode ser mais atrativa aumentando assim o interesse pelos
conteúdos abordados e atendendo às diferenças individuais (OLIVEIRA &
CORREIA, 2013). A aula de campo é essencial, pois através dela é possível
identificar de fato o que é estudado na sala de aula, no campo é possível perceber
as diversas interações do homem e o meio (FIGUEIREIDO & SILVA, 2009).
No Brasil considera-se a ocorrência de seis grandes biomas, entre eles o
Cerrado que é caracterizado pela presença de invernos secos e verões chuvosos,
um clima classificado como Aw (tropical chuvoso) segundo classificação de Koppen
(RIBEIRO & WALTER, 1998, KLINK & MACHADO, 2005, SANTOS-FILHO et al,
2008). As áreas de cerrado do Brasil Central são todas caracterizadas por clima
quente e úmido com estação chuvosa de verão e seca de inverno (REIS, 1978). O
Bioma Cerrado é considerado depois da Mata Atlântica, o ecossistema brasileiro que
mais sofreu as consequências da ocupação humana (OLIVEIRA et al, 2008).
Cerca de metade dos dois milhões de km² originais do Cerrado foram
transformados em pastagens plantadas, culturas anuais e outros tipos de uso, como
o de grãos (KLINK & MACHADO, 2005, WALTER, 2006, SILVA et al, 2010).O
Cerrado é considerado mundialmente como um dos hotspots de biodiversidade
(KLINK & MACHADO, 2005, WALTER, 2006, OLIVEIRA et al, 2008, SILVA et al,
2010, SANTOS et al, 2012) onde cerca de 137 espécies de animais que ocorrem no
Bioma estão ameaçadas de extinção (KLINK & MACHADO, 2005).
A situação do Cerrado é crítica e preocupante, pois sua área está cada vez
mais reduzida, a ocupação do bioma ocorreu em diferentes momentos e velocidades
(SILVA et al, 2010) o que indica a fragmentação dos habitats e induzem mudanças
5

que podem ser somente avaliadas anos depois do estabelecimento do impacto
(SCOSS et al, 2004).
A biodiversidade do Cerrado é elevada, cerca de quarenta e quatro por
cento da flora é endêmica dos cerrados, o que tem despertado o interesse da
comunidade cientifica (KLINK & MACHADO, 2005). A riqueza de espécies do
Cerrado é estimada em aproximadamente 7.000 plantas e 2.566 de animais
vertebrados (KLINK & MACHADO, 2005).
No Brasil são encontradas aproximadamente 524 espécies (ROCHA &
DALPONTE, 2006, SANTOS et al, 2012), e 652 espécies de acordo com Carvalho &
Luz, 2008, sendo destes 199 mamíferos onde 9,5% são endêmicos do Cerrado
(KLINK & MACHADO, 2005, SANTOS et al, 2012). Estes números fazem com que o
Brasil o possuidor da maior riqueza de mamíferos de toda a região neotropical
(CARVALHO & LUZ, 2008). Conforme Rocha & Dalponte, (2006) esses números
ainda representam que o país retém a maior riqueza de mamíferos do mundo
representando 13% da mastofauna mundial.
A notável diversidade de formas e hábitos dos mamíferos faz com que
mantenham uma complexa relação de interdependência com o meio, ocupando uma
grande variedade de nichos (CARVALHO & LUZ, 2008, WALM, 2009).
Conforme Silva (2013) a busca por matéria prima e energia como processo
de

desenvolvimento

econômico

baseada

na

produção

de

energia,

está

fundamentalmente ligada há construções de usinas hidrelétricas. Ainda segundo a
autora com a construção de várias Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH) vem à
necessidade de elencar os possíveis impactos socioambientais causados ao meio
ambiente que respondem a várias interferências antrópicas.
A região sudoeste do Estado de Mato Grosso tem sido desmatada há
aproximadamente 40 anos, apesar da crescente taxa de destruição das áreas
florestadas, estudos da mastofauna são raros e resumindo a listas de espécies e
outros mais recentes com enfoques ecológicos, incluindo uso de micro habitats
(SANTOS-FILHO, 2005).
Assim logo é de suma importância que alunos da área de ciências biológicas
acompanhem processos que como desta e de outras Usinas Hidrelétricas tende a
afetar a fauna e flora em seus limites de influencia. Instigando na elaboração de
ações que minimizem os impactos sobre a fauna e estratégias de conservação
(EVANGELISTA, 2013).
6

Aula de campo desenvolvida por professores e alunos do curso de Ciências
Biológicas da Universidade de Cuiabá – UNIC tem por objetivo maximizar o
conhecimento dos estudantes e professores, de forma a aperfeiçoar o aprendizado a
caráter dos diversos ecossistemas existentes na região, bem como variadas formas
de captura, coleta e manejo, diversidade e abundância de mamíferos, as
disposições e interferências causadas pela construção da Usina Hidrelétrica (UHE)
Jauru, bem como, entender como funciona o monitoramento em uma UHE.
7

2. METODOLOGIA

2.1

Área De Estudo

O presente trabalho foi realizado no período de 04 a 06 de outubro de 2013
sendo início da estação chuvosa do Cerrado, na área de influência da construção de
uma Usina Hidrelétrica na Bacia Hidrográfica do Rio Jauru (BHRJ) implantada no
ano de 2002, localizada na região sudoeste do Estado de Mato Grosso e no
município de Jauru a qual é denominada UHE Jauru, posicionada entre as
coordenadas 14º 14' a 16º 14' Latitude Sul e 57º 44' a 59º 43' Longitude Oeste
(Google maps) na interbacia do rio Jauru.
A BHRJ possui uma área de 11.705 km², distribuídas em nove sub-bacias.
Sua extensão territorial é composta por planalto, depressão e pantanal, drenados
pelo rio Paraguai, com área de transição entre o Cerrado e a Floresta Amazônica
(NEVES, 2011).
De acordo com Santos-Filho et al (2008) a região é de fitofisionomia de
Floresta Estacional Semidecidual Submontana, desta forma não faz parte do
domínio morfoclimático amazônico.
A região da UHE Jauru localiza-se na área de transição entre o domínio
Cerrado e Amazônico (EVANGELISTA, 2013) a qual tem sido desmatada há
aproximadamente 45 anos (SANTOS-FILHO et al, 2008). A maior parte da região é
hoje ocupada por pastagens e pequenas lavouras, o que determina mosaicos
vegetacionais distintos (SANTOS-FILHO et al, 2008, EVANGELISTA, 2013). Esses
remanescentes caracterizam se como ilhas de vegetações parcialmente conectadas
ou isoladas em uma matriz de paisagem altamente perturbada (EVANGELISTA,
2013). Um fato observável na área é que como indicio de que a área foi perturbada é
a presença de plantas do gênero Cecropia, plantas consideradas boas pioneiras
localizadas nas proximidades da barragem, estas plantas são pouco exigentes e se
adaptam a solos com pouco nutrientes servindo de suporte para a sucessão
ecológica.
Atualmente a área da UHE apresenta uma grande extensão de áreas
florestadas e em processo de recuperação como pode ser visto na figura 01, onde
8

se vê nitidamente uma área de reflorestamento em uma matriz de pastagens,
segundo

Evangelista

(2013)

o

reflorestamento

tende

a

favorecer

o

reestabelecimento da composição local, porém o ambiente ainda sofre com os
processos de operação que ocorrem na área.
Figura 01 – Área de reflorestamento em contraste a pastagens as margens do reservatório da UHE
Jauru

Fonte: COSTA, 2013.

As áreas utilizadas pelos grupos de trabalho estão demonstradas na figura
02 onde os grupos responsáveis para monitoria de mamíferos utilizaram das áreas
A07, A10 e A12 para distribuição de armadilhas. Neste estudo será considerada
toda a região da UHE Jauru.
Nas áreas A07, A10 e A12 foram distribuídas armadilhas do tipo Sherman e
Tomahawk, onde todos os ambientes eram associados a curso d’água e com
predominância de espécies arbóreas, constituindo uma fitofisionomia de mata ciliar.

2.2

Materiais e Métodos

Com o objetivo de facilitar na identificação de mamíferos Carvalho & Luz
(2008) concluíram que normalmente os mamíferos possuem hábitos esquivos que
dificultam a visualização, outro obstáculo seria a densidade destas populações
sendo vistos facilmente na natureza.
Neste estudo será considerada toda a região da UHE Jauru. Sendo as áreas
A07, A10 e A12 onde foram distribuídas armadilhas do tipo Sherman e Tomahawk,
onde todos os ambientes eram associados a curso d’água e com predominância de
9

espécies arbóreas, constituindo uma fitofisionomia de mata ciliar. Importante citar
que no segundo dia de excursão as armadilhas colocadas na área A10 foram
alteradas para A12. Os trabalhos foram divididos em dois métodos conforme
Carvalho & Luz (2008): 1) Método de observação direta e 2) Método de observação
indireta. Ao final foi gerada uma lista de espécies observadas pelos dois métodos.
Figura 02 – Identificação da área de estudo.

Fonte: Print screen do aplicativo Google maps (1000 pés), modificada pelo autor.
10

Observação direta é a visão em tempo real do animal, podendo ocorrer nas
mais diversas ocasiões, no método de observação direta foi usado técnicas de
captura por armadilhas de captura e observação por caminhada.
As armadilhas utilizadas foram do tipo gaiola, 35 (trinta e cinco) Sherman
(dimensões: 250x80x90 mm) e 4 (quatro) do tipo Tomahawk (150x150x320 mm) em
cada uma das duas áreas (A07 e A10 ou A12), em A1 foram dispostas ao acaso
entre as margens do Rio Jauru e a estrada de acesso a UHE Jauru, partindo da
estrada para uma trilha de acesso ao rio sendo percorrido em torno de 250 metros,
entrando na área de mata ciliar e terminando em outro ponto da estrada, na A10
foram dispostas a partir da estrada, margeando o Rio Jauru até uma distancia de
aproximadamente 250 metros, na A12 fora distribuídas também nas proximidades
do Rio Jauru porém do lado leste. As armadilhas foram posicionadas de 2 a 5
metros de distancia entre uma e outra, demarcadas por fita zebrada que foram
colocadas de modo à identificação do local onde foi alocada a armadilha.
Devido à existência de mamíferos arborícolas também foram dispostas
armadilhas (do tipo Sherman) em estrato (entre o chão e sobre a vegetação a
aproximadamente 2 m de altura) (figura 03, anexo). Para atrair os animais às
armadilhas foi utilizada isca de banana, com característica principal o aroma, já que
os mamíferos são guiados, na maioria das vezes pelo faro. As armadilhas foram
revisadas duas vezes no dia sendo uma na parte da manhã .
A caminhada ocorreu na área A02, nas proximidades da barragem da UHE
Jauru, tendo inicio ao anoitecer e retornando a aproximadamente 21h00min. Em
meio à caminhada também fora feito o método de observação indireta, coletando
dados dos rastros visualizados, em suma foram encontrados apenas rastros como
pegadas e fezes. Além da simples observação também foram preparados um
pequeno mostruário de pegadas em gesso, chamado de contramolde (para isso, foi
preciso preparar uma mistura de gesso em pó e água, até formar uma solução bem
pastosa que foi despejada em cima da pegada que foi circundada por gravetos para
impedir que houvesse desperdício, após foi esperado em torno de 10 min até que o
gesso endureça), também foram usados para registrar tais rastros à fotografia, tanto
de fezes quanto de pegadas.
Os animais capturados foram medidos e posteriormente soltos no mesmo
local de coleta para minimizar transtornos nos pequenos mamíferos. A identificação
dos roedores foi feita segundo Bonvicino et al (2008). A identificação de pegadas de
11

mamíferos de médio e grande porte foi feita a partir de Carvalho & Luz (2008). A
identificação de mamíferos de médio e grande foi realizada segundo Reis et al
(2012).
12

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Trabalhos abordando mamíferos na região da UHE Jauru são escassos
(SANTOS-FILHO et al, 2008), tendo então que levar em consideração trabalhos
realizados em uma área maior como o Cerrado brasileiro (KLINK & MACHADO,
2005, ROCHA & DALPONTE, 2006).
Tabela 1 – Taxa (ordem, família e espécie), nome comum e tipo de registros de mamíferos
encontrados na Região da UHE Jauru, Jauru – MT.
Taxa

Nome Popular

Registro

Carnivora
Canidae
Cachorro-do-mato

Visualização e pegadas

Felidae
Puma yagouaroundi (Saint-Hilare, 1803)

Gato-mourisco

Visualização

Mustelidae
Eira barbara (Linnaeus, 1758)

Irara

Visualização

Procyonidae
Nasua nasua (Linnaeus, 1766)

Quati
Mão-pelada

Visualização e pegadas
Pegadas

Tatupeba

Visualização

Morcego

Visualização

Anta

Visualização e pegadas

Macaco-prego

Visualização

Cerdocyon thous (Smith, 1839)

Procyon cancrivorus(Cuvier, 1798)
Cingulata
Dasypodidae
Euphractus sexcinctus (Linnaeus, 1758)
Chiroptera
Molossidae
Molossus spp. (Geoffroy, 1805)
Perissodactyla
Tapiridae
Tapirus terrestris (Linnaeus, 1758)
Primates
Cebidae
Cebus libidinosus (Spix, 1823)
Mico melanurus(Geoffroy, 1812)

Sagui-de-rabo-preto Visualização

Rodentia
Cricetidae
Hylaeamys megacephalus (Fischer, 1814)

Rato

Visualização (captura)

Cuniculidae
Cuniculus paca (Linnaeus, 1758)

Paca

Visualização

Capivara

Pegadas

Caviidae
Hidrochoerus hydrochaeris (Linnaeus, 1766)
Total

13 espécies
13

Foi obtido neste trabalho um total de 13 espécies de mamíferos registrados
(quatro carnívoros, um perissodáctilo, um cingulado, dois primatas, um quiróptero,
três roedores). A lista apresentada neste estudo foi composta por espécies
detectadas, principalmente por observações diretas enquanto o grupo se
movimentava e secundariamente por observação indireta (como pegadas e fezes). A
coleta de dados resultou na lista de animais registrados conforme a tabela 1.
Pode-se

levar

em

consideração

também

os

registros

fotográficos

disponibilizados pela UHE Jauru no site (http://www.uhejauru.com.br/) há também
espécies de mamíferos de médio e grande porte como macaco-aranha-de-carapreta (Ateles chamek (Humboldt, 1812)), tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla
(Linnaeus, 1758)) e artiodactylos da família cervídae. Com tais considerações
registra-se uma riqueza de 16 espécies. Embora não tenha sido registrada no
presente é esperado que ocorra na região a espécie carnívora Puma concolor
(Linnaeus, 1771) a onça parda.
Devido ao curto período de trabalho as observações foram bem limitadas,
por esse motivo é importante salientar que no trabalho realizado por Santos-Filho
(2008) demonstrou que a riqueza de espécies em fragmentos na região das
microbacias dos rios Jauru e Cabaçal, foram registradas 20 espécies sendo apenas
de pequenos mamíferos roedores e marsupiais.
Os carnívoros foram registrados enquanto era feito deslocamento do grupo
na região por observação direta de avistamento, com exceção do Procyon
cancrivorus (Cuvier, 1798) que foi registrado através de pegadas (figura 04, anexo).
O Nasua nasua (Linnaeus, 1766) além de ser visualizados nas proximidades das
estradas também foi visualizado exemplares nas proximidades da área A05, em
ambos os momentos estavam em grupos de aproximadamente dez indivíduos de
quati. Na mesma área também foi o local de registro do cingulado representado
neste trabalho (figura 05, anexo) Euphractus sexcinctus (Linnaeus, 1758) e do
primata (figura 06, anexo) Cebus libidinosus (Spix, 1823).
Quanto aos canídeos também foram registrada fezes encontradas na
barragem da UHE Jauru (A02), onde foi também registrada uma observação direta
de canídeo, porém não foi possível identificação mais detalhada.
Em A05 fica localizado próximo onde ocorrem as refeições dos
trabalhadores da UHE Jauru e também de onde os estudantes da presente aula de
campo ficaram alojados e acampados, sendo assim restos de comida nas
14

proximidades, desse modo atrai algumas espécies de mamíferos como o quati e o
tatu-peba e até mesmo o macaco-prego.
No presente estudo não teve trabalho com a captura de quirópteros, porém
foi registrada fotografia (figura 07, anexo) sendo foi possível à identificação em nível
de gênero. Os quirópteros molossídeos são animais que se abrigam em locas,
frestas, formações rochosas ou como os encontrados em cavernas, correspondendo
ao abrigo diurno o qual possui um conjunto bastante expressivo de espécies,
(MARINHO-FILHO et al, 1997). Os molossídeos fotografados se encontravam em
uma caverna de profundidade não confirmada a qual está demonstrada na área A09
atrás da casa de força da UHE Jauru.
A anta (Tapirus terrestres, (Linnaeus, 1758)) foi o único representante da
ordem perissodactyla registrado tanto de forma direta nas proximidades das
estradas quanto através de pegadas (figura 08, anexo) na área A08 (lago).
Quanto

aos

roedores

foi

registrada

a

presença

de

Hidrochoerus

hydrochaeris (Linnaeus, 1766) de forma indireta através de fezes encontrada nas
áreas A02 (barragem) e A03 (tomada d’água) (figura 09, anexo). Os roedores da
família cricetidae (figura 10, anexo) foram registrados através de capturas nas
armadilhas do tipo Sherman nas áreas A10 e A12. Nos indivíduos da área A10 foi
realizada a biometria (conforme tabela 02). Os roedores 01 e 02 foram capturados
na área A10 o roedor 03 na área A12 sendo que neste não foi realizado biometria
devido à falta de material.
Tabela 02 - Biometria dos Cricetídeos
Roedor 01
Roedor 02
Roedor 03

CT
94,5
96,3
_

CC
26,1
36,7
_

CA
77,8
73,9
_

PÉ
_
23
_

O
15,8
16,8
_

MC
51
51
_

SEXO
F
F
M

Tabela 02 - Comprimento total (CT), comprimento cabeça (CC), comprimento da cauda
(CA), pata posterior com unha (PÉ), orelha interna (O) e massa corporal em (MC).

A baixa densidade local de muitas espécies de mamíferos e o tamanho de
seus habitats, aliados ao hábito noturno, dificultaram a realização do presente
estudo, sendo assim os dados obtidos não são suficientes para determinação da
composição da região.
O método de observação direta por caminhada é diretamente proporcional
em sua eficiência quanto ao tempo usado quanto aos tamanhos dos grupos,
15

exigindo silêncio e bastante atenção (CARVALHO & LUZ, 2008). Os dados poderiam
então ser mais significativos aumentando o tempo, distancia e alterando a dinâmica
dos grupos.
Devido ações antropogênicas esses climas estão se alterando, logo
depende do homem para que este sistema continue em perfeita harmonia.
Recomendam-se novos estudos de longa duração na região da UHE Jauru,
almejando monitorar a fauna regional e suas variações ecológicas.
16

4. REFERÊNCIAS

AB’SÁBER, AZIZ NACIB. A organização natural das paisagens inter e
subtropicais brasileiras. In: III Simpósio sobre o Cerrado, 1978.

BONVICINO Cibele Rodrigues; OLIVEIRA João Alves de; D’ANDREA Paulo Sérgio.
Guia dos Roedores do Brasil, com chaves para gêneros baseadas em
caracteres externos. Rio de Janeiro: Centro Pan-Americano de Febre Aftosa OPAS/OMS, 2008.

CARVALHO, Oswaldo Junior; LUZ, Nelton Cavalcante. Pegadas. Livro série Boas
Práticas, EDUFPA. V. 3, Belém – PA, 2008.

EVANGELISTA, Mahal Massavi. Características Fitofisionomias da Área de
Influência da UHE Jauru. Cuiabá: UNIC, 2013. 6p. Notas de aula.

FIGUEIREDO, Vânia Santos; SILVA, Geane Suelí Castro. A Importância Da Aula
De Campo Na Prática Em Geografia. In 10° Encontro Nacional de Prática de
Ensino em Geografia, 2009.

GOOGLE MAPS. https://www.google.com.br/maps/. Acesso em: 25 de nov.13.
KLINK, Carlos A. MACHADO, Ricardo B. A conservação do Cerrado brasileiro.
MEGADIVERSIDADE, V. 1, Nº 1, Julho 2005.

MARINHO-FILHO, J; COELHO D. C; PINHEIRO, F. A comunidade de morcegos
do distrito federal: estrutura de guildas, uso do habitat e padrões reprodutivos.
In Contribuição ao conhecimento ecológico do Cerrado, por LAERCIO e SAITO,
Brasília, 1997.

NEVES, Sandra Mara Alves da Silva; MOTINHO, Maria Cândida; NEVES, Ronaldo
José and SOARES, Eliezer Rangel Campos. Estimativa da perda de solo por
erosão hídrica na bacia hidrográfica do rio Jauru/MT. Soc. nat. [online]. 2011,
vol.23, n.3, pp. 423-433. ISSN 1982-4513.

OLIVEIRA, Alana Priscila Lima De; CORREIA, Monica Dorigo. Aula de Campo
como Mecanismo Facilitador do Ensino-Aprendizagem sobre os Ecossistemas
Recifais em Alagoas. ALEXANDRIA Revista de Educação em Ciência e
Tecnologia, v.6, n.2, p. 163-190, 2013.
17

OLIVEIRA, Leonardo dos Santos Et AL. Distribuição Geográfica de Espécies
Nativas do Cerrado: Resultados Preliminares. In II Simpósio Internacional –
Savanas Tropicais, 2008.

REIS, Antônio Carlos De Souza. Climatologia dos Cerrados. In: III Simpósio sobre
o Cerrado, por 1978.

REIS, Nelio Roberto Dos et al. Mamíferos do Brasil. Ed. 2. Londrina, 2011.

ROCHA, Ednaldo Cândido; DALPONTE, Júlio César. Composição e
caracterização da fauna de mamíferos de médio e grande porte em uma
pequena reserva de cerrado em mato grosso, Brasil. Sociedade de Investigações
Florestais. R. Árvore, Viçosa-MG, v.30, n.4, p.669-678, 2006.

RIBEIRO, Bruno Machado Teles; WALTER, José Felipe. Fitofisionomias do Bioma
Cerrado. In: Cerrado: ambiente e flora. Por Sano & Almeida. Planaltina: EMBRAPA,
1998.

SANTOS, Marcílio Belido dos et al. Levantamento de mamíferos de um fragmento
florestal de Rondonópolis, Mato Grosso. Biodiversidade, V.11, N1, 2012 - pág.
115

SANTOS-FILHO, Manoel. Efeitos da fragmentação sobre a comunidade de
pequenos mamíferos em Floresta Estacional Semidecidual Submontana no
Mato Grosso, Brasil. Tese (Doutorado em Ciências Biológicas) – Instituto Nacional
de Pesquisa da Amazônia-INPA, Universidade Federal do Amazonas, Manaus - AM,
2005.

_____________; SILVA, Dionei José da; SANAIOTTI, Tânia Margarete. Variação
sazonal na riqueza e na abundância de pequenos mamíferos, na estrutura da
floresta e na disponibilidade de artrópodes em fragmentos florestais no Mato
Grosso, Brasil. Biota Neotrop., vol. 8, no. 1, Jan./Mar. 2008. Disponível em:
<http://www.biotaneotropica.org.br/v8n1/pt/abstract?article+bn02508012008>.

SCOSS, Leandro Moraes et al. Uso de parcelas de areia para o monitoramento
de impacto de estradas sobre a riqueza de espécies de mamíferos. Sociedade
de Investigações Florestais. R. Árvore, Viçosa-MG, v. 28, n.1, p 121-127, 2004.
18

SILVA, R. R. et al. Espécies herbáceas e lenhosas de Leguminosae numa área
de Cerrado no Mato Grosso, Brasil. R. bras. Bioci., Porto Alegre, v. 8, n. 4, p. 373376, out./dez. 2010.

SILVA, Rafaelly Yasmine da. Possíveis Impactos Socioambientais Causados
Pelas Construções De Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH´S) No Estado De
Mato Grosso. In Encontro de Geógrafos da América Latina. Peru, 2013.

WALM. Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental –
EIA/RIMA da Usina Hidrelétrica Couto Magalhães de Alto Araguaia. Mato
Grosso, 2009.

WALTER, Bruno Machado Teles. Fitofisionomias do bioma Cerrado: síntese
terminológica e relações florísticas. Tese (Doutorado em Ciências Biológicas) –
Instituto de Ciências Biológicas, Universidade de Brasília, Brasília 2006.

WARMING, Eugenio; FERRI, Mario G. A lagoa santa. Vegetação de cerrados
brasileiros. Belo Horizonte: USP, 1973.
19

5. ANEXOS

Figura

03

-

posicionadas

Figura

04

no

–

armadilhas

estrato

Pegadas

Figura 06 – Cebus libidinosus (Spix,

da

Demonstra

1823), macaco-prego.

de

mata.

Procyon

cancrivorus (Cuvier, 1798), mão-pelada.

Figura 07 – Morcegos, Molossus sp.
(Geoffroy, 1805).

Figura

05

–

Euphractus

(Linnaeus, 1766), tatu-peba.

sexcinctus
20

Figura 08 – Pegada de Tapirus terrestres
(Linnaeus, 1758), anta, demonstra ainda o
quadrante para despejo de gesso para
contramolde.

Figura 09 – Fezes de Hidrochoerus
hydrochaeris (Linnaeus, 1788), capivara.

Figura 10 – Roedor sendo solto no local
onde foi capturado.

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  • 1. UNIVERSIDADE DE CUIABÁ FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS RELATÓRIO: AULA DE CAMPO REALIZADA NO MUNICIPIO DE JAURU – MT MAICK CAMPOS COSTA CUIABÁ – MT 2013/2
  • 2. UNIVERSIDADE DE CUIABÁ FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS RELATÓRIO: AULA DE CAMPO REALIZADA NO MUNICIPIO DE JAURU – MT MAICK CAMPOS COSTA Relatório referente Aula de Campo do Curso de Ciências Biológicas da Universidade de Cuiabá – UNIC, para obtenção de nota na disciplina Biogeografia Bacharelado orientado em pelo do Curso Ciências professor Cuiabá, MT 2013/2 Biológicas MSc. Massavi Evangelista em 2013/1. de Mahal
  • 3. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 8 2. METODOLOGIA ................................................................................................... 7 2.1 Área De Estudo ................................................................................................. 7 2.2 Materiais e Métodos .......................................................................................... 8 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................ 12 4. REFERÊNCIAS .................................................................................................. 16 5. ANEXOS ............................................................................................................. 19
  • 4. 1. INTRODUÇÃO O intenso trânsito dos pesquisadores pelas variadas áreas naturais e ecológicas no Brasil e a tendência para a formação de equipes mais interdisciplinares, são condições favoráveis para a intensificação de estudos no meio científico brasileiro (AB’SABER, 1978). As disciplinas devem incluir várias modalidades didáticas, visto que, a variação das atividades pode ser mais atrativa aumentando assim o interesse pelos conteúdos abordados e atendendo às diferenças individuais (OLIVEIRA & CORREIA, 2013). A aula de campo é essencial, pois através dela é possível identificar de fato o que é estudado na sala de aula, no campo é possível perceber as diversas interações do homem e o meio (FIGUEIREIDO & SILVA, 2009). No Brasil considera-se a ocorrência de seis grandes biomas, entre eles o Cerrado que é caracterizado pela presença de invernos secos e verões chuvosos, um clima classificado como Aw (tropical chuvoso) segundo classificação de Koppen (RIBEIRO & WALTER, 1998, KLINK & MACHADO, 2005, SANTOS-FILHO et al, 2008). As áreas de cerrado do Brasil Central são todas caracterizadas por clima quente e úmido com estação chuvosa de verão e seca de inverno (REIS, 1978). O Bioma Cerrado é considerado depois da Mata Atlântica, o ecossistema brasileiro que mais sofreu as consequências da ocupação humana (OLIVEIRA et al, 2008). Cerca de metade dos dois milhões de km² originais do Cerrado foram transformados em pastagens plantadas, culturas anuais e outros tipos de uso, como o de grãos (KLINK & MACHADO, 2005, WALTER, 2006, SILVA et al, 2010).O Cerrado é considerado mundialmente como um dos hotspots de biodiversidade (KLINK & MACHADO, 2005, WALTER, 2006, OLIVEIRA et al, 2008, SILVA et al, 2010, SANTOS et al, 2012) onde cerca de 137 espécies de animais que ocorrem no Bioma estão ameaçadas de extinção (KLINK & MACHADO, 2005). A situação do Cerrado é crítica e preocupante, pois sua área está cada vez mais reduzida, a ocupação do bioma ocorreu em diferentes momentos e velocidades (SILVA et al, 2010) o que indica a fragmentação dos habitats e induzem mudanças
  • 5. 5 que podem ser somente avaliadas anos depois do estabelecimento do impacto (SCOSS et al, 2004). A biodiversidade do Cerrado é elevada, cerca de quarenta e quatro por cento da flora é endêmica dos cerrados, o que tem despertado o interesse da comunidade cientifica (KLINK & MACHADO, 2005). A riqueza de espécies do Cerrado é estimada em aproximadamente 7.000 plantas e 2.566 de animais vertebrados (KLINK & MACHADO, 2005). No Brasil são encontradas aproximadamente 524 espécies (ROCHA & DALPONTE, 2006, SANTOS et al, 2012), e 652 espécies de acordo com Carvalho & Luz, 2008, sendo destes 199 mamíferos onde 9,5% são endêmicos do Cerrado (KLINK & MACHADO, 2005, SANTOS et al, 2012). Estes números fazem com que o Brasil o possuidor da maior riqueza de mamíferos de toda a região neotropical (CARVALHO & LUZ, 2008). Conforme Rocha & Dalponte, (2006) esses números ainda representam que o país retém a maior riqueza de mamíferos do mundo representando 13% da mastofauna mundial. A notável diversidade de formas e hábitos dos mamíferos faz com que mantenham uma complexa relação de interdependência com o meio, ocupando uma grande variedade de nichos (CARVALHO & LUZ, 2008, WALM, 2009). Conforme Silva (2013) a busca por matéria prima e energia como processo de desenvolvimento econômico baseada na produção de energia, está fundamentalmente ligada há construções de usinas hidrelétricas. Ainda segundo a autora com a construção de várias Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH) vem à necessidade de elencar os possíveis impactos socioambientais causados ao meio ambiente que respondem a várias interferências antrópicas. A região sudoeste do Estado de Mato Grosso tem sido desmatada há aproximadamente 40 anos, apesar da crescente taxa de destruição das áreas florestadas, estudos da mastofauna são raros e resumindo a listas de espécies e outros mais recentes com enfoques ecológicos, incluindo uso de micro habitats (SANTOS-FILHO, 2005). Assim logo é de suma importância que alunos da área de ciências biológicas acompanhem processos que como desta e de outras Usinas Hidrelétricas tende a afetar a fauna e flora em seus limites de influencia. Instigando na elaboração de ações que minimizem os impactos sobre a fauna e estratégias de conservação (EVANGELISTA, 2013).
  • 6. 6 Aula de campo desenvolvida por professores e alunos do curso de Ciências Biológicas da Universidade de Cuiabá – UNIC tem por objetivo maximizar o conhecimento dos estudantes e professores, de forma a aperfeiçoar o aprendizado a caráter dos diversos ecossistemas existentes na região, bem como variadas formas de captura, coleta e manejo, diversidade e abundância de mamíferos, as disposições e interferências causadas pela construção da Usina Hidrelétrica (UHE) Jauru, bem como, entender como funciona o monitoramento em uma UHE.
  • 7. 7 2. METODOLOGIA 2.1 Área De Estudo O presente trabalho foi realizado no período de 04 a 06 de outubro de 2013 sendo início da estação chuvosa do Cerrado, na área de influência da construção de uma Usina Hidrelétrica na Bacia Hidrográfica do Rio Jauru (BHRJ) implantada no ano de 2002, localizada na região sudoeste do Estado de Mato Grosso e no município de Jauru a qual é denominada UHE Jauru, posicionada entre as coordenadas 14º 14' a 16º 14' Latitude Sul e 57º 44' a 59º 43' Longitude Oeste (Google maps) na interbacia do rio Jauru. A BHRJ possui uma área de 11.705 km², distribuídas em nove sub-bacias. Sua extensão territorial é composta por planalto, depressão e pantanal, drenados pelo rio Paraguai, com área de transição entre o Cerrado e a Floresta Amazônica (NEVES, 2011). De acordo com Santos-Filho et al (2008) a região é de fitofisionomia de Floresta Estacional Semidecidual Submontana, desta forma não faz parte do domínio morfoclimático amazônico. A região da UHE Jauru localiza-se na área de transição entre o domínio Cerrado e Amazônico (EVANGELISTA, 2013) a qual tem sido desmatada há aproximadamente 45 anos (SANTOS-FILHO et al, 2008). A maior parte da região é hoje ocupada por pastagens e pequenas lavouras, o que determina mosaicos vegetacionais distintos (SANTOS-FILHO et al, 2008, EVANGELISTA, 2013). Esses remanescentes caracterizam se como ilhas de vegetações parcialmente conectadas ou isoladas em uma matriz de paisagem altamente perturbada (EVANGELISTA, 2013). Um fato observável na área é que como indicio de que a área foi perturbada é a presença de plantas do gênero Cecropia, plantas consideradas boas pioneiras localizadas nas proximidades da barragem, estas plantas são pouco exigentes e se adaptam a solos com pouco nutrientes servindo de suporte para a sucessão ecológica. Atualmente a área da UHE apresenta uma grande extensão de áreas florestadas e em processo de recuperação como pode ser visto na figura 01, onde
  • 8. 8 se vê nitidamente uma área de reflorestamento em uma matriz de pastagens, segundo Evangelista (2013) o reflorestamento tende a favorecer o reestabelecimento da composição local, porém o ambiente ainda sofre com os processos de operação que ocorrem na área. Figura 01 – Área de reflorestamento em contraste a pastagens as margens do reservatório da UHE Jauru Fonte: COSTA, 2013. As áreas utilizadas pelos grupos de trabalho estão demonstradas na figura 02 onde os grupos responsáveis para monitoria de mamíferos utilizaram das áreas A07, A10 e A12 para distribuição de armadilhas. Neste estudo será considerada toda a região da UHE Jauru. Nas áreas A07, A10 e A12 foram distribuídas armadilhas do tipo Sherman e Tomahawk, onde todos os ambientes eram associados a curso d’água e com predominância de espécies arbóreas, constituindo uma fitofisionomia de mata ciliar. 2.2 Materiais e Métodos Com o objetivo de facilitar na identificação de mamíferos Carvalho & Luz (2008) concluíram que normalmente os mamíferos possuem hábitos esquivos que dificultam a visualização, outro obstáculo seria a densidade destas populações sendo vistos facilmente na natureza. Neste estudo será considerada toda a região da UHE Jauru. Sendo as áreas A07, A10 e A12 onde foram distribuídas armadilhas do tipo Sherman e Tomahawk, onde todos os ambientes eram associados a curso d’água e com predominância de
  • 9. 9 espécies arbóreas, constituindo uma fitofisionomia de mata ciliar. Importante citar que no segundo dia de excursão as armadilhas colocadas na área A10 foram alteradas para A12. Os trabalhos foram divididos em dois métodos conforme Carvalho & Luz (2008): 1) Método de observação direta e 2) Método de observação indireta. Ao final foi gerada uma lista de espécies observadas pelos dois métodos. Figura 02 – Identificação da área de estudo. Fonte: Print screen do aplicativo Google maps (1000 pés), modificada pelo autor.
  • 10. 10 Observação direta é a visão em tempo real do animal, podendo ocorrer nas mais diversas ocasiões, no método de observação direta foi usado técnicas de captura por armadilhas de captura e observação por caminhada. As armadilhas utilizadas foram do tipo gaiola, 35 (trinta e cinco) Sherman (dimensões: 250x80x90 mm) e 4 (quatro) do tipo Tomahawk (150x150x320 mm) em cada uma das duas áreas (A07 e A10 ou A12), em A1 foram dispostas ao acaso entre as margens do Rio Jauru e a estrada de acesso a UHE Jauru, partindo da estrada para uma trilha de acesso ao rio sendo percorrido em torno de 250 metros, entrando na área de mata ciliar e terminando em outro ponto da estrada, na A10 foram dispostas a partir da estrada, margeando o Rio Jauru até uma distancia de aproximadamente 250 metros, na A12 fora distribuídas também nas proximidades do Rio Jauru porém do lado leste. As armadilhas foram posicionadas de 2 a 5 metros de distancia entre uma e outra, demarcadas por fita zebrada que foram colocadas de modo à identificação do local onde foi alocada a armadilha. Devido à existência de mamíferos arborícolas também foram dispostas armadilhas (do tipo Sherman) em estrato (entre o chão e sobre a vegetação a aproximadamente 2 m de altura) (figura 03, anexo). Para atrair os animais às armadilhas foi utilizada isca de banana, com característica principal o aroma, já que os mamíferos são guiados, na maioria das vezes pelo faro. As armadilhas foram revisadas duas vezes no dia sendo uma na parte da manhã . A caminhada ocorreu na área A02, nas proximidades da barragem da UHE Jauru, tendo inicio ao anoitecer e retornando a aproximadamente 21h00min. Em meio à caminhada também fora feito o método de observação indireta, coletando dados dos rastros visualizados, em suma foram encontrados apenas rastros como pegadas e fezes. Além da simples observação também foram preparados um pequeno mostruário de pegadas em gesso, chamado de contramolde (para isso, foi preciso preparar uma mistura de gesso em pó e água, até formar uma solução bem pastosa que foi despejada em cima da pegada que foi circundada por gravetos para impedir que houvesse desperdício, após foi esperado em torno de 10 min até que o gesso endureça), também foram usados para registrar tais rastros à fotografia, tanto de fezes quanto de pegadas. Os animais capturados foram medidos e posteriormente soltos no mesmo local de coleta para minimizar transtornos nos pequenos mamíferos. A identificação dos roedores foi feita segundo Bonvicino et al (2008). A identificação de pegadas de
  • 11. 11 mamíferos de médio e grande porte foi feita a partir de Carvalho & Luz (2008). A identificação de mamíferos de médio e grande foi realizada segundo Reis et al (2012).
  • 12. 12 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES Trabalhos abordando mamíferos na região da UHE Jauru são escassos (SANTOS-FILHO et al, 2008), tendo então que levar em consideração trabalhos realizados em uma área maior como o Cerrado brasileiro (KLINK & MACHADO, 2005, ROCHA & DALPONTE, 2006). Tabela 1 – Taxa (ordem, família e espécie), nome comum e tipo de registros de mamíferos encontrados na Região da UHE Jauru, Jauru – MT. Taxa Nome Popular Registro Carnivora Canidae Cachorro-do-mato Visualização e pegadas Felidae Puma yagouaroundi (Saint-Hilare, 1803) Gato-mourisco Visualização Mustelidae Eira barbara (Linnaeus, 1758) Irara Visualização Procyonidae Nasua nasua (Linnaeus, 1766) Quati Mão-pelada Visualização e pegadas Pegadas Tatupeba Visualização Morcego Visualização Anta Visualização e pegadas Macaco-prego Visualização Cerdocyon thous (Smith, 1839) Procyon cancrivorus(Cuvier, 1798) Cingulata Dasypodidae Euphractus sexcinctus (Linnaeus, 1758) Chiroptera Molossidae Molossus spp. (Geoffroy, 1805) Perissodactyla Tapiridae Tapirus terrestris (Linnaeus, 1758) Primates Cebidae Cebus libidinosus (Spix, 1823) Mico melanurus(Geoffroy, 1812) Sagui-de-rabo-preto Visualização Rodentia Cricetidae Hylaeamys megacephalus (Fischer, 1814) Rato Visualização (captura) Cuniculidae Cuniculus paca (Linnaeus, 1758) Paca Visualização Capivara Pegadas Caviidae Hidrochoerus hydrochaeris (Linnaeus, 1766) Total 13 espécies
  • 13. 13 Foi obtido neste trabalho um total de 13 espécies de mamíferos registrados (quatro carnívoros, um perissodáctilo, um cingulado, dois primatas, um quiróptero, três roedores). A lista apresentada neste estudo foi composta por espécies detectadas, principalmente por observações diretas enquanto o grupo se movimentava e secundariamente por observação indireta (como pegadas e fezes). A coleta de dados resultou na lista de animais registrados conforme a tabela 1. Pode-se levar em consideração também os registros fotográficos disponibilizados pela UHE Jauru no site (http://www.uhejauru.com.br/) há também espécies de mamíferos de médio e grande porte como macaco-aranha-de-carapreta (Ateles chamek (Humboldt, 1812)), tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla (Linnaeus, 1758)) e artiodactylos da família cervídae. Com tais considerações registra-se uma riqueza de 16 espécies. Embora não tenha sido registrada no presente é esperado que ocorra na região a espécie carnívora Puma concolor (Linnaeus, 1771) a onça parda. Devido ao curto período de trabalho as observações foram bem limitadas, por esse motivo é importante salientar que no trabalho realizado por Santos-Filho (2008) demonstrou que a riqueza de espécies em fragmentos na região das microbacias dos rios Jauru e Cabaçal, foram registradas 20 espécies sendo apenas de pequenos mamíferos roedores e marsupiais. Os carnívoros foram registrados enquanto era feito deslocamento do grupo na região por observação direta de avistamento, com exceção do Procyon cancrivorus (Cuvier, 1798) que foi registrado através de pegadas (figura 04, anexo). O Nasua nasua (Linnaeus, 1766) além de ser visualizados nas proximidades das estradas também foi visualizado exemplares nas proximidades da área A05, em ambos os momentos estavam em grupos de aproximadamente dez indivíduos de quati. Na mesma área também foi o local de registro do cingulado representado neste trabalho (figura 05, anexo) Euphractus sexcinctus (Linnaeus, 1758) e do primata (figura 06, anexo) Cebus libidinosus (Spix, 1823). Quanto aos canídeos também foram registrada fezes encontradas na barragem da UHE Jauru (A02), onde foi também registrada uma observação direta de canídeo, porém não foi possível identificação mais detalhada. Em A05 fica localizado próximo onde ocorrem as refeições dos trabalhadores da UHE Jauru e também de onde os estudantes da presente aula de campo ficaram alojados e acampados, sendo assim restos de comida nas
  • 14. 14 proximidades, desse modo atrai algumas espécies de mamíferos como o quati e o tatu-peba e até mesmo o macaco-prego. No presente estudo não teve trabalho com a captura de quirópteros, porém foi registrada fotografia (figura 07, anexo) sendo foi possível à identificação em nível de gênero. Os quirópteros molossídeos são animais que se abrigam em locas, frestas, formações rochosas ou como os encontrados em cavernas, correspondendo ao abrigo diurno o qual possui um conjunto bastante expressivo de espécies, (MARINHO-FILHO et al, 1997). Os molossídeos fotografados se encontravam em uma caverna de profundidade não confirmada a qual está demonstrada na área A09 atrás da casa de força da UHE Jauru. A anta (Tapirus terrestres, (Linnaeus, 1758)) foi o único representante da ordem perissodactyla registrado tanto de forma direta nas proximidades das estradas quanto através de pegadas (figura 08, anexo) na área A08 (lago). Quanto aos roedores foi registrada a presença de Hidrochoerus hydrochaeris (Linnaeus, 1766) de forma indireta através de fezes encontrada nas áreas A02 (barragem) e A03 (tomada d’água) (figura 09, anexo). Os roedores da família cricetidae (figura 10, anexo) foram registrados através de capturas nas armadilhas do tipo Sherman nas áreas A10 e A12. Nos indivíduos da área A10 foi realizada a biometria (conforme tabela 02). Os roedores 01 e 02 foram capturados na área A10 o roedor 03 na área A12 sendo que neste não foi realizado biometria devido à falta de material. Tabela 02 - Biometria dos Cricetídeos Roedor 01 Roedor 02 Roedor 03 CT 94,5 96,3 _ CC 26,1 36,7 _ CA 77,8 73,9 _ PÉ _ 23 _ O 15,8 16,8 _ MC 51 51 _ SEXO F F M Tabela 02 - Comprimento total (CT), comprimento cabeça (CC), comprimento da cauda (CA), pata posterior com unha (PÉ), orelha interna (O) e massa corporal em (MC). A baixa densidade local de muitas espécies de mamíferos e o tamanho de seus habitats, aliados ao hábito noturno, dificultaram a realização do presente estudo, sendo assim os dados obtidos não são suficientes para determinação da composição da região. O método de observação direta por caminhada é diretamente proporcional em sua eficiência quanto ao tempo usado quanto aos tamanhos dos grupos,
  • 15. 15 exigindo silêncio e bastante atenção (CARVALHO & LUZ, 2008). Os dados poderiam então ser mais significativos aumentando o tempo, distancia e alterando a dinâmica dos grupos. Devido ações antropogênicas esses climas estão se alterando, logo depende do homem para que este sistema continue em perfeita harmonia. Recomendam-se novos estudos de longa duração na região da UHE Jauru, almejando monitorar a fauna regional e suas variações ecológicas.
  • 16. 16 4. REFERÊNCIAS AB’SÁBER, AZIZ NACIB. A organização natural das paisagens inter e subtropicais brasileiras. In: III Simpósio sobre o Cerrado, 1978. BONVICINO Cibele Rodrigues; OLIVEIRA João Alves de; D’ANDREA Paulo Sérgio. Guia dos Roedores do Brasil, com chaves para gêneros baseadas em caracteres externos. Rio de Janeiro: Centro Pan-Americano de Febre Aftosa OPAS/OMS, 2008. CARVALHO, Oswaldo Junior; LUZ, Nelton Cavalcante. Pegadas. Livro série Boas Práticas, EDUFPA. V. 3, Belém – PA, 2008. EVANGELISTA, Mahal Massavi. Características Fitofisionomias da Área de Influência da UHE Jauru. Cuiabá: UNIC, 2013. 6p. Notas de aula. FIGUEIREDO, Vânia Santos; SILVA, Geane Suelí Castro. A Importância Da Aula De Campo Na Prática Em Geografia. In 10° Encontro Nacional de Prática de Ensino em Geografia, 2009. GOOGLE MAPS. https://www.google.com.br/maps/. Acesso em: 25 de nov.13. KLINK, Carlos A. MACHADO, Ricardo B. A conservação do Cerrado brasileiro. MEGADIVERSIDADE, V. 1, Nº 1, Julho 2005. MARINHO-FILHO, J; COELHO D. C; PINHEIRO, F. A comunidade de morcegos do distrito federal: estrutura de guildas, uso do habitat e padrões reprodutivos. In Contribuição ao conhecimento ecológico do Cerrado, por LAERCIO e SAITO, Brasília, 1997. NEVES, Sandra Mara Alves da Silva; MOTINHO, Maria Cândida; NEVES, Ronaldo José and SOARES, Eliezer Rangel Campos. Estimativa da perda de solo por erosão hídrica na bacia hidrográfica do rio Jauru/MT. Soc. nat. [online]. 2011, vol.23, n.3, pp. 423-433. ISSN 1982-4513. OLIVEIRA, Alana Priscila Lima De; CORREIA, Monica Dorigo. Aula de Campo como Mecanismo Facilitador do Ensino-Aprendizagem sobre os Ecossistemas Recifais em Alagoas. ALEXANDRIA Revista de Educação em Ciência e Tecnologia, v.6, n.2, p. 163-190, 2013.
  • 17. 17 OLIVEIRA, Leonardo dos Santos Et AL. Distribuição Geográfica de Espécies Nativas do Cerrado: Resultados Preliminares. In II Simpósio Internacional – Savanas Tropicais, 2008. REIS, Antônio Carlos De Souza. Climatologia dos Cerrados. In: III Simpósio sobre o Cerrado, por 1978. REIS, Nelio Roberto Dos et al. Mamíferos do Brasil. Ed. 2. Londrina, 2011. ROCHA, Ednaldo Cândido; DALPONTE, Júlio César. Composição e caracterização da fauna de mamíferos de médio e grande porte em uma pequena reserva de cerrado em mato grosso, Brasil. Sociedade de Investigações Florestais. R. Árvore, Viçosa-MG, v.30, n.4, p.669-678, 2006. RIBEIRO, Bruno Machado Teles; WALTER, José Felipe. Fitofisionomias do Bioma Cerrado. In: Cerrado: ambiente e flora. Por Sano & Almeida. Planaltina: EMBRAPA, 1998. SANTOS, Marcílio Belido dos et al. Levantamento de mamíferos de um fragmento florestal de Rondonópolis, Mato Grosso. Biodiversidade, V.11, N1, 2012 - pág. 115 SANTOS-FILHO, Manoel. Efeitos da fragmentação sobre a comunidade de pequenos mamíferos em Floresta Estacional Semidecidual Submontana no Mato Grosso, Brasil. Tese (Doutorado em Ciências Biológicas) – Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia-INPA, Universidade Federal do Amazonas, Manaus - AM, 2005. _____________; SILVA, Dionei José da; SANAIOTTI, Tânia Margarete. Variação sazonal na riqueza e na abundância de pequenos mamíferos, na estrutura da floresta e na disponibilidade de artrópodes em fragmentos florestais no Mato Grosso, Brasil. Biota Neotrop., vol. 8, no. 1, Jan./Mar. 2008. Disponível em: <http://www.biotaneotropica.org.br/v8n1/pt/abstract?article+bn02508012008>. SCOSS, Leandro Moraes et al. Uso de parcelas de areia para o monitoramento de impacto de estradas sobre a riqueza de espécies de mamíferos. Sociedade de Investigações Florestais. R. Árvore, Viçosa-MG, v. 28, n.1, p 121-127, 2004.
  • 18. 18 SILVA, R. R. et al. Espécies herbáceas e lenhosas de Leguminosae numa área de Cerrado no Mato Grosso, Brasil. R. bras. Bioci., Porto Alegre, v. 8, n. 4, p. 373376, out./dez. 2010. SILVA, Rafaelly Yasmine da. Possíveis Impactos Socioambientais Causados Pelas Construções De Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH´S) No Estado De Mato Grosso. In Encontro de Geógrafos da América Latina. Peru, 2013. WALM. Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental – EIA/RIMA da Usina Hidrelétrica Couto Magalhães de Alto Araguaia. Mato Grosso, 2009. WALTER, Bruno Machado Teles. Fitofisionomias do bioma Cerrado: síntese terminológica e relações florísticas. Tese (Doutorado em Ciências Biológicas) – Instituto de Ciências Biológicas, Universidade de Brasília, Brasília 2006. WARMING, Eugenio; FERRI, Mario G. A lagoa santa. Vegetação de cerrados brasileiros. Belo Horizonte: USP, 1973.
  • 19. 19 5. ANEXOS Figura 03 - posicionadas Figura 04 no – armadilhas estrato Pegadas Figura 06 – Cebus libidinosus (Spix, da Demonstra 1823), macaco-prego. de mata. Procyon cancrivorus (Cuvier, 1798), mão-pelada. Figura 07 – Morcegos, Molossus sp. (Geoffroy, 1805). Figura 05 – Euphractus (Linnaeus, 1766), tatu-peba. sexcinctus
  • 20. 20 Figura 08 – Pegada de Tapirus terrestres (Linnaeus, 1758), anta, demonstra ainda o quadrante para despejo de gesso para contramolde. Figura 09 – Fezes de Hidrochoerus hydrochaeris (Linnaeus, 1788), capivara. Figura 10 – Roedor sendo solto no local onde foi capturado.