2. COMO ACABAR COM A ASSIMETRIA?
No capítulo “Relativismo”, Latour traz a ideia de que a antropologia poderia
descrever nosso mundo já que não mais se chocaria com as ciências e as técnicas,
devido à análise da Constituição e consequente conclusão de que jamais fomos
modernos. Porém, para isso, deveria haver uma modificação no estado da
antropologia atual, tornando-a simétrica, ou seja, tornando-se comparativa para que
possa ir e vir entre modernos e não-modernos. Outra questão interessante proposta
nesse capítulo é a não existência de culturas, pois essa noção de cultura seria um
“artefato criado por nosso afastamento da natureza”. O que existiriam seriam
naturezas-culturas (ou coletivos) que constituiriam a única base para comparações.
3. “Como tornar simétrica a antropologia?
Tornando-a capaz de estudar as ciências,
ultrapassando a sociologia do conhecimento
e a epistemologia”. (Pág. 91)
Antropologia entre ciências X etnociências,
correspondem ao que o homem considera impossível
e possível de estudar.
4. O Falso é o que dá valor ao verdadeiro. Cientistas
diferentes devem ser explicados de acordo com os
mesmos princípios e causas. Simetria é isso, estudar os
fracassos e os acertos pelos mesmos pontos de vista.
Pesar os vencedores e os perdedores na mesma
balança. Exigir que o erro e a verdade sejam tratados da
mesma forma. Exemplo: Discos voadores, buracos
negros, parapsicologia, saber dos psicólogos, etc da
mesma forma.
5. PREVALECE NO MUNDO só o que é
científico aquilo que rompe para sempre com
as ideologias.
Ex: A impossibilidade de estudar Darwin e
Diderot nos mesmos termos. (Rêve de
d’Alembert)
6. A assimetria gera uma
classificação entre ciências,
dividindo-as em: Ciências
sancionadas e ciências proscritas.
Resultado dos etnólogos entra em
conflito, pois que coloca-se em
oposição etnociências e os
saberes, que são justamente a
mistura entre as ciências, porem
hoje ele considera que o abismo é
menor.
Ex: Pode-se hoje relacionar desde
temas como o sacrifício ao deus
Baal até e explosão do ônibus
Challenger.
7. AASIMETRIA SE
DÁ POR:
Verdade = explicada pela
natureza
Erro ou mentira = explicado pela
sociedade
8. Nas culturas ocidentais há uma separação entre natureza e
sociedade/cultura. Para outros povos não, os signos, as coisas,
a natureza e a sociedade se fundem.
“Nos, ocidentais, somos completamente diferentes dos outros,
este é o grito de vitória e a longa queixa dos modernos. [...].
Não importa o que façam, os ocidentais carregam a história
nos cascos de suas caravelas e canhoneiras, nos cilindros de
seus telescópios e nos êmbolos de suas seringas de injeção”.
(Pág. 96)
9. Primeiro princípio da antropologia
A antropologia precisa mudar, explicar com os
mesmos termos as verdades e os erros,
estudar ao mesmo tempo a produção de
humanos e não humanos, que é a simetria
generalizada e não distinguir os ocidentais
dos outros (posição intermediária entre os
terrenos tradicionais e os novos).
10. Antropologia Generalizada
Solução para esse problema, Michel Callon adequa a visão do antropólogo num
ponto médio, onde possa acompanhar ao mesmo tempo a atribuição de
propriedades não humanas e humanas. Resolver isso é resolver o relativismo, dito
por Latour como o obstáculo da antropologia convencional.
Arquimedes e o jogo de polias mostrou a potência da técnica, a ciência sendo
exercida por outros meios que nada mais são do que a política, vista de outra forma.
11. Do site:
http://metamorficus.blogspot.com.br/2007/12/br
uno-latour-uma-leitura-crtica-de.html
Entretanto, assevera Latour, essa constatação ainda não permite dar
conta do que diferencia o Ocidente das demais “natureza-cultura” (ou
“coletivos”) pois há uma inegável diferença de amplitude de
mobilização que é ao mesmo tempo a consequência do modernismo
e a causa de seu fim. Ressaltando esse aspecto e chamando essa
questão para o campo de interesse da antropologia simétrica, Latour
pretende que esta possa também contribuir para elucidar o processo
de dominação de um coletivo sobre o outro (no caso, o Ocidental
sobre todos os demais).
12. Assim, para Latour, é a capacidade de
mobilização de recursos e de criar novas
necessidades e novos “híbridos” que
torna “notável” as ciências e as técnicas
ocidentais e que culmina na imposição
de seus modelos a outros “coletivos”.
13. Foram os ocidentais que inventaram a ciência moderna, como diz
Latour, diferente da conquista e do comércio, da política e da moral,
atividades fundamentais para o mundo até então.
(Baudrillard, 2000): “...nunca na história conhecida, o homem cercou-se
de tal quantidade e diversidade de objetos, constituindo, eles
próprios, uma “natureza paralela” e auto-referencial”. Essa
característica, notada por vários autores, é aqui retomada na análise
de Bruno Latour para destacar a singularidade do Ocidente.
14. “Trata-se de construir os próprios
coletivos em escalas cada vez
maiores. É verdade que há diferenças
de tamanho. Não há diferenças de
natureza – menos ainda de cultura.”
(p.107)
15. Diferença de Perspectivas:
Subsiste, para Latour, diferenças essenciais entre a interação humano/humano e
humano/não-humano? Isso porque os coletivos não diferem essencialmente, mas
apenas em sua capacidade (“tamanho”) de mobilização; além disso, devemos
recusar o estatuto privilegiado das técnicas e ciências ocidentais.
O autor propõe, então, que se elimine a diferença ontológica entre humanos e não-humanos,
o que nos leva a supor que Latour também aceitaria como verdadeira a
formulação segundo a qual não há diferença ontológica entre as interações
humanos/humanos e as relações humanos/não-humanos.
16. Pergunta
Bruno Latour argumenta que um pós-ambientalismo precisa
aceitar que a sociedade humana não pode ser separada da
natureza não-humana.
Sendo isso correto, poderíamos avançar, formulando uma
segunda indagação: um mundo inteiramente “artificial”,
inteiramente construído pelos homens, seria, do ponto de vista
da “cultura”, ontologicamente indistinto de um mundo onde as
relações com seres não construídos pelo homem é mais
intensa?