SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 4
Psicologia


                             Os Processos de Categorização Social




                             Como é que as pessoas interpretam as situações com que se
                             deparam?



                             Qual o papel da categorização social no quotidiano?




A categorização ajuda-nos a dar sentido ao mundo

Como formamos impressões das pessoas com quem nos encontramos pela primeira vez? As
expectativas do professor podem influenciar a aprendizagem dos alunos? Como se transmitem as
expectativas? Qual o papel dos estereótipos na vida social?

Somos constantemente confrontados com imensa informação. E apesar da nossa capacidade de gestão
ser muito limitada, conseguimos fazê-lo com eficácia. Para isso utilizamos várias estratégias das quais a
categorização é a mais importante.

 Categorizar consiste em agrupar objectos em diferentes classes com base num conjunto de
 características. Todos os elementos desse grupo são equivalentes relativamente a um ou vários
 critérios.

Perante a complexidade da realidade, o acto de categorizar simplifica as semelhanças e as diferenças.
Um jovem de cabeça rapada e vestido com peças de roupa que lhe dão um aspecto militar é remetido
para uma categoria, para um grupo, o dos skinheads. A caracterização, além de simplificar a realidade,
também permite organizar o mundo que nos rodeia e identificar socialmente os outros.

A categorização tem como funções simplificar e justificar. Simplifica pelo facto de que todos os jovens de
cabeça rapada e com um certo aparato militar são skinheads ou todas as senhoras de "uma certa idade»
são amáveis e simpáticas. Justifica a atribuição de um carácter violento ou amável já que os skinheads e
as senhoras velhotas são conhecidos por serem assim. Estamos a atribuir-lhes uma identidade social. O
efeito da categorização divide as pessoas em "nós» e "eles», os que pertencem ao grupo dos skinheads
ou das "senhoras de uma certa idade" e os que não pertencem.

As impressões que construímos quando encontramos uma pessoa pela primeira vez permitem-nos
categorizá-Ia, inserindo-a num determinado grupo social. Conforme as características que atribuímos a
esse grupo, esperamos dele um tipo de comportamento. Tudo isto tem como pano de fundo um esquema
preconcebido, um estereótipo, modelado culturalmente, que confere ao grupo características tipificadas.


AS IMPRESSÕES: As marcas do primeiro impacto

                                               As nossas impressões dos outros são construções
                                               cognitivas baseadas em vários esquemas, conjuntos
                                               organizados de expectativas sobre o comportamento do
                                               outro no seu todo. Se acreditamos que alguém é sociável,
                                               esperamos que seja falador. Pode ser ou não ser, mas o
                                               padrão que percebemos é parcialmente imposto pelo
                                               esquema de pessoa sociável. Estes esquemas chamam-



                                                                                                        1
se muitas vezes teorias implícitas da personalidade e todos nós estamos continuamente a utilizá-los. As
primeiras impressões formam-se rapidamente, mudam muito devagar e têm uma grande influência no
nosso comportamento.
Formar impressões acerca de uma pessoa não requer, habitualmente, uma grande quantidade de
informação. Esta informação pode ser obtida de uma forma directa, através da interacção com ela,
através do seu comportamento verbal e não verbal. Ou de uma forma indirecta, através de dados
fornecidos por outros, por exemplo o "ouvir dizer".


Num primeiro contacto com alguém avaliamos essa pessoa, remetendo-a para uma categoria. Esta
categorização avaliativa é de três tipos, afectiva, gostar ou não gostar, moral, bom ou mau e
instrumental, competente ou incompetente. Bastam pequenos indícios para formularmos rapidamente
um juízo acerca dela, mesmo quando nos são revelados aspectos do seu comportamento que contrariam
a nossa impressão. A partir do momento em que fica estabelecida a avaliação positiva ou negativa,
mesmo sem mais informação, é fácil traçarmos um retrato psicológico dessa pessoa, se é inteligente,
honesta, ambiciosa ou qualquer outra característica.


 Formar impressões implica organizar a informação disponível acerca de uma pessoa de modo a ser
 integrada numa categoria significativa para nós.




Dado que estamos implicados quotidianamente em centenas de interacções sociais frequentemente
utilizamos os nossos «atalhos» cognitivos para lidarmos com grandes quantidades de informação. No
entanto, às vezes estes atalhos fazem-nos distorcer a visão dos comportamentos e cometemos erros.




                                  Quando atribuímos causas aos comportamentos podemos cometer
                                  erros derivados de:

1. Diferenças entre actores e observadores. Os actores dão mais atribuições externas e os
observadores mais internas; quando julgamos os outros tendemos a enfatizar factores internos, de
personalidade, mas quando explicamos o nosso comportamento favorecemos causas internas para
explicar o sucesso e causas externas para explicar o fracasso. Se o exame nos correu bem dizemos que
realmente estudámos ou que somos inteligentes, mas se falhámos tendemos a culpar o professor, o livro
ou as questões que tinham «armadilhas». Isto é motivado pelo desejo de manter a nossa auto-estima e
de parecer bem para os outros.

2. Tendência a atribuir o comportamento mais a causas internas do que externas, mesmo se estas
são as mais apropriadas. Isto explica por que é que culpamos mais as pessoas do que as situações
externas em situações como a guerra no Iraque. Isto também acontece no quotidiano. Quando vemos
uma pessoa a cair atribuímos o seu comportamento mais ao facto de ser desastrada do que à
irregularidade do chão. É como se as características da pessoa fossem mais visíveis do que a da
situação.

3. Complacência na atribuição, quando, por exemplo, as atribuições para o sucesso e para o fracasso
servem para aumentar ou diminuir a auto-estima.

4. Efeitos temporais na atribuição. As atribuições podem tornar-se mais situacionais com o passar do
tempo.

O contexto social afecta o tipo de atribuições que são feitas. Para além das diferenças culturais que já
foram referidas, tendemos a fazer atribuições que aumentem o valor dos grupos a que pertencemos. No
entanto, a posição dos grupos sociais, uns em relação aos outros, também influencia as atribuições.




                                                                                                      2
AS EXPECTATIVAS: Acreditar ou não acreditar nos outros, eis a questão!

Imaginemos duas pessoas que se, encontram pela primeira vez. Este encontro é regulado por
expectativas mútuas de cada uma em relação à outra. Baseando-se numa série de indícios, cada uma
das pessoas prevê a identidade social da outra. Nesta base, criam-se expectativas que são confirmadas,
ou não, pela continuidade da relação.


 As expectativas são formas de representarmos de categorizarmos os outros, através de informações ou
 de indícios, no sentido de prever o seu comportamento.


Por exemplo, se entrarmos num hospital e virmos uma pessoa num corredor, essa pessoa poderá dar-nos
indícios que nos façam prever se será um doente, um enfermeiro ou um médico. Todos nós, em todas as
situações, fazemos previsões acerca do comportamento dos outros com base nestas informações ou
indícios. A partir da nossa experiência anterior vamos incluí-los numa categoria, «doente», «enfermeiro»
ou «médico». Isto significa que, num primeiro tempo, não percepcionamos a pessoa singular mas a
categoria a que pertence.


Muitos factores influenciam a formação de expectativas, desde a nossa história individual, a família, os
pares, as normas sociais gerais ou institucionais, as nossas crenças ou valores.




OS ESTEREÓTIPOS: OS moldes que temos dentro da cabeça




http://www.bozzetto.com/flash/fem_male.htm


Numa primeira abordagem dos estereótipos, podemos caracterizá-los como "imagens que as pessoas
têm na cabeça" comparáveis a moldes. Os moldes são objectos que servem para repetir o mesmo objecto
indefinidamente. Moldes de vasos originam vasos todos iguais, ou colheres, muitas colheres, também
todas iguais. Os estereótipos são moldes de uniformizar pessoas. Um grupo de pessoas entra no
estereótipo e saem pessoas com as mesmas características, "os portugueses são hospitaleiros", alguns o
serão, outros nem por isso. "Os suíços são pontuais", também alguns dos ingleses e dos franceses o são.
"Os alemães são arrogantes", assim como alguns dos portugueses e dos espanhóis.


 Estereótipo é o conjunto de crenças que uniformizam os membros de um determinado grupo social. O
 estereótipo ignora a individualidade e dá um entendimento dos outros, reduzindo-os a características
 iguais, simplificando, por isso, a complexidade social.




                                                                                                      3
Como construímos os estereótipos? Uma das perspectivas teóricas mais aceites afirma que os
estereótipos são oriundos da cultura em que vivemos e são transmitidos pelas estruturas sociais em que
estamos inseridos, a família, a escola. Como também o são pela repetida exposição a informações
veiculadas pelos livros, pelos jornais, pela rádio, pela televisão. Uma das provas a favor desta perspectiva
é a persistência dos estereótipos ao longo do tempo.

Uma segunda perspectiva sugere que os comportamentos que caracterizam um grupo diferente do nosso,
ou circunstâncias socioeconómicas como recessão, desemprego ou instabilidade social, poderão ser o
terreno propício para que os estereótipos se desenvolvam.

Vamos supor que um determinado grupo étnico ocupa uma posição economicamente desvantajosa. Os
seus membros têm salários baixos, estão sujeitos a uma taxa de desemprego superior à dos outros
grupos, vivem em casas degradadas e têm insucesso escolar a níveis alarmantes. Não será difícil de
entender que este grupo seja alvo de entendimentos por parte de outros grupos como sendo «pobres»,
«preguiçosos», «desleixados» e «pouco inteligentes».

Nesta perspectiva, os estereótipos formam-se a partir do exagero de algumas das características deste
grupo social e a diminuta valorização das outras que também o identificam enquanto grupo social.
Porquê? Parece que alguns estereótipos derivam da observação directa dos comportamentos. O estar
desempregado ou viver em habitações degradadas dá a impressão que as pessoas são preguiçosas ou
desleixadas e é isto que é observado.

No contexto desta perspectiva, existe ainda uma outra justificação sociocultural para a origem dos
estereótipos. O desenvolvimento do estereótipo acompanha sentimentos de superioridade e de
valorização da própria pessoa e do seu grupo de pertença, quando comparado com outro grupo. Este
reforço do valor próprio pode traduzir-se em maior autoconfiança, sentimentos de coesão e de pertença
que permitem a cada membro do grupo atribuir a si próprio as qualidades que ele atribui ao seu grupo.

A existência de grupos que ocupam posições de maior poder e que têm mais privilégios do que outros
sugere uma terceira perspectiva sobre os estereótipos. Neste contexto, os estereótipos têm a função de
justificar ou de criticar o estatuto ocupado por um grupo.

Uma das consequências dos estereótipos é a de nos levarem a prestar mais atenção a indícios
consistentes com as expectativas que definem esses estereótipos do que a outros indícios. Se estivermos
a observar alguém que antes incluímos numa categoria, podemos, posteriormente, esquecer informações
inconsistentes com essa categoria. Ou mesmo nem sequer nos apercebermos dessas informações. Pelo
contrário, podemos mesmo pensar que vimos características que na realidade não vimos, mas que se
adequam bem ao estereótipo.

Os estereótipos têm uma natureza relacional. Fazem aparecer de uma forma evidente as formas
relacionais de um grupo minoritário e escamoteiam essas mesmas características num grupo maioritário.
Criam uma ilusão de correlação. A função dos estereótipos corresponde à redução dos custos
psicológicos de uma representação. São construtores de um sistema de regulação social que ajudam as
pessoas a fazerem uma ideia das coisas e a fazer escolhas sem ser necessário correr muitos riscos.
Representam uma justificação da nossa verdade, ou seja, conformam as nossas ideias e a nossa visão
do mundo através de um sistema de explicações. Neste sentido, eles contribuem para a estabilidade
social tornando possível a comunicação e a coabitação social. Atribuem coerência ao mundo social e
garantem, de alguma forma, a ordem das coisas. Tanto podem desempenhar o papel de facilitadores
como o de redutores de conflitos.

O estereótipo é uma forma de pensar por clichés que descreve, de uma forma simplificada, pessoas ou
grupos sociais "arrumando-os" em categorias. Quando esta categorização é feita em termos dos atributos
sociais, estamos ao nível da formação de impressões. Quando a categorização é feita em termos de
inclusão numa categoria, estamos ao nível do estereótipo.




                                                                                                          4

Más contenido relacionado

La actualidad más candente

Relações interpessoais
Relações interpessoaisRelações interpessoais
Relações interpessoaisSilvia Revez
 
Resumo relações interpessoais
Resumo relações interpessoaisResumo relações interpessoais
Resumo relações interpessoaisJorge Barbosa
 
RelaçõEs Interpessoais
RelaçõEs InterpessoaisRelaçõEs Interpessoais
RelaçõEs InterpessoaisRolando Almeida
 
Interação social
Interação socialInteração social
Interação socialturma12d
 
Interação social
Interação socialInteração social
Interação socialturma12d
 
Interação Social
Interação SocialInteração Social
Interação SocialAna Antunes
 
Relações interpessoais
Relações interpessoaisRelações interpessoais
Relações interpessoaisSilvia Revez
 
Interacção social
Interacção socialInteracção social
Interacção socialturma12d
 
Resumo Relações Interpessoais
Resumo Relações InterpessoaisResumo Relações Interpessoais
Resumo Relações InterpessoaisJorge Barbosa
 
Introdução ao estudo de psicologia de grupos
Introdução ao estudo de psicologia de gruposIntrodução ao estudo de psicologia de grupos
Introdução ao estudo de psicologia de gruposClaudson Cerqueira Santana
 
Interações Sociais -Grupos Sociais
Interações Sociais-Grupos SociaisInterações Sociais-Grupos Sociais
Interações Sociais -Grupos SociaisLídia Santos
 
Grupos sociais
Grupos sociaisGrupos sociais
Grupos sociaismikto
 
Relações interpessoais2
Relações interpessoais2Relações interpessoais2
Relações interpessoais2Nuno Pereira
 
Relações Interpessoais
Relações InterpessoaisRelações Interpessoais
Relações InterpessoaisPedro Oliveira
 
A influência social
A influência socialA influência social
A influência socialAnaKlein1
 
Relações interpessoais e habilidades sociais
Relações interpessoais e habilidades sociaisRelações interpessoais e habilidades sociais
Relações interpessoais e habilidades sociaisEdith Andrade
 

La actualidad más candente (20)

A formação de impressões
A formação de impressõesA formação de impressões
A formação de impressões
 
Relações interpessoais
Relações interpessoaisRelações interpessoais
Relações interpessoais
 
Resumo relações interpessoais
Resumo relações interpessoaisResumo relações interpessoais
Resumo relações interpessoais
 
RelaçõEs Interpessoais
RelaçõEs InterpessoaisRelaçõEs Interpessoais
RelaçõEs Interpessoais
 
Interação social
Interação socialInteração social
Interação social
 
Interação social
Interação socialInteração social
Interação social
 
Interação social
Interação socialInteração social
Interação social
 
Interação Social
Interação SocialInteração Social
Interação Social
 
Relações interpessoais
Relações interpessoaisRelações interpessoais
Relações interpessoais
 
Interacção social
Interacção socialInteracção social
Interacção social
 
Relações interpessoais
Relações interpessoaisRelações interpessoais
Relações interpessoais
 
Resumo Relações Interpessoais
Resumo Relações InterpessoaisResumo Relações Interpessoais
Resumo Relações Interpessoais
 
Interação social
Interação social Interação social
Interação social
 
Introdução ao estudo de psicologia de grupos
Introdução ao estudo de psicologia de gruposIntrodução ao estudo de psicologia de grupos
Introdução ao estudo de psicologia de grupos
 
Interações Sociais -Grupos Sociais
Interações Sociais-Grupos SociaisInterações Sociais-Grupos Sociais
Interações Sociais -Grupos Sociais
 
Grupos sociais
Grupos sociaisGrupos sociais
Grupos sociais
 
Relações interpessoais2
Relações interpessoais2Relações interpessoais2
Relações interpessoais2
 
Relações Interpessoais
Relações InterpessoaisRelações Interpessoais
Relações Interpessoais
 
A influência social
A influência socialA influência social
A influência social
 
Relações interpessoais e habilidades sociais
Relações interpessoais e habilidades sociaisRelações interpessoais e habilidades sociais
Relações interpessoais e habilidades sociais
 

Destacado

Dossier interactivo inovação e desenvolvimento organizacional
Dossier interactivo   inovação e desenvolvimento organizacionalDossier interactivo   inovação e desenvolvimento organizacional
Dossier interactivo inovação e desenvolvimento organizacionalMarcelo Anjos
 
O que é a inteligência emocional
O que é a inteligência emocionalO que é a inteligência emocional
O que é a inteligência emocionalMarcelo Anjos
 
Competências e princípios de desempenho profissional
Competências e princípios de desempenho profissionalCompetências e princípios de desempenho profissional
Competências e princípios de desempenho profissionalMarcelo Anjos
 
Formação e mudança de atitudes
Formação e mudança de atitudesFormação e mudança de atitudes
Formação e mudança de atitudesMarcelo Anjos
 
9 doc.16 a - a relação mãe-bebé
9   doc.16 a - a relação mãe-bebé9   doc.16 a - a relação mãe-bebé
9 doc.16 a - a relação mãe-bebéMicas Cullen
 
3 desenvolvimento atipico
3   desenvolvimento atipico3   desenvolvimento atipico
3 desenvolvimento atipicoMicas Cullen
 
14 - Comportamentos atípicos em bebés
14 - Comportamentos atípicos em bebés14 - Comportamentos atípicos em bebés
14 - Comportamentos atípicos em bebésMicas Cullen
 
15 - Bowlby e o estudo de vinculação mae-bebe ou progenitor
15 - Bowlby e o estudo de vinculação mae-bebe ou progenitor15 - Bowlby e o estudo de vinculação mae-bebe ou progenitor
15 - Bowlby e o estudo de vinculação mae-bebe ou progenitorMicas Cullen
 
2 crianças sobredotadas
2   crianças sobredotadas2   crianças sobredotadas
2 crianças sobredotadasMicas Cullen
 
1 o inato e o adquirido as crianças selvagens
1   o inato e o adquirido as crianças selvagens1   o inato e o adquirido as crianças selvagens
1 o inato e o adquirido as crianças selvagensMicas Cullen
 
7 erikson e o desenvolvimento psicossocial
7   erikson e o desenvolvimento psicossocial7   erikson e o desenvolvimento psicossocial
7 erikson e o desenvolvimento psicossocialMicas Cullen
 
10 - Relato criança selvagem
10 - Relato criança selvagem10 - Relato criança selvagem
10 - Relato criança selvagemMicas Cullen
 
5 a afectividade entre mãe e bebé
5   a afectividade entre mãe e bebé5   a afectividade entre mãe e bebé
5 a afectividade entre mãe e bebéMicas Cullen
 
12 - Gestação e personalidade
12 - Gestação e personalidade12 - Gestação e personalidade
12 - Gestação e personalidadeMicas Cullen
 
13 - O desenvolvimento - piaget
13 - O desenvolvimento - piaget13 - O desenvolvimento - piaget
13 - O desenvolvimento - piagetMicas Cullen
 
4 o desenvolvimento infantil e adolescente
4   o desenvolvimento infantil e adolescente4   o desenvolvimento infantil e adolescente
4 o desenvolvimento infantil e adolescenteMicas Cullen
 
11 - Psic.desenvolvimento - síntese
11 - Psic.desenvolvimento - síntese11 - Psic.desenvolvimento - síntese
11 - Psic.desenvolvimento - sínteseMicas Cullen
 

Destacado (20)

Dossier interactivo inovação e desenvolvimento organizacional
Dossier interactivo   inovação e desenvolvimento organizacionalDossier interactivo   inovação e desenvolvimento organizacional
Dossier interactivo inovação e desenvolvimento organizacional
 
O que é a inteligência emocional
O que é a inteligência emocionalO que é a inteligência emocional
O que é a inteligência emocional
 
Competências e princípios de desempenho profissional
Competências e princípios de desempenho profissionalCompetências e princípios de desempenho profissional
Competências e princípios de desempenho profissional
 
1.assertividade
1.assertividade1.assertividade
1.assertividade
 
Qualidades pessoais
Qualidades pessoaisQualidades pessoais
Qualidades pessoais
 
Formação e mudança de atitudes
Formação e mudança de atitudesFormação e mudança de atitudes
Formação e mudança de atitudes
 
9 doc.16 a - a relação mãe-bebé
9   doc.16 a - a relação mãe-bebé9   doc.16 a - a relação mãe-bebé
9 doc.16 a - a relação mãe-bebé
 
3 desenvolvimento atipico
3   desenvolvimento atipico3   desenvolvimento atipico
3 desenvolvimento atipico
 
14 - Comportamentos atípicos em bebés
14 - Comportamentos atípicos em bebés14 - Comportamentos atípicos em bebés
14 - Comportamentos atípicos em bebés
 
8 adolescente
8   adolescente8   adolescente
8 adolescente
 
15 - Bowlby e o estudo de vinculação mae-bebe ou progenitor
15 - Bowlby e o estudo de vinculação mae-bebe ou progenitor15 - Bowlby e o estudo de vinculação mae-bebe ou progenitor
15 - Bowlby e o estudo de vinculação mae-bebe ou progenitor
 
2 crianças sobredotadas
2   crianças sobredotadas2   crianças sobredotadas
2 crianças sobredotadas
 
1 o inato e o adquirido as crianças selvagens
1   o inato e o adquirido as crianças selvagens1   o inato e o adquirido as crianças selvagens
1 o inato e o adquirido as crianças selvagens
 
7 erikson e o desenvolvimento psicossocial
7   erikson e o desenvolvimento psicossocial7   erikson e o desenvolvimento psicossocial
7 erikson e o desenvolvimento psicossocial
 
10 - Relato criança selvagem
10 - Relato criança selvagem10 - Relato criança selvagem
10 - Relato criança selvagem
 
5 a afectividade entre mãe e bebé
5   a afectividade entre mãe e bebé5   a afectividade entre mãe e bebé
5 a afectividade entre mãe e bebé
 
12 - Gestação e personalidade
12 - Gestação e personalidade12 - Gestação e personalidade
12 - Gestação e personalidade
 
13 - O desenvolvimento - piaget
13 - O desenvolvimento - piaget13 - O desenvolvimento - piaget
13 - O desenvolvimento - piaget
 
4 o desenvolvimento infantil e adolescente
4   o desenvolvimento infantil e adolescente4   o desenvolvimento infantil e adolescente
4 o desenvolvimento infantil e adolescente
 
11 - Psic.desenvolvimento - síntese
11 - Psic.desenvolvimento - síntese11 - Psic.desenvolvimento - síntese
11 - Psic.desenvolvimento - síntese
 

Similar a Os Processos de Categorização e as Expectativas na Psicologia Social

Relações interpessoais
Relações interpessoaisRelações interpessoais
Relações interpessoaisSilvia Revez
 
Ficha de trabalho nâº7
Ficha de trabalho nâº7Ficha de trabalho nâº7
Ficha de trabalho nâº7jorge2_santos
 
Seminário de pisicologia
Seminário de pisicologiaSeminário de pisicologia
Seminário de pisicologiaDiego Mancilla
 
Assistente Administrativo
Assistente AdministrativoAssistente Administrativo
Assistente AdministrativoLiberty Ensino
 
Relações interpessoais
Relações interpessoaisRelações interpessoais
Relações interpessoaisSilvia Revez
 
Relações Interpessoais 1
Relações Interpessoais 1Relações Interpessoais 1
Relações Interpessoais 1Jorge Barbosa
 
Os processos fundamentais de cognição social
Os processos fundamentais de cognição socialOs processos fundamentais de cognição social
Os processos fundamentais de cognição socialMarcelo Anjos
 
Impressões e Expectativas
Impressões e ExpectativasImpressões e Expectativas
Impressões e ExpectativasRaQuel Oliveira
 
A organização como contexto social e desenvolvimento cognitivo
A organização como contexto social e desenvolvimento cognitivoA organização como contexto social e desenvolvimento cognitivo
A organização como contexto social e desenvolvimento cognitivoAnderson Cássio Oliveira
 
1223846171 apostila auxiliar_administrativo
1223846171 apostila auxiliar_administrativo1223846171 apostila auxiliar_administrativo
1223846171 apostila auxiliar_administrativoEraldo Costa
 
37453166 os-processos-de-comunicacao-em-grupo-a-assertividade-texto-de-apoio-...
37453166 os-processos-de-comunicacao-em-grupo-a-assertividade-texto-de-apoio-...37453166 os-processos-de-comunicacao-em-grupo-a-assertividade-texto-de-apoio-...
37453166 os-processos-de-comunicacao-em-grupo-a-assertividade-texto-de-apoio-...cpsilva1
 
As 5 etapas da transformação cultural
As 5 etapas da transformação culturalAs 5 etapas da transformação cultural
As 5 etapas da transformação culturalMrioKojima
 
Relacionalmento interpessoal
Relacionalmento interpessoalRelacionalmento interpessoal
Relacionalmento interpessoalLeandro Lopes
 
Questões comentadas
Questões comentadasQuestões comentadas
Questões comentadasSergio Cabral
 
Aspectos comportamentais e éticos na gestão de pessoas
Aspectos comportamentais e éticos na gestão de pessoasAspectos comportamentais e éticos na gestão de pessoas
Aspectos comportamentais e éticos na gestão de pessoasTurma_do_Marketing
 

Similar a Os Processos de Categorização e as Expectativas na Psicologia Social (20)

Relações interpessoais
Relações interpessoaisRelações interpessoais
Relações interpessoais
 
Ficha de trabalho nâº7
Ficha de trabalho nâº7Ficha de trabalho nâº7
Ficha de trabalho nâº7
 
Seminário de pisicologia
Seminário de pisicologiaSeminário de pisicologia
Seminário de pisicologia
 
Assistente Administrativo
Assistente AdministrativoAssistente Administrativo
Assistente Administrativo
 
Relações interpessoais
Relações interpessoaisRelações interpessoais
Relações interpessoais
 
Relações Interpessoais 1
Relações Interpessoais 1Relações Interpessoais 1
Relações Interpessoais 1
 
Aula 02 auxiliar de escritório
Aula 02 auxiliar de escritórioAula 02 auxiliar de escritório
Aula 02 auxiliar de escritório
 
Aula de dinâmica de grupos
Aula de dinâmica de gruposAula de dinâmica de grupos
Aula de dinâmica de grupos
 
Psicologia social
Psicologia socialPsicologia social
Psicologia social
 
Os processos fundamentais de cognição social
Os processos fundamentais de cognição socialOs processos fundamentais de cognição social
Os processos fundamentais de cognição social
 
Impressões e Expectativas
Impressões e ExpectativasImpressões e Expectativas
Impressões e Expectativas
 
A organização como contexto social e desenvolvimento cognitivo
A organização como contexto social e desenvolvimento cognitivoA organização como contexto social e desenvolvimento cognitivo
A organização como contexto social e desenvolvimento cognitivo
 
1223846171 apostila auxiliar_administrativo
1223846171 apostila auxiliar_administrativo1223846171 apostila auxiliar_administrativo
1223846171 apostila auxiliar_administrativo
 
37453166 os-processos-de-comunicacao-em-grupo-a-assertividade-texto-de-apoio-...
37453166 os-processos-de-comunicacao-em-grupo-a-assertividade-texto-de-apoio-...37453166 os-processos-de-comunicacao-em-grupo-a-assertividade-texto-de-apoio-...
37453166 os-processos-de-comunicacao-em-grupo-a-assertividade-texto-de-apoio-...
 
As 5 etapas da transformação cultural
As 5 etapas da transformação culturalAs 5 etapas da transformação cultural
As 5 etapas da transformação cultural
 
RELAÇÕES INTERPESSOAIS.pdf
RELAÇÕES INTERPESSOAIS.pdfRELAÇÕES INTERPESSOAIS.pdf
RELAÇÕES INTERPESSOAIS.pdf
 
Relacionalmento interpessoal
Relacionalmento interpessoalRelacionalmento interpessoal
Relacionalmento interpessoal
 
Questões comentadas
Questões comentadasQuestões comentadas
Questões comentadas
 
Aspectos comportamentais e éticos na gestão de pessoas
Aspectos comportamentais e éticos na gestão de pessoasAspectos comportamentais e éticos na gestão de pessoas
Aspectos comportamentais e éticos na gestão de pessoas
 
Apostila aux administrativo
Apostila aux administrativoApostila aux administrativo
Apostila aux administrativo
 

Más de Marcelo Anjos

Atitudes e comportamentos (ficha)
Atitudes e comportamentos (ficha)Atitudes e comportamentos (ficha)
Atitudes e comportamentos (ficha)Marcelo Anjos
 
Aptidões e capaciades (ficha)
Aptidões e capaciades (ficha)Aptidões e capaciades (ficha)
Aptidões e capaciades (ficha)Marcelo Anjos
 
Maslow e teoria da auto realização
Maslow e teoria da auto realizaçãoMaslow e teoria da auto realização
Maslow e teoria da auto realizaçãoMarcelo Anjos
 
Tipos e momentos de memoria
Tipos e momentos de memoriaTipos e momentos de memoria
Tipos e momentos de memoriaMarcelo Anjos
 
Teorias da motivação
Teorias da motivaçãoTeorias da motivação
Teorias da motivaçãoMarcelo Anjos
 
Percepção e auto estima
Percepção e auto estimaPercepção e auto estima
Percepção e auto estimaMarcelo Anjos
 
O processo preceptivo e cognitivo esquema
O processo preceptivo e cognitivo   esquemaO processo preceptivo e cognitivo   esquema
O processo preceptivo e cognitivo esquemaMarcelo Anjos
 
O processo perceptivo caracteristicas principais
O processo perceptivo caracteristicas principaisO processo perceptivo caracteristicas principais
O processo perceptivo caracteristicas principaisMarcelo Anjos
 
O modo com as palavras nos afectam
O modo com as palavras nos afectamO modo com as palavras nos afectam
O modo com as palavras nos afectamMarcelo Anjos
 
Inteligência emocional
Inteligência emocionalInteligência emocional
Inteligência emocionalMarcelo Anjos
 
Inteligencia varias concepcoes
Inteligencia   varias concepcoesInteligencia   varias concepcoes
Inteligencia varias concepcoesMarcelo Anjos
 
Inteligência sintese do essencial
Inteligência   sintese do essencialInteligência   sintese do essencial
Inteligência sintese do essencialMarcelo Anjos
 
Imagem e percepcao de marcas de moda
Imagem e percepcao de marcas de modaImagem e percepcao de marcas de moda
Imagem e percepcao de marcas de modaMarcelo Anjos
 
Frustraçao e conflito
Frustraçao e conflitoFrustraçao e conflito
Frustraçao e conflitoMarcelo Anjos
 

Más de Marcelo Anjos (16)

Atitudes e comportamentos (ficha)
Atitudes e comportamentos (ficha)Atitudes e comportamentos (ficha)
Atitudes e comportamentos (ficha)
 
Aptidões e capaciades (ficha)
Aptidões e capaciades (ficha)Aptidões e capaciades (ficha)
Aptidões e capaciades (ficha)
 
Maslow e teoria da auto realização
Maslow e teoria da auto realizaçãoMaslow e teoria da auto realização
Maslow e teoria da auto realização
 
Tipos e momentos de memoria
Tipos e momentos de memoriaTipos e momentos de memoria
Tipos e momentos de memoria
 
Teste perceptivo
Teste perceptivoTeste perceptivo
Teste perceptivo
 
Teorias da motivação
Teorias da motivaçãoTeorias da motivação
Teorias da motivação
 
Percepção e auto estima
Percepção e auto estimaPercepção e auto estima
Percepção e auto estima
 
O processo preceptivo e cognitivo esquema
O processo preceptivo e cognitivo   esquemaO processo preceptivo e cognitivo   esquema
O processo preceptivo e cognitivo esquema
 
O processo perceptivo caracteristicas principais
O processo perceptivo caracteristicas principaisO processo perceptivo caracteristicas principais
O processo perceptivo caracteristicas principais
 
O modo com as palavras nos afectam
O modo com as palavras nos afectamO modo com as palavras nos afectam
O modo com as palavras nos afectam
 
Inteligência emocional
Inteligência emocionalInteligência emocional
Inteligência emocional
 
Inteligencia varias concepcoes
Inteligencia   varias concepcoesInteligencia   varias concepcoes
Inteligencia varias concepcoes
 
Inteligência sintese do essencial
Inteligência   sintese do essencialInteligência   sintese do essencial
Inteligência sintese do essencial
 
Imagem e percepcao de marcas de moda
Imagem e percepcao de marcas de modaImagem e percepcao de marcas de moda
Imagem e percepcao de marcas de moda
 
Ilusao de optica
Ilusao de opticaIlusao de optica
Ilusao de optica
 
Frustraçao e conflito
Frustraçao e conflitoFrustraçao e conflito
Frustraçao e conflito
 

Os Processos de Categorização e as Expectativas na Psicologia Social

  • 1. Psicologia Os Processos de Categorização Social Como é que as pessoas interpretam as situações com que se deparam? Qual o papel da categorização social no quotidiano? A categorização ajuda-nos a dar sentido ao mundo Como formamos impressões das pessoas com quem nos encontramos pela primeira vez? As expectativas do professor podem influenciar a aprendizagem dos alunos? Como se transmitem as expectativas? Qual o papel dos estereótipos na vida social? Somos constantemente confrontados com imensa informação. E apesar da nossa capacidade de gestão ser muito limitada, conseguimos fazê-lo com eficácia. Para isso utilizamos várias estratégias das quais a categorização é a mais importante. Categorizar consiste em agrupar objectos em diferentes classes com base num conjunto de características. Todos os elementos desse grupo são equivalentes relativamente a um ou vários critérios. Perante a complexidade da realidade, o acto de categorizar simplifica as semelhanças e as diferenças. Um jovem de cabeça rapada e vestido com peças de roupa que lhe dão um aspecto militar é remetido para uma categoria, para um grupo, o dos skinheads. A caracterização, além de simplificar a realidade, também permite organizar o mundo que nos rodeia e identificar socialmente os outros. A categorização tem como funções simplificar e justificar. Simplifica pelo facto de que todos os jovens de cabeça rapada e com um certo aparato militar são skinheads ou todas as senhoras de "uma certa idade» são amáveis e simpáticas. Justifica a atribuição de um carácter violento ou amável já que os skinheads e as senhoras velhotas são conhecidos por serem assim. Estamos a atribuir-lhes uma identidade social. O efeito da categorização divide as pessoas em "nós» e "eles», os que pertencem ao grupo dos skinheads ou das "senhoras de uma certa idade" e os que não pertencem. As impressões que construímos quando encontramos uma pessoa pela primeira vez permitem-nos categorizá-Ia, inserindo-a num determinado grupo social. Conforme as características que atribuímos a esse grupo, esperamos dele um tipo de comportamento. Tudo isto tem como pano de fundo um esquema preconcebido, um estereótipo, modelado culturalmente, que confere ao grupo características tipificadas. AS IMPRESSÕES: As marcas do primeiro impacto As nossas impressões dos outros são construções cognitivas baseadas em vários esquemas, conjuntos organizados de expectativas sobre o comportamento do outro no seu todo. Se acreditamos que alguém é sociável, esperamos que seja falador. Pode ser ou não ser, mas o padrão que percebemos é parcialmente imposto pelo esquema de pessoa sociável. Estes esquemas chamam- 1
  • 2. se muitas vezes teorias implícitas da personalidade e todos nós estamos continuamente a utilizá-los. As primeiras impressões formam-se rapidamente, mudam muito devagar e têm uma grande influência no nosso comportamento. Formar impressões acerca de uma pessoa não requer, habitualmente, uma grande quantidade de informação. Esta informação pode ser obtida de uma forma directa, através da interacção com ela, através do seu comportamento verbal e não verbal. Ou de uma forma indirecta, através de dados fornecidos por outros, por exemplo o "ouvir dizer". Num primeiro contacto com alguém avaliamos essa pessoa, remetendo-a para uma categoria. Esta categorização avaliativa é de três tipos, afectiva, gostar ou não gostar, moral, bom ou mau e instrumental, competente ou incompetente. Bastam pequenos indícios para formularmos rapidamente um juízo acerca dela, mesmo quando nos são revelados aspectos do seu comportamento que contrariam a nossa impressão. A partir do momento em que fica estabelecida a avaliação positiva ou negativa, mesmo sem mais informação, é fácil traçarmos um retrato psicológico dessa pessoa, se é inteligente, honesta, ambiciosa ou qualquer outra característica. Formar impressões implica organizar a informação disponível acerca de uma pessoa de modo a ser integrada numa categoria significativa para nós. Dado que estamos implicados quotidianamente em centenas de interacções sociais frequentemente utilizamos os nossos «atalhos» cognitivos para lidarmos com grandes quantidades de informação. No entanto, às vezes estes atalhos fazem-nos distorcer a visão dos comportamentos e cometemos erros. Quando atribuímos causas aos comportamentos podemos cometer erros derivados de: 1. Diferenças entre actores e observadores. Os actores dão mais atribuições externas e os observadores mais internas; quando julgamos os outros tendemos a enfatizar factores internos, de personalidade, mas quando explicamos o nosso comportamento favorecemos causas internas para explicar o sucesso e causas externas para explicar o fracasso. Se o exame nos correu bem dizemos que realmente estudámos ou que somos inteligentes, mas se falhámos tendemos a culpar o professor, o livro ou as questões que tinham «armadilhas». Isto é motivado pelo desejo de manter a nossa auto-estima e de parecer bem para os outros. 2. Tendência a atribuir o comportamento mais a causas internas do que externas, mesmo se estas são as mais apropriadas. Isto explica por que é que culpamos mais as pessoas do que as situações externas em situações como a guerra no Iraque. Isto também acontece no quotidiano. Quando vemos uma pessoa a cair atribuímos o seu comportamento mais ao facto de ser desastrada do que à irregularidade do chão. É como se as características da pessoa fossem mais visíveis do que a da situação. 3. Complacência na atribuição, quando, por exemplo, as atribuições para o sucesso e para o fracasso servem para aumentar ou diminuir a auto-estima. 4. Efeitos temporais na atribuição. As atribuições podem tornar-se mais situacionais com o passar do tempo. O contexto social afecta o tipo de atribuições que são feitas. Para além das diferenças culturais que já foram referidas, tendemos a fazer atribuições que aumentem o valor dos grupos a que pertencemos. No entanto, a posição dos grupos sociais, uns em relação aos outros, também influencia as atribuições. 2
  • 3. AS EXPECTATIVAS: Acreditar ou não acreditar nos outros, eis a questão! Imaginemos duas pessoas que se, encontram pela primeira vez. Este encontro é regulado por expectativas mútuas de cada uma em relação à outra. Baseando-se numa série de indícios, cada uma das pessoas prevê a identidade social da outra. Nesta base, criam-se expectativas que são confirmadas, ou não, pela continuidade da relação. As expectativas são formas de representarmos de categorizarmos os outros, através de informações ou de indícios, no sentido de prever o seu comportamento. Por exemplo, se entrarmos num hospital e virmos uma pessoa num corredor, essa pessoa poderá dar-nos indícios que nos façam prever se será um doente, um enfermeiro ou um médico. Todos nós, em todas as situações, fazemos previsões acerca do comportamento dos outros com base nestas informações ou indícios. A partir da nossa experiência anterior vamos incluí-los numa categoria, «doente», «enfermeiro» ou «médico». Isto significa que, num primeiro tempo, não percepcionamos a pessoa singular mas a categoria a que pertence. Muitos factores influenciam a formação de expectativas, desde a nossa história individual, a família, os pares, as normas sociais gerais ou institucionais, as nossas crenças ou valores. OS ESTEREÓTIPOS: OS moldes que temos dentro da cabeça http://www.bozzetto.com/flash/fem_male.htm Numa primeira abordagem dos estereótipos, podemos caracterizá-los como "imagens que as pessoas têm na cabeça" comparáveis a moldes. Os moldes são objectos que servem para repetir o mesmo objecto indefinidamente. Moldes de vasos originam vasos todos iguais, ou colheres, muitas colheres, também todas iguais. Os estereótipos são moldes de uniformizar pessoas. Um grupo de pessoas entra no estereótipo e saem pessoas com as mesmas características, "os portugueses são hospitaleiros", alguns o serão, outros nem por isso. "Os suíços são pontuais", também alguns dos ingleses e dos franceses o são. "Os alemães são arrogantes", assim como alguns dos portugueses e dos espanhóis. Estereótipo é o conjunto de crenças que uniformizam os membros de um determinado grupo social. O estereótipo ignora a individualidade e dá um entendimento dos outros, reduzindo-os a características iguais, simplificando, por isso, a complexidade social. 3
  • 4. Como construímos os estereótipos? Uma das perspectivas teóricas mais aceites afirma que os estereótipos são oriundos da cultura em que vivemos e são transmitidos pelas estruturas sociais em que estamos inseridos, a família, a escola. Como também o são pela repetida exposição a informações veiculadas pelos livros, pelos jornais, pela rádio, pela televisão. Uma das provas a favor desta perspectiva é a persistência dos estereótipos ao longo do tempo. Uma segunda perspectiva sugere que os comportamentos que caracterizam um grupo diferente do nosso, ou circunstâncias socioeconómicas como recessão, desemprego ou instabilidade social, poderão ser o terreno propício para que os estereótipos se desenvolvam. Vamos supor que um determinado grupo étnico ocupa uma posição economicamente desvantajosa. Os seus membros têm salários baixos, estão sujeitos a uma taxa de desemprego superior à dos outros grupos, vivem em casas degradadas e têm insucesso escolar a níveis alarmantes. Não será difícil de entender que este grupo seja alvo de entendimentos por parte de outros grupos como sendo «pobres», «preguiçosos», «desleixados» e «pouco inteligentes». Nesta perspectiva, os estereótipos formam-se a partir do exagero de algumas das características deste grupo social e a diminuta valorização das outras que também o identificam enquanto grupo social. Porquê? Parece que alguns estereótipos derivam da observação directa dos comportamentos. O estar desempregado ou viver em habitações degradadas dá a impressão que as pessoas são preguiçosas ou desleixadas e é isto que é observado. No contexto desta perspectiva, existe ainda uma outra justificação sociocultural para a origem dos estereótipos. O desenvolvimento do estereótipo acompanha sentimentos de superioridade e de valorização da própria pessoa e do seu grupo de pertença, quando comparado com outro grupo. Este reforço do valor próprio pode traduzir-se em maior autoconfiança, sentimentos de coesão e de pertença que permitem a cada membro do grupo atribuir a si próprio as qualidades que ele atribui ao seu grupo. A existência de grupos que ocupam posições de maior poder e que têm mais privilégios do que outros sugere uma terceira perspectiva sobre os estereótipos. Neste contexto, os estereótipos têm a função de justificar ou de criticar o estatuto ocupado por um grupo. Uma das consequências dos estereótipos é a de nos levarem a prestar mais atenção a indícios consistentes com as expectativas que definem esses estereótipos do que a outros indícios. Se estivermos a observar alguém que antes incluímos numa categoria, podemos, posteriormente, esquecer informações inconsistentes com essa categoria. Ou mesmo nem sequer nos apercebermos dessas informações. Pelo contrário, podemos mesmo pensar que vimos características que na realidade não vimos, mas que se adequam bem ao estereótipo. Os estereótipos têm uma natureza relacional. Fazem aparecer de uma forma evidente as formas relacionais de um grupo minoritário e escamoteiam essas mesmas características num grupo maioritário. Criam uma ilusão de correlação. A função dos estereótipos corresponde à redução dos custos psicológicos de uma representação. São construtores de um sistema de regulação social que ajudam as pessoas a fazerem uma ideia das coisas e a fazer escolhas sem ser necessário correr muitos riscos. Representam uma justificação da nossa verdade, ou seja, conformam as nossas ideias e a nossa visão do mundo através de um sistema de explicações. Neste sentido, eles contribuem para a estabilidade social tornando possível a comunicação e a coabitação social. Atribuem coerência ao mundo social e garantem, de alguma forma, a ordem das coisas. Tanto podem desempenhar o papel de facilitadores como o de redutores de conflitos. O estereótipo é uma forma de pensar por clichés que descreve, de uma forma simplificada, pessoas ou grupos sociais "arrumando-os" em categorias. Quando esta categorização é feita em termos dos atributos sociais, estamos ao nível da formação de impressões. Quando a categorização é feita em termos de inclusão numa categoria, estamos ao nível do estereótipo. 4