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CESÁRIO
 VERDE
 Contexto Social
José Joaquim Cesário Verde – Nasceu
em Lisboa, no dia 25 de Fevereiro de 1855 —
e morreu no Lumiar, no dia 19 de Julho de
1886 foi um poeta português, sendo
considerado um dos precursores da poesia
que seria feita em Portugal no século XX.
A poesia que estudamos no contexto histórico e social
em que se realiza: o cenário europeu do século XIX
apresenta-se como espaço de alterações sociais e inúmeros
conflitos. O fim desse século de capitalismo triunfante
caracteriza-se pela consolidação do poderio britânico,
fazendo da Inglaterra símbolo das potências industrial e
colonial e modelo às outras nações.
Cesário nasce em 1855 período em que
          se verificava um enorme
progresso/desenvolvimento e a modernização
 do sistema de transportes e comunicações –
      essa modernização desenvolveu a
      económica, a vida social e cultural.
Os quadros citadinos que o poeta tão bem
pinta com a sua técnica realista permitem-nos ter
uma visão das transformações que se operam na
cidade, nomeadamente ao nível da sociedade
burguesa. E Cesário, não fica alheio a tais
mutações, quer sociais, quer económicas, quer
culturais, que observa quando deambula pelas
ruas da cidade.
O drama da injustiça social é acentuado, por
exemplo, no composição “Num bairro moderno”,
não só pelo contraste das classes sociais, mas
acima de tudo pela atitude de desdém com que
o criado trata a vendedeira “rota” e “pequenina”,
sintoma claro de injustiça social.
Cesário recusa, assim, hierarquias sociais, pois o
contacto humano com a vendedeira, na ajuda que lhe
oferece, anula a sua própria relação de membro
integrante de uma classe socialmente privilegiada,
parecendo, alias, esse contacto revigorar-lhe o
espírito.
Deste modo, o poeta coloca-se ao lado dos
desfavorecido, vítimas da opressão social da
cidade, e vai denunciando as circunstâncias
sociais injustas, por exemplo no retrato da
engomadeira, tuberculosa, sozinha, a engomar,
que se mantém a “chá e pão”.
O poeta compadece-se assim, com o drama da
engomadeira, que vive miseravelmente as humilhações
de um quotidiano citadino, sem esperanças, porque
também ele se sente humilhado pela rejeição e critica
dos seus versos. Há portanto, uma espécie de analogia
dos dois seres que, embora em situações antagónicas,
sentem a dor e a humilhação.
A última composição de Cesário Verde –
“provincianas” -, que aliás, não chegou a
concluir devido á tuberculose que o vitimou,
parece apontar para o tema das injustiças
sociais, para as diferenças entre as classes
sociais, que o poeta denunciava.
POEMA “PROVINCIANAS” DE CESÁRIO
                VERDE
Olá! Bons dias! Em        Produz as novas             Cresce o relevo dos
    março                    manteigas.                   montes,
Que mocetona e que        Toda a paisagem se          Como seios ofegantes;
    jovem                    doura;                   Murmuram como umas
A terra! Que amor         Tímida ainda, que fresca!       fontes
    esparso               Bela mulher, sim            Os rios que dias antes
Corre os trigos, que se      senhora,                 Bramiam galgando
    movem                 Nesta manhã pitoresca,          pontes.
Às vagas dum verde        Primaveral, criadora!       E os campos, milhas e
    garço!                Bom sol! As sebes de            milhas,
Como amanhece! Que           encosto                  Com povos de espaço a
    meigas                Dão madressilvas                espaço.
As horas antes de            cheirosas                Fazem-se às mil
    almoço!               Que entontecem como             maravilhas;
Fartam-se as vacas nas       um mosto.                Dir-se-ia o mar de
    veigas                Floridas, às espinhosas         sargaço
E um pasto orvalhado e    Subiu-lhes o sangue ao
    moço                     rosto.
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Pois bem. O inverno deixou-nos.     Tal como existem mercados
É certo. E os grãos e as sementes   Ou feiras, semanalmente,
Que ficam doutros outonos           Para comprarmos os gados,
                                    Assim há praças de gente
Acordam hoje frementes              Pelos domingos calados!
Depois duns poucos de sonos.        Enquanto a ovelha arredonda,
Mas nem tudo são descantes          Vão tribos de sete filhos,
Por esses longos caminhos;          Por várzeas que fazem onda,
Entre favais palpitantes
Há solos bravos, maninhos,
Que expulsam seus habitantes!
É nesta quadra de amores
Que emigram os jornaleiros
Ganhões e trabalhadores!
Passam clãs de forasteiros
Para as derregas dos milhos       E se fecundam as ervas!...
E molhadelas da monda.
De roda pulam borregos;           II
Enchem então as cardosas
As moças desses labregos          Ao meio-dia na cama,
Com altas botas barrosas          Branca fidalga o que julga
De se atirarem aos regos!         Das pequenas da su’ama?!
Ei-las que vêm às                 Vivem minadas da pulga,
   manadas Com caras de           Negras do tempo e da lama.
   sofrimento,                    Não é caso que a comova
Nas grandes marchas forçadas!     Ver suas irmãs de leite,
Vêm ao trabalho, ao sustento,     Quer faça frio, quer chova,
Com foices, sachos, enxadas!      Sem um mamã que as deite
Ai o palheiro das ervas           Na tepidez duma alcova?!
Se o feitor lhe tira as chaves!
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Ana João Faria, nº3 11º04

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Cesário verde

  • 2. José Joaquim Cesário Verde – Nasceu em Lisboa, no dia 25 de Fevereiro de 1855 — e morreu no Lumiar, no dia 19 de Julho de 1886 foi um poeta português, sendo considerado um dos precursores da poesia que seria feita em Portugal no século XX.
  • 3. A poesia que estudamos no contexto histórico e social em que se realiza: o cenário europeu do século XIX apresenta-se como espaço de alterações sociais e inúmeros conflitos. O fim desse século de capitalismo triunfante caracteriza-se pela consolidação do poderio britânico, fazendo da Inglaterra símbolo das potências industrial e colonial e modelo às outras nações.
  • 4. Cesário nasce em 1855 período em que se verificava um enorme progresso/desenvolvimento e a modernização do sistema de transportes e comunicações – essa modernização desenvolveu a económica, a vida social e cultural.
  • 5. Os quadros citadinos que o poeta tão bem pinta com a sua técnica realista permitem-nos ter uma visão das transformações que se operam na cidade, nomeadamente ao nível da sociedade burguesa. E Cesário, não fica alheio a tais mutações, quer sociais, quer económicas, quer culturais, que observa quando deambula pelas ruas da cidade.
  • 6. O drama da injustiça social é acentuado, por exemplo, no composição “Num bairro moderno”, não só pelo contraste das classes sociais, mas acima de tudo pela atitude de desdém com que o criado trata a vendedeira “rota” e “pequenina”, sintoma claro de injustiça social.
  • 7. Cesário recusa, assim, hierarquias sociais, pois o contacto humano com a vendedeira, na ajuda que lhe oferece, anula a sua própria relação de membro integrante de uma classe socialmente privilegiada, parecendo, alias, esse contacto revigorar-lhe o espírito.
  • 8. Deste modo, o poeta coloca-se ao lado dos desfavorecido, vítimas da opressão social da cidade, e vai denunciando as circunstâncias sociais injustas, por exemplo no retrato da engomadeira, tuberculosa, sozinha, a engomar, que se mantém a “chá e pão”.
  • 9. O poeta compadece-se assim, com o drama da engomadeira, que vive miseravelmente as humilhações de um quotidiano citadino, sem esperanças, porque também ele se sente humilhado pela rejeição e critica dos seus versos. Há portanto, uma espécie de analogia dos dois seres que, embora em situações antagónicas, sentem a dor e a humilhação.
  • 10. A última composição de Cesário Verde – “provincianas” -, que aliás, não chegou a concluir devido á tuberculose que o vitimou, parece apontar para o tema das injustiças sociais, para as diferenças entre as classes sociais, que o poeta denunciava.
  • 11. POEMA “PROVINCIANAS” DE CESÁRIO VERDE Olá! Bons dias! Em Produz as novas Cresce o relevo dos março manteigas. montes, Que mocetona e que Toda a paisagem se Como seios ofegantes; jovem doura; Murmuram como umas A terra! Que amor Tímida ainda, que fresca! fontes esparso Bela mulher, sim Os rios que dias antes Corre os trigos, que se senhora, Bramiam galgando movem Nesta manhã pitoresca, pontes. Às vagas dum verde Primaveral, criadora! E os campos, milhas e garço! Bom sol! As sebes de milhas, Como amanhece! Que encosto Com povos de espaço a meigas Dão madressilvas espaço. As horas antes de cheirosas Fazem-se às mil almoço! Que entontecem como maravilhas; Fartam-se as vacas nas um mosto. Dir-se-ia o mar de veigas Floridas, às espinhosas sargaço E um pasto orvalhado e Subiu-lhes o sangue ao moço rosto.
  • 12. Glauco, ondulante, com ilhas! Nas terras de lavradores. Pois bem. O inverno deixou-nos. Tal como existem mercados É certo. E os grãos e as sementes Ou feiras, semanalmente, Que ficam doutros outonos Para comprarmos os gados, Assim há praças de gente Acordam hoje frementes Pelos domingos calados! Depois duns poucos de sonos. Enquanto a ovelha arredonda, Mas nem tudo são descantes Vão tribos de sete filhos, Por esses longos caminhos; Por várzeas que fazem onda, Entre favais palpitantes Há solos bravos, maninhos, Que expulsam seus habitantes! É nesta quadra de amores Que emigram os jornaleiros Ganhões e trabalhadores! Passam clãs de forasteiros
  • 13. Para as derregas dos milhos E se fecundam as ervas!... E molhadelas da monda. De roda pulam borregos; II Enchem então as cardosas As moças desses labregos Ao meio-dia na cama, Com altas botas barrosas Branca fidalga o que julga De se atirarem aos regos! Das pequenas da su’ama?! Ei-las que vêm às Vivem minadas da pulga, manadas Com caras de Negras do tempo e da lama. sofrimento, Não é caso que a comova Nas grandes marchas forçadas! Ver suas irmãs de leite, Vêm ao trabalho, ao sustento, Quer faça frio, quer chova, Com foices, sachos, enxadas! Sem um mamã que as deite Ai o palheiro das ervas Na tepidez duma alcova?! Se o feitor lhe tira as chaves! Elas chegam às catervas, Quando acasalam as aves
  • 14. Ana João Faria, nº3 11º04