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Políticas de instrução pública no século XIX ...                                                                                          173




                 Políticas de instrução pública no século XIX
                  como eco de experiências internacionais
                        Politics of public instruction in the XIX century as echo of
                                          international experiences
                                                   FLÁVIA OBINO CORRÊA WERLE*



            RESUMO – Discussão acerca das políticas de instrução elementar pública como eco das propostas
            hegemônicas formuladas em outros países. Impacto de práticas realizadas na Prússia, Holanda, França,
            Inglaterra, Argentina e Estados Unidos em políticas de educação do Rio Grande do Sul, tomando como
            categorias de análise os índices de escolarização, a imposição da obrigatoriedade, as práticas de fiscalização
            do ensino e o controle do tempo na escola, a cobrança de impostos e taxas escolares, as prescrições acerca da
            saúde e postura dos alunos e mobiliário escolar.
            Descritores – Política educacional; educação comparada; história da educação.
            ABSTRACT – Discussion about the policies of public elementary instruction as echo of the hegemonic
            proposals formulated in others countries. Impact of practices carried out in the Prussia, Holland, France,
            England, Argentina and United States in policies of education of Rio Grande do Sul, taking as categories of
            analysis the indices of education, the imposition of compulsory education, the practices of inspection of the
            education and the control of the time in the school, the charging of taxes and school rates, the prescriptions
            about the health and posture of the students as well as the school furniture.
            Key words – Educational policies; comparative education; history of education.




          PARA INTRODUZIR O TEMA ...                                      garantia, de que os níveis de educação estão interligados
                                                                          com o sucesso econômico. Isso decorre da intensa
    Nos dias de hoje a educação brasileira é seguida-                     rivalidade da economia global e parece estender-se para
mente analisada numa perspectiva comparativa frente a                     uma competição internacional entre escolas, métodos e
parâmetros internacionais. A competitividade, necessi-                    sistemas educacionais. Na educação estão se tornando
dade de busca de qualidade, as restrições de recursos                     comuns os procedimentos que avaliam os procedimentos
e a mudanças de paradigmas de gestão favorecem a                          pela comparação com “os melhores do mundo”. Con-
introdução de metodologia comparada tendo em vista                        tribui para este novo panorama as mudanças no mundo
médias e índices internacionais que operam como pa-                       do trabalho e as extensas bases de conhecimento e
drões, exigindo desempenhos semelhantes num mundo                         informações requeridas. Neste contexto são avaliados
globalizado. Um enfoque sincrônico é adotado, delimi-                     os índices de alunos por professor, o número de horas
tando aspectos do real passíveis de mensuração e                          de aula dedicadas a cada matéria do currículo, o
avaliação quantitativa, para estabelecer as comparações.                  desempenho dos alunos em específicas matérias do
É como se independente dos lugares e das culturas de                      ensino. Estes estudos utilizam predominantemente dados
todos de uma dada faixa etária devessem o mesmo nível                     quantitativos o que facilita a mensuração e compa-
de conhecimento em matéria ou ciências ou outras                          rabilidade. Não apenas comparações internacionais têm
matérias básicas do ensino.                                               sido valorizadas desde os anos noventa. Têm sido feitas
    Grande parte das políticas públicas relacionadas à                    comparações num âmbito interno dos sistemas pro-
educação decorre da relação, colocada quase como                          duzindo inúmeros espaços para comparações inter-

* Doutora em Educação pela PUCRS. Professora titular da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS, Pesquisadora do CNPq, Vice-Presidente
da Região Sul-Sociedade Brasileira de Educação Comparada. E-mail: <flaviaw@unisinos.br>.
Artigo recebido em: outubro/2007. Aprovado em: novembro/2007.

                                      Educação, Porto Alegre, v. 31, n. 2, p. 173-181, maio/ago. 2008
174                                                                                                Flávia Obino Corrêa Werle

nacionais, nacionais, subnacionais, municipais, entre             Estado trazem em si expectativas de transformação de
estabelecimentos de ensino. Esta situação é verificada            uma realidade concreta, bem como manifestam a
em todos os níveis de ensino, desde a educação básica             complexidade do momento histórico em que foram
até a pós-graduação. A exigência de competitividade em            geradas. Há um pressuposto de particularidade e
nível compatível com programas similares de excelente             ajustamento a situações específicas na formulação das
qualidade no exterior demonstra o florescimento de                políticas públicas no que se contrapõem à generalização
estratégias de introdução de mudanças e inovações desde           para outros tempos e espaços.
fora. As avaliações e comparações feitas servem para
orientar políticas educacionais. O aperfeiçoamento de               SITUANDO HISTORICAMENTE A QUESTÃO
instrumentos e técnicas estatísticas colabora neste
sentido. Por detrás destes procedimentos há uma su-                    O ano de 1822 marca a independência política e o
posição de que aspectos fundamentais da cultura são               Ato Adicional à Constituição de 1824, determina a
universais menos orientados para as peculiaridades                competência das Assembléias Provinciais para legislar
locais e respeito pelas diferenças e mais para a ânsia de         sobre a instrução pública. A descentralização e auto-
competitividade e comparabilidade com outros países.              nomia das províncias eram anunciadas no Ato de 1834 e
    Vidal e Gvirtz (1999) investem na perspectiva                 foram reforçadas na Constituição de 1891.
comparada Brasil-Argentina para o desenvolvimento de                   Mas o que significa descentralização? É dar auto-
estudo histórico do ensino da escrita, procurando                 nomia administrativa? Se descentralizar é afastar ou
aprofundar a metodologia, superando a mera justa-                 separar do centro, a qual centro nos referimos? Se
posição de desigualdades. Franco (2000, p. 200) dis-              descentralização envolve autonomia marcante e des-
cutindo questões teórico-metodológicas envolvidas em              prendimento do poder central faz-se necessário melhor
estudos comparados relacionados à formação do tra-                compreender autonomia e como ela se constrói ao longo
balhador, afirma que a comparação “é um processo de               da história da instrução pública.
perceber as diferenças e as semelhanças e de assumir                   Autonomia significa faculdade de se governar por si
valores nesta relação de reconhecimento de si próprio e           mesmo, liberdade ou independência moral ou intelectual.
do outro. Trata-se de compreender o outro a partir dele           Sendo assim, autônomos são os atos que se realizam sem
próprio, e, por exclusão, se reconhecer na diferença”.            intervenção de forças ou agentes externos. Descen-
    Neste trabalho demonstra-se que a assimetria é uma            tralização, autonomia, construção local das propostas de
das origens do transplante e imposição de valores e               instrução pública estão pressupostos nos referidos tex-
práticas, mais do que isso, aqui se repetem argumentos            tos constitucionais. Entretanto, analisando relatórios de
como justificativas de políticas ditas inovadoras.                presidente da província, documentos e comunicados,
    Este estudo, revisando documentos da segunda                  estes elementos – descentralização e autonomia – não
metade do século XIX, demonstra que a tendência de                ficam claramente demonstrados.
buscar parâmetros internacionais para pautar políticas e               No Rio Grande do Sul, os diretores de Instrução
decisões do governo na educação brasileira não é nova!            Pública adotavam a lógica do transplante. O panorama
Esta prática já ocorria na instrução pública rio-grandense        de nações mais desenvolvidas era o marco de referência;
desde o século XIX. É um texto que discute as políticas           seu discurso, um eco de experiências internacionais.
de instrução pública elementar como eco das propostas                  Estados Unidos da América, França, Inglaterra,
hegemônicas formuladas em nível mundial. Utilizo a                Bélgica, dentre outros exerciam a dominância. O peso
imagem do eco,1 como representação ou evocação dos                hegemônico da realidade externa pode ser identificado
procedimentos políticos administrativos adotados na               na exemplificação de práticas, na demonstração nu-
instrução pública do Rio Grande do Sul no século                  mérica e na utilização de argumentos baseados em
passado, pelo fato de que a documentação consultada               experiências de outros países para legitimar decisões de
não sugere que tenha havido uma incorporação crítica              políticas públicas de educação elementar.
dos conhecimentos e experiências advindos de outros
países. Seus formuladores apresentam-se através dos                            MELHORANDO OS ÍNDICES
documentos, como porta-vozes de práticas interna-
                                                                                    DE ESCOLARIZAÇÃO
cionais, repetindo, conforme as conveniências, argu-
mentos, teorias e métodos adotados em outros países.                  Embora tenham sido encontrados documentos com-
    Políticas são expressão dos processos sociais que             provando as demandas das comunidades em relação à
regulam a sociedade e as relações econômicas, sociais             criação de escolas, a expansão da instrução pública no
e culturais de uma determinada época. As políticas                discurso político era fortalecida e justificada com dados
públicas como forma de organização e controle do                  internacionais.

                                Educação, Porto Alegre, v. 31, n. 2, p. 173-181, maio/ago. 2008
Políticas de instrução pública no século XIX ...                                                                                                           175

    Em 1859, o Relatório apresentado à Assembléia                                       As comparações continuavam. Amplia-se o hori-
Provincial do Estado argumentava que a relação entre o                             zonte para o panorama dos diferentes estados norte-
número de alunos e a população total de uma região era                             americanos. O detalhamento da realidade dos Estados
o indicador da cultura do povo uma vez que na Prússia,                             Unidos da América do Norte de trinta anos antes (dados
França e Inglaterra a relação de escolas por habitante era                         de 1830 eram referidos em 1859) configuravam o padrão
muito inferior que os índices encontrados no estado.                               a ser seguido. Argumentavam-se para a insignificante
    Tabelas com dados estatísticos ilustravam e enri-                              relação entre o número de escolas e a população total e
queciam a argumentação de que era necessário aumentar                              escolar do estado. As comparações internas indicavam a
o número de escolas. Ressalta-se que esta argumentação                             falta de investimentos públicos com a educação.
foi produzida em 1859, mas a justificativa referia dados                                     Nesta última comparação, e ela vos demostrava a
internacionais de 1835.                                                                      ignorância do nosso povo, combinarei a estatística da
         A escola que na Prússia esta para a população na                                    nossa instrução com a dos Estados Unidos em 1830.
         razão de mil quinhentos e sessenta e cinco habitantes,                              Falo de um país novo e de uma época já bem remota.
         na Inglaterra de mil trezentos e oitenta, nesta                                                                                              Total da
                                                                                                      População População de    Nº de    Nº de      população –
         província oferece a desanimadora proporção de                                   Estados
                                                                                                       Branca    5 a 15 anos   escolas   alunos    um aluno por
         1:3862 habitantes. O que prova exuberantemente que                                                                                          habitante
         a estatística da nossa ignorância é extraordinária. Isto                   New York          1.913,508   503,884        –       531,240   3,6 habitantes
                                                                                    Massachusetts      610,014    138,530      2,273     148,656    4 habitantes
         também evidencia, se atentarmos para a relação em                          Maire              399,462    106,007      6,500     140,000    3 habitantes
         que estão as escolas para os alunos. A razão é de uma                      Vermont            280,679    67,505       2,400      72,000    4 habitantes
         para quarenta, o que faz com que anualmente                                Nova Hampshire     269,533    70,228         –        90,000    3 habitantes
                                                                                    Os 6 estados da
         despendamos com cada aluno, que recebe instrução                           Nova Inglaterra
                                                                                                      1.944,688   473,508        –       500,000   4 habitantes
         nas escolas públicas a crescida soma de trinta e dois                      Nova Jersey        320,779    79,695         –        67,000   5 habitantes
         mil novecentos e vinte e oito réis, pouco a mais ou                        Pensilvania       1.347,672   351,380        –       150,000   9 habitantes
                                                                                    Baltimore
         menos. Se compararmos a estatística da instrução                                              60,000      14,270        –        7,000    8,6 habitantes
                                                                                    (Maryland)
         pública da Prússia, Holanda, França e Inglaterra em                        Ohio              937,679     258,998        –       250,000   4 habitantes
                                                                                    Missouri          157,575     44,023        560       12,000   13 habitantes
         mil oitocentos e trinta e cinco (na falta de outra mais                                      341,582     99,499         –        20,000   17 habitantes
         recente) se verá que o quadro da nossa instrução é                         Kentucky          522,704     143,738        –        40,000   13 habitantes
         pouco lisonjeiro.2                                                         Carolina do Sul   265,784     71,431         –        9,000    30 habitantes

                                                            Uma                              Na época que me refiro, a população da província
                                     Nº de     Nº de                  Uma escola
                       População                          escola p/
                                    escolas    alunos                   para
                                                          habitante                          da União Americana era inquestionavelmente maior
          Prússia      12:726.823   22:612    1:664.218     565        74 alunos             que a população atual do Império, mas isto nada
          Holanda      2:528.387    2:832      304.459      893       107 alunos             significava para a demonstração que tenho em vista.
          França       32:509.742   36:920    1:800.000     880        50 alunos             A relação entre os alunos e a população é o ter-
          Inglaterra   14:400.000   37:869    1:267.782     380       34 alunos”
                                                                                             mômetro por onde nos devemos guiar. E fique
                                                                                             consignada mais que nos Estados Unidos os meninos
    Continua o mesmo relatório apresentando os dados                                         de cor não participam dos benefícios da educação
do RS: “para uma população de 390.000 habitantes,                                            pública como entre nós. Reformais pois, senhores,
                                                                                             a instrução da província, dai-lhes os elementos de
havia 102 escolas e 4.120 discípulos, sendo uma escola
                                                                                             vida que ela tanto lhe carece. Sem isto os vossos
para 3.862 habitantes, uma escola para cada conjunto                                         regulamentos serão letra morta. A inteligência que os
de 40 alunos”.                                                                               confeccionou, tomou por base da instrução a escola
    A comparação não ocorria com a realidade externa                                         normal é pois forçoso que a crieis, para que em um
mas também frente a outras instâncias de educação                                            futuro próximo se torne exeqüível a vossa cons-
brasileira, mostrando que, na província, a instrução                                         tituição escolar.”
estava defasada em relação aos índices internacionais e                                Os dados apoiavam, a um só tempo, a necessidade
nacionais, comprovando o alto custo do ensino sem a                                de criar escolas e a importância de cuidar da formação
correspondente eficiência.                                                         dos docentes. Para dar ao magistério um melhor status,
         Comparando-se a estatística da nossa instrução                            considerá-lo como profissão, reconhecê-lo como meio
         pública coma as das demais províncias do império,                         de vida, era necessário assegurar bases científicas e
         vemos que, quanto ao número das escolas, esta está                        condições de desenvolver habilidades e vocações. Por
         em sétimo lugar, quanto a população das mesmas, em                        outro lado esta constelação de argumentos contribuía
         sexto, em relação ao termo médio dos alunos para as
                                                                                   para que fosse dada à instrução pública um lugar de
         escolas, em terceiro grau. Avaliando a relação entre a
         população e a escola, está em décimo lugar, e quanto
                                                                                   importância dentre os demais ramos da administração,
         a despesa com cada aluno, em décimo quarto lugar, e                       alertando para que governantes e legisladores dela cui-
         por conseguinte é uma das províncias em que a                             dassem com mais desvelo. Neste sentido, experiências
         instrução custa mais caro.3                                               da França, Prússia, Holanda, Inglaterra e Estados Unidos

                                              Educação, Porto Alegre, v. 31, n. 2, p. 173-181, maio/ago. 2008
176                                                                                                      Flávia Obino Corrêa Werle

eram invocadas. A institucionalização da instrução pú-              “Se ainda não podemos apreciar os benefícios resultados
blica estava sendo configurada, decorrendo da articu-               do salutar preceito constitucional, devemos contudo
lação de um conjunto de medidas político-adminis-                   esperá-los com segurança a vista dos exemplos que nos
trativas: ampliação do número de escolas, formação de               dão países antiquíssimos e populoso, onde portanto, a
professores e inspeção severa, sistemática, obrigatória,            execução da Lei de obrigatoriedade do ensino seria
ativa, uniformizada, universalizada em todas as locali-             menos difícil do que entre nós”6 (1895).
dades (1859).                                                                Sou prosélito da liberdade de ensino, máxime de um
                                                                             Estado, como o nosso, onde a população é tão pouco
IMPONDO A OBRIGATORIEDADE ESCOLAR4                                           densa, que só nas cidades, vilas e povoações se
                                                                             poderia, através de mil dificuldades e violências,
     A partir da Lei de 1871, em muitos momentos foram                       tornar efetiva a lei de obrigatoriedade sendo esta
produzidos argumentos em favor da obrigatoriedade. Em                        manifestamente inexeqüível na campanha. Em quase
1878, ela era defendida com base na justificativa de que                     todos os países civilizados as leis decretam a
os países que a adotavam na instrução elementar tinham                       obrigatoriedade de ensino, ou tem-se conservado letra
                                                                             morta, ou não tem dado os resultados esperados desta
conseguido difundir completamente a escolaridade entre
                                                                             sorte não escapou o título. II capítulo IV do nosso
a população. Para atingí-la, um dos argumentos era a                         Regulamento de Instrução popular a obrigatoriedade
formação de associações beneficientes que assegurassem                       do ensino Para demonstrarmos esta proposição, que a
a freqüência de crianças desvalidas às escolas como                          muitos parecera ousada, não precisamos de longas
ocorria na Inglaterra, Estados Unidos, Holanda, Bélgica,                     explanações científicas bastam-nos instrução popular
França, Itália. Cabia à administração a promoção da ini-                     ali é uma realidade. Na Irlanda, Holanda, Servia e
ciativa particular incentivando a criação de tais associa-                   Rússia não é obrigatória a instrução, entretanto acha-
                                                                             se bem definida nestes países. É admirável o nobre
ções, pois a inexistência de recursos públicos para a
                                                                             fervor com que as damas russas se dedicam a criação
oferta da instrução obrigatória não era percebida, apenas                    e manutenção de associações de ensino popular. Não
a indigência dos pais era tida como dificuldade para o                       raro encontram-se senhoras da primeira sociedade,
cumprimento da obrigatoriedade.                                              inclusive da própria dinastia reinante, exercendo o
     Em 1888, uma circular é enviada pelo governo a                          magistério público, que é naquele país uma invejável
todas as Assembléias Municipais da Província solici-                         e honoríssima carreira e a posição mais cobiçada pelas
tando novamente o atendimento ao regulamento do en-                          nobres damas russas. Na Inglaterra foi revogada em
sino obrigatório. Seu texto é uma tentativa de convencer                     1876 a lei que decretara a obrigatoriedade do ensino a
                                                                             vista de seus nulos resultados, embora se queira dizer
a população da importância de enviar crianças para as
                                                                             que fora aquela lei substituída por uma que proíbe
escolas. Dentre seus argumentos estava a realidade                           a admissão nas oficinas, de crianças menores de
internacional de instituição da obrigatoriedade com sua                      quatorze anos, a não ser que provem ter freqüentado
força de legitimação e convencimento.                                        a escola durante cinco anos ou que satisfaçam um
                                                                             exame cujo programa compreende: leitura, escrita,
        Por se achar de acordo com os princípios de-                         aritmética, análise, geografia e história. A União
        mocráticos é que os países, os mais livres, a Suíça, a
                                                                             Americana do Norte compõe-se de 44 estados,
        Inglaterra, a Bélgica, Holanda e na América os Es-
                                                                             entretanto só 14 destes adotam a obrigatoriedade do
        tados Unidos, adotaram o ensino obrigatório no in-
                                                                             ensino e é de notar que não são neste onde, na grande
        teresse dos próprios Estados e dos cidadãos (1888).5
                                                                             República, se acha mais difundida a instrução
    Com o realinhamento da proposta política ocorrida                        popular. Na República Argentina poucas províncias
                                                                             adotaram o ensino obrigatório, sendo aí mesmo
com a Constituição de 1891, a legitimação da nova
                                                                             inexeqüível a respectiva lei devido a pouca densidade
posição – oposta à anteriormente referida – agora voltada                    da população (1895).
para a irrelevância da obrigatoriedade escolar fazia-se
também com base na mesma estrutura de argumentação.
                                                                             FISCALIZAÇÃO DO ENSINO:
A defesa da obrigatoriedade bem como a sua descon-
                                                                         AÇÃO DE FUNCIONÁRIOS DO ESTADO
sideração obtinham igualmente respaldo na realidade
                                                                               OU DE PARTICULARES
internacional, invocando “países civilizados”, citando a
Bélgica, Irlanda, Holanda, Sérvia, Rússia, e destacando                 Se a inexistência de sistema é identificada pela
o papel das associações de ensino popular. Referia                  ênfase nos concursos como alternativa de seleção de
também a Inglaterra onde havia sido revogada a lei que              docentes, despreocupação com a remuneração e ausência
decretava a obrigatoriedade do ensino e instituída outra,           da noção de cargos e de funcionários do nível técnico,
que proibia o trabalho infantil de menores de 14 anos a             indiferenciação de categorias como aula e escola, falta
não ser que tivessem feito exames de leitura, escrita,              de designação individualizada para as aulas – não tinham
aritmética, geografia e história. Conclui a argumentação:           identidade como instituição de ensino, apenas o lugar

                                  Educação, Porto Alegre, v. 31, n. 2, p. 173-181, maio/ago. 2008
Políticas de instrução pública no século XIX ...                                                                                     177

onde se situavam as identificava (margem direita do rio,                         legislador rio-grandense, com a fecundíssima
distrito número tal) –, outras propostas apontavam a                             instituição dos conselhos distritais, composto de
tendência de institucionalização da instrução pública.                           chefes de família que tenham seus filhos nas escolas
                                                                                 públicas do distrito. A República Argentina que, em
Dentre os fatores que para isto contribuíam estava a                             matéria de ensino primário pode vantajosamente
importância da inspeção escolar e a referência a um                              servir de padrão as suas co-irmãs da América do Sul,
corpo de funcionários formados e remunerados pelo                                procura a muito tempo por diversos modos legitimar
Estado. Estas medidas exigiam a institucionalização de                           a ação direta dos chefes de família na inspeção do
ações prévias tal como alocação de recursos oriundos de                          ensino público primário. Não se tendo hoje conse-
taxas e impostos fixos.                                                          guido ali solver o problema e julgando-se por muitos
                                                                                 motivos indispensável a referida co-participação,
    A inspeção era concebida como forma de qualificar
                                                                                 agitou-se e atualmente desenvolveu-se na imprensa,
o ensino e controlar o trabalho docente, entretanto a                            na tribuna e até no seio do governo, forte propaganda
ausência de remuneração específica, impedia sua                                  no sentido de entregar-se o ensino popular e par-
qualificação. Sendo apenas um serviço que “engrandece                            ticulares e principalmente associações.
quem o pratica”, não havia como instalá-la em todo o
                                                                            De fato, estava em jogo outros interesses e sérios
estado. A intenção do governo era criar um serviço de
                                                                        limites financeiros. Verifica-se o apelo para a redução de
inspeção para o que os governantes também buscavam
                                                                        custos, para a delegação para a sociedade das ações de
respaldo na experiência internacional.
                                                                        inspeção.
    Em documentos de 1859, 1874, 1878, 1895 e 1898,
foram encontrados argumentos baseados em compa-                                  O próprio presidente do Conselho Nacional de
rações internacionais para sustentar proposta de políti-                         Educação, Dr. D. José Maria Gutierres, apoiando
cas referentes à criação de inspeção e novos serviços                            estas idéias, faz uma importante declaração, que vem
                                                                                 transcrita em um dos últimos números da interessante
educacionais.
                                                                                 revista La Educacion, concluindo ‘que as escolas
         A fiscalização constante do ensino por funcionários                     populares apresentam as seguintes vantagens:
         competentes, para esse fim nomeados e bem re-                           I – Custam a metade do que custam as do governo
         munerados é uma necessidade inquestionável. Idéia                       porque o povo contribui diretamente para susten-
         nova entre nós criada pelo projeto de reforma do                        tá-las.
         regulamento, porém velha em todos os países                             II – São quase sempre melhores que as do governo
         civilizados, onde a constante inspeção de escolas                       porque estão fiscalizadas pelos próprios pais dos
         é inseparável do ensino popular. Nem se pode                            alunos e por um grande número de cidadãos que
         compreender a existência de qualquer organização                        preocupam-se constantemente em melhorá-las.
         desse serviço público sem a efetiva e constante
                                                                                 III – Além de educarem as crianças, fazem alguma
         fiscalização por funcionários subordinados à
                                                                                 coisa mais, que é então de maior importância: educam
         Diretoria Geral e perante esta, responsáveis.7
                                                                                 o povo, habilitando-o a contribuir diretamente para a
     Embora, em 1895, a inspeção fosse defendida como                            prosperidade comum’.
um serviço desempenhado por funcionários ligados á                               Examinando-se o regulamento de 2 de fevereiro de
Diretoria de Instrução Pública, em 1898, já não era                              1897, verifica-se que nele acham-se instituídas todas
                                                                                 as exigências de uma moderna organização do ensino
defendida a profissionalização desta função. Ao con-
                                                                                 primário e basta ler o capítulo 5 do título I para ver-se
trário, argumentavam os governantes para a implantação                           que o grande problema, que tanto preocupa os nossos
de um sistema de inspeção com a “colaboração de                                  dignos vizinhos platinos, foi entre nós solvido com
cidadãos da comunidade”. Esta nova posição trazia o                              êxito, que pelo lado teórico, que quanto aos efeitos
pressuposto do Estado se desincumbir de suas obri-                               práticos. Dissemos que este sistema de inspeção vai
gações para com o ensino. Quase uma privatização                                 já produzindo os resultados que dele se esperavam e
branca estava sendo defendida. Na argumentação apre-                             estes serão completos quando os nossos distinto
                                                                                 patrícios, compreendendo os generosos intuitos do
sentada, a situação da Argentina era invocada como                               legislador, se acharem habilitados a bem cumprir
padrão pelas práticas lá implantadas de “legitimar a ação                        a grandiosa missão a que são chamados a desem-
direta dos chefes de família na inspeção do ensino                               penhar em ação comum com a administração do
público primário” (1898).                                                        Estado (1898).
         Sobre esta importantíssima questão, o regulamento
         atual apresentou verdadeira novidade, porque nenhum
         outro Estado da União e em país algum se encontra                       IMPOSTOS E TAXAS ESCOLARES:
         legalmente organizada a ação simultânea do Governo                  SEM RECURSO COMO PROVER A
         e da sociedade na direção e inspeção do ensino                  MATERIALIDADE DA INSTRUÇÃO PÚBLICA?
         público. Esta grandiosa solução, tão fortemente
         desejada e ainda não conseguida pelas nações mais                 Documento de 1888 justificava que países que
         adiantadas, foi amplamente alcançada pelo digno                possuíam um verdadeiro sistema de educação pública

                                      Educação, Porto Alegre, v. 31, n. 2, p. 173-181, maio/ago. 2008
178                                                                                                      Flávia Obino Corrêa Werle

tinham como primeiro cuidado a construção e mobiliário              bém fundamentava a tese apresentada. O Sr. C. Morra,
de casas para escolas. Como referência eram citados                 engenheiro arquiteto do Conselho de Instrução Pública
vários países: os Estados Unidos, a Dinamarca e a                   da República da Argentina, era citado e seus argumentos
Suécia. Mais que a remuneração de docentes e a criação              ressaltavam a importância da escolha do terreno para as
de um corpo de funcionários, a materialidade da ins-                construções escolares, indicando entre elas a localização
trução pública colocava-se com requisitando recursos,               central no povoado, o distanciamento de ruas de muito
exigindo a imposição de impostos para atender a cons-               barulho e trânsito, bem como de locais que pudessem
trução de escolas.                                                  contrariar a saúde, os bons hábitos e a moral, devendo
     No Relatório da 2ª Diretoria, apresentado em julho             contar com luz e ar em abundância (1876).
de 1986, comparações com a situação de outros estados                   Também o vizinho Uruguai era invocado, fazendo
brasileiros, países sul-americanos, europeus e com a                referência a um texto de Senet, Inspetor Seccional da
América do Norte eram trazidas para a discussão da                  Instrução Pública do Uruguai, publicado em 1895, pela
função financiadora do Estado e do setor privado e duas             alternativa lá adotada pelos Conselhos Escolares que
possíveis alianças para a construção de prédios escolares.          autorizavam o arrendamento de casas por cinco anos, o
     Considere-se que, na época, a materialidade dos                que poderia estimular particulares a construir prédios
sistemas educativos não se configurava com hoje. As                 adequados para escolas, forma esta que também asse-
escolas eram a casa do professor e, junto com o                     guraria o controle da localização, aparência e con-
pagamento, o professor recebia um valor a título de                 servação das escolas, além de intervir na variação dos
aluguel e limpeza da escola. Construir escolas exigia               aluguéis.
instituir uma nova mentalidade relacionada a impostos                        O edifício próprio, tão aconselhado e tão necessário,
e taxas para financiar a construção de prédios, e a                          que engrandece e radica a escola, eleva e dignifica a
aceitação de que existiriam prédios especialmente                            condição de apropriados a cumprir, com êxito, sua
construídos para escolas nos quais havia também a casa                       sublime missão, e a meu ver a única solução de-
do professor, e não o inverso – a casa do professor                          finitiva. Se a encararmos sob o ponto de vista
contendo a escola.                                                           higiênico, veremos que é de tão evidente conveniên-
                                                                             cia que ocioso seria qualquer argumento no sentido
        Nos orçamentos de despesas de muitos países, como                    de justificá-la sob o ponto de vista econômico, basta
        na França, nos Estados Unidos da América, República                  para justificá-la atentar na enorme soma despendida
        Argentina e entre nós, no Estado de São Paulo,                       anualmente com aluguéis de casas nas condições
        encontra-se uma verba constante consagrada a                         lucidamente expostas no vosso relatório (1896).8
        construção de edifícios para escolas. Na República
        Argentina existem até impostos, cujo produto e                  O relatório de 1896 referia-se ao imposto da venda
        exclusivamente aplicado nestas construções. Foi uma         de gado associando notas de comprovação de paga-
        conquista do grande Sarmiento, nobre apóstolo do            mentos sugerindo que a destinação de recursos fosse
        ensino popular naquele país, que fundamentando sua          aplicada em favor da instrução pública e que na im-
        proposta ao Congresso, dizia que para satisfazer esta       possibilidade de ser cobrado pela Província o fosse pelas
        necessidade tão urgentemente reclamada devia ir-se          municipalidades, auxiliando o Estado na construção de
        até o imposto de captação, conclui o respectivo
                                                                    edifícios escolares.
        capítulo com estas palavras:
        Porque los hombres de trabajo no darian como en                      Deste modo em poucos anos, teremos emancipado o
        Francia tres jornales al ano o su equivalente en dinero              Tesouro do Estado da pesadíssima soma despendida
        para edificación de la escuela de su barrio.                         com péssimas casas para nossas aulas públicas. Além
                                                                             destas medidas, que todo a liberdade de lembrar,
        A lei n. 88, de 8 de setembro de 1892, que reformou o
                                                                             convinha que o Governo desde já aplique na aquisição
        ensino no Estado de São Paulo, estatui em seu artigo
                                                                             de casas para aulas nesta capital a importância de
        nono: O Governo consagrara todos os anos a quantia
                                                                             benefícios de loterias destinadas a este fim, conforme
        de 500:000$000 para a construção de edifícios para
                                                                             preceituou o artigo quinto da Lei número 1682, de
        as aulas preliminares, conforme tipo adotado. Na
                                                                             13 de janeiro de 1888. Importância que sobe a
        execução do disposto neste artigo, o Governo dará
                                                                             134:400$000, correspondente aos anos de 1894, 1895
        preferência aos municípios cujas municipalidades
                                                                             e 1896.
        auxiliarem ao Governo, que pecuniariamente, quer
        com dádivas de terrenos e materiais (1896).
                                                                    A ERGONOMETRIA9    UM NOVO ARGUMENTO
    Se os professores ocupavam casas, em relação ao
                                                                       NAS POLÍTICAS DE INSTRUÇÃO PÚBLICA
aluguel que podiam pagar,não havia como exigir-lhes,
sem aumentar as despesas com aluguéis, que sua aula                     Novas influências de base estética e de preservação
funcionasse em casas com melhores condições de                      da saúde foram introduzidas no discurso das políticas de
higiene e comodidade. A situação da Argentina tam-                  instrução pública, no final do século XIX. Não apenas o

                                  Educação, Porto Alegre, v. 31, n. 2, p. 173-181, maio/ago. 2008
Políticas de instrução pública no século XIX ...                                                                                179

prédio deveria ser adequado às funções educativas, mas                  sistemática administrativa estava sendo visualizada. A
a mobília, que a partir da contribuição da antropometria,               descentralização das ações referentes ao fornecimento
sofria uma reavaliação.                                                 alocado na Diretoria de Instrução Pública fortalecia e
    Instituir um sistema educativo implicava não apenas                 constituía na estrutura administrativa do estado.
em materializá-lo com prédios especiais edificados nos
meios urbanos mas mobiliá-los adequadamente. Dife-                                 CONTROLE DO TEMPO E DAS
renciar a escola como um serviço do governo para a
                                                                                       ATIVIDADES ESCOLARES
população do espaço de residência para ensinar, impli-
cava em alterar as mobílias da residência do professor.                     Um passo importante na institucionalização da
Para ajustar os bancos em que as crianças eram aco-                     instrução pública relaciona-se com o controle não apenas
modadas eram utilizados argumentos comparativos a                       dos espaços escolares como anteriormente indicado, mas
práticas de outros países.                                              da duração e tipo das atividades escolares.
                                                                            Embora os argumentos referissem um menor
         Se das casas, nas condições por vós tão bem descritas,
         passarmos a mobília, veremos que se alguma mo-                 controle pela eliminação da definição de horários de
         dificação se tem introduzido, enquanto ao tipo,                início e término dos trabalhos escolares, estava sendo
         contudo ainda há muito o que fazer, pois parece                proposto um detalhamento do tempo de cada lição e do
         contra a saúde das crianças. Os bancos e classes               recreio.10 Comparações internacionais com países da
         antigos vão sendo substituídos por outras mais de              Europa, Estados Unidos e Argentina registravam a
         acordo com o tipo indicado pela pedagogia e higiene,           importância da alteração. Por outro lado, preceitos de
         mas ainda são feitos todos com mesma altura
                                                                        higiene e as necessidades do ensino eram apontadas
         entretanto, o artigo 20 do Regulamento da Instru-
         ção Pública fixa a idade escolar de 7 aos 15 anos,             como justificativas, além do enriquecimento do espaço
         conseqüentemente devem existir na mesma escola                 de autonomia do professor – a ele cabia confeccionar o
         crianças de diversos tamanhos daí a necessidade de             horário submetendo-o à aprovação do inspetor regional.
         bancos e escrivaninhas de diferentes alturas, como             “Uniformidade inflexível de um horário daria lugar a
         existem hoje em todas as escolas dos Estados Unidos            graves choques de interesses, iria contrariar hábitos
         da América e em diverso países da Europa, nota-                secularmente inveterados na família e traria como
         velmente nas escolas de Paris.
                                                                        conseqüência inevitável o prejuízo do ensino” (1897),
Para justificar a necessidade da diferença da mobília                   apenas em outros países de hábitos de vida mais
nas aulas primárias é bastante transcrever as seguintes                 homogêneos isso não seria difícil – no Norte dos Pirineus
palavras:                                                               e nos Alpes nenhuma dificuldade haveria para esta-
                                                                        belecer um horário uniforme.
         Os órgãos das crianças acham-se em via de formação.
         É preciso estar alerta para não comprometer seu                    Quanto aos mecanismos de controle e organização
         desenvolvimento daí a grande importância da                    do sistema educativo a instalação de um ritmo comum,
         posição, dos gestos e dos movimentos habituais.                em 1897, nos processos educativos foram também
         É necessário que as crianças. Quando escreverem,               referenciadas, experiências realizadas em países mais
         tenham os ombros na mesma altura (1896).                       adiantados.
    Um tema antes oculto estava sendo apresentado: o                             Nas instruções guiei-me tanto quanto me foi possível
aluno e suas diferentes idades e estaturas. A Diretoria de                       pela legislação norte-americana, vantajosamente,
Instrução Pública estava não apenas chamando atenção                             aplicada na República Argentina. Tive o cuidado de
para o fato – inconveniência da uniformidade da altura                           fazer as profundas modificações exigidas pelo nosso
da mobília escolar –, mas propondo uma nova siste-                               meio e pela Constituição do Estado. Assim, além de
                                                                                 outras, enquanto ao horário escolar deixei de
mática para administrar esta questão que se colocava.
                                                                                 determinar as horas em que devem começar e terminar
Propunha ademais, que os contratos e fiscalização de                             os trabalhos escolares, preferindo estabelecer: o
fornecimento fossem feitos diretamente pela Diretoria de                         tempo da seção escolar diária, o de cada lição e o
Instrução Pública e não pelo Tesouro como até então                              de cada recreio ou exercício, tendo em vista as
ocorria.                                                                         necessidades do ensino e os preceitos de higiene
    Era assim uma dupla inovação. Destacava-se a                                 deixei a confecção do horário a cargo do professor
importância do mobiliário escolar não padronizado,                               com a aprovação do inspetor regional. Se tivéssemos
                                                                                 de confeccionar instruções para serem executados na
destacava-se a importância do conforto para o aluno a
                                                                                 Europa, ao norte dos Pirineus e dos Alpes, nenhuma
partir da consideração da altura das crianças, e fazia-se                        dificuldades encontraríamos para estabelecer um
necessário medidas administrativas referentes ao fun-                            horário uniforme, porque os hábitos de vida são mais
cionamento do Estado. Recursos financeiros deviam ser                            ou menos idênticos, as horas de refeição são as
destinados para esta nova necessidade e uma nova                                 mesmas: Quase todos tem o ‘Mittagessen’* (1897).

                                      Educação, Porto Alegre, v. 31, n. 2, p. 173-181, maio/ago. 2008
180                                                                                                          Flávia Obino Corrêa Werle

        Tratando-se, porém, de um país novo como o nosso,          legitimidade de experiências estrangeiras se davam pelo
        cuja população, principalmente a deste Estado,             simples fato de ser importada de países mais desen-
        compõem-se ainda de elementos diversos, a uni-             volvidos e a importância do país de origem em si só
        formidade inflexível de um horário daria lugar a
                                                                   justificava e assegurava o sucesso das medidas.
        graves choques de interesses, iria contrariar hábitos
        secularmente inveterados na família e traria como               Os primórdios do sistema educativo no Rio Grande
        conseqüência inevitável o prejuízo do ensino. Assim,       do Sul se construiram, portanto, a partir de uma iden-
        esta exceção que se encontra nas instruções que            tidade externa repetida, reproduzida e aqui ecoada no
        elaborei é determinada pelas condições locais e em         discurso político.
        nada prejudica o ensino.                                        Os processos de diferenciação, unificação e espe-
    O que estava sendo implementado era um controle                cialização não ocorriam a partir de dentro, da consciência
mais rígido dos procedimentos de ensino, não do                    dos problema vividos. O novo, o moderno, o avançado
calendário pela fixação do início e término das aulas              situava-se em outras nações e era introduzido de fora
como se verificava em regulamentos anteriores, mas do              para dentro. A realidade local era um espaço a ser civi-
que deveria ser feito, dos espaços de pausas e tempos de           lizado, modificado, alterado. Os políticos construíam
trabalho para casa lição.                                          uma instrução pública rio-grandense por parâmetros
                                                                   externos ao identificar as propostas de governo com o
                                                                   novo e com a realidade de países mais adiantados.
        CONSIDERAÇÕES CONCLUSIVAS                                       Nos documentos analisados foi possível identificar
    Considerando a documentação consultada, as polí-               uma elaboração de políticas de instrução pública ele-
ticas exprimiam uma compreensão de repetição do que                mentar pela importação, pelo empréstimo e transferência
outros países experimentavam em matéria de instrução               de experiências externas inovadoras e de sucesso.
pública. A análise não desvelou uma cultura admi-
nistrativa de consciência das necessidades locais. Não se                                  REFERÊNCIAS
percebeu um olhar crítico para a realidade internacional,
o que indica uma limitação da capacidade de pensar os              FRANCO, Maria Ciavatta. Quando nós somos o outro:
                                                                   questões teórico-metodológicas sobre os estudos compara-
problemas que o panorama social sul-riograndense                   dos. Educação e Sociedade, ano XXI, n. 72, p. 197-230, ago.
apresentava na época.                                              2000.
    O esforço de diferenciação e construção da instru-             VIDAL, Diana; GVIRTZ, Silvina. História da educação com-
ção pública se desenrolava a partir dos resultados de              parada na América Latina: um caso para repensar algumas
experiências internacionais. A análise sugere que a                suposições. In: FARIA FILHO, Luciano Mendes (Org.).
construção do sistema educativo não ocorria pela                   Pesquisa em História da Educação: perspectivas de análise.
formulação de propostas originadas em interesses e                 Belo Horizonte: HG edições, 1999. p. 69-86.
valores locais e pelo potencial analítico dos governantes          WERLE, Flávia Obino Corrêa. O nacional e o local. Bragança
que ocupavam a Diretoria de Instrução Pública. Ao                  Paulista/SP: Editora Universidade de São Francisco, 2005.
contrário, demonstravam uma significativa parcela de
esforços de transformação e inovação com base em                                                 NOTAS
tecnologia externas referidas descritivamente, tendendo            1  O eco é um fenômeno físico pelo qual uma onda acústica é refletida
a internacionalização das propostas educacionais. Evi-             por um obstáculo. O eco é percebido pelos ouvidos humanos como uma
denciavam também um pressuposto de que políticas                   repetição de um som emitido por uma fonte.
                                                                   2 Relatório apresentado à Assembléia Provincial de São Pedro do Sul do
educativas são abordagens gerais de aplicação e validade           Rio Grande do Sul na 2ª sessão da 8ª Legislatura pelo Conselheiro
universais, de que é possível integrar práticas, harmo-            Joaquim Antão Fernandes Leão. Porto Alegre: Tipografia do Correio do
                                                                   Sul, 1859.
nizar valores, generalizar propostas educativas, mesmo             3 Ibidem.
que trazidas de outras culturas. Subjacente também                 4 Ato de 16 de março de 1888, dando regulamento para o ensino

estava um sentido de provincianismo e isolamento                   obrigatório na província. Art. 1º A instrução primária é obrigatória nas
                                                                   cidades, vilas, freguesias e povoações da província para os indivíduos
superado pelo eurocentrismo e incorporação de práticas             que tiverem de 7 a 15 anos de idade, sendo do sexo masculino e de 7 a 13
internacionais. A interação com a realidade internacional          anos, sendo do sexo feminino, residentes dentro do perímetro marcado
                                                                   pela Câmara municipal, não excedendo de um quilômetro medido da sede
ocorria numa perspectiva de dependência, imitação e                da escola.
servilismo, de inclinação colonialista pela supervalo-             5 VILLA NOVA, Rodrigo de Azambuja. Circular anexa ao Acto de 16

rização do que era internacional. A legitimação de pro-            de março de 1888, dando regulamento par ao ensino obrigatório na
                                                                   província. Província de S. Pedro do Rio Grande do Sul. Palácio do
postas políticas não se dava a partir da realidade e cultura       Governo em porto Alegre, 16 de março de 1888.
local, da voz dos docentes, da participação da comu-               6 Relatório apresentado ao Sr. Julio Prates de Castilhos (presidente de

                                                                   Estado do Rio Grande do Sul) pelo Dr. João Abbott (Secretário de Estado
nidade; era utilizada a argumentação de que em outros              dos Negócios do Interior e Exterior, em 15 de agosto de 1895 – Porto
países tal já havia ocorrido com sucesso. A valorização e          Alegre, 1895. Oficinas a vapor da Livraria Americana).

                                 Educação, Porto Alegre, v. 31, n. 2, p. 173-181, maio/ago. 2008
Políticas de instrução pública no século XIX ...                                                                                                 181
7 RELATÓRIO APRESENTADO AO SR. JULIO PRATES DE                              9   Ergonometria refere-se ao conhecimento necessário para o trabalho,
CASTILHOS (presidente de Estado do Rio Grande do Sul) pelo Dr.              incluindo ambientes e mobílias utilizadas nas escolas contemplando
JOÃO ABBOTT (Secretário de Estado dos Negócios do Interior e                critérios como conforto, segurança, satisfação, eficácia e bem-estar.
Exterior, em 15 de agosto de 1895 – PORTO ALEGRE – 1895. Oficinas           10 Sessão escolar indivisa com 5 horas diárias. Cada lição teria a duração
a vapor da Livraria Americana).                                             de 35 a 40 minutos para a primeira classe e de 40 a 45 minutos para as
8 RELATÓRIO DA SEGUNDA DIRETORIA. “Segunda Diretoria da                     outras classes. No fim de cada lição haveria um intervalo para descanso,
Secretaria de Estado dos Negócios do interior e Exterior em Porto Alegre.   canto ou exercícios físicos . Assim deveriam ser previstos 4 intervalos,
30 de junho de 1896, dirigido ao Ilmo. Sr. Tenente-coronel Aurélio          sendo os dois primeiros de 10 a 15 minutos e os dois último de 15 a
Veríssimo de Bittencourt, DD. Diretor Geral da Secretaria dos Negócios      20 minutos (1897).
do Interior e Exterior.                                                     * Mittagessen – refeição da tarde; almoço.




                                         Educação, Porto Alegre, v. 31, n. 2, p. 173-181, maio/ago. 2008

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Politicas de Instrução Pública no século XIX como eco de experiências internacionais

  • 1. Políticas de instrução pública no século XIX ... 173 Políticas de instrução pública no século XIX como eco de experiências internacionais Politics of public instruction in the XIX century as echo of international experiences FLÁVIA OBINO CORRÊA WERLE* RESUMO – Discussão acerca das políticas de instrução elementar pública como eco das propostas hegemônicas formuladas em outros países. Impacto de práticas realizadas na Prússia, Holanda, França, Inglaterra, Argentina e Estados Unidos em políticas de educação do Rio Grande do Sul, tomando como categorias de análise os índices de escolarização, a imposição da obrigatoriedade, as práticas de fiscalização do ensino e o controle do tempo na escola, a cobrança de impostos e taxas escolares, as prescrições acerca da saúde e postura dos alunos e mobiliário escolar. Descritores – Política educacional; educação comparada; história da educação. ABSTRACT – Discussion about the policies of public elementary instruction as echo of the hegemonic proposals formulated in others countries. Impact of practices carried out in the Prussia, Holland, France, England, Argentina and United States in policies of education of Rio Grande do Sul, taking as categories of analysis the indices of education, the imposition of compulsory education, the practices of inspection of the education and the control of the time in the school, the charging of taxes and school rates, the prescriptions about the health and posture of the students as well as the school furniture. Key words – Educational policies; comparative education; history of education. PARA INTRODUZIR O TEMA ... garantia, de que os níveis de educação estão interligados com o sucesso econômico. Isso decorre da intensa Nos dias de hoje a educação brasileira é seguida- rivalidade da economia global e parece estender-se para mente analisada numa perspectiva comparativa frente a uma competição internacional entre escolas, métodos e parâmetros internacionais. A competitividade, necessi- sistemas educacionais. Na educação estão se tornando dade de busca de qualidade, as restrições de recursos comuns os procedimentos que avaliam os procedimentos e a mudanças de paradigmas de gestão favorecem a pela comparação com “os melhores do mundo”. Con- introdução de metodologia comparada tendo em vista tribui para este novo panorama as mudanças no mundo médias e índices internacionais que operam como pa- do trabalho e as extensas bases de conhecimento e drões, exigindo desempenhos semelhantes num mundo informações requeridas. Neste contexto são avaliados globalizado. Um enfoque sincrônico é adotado, delimi- os índices de alunos por professor, o número de horas tando aspectos do real passíveis de mensuração e de aula dedicadas a cada matéria do currículo, o avaliação quantitativa, para estabelecer as comparações. desempenho dos alunos em específicas matérias do É como se independente dos lugares e das culturas de ensino. Estes estudos utilizam predominantemente dados todos de uma dada faixa etária devessem o mesmo nível quantitativos o que facilita a mensuração e compa- de conhecimento em matéria ou ciências ou outras rabilidade. Não apenas comparações internacionais têm matérias básicas do ensino. sido valorizadas desde os anos noventa. Têm sido feitas Grande parte das políticas públicas relacionadas à comparações num âmbito interno dos sistemas pro- educação decorre da relação, colocada quase como duzindo inúmeros espaços para comparações inter- * Doutora em Educação pela PUCRS. Professora titular da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS, Pesquisadora do CNPq, Vice-Presidente da Região Sul-Sociedade Brasileira de Educação Comparada. E-mail: <flaviaw@unisinos.br>. Artigo recebido em: outubro/2007. Aprovado em: novembro/2007. Educação, Porto Alegre, v. 31, n. 2, p. 173-181, maio/ago. 2008
  • 2. 174 Flávia Obino Corrêa Werle nacionais, nacionais, subnacionais, municipais, entre Estado trazem em si expectativas de transformação de estabelecimentos de ensino. Esta situação é verificada uma realidade concreta, bem como manifestam a em todos os níveis de ensino, desde a educação básica complexidade do momento histórico em que foram até a pós-graduação. A exigência de competitividade em geradas. Há um pressuposto de particularidade e nível compatível com programas similares de excelente ajustamento a situações específicas na formulação das qualidade no exterior demonstra o florescimento de políticas públicas no que se contrapõem à generalização estratégias de introdução de mudanças e inovações desde para outros tempos e espaços. fora. As avaliações e comparações feitas servem para orientar políticas educacionais. O aperfeiçoamento de SITUANDO HISTORICAMENTE A QUESTÃO instrumentos e técnicas estatísticas colabora neste sentido. Por detrás destes procedimentos há uma su- O ano de 1822 marca a independência política e o posição de que aspectos fundamentais da cultura são Ato Adicional à Constituição de 1824, determina a universais menos orientados para as peculiaridades competência das Assembléias Provinciais para legislar locais e respeito pelas diferenças e mais para a ânsia de sobre a instrução pública. A descentralização e auto- competitividade e comparabilidade com outros países. nomia das províncias eram anunciadas no Ato de 1834 e Vidal e Gvirtz (1999) investem na perspectiva foram reforçadas na Constituição de 1891. comparada Brasil-Argentina para o desenvolvimento de Mas o que significa descentralização? É dar auto- estudo histórico do ensino da escrita, procurando nomia administrativa? Se descentralizar é afastar ou aprofundar a metodologia, superando a mera justa- separar do centro, a qual centro nos referimos? Se posição de desigualdades. Franco (2000, p. 200) dis- descentralização envolve autonomia marcante e des- cutindo questões teórico-metodológicas envolvidas em prendimento do poder central faz-se necessário melhor estudos comparados relacionados à formação do tra- compreender autonomia e como ela se constrói ao longo balhador, afirma que a comparação “é um processo de da história da instrução pública. perceber as diferenças e as semelhanças e de assumir Autonomia significa faculdade de se governar por si valores nesta relação de reconhecimento de si próprio e mesmo, liberdade ou independência moral ou intelectual. do outro. Trata-se de compreender o outro a partir dele Sendo assim, autônomos são os atos que se realizam sem próprio, e, por exclusão, se reconhecer na diferença”. intervenção de forças ou agentes externos. Descen- Neste trabalho demonstra-se que a assimetria é uma tralização, autonomia, construção local das propostas de das origens do transplante e imposição de valores e instrução pública estão pressupostos nos referidos tex- práticas, mais do que isso, aqui se repetem argumentos tos constitucionais. Entretanto, analisando relatórios de como justificativas de políticas ditas inovadoras. presidente da província, documentos e comunicados, Este estudo, revisando documentos da segunda estes elementos – descentralização e autonomia – não metade do século XIX, demonstra que a tendência de ficam claramente demonstrados. buscar parâmetros internacionais para pautar políticas e No Rio Grande do Sul, os diretores de Instrução decisões do governo na educação brasileira não é nova! Pública adotavam a lógica do transplante. O panorama Esta prática já ocorria na instrução pública rio-grandense de nações mais desenvolvidas era o marco de referência; desde o século XIX. É um texto que discute as políticas seu discurso, um eco de experiências internacionais. de instrução pública elementar como eco das propostas Estados Unidos da América, França, Inglaterra, hegemônicas formuladas em nível mundial. Utilizo a Bélgica, dentre outros exerciam a dominância. O peso imagem do eco,1 como representação ou evocação dos hegemônico da realidade externa pode ser identificado procedimentos políticos administrativos adotados na na exemplificação de práticas, na demonstração nu- instrução pública do Rio Grande do Sul no século mérica e na utilização de argumentos baseados em passado, pelo fato de que a documentação consultada experiências de outros países para legitimar decisões de não sugere que tenha havido uma incorporação crítica políticas públicas de educação elementar. dos conhecimentos e experiências advindos de outros países. Seus formuladores apresentam-se através dos MELHORANDO OS ÍNDICES documentos, como porta-vozes de práticas interna- DE ESCOLARIZAÇÃO cionais, repetindo, conforme as conveniências, argu- mentos, teorias e métodos adotados em outros países. Embora tenham sido encontrados documentos com- Políticas são expressão dos processos sociais que provando as demandas das comunidades em relação à regulam a sociedade e as relações econômicas, sociais criação de escolas, a expansão da instrução pública no e culturais de uma determinada época. As políticas discurso político era fortalecida e justificada com dados públicas como forma de organização e controle do internacionais. Educação, Porto Alegre, v. 31, n. 2, p. 173-181, maio/ago. 2008
  • 3. Políticas de instrução pública no século XIX ... 175 Em 1859, o Relatório apresentado à Assembléia As comparações continuavam. Amplia-se o hori- Provincial do Estado argumentava que a relação entre o zonte para o panorama dos diferentes estados norte- número de alunos e a população total de uma região era americanos. O detalhamento da realidade dos Estados o indicador da cultura do povo uma vez que na Prússia, Unidos da América do Norte de trinta anos antes (dados França e Inglaterra a relação de escolas por habitante era de 1830 eram referidos em 1859) configuravam o padrão muito inferior que os índices encontrados no estado. a ser seguido. Argumentavam-se para a insignificante Tabelas com dados estatísticos ilustravam e enri- relação entre o número de escolas e a população total e queciam a argumentação de que era necessário aumentar escolar do estado. As comparações internas indicavam a o número de escolas. Ressalta-se que esta argumentação falta de investimentos públicos com a educação. foi produzida em 1859, mas a justificativa referia dados Nesta última comparação, e ela vos demostrava a internacionais de 1835. ignorância do nosso povo, combinarei a estatística da A escola que na Prússia esta para a população na nossa instrução com a dos Estados Unidos em 1830. razão de mil quinhentos e sessenta e cinco habitantes, Falo de um país novo e de uma época já bem remota. na Inglaterra de mil trezentos e oitenta, nesta Total da População População de Nº de Nº de população – província oferece a desanimadora proporção de Estados Branca 5 a 15 anos escolas alunos um aluno por 1:3862 habitantes. O que prova exuberantemente que habitante a estatística da nossa ignorância é extraordinária. Isto New York 1.913,508 503,884 – 531,240 3,6 habitantes Massachusetts 610,014 138,530 2,273 148,656 4 habitantes também evidencia, se atentarmos para a relação em Maire 399,462 106,007 6,500 140,000 3 habitantes que estão as escolas para os alunos. A razão é de uma Vermont 280,679 67,505 2,400 72,000 4 habitantes para quarenta, o que faz com que anualmente Nova Hampshire 269,533 70,228 – 90,000 3 habitantes Os 6 estados da despendamos com cada aluno, que recebe instrução Nova Inglaterra 1.944,688 473,508 – 500,000 4 habitantes nas escolas públicas a crescida soma de trinta e dois Nova Jersey 320,779 79,695 – 67,000 5 habitantes mil novecentos e vinte e oito réis, pouco a mais ou Pensilvania 1.347,672 351,380 – 150,000 9 habitantes Baltimore menos. Se compararmos a estatística da instrução 60,000 14,270 – 7,000 8,6 habitantes (Maryland) pública da Prússia, Holanda, França e Inglaterra em Ohio 937,679 258,998 – 250,000 4 habitantes Missouri 157,575 44,023 560 12,000 13 habitantes mil oitocentos e trinta e cinco (na falta de outra mais 341,582 99,499 – 20,000 17 habitantes recente) se verá que o quadro da nossa instrução é Kentucky 522,704 143,738 – 40,000 13 habitantes pouco lisonjeiro.2 Carolina do Sul 265,784 71,431 – 9,000 30 habitantes Uma Na época que me refiro, a população da província Nº de Nº de Uma escola População escola p/ escolas alunos para habitante da União Americana era inquestionavelmente maior Prússia 12:726.823 22:612 1:664.218 565 74 alunos que a população atual do Império, mas isto nada Holanda 2:528.387 2:832 304.459 893 107 alunos significava para a demonstração que tenho em vista. França 32:509.742 36:920 1:800.000 880 50 alunos A relação entre os alunos e a população é o ter- Inglaterra 14:400.000 37:869 1:267.782 380 34 alunos” mômetro por onde nos devemos guiar. E fique consignada mais que nos Estados Unidos os meninos Continua o mesmo relatório apresentando os dados de cor não participam dos benefícios da educação do RS: “para uma população de 390.000 habitantes, pública como entre nós. Reformais pois, senhores, a instrução da província, dai-lhes os elementos de havia 102 escolas e 4.120 discípulos, sendo uma escola vida que ela tanto lhe carece. Sem isto os vossos para 3.862 habitantes, uma escola para cada conjunto regulamentos serão letra morta. A inteligência que os de 40 alunos”. confeccionou, tomou por base da instrução a escola A comparação não ocorria com a realidade externa normal é pois forçoso que a crieis, para que em um mas também frente a outras instâncias de educação futuro próximo se torne exeqüível a vossa cons- brasileira, mostrando que, na província, a instrução tituição escolar.” estava defasada em relação aos índices internacionais e Os dados apoiavam, a um só tempo, a necessidade nacionais, comprovando o alto custo do ensino sem a de criar escolas e a importância de cuidar da formação correspondente eficiência. dos docentes. Para dar ao magistério um melhor status, Comparando-se a estatística da nossa instrução considerá-lo como profissão, reconhecê-lo como meio pública coma as das demais províncias do império, de vida, era necessário assegurar bases científicas e vemos que, quanto ao número das escolas, esta está condições de desenvolver habilidades e vocações. Por em sétimo lugar, quanto a população das mesmas, em outro lado esta constelação de argumentos contribuía sexto, em relação ao termo médio dos alunos para as para que fosse dada à instrução pública um lugar de escolas, em terceiro grau. Avaliando a relação entre a população e a escola, está em décimo lugar, e quanto importância dentre os demais ramos da administração, a despesa com cada aluno, em décimo quarto lugar, e alertando para que governantes e legisladores dela cui- por conseguinte é uma das províncias em que a dassem com mais desvelo. Neste sentido, experiências instrução custa mais caro.3 da França, Prússia, Holanda, Inglaterra e Estados Unidos Educação, Porto Alegre, v. 31, n. 2, p. 173-181, maio/ago. 2008
  • 4. 176 Flávia Obino Corrêa Werle eram invocadas. A institucionalização da instrução pú- “Se ainda não podemos apreciar os benefícios resultados blica estava sendo configurada, decorrendo da articu- do salutar preceito constitucional, devemos contudo lação de um conjunto de medidas político-adminis- esperá-los com segurança a vista dos exemplos que nos trativas: ampliação do número de escolas, formação de dão países antiquíssimos e populoso, onde portanto, a professores e inspeção severa, sistemática, obrigatória, execução da Lei de obrigatoriedade do ensino seria ativa, uniformizada, universalizada em todas as locali- menos difícil do que entre nós”6 (1895). dades (1859). Sou prosélito da liberdade de ensino, máxime de um Estado, como o nosso, onde a população é tão pouco IMPONDO A OBRIGATORIEDADE ESCOLAR4 densa, que só nas cidades, vilas e povoações se poderia, através de mil dificuldades e violências, A partir da Lei de 1871, em muitos momentos foram tornar efetiva a lei de obrigatoriedade sendo esta produzidos argumentos em favor da obrigatoriedade. Em manifestamente inexeqüível na campanha. Em quase 1878, ela era defendida com base na justificativa de que todos os países civilizados as leis decretam a os países que a adotavam na instrução elementar tinham obrigatoriedade de ensino, ou tem-se conservado letra morta, ou não tem dado os resultados esperados desta conseguido difundir completamente a escolaridade entre sorte não escapou o título. II capítulo IV do nosso a população. Para atingí-la, um dos argumentos era a Regulamento de Instrução popular a obrigatoriedade formação de associações beneficientes que assegurassem do ensino Para demonstrarmos esta proposição, que a a freqüência de crianças desvalidas às escolas como muitos parecera ousada, não precisamos de longas ocorria na Inglaterra, Estados Unidos, Holanda, Bélgica, explanações científicas bastam-nos instrução popular França, Itália. Cabia à administração a promoção da ini- ali é uma realidade. Na Irlanda, Holanda, Servia e ciativa particular incentivando a criação de tais associa- Rússia não é obrigatória a instrução, entretanto acha- se bem definida nestes países. É admirável o nobre ções, pois a inexistência de recursos públicos para a fervor com que as damas russas se dedicam a criação oferta da instrução obrigatória não era percebida, apenas e manutenção de associações de ensino popular. Não a indigência dos pais era tida como dificuldade para o raro encontram-se senhoras da primeira sociedade, cumprimento da obrigatoriedade. inclusive da própria dinastia reinante, exercendo o Em 1888, uma circular é enviada pelo governo a magistério público, que é naquele país uma invejável todas as Assembléias Municipais da Província solici- e honoríssima carreira e a posição mais cobiçada pelas tando novamente o atendimento ao regulamento do en- nobres damas russas. Na Inglaterra foi revogada em sino obrigatório. Seu texto é uma tentativa de convencer 1876 a lei que decretara a obrigatoriedade do ensino a vista de seus nulos resultados, embora se queira dizer a população da importância de enviar crianças para as que fora aquela lei substituída por uma que proíbe escolas. Dentre seus argumentos estava a realidade a admissão nas oficinas, de crianças menores de internacional de instituição da obrigatoriedade com sua quatorze anos, a não ser que provem ter freqüentado força de legitimação e convencimento. a escola durante cinco anos ou que satisfaçam um exame cujo programa compreende: leitura, escrita, Por se achar de acordo com os princípios de- aritmética, análise, geografia e história. A União mocráticos é que os países, os mais livres, a Suíça, a Americana do Norte compõe-se de 44 estados, Inglaterra, a Bélgica, Holanda e na América os Es- entretanto só 14 destes adotam a obrigatoriedade do tados Unidos, adotaram o ensino obrigatório no in- ensino e é de notar que não são neste onde, na grande teresse dos próprios Estados e dos cidadãos (1888).5 República, se acha mais difundida a instrução Com o realinhamento da proposta política ocorrida popular. Na República Argentina poucas províncias adotaram o ensino obrigatório, sendo aí mesmo com a Constituição de 1891, a legitimação da nova inexeqüível a respectiva lei devido a pouca densidade posição – oposta à anteriormente referida – agora voltada da população (1895). para a irrelevância da obrigatoriedade escolar fazia-se também com base na mesma estrutura de argumentação. FISCALIZAÇÃO DO ENSINO: A defesa da obrigatoriedade bem como a sua descon- AÇÃO DE FUNCIONÁRIOS DO ESTADO sideração obtinham igualmente respaldo na realidade OU DE PARTICULARES internacional, invocando “países civilizados”, citando a Bélgica, Irlanda, Holanda, Sérvia, Rússia, e destacando Se a inexistência de sistema é identificada pela o papel das associações de ensino popular. Referia ênfase nos concursos como alternativa de seleção de também a Inglaterra onde havia sido revogada a lei que docentes, despreocupação com a remuneração e ausência decretava a obrigatoriedade do ensino e instituída outra, da noção de cargos e de funcionários do nível técnico, que proibia o trabalho infantil de menores de 14 anos a indiferenciação de categorias como aula e escola, falta não ser que tivessem feito exames de leitura, escrita, de designação individualizada para as aulas – não tinham aritmética, geografia e história. Conclui a argumentação: identidade como instituição de ensino, apenas o lugar Educação, Porto Alegre, v. 31, n. 2, p. 173-181, maio/ago. 2008
  • 5. Políticas de instrução pública no século XIX ... 177 onde se situavam as identificava (margem direita do rio, legislador rio-grandense, com a fecundíssima distrito número tal) –, outras propostas apontavam a instituição dos conselhos distritais, composto de tendência de institucionalização da instrução pública. chefes de família que tenham seus filhos nas escolas públicas do distrito. A República Argentina que, em Dentre os fatores que para isto contribuíam estava a matéria de ensino primário pode vantajosamente importância da inspeção escolar e a referência a um servir de padrão as suas co-irmãs da América do Sul, corpo de funcionários formados e remunerados pelo procura a muito tempo por diversos modos legitimar Estado. Estas medidas exigiam a institucionalização de a ação direta dos chefes de família na inspeção do ações prévias tal como alocação de recursos oriundos de ensino público primário. Não se tendo hoje conse- taxas e impostos fixos. guido ali solver o problema e julgando-se por muitos motivos indispensável a referida co-participação, A inspeção era concebida como forma de qualificar agitou-se e atualmente desenvolveu-se na imprensa, o ensino e controlar o trabalho docente, entretanto a na tribuna e até no seio do governo, forte propaganda ausência de remuneração específica, impedia sua no sentido de entregar-se o ensino popular e par- qualificação. Sendo apenas um serviço que “engrandece ticulares e principalmente associações. quem o pratica”, não havia como instalá-la em todo o De fato, estava em jogo outros interesses e sérios estado. A intenção do governo era criar um serviço de limites financeiros. Verifica-se o apelo para a redução de inspeção para o que os governantes também buscavam custos, para a delegação para a sociedade das ações de respaldo na experiência internacional. inspeção. Em documentos de 1859, 1874, 1878, 1895 e 1898, foram encontrados argumentos baseados em compa- O próprio presidente do Conselho Nacional de rações internacionais para sustentar proposta de políti- Educação, Dr. D. José Maria Gutierres, apoiando cas referentes à criação de inspeção e novos serviços estas idéias, faz uma importante declaração, que vem transcrita em um dos últimos números da interessante educacionais. revista La Educacion, concluindo ‘que as escolas A fiscalização constante do ensino por funcionários populares apresentam as seguintes vantagens: competentes, para esse fim nomeados e bem re- I – Custam a metade do que custam as do governo munerados é uma necessidade inquestionável. Idéia porque o povo contribui diretamente para susten- nova entre nós criada pelo projeto de reforma do tá-las. regulamento, porém velha em todos os países II – São quase sempre melhores que as do governo civilizados, onde a constante inspeção de escolas porque estão fiscalizadas pelos próprios pais dos é inseparável do ensino popular. Nem se pode alunos e por um grande número de cidadãos que compreender a existência de qualquer organização preocupam-se constantemente em melhorá-las. desse serviço público sem a efetiva e constante III – Além de educarem as crianças, fazem alguma fiscalização por funcionários subordinados à coisa mais, que é então de maior importância: educam Diretoria Geral e perante esta, responsáveis.7 o povo, habilitando-o a contribuir diretamente para a Embora, em 1895, a inspeção fosse defendida como prosperidade comum’. um serviço desempenhado por funcionários ligados á Examinando-se o regulamento de 2 de fevereiro de Diretoria de Instrução Pública, em 1898, já não era 1897, verifica-se que nele acham-se instituídas todas as exigências de uma moderna organização do ensino defendida a profissionalização desta função. Ao con- primário e basta ler o capítulo 5 do título I para ver-se trário, argumentavam os governantes para a implantação que o grande problema, que tanto preocupa os nossos de um sistema de inspeção com a “colaboração de dignos vizinhos platinos, foi entre nós solvido com cidadãos da comunidade”. Esta nova posição trazia o êxito, que pelo lado teórico, que quanto aos efeitos pressuposto do Estado se desincumbir de suas obri- práticos. Dissemos que este sistema de inspeção vai gações para com o ensino. Quase uma privatização já produzindo os resultados que dele se esperavam e branca estava sendo defendida. Na argumentação apre- estes serão completos quando os nossos distinto patrícios, compreendendo os generosos intuitos do sentada, a situação da Argentina era invocada como legislador, se acharem habilitados a bem cumprir padrão pelas práticas lá implantadas de “legitimar a ação a grandiosa missão a que são chamados a desem- direta dos chefes de família na inspeção do ensino penhar em ação comum com a administração do público primário” (1898). Estado (1898). Sobre esta importantíssima questão, o regulamento atual apresentou verdadeira novidade, porque nenhum outro Estado da União e em país algum se encontra IMPOSTOS E TAXAS ESCOLARES: legalmente organizada a ação simultânea do Governo SEM RECURSO COMO PROVER A e da sociedade na direção e inspeção do ensino MATERIALIDADE DA INSTRUÇÃO PÚBLICA? público. Esta grandiosa solução, tão fortemente desejada e ainda não conseguida pelas nações mais Documento de 1888 justificava que países que adiantadas, foi amplamente alcançada pelo digno possuíam um verdadeiro sistema de educação pública Educação, Porto Alegre, v. 31, n. 2, p. 173-181, maio/ago. 2008
  • 6. 178 Flávia Obino Corrêa Werle tinham como primeiro cuidado a construção e mobiliário bém fundamentava a tese apresentada. O Sr. C. Morra, de casas para escolas. Como referência eram citados engenheiro arquiteto do Conselho de Instrução Pública vários países: os Estados Unidos, a Dinamarca e a da República da Argentina, era citado e seus argumentos Suécia. Mais que a remuneração de docentes e a criação ressaltavam a importância da escolha do terreno para as de um corpo de funcionários, a materialidade da ins- construções escolares, indicando entre elas a localização trução pública colocava-se com requisitando recursos, central no povoado, o distanciamento de ruas de muito exigindo a imposição de impostos para atender a cons- barulho e trânsito, bem como de locais que pudessem trução de escolas. contrariar a saúde, os bons hábitos e a moral, devendo No Relatório da 2ª Diretoria, apresentado em julho contar com luz e ar em abundância (1876). de 1986, comparações com a situação de outros estados Também o vizinho Uruguai era invocado, fazendo brasileiros, países sul-americanos, europeus e com a referência a um texto de Senet, Inspetor Seccional da América do Norte eram trazidas para a discussão da Instrução Pública do Uruguai, publicado em 1895, pela função financiadora do Estado e do setor privado e duas alternativa lá adotada pelos Conselhos Escolares que possíveis alianças para a construção de prédios escolares. autorizavam o arrendamento de casas por cinco anos, o Considere-se que, na época, a materialidade dos que poderia estimular particulares a construir prédios sistemas educativos não se configurava com hoje. As adequados para escolas, forma esta que também asse- escolas eram a casa do professor e, junto com o guraria o controle da localização, aparência e con- pagamento, o professor recebia um valor a título de servação das escolas, além de intervir na variação dos aluguel e limpeza da escola. Construir escolas exigia aluguéis. instituir uma nova mentalidade relacionada a impostos O edifício próprio, tão aconselhado e tão necessário, e taxas para financiar a construção de prédios, e a que engrandece e radica a escola, eleva e dignifica a aceitação de que existiriam prédios especialmente condição de apropriados a cumprir, com êxito, sua construídos para escolas nos quais havia também a casa sublime missão, e a meu ver a única solução de- do professor, e não o inverso – a casa do professor finitiva. Se a encararmos sob o ponto de vista contendo a escola. higiênico, veremos que é de tão evidente conveniên- cia que ocioso seria qualquer argumento no sentido Nos orçamentos de despesas de muitos países, como de justificá-la sob o ponto de vista econômico, basta na França, nos Estados Unidos da América, República para justificá-la atentar na enorme soma despendida Argentina e entre nós, no Estado de São Paulo, anualmente com aluguéis de casas nas condições encontra-se uma verba constante consagrada a lucidamente expostas no vosso relatório (1896).8 construção de edifícios para escolas. Na República Argentina existem até impostos, cujo produto e O relatório de 1896 referia-se ao imposto da venda exclusivamente aplicado nestas construções. Foi uma de gado associando notas de comprovação de paga- conquista do grande Sarmiento, nobre apóstolo do mentos sugerindo que a destinação de recursos fosse ensino popular naquele país, que fundamentando sua aplicada em favor da instrução pública e que na im- proposta ao Congresso, dizia que para satisfazer esta possibilidade de ser cobrado pela Província o fosse pelas necessidade tão urgentemente reclamada devia ir-se municipalidades, auxiliando o Estado na construção de até o imposto de captação, conclui o respectivo edifícios escolares. capítulo com estas palavras: Porque los hombres de trabajo no darian como en Deste modo em poucos anos, teremos emancipado o Francia tres jornales al ano o su equivalente en dinero Tesouro do Estado da pesadíssima soma despendida para edificación de la escuela de su barrio. com péssimas casas para nossas aulas públicas. Além destas medidas, que todo a liberdade de lembrar, A lei n. 88, de 8 de setembro de 1892, que reformou o convinha que o Governo desde já aplique na aquisição ensino no Estado de São Paulo, estatui em seu artigo de casas para aulas nesta capital a importância de nono: O Governo consagrara todos os anos a quantia benefícios de loterias destinadas a este fim, conforme de 500:000$000 para a construção de edifícios para preceituou o artigo quinto da Lei número 1682, de as aulas preliminares, conforme tipo adotado. Na 13 de janeiro de 1888. Importância que sobe a execução do disposto neste artigo, o Governo dará 134:400$000, correspondente aos anos de 1894, 1895 preferência aos municípios cujas municipalidades e 1896. auxiliarem ao Governo, que pecuniariamente, quer com dádivas de terrenos e materiais (1896). A ERGONOMETRIA9 UM NOVO ARGUMENTO Se os professores ocupavam casas, em relação ao NAS POLÍTICAS DE INSTRUÇÃO PÚBLICA aluguel que podiam pagar,não havia como exigir-lhes, sem aumentar as despesas com aluguéis, que sua aula Novas influências de base estética e de preservação funcionasse em casas com melhores condições de da saúde foram introduzidas no discurso das políticas de higiene e comodidade. A situação da Argentina tam- instrução pública, no final do século XIX. Não apenas o Educação, Porto Alegre, v. 31, n. 2, p. 173-181, maio/ago. 2008
  • 7. Políticas de instrução pública no século XIX ... 179 prédio deveria ser adequado às funções educativas, mas sistemática administrativa estava sendo visualizada. A a mobília, que a partir da contribuição da antropometria, descentralização das ações referentes ao fornecimento sofria uma reavaliação. alocado na Diretoria de Instrução Pública fortalecia e Instituir um sistema educativo implicava não apenas constituía na estrutura administrativa do estado. em materializá-lo com prédios especiais edificados nos meios urbanos mas mobiliá-los adequadamente. Dife- CONTROLE DO TEMPO E DAS renciar a escola como um serviço do governo para a ATIVIDADES ESCOLARES população do espaço de residência para ensinar, impli- cava em alterar as mobílias da residência do professor. Um passo importante na institucionalização da Para ajustar os bancos em que as crianças eram aco- instrução pública relaciona-se com o controle não apenas modadas eram utilizados argumentos comparativos a dos espaços escolares como anteriormente indicado, mas práticas de outros países. da duração e tipo das atividades escolares. Embora os argumentos referissem um menor Se das casas, nas condições por vós tão bem descritas, passarmos a mobília, veremos que se alguma mo- controle pela eliminação da definição de horários de dificação se tem introduzido, enquanto ao tipo, início e término dos trabalhos escolares, estava sendo contudo ainda há muito o que fazer, pois parece proposto um detalhamento do tempo de cada lição e do contra a saúde das crianças. Os bancos e classes recreio.10 Comparações internacionais com países da antigos vão sendo substituídos por outras mais de Europa, Estados Unidos e Argentina registravam a acordo com o tipo indicado pela pedagogia e higiene, importância da alteração. Por outro lado, preceitos de mas ainda são feitos todos com mesma altura higiene e as necessidades do ensino eram apontadas entretanto, o artigo 20 do Regulamento da Instru- ção Pública fixa a idade escolar de 7 aos 15 anos, como justificativas, além do enriquecimento do espaço conseqüentemente devem existir na mesma escola de autonomia do professor – a ele cabia confeccionar o crianças de diversos tamanhos daí a necessidade de horário submetendo-o à aprovação do inspetor regional. bancos e escrivaninhas de diferentes alturas, como “Uniformidade inflexível de um horário daria lugar a existem hoje em todas as escolas dos Estados Unidos graves choques de interesses, iria contrariar hábitos da América e em diverso países da Europa, nota- secularmente inveterados na família e traria como velmente nas escolas de Paris. conseqüência inevitável o prejuízo do ensino” (1897), Para justificar a necessidade da diferença da mobília apenas em outros países de hábitos de vida mais nas aulas primárias é bastante transcrever as seguintes homogêneos isso não seria difícil – no Norte dos Pirineus palavras: e nos Alpes nenhuma dificuldade haveria para esta- belecer um horário uniforme. Os órgãos das crianças acham-se em via de formação. É preciso estar alerta para não comprometer seu Quanto aos mecanismos de controle e organização desenvolvimento daí a grande importância da do sistema educativo a instalação de um ritmo comum, posição, dos gestos e dos movimentos habituais. em 1897, nos processos educativos foram também É necessário que as crianças. Quando escreverem, referenciadas, experiências realizadas em países mais tenham os ombros na mesma altura (1896). adiantados. Um tema antes oculto estava sendo apresentado: o Nas instruções guiei-me tanto quanto me foi possível aluno e suas diferentes idades e estaturas. A Diretoria de pela legislação norte-americana, vantajosamente, Instrução Pública estava não apenas chamando atenção aplicada na República Argentina. Tive o cuidado de para o fato – inconveniência da uniformidade da altura fazer as profundas modificações exigidas pelo nosso da mobília escolar –, mas propondo uma nova siste- meio e pela Constituição do Estado. Assim, além de outras, enquanto ao horário escolar deixei de mática para administrar esta questão que se colocava. determinar as horas em que devem começar e terminar Propunha ademais, que os contratos e fiscalização de os trabalhos escolares, preferindo estabelecer: o fornecimento fossem feitos diretamente pela Diretoria de tempo da seção escolar diária, o de cada lição e o Instrução Pública e não pelo Tesouro como até então de cada recreio ou exercício, tendo em vista as ocorria. necessidades do ensino e os preceitos de higiene Era assim uma dupla inovação. Destacava-se a deixei a confecção do horário a cargo do professor importância do mobiliário escolar não padronizado, com a aprovação do inspetor regional. Se tivéssemos de confeccionar instruções para serem executados na destacava-se a importância do conforto para o aluno a Europa, ao norte dos Pirineus e dos Alpes, nenhuma partir da consideração da altura das crianças, e fazia-se dificuldades encontraríamos para estabelecer um necessário medidas administrativas referentes ao fun- horário uniforme, porque os hábitos de vida são mais cionamento do Estado. Recursos financeiros deviam ser ou menos idênticos, as horas de refeição são as destinados para esta nova necessidade e uma nova mesmas: Quase todos tem o ‘Mittagessen’* (1897). Educação, Porto Alegre, v. 31, n. 2, p. 173-181, maio/ago. 2008
  • 8. 180 Flávia Obino Corrêa Werle Tratando-se, porém, de um país novo como o nosso, legitimidade de experiências estrangeiras se davam pelo cuja população, principalmente a deste Estado, simples fato de ser importada de países mais desen- compõem-se ainda de elementos diversos, a uni- volvidos e a importância do país de origem em si só formidade inflexível de um horário daria lugar a justificava e assegurava o sucesso das medidas. graves choques de interesses, iria contrariar hábitos secularmente inveterados na família e traria como Os primórdios do sistema educativo no Rio Grande conseqüência inevitável o prejuízo do ensino. Assim, do Sul se construiram, portanto, a partir de uma iden- esta exceção que se encontra nas instruções que tidade externa repetida, reproduzida e aqui ecoada no elaborei é determinada pelas condições locais e em discurso político. nada prejudica o ensino. Os processos de diferenciação, unificação e espe- O que estava sendo implementado era um controle cialização não ocorriam a partir de dentro, da consciência mais rígido dos procedimentos de ensino, não do dos problema vividos. O novo, o moderno, o avançado calendário pela fixação do início e término das aulas situava-se em outras nações e era introduzido de fora como se verificava em regulamentos anteriores, mas do para dentro. A realidade local era um espaço a ser civi- que deveria ser feito, dos espaços de pausas e tempos de lizado, modificado, alterado. Os políticos construíam trabalho para casa lição. uma instrução pública rio-grandense por parâmetros externos ao identificar as propostas de governo com o novo e com a realidade de países mais adiantados. CONSIDERAÇÕES CONCLUSIVAS Nos documentos analisados foi possível identificar Considerando a documentação consultada, as polí- uma elaboração de políticas de instrução pública ele- ticas exprimiam uma compreensão de repetição do que mentar pela importação, pelo empréstimo e transferência outros países experimentavam em matéria de instrução de experiências externas inovadoras e de sucesso. pública. A análise não desvelou uma cultura admi- nistrativa de consciência das necessidades locais. Não se REFERÊNCIAS percebeu um olhar crítico para a realidade internacional, o que indica uma limitação da capacidade de pensar os FRANCO, Maria Ciavatta. Quando nós somos o outro: questões teórico-metodológicas sobre os estudos compara- problemas que o panorama social sul-riograndense dos. Educação e Sociedade, ano XXI, n. 72, p. 197-230, ago. apresentava na época. 2000. O esforço de diferenciação e construção da instru- VIDAL, Diana; GVIRTZ, Silvina. História da educação com- ção pública se desenrolava a partir dos resultados de parada na América Latina: um caso para repensar algumas experiências internacionais. A análise sugere que a suposições. In: FARIA FILHO, Luciano Mendes (Org.). construção do sistema educativo não ocorria pela Pesquisa em História da Educação: perspectivas de análise. formulação de propostas originadas em interesses e Belo Horizonte: HG edições, 1999. p. 69-86. valores locais e pelo potencial analítico dos governantes WERLE, Flávia Obino Corrêa. O nacional e o local. Bragança que ocupavam a Diretoria de Instrução Pública. Ao Paulista/SP: Editora Universidade de São Francisco, 2005. contrário, demonstravam uma significativa parcela de esforços de transformação e inovação com base em NOTAS tecnologia externas referidas descritivamente, tendendo 1 O eco é um fenômeno físico pelo qual uma onda acústica é refletida a internacionalização das propostas educacionais. Evi- por um obstáculo. O eco é percebido pelos ouvidos humanos como uma denciavam também um pressuposto de que políticas repetição de um som emitido por uma fonte. 2 Relatório apresentado à Assembléia Provincial de São Pedro do Sul do educativas são abordagens gerais de aplicação e validade Rio Grande do Sul na 2ª sessão da 8ª Legislatura pelo Conselheiro universais, de que é possível integrar práticas, harmo- Joaquim Antão Fernandes Leão. Porto Alegre: Tipografia do Correio do Sul, 1859. nizar valores, generalizar propostas educativas, mesmo 3 Ibidem. que trazidas de outras culturas. Subjacente também 4 Ato de 16 de março de 1888, dando regulamento para o ensino estava um sentido de provincianismo e isolamento obrigatório na província. Art. 1º A instrução primária é obrigatória nas cidades, vilas, freguesias e povoações da província para os indivíduos superado pelo eurocentrismo e incorporação de práticas que tiverem de 7 a 15 anos de idade, sendo do sexo masculino e de 7 a 13 internacionais. A interação com a realidade internacional anos, sendo do sexo feminino, residentes dentro do perímetro marcado pela Câmara municipal, não excedendo de um quilômetro medido da sede ocorria numa perspectiva de dependência, imitação e da escola. servilismo, de inclinação colonialista pela supervalo- 5 VILLA NOVA, Rodrigo de Azambuja. Circular anexa ao Acto de 16 rização do que era internacional. A legitimação de pro- de março de 1888, dando regulamento par ao ensino obrigatório na província. Província de S. Pedro do Rio Grande do Sul. Palácio do postas políticas não se dava a partir da realidade e cultura Governo em porto Alegre, 16 de março de 1888. local, da voz dos docentes, da participação da comu- 6 Relatório apresentado ao Sr. Julio Prates de Castilhos (presidente de Estado do Rio Grande do Sul) pelo Dr. João Abbott (Secretário de Estado nidade; era utilizada a argumentação de que em outros dos Negócios do Interior e Exterior, em 15 de agosto de 1895 – Porto países tal já havia ocorrido com sucesso. A valorização e Alegre, 1895. Oficinas a vapor da Livraria Americana). Educação, Porto Alegre, v. 31, n. 2, p. 173-181, maio/ago. 2008
  • 9. Políticas de instrução pública no século XIX ... 181 7 RELATÓRIO APRESENTADO AO SR. JULIO PRATES DE 9 Ergonometria refere-se ao conhecimento necessário para o trabalho, CASTILHOS (presidente de Estado do Rio Grande do Sul) pelo Dr. incluindo ambientes e mobílias utilizadas nas escolas contemplando JOÃO ABBOTT (Secretário de Estado dos Negócios do Interior e critérios como conforto, segurança, satisfação, eficácia e bem-estar. Exterior, em 15 de agosto de 1895 – PORTO ALEGRE – 1895. Oficinas 10 Sessão escolar indivisa com 5 horas diárias. Cada lição teria a duração a vapor da Livraria Americana). de 35 a 40 minutos para a primeira classe e de 40 a 45 minutos para as 8 RELATÓRIO DA SEGUNDA DIRETORIA. “Segunda Diretoria da outras classes. No fim de cada lição haveria um intervalo para descanso, Secretaria de Estado dos Negócios do interior e Exterior em Porto Alegre. canto ou exercícios físicos . Assim deveriam ser previstos 4 intervalos, 30 de junho de 1896, dirigido ao Ilmo. Sr. Tenente-coronel Aurélio sendo os dois primeiros de 10 a 15 minutos e os dois último de 15 a Veríssimo de Bittencourt, DD. Diretor Geral da Secretaria dos Negócios 20 minutos (1897). do Interior e Exterior. * Mittagessen – refeição da tarde; almoço. Educação, Porto Alegre, v. 31, n. 2, p. 173-181, maio/ago. 2008