O documento discute como pais separados podem conversar com seus filhos sobre a separação de forma a causar menos sofrimento. Sugere que os pais expliquem que ainda formam uma família, embora de forma diferente, e que os filhos continuarão tendo tempo com os dois. Também enfatiza a importância de manter rotinas consistentes e comunicação entre os pais.
1. Pais, atentos ao novo formato de família, perguntam-se
* Como posso ser melhor mãe, melhor pai?
* Como ficarão os filhos?
* Qual a nova rotina da casa?
O que se pode fazer para que os filhos não sofram tanto?
A separação é sempre um momento difícil, pior ainda quando pai e
mãe se separaram, disputando a guarda do filho. Entende-se que:
os efeitos do divórcio na vida dos filhos são e serão sempre de
difícil avaliação. Não sabemos o que teria acontecido se os pais se
mantivessem. Giddens
A separação pode ser menos dolorosa?
Sim, conversando com os filhos.
Por que não adiar a conversa? Os filhos são antenas parabólicas
e capta tudo que acontece na família, pode não se expressar de
forma direta, mas sentem e vê o que está acontecendo, por isso
adiar é suscitar neles sentimentos de insegurança e medo. Converse
com cuidado, porque vai se falar de uma verdade que dói, deixe
claro aos filhos que não há culpados, que os amam imensamente,
que esse amor não acaba com a separação dos pais.
Family Lisbestyle
2.
Exemplo
Filho, eu e o papai te amamos muito, queremos sempre estar perto
de você, do seu coração. Ultimamente eu e seu pai estamos
descobrindo que o melhor para nós dois, é separar. Nós somos uma
família e vamos continuar sendo, porém, agora de uma forma
diferente, eu aqui com você e seu pai na casa dele. Vamos trazer
para você algumas ideias que pensamos de como pode ser os seus
momentos com a gente....,
Fale dos finais de semana como vão ser, fale onde eles irão residir,
dos aniversários, feriados, férias; os filhos vão se sentir mais
seguros e confiantes neste novo formato familiar.
Obs.: Por ser um momento novo, precisa-se de um tempo para que
a estabilidade no ambiente familiar se restabeleça, isso vária de dois
a três anos, em razão de inúmeros fatores; exemplo quando uma
das partes fica deprimida ela expressa menos afeto e
consequentemente menos consistência na prática educativa.
Amato, 2000; Hetherington & Stanley-Haga, 1999
O que não fazer?
- Não faça dos filhos seus confidentes, suas preocupações
compartilhem com outra pessoa. Os filhos já sentem a dor que é
deles e não têm condições de administrar a dor dos pais, isso é dos
adultos;
- Nos momentos de conversa com o ex-marido, não discuta na
frente dos filhos, esse é um momento de vocês, quando acontece
traz prejuízos pedagógicos, sociais e emocionais aos filhos.
Rotina
É importante que os filhos diante das múltiplas mudanças ocorridas
no lar, percebam que os pais, juntos, são capazes de decidirem as
suas questões, afinal o casamento termina, mas a família continua
3. estruturada em dois núcleos familiares ‒ a casa da mãe e a casa do
pai , esse contexto familiar continua sendo o porto seguro para
todos que nele estão inseridos.
Em algumas situações o pai ou a mãe para amenizar a dor do filho
acaba fazendo pequenas concessões diárias que vão alargando os
limites dos filhos:
eu fico com ele só de quinze e quinze dias, como vou chamar
atenção, dizer não. ,
eu sei que ele está sofrendo muito porque o pai não busca, não
liga, não vou ficar toda hora chamando atenção dele.
A rotina de ter hora para dormir, o que se pode assistir na T.V., hora
de estudar, tempo de usar o computador deve ser estabelecida, e se
possível realizada na casa do pai e na casa da mãe.
É importante que os filhos percebam que os pais se comunicam e
estabelecem acordos para os filhos.
Pais não devem ceder à chantagem emocional dos filhos, devem
sim, levá-los a compreender que os limites se matem mesmo com os
pais em casas diferentes ou sem a presença de um deles.
Situação
a) Você continua dizendo ao filho que não fique até tarde no
computador porque precisa acordar cedo. E ele não a escuta,
estimulando em você o sentimento de raiva, impaciência e
frustração por ele não aceitar o limite estabelecido.
Muito nervosa você fala:
- vou ligar para o seu pai e dizer tudo para ele, ele precisar saber
que não estou dando conta sozinha, afinal ele fica com você de 15
em 15 dias.
- tudo para mim sozinha, não aguento mais, seu pai sumiu no
mundo e não quis saber de nada.
Essa é a melhor opção?
4. O filho não tem que viver essa dificuldade que é dos pais; entende-
se que não é fácil caminhar sozinha na arte de educar, mas fica
muito mais pesado e sofrido quando se joga essa situação ao filho
que a recebe e formata em comportamento agressivo, triste e até
mesmo depressivo.
Obs.: Às vezes o filho começa a não querer ir para casa do pai ou
voltar para casa da mãe porque um dos dois exige menos; quando o
grau de exigência é semelhante o filho vai percebendo que pai e
mãe estão falando a mesma coisa, têm as mesmas regras, isso é
AMOR, é dizer ao filho ‒ que mesmo separados estão juntos para
cuidar das coisas dele.
Júnia Araújo
Pedagoga e Mediadora
Imagem: Pixabay Photos