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Metodologia da Pesquisa – Fillipe Lorenzoni
Fichamento “Falando Sobre a Sociedade” do Howard S. Becker
BECKER, Howard. “Falando da sociedade” (capítulo 6). Métodos de pesquisa em Ciências Sociais. São
Paulo, Huicitec, 1993..
Howard Becker é um sociólogo americano, nascido em 1928, que em sua adolescência foi um pianista de
jazz e levava a faculdade de sociologia como um hobby, tornando assim um dos mais brilhantes alunos da
Escola de Chicago.
Em seu livro Métodos de pesquisa em Ciências Sociais Howard Becker (1993) debate no capítulo seis,
Falando Sobre a Sociedade, as “representações de sociedade como fatos sociais” (p. 136). O capitulo tem
uma narrativa leve, onde o autor começa contando sobre as formas da sua cidade, São Francisco, estado
da Califórnia, município conhecido por suas colinas, mas Becker aborda as questões dos mapas que não
as descrevem como um obstáculo para quem está sendo guiado por mapas e não estão em carros, por
exemplo, e deveram atravessar a pé o percurso. Através desse detalhe das colinas, o sociólogo discute as
falhas nas representações, os meios como essas representações são feitas e moldadas para que outra
pessoa a receba. E discute:
“Cientistas sociais e cidadãos comuns utilizam rotineiramente não somente mapas, mas uma grande
variedade de outras representações da realidade social – [...] Todos eles, assim como os mapas, fornecem
um retrato parcial que é, todavia, adequado a alguma proposta.” (1993, p. 136)
Discute a dimensão organizacional entre usuários e produtores (pag. 146), de uma forma direta, o autor
defende em seu ensaio que “todos os meios, em qualquer de seus usos convencionais, deixam de lado
muito, de fato a maior parte, da realidade” (p. 141) e finaliza discutindo alguns problemas organizacionais
e suas representações falseadas (p. 148) que aborda o pensamento daqueles que reclamam do sistema e
aponta que normalmente essas reclamações surgem quando as pessoas se sentem violadas.
A maior parte do seu ensaio é embasada na importância das representações sociais, no tratamento dos
produtores para os usuários, e ressalta que “a forma e o conteúdo de representações variam porque a
organização social molda não somente o que é feito, mas também o que as pessoas querem que as
representações façam, que tarefa precisam que sejam realizada [...], e que padrões usarão para julga-las”
(1993, p. 139).
A parte mais extensa do ensaio é tratamento que é necessário para se fazer representações, em Fazendo
Representações (p. 140), Becker debate os passos que exigem as representações, desde a produção até
a interpretação do usuário. A Seleção, escolher aquilo que é importante ou não para que algo seja
construído e passado adiante, e o autor debate sobre tudo aquilo é omitido e considera que as
representações se tornem imparciais, pois “todos os meios omitem o que quer que aconteça depois que
terminamos nossas atividades representacionais” (p.141).
Temos também uma demonstração da importância da Tradução como uma “analogia bastante frouxa,
como uma função que mapeia um conjunto de elementos (as partes que os produtores querem
representar) transpondo-os para um outro conjunto de elementos” (p. 141), exemplificando que na hora de
traduzir, a omissão ou mudança de significados, fica do interesse do produtor para com o que ele quer que
o usuário obtenha do produto.
A parte que retrata o papel dos produtores e os elementos padronizados que rementem a inúmeras
questões da intenção da representação e o que ela deve gerar no consumidor (p. 142). E afirma:
“Elementos padronizados têm os traços já encontrados em investigações dos mundos da arte. Eles tornam
possível a comunicação eficiente de ideias e fatos, graças à criação de uma forma reduzida conhecida por
todos os que necessitam do material. Mas, ao mesmo tempo, eles restringem o que o produtor pode fazer,
pois qualquer conjunto de traduções faz com que dizer algumas coisas fique mais fácil e dizer outras fique
mais difícil.” (1993, p.143)
No contexto das representações, o autor explica o Arranjo, e a importância do mesmo para dar um
sentindo da representação, definindo aquele momento em que monte um ordem aleatória ou não na
maneira de reproduzir conteúdo e dê sentindo ao que o usuário deve absorver.
Becker define no âmbito da Interpretação que as “representações só têm existência completa quando
alguém as esta usando, lendo ou assistindo, ou escutando, e, assim, completando a comunicação através
da interpretação dos resultados e da construção para si próprio da realidade que o produtor pretendeu
mostrar.” (p. 145).
No debate sobre Usuários e Produtores, Howard Becker descreve que “todos nós desempenhamos ambos
os papeis” (p. 146) e monta um panorama definindo como seria o mundo se dividido por usuários e
produtores. Para o mundo dominando por produtores, ele define que as “representações tomam a forma
de argumento” (p. 147), enquanto no mundo dos usuários, “são utilizadas como fichários” (p. 147).
No processo de representações formadas através de usuários leigos, elas tornam um caráter mais
detalhado, definido pela riqueza de informação necessária para um fim determinado, Becker trabalha o
conceito de fichário ou arquivo (p.147).
“Basta pensar na diferença existente entre um mapa de ruas que se compra numa loja e o mapa detalhado
e com indicações que eu faço pra que você chegue à minha casa. Representações leigas contêm
tipicamente mais detalhes e respostas para os usuários do que as que são feitas por profissionais.” (1993,
p.147)
Já os produtores, normalmente são profissionais que buscam escrever dentro de métodos já pré-definidos
por outros estudiosos, e que usam estes ensaios anteriores (dentro da literatura, por exemplo) para dar
continuidade a um pensamento e concluí-lo de uma forma não feitas antes.
E conclui essa relação, usuário e produtor, da seguinte forma:
“Dessa forma, argumentos e arquivos não são tipos de documentos, mas tipos de usos, maneiras
de fazer alguma coisa, ao invés de objetos ou coisas.” (1993, p.148)
E antes de uma conclusão para o ensaio, Becker discute, em Alguns problemas organizacionais:
representação falseada, que a tradição dos sociólogos na hora de analisar alguma representação,
está no fato de ouvir os problemas dessas representações, e destaca que “as regras e a
compreensão que governam as relações sociais ao ouvirmos as pessoas reclamarem quando
elas são violadas.”.
Essas representações deturpadas, que normalmente são acusadas por quem se sente
injustiçada, é narrada através de exemplos da modernidade, como em casos jornalísticos (p.149)
citados pelo autor, e Becker conclui este problema de uma forma bem simples, mostrando que o
problema é uma questão de interesse.
“As pessoas também afirmam que uma representação é deturpada quando seus interesses são
prejudicados porque o uso rotineiro de procedimentos padronizados aceitáveis deixou de fora
algo que, se fosse incluído, mudaria a interpretação do fato e, ainda mais importante, os
julgamentos morais que as pessoas fazem com base na representação.” (1993, p.151)
“De qualquer forma, o problema da representação deturpada é um problema de organização
social, de uma barganha que foi certa feita definida como boa o bastante para todos, e que agora é
redefinida como inadequada. Um grande número de problemas que perpassam os gêneros e os meios
podem ser similarmente analisados em termos organizacionais: a ética da representação, o problema da
autoridade de uma representação, ou a influência do contexto sobre o conteúdo.” (1993, p, 151)
Becker conclui que “a mesma realidade pode ser descrita de um enorme número de maneiras, visto que
descrições podem ser respostas para qualquer uma dentre uma multidão de questões.” (p. 151)
Em suma, a ideia geral do autor fica na capacidade de cada um definir o que é importante e como aquilo
deve ser representado na sociedade. É um ensaio que faz refletir o que exatamente cada ato, seja na
produção ou interpretação, pode causar na hora de refletir e narrar uma sociedade. O inevitável fica para o
ponto em que toda representação nunca é, em sua totalidade, uma verdadeira descrição da realidade, é
apenas um representação em um determinado ponto de vista, que gera um resultado determinado pelo
caminho em que representação foi orientada.
Bibliografia
BECKER, Howard. “Falando da sociedade” (capítulo 6). Métodos de pesquisa em Ciências Sociais. São
Paulo, Huicitec, 1993..
HELENA. Howard S. Becker: SKOOB, 2012.
Disponível em: < http://www.skoob.com.br/autor/6772-howard-saul-becker >.
Acesso em: 12/09/2013

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  • 1. Metodologia da Pesquisa – Fillipe Lorenzoni Fichamento “Falando Sobre a Sociedade” do Howard S. Becker BECKER, Howard. “Falando da sociedade” (capítulo 6). Métodos de pesquisa em Ciências Sociais. São Paulo, Huicitec, 1993.. Howard Becker é um sociólogo americano, nascido em 1928, que em sua adolescência foi um pianista de jazz e levava a faculdade de sociologia como um hobby, tornando assim um dos mais brilhantes alunos da Escola de Chicago. Em seu livro Métodos de pesquisa em Ciências Sociais Howard Becker (1993) debate no capítulo seis, Falando Sobre a Sociedade, as “representações de sociedade como fatos sociais” (p. 136). O capitulo tem uma narrativa leve, onde o autor começa contando sobre as formas da sua cidade, São Francisco, estado da Califórnia, município conhecido por suas colinas, mas Becker aborda as questões dos mapas que não as descrevem como um obstáculo para quem está sendo guiado por mapas e não estão em carros, por exemplo, e deveram atravessar a pé o percurso. Através desse detalhe das colinas, o sociólogo discute as falhas nas representações, os meios como essas representações são feitas e moldadas para que outra pessoa a receba. E discute: “Cientistas sociais e cidadãos comuns utilizam rotineiramente não somente mapas, mas uma grande variedade de outras representações da realidade social – [...] Todos eles, assim como os mapas, fornecem um retrato parcial que é, todavia, adequado a alguma proposta.” (1993, p. 136) Discute a dimensão organizacional entre usuários e produtores (pag. 146), de uma forma direta, o autor defende em seu ensaio que “todos os meios, em qualquer de seus usos convencionais, deixam de lado muito, de fato a maior parte, da realidade” (p. 141) e finaliza discutindo alguns problemas organizacionais e suas representações falseadas (p. 148) que aborda o pensamento daqueles que reclamam do sistema e aponta que normalmente essas reclamações surgem quando as pessoas se sentem violadas. A maior parte do seu ensaio é embasada na importância das representações sociais, no tratamento dos produtores para os usuários, e ressalta que “a forma e o conteúdo de representações variam porque a organização social molda não somente o que é feito, mas também o que as pessoas querem que as representações façam, que tarefa precisam que sejam realizada [...], e que padrões usarão para julga-las” (1993, p. 139). A parte mais extensa do ensaio é tratamento que é necessário para se fazer representações, em Fazendo Representações (p. 140), Becker debate os passos que exigem as representações, desde a produção até a interpretação do usuário. A Seleção, escolher aquilo que é importante ou não para que algo seja construído e passado adiante, e o autor debate sobre tudo aquilo é omitido e considera que as representações se tornem imparciais, pois “todos os meios omitem o que quer que aconteça depois que
  • 2. terminamos nossas atividades representacionais” (p.141). Temos também uma demonstração da importância da Tradução como uma “analogia bastante frouxa, como uma função que mapeia um conjunto de elementos (as partes que os produtores querem representar) transpondo-os para um outro conjunto de elementos” (p. 141), exemplificando que na hora de traduzir, a omissão ou mudança de significados, fica do interesse do produtor para com o que ele quer que o usuário obtenha do produto. A parte que retrata o papel dos produtores e os elementos padronizados que rementem a inúmeras questões da intenção da representação e o que ela deve gerar no consumidor (p. 142). E afirma: “Elementos padronizados têm os traços já encontrados em investigações dos mundos da arte. Eles tornam possível a comunicação eficiente de ideias e fatos, graças à criação de uma forma reduzida conhecida por todos os que necessitam do material. Mas, ao mesmo tempo, eles restringem o que o produtor pode fazer, pois qualquer conjunto de traduções faz com que dizer algumas coisas fique mais fácil e dizer outras fique mais difícil.” (1993, p.143) No contexto das representações, o autor explica o Arranjo, e a importância do mesmo para dar um sentindo da representação, definindo aquele momento em que monte um ordem aleatória ou não na maneira de reproduzir conteúdo e dê sentindo ao que o usuário deve absorver. Becker define no âmbito da Interpretação que as “representações só têm existência completa quando alguém as esta usando, lendo ou assistindo, ou escutando, e, assim, completando a comunicação através da interpretação dos resultados e da construção para si próprio da realidade que o produtor pretendeu mostrar.” (p. 145). No debate sobre Usuários e Produtores, Howard Becker descreve que “todos nós desempenhamos ambos os papeis” (p. 146) e monta um panorama definindo como seria o mundo se dividido por usuários e produtores. Para o mundo dominando por produtores, ele define que as “representações tomam a forma de argumento” (p. 147), enquanto no mundo dos usuários, “são utilizadas como fichários” (p. 147). No processo de representações formadas através de usuários leigos, elas tornam um caráter mais detalhado, definido pela riqueza de informação necessária para um fim determinado, Becker trabalha o conceito de fichário ou arquivo (p.147). “Basta pensar na diferença existente entre um mapa de ruas que se compra numa loja e o mapa detalhado e com indicações que eu faço pra que você chegue à minha casa. Representações leigas contêm tipicamente mais detalhes e respostas para os usuários do que as que são feitas por profissionais.” (1993, p.147) Já os produtores, normalmente são profissionais que buscam escrever dentro de métodos já pré-definidos por outros estudiosos, e que usam estes ensaios anteriores (dentro da literatura, por exemplo) para dar continuidade a um pensamento e concluí-lo de uma forma não feitas antes.
  • 3. E conclui essa relação, usuário e produtor, da seguinte forma: “Dessa forma, argumentos e arquivos não são tipos de documentos, mas tipos de usos, maneiras de fazer alguma coisa, ao invés de objetos ou coisas.” (1993, p.148) E antes de uma conclusão para o ensaio, Becker discute, em Alguns problemas organizacionais: representação falseada, que a tradição dos sociólogos na hora de analisar alguma representação, está no fato de ouvir os problemas dessas representações, e destaca que “as regras e a compreensão que governam as relações sociais ao ouvirmos as pessoas reclamarem quando elas são violadas.”. Essas representações deturpadas, que normalmente são acusadas por quem se sente injustiçada, é narrada através de exemplos da modernidade, como em casos jornalísticos (p.149) citados pelo autor, e Becker conclui este problema de uma forma bem simples, mostrando que o problema é uma questão de interesse. “As pessoas também afirmam que uma representação é deturpada quando seus interesses são prejudicados porque o uso rotineiro de procedimentos padronizados aceitáveis deixou de fora algo que, se fosse incluído, mudaria a interpretação do fato e, ainda mais importante, os julgamentos morais que as pessoas fazem com base na representação.” (1993, p.151) “De qualquer forma, o problema da representação deturpada é um problema de organização social, de uma barganha que foi certa feita definida como boa o bastante para todos, e que agora é redefinida como inadequada. Um grande número de problemas que perpassam os gêneros e os meios podem ser similarmente analisados em termos organizacionais: a ética da representação, o problema da autoridade de uma representação, ou a influência do contexto sobre o conteúdo.” (1993, p, 151) Becker conclui que “a mesma realidade pode ser descrita de um enorme número de maneiras, visto que descrições podem ser respostas para qualquer uma dentre uma multidão de questões.” (p. 151) Em suma, a ideia geral do autor fica na capacidade de cada um definir o que é importante e como aquilo deve ser representado na sociedade. É um ensaio que faz refletir o que exatamente cada ato, seja na produção ou interpretação, pode causar na hora de refletir e narrar uma sociedade. O inevitável fica para o ponto em que toda representação nunca é, em sua totalidade, uma verdadeira descrição da realidade, é apenas um representação em um determinado ponto de vista, que gera um resultado determinado pelo caminho em que representação foi orientada. Bibliografia
  • 4. BECKER, Howard. “Falando da sociedade” (capítulo 6). Métodos de pesquisa em Ciências Sociais. São Paulo, Huicitec, 1993.. HELENA. Howard S. Becker: SKOOB, 2012. Disponível em: < http://www.skoob.com.br/autor/6772-howard-saul-becker >. Acesso em: 12/09/2013