2. Radical assim, sim.
Você gosta do que você é.
Você admira quem tem as
qualidades que você também acha que
tem ou gostaria de ter.
Você gosta do que lhe diz respeito,
gosta das pessoas que têm
seu sangue,
das que você elege, das que
não ameaçam você.
3. Você e o mundo são assim.
Todos os seres humanos são assim,
racionalmente.
Na tv, concordamos com quem
diz o que nós pensamos.
No jornal, damos
crédito a quem escreve
o que nos representa.
No fundo, nós só gostamos
de nós mesmos.
4. Leio uma crítica do
Ricardo Feltrin e adoro-a.
Claro, ela reflete o que eu também
penso, tenho que gostar.
Dela, a crítica, dele, o crítico.
Cada ser humano se sente o centro
do mundo, vê tudo sob
sua ótica e só ama a si mesmo.
Até sua falta de auto-estima
prova que seu interesse
é só um, ele próprio.
Egoístas. Todos somos.
5. E aí vem o amor.
E dá uma rasteira no nosso
ego imbecil.
O amor.
6. Que subitamente faz com que a gente
ame alguma coisa, alguém,
que é um não-eu.
Não é a mamãe, nem o papai,
vovó, titio, filhinho.
É outra pessoa.
De outra família, outro lugar,
que tem outra história.
Muitas vezes, é até de
outro sexo.
7. E amamos esta pessoa sem saber
como ou por quê.
Porque o amor não é verbo que
a gente conjuga na primeira pessoa de
forma racional, amor é verbo que
faz da gente objeto.
O amor acontece.
E só quem aprende, entende, exercita
o amor sabe que sua potência,
sua imensidão.
Quem nunca amou, pode achar
que sabe, mas não sabe.
Amor é único, não parece
com nada.
8. O que mais se parece com amor deve ser
chocolate.
Ou queijo.
Quando a gente tem vontade de comer
chocolate não serve mais nada.
Só chocolate mesmo.
Queijo é assim também.
É uma coisa em si.
9. No fundo, todo mundo que vive
em desamor, de forma pontual
ou em longas doses ao longo dos anos,
vai ficando amargo.
Depois azedo.
Depois, podre.
As pessoas ruins, ácidas,
infelizes, que não sentem prazer,
vivem anestesiadas.
São sempre as mais ranzinzas, as mais
chatas, as que alfinetam,
as que ferroam
sem parar.
10. Não são rompantes normais da ira, é um
azedume que contamina tudo, uma
umidade triste de quem vive sem luz,
onde o bolor diário da inveja cresce.
É triste, isto.
Gente que vive embolorada por dentro,
por falta de amor e sol.
Lamento por todas elas.
Porque se elas se lançassem
ao amor, mudariam
num instante.
11. Texto : Rosana Hermann
Música : Bill Douglas – The Secret Forest
Formatação: Nair Flores
Email : nairefe@gmail.com
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