Um menino roubou o brinquedo de outro menino que estava na creche. O pai do menino que roubou o brinquedo parou a carrocinha, conversou seriamente com o filho e o fez devolver o brinquedo. O menino admirava muito o pai e o via como seu herói.
1. Caído na calçada Coluna: David Coimbra, Zero Hora - 26 de setembro de 2008 N° 15740
2. Ontem saí de casa mais cedo do que o nor- mal e a temperatura era amena de primavera e o dia estava amarelo e azul e do som do meu carro se evolava o rock suave da Itapema e eu me sentia realmente bem.
3. Estacionei numa rua quase bucólica do Menino Deus e vi que ali perto um catador de papel puxava sua carrocinha sem pressa.
4. Era magro e alto, devia andar nas franjas dos 50 anos e tinha a pele luzidia de tão negra. Ao seu lado saltitava um menino de, calculei, uns quatro anos de idade, tal-vez menos.
5. Bem. Ao menos foi o que jul- guei, certeza não podia ter.
6. Já ia me afastar quan- do, por entre as grades da cerca de uma creche próxi- ma, voou um brinquedo de plástico.
7. Um desses robôs cheios de luzes e vozes, que se trans- formam em nave espacial e prédio de apartamentos, ador a do pelas crianças de hoje em dia.
8. Algum garoto devia ter ati- rado o brinquedo para cima por engano, ou fora uma gra- cinha sem graça de um amigo.
9. O menino que era dono do brinquedo colou o rosto na gr a de como se fosse um presidiá- rio, angustiado.
10. O filho do catador de pa- pel correu até a calçada, co- lheu o robô do chão e não vaci lou um segundo: retornou face i ro para junto do pai, o brinque- do na mão, feito um troféu.
11. Olhei para o menino atrás da cerca. Estranhamente, ele não f a lou nada, não gritou, nem re- clamou.
12. Ficou apenas olhando seu brinquedo se afastar na mão do outro, os olhos muito arregala- dos, a boca aberta de aflição.
13. O pai olhou. E fez parar a carrocinha. Largou-a encostada ao meio-fio. Levou a mão calosa à cabeça do filho.
14. E se agachou até que os olhos de ambos ficassem no mesmo nível. A essa altura, eu, estacado no canteiro da rua, não conse- guia me mover.
15. Queria ver o desfecho da cena. O pai começou a falar com o menino. Falava devagar, com o olhar grave, mas não pare- cia nervoso.
16. Explicava algo com paciência e seriedade. O menino abaixou a cabeça, en- vergonhado, e o pai ergueu-lhe o quei- xo com os nós do dedo indicador.
17. Falou mais uma ou duas frases, até que o filho balançou a cabeça em concordância. A seguir, o menino saiu correndo em direção à creche.
18. Parou na grade, em frente ao outro garoto. Esticou o braço. E, em silêncio, devolveu-lhe o brinquedo.
19. Voltou correndo para o pai, que lhe enviou um sorriso e le- vantou a carrocinha outra vez. Seguiram em frente, o pai forcejando, o filho ao lado, agora não saltitante, mas pensativo, co n centrado.
20. Então, tive certeza: aquele olhar com que o menino observara o pai era mesmo de admiração, ele era de fato o seu herói.
21. Faze com que teu filho, até os 10 anos te obedeça, até os 20 te ame, e até a morte, te respeite. Até os 10 anos sê teu mestre, até os 20 sê seu pai, e até a morte, sê seu amigo. Leandro Strauss
22. Composição de imagens: Google Texto: Encrte Jornal Zero Hora Nº 15740 Música: Richard Clayderman - You'll Never Walk Alone Formatação: adsrcatyb@terra.com.br Revisão: ubiratan143@oi.com.br Site: www.momentos-pps.com.br Respeite os direitos autorais e de quem formatou. www.mensagensvirtuais.com.br