O documento discute o tabagismo como uma doença crônica e dependência química, enfatizando a necessidade de apoiar e compreender fumantes ao invés de julgá-los. Reconhece que o tabagismo causa dependência física e psicológica, levando fumantes a precisarem de nicotina para lidar com sintomas de abstinência e estresse, e que devem receber estímulo e apoio para parar de fumar.
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
Tabagismo é dependência química
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2. Tabagismo é uma Doença Crônica uma Dependência Química “ Precisamos entender que o fumante não é um sujo, um viciado, um fraco de vontade, um mal educado.... Mas alguém que contraiu uma doença, uma dependência e que precisa de apoio e compreensão. É preciso ter uma postura de empatia e acolhimento”. FONTE: Dicionário da Língua Portuguesa - Aurélio Buarque de Holanda
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7. Tabagismo no mundo atual a partir de 2020 países desenvolvidos 2 milhões 3 milhões países em desenvolvimento 2 milhões 7 milhões total 4 milhões 10 milhões Estimativa de morte anuais relacionadas ao tabagismo OMS,1999
23. Norte 40 % Nordeste 31 % Sudeste 41 % Centro-Oeste 38 % Sul 42 % (%) Fumantes na região
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29. ENTENDENDO O TABAGISMO COMO DEPENDÊNCIA Ministério da Saúde - MS Instituto Nacional de Câncer - INCA Coordenação de Prevenção e Vigilância - Conprev Divisão de Programas de Controle do Tabagismo e outros Fatores de Risco de Câncer
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31. O que é dependência à uma droga? Fonte: OMS e Associação Americana de Psiquiatria Existência de um padrão de auto-administração que, geralmente, resulta em tolerância, abstinência e comportamento compulsivo para consumir a droga”. O uso e a necessidade, tanto física quanto psicológica, de uma substância psicoativa, apesar do conhecimento de seus efeitos prejudiciais à saúde.
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35. Addison Yeaman, Brown & Williamson, 17 de julho de 1963 “ Nicotina causa dependência. Portanto nosso negócio é vender nicotina, uma droga que causa dependência e é efetiva no alívio do estresse”
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37. Phillip Morris:apresentação interna, 1984 “ Para relaxar, pelo sabor, para preencher o tempo, para fazer alguma coisa com as mãos. Mas na maioria dos casos, as pessoas fumam porque sentem que deixar de fumar é muito difícil” Por que as pessoas continuam a fumar?
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39. n o médio de cigarros fumados por adultos (18 a 20/dia) Necessidade crescente de nicotina para atingir o efeito desejado n o médio de cigarros fumados por adolescen-tes ( 9 /dia) Tolerância Estabelecendo a dependência física
48. 1) Quanto tempo após acordar você fuma o primeiro cigarro? Dentro de 5 minutos = 3 Entre 6-30 minutos = 2 Entre 31-60 minutos = 1 Após 60 minutos = 0 2) Você acha difícil não fumar em lugares proibidos como igrejas, cinemas, ônibus, etc? Sim = 1 Não = 0 TESTE DE FAGERSTRÖM Triagem
49. 3) Qual o cigarro do dia que traz mais satisfação? O primeiro da manhã = 1 Outros = 0 4) Quantos cigarros você fuma por dia? Menos de 10 = 0 De 11 a 20 = 1 De 21 a 30 = 2 Mais de 31 = 3 5) Você fuma mais freqüentemente pela manhã? Sim = 1 Não = 0 TESTE DE FAGERSTRÖM Triagem
50. 6) Você fuma mesmo doente, quando precisa ficar de cama? Sim = 1 Não = 0 Grau de Dependência: 0 - 2 pontos = muito baixo 3 - 4 pontos = baixo 5 pontos = médio 6 - 7 pontos = elevado 8 - 10 pontos = muito elevado TESTE DE FAGERSTRÖM Triagem
51. CONTEÚDO DAS SESSÕES SESSÃO 1 Entender por que se fuma e como isso afeta a saúde SESSÃO 2 Os primeiros dias sem fumar SESSÃO 3 Como vencer os obstáculos para permanecer sem fumar SESSÃO 4 Benefícios obtidos após parar de fumar
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53. MÉTODO DE PARADA SESSÃO Nº 1 Abrupta Gradual Adiamento Redução 1º dia 1º cigarro às 09 h 2º dia 1º cigarro às 11 h 3º dia 1º cigarro às 13 h 4º dia 1º cigarro às 15 h 5º dia 1º cigarro às 17 h 6º dia 1º cigarro às 19 h 7º dia Nenhum cigarro Fumante de 30 cigarros 1o dia 25 2o dia 20 3o dia 15 4o dia 10 5o dia 5 6o dia 0
63. O APOIO MEDICAMENTOSO NA ABORDAGEM DO FUMANTE Ministério da Saúde - MS Instituto Nacional de Câncer - INCA Coordenação de Prevenção e Vigilância - Conprev Divisão de Programas de Controle do Tabagismo e outros Fatores de Risco de Câncer
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Notas del editor
A partir desta transparência, todo o texto explicativo, passo a passo, encontra-se no livro “Falando sobre Tabagismo”.
Esta aula sobre tabagismo como dependência, tem como fundamental objetivo, modificar a visão de que o fumante é uma pessoa sem força de vontade, sem personalidade e sujo. O fumante é uma pessoa que possui uma doença, chamada dependência química.
As drogas psicoativas são definidas como substâncias naturais ou sintetizadas que ao serem ingeridas, produzem alterações no Sistema Nervoso Central (SNC), modificando o estado emocional e comportamental do indivíduo. Por serem drogas psicoativas, elas vão produzir prazer o que pode induzir~o indivíduo ao abuso e dependência.
O que é dependência de drogas ? Segundo definição da Organização Mundial de Saúde, representa ..................( ler o 1º item) De acordo com a Associação Americana de Psiquiatria a dependência de uma droga representa “a existência de um padrão de auto-administração que geralmente resulta em tolerância, abstinência e comportamento compulsivo para consumir a droga. Assim, quando uma pessoa não consegue alcançar seu bem-estar ou executar tarefas cotidianas, sem o auxílio de alguma substância psicoativa, tal fato caracteriza uma farmaco-dependência, drogadição, devendo ser ajudada, e acompanhada por profissionais de saúde. Portanto, não deve ser vista como falta de caráter, nem de força de vontade. A dependência química é uma doença e precisa ser tratada.
O diagnóstico de dependência química ocorre quando o usuário de qualquer droga apresenta 3 ou mais sintomas listados a seguir em 1 ano (12 meses).
Quanto a ação das drogas no Sistema Nervoso Central (SNC), elas são divididas em: - drogas depressoras - (ler a definição) - drogas estimulantes - (ler a definição) - drogas alucinógenas - (ler a definição) A nicotina está classificada como droga psicoativa estimulante.
Atualmente, fumar é considerado mais que uma opção de comportamento. É a dependência de uma droga, no caso a nicotina, que faz com que os fumantes mesmo querendo deixar de fumar, sejam repetidamente expostos às 4700 substâncias tóxicas do cigarro. Estudos laboratoriais mostram os efeitos da dependência da nicotina, tais como propriedades psicoativas resultantes de alterações da função cerebral através de efeitos sobre neurotransmissores como a dopamina, reforço comportamental levando a autoadminstração, tolerância e síndrome de abstinência O reconhecimento dessas propriedades psicoativas da nicotina levou a Organização Mundial de Saúde a incluí-la no grupo dos transtornos mentais e de comportamento decorrentes do uso de substâncias psicoativas na Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10.
Um cientista que trabalhou numa das indústrias fumageiras, a Brown Willianson, publicou alguns relatórios internos após sair da empresa, um deles dizia: “ Nicotina causa dependência. Portanto, nosso negócio é vender nicotina, uma droga que causa dependência e é efetiva no alívio do estresse” Addison Yeaman, da Brown Williamson, 17 de julho de 1963. Por essa declaração podemos perceber que esse fato já era bem conhecido nos meios de produção da droga, antes mesmo da comunidade científica ter esse conhecimento.
AGORA VEJAMOS TODO O PROCESSO QUE LEVA UM INDIVÍDUO A SE TORNAR FUMANTE. POR QUE OS FUMANTES COMEÇAM A FUMAR? A iniciação do tabagismo resulta da interação de fatores individuais que tornam o indivíduo mais suscetível ao uso da droga, e de fatores sócio- culturais que estimulam o uso e facilitam o acesso do indivíduo à droga. Fatores Sócio-culturais : Se um determinado comportamento é esperado ou até mesmo estimulado em uma sociedade, provavelmente ele terá uma maior adesão dos indivíduos a ele, do que em uma sociedade em que este comportamento não é aprovado. Da mesma forma a facilidade do acesso à droga é um fator decisivo na adoção do comportamento. Fatores Individuais – Na dimensão individual encontram-se disposições próprias de cada indivíduo, que influenciam na sua escolha do ambiente, nas suas reações ao ambiente, no desenvolvimento de suas habilidades para lidar com situações sociais e estresse crônico, assim somo, vários componentes da personalidade. O indivíduo também pode ser geneticamente mais suscetível a ação recompensatória da nicotina ou menos suscetíve a seus efeitos aversivos. Em função dessas influências 90% dos fumantes começam a fumar antes dos 19 anos de idade e as pesquisas mostram que a necessidade da aceitação social ou integração em um grupo, o modelo de comportamento de ídolos, pais e professores, são fatores importantes. Da mesma forma o estímulo através da publicidade, o fácil acesso através do baixo custo e o não controle da venda a menores
POR QUE AS PESSOAS CONTINUAM A FUMAR? Numerosas pesquisas mostram, que os fumantes relatam que fumam em parte porque fumar os ajuda a reduzir os sentimentos negativos, porque causa relaxamento, sensação de prazer e aumenta a concentração. Esses motivos são específicos a cada indivíduo e situação. E isso é bem conhecido e explorado pela indústria fumageira, como podemos perceber nesse relato: “ Para relaxar, pelo sabor, para preencher o tempo; para fazer algumas coisas com as mãos. Mas na maioria dos casos, as pessoas continuam a fumar porque sentem que deixar de fumar é muito difícil” ( Phillip Morris, apresentação interna, 1984) Como podemos ver por essa declaração dos que mais entendem de dependência de nicotina, existem diferentes componentes que resultam na dependência.
A fumaça do tabaco, durante a tragada, é inalada para os pulmões , distribuindo-se para a circulação e chegando, rapidamente, ao cérebro, em geral 7 segundos. Essa rápida absorção, é facilitada pelo grande número de alvéolos pulmonares - cerca de 70 m2 de superfície em cada pulmão, numa pessoa adulta, pela pequena espessura das paredes alveolares e pela irrigação capilar abundante. Além disso, o fluxo sangüíneo capilar pulmonar é rápido, e todo o volume de sangue do corpo percorre os pulmões em um minuto (Fiore, 1992). As substâncias inaladas pelos pulmões espalham-se pelo organismo com uma velocidade quase igual à de substâncias introduzidas por uma injeção intravenosa (Felleenberg,1980). As concentrações de nicotina no sangue arterial, aumentam rapidamente após uma tragada, com um pico de concentração plasmática de 24 a 50 ng/ml de nicotina e uma meia-vida de 30 a 120 minutos. Os níveis inicialmente altos após a inalação, diminuem à medida que a nicotina é redistribuída para outros tecidos do corpo. É por isso que os fumantes, geralmente, sentem necessidade de fumar um cigarro a cada meia hora, a fim de manter um nível satisfatório de nicotina na corrente sangüínea (Rosemberg,1987;Fiore,1992; Schuckit,1991; Rosemberg,1996). Todavia, devido às doses repetidas que o fumante recebe regularmente durante o dia, a nicotina se acumula por mais de 6 a 8 horas e persiste em níveis significantes por toda a noite. Ela é metabolizada principalmente pelo fígado (85-90%), dando origem aos seus metabólitos primários: cotinina e óxido de nicotina. A meia-vida da cotinina é de 18-36 horas, mesmo 72 horas após o último cigarro, ainda pode-se recuperar 90% de cotinina.
A resposta de auto-administração para a nicotina exibe um padrão dose resposta limitado. Ou seja em altas doses a droga torna-se aversiva, e o fumante não mais sente a sensação recompensatória. Isso ocorre porque depois que os níveis plásmáticos de nicotina atingem um determinado patamar,(30 a 60 mg em animais de laboratório) os receptores nicotinícos dopaminérgicos se dessensibilizam temporariamente não mais respondendo de forma prazerosa ao estímulo da nicotina. Só depois de um período de latência esses neurônios voltam a tornar-se sensíveis à ação recompensatória da nicotina. Com o uso crônico e as repetidas desensibilizações ocorre um aumento regulatório dos receptores e assim com a continuidade do uso, se estabelecem alguns aspectos da dependência física, como tolerância e síndrome abstinência. A tolerância acontece com quem fuma da mesma forma que acontece com quem usa outras drogas. A medida em que o uso se torna crônico surge progressivamente a necessidade de quantidades crescentes da droga para atingir o efeito desejado. Além de haver um aumento do número de receptores nicotínicos no cérebro, com o aumento da dose ocorre a dessensibilização dos mesmos em relação aos efeitos da nicotina. Por exemplo os adolescentes começam fumando apenas alguns dias por mês e progressivamente passam a fumar mais a medida que vão se tornando adultos. Só para termos uma idéia, o número médio de cigarros fumados por dia por adultos é de 18 a 20 cigarros, o dobro do fumado por adolescentes (9 cigarros por dia). E por que isso ocorre? Isso resulta do fenômeno chamado de tolerância .
Os processos comportamentais podem ser divididos em 2 categorias: Automáticos e não automáticos Não automático ou processo controlado – processo relativamente lento deliberado, consciente, associado com um sentimento de ação desejada. Automáticos - processos incorporados, que não requerem consciência, atenção deliberada ou controlada. Quando um estímulo específico existe, um processo automático é desencadeado sem requerer atenção consciente ou grandes recursos cognitivos. Por exemplo, quando dirigimos, nós não nos damos conta que estamos passando a marcha. Muitas vezes um estímulo nos faz frear instintivamente. No dia a dia do fumante, o fumar é visto como um processo que requer pouca consciência ou controle deliberado do ato de pegar um maço de cigarro, acender e fumá-lo O uso da nicotina passa ser associado a estímulos ambientais e assim se criam CONDICIONAMENTOS, que levam o indivíduo a acender um cigarro, na maioria das vezes sem perceber. Quantos fumantes não se dão conta muitas vezes de que acendeu um cigarro sem sequer perceber, estimulados por uma situação de estresse, por um cafezinho, a visão de alguém fumando. Dessa forma, o processo associado com a busca da nicotina e a auto-administração são automáticos. Processos não automáticos são necessários para se sobrepor ou resistir a processos automáticos. Portanto, existem apenas 2 tipos de situações onde o processo não automático é requerido para lidar com o fumar: .quando o fumante precisa vencer obstáculos para fumar. .quando o fumante está tentando deixar de fumar.
Como podemos perceber o ato de fumar, não ocorre em um contexto isolado. Cada episódio de consumo ocorre em ambientes e situações particulares do fumante. Todo esse ambiente pode estar associado com o efeito físico de ingerir nicotina ou sintomas de abstinência. Gradualmente a necessidade de fumar ocorre, ou quando existe um baixo nível de nicotina no organismo, ou quando um estímulo situacional, ambiental, emocional ou desejo estimula a necessidade de fumar. Os fumantes utilizam cigarros em praticamente cada aspecto das suas vidas diárias, assim existem muitas oportunidades para criar associações entre o ambiente e o comportamento de fumar. O ato de fumar também é mantido parte por outros pontos como o gestual, que significa a necessidade de manter sempre algo nas mãos, ou as sensações como o odor e o paladar que o cigarro produz, ou até mesmo a tentativa de evitar os sintomas da síndrome de abstinência.
Então o que fazer? Definitivamente, este não é o momento de fazer dieta. É importante que a pessoa aceite que será muito estressante controlar o peso enquanto tenta parar fumar. Lidar com duas mudanças comportamentais pode ser muito estressante e contraproducente . Estudos mostram que realizar um programa de controle de peso simultaneamente a um processo de cessação, pode aumentar as taxas de recaída . A melhor recomendação dietética é a mesma que damos a outros pacientes: não faça dieta , mas tenha uma dieta balanceada com muitas frutas, vegetais e grãos integrais, com pouca gordura e poucos alimentos doces. Faça pelo menos 4 refeições e beba bastante água. Informe ex fumantes com tendência a beliscar sobre opções de baixa calorias e atividades para manterem suas mãos ocupadas. Uma alimentação saudável, além de ajudar a controlar o peso, melhora a saúde e aumenta a auto estima.
Outro fator muito importante para minimizar o ganho de peso é o estímulo à atividade física. As pessoas com medo deengordar podem ser motivadas a aumentar o gasto de energia com o aumento de atividade física . Um programa regular de atividade física reduz significantemente a tendência de ganho de pes o após a cessação. A atividade física, não irá ajudar apenas a manter a peso, mas pode servir como uma atividade alternativa que irá ajudar a aguentar a retirada do cigarro . Um programa de exercícios pode auxiliar a reduzir o estresse bem como queimar calorias . Mas antes de recomendar um programa de atividade física intensa, faça ou peça uma avaliação da pessoa. Mesmo que não possa fazer um programa de atividades físicas, qualquer exercício é melhor do que nenhum exercício , então, oriente para: saltardo ônibus ou do trem um ou dois pontos antes e caminhar usar as escadas ao invés do elevador estacionar o carro um pouco mais longe e sempre que possível, caminhar ao invés de usar o carro aproveitara hora do almoço para dar uma caminhada andar de bicicleta, nadar, pular corda, dançar Recomenda-se 30 min/dia de atividade física leve ou moderada, na maioria dos dias da semana. Não precisa ser 30 minutos corridos. Você pode caminhar por 10 min na hora do almoço; + 10 min com as crianças depois do trabalho; e enquanto o jantar cozinha, você pode dançar por 10 min suas músicas preferidas. Assim você chega a 30 min todos os dias.
Os dados apresentados , ilustram porque o ganho de peso é um impedimento para a cessação de fumar. Para os profissionais da saúde fumar é muito mais perigoso para a saúde do que um ganho de 6,5 kg , mas também é importante compreender que um ganho do peso dessa magnitude pode ser bastante deprimente para a pessoa. E também parece não ser muito justo -- uma pessoa passa por um desafio tão difícil, parando fumar, e em vez de uma recompensa, sentem-se punidos. É importante concentrar esforços na cessação e fazer dieta apenas quando tiver parado de fumar com sucesso. A melhor abordagem , no momento é o estimulo a adoção gradual de estilos de vida saudável .
Deixar de fumar é um processo que na maioria das vezes leva tempo pois envolve mudança de comportamento. Muitos fumantes param de fumar sozinhos, outros precisam de ajuda de um profissional de saúde. O profissional de saúde deve ser estimulado a aconselhar seu paciente a deixar, independente do número de tentativas e “fracassos” que o paciente relata. O profissional de saúde deve procurar não fumar na unidade de saúde, pois a postura ética do mesmo como modelo de comportamento é a de mostrar e divulgar hábitos de vida saudáveis. Assim como engajar-se e apoiar ações que divulguem os malefícios do fumo e as medidas para o controle da poluição tabagística ambiental.
A partir deste slide todo o texto explicativo consta no livro “Manual do Coordenador - Deixar de fumar sem mistério”
Somente os grandes dependentes físicos de nicotina se beneficiam com o apoio medicamentoso. Assim, as situações potenciais para sua utilização devem seguir pelo menos um dos seguintes critérios: - pacientes que fumam 20 ou mais cigarros por dia; - pacientes que fumam o 1º cigarro do dia até 30 minutos após acordar e fumam, no mínimo 10 cigarros por dia; - pacientes que tentaram parar de fumar com apenas a abordagem cognitivo-comportamental, mas não conseguiram devido aos sintomas insuportáveis da síndrome de abstinência; - não haver contra-indicações clínicas que veremos adiante quais são. Os dois primeiros critérios diagnosticam os pacientes fumantes com alto grau de dependência física à nicotina.
Como utilizar o adesivo transdérmico: O disco adesivo deve ser fixado na pele, sempre na região do tronco e membros superiores, porém utilizando somente nos braços, e não nos ante-braços, em rodízio a cada 24 horas. Em resumo: Na data marcada pelo fumante para deixar de fumar, ele deve utilizar um adesivo, na região indicada, durante 24 horas. No dia seguinte ele deve retirar esse adesivo, jogando-o fora, e colocando outro em um lugar diferente, porém dentro da região indicada, e assim em diante. Por exemplo: se no 1º dia, ele coloca o adesivo no braço esquerdo, no 2º dia colocará o outro adesivo no tronco, no 3º dia no braço direito, etc. Ele pode molhar o adesivo, ao tomar banho, porém não deve ficar exposto ao sol diretamente. O adesivo deve estar sempre coberto pela roupa. A mulher não pode colocar o adesivo nos seios, e o homem deve evitar região em que tenha pêlos.
O adesivo transdérmico de nicotina é rapidamente absorvido pela derme, porém tem uma liberação lenta e contínua pela corrente sanguínea, atingindo o cérebro e dessensiblizando os receptores nicotínicos, ou seja, reduzindo o número desses receptores, gradativamente. Isso faz com que os fumantes deixem de fumar sem apresentar os sintomas da síndrome de abstinência de nicotina. Não há nenhum relato de dependência por uso dos adesivos, em trabalhos científicos, assim, o uso de adesivo de nicotina não faz com que o fumante fique dependente dele. Existe uma boa aderência do paciente ao tratamento pela facilidade do uso do adesivo.
A goma de mascar é absorvida pela mucosa oral. Não é uma goma de mascar comum, e sim um resinato, por isso, o paciente deve mascar com força e lentamente, até sentir um adormecimento, ou gosto desagradável na boca; nesse momento, ele deve parar de mascar e repousar a goma entre a gengiva e a bochecha, até o adormecimento ou o gosto desaparecerem, voltando a mascar até sentir novamente o adormecimento na boca, e aí repetir a operação, até completar 30 minutos, quando deverá jogar fora a goma de mascar. Portanto, a liberação da nicotina varia com a força de mascar do paciente, não sendo contínua, e sim em picos. A sua absorção média dura 15 horas ao dia. Por tudo isso, há uma menor aderência do paciente ao tratamento.
A posologia do adesivo transdérmico é a seguinte: Se o fumante apresenta o Teste de Fagerström entre 8 a 10, e fuma 20 ou mais cigarros por dia, ele vai utilizar o adesivo de 21mg, da 1ª a 4ª semanas, passando para o adesivo de 14mg, da 5ª a 8ª semanas, passando para o adesivo de 7mg, da 9ª a 12ª semanas. Se o fumante apresenta o Teste de Fagerström entre 5 a 7, e fuma de 10 a 20 cigarros por dia, e fuma o 1º cigarro nos primeiros 30 minutos do dia, ele vai utilizar o adesivo de 14mg, da 1ª a 4ª semanas, passando para o adesivo de 7mg, da 5ª a 8ª semanas. Os efeitos colaterais mais comuns do uso do adesivo transdérmico de nicotina, são: irritação local, podendo a chegar a eritema infiltrativo. Pode haver também náuseas, vômitos, hipersalivação e diarréia, mas são mais raros de ocorrer.
A terapia de reposição de nicotina possui as seguintes contra-indicações e precauções: - não fumar durante o tratamento: é uma contra-indicação relativa, pois pode haver risco de super-dosagem de nicotina; estudos recentes mostram que se o fumante usar o adesivo e fumar até 5 cigarros por dia, não há riscos, porém se ele se mantiver fumando enquanto estiver com a medicação, o seu objetivo, que é o de parar de fumar não está sendo cumprido, e não vale a pena continuar usando o adesivo; de outro modo, sabe-se que a proibição de fumar com o uso do adesivo de nicotina é um grande motivador para que paciente não volte a fumar, por ter receio de passar mal, com a possível overdose. - gravidez e amamentação: deve-se sempre evitar usar qualquer tipo de reposição de nicotina quando a fumante estiver grávida; deve-se tentar inicialmente apenas a abordagem cognitivo-comportamental; porém se houver insucesso, e a grávida continuar fumando, pode se pensar no uso de goma de mascar de nicotina, pois sua liberação não é contínua, como o adesivo; nesse caso fica totalmente proibido a grávida continuar fumando e usar goma de mascar de nicotina, ao mesmo tempo. - história de úlcera péptica: nesse caso, é contra-indicado o uso de TRN, pois a nicotina aumenta a produção de ácido clorídrico, podendo levar a gastrite e úlcera de estômago ou de duodeno (péptica); se o uso da reposição de nicotina for imprescindível, dar preferência sempre para o adesivo em vez da goma de mascar. - passado de IAM, angina, arritmia, derrame: a nicotina tem uma ação vasoconstrictora, aumentando a formação de trombos e a adesividade das plaquetas nas artérias; por isso, é totalmente contra-indicado o uso de TRN nos primeiros 15 dias após infarto agudo do miocárdio; porém, em outras condições cárdio-vasculares, deve-se pesar os riscos e benefícios da utilização da TRN; o monóxido de carbono, presente na fumaça do cigarro, também tem um importante papel nas doenças cárdio-vasculares; assim se o fumante apresenta alguma dessas patologias, e não consegue parar de fumar, pode-se prescrever adesivo ou goma de mascar de nicotina, porque ele estará recebendo menos nicotina do que se estivesse fumando, e não vai receber monóxido de carbono, o grande vilão das doenças cárdio-vasculares.
A bupropiona é um anti-depressivo atípico, ou seja, que também pode ser utilizado por fumantes sem história clínica de depressão, nas doses preconizadas. Ele é um inibidor da captação neuronal de dopamina e norepinefrina, tendo atividade dopaminérgica e noradrenérgica. Em suma, a bupropiona aumenta os níveis de dopamina no sangue, e parece bloquear os efeitos da síndrome de abstinência, assim ela simula a ação da nicotina, que é dar sensação de prazer aos fumantes, através da dopamina.
A posologia da bupropiona é a seguinte: O fumante deve iniciar o tratamento tomando 1 comprimido de 150mg pela manhã por 3 dias; a partir do 4º dia, ele passa a tomar 1 comprimido de 150mg pela manhã e outro comprimido de 150mg à tarde, mantendo um intervalo mínimo de 8 horas entre uma tomada e outra, até completar 12 semanas de tratamento. É importante alertá-lo que ele deve continuar fumando tomando o remédio, por 7 dias, parando de fumar no 8º dia após iniciar o uso da bupropiona. O nome comercial da bupropiona é Zyban, e só pode ser comprado sob receita médica controlada. Os efeitos colaterais mais comuns são insônia, geralmente sono entrecortado, além de boca seca, e convulsão.
As contra-indicações e precauções da bupropiona (Zyban), são geralmente relacionadas com o risco de convulsão que o paciente pode apresentar. Assim, história de convulsão no passado; epilepsia; anorexia nervosa; bulimia; etilismo pesado.; história de trauma do sistema nervoso central (SNC); acidente vascular cerebral (AVC) (derrame cerebral); traumatismo crânio-encefálico (TCE); câncer de cerébro, são contra-indicações absolutas para o uso da bupropiona. Portanto, não se pode utilizar Zyban em fumantes com essas condições!