O documento é um texto poético que descreve as características de alguém que não tem namorado(a). Ele lista várias atividades e sentimentos que uma pessoa precisa gostar ou sentir para ter um namorado de verdade, como dormir abraçado, falar do próprio amor, ir a shows e parques juntos. Originalmente atribuído ao poeta Carlos Drummond de Andrade, na verdade o autor é o escritor e deputado Artur da Távola.
3. Quem não tem namorado é alguém que tirou férias remuneradas de si mesma. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia. Paquera, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão é fácil.
4. Mas namorado mesmo é muito difícil. Namorado não precisa ser o mais bonito, mas ser aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio, e quase desmaia pedindo proteção.A proteção dele não precisa ser parruda ou bandoleira: basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição.
5. Quem não tem namorado não é quem não tem amor: é quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem três pretendentes, dois paqueras, um envolvimento, dois amantes e um marido; mesmo assim pode não ter nenhum namorado. a a a a
6. Não tem namorado quem não sabe o gosto da chuva, cinema, sessão das duas, medo do pai, sanduíche da padaria ou drible no trabalho. Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar lagartixa e quem ama sem alegria.
7. Não tem namorado quem faz pactos de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade, ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível de curar. Não tem namorado quem não sabe dar o valor de mãos dadas, de carinho escondido a hora que passa o filme, da flor catada no muro e entregue de repente...
8. ...de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque, lidabem devagar, de gargalhada quando fala junto ou descobre a meia rasgada, de ânsia enorme de viajar junto para a Escócia, ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo, tapete mágico ou foguete interplanetário. Não tem namorado quem não gosta de dormir, fazer sesta abraçado, fazer compra junto.
9. Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele, abobalhados de alegria pela lucidez do amor. Não tem namorado quem não redescobre a criança e a do amado, e vai com ele a parques, fliperamas, beira d'água, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou musical da Metro.
10. Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos, quem não se chateia com o fato de seu bem ser paquerado. Não tem namorado quem ama sem gostar; quem gosta sem curtir; quem curte sem aprofundar. Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada ou meio-dia do dia de sol em plena praia cheia de rivais.
11. Não tem namorado quem ama sem se dedicar, quem namora sem brincar, quem vive cheia de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele. Não tem namorado quem confunde solidão com ficar sozinha e em paz. Não tem namorado quem não fala sozinha, não ri de si mesma e quem tem medo de ser afetiva. Se você não tem namorado é porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando 200Kg de grilos e de medos: ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar.
12. Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesma e descubra o próprio jardim. Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela. Ponha intenção de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteio.
13. Se você não tem namorado é porque não enlouqueceu aquele pouquinho necessário para fazer a vida parar e, derepente, parecer que faz sentido.
14. Esta apresentação foi criada em 02/08/02. Os créditos da autoria constavam para: CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE. Porém, recebi um e-mail do senhor ARTUR DA TÁVOLA em 29.12.05 o qual anexou dois textos (recortes de jornal) nos quais consta que o texto utilizado para esta apresentação é de sua autoria. Clique para prosseguir
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16. Publicado em.: 21/12/1993..........Fonte..: JORNAL DO BRASIL Editoria.....: Caderno B...........Legenda: N Página.......: 32..................Edição.: 1ª Texto poético da CPI é de Artur da Távola O tom poético da crônica Ter ou não ter namorado? Eis a questão, encontrada em meio aos disquetes da construtora Norberto Odebrecht em Brasília, ajudou a quebrar o clima tenso da CPI do Orçamento. Mas a autoria, atribuída ao poeta Carlos Drummond de Andrade, pertence na verdade ao escritor e deputado federal Artur da Távola (PSDB-RJ). Este texto, cujo título verdadeiro é Quem não tem namorado, faz parte do volume de crônicas Amor a sim mesmo, editado pela Nova Fronteira em 1984. Apesar de pertencer a Artur da Távola, a crônica é fartamente distribuída no Rio de Janeiro, numa espécie de corrente (onde cópias xerocadas enfeitam cadernos de adolescentes e até de alguns adultos), com assinatura de Carlos Drummond de Andrade. A crônica pretende despertar a paixão entre aqueles que não tem namorado (a), no estilo leve e lírico que caracteriza os textos de Artur da Távola. O disquete onde se encontra registrado o texto foi apreendido na casa do diretor da Odebrecht Ailton Reis, e também continha trabalhos de faculdade de sua filha. [email_address] Clique no endereço para acessar a fonte => http://200.255.13.10/cgi-bin/folioisa.dll/jb1993.nfo/query=texto+po!E9tico+da+cpi/doc/{@1}/words=4/hits_only