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 black bloc é uma tática de guerrilha urbana, que se
constitui nas chamadas ações diretas: “destruição de
bancos, joalherias, lanchonetes , depredação de
instituições oficiais e empresas multinacionais,
shoppings, câmeras de segurança, etc.
 Black bloc (do inglês black, preto; bloc, agrupamento de
pessoas para uma ação conjunta ou propósito comum,
diferentemente de ,o sólido de matéria inerte) é o nome dado
a uma tática de ação direta, de corte anarquista, empreendida
por grupos de afinidade que se reúnem, mascarados e
vestidos de preto, para protestar em manifestações de rua,
utilizando-se da propaganda pela ação para desafiar o
estabelecimento e as forças da ordem. Black bloc é
basicamente uma estrutura efêmera, informal, não hierárquica
e descentralizada. Unidos, seus integrantes pretendem
adquirir força suficiente para confrontar as forças da ordem.
 A tática surgiu na Alemanha, nos anos 1980, como tática utilizada
por autonomistas e anarquistas para a defender os squats (ocupações)
contra a ação da polícia e os ataques de grupos neonazistas.
Posteriormente suas atividades ganharam atenção da mídia fora da
Europa, durante as manifestações contra o encontro da OMC em
Seattle, em 1999, quando grupos mascarados destruíram fachadas de
lojas e escritórios do McDonald's, da Starbucks, da Fidelity
Investments e outras instalações de grandes empresas.À diferença do
modus operandi de outros grupos anticapitalistas, os integrantes do
black bloc realizam ataques diretos à propriedade privada, como
forma de chamar a atenção para sua oposição ao que consideram
símbolos do capitalismo - as corporações multinacionais e os
governos que as apoiam.
Inicialmente as grandes redes de comunicação de massa difundiram
o entendimento de que black bloc seria uma organização
internacional. Mais recentemente, ficou claro que black bloc não é
uma organização ou grupo mas uma tática utilizada por vários
indivíduos anticapitalistas, que não mantêm muitas conexões entre
si. Na mesma manifestação, podem formar-se diversos blocos
negros, com diferentes objetivos e ações. Esses blocos podem até
mesmo entrar em confronto entre si, a exemplo do que ocorreu nas
protestos contra o G8, em Gênova (2001) e Montebello (Quebec),
em 2007, durante a Cúpula de Líderes da América do Norte (também
conhecida como Three Amigos Summit ou "Cúpula dos Três
Amigos", a saber: Estados Unidos, México e Canadá), quando
alguns policiais se infiltraram no black bloc. A polícia negou que os
agentes tivessem atuado como provocadores, mas um dos policiais
infiltrados foi filmado com uma grande pedra na mão.
 O black bloc geralmente é formado por anarquistas e integrantes de
movimentos afins (anticapitalismo e anti-globalização), que se
juntam para determinada ação de protesto. O objetivo pode variar em
cada caso, mas, em termos gerais, trata-se de expressar solidariedade
diante da ação repressiva do Estado e de veicular uma crítica,
segundo a perspectiva anarquista, acerca do objeto do protesto no
momento.Alguns também consideram um equívoco considerar o
bloc como violento. Para John Zerzan (teórico anarquista
considerado como uma espécie de ideólogo dos movimentos de
multidão) no documentário Surplus,11 não se pode falar em
violência contra objetos: não se violenta uma mesa, cadeira ou
vidraça.
 Segundo Zerzan, a violência só pode ser exercida contra outros seres
vivos, coisa que não acontece com o black bloc. "Veteranos" do
bloco confirmam essa visão: "Não somos violentos, jamais atacamos
pessoas (...) Não é violência destruir os símbolos do capitalismo
selvagem, da exploração, da globalização". Esses símbolos seriam
lojas, caixas automáticos, carros de luxo. Os blocs nunca andam
armados. Objetos simples, muitas vezes encontrados pelo caminho
(pedras, extintores de incêndio, placas de trânsito, vergalhões de aço
encontrados em canteiros de obras), são transformados em armas
improvisadas. O importante, para o sucesso da tática, é ser
imprevisível, incontrolável e visível apenas no breve momento da
ação, graças à inconfundível máscara e às roupas pretas.
 Entre os preceitos pregados, estão a destruição de propriedades
como forma de protesto e de chamar a atenção para suas posições.
Sedes de empresas que costumam apoiar os governos contra os
quais se protesta costumam ser alvo, assim como bancos, por sua
relação com o capitalismo – a essência do movimento é
anticapitalista.
 As roupas e máscaras pretas - que dão nome à tática e, por
extensão, também aos grupos que dela se utilizam - tanto visam
proteger a integridade física dos indivíduos quanto garantir seu
anonimato, caracterizando-os, em conjunto, apenas como um
único e imenso bloco.usadas para dificultar ou mesmo impedir
qualquer tipo de identificação pelas autoridades, também com a
finalidade de parecer uma única massa imensa, promovendo
solidariedade entre seus participantes.
 A participação de black blocs ocorreu em várias outras manifestações
posteriores. Mesmo no Brasil, no início da década de 2000, as
manifestações dos Dias de Ação Global contaram com ações da tática
black bloc, principalmente na resistência à repressão policial e também
no ataque aos símbolos do capitalismo.Esta resumida apresentação
demonstra que a existência dos black blocs não é nova, ela apenas se
tornou mais intensa no Brasil após as manifestações de 2013.
As manifestações que ocorreram no Brasil a partir de maio/junho de
2013, que ganharam repercussão nacional e espalharam-se pelo país
após tomarem as ruas da cidade de São Paulo com as ações contra o
aumento da tarifa do transporte organizadas pelo Movimento Passe
Livre (MPL), trouxeram um debate novo na imprensa brasileira: o
black bloc.
 Os setores conservadores, principalmente os que controlam as
grandes empresas de comunicação do país, acusam o black
bloc de ser um movimento social ou político, quando, na
verdade, constitui-se apenas como uma tática de guerrilha
urbana. A principal crítica está ligada às ações violentas de
enfrentamento às forças policiais (como o lançamento de
pedras e coquetéis-molotovs, bem como a queima de lixeiras
e outros materiais para formar barricadas) e de ataque a
prédios de instituições estatais e de grandes empresas. Para
esses setores da sociedade, os black blocs atentam contra a
ordem social ao realizar essas ações.
 A morte do jornalista Santiago Andrade, da TV Bandeirantes,
no dia 10 de fevereiro de 2014, tornou o debate e a crítica aos
black blocs ainda mais intensa. O cinegrafista morreu após
ser atingido supostamente por um rojão lançado por
manifestantes vestidos de cinza, em ato contra o aumento das
passagens do transporte coletivo no Rio de Janeiro, no dia 06
de fevereiro do mesmo ano.
 Os black blocs constituíram-se como uma tática, uma
manobra dentro da manifestação com o objetivo principal
de garantir a autodefesa dos participantes frente à
repressão policial que quase sempre é realizada e, em
todas as vezes, de forma violenta. O black bloc, dessa
forma, não é um movimento político, um grupo
anarquista ou uma ONG libertária.
Black bloc

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Black bloc

  • 1.
  • 2.  black bloc é uma tática de guerrilha urbana, que se constitui nas chamadas ações diretas: “destruição de bancos, joalherias, lanchonetes , depredação de instituições oficiais e empresas multinacionais, shoppings, câmeras de segurança, etc.
  • 3.  Black bloc (do inglês black, preto; bloc, agrupamento de pessoas para uma ação conjunta ou propósito comum, diferentemente de ,o sólido de matéria inerte) é o nome dado a uma tática de ação direta, de corte anarquista, empreendida por grupos de afinidade que se reúnem, mascarados e vestidos de preto, para protestar em manifestações de rua, utilizando-se da propaganda pela ação para desafiar o estabelecimento e as forças da ordem. Black bloc é basicamente uma estrutura efêmera, informal, não hierárquica e descentralizada. Unidos, seus integrantes pretendem adquirir força suficiente para confrontar as forças da ordem.
  • 4.
  • 5.  A tática surgiu na Alemanha, nos anos 1980, como tática utilizada por autonomistas e anarquistas para a defender os squats (ocupações) contra a ação da polícia e os ataques de grupos neonazistas. Posteriormente suas atividades ganharam atenção da mídia fora da Europa, durante as manifestações contra o encontro da OMC em Seattle, em 1999, quando grupos mascarados destruíram fachadas de lojas e escritórios do McDonald's, da Starbucks, da Fidelity Investments e outras instalações de grandes empresas.À diferença do modus operandi de outros grupos anticapitalistas, os integrantes do black bloc realizam ataques diretos à propriedade privada, como forma de chamar a atenção para sua oposição ao que consideram símbolos do capitalismo - as corporações multinacionais e os governos que as apoiam.
  • 6.
  • 7. Inicialmente as grandes redes de comunicação de massa difundiram o entendimento de que black bloc seria uma organização internacional. Mais recentemente, ficou claro que black bloc não é uma organização ou grupo mas uma tática utilizada por vários indivíduos anticapitalistas, que não mantêm muitas conexões entre si. Na mesma manifestação, podem formar-se diversos blocos negros, com diferentes objetivos e ações. Esses blocos podem até mesmo entrar em confronto entre si, a exemplo do que ocorreu nas protestos contra o G8, em Gênova (2001) e Montebello (Quebec), em 2007, durante a Cúpula de Líderes da América do Norte (também conhecida como Three Amigos Summit ou "Cúpula dos Três Amigos", a saber: Estados Unidos, México e Canadá), quando alguns policiais se infiltraram no black bloc. A polícia negou que os agentes tivessem atuado como provocadores, mas um dos policiais infiltrados foi filmado com uma grande pedra na mão.
  • 8.
  • 9.  O black bloc geralmente é formado por anarquistas e integrantes de movimentos afins (anticapitalismo e anti-globalização), que se juntam para determinada ação de protesto. O objetivo pode variar em cada caso, mas, em termos gerais, trata-se de expressar solidariedade diante da ação repressiva do Estado e de veicular uma crítica, segundo a perspectiva anarquista, acerca do objeto do protesto no momento.Alguns também consideram um equívoco considerar o bloc como violento. Para John Zerzan (teórico anarquista considerado como uma espécie de ideólogo dos movimentos de multidão) no documentário Surplus,11 não se pode falar em violência contra objetos: não se violenta uma mesa, cadeira ou vidraça.
  • 10.
  • 11.  Segundo Zerzan, a violência só pode ser exercida contra outros seres vivos, coisa que não acontece com o black bloc. "Veteranos" do bloco confirmam essa visão: "Não somos violentos, jamais atacamos pessoas (...) Não é violência destruir os símbolos do capitalismo selvagem, da exploração, da globalização". Esses símbolos seriam lojas, caixas automáticos, carros de luxo. Os blocs nunca andam armados. Objetos simples, muitas vezes encontrados pelo caminho (pedras, extintores de incêndio, placas de trânsito, vergalhões de aço encontrados em canteiros de obras), são transformados em armas improvisadas. O importante, para o sucesso da tática, é ser imprevisível, incontrolável e visível apenas no breve momento da ação, graças à inconfundível máscara e às roupas pretas.
  • 12.
  • 13.  Entre os preceitos pregados, estão a destruição de propriedades como forma de protesto e de chamar a atenção para suas posições. Sedes de empresas que costumam apoiar os governos contra os quais se protesta costumam ser alvo, assim como bancos, por sua relação com o capitalismo – a essência do movimento é anticapitalista.
  • 14.
  • 15.  As roupas e máscaras pretas - que dão nome à tática e, por extensão, também aos grupos que dela se utilizam - tanto visam proteger a integridade física dos indivíduos quanto garantir seu anonimato, caracterizando-os, em conjunto, apenas como um único e imenso bloco.usadas para dificultar ou mesmo impedir qualquer tipo de identificação pelas autoridades, também com a finalidade de parecer uma única massa imensa, promovendo solidariedade entre seus participantes.
  • 16.
  • 17.  A participação de black blocs ocorreu em várias outras manifestações posteriores. Mesmo no Brasil, no início da década de 2000, as manifestações dos Dias de Ação Global contaram com ações da tática black bloc, principalmente na resistência à repressão policial e também no ataque aos símbolos do capitalismo.Esta resumida apresentação demonstra que a existência dos black blocs não é nova, ela apenas se tornou mais intensa no Brasil após as manifestações de 2013. As manifestações que ocorreram no Brasil a partir de maio/junho de 2013, que ganharam repercussão nacional e espalharam-se pelo país após tomarem as ruas da cidade de São Paulo com as ações contra o aumento da tarifa do transporte organizadas pelo Movimento Passe Livre (MPL), trouxeram um debate novo na imprensa brasileira: o black bloc.
  • 18.  Os setores conservadores, principalmente os que controlam as grandes empresas de comunicação do país, acusam o black bloc de ser um movimento social ou político, quando, na verdade, constitui-se apenas como uma tática de guerrilha urbana. A principal crítica está ligada às ações violentas de enfrentamento às forças policiais (como o lançamento de pedras e coquetéis-molotovs, bem como a queima de lixeiras e outros materiais para formar barricadas) e de ataque a prédios de instituições estatais e de grandes empresas. Para esses setores da sociedade, os black blocs atentam contra a ordem social ao realizar essas ações.
  • 19.
  • 20.  A morte do jornalista Santiago Andrade, da TV Bandeirantes, no dia 10 de fevereiro de 2014, tornou o debate e a crítica aos black blocs ainda mais intensa. O cinegrafista morreu após ser atingido supostamente por um rojão lançado por manifestantes vestidos de cinza, em ato contra o aumento das passagens do transporte coletivo no Rio de Janeiro, no dia 06 de fevereiro do mesmo ano.
  • 21.  Os black blocs constituíram-se como uma tática, uma manobra dentro da manifestação com o objetivo principal de garantir a autodefesa dos participantes frente à repressão policial que quase sempre é realizada e, em todas as vezes, de forma violenta. O black bloc, dessa forma, não é um movimento político, um grupo anarquista ou uma ONG libertária.