Este documento descreve a evolução da psicologia clínica em Portugal desde 1948 até 2009. Começou com laboratórios de psicologia médica em hospitais psiquiátricos, sem formação específica. Posteriormente, a formação acadêmica começou em 1962 e estágios clínicos em 1967. Mais recentemente, a especialidade em psicologia clínica foi regulamentada através de concursos para estágios a partir de 1998. Isto levou a ganhos como maior qualidade das práticas e visibilidade da psicologia cl
Sobre a carreira dos Psicólogos Clínicos por Dr. Maria Ercília Duarte
1. V Jornadas do Gabinete de Neuropsicologia
CHLO
Dezembro 2009
Maria Ercília Duarte
SPCP-CHPL
Sobre a Carreira da
Psicologia Clínica
2. Um começo
Em 1948 é criado o primeiro Laboratório de Psicologia Médica
dirigido pelo psiquiatra e psicanalista Almada Araújo, no recém-
criado HJM
Objectivos:
• Avaliação do rendimento intelectual de doentes de
evolução prolongada para orientação para a ergoterapia
ou para a integração socioprofissional
• Colaboração nas perícias forenses
• Exame psicológico de doentes com indicação para a
psicocirurgia ou já leucotomizados (S. P. 1947)
3. Sem percurso profissional
• Ausência de formação própria ou estruturada
• Exercício por médicos psiquiatras ou outros com
formação em psicologia, no estrangeiro
• Licenciados em C. Histórico-filosóficas com tese
final no âmbito da psicologia
• Preparadores de psicologia – sem habilitação com
treino em aplicação de provas psicométricas
4. Um percurso
• A formação académica especifica
ISPA 1962
• Os 1º estagiários em diferentes serviços 1967
Do modelo de laboratório ao modelo clínico
• A Faculdade de Psicologia 1975 (1ºlic em 1980)
• Extinta a função de preparador de psicologia 1975
• Actualmente 30/40 cursos de Psicologia
• 18000 psicólogos licenciados/<800 na saúde
5. Caminho para a profissionalização
• aprender sozinho/dependência de outras especialidades
• Trabalho voluntário
• A importância de Serviços de Psicologia: reflectir sobre as
necessidades, fazer propostas, formar outros - Uma
identidade
• Propostas de formação profissional, de carreira, de
estatutos, de legislação
• A legislação de 1994
• O estágio da especialidade - internato em psicologia clínica
6. A profissionalização
• A questão ética de base
• Comum a outros
• Os estágios da especialidade
• Ganhos e expectativas
7. Comum a outros
• Entre a década de 80 e 90 assiste-se à
criação, em vários países da Europa, de
processos de formação que implicam
selecção, treino em áreas diversificadas
com tutoria, avaliação das competências
adquiridas.
8. Estágios da especialidade
• Concursos (1998-36 vagas, 1999 -64 vagas, 2000
-17+130 vagas)
• Equiparações (1995/1996; 2002)
• Vagas (H. Psiquiátricos, hospitais gerais, hospitais
de especialidade – pediatria, oncologia,
maternidade – IDT). A idoneidade dos locais.
• Orientadores
• Um trabalho de conjunto, o CCE e a C. Consultiva,
os encontros nacionais, a criação de instrumentos,
9. Estágios da especialidade
• Áreas funcionais
– Avaliação psicológica
– Intervenção psicológica
– Investigação
– Intervenção Comunitária / Preventiva
– Acção Pedagógica
• Cobertura do Ciclo de Vida
• Exploração de diferentes contextos de intervenção
– Saúde Primária, Saúde Mental, Serviços Especializados
10. Estágio da especialidade
• Formação teórica – 3 cursos teóricos
• Avaliações finais – processo que integra a
avaliação quantitativa dos 3 anos com uma
avaliação global (integração de
conhecimentos, aptidões e atitudes
adquiridas).
11. Os números
Das 247 vagas só foram ocupadas 205
• IDT 63% 129
• H. Gerais 16,6% 34
• H. Psiq. 12 % 25
• H. espec. 5,4 % 11
• C. S. 3 % 6
12. Ganhos claros
• Maior proximidade entre os profissionais,
sentimento de pertença
• Questionamento de práticas enraizadas
• Contacto com diferentes realidades profissionais
• Descobrir diferentes modelos e linguagens
• A qualidade das práticas
• Visibilidade da Psicologia Clínica onde ela não
existia
• Maior envolvimento - esboço de redes
• Partilha de problemas
13. Expectativas
• Reconhecimento por parte da saúde da sua função formadora enquanto
critério fundamental para a qualidade dos serviços prestados;
• Reforço da importância da supervisão como pressuposto à prática clínica
– qual o papel das instituições de ensino superior e as da saúde?
• Alargamento da obrigatoriedade de habilitações específicas a outros
contextos da prática clínica em psicologia, nomeadamente ao domínio
privado;
• Processo de reconhecimento de competências e possibilidade de as
completar para obtenção do grau de especialista
• Renovação regular da carteira profissional, obrigando a uma
actualização constante por contraste à acomodação ao grau adquirido –
a formação contínua
14. Carreira / Profissão
• A especificidade da Psicologia Clínica - o rigor cientifico
• A interdisciplinaridade – uma identidade clara
• A proximidade académica da prática: formação e investigação
• Critérios claros para o exercício da profissão
• Muitas áreas pouco povoadas
• Campos de intervenção que se alargam
(neuropsicologia; stress traumático; doenças crónicas,
envelhecimento, psicoterapias breves estruturadas, individuais e de
grupo, etc)
• A responsabilidade dos profissionais na definição da sua profissão /
na defesa da sua carreira
15. Sinais de futuro
• A formação continua como condição para a manutenção
de autorização para o exercício profissional
• A avaliação da práticas com base na evidência dos
resultados
• A ênfase nas boas práticas – qualidade, eficiência e
eficácia
• A partilha de saberes com a Universidade - prática de
acção-investigação – as metodologias de investigação,
a actualização do conhecimento
• A Ordem dos Psicólogos