1) O artigo discute os princípios originais do PT e como o partido se afastou desses princípios ao assumir o poder.
2) Argumenta que o Brasil precisa de lideranças políticas competentes para lidar com os complexos problemas do país.
3) Defende que os cidadãos devem participar ativamente dos partidos políticos para ter mais influência sobre as escolhas dos candidatos.
1. OPINIÃO
O PREÇO A PAGAR
*Dimpino Carvalho
Platão (428-347 AC) disse: “O PREÇO A PAGAR PELA TUA
NÃO PARTICIPAÇÃO NA POLÍTICA É SERES GOVERNADO
POR QUEM É INFERIOR”.
O PT em seu estatuto, artigo primeiro, diz ser um partido
socialista. Até aí nada de anormal, está inserido nos princípios
fundamentais da democracia e da liberdade de pensamento,
assegurados na Constituição Brasileira. Ser socialista na
busca de um modelo político e econômico que atendam as
mais legítimas aspirações, necessidades e vocação de um
povo é algo marcante e digno de respeito, admiração e de
apoio. Assim surgiu o PT: definido, rígido, determinado, sem
subterfúgio ideológico e corajosamente identificado, pregando
ética e seriedade no trato da coisa pública, acenando dias
melhores para todos, assegurando integração social à
população de baixa renda, mediante oportunidades de
educação e trabalho, e mostrando, ainda mais, ser possível
superar o estágio de subdesenvolvido. Além disso, composto
por um grupo de intelectuais da mais alta reputação,
reconhecido mundialmente, apoiado por cerca de oitenta por
cento de cidadãos com nível universitário, setor importante da
igreja católica, empresários de peso e trabalhadores de todas
as categorias e ainda sustentando a grande bandeira da
esperança do povo brasileiro, de deixar de ser “país do futuro”
e afastar-se definidamente do terceiro mundo.
2. O ex-presidente Jânio Quadros em uma “das suas”, disse: “Se
andar de trem, vai longe”. E o PT andou de trem. Foi longe,
muito longe. Chegou ao poder apoiado e comprometido com a
seriedade de seus princípios e com muitos intelectuais de
reconhecido valor ao seu lado alem de aglutinar em torno de si
uma respeitável elite política, de impoluto conceito e de muito
valor. No poder, saltou do trem, menosprezou valores que
tinha, esqueceu os nobres princípios que o levaram ao poder e
tomou o avião. Fez aliança e “alianças”. Esqueceu os
supremos compromissos do passado. Trocou o socialismo
científico que defendia, pelo populismo vulgar que machuca a
idéia e os princípios do socialismo cientifico e também, do
utópico.
No principio parecia querer substituir o regime representativo,
acenando pouco valor ao congresso, pelo participativo,
prestigiando os sindicatos e associações, mas, na dura
verdade se embrenhou mesmo, foi no populismo
inconseqüente que, sem dúvida, contribuiu para conquistar
mais dois mandatos consecutivos e a concorrer com
possibilidades de vitória ao quarto.
Esquecidos os seus princípios abriu a janela para um vasto
horizonte de decepções, de incertezas, cujas conseqüências a
médio e longo prazo, são imprevisíveis ou quando previsíveis
nada de bom reserva para o povo que ostenta tanta esperança
na nação democrática e livre que ainda é o Brasil.
Hoje, o PT sustenta um mundo de atos e fatos, que quando fora
do poder condenou, e se analisados e considerados por
centros identificados com o sentimento maior de pátria, pode
comprometer o seu futuro, interromper a sua trajetória e jogar
por terra seu sonho, se é que tem, rumo a um “socialismo
internacionalizado” e até arranhar a sublime vocação
democrática da nação brasileira.
3. O Brasil acumula problemas de ordem política, social,
econômica, financeira, jurídica, fiscal, tributária, segurança e
seguridade, saúde pública e educação de qualidade, legislação
trabalhista, burocracia, qualidade de vida, políticas e acordos
internacionais dúbios, tolerância à inflação, comunicações e
transporte, gastos públicos irresponsáveis entre muitos outros
que para se encontrar o roteiro das soluções passa
obrigatoriamente, por um poder gerido por um estadista de
grande *envergadura, firmeza e determinação sem precisar
esquecer a esperança de uma nova ordem econômica, política
e social mais justa ainda não claramente desenhada.
Avizinha-se uma eleição que pode marcar de modo decisivo a
linha política futura da nação, bem como o seu destino
econômico e o bem estar da sociedade brasileira. Está tudo em
poder de lideranças de dentro dos partidos políticos, que
entregarão aos cidadãos brasileiros, em grande número,
politicamente pouco preparados para visualizar o que é um
estado, um país ou uma nação, o exercício da obrigação de
homologar um dos nomes que, por mera e leviana
conveniência, escolheram.
Não sei quem disse e não concordo: “Não é a política que faz o
candidato virar ladrão. É o seu voto que faz o ladrão virar
político”. A afirmação é muito pesada e exagerada. É preferível
dizer que a ausência de pessoas de **envergadura em maioria
nos diretórios dos partidos políticos, onde se escolhem os
candidatos para o povo homologar através do voto livre, mas
obrigatório, deixa espaços para os impróprios, até por falta de
opção nos partidos, transformarem-se em legítimos
representantes do povo. O povo não tem direito de escolher, a
não ser participando ativamente dentro dos partidos políticos,
onde não está presente.
No sistema político brasileiro o eleitor é uma espécie de
espectador passivo, muito frágil diante da mídia contundente,
comprometida e massificadora, é um tipo de fantoche obrigado
por lei a homologar escolhas que não fizeram, nem
4. participaram, e, na maioria das vezes bem distante de suas
aspirações.
Vários líderes empresariais, comunitários, de reputação ilibada
e competência, autênticos formadores de opinião no meio em
que vivem, recusam-se categoricamente, a participar dos
partidos políticos e justificam suas descabidas e inoportunas
convicções com argumentos bastante frágeis. Isso é o que
mais facilita e contribui para o trânsito livre dos oportunistas,
descomprometidos com o destino do povo e da nação.
Um país que tem a população grande, mercado consumidor
amplo, acesso fácil ao mercado internacional, recursos
econômicos diversificados e em abundância, integridade
territorial, ausência de conflitos étnicos e religiosos, diversas
universidades, imprensa moderna e livre, dezenas de partidos
políticos bem estruturados e com as mais diversas matrizes
ideológicas, passando dificuldades agigantadas, PIB medíocre,
dívida interna avassaladora e preocupante, déficit na balança
comercial, consumismo generalizado, débito das famílias
acima da capacidade de pagamento, classe média com a corda
no pescoço, desestímulo à poupança, desmando
administrativo em todos os setores da administração pública,
tem lei que pune uma palmadinha, outra o agricultor que mata
uma cobra ou derruba uma árvore para em seu espaço produzir
alimento e outras, que asseguram bolsa a quem mata um pai
de família, assalta, estupra, propriedades privadas são
invadidas por incentivo de ONGS com supostos vínculos
internacionais e com clara conivência dos governos e outras
coisas, é um país que precisa de um estadista de **envergadura
no seu comando. Esse país é o Brasil.
* é agricultor
** envergadura – Houaiss: aptidão, capacidade intelectual, competência, talento.