Este documento descreve as práticas de ensino de uma bolsista do PIBID em aulas de inglês na escola fundamental. A bolsista usou o conto "Goldilocks and the Three Bears" para ensinar vocabulário sobre partes da casa e adjetivos. As atividades foram contextualizadas e interdisciplinares com artes, melhorando a compreensão dos alunos. O uso de literatura infantil mostrou-se efetivo para ensinar inglês de forma contextualizada e prática.
1. Literatura e Interdisciplinaridade: Um Caminho para Práticas
Contextualizadas nas Aulas de Língua Inglesa
Hanna Flávia Flores1
, Caique Fernando da Silva Fistarol2
(1)
Estudante de Letras – Português/Inglês e bolsista do PIBID – Subprojeto Interdisciplinar Linguagens; Fundação
Universidade Regional de Blumenau - FURB; Blumenau, Santa Catarina; hanna-flavia@hotmail.com. (2)
Supervisor do
Subprojeto Interdisciplinar de Linguagens do PIBID da Universidade Regional de Blumenau (FURB);
caique.fstarol@yahoo.com.br
RESUMO: Este relato apresenta as práticas de uma acadêmica de Letras, bolsista do subprojeto
Interdisciplinar Linguagens do PIBID da Fundação Universidade Regional de Blumenau –FURB
em uma turma do ensino fundamental de uma escola pública de Blumenau-SC. Os trabalhos da
bolsista se davam nas aulas de Língua Inglesa, e por isso esse relato também objetiva mostrar
possíveis práticas no ensino do idioma através do uso da literatura infantil, de práticas
interdisciplinares e de usos de recursos midiáticos, visto a importância da contextualização do
ensino ao cotidiano dos alunos.
Palavra Chave: Língua Inglesa, Literatura infantil, Interdisciplinaridade
INTRODUÇÃO
No início da formação docente os futuros professores, apesar de já terem contato com
diversas teorias sobre ensino e aprendizagem, não têm muitas vezes a oportunidade de colocar
esses conhecimentos à prova em situações práticas, ou seja de utilizá-los em sala de aula.
É nesse ponto que para os licenciandos participar do Projeto Institucional de Bolsas de
Iniciação à Docência – PIBID se torna uma oportunidade valiosa de ser introduzido no contexto
escolar e de adquirir experiências e visões acerca do ensino, o que leva também à reflexão da
relação entre teoria e prática e a busca de novas estratégias na atuação docente. Além disso,
outro fator que leva a esses resultados é interação, que se faz importante não só na educação de
crianças e jovens, mas na formação de professores, pois o compartilhamento e debate de
vivências em sala de aula e conhecimentos teóricos entre os professores e os futuros professores
proporciona a reconstrução de saberes e novos olhares para os trabalhos educacionais.
Dessa forma, faz-se importante estudos que relatam as experiências dos licenciandos em
suas práticas docentes, e assim, apresenta-se esse relato no qual traz os resultados e conclusões
acerca das ações realizadas por uma bolsista dentro de um subprojeto do PIBID.
Portanto, além de apresentar experiências em sala pela bolsista, esse relato também
objetiva apresentar possíveis práticas pedagógicas no ensino de Língua Inglesa para o Ensino
Fundamental em escolas públicas.
METODOLOGIA
Este relato apresenta de forma qualitativa e descritiva as análises e resultados das práticas
realizadas por uma acadêmica do terceiro semestre do curso de Letras da Fundação Universidade
Regional de Blumenau - FURB, bolsista do subprojeto Interdisciplinar Linguagens integrante do
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID.
O subprojeto Interdisciplinar Linguagens iniciado no primeiro semestre de 2014, contava,
na época das práticas apresentadas, com cinco bolsistas licenciandos dos cursos de Letras e
Pedagogia, assim como um professor supervisor atuante na área de Língua Inglesa na rede
pública de ensino e uma professora coordenadora da universidade atuante na área de Língua
Inglesa.
II Seminário de Pesquisa e Prática Pedagógica – SP3, IFSC – Câmpus Gaspar, 06 e 07 de Novembro de 2014.
2. O subprojeto tinha e ainda tem como objetivo principal a
ampliação de vocabulários em Língua Inglesa dos alunos do Ensino Fundamental da Escola
Básica Municipal Annemarie Techentin, localizada Blumenau-SC, através do uso de contos
clássicos da literatura infantil nas aulas de língua inglesa. Além disso, através dos contos, o
subprojeto vê a possibilidade de instigar o interesse dos alunos pela literatura assim como,
proporcionar um ensino mais contextualizado, na qual novos vocabulários e regras gramaticais
são apresentados dentro de um tema norteador.
Para as práticas, os bolsistas passam semanalmente um turno na escola, e participam de
reuniões com o professor supervisor e professora coordenadora. Nas reuniões são feitos diálogos
com troca de experiências, leituras de textos teóricos e aporte para as sequências didáticas, o que
contribui para que os bolsistas consigam elaborar seus planos de ensino de uma forma que
melhor se adapte as turmas e aos objetivos do subprojeto.
As práticas descritas nesse relato são de uma das bolsistas do subprojeto que trabalhava
todas as segundas-feiras com a turma do 6º ano B matutino durante o segundo semestre de 2014.
Para nortear os estudos acerca das análise e resultados obtidos esse trabalho baseia-se
nos postulados dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Estrangeira para o Ensino
Fundamental, nas Diretrizes Curriculares Municipais de Blumenau e nas ideias de alguns autores
(FORTUNATO, CONFORTIN, SILVA; 2013), (HOFF; 2013) e (VASCONCELLOS; 1993).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As práticas da bolsista tiveram início no segundo semestre de 2014 nas aulas de Língua
Inglesa do 6º ano B da Escola Básica Municipal Annemarie Techentin, tendo a sequência didática
apresentada a duração de 12 aulas.
O planejamento das aulas foi sendo construído durante as primeiras reuniões semanais
em que a bolsista participara, e assim, através do diálogo com o professor supervisor e suas
orientações quanto as competências da turma e os eixos que deveriam ser abordados foi
escolhido o conto Cachinhos Dourados e os Três Ursos (Goldilocks and the Three Bears) para ser
trabalhado com a turma, pois os alunos já tinham um conhecimento do conto em Língua
Portuguesa, e o nível de dificuldade do texto se encaixava com os seus níveis de compreensão
em Língua Inglesa com suas faixas etárias.
Após a escolha do conto e com base nos objetivos do projeto, das orientações do
professor supervisor e da leitura das Diretrizes Curriculares Municipais de Blumenau a bolsista fez
a análise da narrativa para definir quais os vocabulários e usos gramaticais mais recorrentes, para
que posteriormente pudessem ser tratados com os alunos de forma mais aprofundada. Sendo
assim, foram definido os temas “Casa” (tipos de moradias, partes externas e internas, e móveis), e
Adjetivos (Adjetivos simples, ordem e graus).
Durante todo o processo de criação do plano de ensino, a bolsista recebeu ajuda de todos
os participantes do subprojeto, que pessoalmente ou por e-mails davam orientações quanto a
sequencias didáticas e produtos finais. Auxílio esse que foi de grande valia, pois a bolsista estava
no começo da graduação e ainda não possuía experiência em planejamentos e aplicações de
aulas.
A sequência didática “Cachinhos Dourados” teve início fazendo uma introdução aos
principais vocabulários que estariam no conto, de modo que auxiliasse posteriormente na
compreensão da história. Assim, na aula seguinte foi apresentado conto mesclando as línguas
Portuguesa e Inglesa deixando na língua estrangeira os vocabulários a serem apreendidos, o que
se apoia na ideia de considerar a língua materna do aluno no ensino de idiomas previsto nos
Parâmetros Curriculares Nacionais.
No que se refere aos conhecimentos que o aluno tem de adquirir em relação à língua estrangeira, ele irá
se apoiar nos conhecimentos correspondentes que tem e nos usos que faz deles como usuário de sua
língua materna em textos orais e escritos. Essa estratégia de correlacionar os conhecimentos novos da
língua estrangeira e os conhecimentos que já possui de sua língua materna é uma parte importante do
processo de ensinar e aprender a Língua Estrangeira. (BRASIL,1998, p. 32)
II Seminário de Pesquisa e Prática Pedagógica – SP3, IFSC – Câmpus Gaspar, 06 e 07 de Novembro de 2014.
3. Sendo assim, nessa abordagem além de se construir
conhecimentos sobre a língua estrangeira com base na língua materna do aluno, o uso do conto
Cachinhos Dourados, já visto por eles em Português, proporciona uma melhor compreensão da
história e uma nova visão, o que ajuda a despertar a curiosidade dos alunos pelo novo idioma.
Na sequência das aulas trabalhou-se de forma contextualizada ao conto, mas ampliando
as palavras referentes a partes de casa e ainda na questão gramatical com os adjetivos.
Todas as aulas explicativas desde a introdução do vocabulário, passando pela narração
do conto, até a abordagem dos conteúdos contaram com apresentações em Power Point de forma
ilustrada para que o conhecimento das palavras e expressões em Língua Inglesa se dessem de
forma mais visual e concreta. Além disso a cada aula, além dos alunos praticarem as habilidades
de escuta e fala pela repetição dos vocabulários apresentados, exercitavam as práticas de escrita,
escuta e interpretação textual com atividades escritas que possuíam um viés pictórico e em vezes
lúdico.
As atividades eram recolhidas e analisadas pela bolsista que posteriormente as devolvia
para os alunos como forma de eles mesmos poderem compreender seus processos de
aprendizagem e seus resultados.
Durante o trabalho com as partes da casa através do diálogo do professor supervisor do
subprojeto com o professor da disciplina de Artes da escola, foi possível realizar um trabalho
interdisciplinar entre Língua Inglesa e Artes. Este trabalho consistia nos alunos produzirem
maquetes ilustrando os cômodos da casa nas aulas de Artes, e através dos conhecimentos
adquiridos nas aulas de Língua Inglesa nomear em Inglês cada parte da casa e os objetos destes
espaços nas maquetes, tornando de certa forma o conhecimento abstrato que aprendiam nas
aulas de Inglês em algo mais “concreto”.
Ao longo das aulas era possível perceber o interesse dos alunos quanto as apresentações,
pois interagiam entre si, e após se familiarizarem com a bolsista conversavam e davam suas
opiniões de forma aberta. Ainda quanto a análise dos alunos, viu-se como em alguns assuntos
havia fácil compreensão, como no aprendizado das partes da casa, e em outros certa dificuldade,
como no assunto gramatical “adjetivos”, no qual por perceber a quantidade de dúvidas na sala de
aula, e dos resultados das atividades escritas, a bolsista realizou revisões em busca de que os
alunos de fato compreendessem o conteúdo proposto.
Nesse processos de ensino vê-se a importância da contextualização daquilo que se aborda
na sala de aula com as situações cotidianas dos alunos, sendo que o trabalho interdisciplinar
realizado contribuiu para um melhor assimilação dos vocabulários. Sendo esse método de ensino
definido como
[...]uma perspectiva de trabalho pedagógico que promove o diálogo de saberes, a conversa entre as
diversas áreas do conhecimento e seus conteúdos, o entrelaçamento entre os diversos fios que tecem o
currículo escolar, de modo a fortalecer, qualificar e contextualizar o processo de aprendizagem dos
discentes em seus respectivos níveis de ensino. (FORTUNATO, CONFORTIN, SILVA; 2013, p.2)
Logo, esse estilo pedagógico proporciona um ensino na qual as diferentes disciplinas
contribuem umas com as outras para a construção de um conhecimento mais globalizado e
menos fragmentado, o que se aproxima da realidade do aluno que em seu dia a dia se deparam
com situações nas quais as várias áreas de conhecimentos se completam na busca por soluções
de problemas e na comprovação de ideias acerca de determinados assuntos.
É com base nessa perspectiva que se dá a relevância de se trabalhar com literatura nas
aulas de Língua Inglesa, pois é “no texto, enfim, que toda linguagem se veicula” (HOFF, 2013,
p.76). Ou seja, tanto em língua materna quanto nas línguas estrangeiras, os indivíduos se
comunicam através de textos, sendo eles orais, escritos ou visuais, tornando o uso dos contos um
método de proporcionar um contato mais natural e prático com os usos da língua, e uma visão
mais ampla da língua em foco.
Ainda é possível, na abordagem dos contos, trabalhar com perspectiva de formar um cidadão
mais crítico e com mais habilidades de interpretações sociais e culturais através dos
questionamento dos comportamentos dos personagens, passagens e moral das histórias. Fator
que se relaciona com a justificativa apontada nas Diretrizes Curriculares Municipais de Blumenau
II Seminário de Pesquisa e Prática Pedagógica – SP3, IFSC – Câmpus Gaspar, 06 e 07 de Novembro de 2014.
4. (2012, p.151) para o ensino de línguas estrangeiras na qual
determina que “aprender uma língua estrangeira é enriquecer a base cultural do aprendiz,
contribuindo para sua formação crítica, atuante para a construção de opiniões e reinterpretação
dos fatos globais, cada vez mais acessíveis e modificadores da realidade local”.
CONCLUSÕES
A Língua Inglesa assim como qualquer língua tem caráter social, pois é construída pela
sociedade que a fala, levando consigo todos os fatores culturais presentes nessa sociedade,
sendo que “partindo da noção de que a língua seja um evento social, no qual linguagem,
sociedade e cultura estão interligadas, tem-se que uma língua é muito mais que um sistema
organizado de regras, sendo um instrumento vivo a serviço das relações humanas.” (Hoff,2013,
p.76). Desse modo, mais que um conjunto de códigos sistemáticos, a língua é a forma do homem
se relacionar e transmitir informações e conhecimentos uns aos outros.
Sendo assim, para que haja um ensino efetivo do idioma é indispensável abordar fatores
sociais e culturais da língua alvo, mas que de alguma forma consigam se interligar com os
conhecimentos de mundo dos alunos, pois através dessa concepção é que se pode colaborar
para a formação de cidadão crítico as diferentes situações que se passam ao seu redor e a
sociedade de forma mais ampla.
Nesse ensino de trocas e reinterpretações de experiências a construção de boas relações
e interações entre alunos e professores se torna um fator chave visto que é na interação que os
conhecimentos são construídos e que é possível conhecer e adaptar os métodos de ensino aos
alunos. Em vista disso, cabe ao professor na busca por esse ensino que acolha o alunos, dar
sempre oportunidade aos discentes de expressarem suas opiniões, e fazer com que se sintam
confortáveis em questionar quando tiverem dúvidas. Por isso, Vasconcellos (1993, p. 96) reforça
“a necessidade de se garantir o clima de respeito e confiança, onde o aluno possa se expressar
com tranquilidade, onde as perguntas são esperadas (toda a dúvida é importante, nenhuma é
idiota)”. Sendo que o uso dessa prática ao longo das aulas relatadas culminou para que a bolsista
conseguisse constatar as habilidades e facilidades da turma, em casos, projetar aulas de revisão,
para que o ensino se voltasse para a qualidade e não para quantidade.
Portanto, o professor não deve se apresentar como o único detentor de conhecimento,
calando os alunos, mas como o sujeito que está disposto a auxiliar, fazendo com que desperte a
curiosidade e o interesse dos alunos pelas aulas.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: Língua estrangeira. Ensino fundamenta. Terceiros e quartos
ciclos. Brasilia: Mec/sef, 1998. 120 p.
BLUMENAU (SC). Prefeitura. Secretaria Municipal de Educação. Ensino Fundamental. Diretrizes
curriculares municipais para educação básica. v. 2. Blumenau, 2012, 429 p.
FORTUNATO, Raquel; CONFORTIN, Renata; SILVA, Rochele Tondello da. Interdisciplinaridade nas
escolas de educação básica: da retórica à efetiva ação pedagógica. Educação, Getúlio Vargas, v. 8, n. 17,
p.1-14, Jan./Jun; 2013. Semestral.
HOFF, Patrícia Cristina. O conto em aulas de língua inglesa: uma proposta e um breve relato. Diálogos de
Letras, Pau dos Ferros, v. 2, n. 2, p.74-94, set./dez; 2013.
VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Construção do conhecimento: em sala de aula. 6. ed. São Paulo:
Libertad, 1997
II Seminário de Pesquisa e Prática Pedagógica – SP3, IFSC – Câmpus Gaspar, 06 e 07 de Novembro de 2014.