O documento discute como ensinar ortografia para alunos no ciclo de alfabetização, enfatizando:
1) Deve-se ensinar as regularidades ortográficas diretas, contextuais e morfológico-gramaticais através da compreensão dos princípios da norma;
2) É necessário diagnosticar o que os alunos já sabem sobre ortografia para planejar as aulas de forma adequada;
3) O ensino sistemático da ortografia só deve começar quando os alunos dominarem a
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Ortografia
1.
2. Ortografia: como trabalhar?
Como trabalhar a ortografia com os alunos?
Ao se trabalhar com a ortografia no Ciclo de
Alfabetização, deve-se privilegiar algum aspecto?
O que não se pode deixar de trabalhar?
O que julgo dispensável nesse momento de
Alfabetização?
Como a criança aprende mesmo a escrever
corretamente as palavras?
3. Ortografia: como trabalhar?
O ensino da ortografia deve ser iniciado
no ano 3, etapa em que a criança já
compreende o sistema de escrita
alfabética. Nessa etapa de escolarização,
deve-se chamar a atenção dos alunos para
algumas regularidades da língua escrita.
Nossa norma ortográfica apresenta casos
de regularidades e irregularidades na
relação entre sons e letras.
Caderno Pacto, Unidade 03, p. 26.
4. As correspondências
regulares podem ser de três
tipos: diretas, contextuais e
morfológico-gramaticais. A
apropriação dessas restrições
se dá através da compreensão
dos princípios gerativos da
norma, isto é, das regras.
Caderno Pacto, Unidade 03, p. 26.
5. As regularidades diretas são evidenciadas
quando só existe na língua um grafema para
notar determinado fonema (é o caso de P, B, T,
D, F, V). Por exemplo, o P representará sempre o
fonema /p/ (pato, capa, chapéu, entre outras),
independente da posição em que apareça na
palavra. A grafia desses sons não impõe
dificuldades às crianças que já começaram a
perceber essa relação já no momento da
apropriação do SEA.
Caderno Pacto, Unidade 03, p. 26.
7. As regularidades contextuais, por sua vez, ocorrem
quando a relação letra-som é determinada pela
posição (contexto) em que a letra aparece
dentro da palavra. Por exemplo: o uso do C ou
QU relaciona-se ao som /k/, mas depende da
vogal com que forme sílaba (casa, pequeno).
Uma dificuldade para as crianças está
relacionada à escrita das vogais nasais e dos
ditongos nasais, o que pode ser explicado pela
quantidade de possibilidades que existe na
língua portuguesa para marcar a nasalidade:
M/N em posição final de sílaba (campo, canto),
uso do til (manhã), uso do dígrafo NH (linha),
além dos casos de nasalização por contiguidade,
em que a nasalização ocorre porque a sílaba
seguinte já começa com uma consoante nasal –
(amo).
Caderno Pacto, Unidade 03, p. 26-7.
8. As correspondências letra-som regulares contextuais:
C/QU; G/GU; R/RR; SA/SO/SU em início de palavra.
JA/JO/JU; Z inicial; O ou U/ E ou I em sílaba final.
M e N nasalizando final de sílaba.
NH; Ã e ÃO em final de substantivos e adjetivos.
C/QU: CINTO/QUINTO; JACA/JAQUETA.
G/GU: GELA/GUELA; GAROTO/GUARANÁ.
R/RR: CARO/CARRO; FERA/FERRA;
SA/SO/SU: SALA; SOLA; SUBA.
JA/JO/JU: JACA; JOCA; JUCA.
Z: ZERO; ZULMIRA.
O ou U/E ou I em sílaba final: VOVÓ/CAJU/BULE/SACI.
M e N nasalizando final de sílaba: POM-BO; MAN-GA.
NH; Ã e ÃO: NINHO; IRMÃ; IRMÃO.
9. Análise Linguística: Outros Conhecimentos ANO 1 ANO 2 ANO 3
Grafar corretamente palavras com correspondências
regulares diretas entre letras e fonemas (P, B, T, D, F, V).
I/A A C
Grafar corretamente palavras com correspondências regulares
contextuais entre letras ou grupos de letras e seu valor sonoro
(C/QU; G/GU; R/RR; SA/ SO/SU em início de palavra;
JA/JO/JU; Z inicial; O ou U/ E ou I em sílaba final; M e N
nasalizando final de sílaba; NH; Ã e ÃO em final de
substantivos e adjetivos).
I A/C
10. As correspondências
letra-som regulares morfológico-gramaticais
As correspondências som-grafia baseadas em regras
morfológico-gramaticais estão presentes também nas
flexões verbais.
As crianças, para garantir a escrita correta desses verbos,
inicialmente, elas podem levantar hipóteses quanto a sua
grafia. A depender da pronúncia, algumas podem grafar a
terminação com /o/; /u/; /l/. A escrita correta virá a partir
do estudo morfológico, ou seja, da compreensão da classe
da palavra.
11. Por exemplo, empregamos U no final de verbos
no passado, na terceira pessoa, como:
EU CANTEI EU BEBI EU SORRI
TU CANTASTE TU BEBESTE TU SORRISTE
ELE CANTOU ELE BEBEU ELE SORRIU
Mas empregamos o O no final de verbos no presente,
na primeira pessoa, como:
EU CANTO EU BEBO EU SORRIO
12. O uso dessas regularidades baseia-se em
regras que, aos poucos, as crianças
assimilam a partir de um trabalho
sistemático, cujo princípio é a reflexão.
13. As correspondências irregulares, por outro lado, não
apresentam uma regra que ajude o aprendiz a
selecionar a letra ou o dígrafo que deverá ser usado.
Apenas um dicionário ou a memorização poderá
ajudar nesses casos (MORAIS, 1998).
CHAPÉU / VASSOURA / QUEIJO / CARROÇA
CAMINHÃO / PALHA / DESCIDA / EXCEÇÃO
Caderno Pacto, Unidade 03, p. 26.
14. Hora da Atividade!
Cada grupo deve analisar seu texto (trava-língua) e, a
partir dele, propor uma atividade que contemple as
regularidades diretas (as evidenciadas quando só
existe na língua um grafema para notar determinado
fonema: é o caso de P, B, T, D, F, V). Esta pode ou não
conter o texto em si.
Exposição da atividade para o grupo.
15. A partir dessa atividade, o que podemos constatar que as
crianças já sabem sobre a escrita?
Assim como é necessário conhecer o que as crianças já
sabem sobre a escrita e o que ainda precisam saber, é
necessária também a realização de um diagnóstico
ortográfico para identificar o que as crianças já sabem
sobre a norma, o que elas sabem de forma assistemática e
o que elas ainda precisam saber. Assim, os professores
devem pensar sobre os seus objetivos de ensino (o que
devem ensinar?) e nos objetivos didáticos (o que os alunos
irão aprender com determinado tipo de atividade?), de
forma integrada aos objetivos formativos do currículo das
escolas do campo.
Caderno Pacto, Unidade 03, p. 36.
16. A partir do mapeamento, é necessário organizar o
ensino, de modo a tratar separadamente as
regularidades e irregularidades da norma ortográfica.
O registro constante dos avanços das crianças em
relação ao conhecimento ortográfico também deve ser
realizado, o que ajudará o docente a rever e
estabelecer novos objetivos.
Caderno Pacto, Unidade 03, p. 36.
17.
18. O rei e a rainha foram passear
numa carruagem muito bela
que mandaram comprar.
A coroa do rei era prateada,
mas de ouro enfeitada.
Ele beijava a rainha,
que estava apaixonada.
Andavam perto do rio,
e nas ruas decoradas,
adoravam a cidade
e andavam de mãos dadas.
Disponível em:
http://www.aprenderebrincar.com/2012/10/poema-e-atividades-com-letra-r.html
Acesso em: 05.06.13.
19. O SOM DO R
/r/ - posição intervocálica (vibrante) – arara, cururu;
/r/ - posição não intervocálica (vibrante) - proveito,
criativo;
/r/, /rr/ - consoante uvular - formada pelo impedimento do
ar pela vibração da úvula - forte, carro, honra, rainha, rei.
22. O que as palavras abaixo têm em
comum?
CHINESA
PORTUGUESA
INGLESA
BARONESA
DUQUESA
PRINCESA
JAPONESA
MALVADEZA
PUREZA
FINEZA
DUREZA
RIQUEZA
TRISTEZA
ESPERTEZA
BELEZA
Todas têm o mesmo som. No entanto, a grafia
muda. Então, como trabalhar a ortografia delas?
23. Por meio das REGRAS!
As correspondências regulares morfológico-gramaticais são
compostas de regras que envolvem morfemas tanto ligados à
formação de palavras por derivação lexical como por flexão
(MORAIS, 1998), ou seja, nesses casos, são os aspectos
gramaticais que determinam o grafema que será usado.
belo – beleza
esperto – esperteza
duro – dureza
triste – tristeza
puro - pureza
malvado – malvadeza
rico - riqueza
Os substantivos
originados de um
adjetivo são escritos
com: “EZA”.
24. chinês – chinesa
barão- baronesa
duque – duquesa
príncipe – princesa
inglês – inglesa
português- portuguesa
japonês - japonesa
Os substantivos
femininos que
indicam lugar de
origem e título de
nobreza são
escritos com
“ESA”.
25. As crianças devem ser levadas pelo docente a refletir
sobre a norma ortográfica, contudo o ensino
sistemático da ortografia não deve ser iniciado antes
que os alunos compreendam o SEA e tenham
dominado a maioria dos valores convencionais das
letras. É importante que os aprendizes já sejam
capazes de produzir e ler pequenos textos com
alguma fluência, para que a ortografia venha a ser
tomada como objeto de ensino e aprendizagem mais
sistemáticos.
Caderno Pacto, Unidade 03, p. 29