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o    PETRÓLEO NO BRASIL

    Dos primeiros estudos e observações em campanhas geológícas..
do geólogo Alpheu Diniz, a partir do ano de 1905, quando em compa-
nhia do sábio geólogo Orville Adelbert Derby, até o ano de 1962.


     No desejo de contribuir, em-quanto em mim couber, com dados
precisos e referências verídicas sôbre o problema do petróleo no
Brasil, em atenção ao, natural interêsse do povo brasileiro pelo as-
sunto, e, a insofismável superioridade da PETROBRÁS, em face da.
minha atuação no caso . desde o início da minha vida como geólogo,
até a atualidade, foi que resolvi coordenar os meus estudos, campa-
nhas e publicações esparsas, tal como passo a enumerá-las ao com-
pletar os meus oitenta anos de vida, dos quais 58 fôram dedicados,
em ininterruptas aplicações, às ciências naturais, aplicadamente ao
Brasil, principalmente do ponto de vista mineral e mais particular-
mente do petróleo.
     Nesse sentido apresentarei tôdas as minhas observações, estudos,
campanhas geológicas, publicações e conferências concernentes ao re-
ferido assunto, na ordem cronológica, com absoluta imparcialidade
     Em 1905, já diplomado como engenheiro civil e outrotanto pro-
fessor de Geologia na "Escola Politécnica da Bahia", houve oportu-·
nidade de ampliar os meus conhecimentos, do ponto de vista prático
em relação à Geologia, acompanhando o eminente sábio geólogo Or-
ville Derby,então comissionado para estudar a geologia do Estado
da Bahia.
     Dessa forma, fui designado pelo Secretário da Agricultura do Es-
tado, naquela época o Eng. Miguel Calmon du Pín e Almeida para,
anexado à Comissão Derby, acompanhar os estudos do erudito sábio,
pelo interior do Estado, nas diversas campanhas geológicas a serem
executadas. (1)

(L) -   Esta Comissão foi muito nctíciada e enaltecida por tôda a imprensa do
        Estado da Bahia e do alguns outros Estados. Na Bahia destacaram-se os
        jornais "Jornal de Notícias» de 5-4-05, «A Bahia», de 4-4-05, e o «Diário
        da Bahia» de 5-4-05, nos têrrnos : «Dr-, Orville Derby: Segue, hoje para as..
        Lavras Diamantinas, ane,e vai em Comissão do Govêrno do Estado, o emi-
        nente g eólogo Orville Derby. Acompanham S. S., nesta excursão cícntíf'Ica.
:16                      ALPHEU DINIZ GONSALVES


      Assim sendo, a primeira campanha foi efetuada nas Lavras Dia-                contra
 mantinas.                                                                         cía m
      Após o procedimento da Comissão na referida campanha geoló-                  Derby
 gica, em tôda região das Lavras Diamantinas, quando, já de volta,                 sinais,
 na cidade de, Andaraí, houve oportunidade de uma manifestação de                  tregue
 regosijo, por parte da população, sendo oferecido aos membros da                  água j
 Comissão, como homenagem, uma expressiva recepção, efetuada no                    expres
Balão Nobre do Conselho, e, então, saudada por um entusiástico dis-                inconc
 curso, proferido pelo Presidente do Conselho, o Coronel Francisco de              dade (
 Jesus. Êste manifestou "a grande esperança dos brasíleíros, com os                    Co
.estudos e pesquisas do diamante e minerais do solo da Bahia e de                  muita
 outros Estados, especificando, também, o carvão e o petróleo". CA                 todo (
 formação geológica das Lavras é Proterozóico-algonquíana, superior,               císo Ü
 possivelmente carnbriana, naturalmente anterior à carbonífera).                   para c
      Depois da Comissão haver efetuado a campanha geológica de                            Ni'
Lavras, já de volta à Salvador, o Secretário da Agricultura da Bahia,              que d[
 o Eng. Miguel Calmon, que fôra o organizador da Comissão, mani-                   sendo
 festou ao geólogo Derby o desejo de estudos idênticos serem pro
-cedídos na área manganesífera de Nazareth. Satisfeita a vontade do
.Secretárío da Agricultura, a Comissão dirigiu-se à referida região,
 sendo recebida na cidade de Nazareth com expressiva satisfação do
_povo, e, então, saudada entusiàsticamente pelo Juiz da Comarca, o                         Nc
 doutor Alexandre Bittencourt (2). Êste senhor tudo promoveu para                  tir da
 o bom desempenho dos estudos. Aí, tal como nos estudos anteriores,                as fro
 além do manganês, a Comissão procurou investigar a possibilidade,                 de Jac
 nas rochas sedimentárias, da existência de fósseis característicos de             estuda
 petróleo, em tôrno das proximidades da cidade, principalmente no                      Co
.sentído do estuário do rio Jaguaripe, seguindo as investigações até o             de Bel
  extremo sul da ilha de Itaparíca, na extremidade denominada de                   no me
 -Caíxa Pregos.
                                                                                   longa,
                                           ,.                                      samos
                                      ,.        '"                                 em tei
                                                                                   quisan
     Sendo propalada, com muita insistência, na capital do Estado,
.a possível existência de petróleo em Cururupe, localidade ao sul da
                                                                                   (*) -    1>
 cidade de Ilhéus, a referida Comissão, composta dos mesmos mem-                            c
.bros que funcionaram em Lavras, nos últimos dias do mês de t.bril..                        cI
                                                                                            t
.ainda a pedido do Secretário da Agricultura do Estado, dirigiu-se,                         c
                                                                                   (3) -    ~
 por mar, para a mencionada cidade, onde foi recebida com um lauto                          lI'
"banquete (almôço) na residência do Prefeito Adami.                                         P
                                                                                            c
      De tôdas as vêzes, a Comissão foi sempre acompanhada de mate-                         cl
_rial fabricado na nossa Oficina mecânica, fabricação, tôda ela, sempre                     v
                                                                                            d
        que certamente muito bons resultados trará para aquela fecundissima zo-
        na diamantífera os srs. H. J<'urniss, cônsul americano, e os Drs. Alpheu
        Díntz, lente substítuto da Politécnica, e Joaquim Baiana, funcionário da
                                                                                            d
        Secretaria da Agricultura.                                                 (4) -    r
d2) -   Notícia publicada no jornal «O Regenerador», da cidade de Nazareth de               J<
        14 de abril de 1905.
o   PETRÓLEO      xo    BRASIL                      17

.uada nas Lavras Dia-        controlada por mim. ("') Infelizmente houve em Ilhéus uma ocorrên-
                             cia muito desagradável: no decorrer do almôço, o sábio geólogo
.rída campanha" geoló-       Derby mostrou desejo de ver, no momento, algo de demonstração, ou
  quando, já de volta,       sinais, do supôsto vestígio de petróleo em Cururupe. Foi-lhe então en-
 uma manifestação de         tregue uma garrafa, contendo um líquido, que não era mais do que
rido aos membros da          água misturada com querozene (do armazém da esquina, conforme
recepção, efetuada no        expressão do próprio Dr. Derby), e terra vegetal! - Procedimento
r um entusiástico dis-       inconcebível, porém verídico! - Verdadeiro menoscabo à individuali-
  Coronel Francisco de       dade de um sábio do prestígio mundial do eminente Orville Derby!
)S brasileiros, com os
                                 Contudo, o professor Derby não se manifestou magoado e, com
o solo da Bahia e de         muita diplomacia, ordenou-me que providenciasse o reembarque de
zão e o petróleo". (A        todo o material que já se havia desembarcado, porquanto era pre-
-algonquíana, superior,      ciso fazer-se outros estudos preliminares, mais para o sul do Estado,
 r à carbonífera).           para onde nos dirigiríamos.
unpanha geológica de             Não obstante êste acontecimento de Ilhéus, convém assinalar aqui
  Agricultura da Bahia,      que data de 1857 a notícia da existência de petróleo em Ilhéus, como
'1' da Comissão, maní-
                             sendo descoberto pelo Sr. José Francisco Tomaz do Nascimento. (4)
   idênticos serem pro
atisfeita a vontade do                                                   *
l-se à referida região,
                                                                     *       :;:
:pressiva satisfação do
                                 No Sul do Estado da Bahia a Comissão InICIOU os estudos a par-
) Juiz da Comarca, o
                             tir da cidade de Canavieiras, subindo o talvegue do Rio Pardo, até
. tudo promoveu para
                             as fronteiras do Estado de Minas Gerais. Quando atingido o pôrto
:lOS estudos anteriores,
                             de Jacarandá, a Comissão internou-se até a localidade de Salôbro,
sstígar a possibilidade,
                             estudando as jazidas diamantíferas do local.
 sseís característicos de
                                 Como se sabe, a cidade de Canavieiras situa-se próxima à cidade,
 .de, principalmente no
                             de Belmonte e os rios Pardo e Jequitinhonha quase que desaguam
  as investigações até o
                             no mesmo estuário. De uma cidade, à outra passa-se por uma praia
 iídade denominada de
                             longa, de mangues, denominada Barra do Pêso, e foi por ela que pas-
                             samos de Canavieiras para Belmonte, sendo que, sempre que possível,
                             em terra firme, foram investigadas as formações sedimentárias, pes-
                             quisando-se fósseis e assim a possibilidade da existência de terrenos
na capital do Estado,
~,localidade ao sul da
                             ( ") -   A maioria das. ferramentas e instrumentos usaóos pela Comissão foi exe-
sta dos mesmos mem-                   cutada na ofI<;ma de nossa propriedade, tais como martelos apropriados,
 dias do mês de ~bril,                de forma. e tempera de aço. talhadeir-as, pequenas alavancas. buris. ba-
                                      t';;Ias portáteis, de cobre, e outros, tudo também sob as vistas e orienta-
 do Estado, dirigiu-se,               çao . do geólogo Dcrby. (Ver a nota mais adiante ainda com o n? :i).
                             (3) -    NotICIa publIcada no «Jornal do Povo». r'a Bahia de 7-2-1903: Ferrarta
recebida com um lauto                 Model'n~ .- Corn esta dcnominacão, nosso conterrâneo sr. engenheiro Al-
                                      phcu Díníz Gonsalves, montou. à rua do Gabriel nv 4, uma importante ot'í-
Adami.                                ema de trabalhos de ferreiro, serralheiro e caldereiro, inclusive o fahrico
acompanhada de mate-                  de tanques. esta!1tes. bancos, consêrtos de carruagens. etc.
                                       ,    Obe,decendo!" doutrina dos americanos. o sr, Alpheu Diniz Gonsal-
cação, tôda ela, sempre               voes esta _convencIdo de que em tôda a inr.ústría um homem de vontade e
                                      de vocacao pode ~anhar dinheiro e tornar-se útil a si e à sua Pátria.
ra aquela fecundíssima zo-               • A Bahia precisa certamente de estabelecimentos desta ordem. quc nos
ericano, e os Drs. Alpheu             vao lIbertando do pesado tributo que pagamos à indústrIa cstrang erra.
im Baiana, funcionário da                   Fazemos votos para que a Fera-arfa Moderna tenha uma carreira cheia
                                      de prosperidaóca.
da cidade de Nazareth de     (.4) -   Di<;ic:náI'io Geográfico das Minas do Brasil, por Francisco Inácio Ferreira.
                                      Edição de 1885, páginas 166.
18                           ALPH EU      DINIZ G O N SA LVES


petrolíferos. De Belmonte, subindo o rio Jequitinhonha, com idênticas
inve stigações, fomos até a Cachoeira do Salto, nas fronteiras do E s-
tado de Min as Gerais.


                                            *     *

     Quando a comissão na cidade do Salvador, ficou ela composta,
ap en as, do sábio Orville Derby e da minha pessoa. (Foto n .O1) .
                                               Aproveitando a perrna-
                                            n ênc ía de alguns dias na-
                                            quela cidade, o professor
                                            Derby, sempre com a m io
                                            nha companhia, passamos
                                            a pesquisar fóss eis em al-
                                            gumas      das   localidades
                                            próximas, principalmente
                                            as do Recôncavo, na dire-
                                            ção da "Estrada de Ferro
                                            Bahia ao São Francisco".
                                            Dos pontos visitados po -
                                            demos destacar os que de
                                            modo geral afirm ava .o
                                            povo desprender ch eiro de
                                            gás (exp ressão po pula r
                                            baiana dada ao queroze-
                                            ne), tais com o Ma çarandu-
                                            ba, Ponta de Monte Ser-
                                            rate, Engenho da Con cei-
                                            ção, Lobato e Peri- peri.
                                               No decurso destas visi-
                                            tas tive a grande felicida-
                                            de e honra de receber s á-
                                            bios ensinamentos cientí-
                                            ficos e morais do saudoso
                                            mestre Orville Derby!


F otografia n o 1 - Nas marg en s do Rio São                    *   *
Fra nci s co , Orv ill e D e r by , co m 54 anos, e Al-
              p he u Dí n iz, com 22 a n os.  Alguns dias depois, Ja
                                            no mês de junho, conti-
nuamos as campanhas geológicas em direção ao Noroeste do Estado,
viajando em trem especial, gen tilm ente pôsto à nossa disposição pelo
Gal. Teive Argolo, Superintendente da E. de F. Bahia ao S. Francisco",
num carro salão, pôsto à frente da locomotiva, para melhor observa-
o   PETRÓLEO SO BRAS~                              19

ionha, com idênticas       ção dos terrenos marginais em tôrno da linha férrea. Dessa forma
as fronteiras do Es-       fomos até a cidade de Joazeiro, nas margens do Rio São Francisco,
                           fronteira à Petrolina, no Estado de Pernambuco.
                               Neste trajeto tivemos ocasião de estudar várias regiões, durante
                           muitos dias, destacadamente às de Aratu, Camaçarí, Alagoinhas, Ser-
                           rinha, Bomfim, Curaçá (onde se fêz, a cavalo, uma excursão às mi-
   ficou ela composta,     nas de cobre da fazenda Caraíbal, Angico, (onde visitamos as pedrei-
'" (Foto n.' 1).           ras calcárias, em pesquisa de fósseis) e, finalmente, Joazeiro, Ilha
                           do Fôgo E', Petrolina.
)Veitando a perma-
, de alguns dias na-           Finda esta campanha, a última que se procedeu,  mestre e cu  °
   cidade, o professor     posamos para uma fotografia, para guardarmos como lembrança dos
. sempre com a mí-         inesquecíveis dias em que amistosamente, durante meses, excursio-
 ompanhía, passamos        narnos fraternalmente,
[uisar fósseis em al-
       das   localidades
 aas, principalmente
    Recôncavo, na díre-
 :1. "Estrada de Ferro
    ao São Francisco".
 iontos visitados po-          Depois dêste período de início de minha formação funcional,
 : destacar os que de      sempre aconselhado e incentivado pelo mestre e amigo Orville Derby
     geral afirmava .o     (por essa ocasião o Professor Derby, (") ainda na Bahia, foi incumbi-
 iesprender cheiro de      do pelo Secretário da Agricultura, o Dr. Miguel Calmon, que ia ser Mi-
 (expressão popular        nistro do Govêrno Afonso Pena, para planejar um projeto de criação
  , dada ao queroze-       de um Serviço Geológico para o Brasil) E', outrotanto, incentívado pe-
  ds como Maçarandu-       los mestres Casper Branner e Theodoro Sampaio, dediquei-me, apai-
  onta de Monte Ser-       xonadamente, ao estudo da geologia do meu pais. - De todos êstes
  Engenho da Concei-       senhores, possuo cartas as mais expressivas e incentivadoras possível.
  obato e Perí-perí.
  decurso destas visí-         Dentre as cartas que recebi, orgulho-me em poder destacar, no
  'e a grande felícída-    que me sinto sumamente honrado, - como do comêço da minha
  ionra de receber sá-     vida de geólogo, uma das muitas que recebi do saudosíssimo mestre
  ensinamentos cientí-     Derby, a qual, por isso mesmo, permito-me reproduzi-la na integra,
     morais do saudoso     em original fotogravado:
     Orville Derby!

        *

ms dias depois, ja
3S de junho, conti-
Noroeste do Estado,        1*1 -   o professor Orville Aldelbert Derby foi um dos mais eruditos sábios geó-
                                   logos munóíais, de nacionalidade amcr-ícana, que veio para o Brasil, eD1
assa disposição pelo               1870, tendo apenas 23 anos, na «Comissão cientifica Charles Har tt» c aqui
                                   ficou, sem jamais ter voltado a América, nem de passeio, até o ano de
'lia ao S. Francisco",             1915, quando naturalizou-se brasileiro e suicidou-se. Escreveu 173 estudos
ara melhor observa-                sôbre a geologia brasileira. Foi o crtaríor do Serviço Geológico e Minera-
                                   lógico do Brasil e o seu primeiro Di-retor.
~r ;;...,~/t<~...<... ;'''1
                                      d-
Mi;íslarlD ca Agricultura, !odustria e Com   CID   ./
       SERV1ÇO GEOLOG1C
              E
  l1lNERALOG1CO DO BRAZ1L




                                                            "T
                                                        lheto
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                                                        meses
                                                        gentil
                                                            H
                                                        balha
                                                        estou
                                                        traba

                                                              c
                                                              A
                                                              a



                                                           F
                                                        da B
                                                        profe
                                                        do ct
                                                              C
                                                        grafü
                                                        1914,
o    PETRÓLEO XO     Bn,SIL              21




    "Meu caro Dr. Alpheu Diniz: Recebi e muito agradeço o seu ro-
lheto sôbre o Diamante o que me despertou recordações agradáveis
das nossas excursões no sertão da Bahia.
    Por muito tempo deixei de pensar no diamante mas ultimamente
comecei de nôvo de me ocupar com o assunto e dentro de alguns
meses espero ter dois trabalhos impressos com que retribuir a sua
gentileza.
    Há tempo tive alguma esperança de poder convidar-lhe a vir tra-
balhar no Serviço, mas as coisas desandaram de tal modo que hoje
estou duvidando da continuação por muito tempo do meu próprio
trabalho aqui. Causas dêste mundo e dos homens do Govêrno!
   Com muitas lembranças aos seus pais, irmãos e senhora.
   Amigo velho
   a) Orville A. Derby".
                                     ;;:


                                 *
    Funcionando como professor de Geologia na Escola Politécnica
da Bahia, sempre procurei. ampliar os meus conhecimentos práticos,
professando Geologia no campo, às diversas turmas do terceiro ano
do curso de Engenharia Civil.
    Como documentação do que vim de referi.r apresento uma foto-
grafia (n." 2) de. uma das turmas do terceiro ano, do período de
1914, em regiões consideradas petrolíferas do Recôncavo da Bahia.
ALPHEU       DINIZ G O N S AL VE S




F otogra fi a nv 2 - Aula prática d e Ge ol og ia . em p esq ui s a d e fós s ei s e m te r re nos
s ed im e n tár ios da Ponta d e Monte Serr a t e , profes sada ao terceiro ano d o Curso
d e Engenh aria Civ il . da Escol a P olitécni ca ('.a Bahia. e m 1914. O pro fessor a o
                             ce n t ro, e m p é . df' rou pa escu ra .

                                                    *
                                                *       :;:

     Por motivos particulares, para acompanhar a minha família, trans-
feri a minha residência, em 1917, para o Rio de Janeiro.
     Já no Rio , após ter prestado concurso para professor de Geolo-
gia e Mineralogia na Escola Politécnica, e tendo sido habilitado em
1918, em 1919 fui contratado como geólogo para o "Serviço Geológico
e Mineralógico do Brasil", de ac ôrdo com uma verba que fôra votada
para estudos do petróleo e respectivas sondagens em todo o Territó-
rio Nacional. (5)
     Assim sendo, logo de início fui designado para, em comissão com
o geoólogo Euzébio de Oliveira, procedermos a uma campanha geo -
l ógica nos Estados do Rio Grande do Norte e da Paraiba, particular-

(5) -   Nôvo g-eólo;.{o <lo S. tL e 1         1. Br-asf leí ro -   O s r . minis t r o da Ag ricultura .
        po r a to d e hoj e . r..so lv eu co n t r a t a r . como ge ólog o do S ervico Geológico c
        Min e ral ógi co B r a sil eiro, o D I'. A lp he u Diru z Gons al ves . pro fesso r ca tecra-
        ti co de gel g ia e min eral og ia na Esco la P olitécn ica d a B ah ia e li v r e d o-
        ce n t e . p o r COnC'lr S0. d e míne ralog ía e m et a lu rg ia . na E scola Po t rt écndca
        do R io d e Jan eiro. S er viu r',e base a S . Ex- . o Sr. m in is t r o d a Ag r ícu          í-



        t u ra , par a e fe t ua r o r efer id o co n t ra to . a info r m a çã o do cume ntada qu e lh e
        foi apres entad a . p r o van d o j á ter o D I'. Al ph eu Diniz p u b licado mai s d e
        v inte m o n ografia s sôbra min e r al ogia e geo logia do n os s o p a is . al ém de
        doc u m o n t os outros , como rôss ern carta s d os D r s . Orvill e Der b y, J. B r an-
        n e r e o u t r os g e ólogos o m inerrt es .
              Já e m d ia s do m ê r passada. " DI ', Alph eu Di n iz f ~ z uma c o n fe r ê nc ia
        que f oi muito ap ta u r.i dn . no C lu be. de Engenhar ia . sôb r e a sen si b ü íd a d c
        do s sulfu retos naturats e a r á di o-tel eg rafia. d es p ertan d o gra n d e in te rêsse
        nos m e ios comp et entes. (J ornal «A Noite» do R io de J an eiro d e la d e j u -
        lho d e 1919. )
o   PETRÓLEO NO BRASIL                     23

                          mente estudando as jazidas de cobre então recentemente descobertas
                          em Picuí, e outros minerais.
                              De volta desta campanha, no comêço do ano de 1921, (em vista
                          do insucesso de uma sondagem tentada em Marechal Mallet, no Pa-
                          raná) fui designado pelo eminente Diretor do Geológico, o Dr. Gonza-
                          ga de Campos, para não só estudar a região como proceder à son-
                          dagem que não tinha sido possível, até então, ser executada.
                              De acôrdo com a incumbência procedi à estudos geográficos e
                          geológicos em tôda a Serra da Esperança, bem assim pratiquei a son-
                          dagem almejada.
                              Como demonstração da minha desincumbência neste sentido pas-
                          so a transcrever a seguir, conservando a forma e a mesma ortografia
                          original, os trechos que se encontram publicados nos Relatórios do
                          Diretor do Serviço Geológico, de autoria do Dr. Gonzaga de Campos,
                          apresentados ao Govêrno da República, relativos aos anos de 1921
                          e 1922.
                             Trêcho do Relatório do Serviço Geológico para 1921, da pág. 93:
 de fósseis em terrenos
 terceiro ano do Curso
1 1914. O professor ao                                   "PARANÁ"

                                  "No Estado do Paraná foi proseguida a sondagem de Mare-
                             chal Mallet, sob a direcção do geólogo Alpheu D. Gonçalves.
                             Esta sondagem, que no começo do anno estava a 60 metros de
ainha família, trans-
                             profundidade, cortou uma grossa massa intrusiva de diabase, ro-
Janeiro.
                             cha que pela sua dureza e estado de fendilhamento constituia
professor de Geolo-          um seria entrave á marcha da perfuração, com espessura total
 sido habilitado em          de 38 metros; proseguíu depois satisfactoriamente até 31 de de-
  "Serviço Geológico         zembro, em que attingiu á profundidade de 395 metros, tendo
-ba que fôra votada
                             atravessado, a partir de 360 metros, camadas alternadas de to-
 em todo o Territó-          lhelhos bituminosos e calcareos, que apresentavam cavidades e
                             fendas cheias de oleo suficientemente puro para vir á superficie
" em comissão com            durante a lavagem do furo. Esta sondagem será proseguida o
tma campanha geo-
                             sufficiente para atravessar as camadas que em outras regiões con-
 Paraíba, particular-        tê em carvão e que, existindo nessa localidade, deverá estar em
                             profundidade superior a 600 metros".
inistro da Agricultura.
10 Serviço Geológico e
ves, professor cateurá-       Trêcho do Relatório do Serviço Geológico para o ano de 1922,
 da Bahia e livre do-
 na Escola Politécnica    na pág. 115:
, ministro da Ag rícul-
  documentada que lhe                               "Estado do Paraná"
niz publicado mais de
  nosso pais, além de
rville Derby, J, Bran-
                                 "A sondagem de Marechal Mallet, que a 31 de dezembro de
z fêz uma conferência        1921 se achava na profundidade de, 322 metros, foi proseguida
  sôbre a senstbiltdadc
.ando grande interêsse       durante o anno, tendo attingido a 30 de junho a profundidade
, Janeiro de la de ju-
                             de 510 metros, encontrando-se a 505 metros um depósito de gaz
24                    ALPHEU DINIZ GONSALVES


     natural, cuja composição é mais ou menos identica á do poço de          I
     Graminha, no Estado de S. Paulo. Infelizmente, o gaz está em        bem
     uma camada de folhelho escuro, que se desaggrega promptamen-        ções
     te, logo que se retira a agua do furo e esborôa-se, entupindo o     amá,
     furo e impedindo a sahida do gaz. O resto do anno foi empre-        cient
     gado em revestir os quinhentos metros de furo, o que foi feito      meus
     sem grande resultado, pois o revestimento vedava a sahida do        turbe
     gaz e quando se levantava o revestimento o material argilloso           f
     desmoronava, fazia bucha, impedindo a sahida do gaz."               deste
          "Como se vê, os resultados das sondagens para petroleo no      algo
     anno de 1922, si não foram positivos no tocante á descoberta do     estuc
     combustivel liquido, provaram, entretanto, a existencia de um       prog
     recurso mineral desconhecido no paiz - o gaz natural." (o grifo     um I
     é nosso).
                                                                             1
          "Dada a grande distancia entre os dois poços, 1.200 kílo-      eleva
     metros, segundo os affloramentos da série permiana em qUE>          preer
     occorre, deve-se presumir que ha, nos Estados de S. Paulo e Pa-     que
     raná, uma enorme reserva desse combustivel, cujos usos domes-       suas
     ticos e industriaes são assás conhecidos. O problema, agora, con-   em J:
     siste simplesmente na perfuração de numerosas sondagens em              I
     torno dos poços productivos e accumulação de gaz em gazome-         repre
     tro, donde será levado por encanamento aos centros consumi-         granr
     dores."                                                             de g
                                                                         prog:
                                     *
                                 *       *'                                  I
                                                                         bado
    Em face dêste meu empreendimento e dos meus estudos geográ-          minh
ficos e geológicos de tôda a Serra da Esperança, e ao longo da Es-       dosar
trada de Ferro até Pôrto União, no Paraná, ~ outrotanto, como pro-          ;.
fessor de Geologia atendendo a minha convicção da existência de          o qu
petróleo no Brasil, no dia 2 de julho de 1921, por solicitação do Dr.    parti
Paulo de Frontin, proferi uma palestra no "Clube de Engenharia",         segui
tal como se segue, reprodução da ata da Sessão realizada no referido         I
Clube, publicada no "Jornal do Comércio" de 3 de agôsto de 1921.         princ
     "O Problema máximo do petróleo no Brasil".                          notá-
                                                                         na F
     O Sr. Diniz Gonsalves - Sr. Presidente:                             teme
     "De quando em vez, ausento-me por circunstâncias inerentes a mie        J'
nha profissão, ainda que temporàriamente dêste meio e desta douta        todo
agremiação, no meu modo de sentir a mais elevada e confortadora pa-      kerit
ra os que procuram estudar, e que jamais tenho deparado igual na mi-     carbe
nha vida de estudos e de dedicação às ciências e aplicações indus-       taran
triais, mas, aqui me encontro, sempre visando o engrandecimento da       plora
nossa Pátria.                                                            dicar
o   PETRÓLEO XO BRA~L                       25.'

ntica á do poço de          De quando em vez, nêsse mesmo meio, onde me sinto feliz, num
.te, o gaz está em      bem estar incomensurável, percebendo a sinceridade das manifesta-
grega promptamen-       ções de agrado, positivamente sentidas por mim e percebidas pelo
rôa-se, entupindo o     amável acolhimento que sempre vós todos me tendes dispensado, pa-
lo anno foi empre-      cientemente me escutando, o que confesso, dada a mediocridade dos
ro, o que foi feito     meus trabalhos e conhecimentos, - sinto-me por isso, por vêzes per-
sdava a sahida do       turbado, com a excessiva bondade de todos vós, ilustrados consócios.
   material argilloso       Aquiescendo ao pedido de alguns de vós, destacados membros
  do gaz."              desta nobre agremiação, presentemente aqui me escutando, para que
; para petroleo no      algo comunicasse, neste recinto, sôbre os meus empreendimentos e
te á descoberta do      estudos em tôrno do máximo problema nacional, qual seja o do maior
   existencía de um     progresso da indústria brasileira, então com a fortuna inaudita de
 ~ natural." (o grifo   um possível descobrimento de jazidas de petróleo, aqui me encontro.
                            Tenho a certeza de que essa nossa agremiação é uma das mais,
 poços, 1. 200 kilo-    elevadas do país nêsse mister, centro de tôdas as iniciativas e em-
permiana em que         preendimentos, o coração do progresso dêsse colôsso da Natureza,
  de S. Paulo e Pa-     que é o Brasil, e pelo nosso Clube é que podemos constatar, por
 cujos usos domes-      suas vibrações e pulsações, o passado e o futuro das nossas indústrias
)blema, agora, con-     em benefício da nacionalidade.
Isas sondagens em           Deparando sempre a figura do nosso insubstituível Presidente,
le gaz em gazome-       representante excelso da engenharia pátria, sentinela avançada dos
: centros consumi-      grandes e nobres empreendimentos, mestre dos mestres e padrão
                        de glórias para todo engenheiro brasileiro que procura conhecer o
                        progresso do nosso país, o Dr. Paulo de Frontin, sinto-me orgulhado.
                            De tão honrado que me vejo, - profundamente me sinto pertur-
                        bado e confuso, reafirmo, e sempre peço desculpas a todos vós se as'
.us estudos geográ-     minhas desataviadas palavras não corresponderem as vossas bon-
 e ao longo da Es-      dosas espectativas.
rotanto, como pro-          Assim, aqui me encontro mais uma vez e pretendo comunicar-vos.
l da existência de      o que sôbre o petróleo, com meus modestos e continuados estudos
  solicitação do Dr.    particulares e dedicação a geologia, até a presente data tenho con-
lede Engenharia",       seguido evidenciar relativamente às nossas possibilidades.
 alizada no referido        Logo de comêço, julgamos de bom parecer manifestarmos como,
 agõsto de 1921.        princípio fundamental da nossa convicção, aceitando a opinião do
                        notável geólogo Codrau, membro da comissão geral dos petróleos,
                        na França e Colômbia, que, contràriamente a opinião mais freqüen-
                        temente admitida, o petróleo não é uma substância rara!
:ias inerentes a mí-        No entanto, os indícios de petróleo, de existência comprovada em
neío e desta douta      todo o nosso país, nas manifestações dos "asfaltos, albertitos, ozo
 e confortadora pa-     kerita, grahamita, gases naturais em múltiplas apresentações de
rarado igual na mí-     carbonetos complexos", até a presente data, ainda não se apresen-
~ aplicações índus-     taram em condições satisfatórias para determinações precisas e ex-
ngrandecímento da       plorações econômicas; outrotanto as suas presenças nem sempre in-
                        dicando petróleo no sub-solo, são auspiciosas.
26                     ALPHEU DINIZ GONSALVES


     Estas disposições, têm sido encontradas em formações muito par-
 ticulares, certamente mais ou menos raras, pela necessidade de se-
 rem precisas muitas delas reunidas num só ponto; por êsse fato,            dos
 as jazidas de petróleo de real valor industrial, têm sido, até a presen-   do ]
 te data no nosso planeta, em um número muito limitado.                     rita'
     Buscando conhecer tàdas as determinadas condições e maníres
 tações de petróleo, às que me tem sido possível conhecer, compulsan-
 do autores vários, observando e estudando às de tôdas as partes do         e G1
 mundo, é que ouso vos afirmar, ser convicção minha, individual.
 maximé considerada a extensão do nosso território e variedade de
 formações, a indubitável existência de petróleo em condições satis-        Rio
 fatórias, ou petróleo "in natura" no nosso país.
     Em todo o nosso planeta, até o ano passado, como verdadeira-            da,
 mente industriais, eram conhecidas as jazidas nos Estados Unidos.          .Em
 na Califórnia, Oklahoma, Illinois, Louisiane, Virgínia, Texas, Okio e       te u
 Pensylvania; na Rússia em Bakou e Gromy; no México, nas índias
 Nerlandêzas; na Rumania; na índias Inglêsas; na Pérsia; na Galícia;        póte
 no Peru; no Japão; na Trindade; no Egito; na Argentina; na Alema-          disp
 nha; no Canadá; na Venezuela e na Itália.                                  não
     Mas, estas jazidas, a que nos referimos, são as de "petróleo nas-      PUrE
 cente", e são justamente desta espécie às que pensamos dever ser
 encontradas em nosso país.                                                  de I
     As destilações de xistos, não deixam de ser proveitosas, mas pou-       zene
 co valiosas quando brotam do solo as verdadeiras fontes industriais.       -o ól
     As destilações, de xistos, é fato antigo no Brasil; j á em 1888, no     a pf
 Estado da Bahia, existiam, fabricando-se o querozene índustrínímente       .cam
 em Maraú, e, ainda que, pelas impurezas, considerado de inferior qua-       tura
 lidade, obteve-se uma aceitação relativa e uma duração de indústria
 mais ou menos longa, de mais de ano, sendo que a emprêsa somente            gem
 desapareceu com o singular desaparecimento de um dos seus dire-            .petr
 tores proprietários. (?)
     É bem verdade que em relação ao querozene de Maraú há várias           ·duzi
 versões sôbre a sua origem verídica ou dolosa, mas o fato da exis-          reIai
 tência de aparelhos destilatórios ainda hoje no local, penso, em
 parte, comprovam, de qualquer forma, a indústria da época.                 rias
     Xistos para destilação temos encontrado, abundantemente, em
 todo o Brasil, de norte a sul.                                             sult:
     No Amazonas, no Ereré, Vatupá, Jatapú, Trombetas e Gurupatúba.         oríg.
     No Pará em Majú.                                                        calir
     No Maranhão no rio Itapecurú e em Codó.                                 dos
     No Piauí, refere o Dr. Ferreira que, além dos xistos, teve ocasião     .forn
·de retirar das proximidades do rio Parnaíba um betume vermelho,            podi
 pardacento, com característico cheiro de náfta.
     No Ceará, em Crato.                                                    .men
     Em Alagoas no riacho Doce, Camaragibe e Maragogi.                      .sent
o   PETRÓLEO NO BRASIL                         27

rrmações muito par                Em Sergipe, em Vila Nova.
, necessidade de se-              Na Bahia, em Maraú, Ilhéus, Caíru, Brejo Grande e Bom Jesus
nto; por êsse fato,         .dos Meiras. Tivemos a oportunidade de, receber, em 1916, de Minas
~ sido, até a presen-       .do Rio de Contas, um xisto betuminoso, impreguinado de "ozoque-
mitado.                      rita".
ondições e manifes                Do Rio de Janeiro, de Macaé e de São Fídélís.
onhecer, compulsan-               De São Paulo dos rios Corumbataí, Capivari, Tieté, Capivari-Mirim
  tôdas as partes do         e Guaraí.
, minha, individual.              No Paraná, no Iguaçu, São Mateus, Irati e outros.
                                                                              i

'irio e variedade de              Em Santa Catarina, no Rio Negro, Palmito, Lages, Rio do Rastro,
 em condições satís-         Rio Pio, Belouro e Belvedere.
                                  No Rio Grande do Sul, em Santa Maria, Páu Fincado, Sanga Fun-
o, como verdadeira-          da, Ribeirão da Areia, Passo de São Borja, Estrada Nova e outras.
lOS Estados Unidos.          Em Goiás, em Anta. Neste local, segundo informação fidedigna, exis-
rínía, Texas, Okio e         te um betume sulfuroso numa montanha chamada do Macaco,
  México, nas índias              Porém, enquanto que dos xistos extraímos, na melhor das hi-
  Pérsia; na Galícia;        póteses, 20 a 25% de carbonetos, adotando-se processos delicados e
.rgentina; na Alema-         dispendiosos para as destilações, - no caso do "petróleo nascente",
                             não encontramos impurezas porquanto tôdas as suas chamadas im-
as de "petróleo nas        o purezas são produtos de alto valor industrial.
oensamos dever ser                Do petróleo nada se perde e da sua destilação captamos o éter
                             de petróleo, a gasolina, a essência de petróleo, a benzina, o quero-
roveítosas, mas pou-         zene, o óleo de colza mineral, o óleo solar, o gasol, o óleo lubrificante,
s fontes industriais.      .o óleo de máquinas, o óleo de cilindros, o óleo de válvulas e mais
asíl: já em 1888, no        a parafina, a vaselina, o píxe, o coque de petróleo, ou quase sinteti
sene índustrínlmente       ocamente, todos os carbonetos de hidrogênio, ciclicos e acíclicos, sa-
ado de inferior qua-         turados ou não saturados.
uração de indústria               Já tivemos ocasião de referir, aqui, neste recinto, sôbre a ori-
 a e111prêsa sàmente         gem mineral dêstes elementos, quando destacamos, especialmente, o
 U111 dos seus dire-         petróleo, originário dos minérios Varnenita e Marksinikita.
                                  As duas diversidades de aspectos das jazidas de petróleo têm pro-
 de Maraú há várias        ·duzido no espírito dos grandes mestres verdadeiras controvérsias em
nas o fato da exís-          relação a sua origem.
o local, penso, em                Apesar disso, pensamos possível serem reunidas as diversas teo-
t da época.                  rias em duas fundamentais - a orgânica e a química.
bundantemente, e111               Os partidários da origem orgânica, admitindo a hipótese do re-
                            sultado de urna putrefação de animais marinhos; e os partidários da
betas e Gurupatúba.          origem química, explicando pela reação da água, sôbre os metais al-
                             calinos terrosos, em forma de carbonetos, A variedade extraordinária
                            dos petróleos naturais, certamente, pensamos excluir a hipótese da
    xistos, teve ocasiao    formação por um mecanismo único, e êste fato é precisamente, um
1    betume vermelho,        poderoso argumento a favor da teoria química.
                                  Existem muitas teorias em tôrno destas duas hipóteses funda-
                            mentais que apresentamos e muito bem todos vós o sabeis, se pre-
.aragogi,                  .sentemente as relembrarnos, é porque pensamos que. de qualquer for-
28

ma podem elas clarevidenciar o nosso raciocínio, quando buscamos'            'Pleci:
 demonstrar a possibilidade, e a nossa convicção, da existência de'          -dever
petróleo no Brasil,                                                               'I
        Morrey atribuiu a origem do petróleo a ação das bactérias; Ko-       chas,
bel! a destilação da hulha e, dessa forma, seguidamente e variada-                A
mente, outros geólogos dão origens nas destilações das camadas gíp-          enCOJ
so-salíferas nos fenômenos vulcânicos e originados em muitos ou-             Para
 tros fenômenos de. relações geológicas, provàvelmente casuais, sem-         trolíf
pre se buscando as analogias entre a existência de rochas e os vários        sob
aparecimentos do precioso combustível líquido.                               ralm
        O mais notável, no entanto, para assinalarmos, é que, enquanto'      nos
a hulha nos parece nitidamente localizada em terrenos que se dizem                 I
Carboníferos e. ricos em vestígios de vegetais (no nosso modo e pen-          a est
sar por ocorrências, de fenômenos idênticos), encontramos o petró-                 (
leo em todos os terrenos estabelecidos, desde o primário até aos
atuais.                                                                      .a se
        Da mesma maneira que se. tem encontrado o petróleo nativo, in-
                                                                              o pe
dustrialmente explorável, em todos os terrenos, também, variadamen-          _pern
te tem sido as diversas profundidades da superfície do solo, em que           men
se tem encontrado, sendo que, em Bakou, já se tem encontrado a                avul
1 .000 metros de profundidade.
        Na Norte América e no México o esgotamento de certas jazidas          gênf
tem levado os geólogos sondadores a aprofundarem as sondagens e'
                                                                              men
tem-se observado, de modo geral, uma real tendência para (, enri--
                                                                              do r
quecimento dos níveis petrolíferos inferiores.
                                                                              outr
        Consideramos lógico êsse fato, dada a mobilidade do líquido e'        men
sua densidade, por isso, no caso de diaclases ou fenômenos geodínãmi-         pod,
cos posteríores, encontram-se as evidências de petróleo, (por vêzes),
na superfície do solo, então indícios preciosos para os geólogos pes-
                                                                              mos
quísadores.
                                                                              fera
        Aqui, para melhor poder ser compreendido o nosso racíocínio           elas
e em busca de demonstrarmos a nossa esperança de petróleo no
Brasil, vamos fazer, em têrmos rápidos, uma síntese dos caracteres'           aínc
geológicos das jazidas petrolíferas do mundo.                                 .sifie
        Procuraremos, então, dividi-las em três discussões: - a idade geo-    .sabe
lógica; o fácies da jazida e a estrutura tectônica.
        Quanto a idade geológica, diremos, resumidamente, que Se encon-
tra o petróleo no Terreno Primário, no Este e centro dos Estados
';)'r..1d08; no Terreno Secundário, no. Peru e na Argentina; no Terreno
'tei'ciário, no Caucaso, Oeste e sul dos Estados Unidos, México, índias
Neerlandesas, România, Galícia, índias Inglêses e Japão. E no 'I'erreno
Quaternário, ainda no México e no Mar Vermelho.
        No entanto, relativamente ao fácies da jazida, para o caso da pos-     con
sibinuade da existência de petróleo, é mais limitado o número de
rochas em que se tem encontrado êste líquido, certamente por serem             nas
o   PETRÓLEO KO BnASIL


  quando buscamos'        'Precisas as condições da porosidade nas camadas sedimentares, que
 , da existência de'      -deverão se apresentar convenientemente embebidas,
                                Tem sido elas, arenitos friáveis e porosos; conglomerados e bre-
  das bactérias; Ko-       chas, cascalhos e calcários dolomíticos e grosseiros.
 lamente e variada-             As jazidas,verificadas como as mais ricas, até a presente data,
 ; das camadas gip-       .encontram-se estabelecidas nos "grés porosos" ou "arenitos friáveis".
 os em muitos ou-          Para o fácies geológico, ainda devemos mencionar que as jazidas pe-
 lente casuais, sem-       trolíferas somente têm se apresentado satisfatórias, quando situadas
  rochas e os vários       sob um teto impermeável e suficientemente elástico. Êstes tetos, ge-
                           ralmente, se encontram formados de argilas ou xistos, mais ou me-
s, é que, enquanto         nos endurecidos e em camadas homogêneas.
enos que se dizem                Finalmente, pela descriminação estabelecida, passamos a apreciar
nosso modo e peno'         a estrutura tectônica.
.ontramos o petró-
                                Observaremos de maneira muito geral:
  primário até aos
                                 Se o terreno apresentar-se com dobras, o petróleo tende sempre
                          .a se concentrar nas vizinhanças dos anticlinais. Já nos referimos que
petróleo nativo, in-
                           o petróleo fica concentrado nos terrenos porosos e sob tetos im-
.nbém, varíadamen-
                           permeáveis e agora acrescentamos que os petróleos são freqüente-
.e do solo, em que,'
                         . mente acompanhados de gases e água, em proporções mais ou menos
 tem encontrado a.
                          .avultadas.
) de certas jazidas             Para o caso do terreno haver experimentado, por fenômenos oro-
m as sonda gens e-         gênicos, dobras, a água, o petróleo e os gases obedecerão, precisa-
êncía para o enrí-         mente a ordem das densidades. Assim, se sondarmos num determina-
                           do ponto A, somente poderemos encontrar água; se sondarmos num
                           outro ponto B, já poderemos encontrar o petróleo jorrante e, final-
dade do líquido e'
ômenos geodinârní-         mente, num terceiro ponto C, todos aliás relativamente próximos, só
róleo, (por vêzes),        poderemos obter gases.
a os geólogos pes-               Em quaisquer representações gráficas, que façamos, procurare-
                          mos estabelecer, invariàvelmente, a disposição das camadas petrolí-
) nosso raciocínio         feras sob camadas de formação impermeável, porque somente assim
;a de petróleo no         elas poderão se apresentar.
ese dos caracteres'              Com esta manifestação, a mais comum para o petróleo, existem
                           ainda outras apresentações, também já conhecidas, que se tem elas-
ies ; -   a idade geo-     .sificado de excepcionais, sendo elas, ao todo, em número de 4, a
                         saber:

.nte, que se encon-          1: -    Jazidas denominadas "rnono-clinaís"
entro dos Estados            2." -   Jazidas "sinclinais"
mtína; no Terreno            3." -   Jazidas das falhas
:1os, México, índias         4." -   Jazindas dos filões eruptivos.
.pão. E no Terreno
                             Procurando-se conhecer um exemplo de jazidas mono-clínaís, en-
ara o caso da pos-       contraremos como típica uma das da Califórnia.
ado o número de              Nestas jazidas típicas, encontramos sempre o petróleo aprisionado
.amente por serem        nas proximidades dos deslocamentos de camadas.
ALPHEl: DIKIZ GOKSALVES


     Buscando-se conhecer um caso para as jazidas denominadas sin-            Df
clinais encontramos um belo perfil geológico numa das jazidas da:         relato:
România.                                                                  sonda!
     É um dique construído de rochas do "rnioceno salífero", coma         trado,
que interrompendo um sinclinal, em târno do qual se tem verificado        tos" e
diversas "bôlsas petrolíferas".                                           ímperi
     Como exemplo das chamadas jazidas das falhas encontramos um          ções 1=
caso numa das jazidas do Peru, situada nas proximidades do mar"           sentir
verificando-se o petróleo em "bôlsas", ainda nos deslocamentos.               Pe
                                                                          assim
     Finalmente, exemplificando as chamadas jazidas dos filões, en-
                                                                          tas su
contramos um caso numa das manifestações do México. Foram os
                                                                          poros,
terrenos eocênicos levantados por uma erupção de basalto, estabele-
cendo-se, assim, várias "bôlsas" que o circundam. Esta é a mais ani-           Te
                                                                          têm s
madora para o sul do Brasil.
                                                                          blicad
     Agora, vejamos como se tem pesquisado o petróleo, empregan-
                                                                          rias d
do-se as sondagens. Seria aqui supérfluo, e por demais fastidioso, pro-
                                                                              El
curarmos entrar em descrições p. processos de sondagens.
                                                                          por i:
     Diremos algo, tão somente, sôbre as sondagens nas quais se tem       assunt
empregado as sondas do tipo "Ingersol" rotativas, com balancim,               E~
funcionando com aço granulado, no nosso modo individual de verifi-        preser
car, verdadeiramente um dos melhores tipos que nos foi dado co-           nos E
nhecer até o presente para o conhecimento preciso do sub-solo.            ao tOI
     São estas sondas, ou hastes de sondas, constituídas por três:        apena
partes essenciais:                                                        Norte
     Uma superior, entre nós denominada "agulha", as "hastes da sono      gens,
da", ou tubos de aço, e o conjunto do "cálice" e "barrilête" com a        provei
"corôa".                                                                      M
     Na parte superior da "agulha", encontramos situado um distribui-     situaç
dor de água, líquido que chega calcado por uma bomba, a qual faz          mos r
parte do conjunto da sonda. Por êsse mesmo distribuidor de água           natur:
faz-se a introdução do aço granulado, que vai servir de elemento          refere
cortante, atritado entre a base da "corôa" e a' rocha.                    Paulo
     A "agulha" tem a haste quadrangular para, adaptado a um "pra-        mais
to", provido de cremalheira, movido a motor, dar movimento de                 E
rotação ao conjunto.                                                      tas, e;
     Na parte inferior encontramos, assim, a "corôa" que com o em-        Nacio
prêgo do aço granulado corta a rocha.                                     aguar
     Depois, o "barrilête" que recebe, a rocha em colunas, denomina-      ma, i
das "testemunhos", e o "cálice" que armazena todos os detritos de         form2
aço e da rocha pulverizados, proporcionando a limpeza do furo.            de pe
                                                                          poden
     Tão somente nisto, de modo suscinto, podemos considerar cor.s-
                                                                          -Qu
tituído o aparelho de sondar e, com êle, pensamos, jamais encontra-
                                                                               É
remos rochas que possam resistír à sua aplicação, assim se poden-
                                                                               É
do sondar, vantajosamente, até as proximidades de mil metros.
o   PETRÓLEO NO BRASIL                      31

s denominadas sin-           De modo geral, entre nós, já se tem, por vêzes, publícadr, em
TIa das jazidas da      relatórios e boletins do Ministério da Agricultura, que nas diversas
                        sondagens às que se tem procedido no sul do país, tem-se encon-
no salíf'ero", coma     trado, alternadas, as camadas de "calcários", "grés" (arenitos) e "xis-
1 se tem verificado     tos" e conhecemos que os xistos são, por vêzes, convenientemente
                        impermeáveis, sendo esta, essencialmente, uma das precisas condi-
oS   encontramos um     ções para prováveis existências de bôlsas petrolíferas, como fizemos
ximidades do mar.
                        sentir alhures.
leslocamentos.               Pensamos, então, de tóda conveniência serem feitas nestes locais,
                        assim observados, várias sondagens, as quais deverão prosseguir nes-
fas dos filões, en-
                        tas superposições de extratos, maximé em se encontrando camadas
 México. Foram os
                        porosas.
e basalto, estabele-
Esta é a mais ani-           Todos êstes sinais e indícios superficiais, como vimos de dizer,
                        têm sido muitos os que em todo o Brasil se tem encontrado e pu-
ietróleo, empregan-
                        blicado, mais assinaladamente nas formações Secundárias e 'I'erciá-
                        rias de Alagoas, Sergipe e Bahia.
iaís fastidioso, pro-
idagens,                     Eu não vos desejo fatigar, e muito longe de mim êste pensar,
                        por isso, de modo geral, procurarei resumir o quanto possível o'
, nas quais se tem      assunto.
as, com balancim,
adívíduaí de verífí-
                             Está no conhecimento de todos e os jornais têm publicado que,
                        presentemente o govêrno tem estabelecido sondagens para petróleo
  nos foi dado co-
                        nos Estados de Alagoas, no sul da Bahia, em São Paulo e, no Paraná;
) do sub-solo.
                        ao todo estão se fazendo apenas 4 sondagens, ou melhor dito, são
stituídas por três:     apenas 4 sondas as que investigam o petróleo no Brasil! Quando, na
                        Norte América, somente no ano passado foram feitas 169 mil sonda-
as "hastes da son-      gens, que pelas verificações apenas 22 mil foram verdadeiramente
"barrilête" com a;      proveitosas.
                             Mas, se em relação ao número de sondagens, sentimos a nossa
uado um distribui-      situação humilhante, relativamente aos trabalhos executados deve-
bomba, a qual faz       mos nos orgulhar, ainda que até agora não tenhamos o petróleo in-
tribuidor de água       natura, pelos indícios já conhecidos e publicados particularmente
ervir de elemento       referentes aos Estados do Amazonas, Goiás, Alagoas, Bahia, São
a.                      Paulo e Paraná, onde devemos conservar a esperança de um futuro
iptado a um "pra-       mais auspicioso, o que não será muito tardio.
ar movimento de'             E de vós todos, ilustrados engenheiros e industriais progressis-
                        tas, esperando mais de muitos de vós, que têm assento no Congresso
1"   que com o em-      Nacional, especialmente de vós Sr. Presidente, é que o nosso país
                        aguarda a benéfica contribuição para a solução dêsse magno proble-
.olunas, denomina-      ma, incitando-nos mais, apresentando aos nossos Governos meios e·
los os detritos de      formas para que se itensifiquem os estudos para maior exploração'
npeza do furo.          de petróleo, incontestàvelmente o maior de todos os problemas que-
s considerar cor.s-     podemos imaginar para uma elevação mais rápida da nossa Pátria!'
, jamais encontra-      - Que vem ser o Petróleo?
, assim se poden-            É o combustível dos aviões, hidroplanos e aeroplanos!
mil metros.                  É o combustível dos automóveis!
:32                   ALPHEU DI?IZ GONSALVES


      É G combustível dos submarinos, dos submersíveis, de tão grande       do cal
 vulto para a defesa da pátria no nosso amplo litoral!                      não pc
      É o combustível leve para os motores industriais e agrícolas!
                                                                                Te
      É um dos principais elementos da iluminação, em tôdas as suas
                                                                            neraló:
:fases!
                                                                            feito [
      É o elemento essencial das perfumarias!
                                                                            Brasil,
      É o dissolvente por excelência dos óleos essenciais dos perfumes!
      É o lubrificante por excelência de todos os motores térmicos e            Cc
'elétricos!
      É o elemento graxo essencial dos motores e das perfumarias de
  aplicações industriais!                                                   a ped:
      É o elemento de muita necessidade nas pinturas e revestimentos
                                                                            comêç
  finos!                                                                    a opir
                                                                            é urna
      É o elemento (no caso dos originários que contêm o benzol ), de
.onde se podem extrair tôdas as côres de anilinas e todos os princí-            N,
,pais perfumes, que tenhamos deparado.                                      país E
      Além de tudo isto, é enérgico inseticida e hoje em dia, íncontesta-   albert
  velmente demonstrado, o elemento mais poderoso contra os insetos          netos
 ,e inóquo ao homem!                                                        sente,
      Muito mais e melhor do que vos venho de mencionar, conheceis          rnercí:
 todos vós, porém, permiti que vos expondo os meus estudos e conclu-            Fi
 .sões, com tôda a sinceridade da minha opinião individual, mais uma        muito
  vez procure vos dar e afirmar:                                            da BE
       É o problema máximo para mais rápida culminação do Brasil.
                                                                            as COl
  (Aplausos. O Sr. Diniz Gonsalves é vivamente cumprimentado por            têncía
  aodos os presentes.)"                                                     proje-
     Em virtude desta palestra, realizada no Clube de Engenharia tal        neta,
 como vimos de transcrever na íntegra, todos os jornais do Rio de           os te]
.Janeíro e também alguns de São Paulo E" Bahia, noticiaram, elogiosa-       no se
.mente, o fato e dentre êles "A Noite", então o jornal mais popular         ainda
-da época, no Rio de Janeiro, do dia 12 de junho de 1921, noticiou a        quart
;palestra, conforme reproduzimos na forma e na íntegra.                          E
                                                                             diver:
          "UTILIZEMOS AS NOSSAS RIQUEZAS I                                   do B
                                                                             feras
       NO BRASIL HA PETRÓT.EO JORRANTE, TAL COMO NA                          diçõe
              LOUISIANIA, NA NORTE AMÉRICA                                   nas 2
                                     12-6-1921                                   A
                                                                             das j
                  Importantes declarações do geólogo                         deser
                    Dr. Alpheu Díníz à "A Noite"                             ral, c
                                                                             tiven
                                                                             sôbrt
      O petróleo, que tem feito florescer no México a indústria san
 guinosa da guerra civil"   .é   uma das riquezas mais apetecidas no muno     ment
o   PETRÓLEO NO BRASIL                       33
rsíveís, de tão grande    do contemporâneo e a notícia de que a possuímos em nosso país
toral!                    não pode ser recebida com indiferença.
tríais e. agrícolas!
                               Tendo o Dr. Alphen Diniz, que se acha incumbido pelo Serviço Mi-
ia, em tôdas as suas
                          neralógico Brasileiro de fazer sondagens para petróleo no Paraná,
                          feito ao Clube de Engenharia uma comunicação sôbre petróleo no
                          Brasil, julgamos interessante e oportuno ouvi-lo sôbre tal assunto.
mciaís dos perfumes!
; motores térmicos e         Correspondendo ao nosso convite, disse-nos o Dr. Alpheu Diniz:

" das perfumarias de         - Tive a oportunidade de fazer a comunicação sôbre o petróleo
                          a pedido de alguns dos meus distintos colegas do Clube e, logo de
curas e revestimentos     comêço, procurámos manifestar a nossa convicção, contrariamente
                          a opinião mais freqüentemente admitida, de que - o petróleo não
contêm o benzol), de      é uma substância rara.
as e todos os princí-         No entanto, comentámos o fato de, sendo conhecidas no nosso
                          país as manifestações de indícios petrolíferos, tais como os asfaltos,
je em dia, incontestà-    albertítos, xistos betuminosos e múltiplas impregnações de carbo-
)SO contra os insetos     netos complexos, não se ter ainda encontrado o petróleo, até o pre-
                          sente, em condições satisfatórias, para desenvolvidas explorações co-
 mencionar, conheceis     merciais.
teus estudos e conclu-
                              Fizemos apreciações em tôrno das destilações de xistos, já de há
 individual, mais uma
                          muitos anos feitas no Brasil, especificando as de Marahu, no Estado
                          da Bahia, que conseguiram aceitação comercial. Procuramos mostrar
ulminação do Brasil.
                          as condições até agora conhecidas compatíveís com uma possível exis-
 cumprimentado por
                          tência de petróleo, neste ou naquele lugar, mencionando e fazendo
                          projeções luminosas, das principais jazidas existentes no nosso pla-
be de Engenharia tal      neta, quando salientámos o fato da existência de petróleo em todos
)S  jornais do Rio de     os terrenos, desde o primário, no Este e centro dos Estados Unidos,
, noticiaram, elogiosa-   no secundário, no Peru e na Argentina, no terciário, no Caucaso e
  jornal mais popular     ainda nos Estados Unidos, México, índias, Galícia e Japão, até no
o de 1921, noticiou a     quartenárío, no Mar Vermelho.
1 íntegra.
                              Buscámos fazer considerações em tôrno do fácies geológico, nas
                          diversas jazidas, e as nossas condições geológicas, de norte a sul
QUEZASI                   do Brasil, compatíveis com a existência de poderosas bôlsas petrolí-
                          feras, considerando, ao mesmo tempo, a estrutura tectônica, em con-
TAL COMO NA               dições muito favoráveis, em diversos pontos do Brasil, principalmente
RICA                      nas zonas cretáceas.
                               Apresentámos as possíveis jazidas monoclinais, sínclínais, jazidas
                          das falhas, de filões eruptivos, com desdobramentos em quadros, que
ilogo                     desenvolvemos, e projeções luminosas. Aprecíámos, de um modo ge-
                          ral, os sistemas que se tem empregado nas sondagens e, nesse ponto,
                          tivemos ocasião de nos referir, como é do conhecimento público,
xíco a indústria san      sôbre a existência de quatro sondagens que se praticam presente-
s apetecidas no muno      mentevpara petróleo, no Brasil, nos Estados de Alagoas, Bahia, São
34                    ALPHEU DINIZ GONSALVES


Paulo e Paraná, estudos êstes feitos pelo Serviço Geológico. sob a
direção do ilustre geólogo Dr. Euzébio de Oliveira.
    Nessa ocasião pareceu-nos de tôda aportunidade compulsarmos
uma estatística sôbre as sondagens mundiais, na qual, relativamente
ao ano de 1914, figura a Norte América com 179.000 sondagens, das
quais, apenas 24.000 verdadeiramente em boas condições de explo 1'-
ração!
    Então, em face das nossas demonstrações, procurando compro-
var a existência real do petróleo jorrante no Brasil, apelámos para
os engenheiros e industriais progressistas ali presentes, constituindo
o Conselho Diretor do Clube de Engenharia, alguns dos quais para
maior glória do Clube, têm também assento no Congresso Nacional,
destacadamente os Drs. Paulo de Frontin, Sampaio Corrêa, Miguel
Calmon e outros não menos ilustres, para que no Congresso e junto
ao govêrno, proporcionassem condições e verbas para mais amplos
e rápidos empreendímentos.
     Terminando, assim fizemos a apologia do líquido:                    F'otog r:
                                                                         Cor-lho
   - Do petróleo nada se perde e da série de sua destilação, -           t.am-s--

cada elemento, maiores aplicações!
     - Recolhemos o éter de petróleo, a gasolina, a essência de petró-
leo, a benzina, o querozene, o óleo de kolza, o óleo solar, o gasol, o
óleo lubrificante,. óleo de máquinas, o óleo de cilindros, o óleo de
válvula, e mais a parafina, a vaselina, o alcatrão, o pixe, o coque de
petróleo, ou melhor digamos, quase todos os carbonetos de hidro-
gênio cíclicos e acíclicos, saturados ou não saturados!
   É o combustível dos aviões, hidroplanos e aeroplanos, que pas-
mam os séculos!
    É o combustível dos automóveis. É o combustível dos submari-
nos e submersíveis de tão grande vulto para a defesa da Pátria! É
o combustível leve para os motores industriais e agrícolas! É um
dos principais elementos da iluminação em tôdas as suas fases! É
o elemento essencial das perfumarias! É o dissolvente por excelên-
cia dos óleos essenciais, os mais perfumosos l É o lubrificante por
excelência de todos os motores térmicos e elétricos! É o elemento
graxo, essencial dos motores e das perfumarias! É um elemento de
necessidade nas pinturas e revestimentos.
    É um elemento (no caso dos originários que contêm o benzol)
de onde se podem extrair tôdas as côres da anilina e todos os me-
lhores perfumes que tenhamos deparado!
   Além de tudo, enérgico inseticida, tem sido incontestàvelmente         Fotog r
demonstrado ser um dos desinfetantes mais enérgicos e inóquos!            São P
o   PET HÓLEO N0 BRASIL                                    35




F ot ografia n o 3 - O ge ólogo Alphcu Dl n lz , acom p a n ha do do En g . R oberto Lima
Coel h o , inspeci ona a r egião pe trolí fera do oeste d o P araná . N o fund o p r oj e-
ta m- se exemp lares de H er va -m ate, (F a m . Aquifoliacea , N.C. ' -     Ll ex-pa ra gua -
                                          rt ensl s j .




F ot og r afia nv 4 _. Vista ;'.a E stação d e Marech al Mall et. da E strada d e F erro
São P aul o Rio Grand e , no Paraná , a es tlj,ção m a is próxima do sítio da son d a -
                                  d a gc m do Ri o Cl aro,
36                    ALPHEU DINIZ GONSALVES


     É   o problema máximo para a mais rápida culminação do Brasil!
    Depois destas minhas palavras o nosso presidente, em nome do
Conselho Diretor, usando de uma excessiva bondade de me dispensar
elogios, agradeceu-me assegurando tudo fazer em tôrno dêste pro-
blema, realmente o máximo para elevação do País."
    A palestra que acima transcrevemos na íntegra quando pronun-
ciada foi muito aplaudida e comentada, sendo presidida pelo eminente
Dr. Paulo de Frontín, observando-se uma grande assistência de técni-
cos e populares e também foi assistida, igualmente, por Ministros de
Estado.

    No desejo de ilustrar documentadamente a presente anotação, tal
como o fizemos quando proferimos a palestra, juntamos a seguir
uma série de cinco fotografias relativas ao estudo e sondagem en-
tão por mim executados no Rio Claro, em Marechal Mallet, no
Paraná.
    A de n." 3, quando, seguido pelo Eng. Roberto de Lima Coelho,
                                                                         Foto,
examinei a região considerada petrolífera; a de n.' 4, uma vista da      do o,
Estação de Marechal Mallet, da Linha Férrea Paraná Santa Catarina,
a mais próxima da situação da sondagem; a dé n.' 5, uma vista pano-
râmica do Rio Iguaçu, nas cercanias da cidade de Pôrto União; a de
n.' 6 uma vista do Rio Claro, afluente do Iguaçu, fotografado num
trêcho dos mais próximos à situação da sondagem; e, finalmente, a
de n.' 7, um grupo de polonêses, colonos do Rio Claro, em festa de
regosijo pelo êxito da sondagem, em virtude do desprendimento
de gás combustível, que se verificara.


                                :(:   :/:




    Julgo oportuno referir outros pormenores em relação a sonda-
gem para petróleo por mim executada no Rio Claro, em Marechal
Mallet, no Paraná, além dos já mencionados, e os refirirei mais adi-
ante. Aqui, no entanto, antecipadamente, cumpre-me informar, o que
faço com profunda tristeza, - que da sondagem de Marechal Mallet,
por mim executada, foi retirada a sonda, depois de atingidos 510
metros de profundidade, com desprendimento de gás combustível,
por determinação do Ministro da Agricultura, então o Eng. Pires do
Rio, que havia substituído, por motivos políticos, o titular da Pasta,
o eminente batalhador pelo petróleo, o Dr. Idelfonso Simões Lopes!
Esta sondagem nunca mais foi prosseguída. Outros pormenores .en-
centram-se relacionados em capítulos subseqüentes.

                                                                         Foto
                                *
o              PETRÓLEO 1 0     BR AS IL   37
                                                         .,. ..;
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                                                                   ,         "    ",

                                                                       .,.   ..   ~ '. ,




F ot og rafia n v 5 - Vista pano râmica do R io I gu a çu . t r êch o da r egr a o p et r olifera
do oes te do P ara n á. nas proxi midades das cida des de Põrto U n iã o. ('.o P a raná .
                        e Un iã o da Vitó r ia , de Sa nta Cata r ina .




Fotografia nQ 6   Vi sta d e um trêcho do R io Claro, d e um ponto do s mais pró.
         xlmos do sitio em qu e s e praticou a s ondag em para petróleo .
38                      ALPHEU    DINIZ GONS,LVES




Fotografia nQ 7 -   Grupo i'p colonos polonêses em festa, em regosijo pelo fato
do desprendimento dp g'ás combust ivel na' sondagem para petróleo no Rio
Claro, em Marechal Mallet, no Paraná, no mês de junho de 1922. À direita, no
        primeiro plano, assinalado com uma se ta o ·geólogo Alpheu Dirriz.



    Após O ano de 1922, foram muitos os meus estudos, e outras cam·
panhas geológicas que também foram por mim executadas, Em quase
tôdas elas sempre procurei investigar referências, quer diretas, quer
indiretas por informações, que pudessem indicar, ou noticiar, des-
confianças da existência de tão almejado liquido.
   Dentre as campanhas por mim procedidas, neste sentido julgo
oportuno relacionar as seguintes:
    -  Em 1923, foram executados reconhecimentos geológicos ao
longo do rio São Francisco, no Estado da Bahia, até as fronteiras
com Minas Gerais, sendo apresentado volumoso relatório, ilustrado
com centenas de fotografias e documentações de fácies geoÍDgicos,
mapas e respectivos perfís geológicos, conforme se encontra aludido
pelo Diretor do Serviço Geológico, no Relatório da Repartição, apre-
sentado ao Govêrno da República, em relação ao ano de 1923, na
página 180.
    -- Em 1924, ainda em continuação ao estudo geológico do Estado
da Bahia procedi à reconhecimentos, ao longo do Rio de Contas, de
leste ao oeste, da foz às vertentes do São Francisco, conforme, igual
mente, se encontra referido no Relatório, do, então nôvo Diretor In-
terino do Serviço Geológico, o Eng. Euzébio de Oliveira, na pagina 60.
Êsse relatório que apresentei foi igualmente e amplamente ilustrado
com fotografias, esbôços de mapas e perfis geológicos, naturalmente
o   PETRÓLEO 1'0 BRASIL


                         com referências a pesquisas de fósseis característicos de possíveis
                         existências de deposições petrolíferas.
                             Independente das campanhas geológicas que vim de relacionar,
                         no ano de 1922 houve oportunidade de se reunir aqui no Rio de Ja-
                         neiro, o PRIMEIRO CONGRESSO BRASILEIRO DE CARVÃO DE
                         PEDRA E OUTROS COMBUSTíVEIS, ao qual tive a oportunidade de
                         apresentar uma tese, baseada em estudos por mim feitos anterior-
                         mente, em relação a denominada turfa de Maraú, do Estado da
                         Bahia, tese esta sob a denominação de CONTRIBUIÇÃO PALEOBO-
                         TÂNICA PARA O ESTUDO DA BACIA DO MARAú.
                             Ésse trabalho foi amplamente ilustrado com fotografias e de se
                         nhos, conforme passamos a apresentar a seguir, nestas nossas ano-
                         tações, principalmente por não ter logrado publicação, tal como os
                         demais, e se tratar de assunto referente à petróleo,
                             Cumpre-me então esclarecer que, não tendo sido êsse meu es-
-rn regosijo pelo fato   tudo publicado, foi êle, no entanto, relacionado entre os demais, pele
era petróleo no Ri0
le 1922, A direita. no   Diretor do Serviço Geológico, o Eng. Euzébio de Oliveira, no Rela-
 Alpheu Di níz.          tório apresentado ao Govêrno da República, referente ao ano de
                         1922, na página 125, conforme transcrevemos o respectivo trêcho:
dos, e outras cam
cutadas. Em quase               "1." Seção -   Parte, Científica:
quer diretas, quer              "A esta seção coube relatar 24 teses das 54 apresentadas ao
 ou noticiar, des-          Congresso. Destas 56 teses o Serviço contribuiu com 19. assim
                            especificadas:
este sentido julgo
                                 "Carvão do Amazonas", pelo Dr. Gonzaga de Campos; "Possi-
                            bilidade de se encontrar carvão no norte do Brasil", "Folhelhos
tos geológicos ao           betuminosos do Irati", "Origem do carvão do Sul do Brasil",
  até as fronteiras         "Idade do carvão do Sul do Brasil", "Estudo da bacia de Maraú",
'elatório, ilustrado        "Folhelhos betuminosos da costa do Brasil", "Possibilidade da
 fácies geolõgicos,         exfstêncía de petróleo no Brasil, de acôrdo com as teorias sóbre
  encontra aludido          a sua origem", tôdas pelo Dr. Eusébio Paulo de Oliveira; "As pla-
  Repartição, apre-         nícies de Campos e o petróleo", "A mineração no Estado da Ba-
  ano de 1923, na           hia", pelo Dr. Horace Williams; "Possibilidade de se encontrar
                            carvão no norte do Brasil", pelo Dr. Paulino de Carvalho; "Pos-
                            sibilidade da existência de combustíveis minerais no vale do
-ológíco do Estado
                            Amazonas" e "Possibilidade de existência de petróleo da baixada
Rio de Contas, de           fluminense", pele Dr. Mathias de Oliveira Roxo"; "Origem do
), conforme, igual-         carvão do Sul do Brasil e sua formação", pelo Dr. José Fiuza
) nôvo Diretor In-          da Rocha; "Turfa de Vila-Nova", pelos Drs. Gerson de Faria AI-
eira, na página 60,         vim e Eugênio BourdotDutra; "Linhito do Amazonas", pelo Dr
olamente ilustrado          A. Rodrigues Vieira JÚnior; "Contribuições paleobotânlcas para o
icos, naturalmente          estudo da bacíaüe.Maraü", peloDr, Alpheu DiniZ Gonsaíves: "Ori-
40                         ALPHEU DINIZ GONSALVES


        gem, composição e classificação do carvão nacional da Bacia
        permo-carbonífera do Sul do Brasil, pelos Drs. Djalma Guima-
        rães e Luiz Flôres de Moraes Rêgo; "As pirites do carvão do
        Sul", pelo DI'. Djalma Guimarães. (o grifo é nosso).
            Êstes trabalhos estão reunidos para constituir um boletim
        do Serviço, sob o título "Contribuição do Serviço Geológico e
        Mineralógico ao Primeiro Congresso Brasileiro de Carvão e ou-
        tros Combustíveis Nacionais".
            o Congresso recomendou uma série de trabalhos e provi-
        dências para incentivar a indústria dos combuutíveis, sendo que
        uma boa parte das que interessam ao Serviço s ~ acha em via de
        solução." (*)




                                                                                     ESTl




(0) _    Devemos ressaltar que das 19 teses, acima relacionadas, foram publicadas,
         no Boletim de no 7 do Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil, 18,
         exceção única da apresentada por mim, publicação que faço agora nesta
         monografia, ou anotaçôes, a seguir, como 20 capitulo.

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Diniz

  • 1. o PETRÓLEO NO BRASIL Dos primeiros estudos e observações em campanhas geológícas.. do geólogo Alpheu Diniz, a partir do ano de 1905, quando em compa- nhia do sábio geólogo Orville Adelbert Derby, até o ano de 1962. No desejo de contribuir, em-quanto em mim couber, com dados precisos e referências verídicas sôbre o problema do petróleo no Brasil, em atenção ao, natural interêsse do povo brasileiro pelo as- sunto, e, a insofismável superioridade da PETROBRÁS, em face da. minha atuação no caso . desde o início da minha vida como geólogo, até a atualidade, foi que resolvi coordenar os meus estudos, campa- nhas e publicações esparsas, tal como passo a enumerá-las ao com- pletar os meus oitenta anos de vida, dos quais 58 fôram dedicados, em ininterruptas aplicações, às ciências naturais, aplicadamente ao Brasil, principalmente do ponto de vista mineral e mais particular- mente do petróleo. Nesse sentido apresentarei tôdas as minhas observações, estudos, campanhas geológicas, publicações e conferências concernentes ao re- ferido assunto, na ordem cronológica, com absoluta imparcialidade Em 1905, já diplomado como engenheiro civil e outrotanto pro- fessor de Geologia na "Escola Politécnica da Bahia", houve oportu-· nidade de ampliar os meus conhecimentos, do ponto de vista prático em relação à Geologia, acompanhando o eminente sábio geólogo Or- ville Derby,então comissionado para estudar a geologia do Estado da Bahia. Dessa forma, fui designado pelo Secretário da Agricultura do Es- tado, naquela época o Eng. Miguel Calmon du Pín e Almeida para, anexado à Comissão Derby, acompanhar os estudos do erudito sábio, pelo interior do Estado, nas diversas campanhas geológicas a serem executadas. (1) (L) - Esta Comissão foi muito nctíciada e enaltecida por tôda a imprensa do Estado da Bahia e do alguns outros Estados. Na Bahia destacaram-se os jornais "Jornal de Notícias» de 5-4-05, «A Bahia», de 4-4-05, e o «Diário da Bahia» de 5-4-05, nos têrrnos : «Dr-, Orville Derby: Segue, hoje para as.. Lavras Diamantinas, ane,e vai em Comissão do Govêrno do Estado, o emi- nente g eólogo Orville Derby. Acompanham S. S., nesta excursão cícntíf'Ica.
  • 2. :16 ALPHEU DINIZ GONSALVES Assim sendo, a primeira campanha foi efetuada nas Lavras Dia- contra mantinas. cía m Após o procedimento da Comissão na referida campanha geoló- Derby gica, em tôda região das Lavras Diamantinas, quando, já de volta, sinais, na cidade de, Andaraí, houve oportunidade de uma manifestação de tregue regosijo, por parte da população, sendo oferecido aos membros da água j Comissão, como homenagem, uma expressiva recepção, efetuada no expres Balão Nobre do Conselho, e, então, saudada por um entusiástico dis- inconc curso, proferido pelo Presidente do Conselho, o Coronel Francisco de dade ( Jesus. Êste manifestou "a grande esperança dos brasíleíros, com os Co .estudos e pesquisas do diamante e minerais do solo da Bahia e de muita outros Estados, especificando, também, o carvão e o petróleo". CA todo ( formação geológica das Lavras é Proterozóico-algonquíana, superior, císo Ü possivelmente carnbriana, naturalmente anterior à carbonífera). para c Depois da Comissão haver efetuado a campanha geológica de Ni' Lavras, já de volta à Salvador, o Secretário da Agricultura da Bahia, que d[ o Eng. Miguel Calmon, que fôra o organizador da Comissão, mani- sendo festou ao geólogo Derby o desejo de estudos idênticos serem pro -cedídos na área manganesífera de Nazareth. Satisfeita a vontade do .Secretárío da Agricultura, a Comissão dirigiu-se à referida região, sendo recebida na cidade de Nazareth com expressiva satisfação do _povo, e, então, saudada entusiàsticamente pelo Juiz da Comarca, o Nc doutor Alexandre Bittencourt (2). Êste senhor tudo promoveu para tir da o bom desempenho dos estudos. Aí, tal como nos estudos anteriores, as fro além do manganês, a Comissão procurou investigar a possibilidade, de Jac nas rochas sedimentárias, da existência de fósseis característicos de estuda petróleo, em tôrno das proximidades da cidade, principalmente no Co .sentído do estuário do rio Jaguaripe, seguindo as investigações até o de Bel extremo sul da ilha de Itaparíca, na extremidade denominada de no me -Caíxa Pregos. longa, ,. samos ,. '" em tei quisan Sendo propalada, com muita insistência, na capital do Estado, .a possível existência de petróleo em Cururupe, localidade ao sul da (*) - 1> cidade de Ilhéus, a referida Comissão, composta dos mesmos mem- c .bros que funcionaram em Lavras, nos últimos dias do mês de t.bril.. cI t .ainda a pedido do Secretário da Agricultura do Estado, dirigiu-se, c (3) - ~ por mar, para a mencionada cidade, onde foi recebida com um lauto lI' "banquete (almôço) na residência do Prefeito Adami. P c De tôdas as vêzes, a Comissão foi sempre acompanhada de mate- cl _rial fabricado na nossa Oficina mecânica, fabricação, tôda ela, sempre v d que certamente muito bons resultados trará para aquela fecundissima zo- na diamantífera os srs. H. J<'urniss, cônsul americano, e os Drs. Alpheu Díntz, lente substítuto da Politécnica, e Joaquim Baiana, funcionário da d Secretaria da Agricultura. (4) - r d2) - Notícia publicada no jornal «O Regenerador», da cidade de Nazareth de J< 14 de abril de 1905.
  • 3. o PETRÓLEO xo BRASIL 17 .uada nas Lavras Dia- controlada por mim. ("') Infelizmente houve em Ilhéus uma ocorrên- cia muito desagradável: no decorrer do almôço, o sábio geólogo .rída campanha" geoló- Derby mostrou desejo de ver, no momento, algo de demonstração, ou quando, já de volta, sinais, do supôsto vestígio de petróleo em Cururupe. Foi-lhe então en- uma manifestação de tregue uma garrafa, contendo um líquido, que não era mais do que rido aos membros da água misturada com querozene (do armazém da esquina, conforme recepção, efetuada no expressão do próprio Dr. Derby), e terra vegetal! - Procedimento r um entusiástico dis- inconcebível, porém verídico! - Verdadeiro menoscabo à individuali- Coronel Francisco de dade de um sábio do prestígio mundial do eminente Orville Derby! )S brasileiros, com os Contudo, o professor Derby não se manifestou magoado e, com o solo da Bahia e de muita diplomacia, ordenou-me que providenciasse o reembarque de zão e o petróleo". (A todo o material que já se havia desembarcado, porquanto era pre- -algonquíana, superior, ciso fazer-se outros estudos preliminares, mais para o sul do Estado, r à carbonífera). para onde nos dirigiríamos. unpanha geológica de Não obstante êste acontecimento de Ilhéus, convém assinalar aqui Agricultura da Bahia, que data de 1857 a notícia da existência de petróleo em Ilhéus, como '1' da Comissão, maní- sendo descoberto pelo Sr. José Francisco Tomaz do Nascimento. (4) idênticos serem pro atisfeita a vontade do * l-se à referida região, * :;: :pressiva satisfação do No Sul do Estado da Bahia a Comissão InICIOU os estudos a par- ) Juiz da Comarca, o tir da cidade de Canavieiras, subindo o talvegue do Rio Pardo, até . tudo promoveu para as fronteiras do Estado de Minas Gerais. Quando atingido o pôrto :lOS estudos anteriores, de Jacarandá, a Comissão internou-se até a localidade de Salôbro, sstígar a possibilidade, estudando as jazidas diamantíferas do local. sseís característicos de Como se sabe, a cidade de Canavieiras situa-se próxima à cidade, .de, principalmente no de Belmonte e os rios Pardo e Jequitinhonha quase que desaguam as investigações até o no mesmo estuário. De uma cidade, à outra passa-se por uma praia iídade denominada de longa, de mangues, denominada Barra do Pêso, e foi por ela que pas- samos de Canavieiras para Belmonte, sendo que, sempre que possível, em terra firme, foram investigadas as formações sedimentárias, pes- quisando-se fósseis e assim a possibilidade da existência de terrenos na capital do Estado, ~,localidade ao sul da ( ") - A maioria das. ferramentas e instrumentos usaóos pela Comissão foi exe- sta dos mesmos mem- cutada na ofI<;ma de nossa propriedade, tais como martelos apropriados, dias do mês de ~bril, de forma. e tempera de aço. talhadeir-as, pequenas alavancas. buris. ba- t';;Ias portáteis, de cobre, e outros, tudo também sob as vistas e orienta- do Estado, dirigiu-se, çao . do geólogo Dcrby. (Ver a nota mais adiante ainda com o n? :i). (3) - NotICIa publIcada no «Jornal do Povo». r'a Bahia de 7-2-1903: Ferrarta recebida com um lauto Model'n~ .- Corn esta dcnominacão, nosso conterrâneo sr. engenheiro Al- phcu Díníz Gonsalves, montou. à rua do Gabriel nv 4, uma importante ot'í- Adami. ema de trabalhos de ferreiro, serralheiro e caldereiro, inclusive o fahrico acompanhada de mate- de tanques. esta!1tes. bancos, consêrtos de carruagens. etc. , Obe,decendo!" doutrina dos americanos. o sr, Alpheu Diniz Gonsal- cação, tôda ela, sempre voes esta _convencIdo de que em tôda a inr.ústría um homem de vontade e de vocacao pode ~anhar dinheiro e tornar-se útil a si e à sua Pátria. ra aquela fecundíssima zo- • A Bahia precisa certamente de estabelecimentos desta ordem. quc nos ericano, e os Drs. Alpheu vao lIbertando do pesado tributo que pagamos à indústrIa cstrang erra. im Baiana, funcionário da Fazemos votos para que a Fera-arfa Moderna tenha uma carreira cheia de prosperidaóca. da cidade de Nazareth de (.4) - Di<;ic:náI'io Geográfico das Minas do Brasil, por Francisco Inácio Ferreira. Edição de 1885, páginas 166.
  • 4. 18 ALPH EU DINIZ G O N SA LVES petrolíferos. De Belmonte, subindo o rio Jequitinhonha, com idênticas inve stigações, fomos até a Cachoeira do Salto, nas fronteiras do E s- tado de Min as Gerais. * * Quando a comissão na cidade do Salvador, ficou ela composta, ap en as, do sábio Orville Derby e da minha pessoa. (Foto n .O1) . Aproveitando a perrna- n ênc ía de alguns dias na- quela cidade, o professor Derby, sempre com a m io nha companhia, passamos a pesquisar fóss eis em al- gumas das localidades próximas, principalmente as do Recôncavo, na dire- ção da "Estrada de Ferro Bahia ao São Francisco". Dos pontos visitados po - demos destacar os que de modo geral afirm ava .o povo desprender ch eiro de gás (exp ressão po pula r baiana dada ao queroze- ne), tais com o Ma çarandu- ba, Ponta de Monte Ser- rate, Engenho da Con cei- ção, Lobato e Peri- peri. No decurso destas visi- tas tive a grande felicida- de e honra de receber s á- bios ensinamentos cientí- ficos e morais do saudoso mestre Orville Derby! F otografia n o 1 - Nas marg en s do Rio São * * Fra nci s co , Orv ill e D e r by , co m 54 anos, e Al- p he u Dí n iz, com 22 a n os. Alguns dias depois, Ja no mês de junho, conti- nuamos as campanhas geológicas em direção ao Noroeste do Estado, viajando em trem especial, gen tilm ente pôsto à nossa disposição pelo Gal. Teive Argolo, Superintendente da E. de F. Bahia ao S. Francisco", num carro salão, pôsto à frente da locomotiva, para melhor observa-
  • 5. o PETRÓLEO SO BRAS~ 19 ionha, com idênticas ção dos terrenos marginais em tôrno da linha férrea. Dessa forma as fronteiras do Es- fomos até a cidade de Joazeiro, nas margens do Rio São Francisco, fronteira à Petrolina, no Estado de Pernambuco. Neste trajeto tivemos ocasião de estudar várias regiões, durante muitos dias, destacadamente às de Aratu, Camaçarí, Alagoinhas, Ser- rinha, Bomfim, Curaçá (onde se fêz, a cavalo, uma excursão às mi- ficou ela composta, nas de cobre da fazenda Caraíbal, Angico, (onde visitamos as pedrei- '" (Foto n.' 1). ras calcárias, em pesquisa de fósseis) e, finalmente, Joazeiro, Ilha do Fôgo E', Petrolina. )Veitando a perma- , de alguns dias na- Finda esta campanha, a última que se procedeu, mestre e cu ° cidade, o professor posamos para uma fotografia, para guardarmos como lembrança dos . sempre com a mí- inesquecíveis dias em que amistosamente, durante meses, excursio- ompanhía, passamos narnos fraternalmente, [uisar fósseis em al- das localidades aas, principalmente Recôncavo, na díre- :1. "Estrada de Ferro ao São Francisco". iontos visitados po- Depois dêste período de início de minha formação funcional, : destacar os que de sempre aconselhado e incentivado pelo mestre e amigo Orville Derby geral afirmava .o (por essa ocasião o Professor Derby, (") ainda na Bahia, foi incumbi- iesprender cheiro de do pelo Secretário da Agricultura, o Dr. Miguel Calmon, que ia ser Mi- (expressão popular nistro do Govêrno Afonso Pena, para planejar um projeto de criação , dada ao queroze- de um Serviço Geológico para o Brasil) E', outrotanto, incentívado pe- ds como Maçarandu- los mestres Casper Branner e Theodoro Sampaio, dediquei-me, apai- onta de Monte Ser- xonadamente, ao estudo da geologia do meu pais. - De todos êstes Engenho da Concei- senhores, possuo cartas as mais expressivas e incentivadoras possível. obato e Perí-perí. decurso destas visí- Dentre as cartas que recebi, orgulho-me em poder destacar, no 'e a grande felícída- que me sinto sumamente honrado, - como do comêço da minha ionra de receber sá- vida de geólogo, uma das muitas que recebi do saudosíssimo mestre ensinamentos cientí- Derby, a qual, por isso mesmo, permito-me reproduzi-la na integra, morais do saudoso em original fotogravado: Orville Derby! * ms dias depois, ja 3S de junho, conti- Noroeste do Estado, 1*1 - o professor Orville Aldelbert Derby foi um dos mais eruditos sábios geó- logos munóíais, de nacionalidade amcr-ícana, que veio para o Brasil, eD1 assa disposição pelo 1870, tendo apenas 23 anos, na «Comissão cientifica Charles Har tt» c aqui ficou, sem jamais ter voltado a América, nem de passeio, até o ano de 'lia ao S. Francisco", 1915, quando naturalizou-se brasileiro e suicidou-se. Escreveu 173 estudos ara melhor observa- sôbre a geologia brasileira. Foi o crtaríor do Serviço Geológico e Minera- lógico do Brasil e o seu primeiro Di-retor.
  • 6. ~r ;;...,~/t<~...<... ;'''1 d- Mi;íslarlD ca Agricultura, !odustria e Com CID ./ SERV1ÇO GEOLOG1C E l1lNERALOG1CO DO BRAZ1L "T lheto das TI FI come: meses gentil H balha estou traba c A a F da B profe do ct C grafü 1914,
  • 7. o PETRÓLEO XO Bn,SIL 21 "Meu caro Dr. Alpheu Diniz: Recebi e muito agradeço o seu ro- lheto sôbre o Diamante o que me despertou recordações agradáveis das nossas excursões no sertão da Bahia. Por muito tempo deixei de pensar no diamante mas ultimamente comecei de nôvo de me ocupar com o assunto e dentro de alguns meses espero ter dois trabalhos impressos com que retribuir a sua gentileza. Há tempo tive alguma esperança de poder convidar-lhe a vir tra- balhar no Serviço, mas as coisas desandaram de tal modo que hoje estou duvidando da continuação por muito tempo do meu próprio trabalho aqui. Causas dêste mundo e dos homens do Govêrno! Com muitas lembranças aos seus pais, irmãos e senhora. Amigo velho a) Orville A. Derby". ;;: * Funcionando como professor de Geologia na Escola Politécnica da Bahia, sempre procurei. ampliar os meus conhecimentos práticos, professando Geologia no campo, às diversas turmas do terceiro ano do curso de Engenharia Civil. Como documentação do que vim de referi.r apresento uma foto- grafia (n." 2) de. uma das turmas do terceiro ano, do período de 1914, em regiões consideradas petrolíferas do Recôncavo da Bahia.
  • 8. ALPHEU DINIZ G O N S AL VE S F otogra fi a nv 2 - Aula prática d e Ge ol og ia . em p esq ui s a d e fós s ei s e m te r re nos s ed im e n tár ios da Ponta d e Monte Serr a t e , profes sada ao terceiro ano d o Curso d e Engenh aria Civ il . da Escol a P olitécni ca ('.a Bahia. e m 1914. O pro fessor a o ce n t ro, e m p é . df' rou pa escu ra . * * :;: Por motivos particulares, para acompanhar a minha família, trans- feri a minha residência, em 1917, para o Rio de Janeiro. Já no Rio , após ter prestado concurso para professor de Geolo- gia e Mineralogia na Escola Politécnica, e tendo sido habilitado em 1918, em 1919 fui contratado como geólogo para o "Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil", de ac ôrdo com uma verba que fôra votada para estudos do petróleo e respectivas sondagens em todo o Territó- rio Nacional. (5) Assim sendo, logo de início fui designado para, em comissão com o geoólogo Euzébio de Oliveira, procedermos a uma campanha geo - l ógica nos Estados do Rio Grande do Norte e da Paraiba, particular- (5) - Nôvo g-eólo;.{o <lo S. tL e 1 1. Br-asf leí ro - O s r . minis t r o da Ag ricultura . po r a to d e hoj e . r..so lv eu co n t r a t a r . como ge ólog o do S ervico Geológico c Min e ral ógi co B r a sil eiro, o D I'. A lp he u Diru z Gons al ves . pro fesso r ca tecra- ti co de gel g ia e min eral og ia na Esco la P olitécn ica d a B ah ia e li v r e d o- ce n t e . p o r COnC'lr S0. d e míne ralog ía e m et a lu rg ia . na E scola Po t rt écndca do R io d e Jan eiro. S er viu r',e base a S . Ex- . o Sr. m in is t r o d a Ag r ícu í- t u ra , par a e fe t ua r o r efer id o co n t ra to . a info r m a çã o do cume ntada qu e lh e foi apres entad a . p r o van d o j á ter o D I'. Al ph eu Diniz p u b licado mai s d e v inte m o n ografia s sôbra min e r al ogia e geo logia do n os s o p a is . al ém de doc u m o n t os outros , como rôss ern carta s d os D r s . Orvill e Der b y, J. B r an- n e r e o u t r os g e ólogos o m inerrt es . Já e m d ia s do m ê r passada. " DI ', Alph eu Di n iz f ~ z uma c o n fe r ê nc ia que f oi muito ap ta u r.i dn . no C lu be. de Engenhar ia . sôb r e a sen si b ü íd a d c do s sulfu retos naturats e a r á di o-tel eg rafia. d es p ertan d o gra n d e in te rêsse nos m e ios comp et entes. (J ornal «A Noite» do R io de J an eiro d e la d e j u - lho d e 1919. )
  • 9. o PETRÓLEO NO BRASIL 23 mente estudando as jazidas de cobre então recentemente descobertas em Picuí, e outros minerais. De volta desta campanha, no comêço do ano de 1921, (em vista do insucesso de uma sondagem tentada em Marechal Mallet, no Pa- raná) fui designado pelo eminente Diretor do Geológico, o Dr. Gonza- ga de Campos, para não só estudar a região como proceder à son- dagem que não tinha sido possível, até então, ser executada. De acôrdo com a incumbência procedi à estudos geográficos e geológicos em tôda a Serra da Esperança, bem assim pratiquei a son- dagem almejada. Como demonstração da minha desincumbência neste sentido pas- so a transcrever a seguir, conservando a forma e a mesma ortografia original, os trechos que se encontram publicados nos Relatórios do Diretor do Serviço Geológico, de autoria do Dr. Gonzaga de Campos, apresentados ao Govêrno da República, relativos aos anos de 1921 e 1922. Trêcho do Relatório do Serviço Geológico para 1921, da pág. 93: de fósseis em terrenos terceiro ano do Curso 1 1914. O professor ao "PARANÁ" "No Estado do Paraná foi proseguida a sondagem de Mare- chal Mallet, sob a direcção do geólogo Alpheu D. Gonçalves. Esta sondagem, que no começo do anno estava a 60 metros de ainha família, trans- profundidade, cortou uma grossa massa intrusiva de diabase, ro- Janeiro. cha que pela sua dureza e estado de fendilhamento constituia professor de Geolo- um seria entrave á marcha da perfuração, com espessura total sido habilitado em de 38 metros; proseguíu depois satisfactoriamente até 31 de de- "Serviço Geológico zembro, em que attingiu á profundidade de 395 metros, tendo -ba que fôra votada atravessado, a partir de 360 metros, camadas alternadas de to- em todo o Territó- lhelhos bituminosos e calcareos, que apresentavam cavidades e fendas cheias de oleo suficientemente puro para vir á superficie " em comissão com durante a lavagem do furo. Esta sondagem será proseguida o tma campanha geo- sufficiente para atravessar as camadas que em outras regiões con- Paraíba, particular- tê em carvão e que, existindo nessa localidade, deverá estar em profundidade superior a 600 metros". inistro da Agricultura. 10 Serviço Geológico e ves, professor cateurá- Trêcho do Relatório do Serviço Geológico para o ano de 1922, da Bahia e livre do- na Escola Politécnica na pág. 115: , ministro da Ag rícul- documentada que lhe "Estado do Paraná" niz publicado mais de nosso pais, além de rville Derby, J, Bran- "A sondagem de Marechal Mallet, que a 31 de dezembro de z fêz uma conferência 1921 se achava na profundidade de, 322 metros, foi proseguida sôbre a senstbiltdadc .ando grande interêsse durante o anno, tendo attingido a 30 de junho a profundidade , Janeiro de la de ju- de 510 metros, encontrando-se a 505 metros um depósito de gaz
  • 10. 24 ALPHEU DINIZ GONSALVES natural, cuja composição é mais ou menos identica á do poço de I Graminha, no Estado de S. Paulo. Infelizmente, o gaz está em bem uma camada de folhelho escuro, que se desaggrega promptamen- ções te, logo que se retira a agua do furo e esborôa-se, entupindo o amá, furo e impedindo a sahida do gaz. O resto do anno foi empre- cient gado em revestir os quinhentos metros de furo, o que foi feito meus sem grande resultado, pois o revestimento vedava a sahida do turbe gaz e quando se levantava o revestimento o material argilloso f desmoronava, fazia bucha, impedindo a sahida do gaz." deste "Como se vê, os resultados das sondagens para petroleo no algo anno de 1922, si não foram positivos no tocante á descoberta do estuc combustivel liquido, provaram, entretanto, a existencia de um prog recurso mineral desconhecido no paiz - o gaz natural." (o grifo um I é nosso). 1 "Dada a grande distancia entre os dois poços, 1.200 kílo- eleva metros, segundo os affloramentos da série permiana em qUE> preer occorre, deve-se presumir que ha, nos Estados de S. Paulo e Pa- que raná, uma enorme reserva desse combustivel, cujos usos domes- suas ticos e industriaes são assás conhecidos. O problema, agora, con- em J: siste simplesmente na perfuração de numerosas sondagens em I torno dos poços productivos e accumulação de gaz em gazome- repre tro, donde será levado por encanamento aos centros consumi- granr dores." de g prog: * * *' I bado Em face dêste meu empreendimento e dos meus estudos geográ- minh ficos e geológicos de tôda a Serra da Esperança, e ao longo da Es- dosar trada de Ferro até Pôrto União, no Paraná, ~ outrotanto, como pro- ;. fessor de Geologia atendendo a minha convicção da existência de o qu petróleo no Brasil, no dia 2 de julho de 1921, por solicitação do Dr. parti Paulo de Frontin, proferi uma palestra no "Clube de Engenharia", segui tal como se segue, reprodução da ata da Sessão realizada no referido I Clube, publicada no "Jornal do Comércio" de 3 de agôsto de 1921. princ "O Problema máximo do petróleo no Brasil". notá- na F O Sr. Diniz Gonsalves - Sr. Presidente: teme "De quando em vez, ausento-me por circunstâncias inerentes a mie J' nha profissão, ainda que temporàriamente dêste meio e desta douta todo agremiação, no meu modo de sentir a mais elevada e confortadora pa- kerit ra os que procuram estudar, e que jamais tenho deparado igual na mi- carbe nha vida de estudos e de dedicação às ciências e aplicações indus- taran triais, mas, aqui me encontro, sempre visando o engrandecimento da plora nossa Pátria. dicar
  • 11. o PETRÓLEO XO BRA~L 25.' ntica á do poço de De quando em vez, nêsse mesmo meio, onde me sinto feliz, num .te, o gaz está em bem estar incomensurável, percebendo a sinceridade das manifesta- grega promptamen- ções de agrado, positivamente sentidas por mim e percebidas pelo rôa-se, entupindo o amável acolhimento que sempre vós todos me tendes dispensado, pa- lo anno foi empre- cientemente me escutando, o que confesso, dada a mediocridade dos ro, o que foi feito meus trabalhos e conhecimentos, - sinto-me por isso, por vêzes per- sdava a sahida do turbado, com a excessiva bondade de todos vós, ilustrados consócios. material argilloso Aquiescendo ao pedido de alguns de vós, destacados membros do gaz." desta nobre agremiação, presentemente aqui me escutando, para que ; para petroleo no algo comunicasse, neste recinto, sôbre os meus empreendimentos e te á descoberta do estudos em tôrno do máximo problema nacional, qual seja o do maior existencía de um progresso da indústria brasileira, então com a fortuna inaudita de ~ natural." (o grifo um possível descobrimento de jazidas de petróleo, aqui me encontro. Tenho a certeza de que essa nossa agremiação é uma das mais, poços, 1. 200 kilo- elevadas do país nêsse mister, centro de tôdas as iniciativas e em- permiana em que preendimentos, o coração do progresso dêsse colôsso da Natureza, de S. Paulo e Pa- que é o Brasil, e pelo nosso Clube é que podemos constatar, por cujos usos domes- suas vibrações e pulsações, o passado e o futuro das nossas indústrias )blema, agora, con- em benefício da nacionalidade. Isas sondagens em Deparando sempre a figura do nosso insubstituível Presidente, le gaz em gazome- representante excelso da engenharia pátria, sentinela avançada dos : centros consumi- grandes e nobres empreendimentos, mestre dos mestres e padrão de glórias para todo engenheiro brasileiro que procura conhecer o progresso do nosso país, o Dr. Paulo de Frontin, sinto-me orgulhado. De tão honrado que me vejo, - profundamente me sinto pertur- bado e confuso, reafirmo, e sempre peço desculpas a todos vós se as' .us estudos geográ- minhas desataviadas palavras não corresponderem as vossas bon- e ao longo da Es- dosas espectativas. rotanto, como pro- Assim, aqui me encontro mais uma vez e pretendo comunicar-vos. l da existência de o que sôbre o petróleo, com meus modestos e continuados estudos solicitação do Dr. particulares e dedicação a geologia, até a presente data tenho con- lede Engenharia", seguido evidenciar relativamente às nossas possibilidades. alizada no referido Logo de comêço, julgamos de bom parecer manifestarmos como, agõsto de 1921. princípio fundamental da nossa convicção, aceitando a opinião do notável geólogo Codrau, membro da comissão geral dos petróleos, na França e Colômbia, que, contràriamente a opinião mais freqüen- temente admitida, o petróleo não é uma substância rara! :ias inerentes a mí- No entanto, os indícios de petróleo, de existência comprovada em neío e desta douta todo o nosso país, nas manifestações dos "asfaltos, albertitos, ozo e confortadora pa- kerita, grahamita, gases naturais em múltiplas apresentações de rarado igual na mí- carbonetos complexos", até a presente data, ainda não se apresen- ~ aplicações índus- taram em condições satisfatórias para determinações precisas e ex- ngrandecímento da plorações econômicas; outrotanto as suas presenças nem sempre in- dicando petróleo no sub-solo, são auspiciosas.
  • 12. 26 ALPHEU DINIZ GONSALVES Estas disposições, têm sido encontradas em formações muito par- ticulares, certamente mais ou menos raras, pela necessidade de se- rem precisas muitas delas reunidas num só ponto; por êsse fato, dos as jazidas de petróleo de real valor industrial, têm sido, até a presen- do ] te data no nosso planeta, em um número muito limitado. rita' Buscando conhecer tàdas as determinadas condições e maníres tações de petróleo, às que me tem sido possível conhecer, compulsan- do autores vários, observando e estudando às de tôdas as partes do e G1 mundo, é que ouso vos afirmar, ser convicção minha, individual. maximé considerada a extensão do nosso território e variedade de formações, a indubitável existência de petróleo em condições satis- Rio fatórias, ou petróleo "in natura" no nosso país. Em todo o nosso planeta, até o ano passado, como verdadeira- da, mente industriais, eram conhecidas as jazidas nos Estados Unidos. .Em na Califórnia, Oklahoma, Illinois, Louisiane, Virgínia, Texas, Okio e te u Pensylvania; na Rússia em Bakou e Gromy; no México, nas índias Nerlandêzas; na Rumania; na índias Inglêsas; na Pérsia; na Galícia; póte no Peru; no Japão; na Trindade; no Egito; na Argentina; na Alema- disp nha; no Canadá; na Venezuela e na Itália. não Mas, estas jazidas, a que nos referimos, são as de "petróleo nas- PUrE cente", e são justamente desta espécie às que pensamos dever ser encontradas em nosso país. de I As destilações de xistos, não deixam de ser proveitosas, mas pou- zene co valiosas quando brotam do solo as verdadeiras fontes industriais. -o ól As destilações, de xistos, é fato antigo no Brasil; j á em 1888, no a pf Estado da Bahia, existiam, fabricando-se o querozene índustrínímente .cam em Maraú, e, ainda que, pelas impurezas, considerado de inferior qua- tura lidade, obteve-se uma aceitação relativa e uma duração de indústria mais ou menos longa, de mais de ano, sendo que a emprêsa somente gem desapareceu com o singular desaparecimento de um dos seus dire- .petr tores proprietários. (?) É bem verdade que em relação ao querozene de Maraú há várias ·duzi versões sôbre a sua origem verídica ou dolosa, mas o fato da exis- reIai tência de aparelhos destilatórios ainda hoje no local, penso, em parte, comprovam, de qualquer forma, a indústria da época. rias Xistos para destilação temos encontrado, abundantemente, em todo o Brasil, de norte a sul. sult: No Amazonas, no Ereré, Vatupá, Jatapú, Trombetas e Gurupatúba. oríg. No Pará em Majú. calir No Maranhão no rio Itapecurú e em Codó. dos No Piauí, refere o Dr. Ferreira que, além dos xistos, teve ocasião .forn ·de retirar das proximidades do rio Parnaíba um betume vermelho, podi pardacento, com característico cheiro de náfta. No Ceará, em Crato. .men Em Alagoas no riacho Doce, Camaragibe e Maragogi. .sent
  • 13. o PETRÓLEO NO BRASIL 27 rrmações muito par Em Sergipe, em Vila Nova. , necessidade de se- Na Bahia, em Maraú, Ilhéus, Caíru, Brejo Grande e Bom Jesus nto; por êsse fato, .dos Meiras. Tivemos a oportunidade de, receber, em 1916, de Minas ~ sido, até a presen- .do Rio de Contas, um xisto betuminoso, impreguinado de "ozoque- mitado. rita". ondições e manifes Do Rio de Janeiro, de Macaé e de São Fídélís. onhecer, compulsan- De São Paulo dos rios Corumbataí, Capivari, Tieté, Capivari-Mirim tôdas as partes do e Guaraí. , minha, individual. No Paraná, no Iguaçu, São Mateus, Irati e outros. i 'irio e variedade de Em Santa Catarina, no Rio Negro, Palmito, Lages, Rio do Rastro, em condições satís- Rio Pio, Belouro e Belvedere. No Rio Grande do Sul, em Santa Maria, Páu Fincado, Sanga Fun- o, como verdadeira- da, Ribeirão da Areia, Passo de São Borja, Estrada Nova e outras. lOS Estados Unidos. Em Goiás, em Anta. Neste local, segundo informação fidedigna, exis- rínía, Texas, Okio e te um betume sulfuroso numa montanha chamada do Macaco, México, nas índias Porém, enquanto que dos xistos extraímos, na melhor das hi- Pérsia; na Galícia; póteses, 20 a 25% de carbonetos, adotando-se processos delicados e .rgentina; na Alema- dispendiosos para as destilações, - no caso do "petróleo nascente", não encontramos impurezas porquanto tôdas as suas chamadas im- as de "petróleo nas o purezas são produtos de alto valor industrial. oensamos dever ser Do petróleo nada se perde e da sua destilação captamos o éter de petróleo, a gasolina, a essência de petróleo, a benzina, o quero- roveítosas, mas pou- zene, o óleo de colza mineral, o óleo solar, o gasol, o óleo lubrificante, s fontes industriais. .o óleo de máquinas, o óleo de cilindros, o óleo de válvulas e mais asíl: já em 1888, no a parafina, a vaselina, o píxe, o coque de petróleo, ou quase sinteti sene índustrínlmente ocamente, todos os carbonetos de hidrogênio, ciclicos e acíclicos, sa- ado de inferior qua- turados ou não saturados. uração de indústria Já tivemos ocasião de referir, aqui, neste recinto, sôbre a ori- a e111prêsa sàmente gem mineral dêstes elementos, quando destacamos, especialmente, o U111 dos seus dire- petróleo, originário dos minérios Varnenita e Marksinikita. As duas diversidades de aspectos das jazidas de petróleo têm pro- de Maraú há várias ·duzido no espírito dos grandes mestres verdadeiras controvérsias em nas o fato da exís- relação a sua origem. o local, penso, em Apesar disso, pensamos possível serem reunidas as diversas teo- t da época. rias em duas fundamentais - a orgânica e a química. bundantemente, e111 Os partidários da origem orgânica, admitindo a hipótese do re- sultado de urna putrefação de animais marinhos; e os partidários da betas e Gurupatúba. origem química, explicando pela reação da água, sôbre os metais al- calinos terrosos, em forma de carbonetos, A variedade extraordinária dos petróleos naturais, certamente, pensamos excluir a hipótese da xistos, teve ocasiao formação por um mecanismo único, e êste fato é precisamente, um 1 betume vermelho, poderoso argumento a favor da teoria química. Existem muitas teorias em tôrno destas duas hipóteses funda- mentais que apresentamos e muito bem todos vós o sabeis, se pre- .aragogi, .sentemente as relembrarnos, é porque pensamos que. de qualquer for-
  • 14. 28 ma podem elas clarevidenciar o nosso raciocínio, quando buscamos' 'Pleci: demonstrar a possibilidade, e a nossa convicção, da existência de' -dever petróleo no Brasil, 'I Morrey atribuiu a origem do petróleo a ação das bactérias; Ko- chas, bel! a destilação da hulha e, dessa forma, seguidamente e variada- A mente, outros geólogos dão origens nas destilações das camadas gíp- enCOJ so-salíferas nos fenômenos vulcânicos e originados em muitos ou- Para tros fenômenos de. relações geológicas, provàvelmente casuais, sem- trolíf pre se buscando as analogias entre a existência de rochas e os vários sob aparecimentos do precioso combustível líquido. ralm O mais notável, no entanto, para assinalarmos, é que, enquanto' nos a hulha nos parece nitidamente localizada em terrenos que se dizem I Carboníferos e. ricos em vestígios de vegetais (no nosso modo e pen- a est sar por ocorrências, de fenômenos idênticos), encontramos o petró- ( leo em todos os terrenos estabelecidos, desde o primário até aos atuais. .a se Da mesma maneira que se. tem encontrado o petróleo nativo, in- o pe dustrialmente explorável, em todos os terrenos, também, variadamen- _pern te tem sido as diversas profundidades da superfície do solo, em que men se tem encontrado, sendo que, em Bakou, já se tem encontrado a avul 1 .000 metros de profundidade. Na Norte América e no México o esgotamento de certas jazidas gênf tem levado os geólogos sondadores a aprofundarem as sondagens e' men tem-se observado, de modo geral, uma real tendência para (, enri-- do r quecimento dos níveis petrolíferos inferiores. outr Consideramos lógico êsse fato, dada a mobilidade do líquido e' men sua densidade, por isso, no caso de diaclases ou fenômenos geodínãmi- pod, cos posteríores, encontram-se as evidências de petróleo, (por vêzes), na superfície do solo, então indícios preciosos para os geólogos pes- mos quísadores. fera Aqui, para melhor poder ser compreendido o nosso racíocínio elas e em busca de demonstrarmos a nossa esperança de petróleo no Brasil, vamos fazer, em têrmos rápidos, uma síntese dos caracteres' aínc geológicos das jazidas petrolíferas do mundo. .sifie Procuraremos, então, dividi-las em três discussões: - a idade geo- .sabe lógica; o fácies da jazida e a estrutura tectônica. Quanto a idade geológica, diremos, resumidamente, que Se encon- tra o petróleo no Terreno Primário, no Este e centro dos Estados ';)'r..1d08; no Terreno Secundário, no. Peru e na Argentina; no Terreno 'tei'ciário, no Caucaso, Oeste e sul dos Estados Unidos, México, índias Neerlandesas, România, Galícia, índias Inglêses e Japão. E no 'I'erreno Quaternário, ainda no México e no Mar Vermelho. No entanto, relativamente ao fácies da jazida, para o caso da pos- con sibinuade da existência de petróleo, é mais limitado o número de rochas em que se tem encontrado êste líquido, certamente por serem nas
  • 15. o PETRÓLEO KO BnASIL quando buscamos' 'Precisas as condições da porosidade nas camadas sedimentares, que , da existência de' -deverão se apresentar convenientemente embebidas, Tem sido elas, arenitos friáveis e porosos; conglomerados e bre- das bactérias; Ko- chas, cascalhos e calcários dolomíticos e grosseiros. lamente e variada- As jazidas,verificadas como as mais ricas, até a presente data, ; das camadas gip- .encontram-se estabelecidas nos "grés porosos" ou "arenitos friáveis". os em muitos ou- Para o fácies geológico, ainda devemos mencionar que as jazidas pe- lente casuais, sem- trolíferas somente têm se apresentado satisfatórias, quando situadas rochas e os vários sob um teto impermeável e suficientemente elástico. Êstes tetos, ge- ralmente, se encontram formados de argilas ou xistos, mais ou me- s, é que, enquanto nos endurecidos e em camadas homogêneas. enos que se dizem Finalmente, pela descriminação estabelecida, passamos a apreciar nosso modo e peno' a estrutura tectônica. .ontramos o petró- Observaremos de maneira muito geral: primário até aos Se o terreno apresentar-se com dobras, o petróleo tende sempre .a se concentrar nas vizinhanças dos anticlinais. Já nos referimos que petróleo nativo, in- o petróleo fica concentrado nos terrenos porosos e sob tetos im- .nbém, varíadamen- permeáveis e agora acrescentamos que os petróleos são freqüente- .e do solo, em que,' . mente acompanhados de gases e água, em proporções mais ou menos tem encontrado a. .avultadas. ) de certas jazidas Para o caso do terreno haver experimentado, por fenômenos oro- m as sonda gens e- gênicos, dobras, a água, o petróleo e os gases obedecerão, precisa- êncía para o enrí- mente a ordem das densidades. Assim, se sondarmos num determina- do ponto A, somente poderemos encontrar água; se sondarmos num outro ponto B, já poderemos encontrar o petróleo jorrante e, final- dade do líquido e' ômenos geodinârní- mente, num terceiro ponto C, todos aliás relativamente próximos, só róleo, (por vêzes), poderemos obter gases. a os geólogos pes- Em quaisquer representações gráficas, que façamos, procurare- mos estabelecer, invariàvelmente, a disposição das camadas petrolí- ) nosso raciocínio feras sob camadas de formação impermeável, porque somente assim ;a de petróleo no elas poderão se apresentar. ese dos caracteres' Com esta manifestação, a mais comum para o petróleo, existem ainda outras apresentações, também já conhecidas, que se tem elas- ies ; - a idade geo- .sificado de excepcionais, sendo elas, ao todo, em número de 4, a saber: .nte, que se encon- 1: - Jazidas denominadas "rnono-clinaís" entro dos Estados 2." - Jazidas "sinclinais" mtína; no Terreno 3." - Jazidas das falhas :1os, México, índias 4." - Jazindas dos filões eruptivos. .pão. E no Terreno Procurando-se conhecer um exemplo de jazidas mono-clínaís, en- ara o caso da pos- contraremos como típica uma das da Califórnia. ado o número de Nestas jazidas típicas, encontramos sempre o petróleo aprisionado .amente por serem nas proximidades dos deslocamentos de camadas.
  • 16. ALPHEl: DIKIZ GOKSALVES Buscando-se conhecer um caso para as jazidas denominadas sin- Df clinais encontramos um belo perfil geológico numa das jazidas da: relato: România. sonda! É um dique construído de rochas do "rnioceno salífero", coma trado, que interrompendo um sinclinal, em târno do qual se tem verificado tos" e diversas "bôlsas petrolíferas". ímperi Como exemplo das chamadas jazidas das falhas encontramos um ções 1= caso numa das jazidas do Peru, situada nas proximidades do mar" sentir verificando-se o petróleo em "bôlsas", ainda nos deslocamentos. Pe assim Finalmente, exemplificando as chamadas jazidas dos filões, en- tas su contramos um caso numa das manifestações do México. Foram os poros, terrenos eocênicos levantados por uma erupção de basalto, estabele- cendo-se, assim, várias "bôlsas" que o circundam. Esta é a mais ani- Te têm s madora para o sul do Brasil. blicad Agora, vejamos como se tem pesquisado o petróleo, empregan- rias d do-se as sondagens. Seria aqui supérfluo, e por demais fastidioso, pro- El curarmos entrar em descrições p. processos de sondagens. por i: Diremos algo, tão somente, sôbre as sondagens nas quais se tem assunt empregado as sondas do tipo "Ingersol" rotativas, com balancim, E~ funcionando com aço granulado, no nosso modo individual de verifi- preser car, verdadeiramente um dos melhores tipos que nos foi dado co- nos E nhecer até o presente para o conhecimento preciso do sub-solo. ao tOI São estas sondas, ou hastes de sondas, constituídas por três: apena partes essenciais: Norte Uma superior, entre nós denominada "agulha", as "hastes da sono gens, da", ou tubos de aço, e o conjunto do "cálice" e "barrilête" com a provei "corôa". M Na parte superior da "agulha", encontramos situado um distribui- situaç dor de água, líquido que chega calcado por uma bomba, a qual faz mos r parte do conjunto da sonda. Por êsse mesmo distribuidor de água natur: faz-se a introdução do aço granulado, que vai servir de elemento refere cortante, atritado entre a base da "corôa" e a' rocha. Paulo A "agulha" tem a haste quadrangular para, adaptado a um "pra- mais to", provido de cremalheira, movido a motor, dar movimento de E rotação ao conjunto. tas, e; Na parte inferior encontramos, assim, a "corôa" que com o em- Nacio prêgo do aço granulado corta a rocha. aguar Depois, o "barrilête" que recebe, a rocha em colunas, denomina- ma, i das "testemunhos", e o "cálice" que armazena todos os detritos de form2 aço e da rocha pulverizados, proporcionando a limpeza do furo. de pe poden Tão somente nisto, de modo suscinto, podemos considerar cor.s- -Qu tituído o aparelho de sondar e, com êle, pensamos, jamais encontra- É remos rochas que possam resistír à sua aplicação, assim se poden- É do sondar, vantajosamente, até as proximidades de mil metros.
  • 17. o PETRÓLEO NO BRASIL 31 s denominadas sin- De modo geral, entre nós, já se tem, por vêzes, publícadr, em TIa das jazidas da relatórios e boletins do Ministério da Agricultura, que nas diversas sondagens às que se tem procedido no sul do país, tem-se encon- no salíf'ero", coma trado, alternadas, as camadas de "calcários", "grés" (arenitos) e "xis- 1 se tem verificado tos" e conhecemos que os xistos são, por vêzes, convenientemente impermeáveis, sendo esta, essencialmente, uma das precisas condi- oS encontramos um ções para prováveis existências de bôlsas petrolíferas, como fizemos ximidades do mar. sentir alhures. leslocamentos. Pensamos, então, de tóda conveniência serem feitas nestes locais, assim observados, várias sondagens, as quais deverão prosseguir nes- fas dos filões, en- tas superposições de extratos, maximé em se encontrando camadas México. Foram os porosas. e basalto, estabele- Esta é a mais ani- Todos êstes sinais e indícios superficiais, como vimos de dizer, têm sido muitos os que em todo o Brasil se tem encontrado e pu- ietróleo, empregan- blicado, mais assinaladamente nas formações Secundárias e 'I'erciá- rias de Alagoas, Sergipe e Bahia. iaís fastidioso, pro- idagens, Eu não vos desejo fatigar, e muito longe de mim êste pensar, por isso, de modo geral, procurarei resumir o quanto possível o' , nas quais se tem assunto. as, com balancim, adívíduaí de verífí- Está no conhecimento de todos e os jornais têm publicado que, presentemente o govêrno tem estabelecido sondagens para petróleo nos foi dado co- nos Estados de Alagoas, no sul da Bahia, em São Paulo e, no Paraná; ) do sub-solo. ao todo estão se fazendo apenas 4 sondagens, ou melhor dito, são stituídas por três: apenas 4 sondas as que investigam o petróleo no Brasil! Quando, na Norte América, somente no ano passado foram feitas 169 mil sonda- as "hastes da son- gens, que pelas verificações apenas 22 mil foram verdadeiramente "barrilête" com a; proveitosas. Mas, se em relação ao número de sondagens, sentimos a nossa uado um distribui- situação humilhante, relativamente aos trabalhos executados deve- bomba, a qual faz mos nos orgulhar, ainda que até agora não tenhamos o petróleo in- tribuidor de água natura, pelos indícios já conhecidos e publicados particularmente ervir de elemento referentes aos Estados do Amazonas, Goiás, Alagoas, Bahia, São a. Paulo e Paraná, onde devemos conservar a esperança de um futuro iptado a um "pra- mais auspicioso, o que não será muito tardio. ar movimento de' E de vós todos, ilustrados engenheiros e industriais progressis- tas, esperando mais de muitos de vós, que têm assento no Congresso 1" que com o em- Nacional, especialmente de vós Sr. Presidente, é que o nosso país aguarda a benéfica contribuição para a solução dêsse magno proble- .olunas, denomina- ma, incitando-nos mais, apresentando aos nossos Governos meios e· los os detritos de formas para que se itensifiquem os estudos para maior exploração' npeza do furo. de petróleo, incontestàvelmente o maior de todos os problemas que- s considerar cor.s- podemos imaginar para uma elevação mais rápida da nossa Pátria!' , jamais encontra- - Que vem ser o Petróleo? , assim se poden- É o combustível dos aviões, hidroplanos e aeroplanos! mil metros. É o combustível dos automóveis!
  • 18. :32 ALPHEU DI?IZ GONSALVES É G combustível dos submarinos, dos submersíveis, de tão grande do cal vulto para a defesa da pátria no nosso amplo litoral! não pc É o combustível leve para os motores industriais e agrícolas! Te É um dos principais elementos da iluminação, em tôdas as suas neraló: :fases! feito [ É o elemento essencial das perfumarias! Brasil, É o dissolvente por excelência dos óleos essenciais dos perfumes! É o lubrificante por excelência de todos os motores térmicos e Cc 'elétricos! É o elemento graxo essencial dos motores e das perfumarias de aplicações industriais! a ped: É o elemento de muita necessidade nas pinturas e revestimentos comêç finos! a opir é urna É o elemento (no caso dos originários que contêm o benzol ), de .onde se podem extrair tôdas as côres de anilinas e todos os princí- N, ,pais perfumes, que tenhamos deparado. país E Além de tudo isto, é enérgico inseticida e hoje em dia, íncontesta- albert velmente demonstrado, o elemento mais poderoso contra os insetos netos ,e inóquo ao homem! sente, Muito mais e melhor do que vos venho de mencionar, conheceis rnercí: todos vós, porém, permiti que vos expondo os meus estudos e conclu- Fi .sões, com tôda a sinceridade da minha opinião individual, mais uma muito vez procure vos dar e afirmar: da BE É o problema máximo para mais rápida culminação do Brasil. as COl (Aplausos. O Sr. Diniz Gonsalves é vivamente cumprimentado por têncía aodos os presentes.)" proje- Em virtude desta palestra, realizada no Clube de Engenharia tal neta, como vimos de transcrever na íntegra, todos os jornais do Rio de os te] .Janeíro e também alguns de São Paulo E" Bahia, noticiaram, elogiosa- no se .mente, o fato e dentre êles "A Noite", então o jornal mais popular ainda -da época, no Rio de Janeiro, do dia 12 de junho de 1921, noticiou a quart ;palestra, conforme reproduzimos na forma e na íntegra. E diver: "UTILIZEMOS AS NOSSAS RIQUEZAS I do B feras NO BRASIL HA PETRÓT.EO JORRANTE, TAL COMO NA diçõe LOUISIANIA, NA NORTE AMÉRICA nas 2 12-6-1921 A das j Importantes declarações do geólogo deser Dr. Alpheu Díníz à "A Noite" ral, c tiven sôbrt O petróleo, que tem feito florescer no México a indústria san guinosa da guerra civil" .é uma das riquezas mais apetecidas no muno ment
  • 19. o PETRÓLEO NO BRASIL 33 rsíveís, de tão grande do contemporâneo e a notícia de que a possuímos em nosso país toral! não pode ser recebida com indiferença. tríais e. agrícolas! Tendo o Dr. Alphen Diniz, que se acha incumbido pelo Serviço Mi- ia, em tôdas as suas neralógico Brasileiro de fazer sondagens para petróleo no Paraná, feito ao Clube de Engenharia uma comunicação sôbre petróleo no Brasil, julgamos interessante e oportuno ouvi-lo sôbre tal assunto. mciaís dos perfumes! ; motores térmicos e Correspondendo ao nosso convite, disse-nos o Dr. Alpheu Diniz: " das perfumarias de - Tive a oportunidade de fazer a comunicação sôbre o petróleo a pedido de alguns dos meus distintos colegas do Clube e, logo de curas e revestimentos comêço, procurámos manifestar a nossa convicção, contrariamente a opinião mais freqüentemente admitida, de que - o petróleo não contêm o benzol), de é uma substância rara. as e todos os princí- No entanto, comentámos o fato de, sendo conhecidas no nosso país as manifestações de indícios petrolíferos, tais como os asfaltos, je em dia, incontestà- albertítos, xistos betuminosos e múltiplas impregnações de carbo- )SO contra os insetos netos complexos, não se ter ainda encontrado o petróleo, até o pre- sente, em condições satisfatórias, para desenvolvidas explorações co- mencionar, conheceis merciais. teus estudos e conclu- Fizemos apreciações em tôrno das destilações de xistos, já de há individual, mais uma muitos anos feitas no Brasil, especificando as de Marahu, no Estado da Bahia, que conseguiram aceitação comercial. Procuramos mostrar ulminação do Brasil. as condições até agora conhecidas compatíveís com uma possível exis- cumprimentado por tência de petróleo, neste ou naquele lugar, mencionando e fazendo projeções luminosas, das principais jazidas existentes no nosso pla- be de Engenharia tal neta, quando salientámos o fato da existência de petróleo em todos )S jornais do Rio de os terrenos, desde o primário, no Este e centro dos Estados Unidos, , noticiaram, elogiosa- no secundário, no Peru e na Argentina, no terciário, no Caucaso e jornal mais popular ainda nos Estados Unidos, México, índias, Galícia e Japão, até no o de 1921, noticiou a quartenárío, no Mar Vermelho. 1 íntegra. Buscámos fazer considerações em tôrno do fácies geológico, nas diversas jazidas, e as nossas condições geológicas, de norte a sul QUEZASI do Brasil, compatíveis com a existência de poderosas bôlsas petrolí- feras, considerando, ao mesmo tempo, a estrutura tectônica, em con- TAL COMO NA dições muito favoráveis, em diversos pontos do Brasil, principalmente RICA nas zonas cretáceas. Apresentámos as possíveis jazidas monoclinais, sínclínais, jazidas das falhas, de filões eruptivos, com desdobramentos em quadros, que ilogo desenvolvemos, e projeções luminosas. Aprecíámos, de um modo ge- ral, os sistemas que se tem empregado nas sondagens e, nesse ponto, tivemos ocasião de nos referir, como é do conhecimento público, xíco a indústria san sôbre a existência de quatro sondagens que se praticam presente- s apetecidas no muno mentevpara petróleo, no Brasil, nos Estados de Alagoas, Bahia, São
  • 20. 34 ALPHEU DINIZ GONSALVES Paulo e Paraná, estudos êstes feitos pelo Serviço Geológico. sob a direção do ilustre geólogo Dr. Euzébio de Oliveira. Nessa ocasião pareceu-nos de tôda aportunidade compulsarmos uma estatística sôbre as sondagens mundiais, na qual, relativamente ao ano de 1914, figura a Norte América com 179.000 sondagens, das quais, apenas 24.000 verdadeiramente em boas condições de explo 1'- ração! Então, em face das nossas demonstrações, procurando compro- var a existência real do petróleo jorrante no Brasil, apelámos para os engenheiros e industriais progressistas ali presentes, constituindo o Conselho Diretor do Clube de Engenharia, alguns dos quais para maior glória do Clube, têm também assento no Congresso Nacional, destacadamente os Drs. Paulo de Frontin, Sampaio Corrêa, Miguel Calmon e outros não menos ilustres, para que no Congresso e junto ao govêrno, proporcionassem condições e verbas para mais amplos e rápidos empreendímentos. Terminando, assim fizemos a apologia do líquido: F'otog r: Cor-lho - Do petróleo nada se perde e da série de sua destilação, - t.am-s-- cada elemento, maiores aplicações! - Recolhemos o éter de petróleo, a gasolina, a essência de petró- leo, a benzina, o querozene, o óleo de kolza, o óleo solar, o gasol, o óleo lubrificante,. óleo de máquinas, o óleo de cilindros, o óleo de válvula, e mais a parafina, a vaselina, o alcatrão, o pixe, o coque de petróleo, ou melhor digamos, quase todos os carbonetos de hidro- gênio cíclicos e acíclicos, saturados ou não saturados! É o combustível dos aviões, hidroplanos e aeroplanos, que pas- mam os séculos! É o combustível dos automóveis. É o combustível dos submari- nos e submersíveis de tão grande vulto para a defesa da Pátria! É o combustível leve para os motores industriais e agrícolas! É um dos principais elementos da iluminação em tôdas as suas fases! É o elemento essencial das perfumarias! É o dissolvente por excelên- cia dos óleos essenciais, os mais perfumosos l É o lubrificante por excelência de todos os motores térmicos e elétricos! É o elemento graxo, essencial dos motores e das perfumarias! É um elemento de necessidade nas pinturas e revestimentos. É um elemento (no caso dos originários que contêm o benzol) de onde se podem extrair tôdas as côres da anilina e todos os me- lhores perfumes que tenhamos deparado! Além de tudo, enérgico inseticida, tem sido incontestàvelmente Fotog r demonstrado ser um dos desinfetantes mais enérgicos e inóquos! São P
  • 21. o PET HÓLEO N0 BRASIL 35 F ot ografia n o 3 - O ge ólogo Alphcu Dl n lz , acom p a n ha do do En g . R oberto Lima Coel h o , inspeci ona a r egião pe trolí fera do oeste d o P araná . N o fund o p r oj e- ta m- se exemp lares de H er va -m ate, (F a m . Aquifoliacea , N.C. ' - Ll ex-pa ra gua - rt ensl s j . F ot og r afia nv 4 _. Vista ;'.a E stação d e Marech al Mall et. da E strada d e F erro São P aul o Rio Grand e , no Paraná , a es tlj,ção m a is próxima do sítio da son d a - d a gc m do Ri o Cl aro,
  • 22. 36 ALPHEU DINIZ GONSALVES É o problema máximo para a mais rápida culminação do Brasil! Depois destas minhas palavras o nosso presidente, em nome do Conselho Diretor, usando de uma excessiva bondade de me dispensar elogios, agradeceu-me assegurando tudo fazer em tôrno dêste pro- blema, realmente o máximo para elevação do País." A palestra que acima transcrevemos na íntegra quando pronun- ciada foi muito aplaudida e comentada, sendo presidida pelo eminente Dr. Paulo de Frontín, observando-se uma grande assistência de técni- cos e populares e também foi assistida, igualmente, por Ministros de Estado. No desejo de ilustrar documentadamente a presente anotação, tal como o fizemos quando proferimos a palestra, juntamos a seguir uma série de cinco fotografias relativas ao estudo e sondagem en- tão por mim executados no Rio Claro, em Marechal Mallet, no Paraná. A de n." 3, quando, seguido pelo Eng. Roberto de Lima Coelho, Foto, examinei a região considerada petrolífera; a de n.' 4, uma vista da do o, Estação de Marechal Mallet, da Linha Férrea Paraná Santa Catarina, a mais próxima da situação da sondagem; a dé n.' 5, uma vista pano- râmica do Rio Iguaçu, nas cercanias da cidade de Pôrto União; a de n.' 6 uma vista do Rio Claro, afluente do Iguaçu, fotografado num trêcho dos mais próximos à situação da sondagem; e, finalmente, a de n.' 7, um grupo de polonêses, colonos do Rio Claro, em festa de regosijo pelo êxito da sondagem, em virtude do desprendimento de gás combustível, que se verificara. :(: :/: Julgo oportuno referir outros pormenores em relação a sonda- gem para petróleo por mim executada no Rio Claro, em Marechal Mallet, no Paraná, além dos já mencionados, e os refirirei mais adi- ante. Aqui, no entanto, antecipadamente, cumpre-me informar, o que faço com profunda tristeza, - que da sondagem de Marechal Mallet, por mim executada, foi retirada a sonda, depois de atingidos 510 metros de profundidade, com desprendimento de gás combustível, por determinação do Ministro da Agricultura, então o Eng. Pires do Rio, que havia substituído, por motivos políticos, o titular da Pasta, o eminente batalhador pelo petróleo, o Dr. Idelfonso Simões Lopes! Esta sondagem nunca mais foi prosseguída. Outros pormenores .en- centram-se relacionados em capítulos subseqüentes. Foto *
  • 23. o PETRÓLEO 1 0 BR AS IL 37 .,. ..; . (v>:. . " .~ ' . . >.: . ., -Ó, .• r ' t -·',- " ... 1'" .' . '' , " ", .,. .. ~ '. , F ot og rafia n v 5 - Vista pano râmica do R io I gu a çu . t r êch o da r egr a o p et r olifera do oes te do P ara n á. nas proxi midades das cida des de Põrto U n iã o. ('.o P a raná . e Un iã o da Vitó r ia , de Sa nta Cata r ina . Fotografia nQ 6 Vi sta d e um trêcho do R io Claro, d e um ponto do s mais pró. xlmos do sitio em qu e s e praticou a s ondag em para petróleo .
  • 24. 38 ALPHEU DINIZ GONS,LVES Fotografia nQ 7 - Grupo i'p colonos polonêses em festa, em regosijo pelo fato do desprendimento dp g'ás combust ivel na' sondagem para petróleo no Rio Claro, em Marechal Mallet, no Paraná, no mês de junho de 1922. À direita, no primeiro plano, assinalado com uma se ta o ·geólogo Alpheu Dirriz. Após O ano de 1922, foram muitos os meus estudos, e outras cam· panhas geológicas que também foram por mim executadas, Em quase tôdas elas sempre procurei investigar referências, quer diretas, quer indiretas por informações, que pudessem indicar, ou noticiar, des- confianças da existência de tão almejado liquido. Dentre as campanhas por mim procedidas, neste sentido julgo oportuno relacionar as seguintes: - Em 1923, foram executados reconhecimentos geológicos ao longo do rio São Francisco, no Estado da Bahia, até as fronteiras com Minas Gerais, sendo apresentado volumoso relatório, ilustrado com centenas de fotografias e documentações de fácies geoÍDgicos, mapas e respectivos perfís geológicos, conforme se encontra aludido pelo Diretor do Serviço Geológico, no Relatório da Repartição, apre- sentado ao Govêrno da República, em relação ao ano de 1923, na página 180. -- Em 1924, ainda em continuação ao estudo geológico do Estado da Bahia procedi à reconhecimentos, ao longo do Rio de Contas, de leste ao oeste, da foz às vertentes do São Francisco, conforme, igual mente, se encontra referido no Relatório, do, então nôvo Diretor In- terino do Serviço Geológico, o Eng. Euzébio de Oliveira, na pagina 60. Êsse relatório que apresentei foi igualmente e amplamente ilustrado com fotografias, esbôços de mapas e perfis geológicos, naturalmente
  • 25. o PETRÓLEO 1'0 BRASIL com referências a pesquisas de fósseis característicos de possíveis existências de deposições petrolíferas. Independente das campanhas geológicas que vim de relacionar, no ano de 1922 houve oportunidade de se reunir aqui no Rio de Ja- neiro, o PRIMEIRO CONGRESSO BRASILEIRO DE CARVÃO DE PEDRA E OUTROS COMBUSTíVEIS, ao qual tive a oportunidade de apresentar uma tese, baseada em estudos por mim feitos anterior- mente, em relação a denominada turfa de Maraú, do Estado da Bahia, tese esta sob a denominação de CONTRIBUIÇÃO PALEOBO- TÂNICA PARA O ESTUDO DA BACIA DO MARAú. Ésse trabalho foi amplamente ilustrado com fotografias e de se nhos, conforme passamos a apresentar a seguir, nestas nossas ano- tações, principalmente por não ter logrado publicação, tal como os demais, e se tratar de assunto referente à petróleo, Cumpre-me então esclarecer que, não tendo sido êsse meu es- -rn regosijo pelo fato tudo publicado, foi êle, no entanto, relacionado entre os demais, pele era petróleo no Ri0 le 1922, A direita. no Diretor do Serviço Geológico, o Eng. Euzébio de Oliveira, no Rela- Alpheu Di níz. tório apresentado ao Govêrno da República, referente ao ano de 1922, na página 125, conforme transcrevemos o respectivo trêcho: dos, e outras cam cutadas. Em quase "1." Seção - Parte, Científica: quer diretas, quer "A esta seção coube relatar 24 teses das 54 apresentadas ao ou noticiar, des- Congresso. Destas 56 teses o Serviço contribuiu com 19. assim especificadas: este sentido julgo "Carvão do Amazonas", pelo Dr. Gonzaga de Campos; "Possi- bilidade de se encontrar carvão no norte do Brasil", "Folhelhos tos geológicos ao betuminosos do Irati", "Origem do carvão do Sul do Brasil", até as fronteiras "Idade do carvão do Sul do Brasil", "Estudo da bacia de Maraú", 'elatório, ilustrado "Folhelhos betuminosos da costa do Brasil", "Possibilidade da fácies geolõgicos, exfstêncía de petróleo no Brasil, de acôrdo com as teorias sóbre encontra aludido a sua origem", tôdas pelo Dr. Eusébio Paulo de Oliveira; "As pla- Repartição, apre- nícies de Campos e o petróleo", "A mineração no Estado da Ba- ano de 1923, na hia", pelo Dr. Horace Williams; "Possibilidade de se encontrar carvão no norte do Brasil", pelo Dr. Paulino de Carvalho; "Pos- sibilidade da existência de combustíveis minerais no vale do -ológíco do Estado Amazonas" e "Possibilidade de existência de petróleo da baixada Rio de Contas, de fluminense", pele Dr. Mathias de Oliveira Roxo"; "Origem do ), conforme, igual- carvão do Sul do Brasil e sua formação", pelo Dr. José Fiuza ) nôvo Diretor In- da Rocha; "Turfa de Vila-Nova", pelos Drs. Gerson de Faria AI- eira, na página 60, vim e Eugênio BourdotDutra; "Linhito do Amazonas", pelo Dr olamente ilustrado A. Rodrigues Vieira JÚnior; "Contribuições paleobotânlcas para o icos, naturalmente estudo da bacíaüe.Maraü", peloDr, Alpheu DiniZ Gonsaíves: "Ori-
  • 26. 40 ALPHEU DINIZ GONSALVES gem, composição e classificação do carvão nacional da Bacia permo-carbonífera do Sul do Brasil, pelos Drs. Djalma Guima- rães e Luiz Flôres de Moraes Rêgo; "As pirites do carvão do Sul", pelo DI'. Djalma Guimarães. (o grifo é nosso). Êstes trabalhos estão reunidos para constituir um boletim do Serviço, sob o título "Contribuição do Serviço Geológico e Mineralógico ao Primeiro Congresso Brasileiro de Carvão e ou- tros Combustíveis Nacionais". o Congresso recomendou uma série de trabalhos e provi- dências para incentivar a indústria dos combuutíveis, sendo que uma boa parte das que interessam ao Serviço s ~ acha em via de solução." (*) ESTl (0) _ Devemos ressaltar que das 19 teses, acima relacionadas, foram publicadas, no Boletim de no 7 do Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil, 18, exceção única da apresentada por mim, publicação que faço agora nesta monografia, ou anotaçôes, a seguir, como 20 capitulo.