Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Diniz
1. o PETRÓLEO NO BRASIL
Dos primeiros estudos e observações em campanhas geológícas..
do geólogo Alpheu Diniz, a partir do ano de 1905, quando em compa-
nhia do sábio geólogo Orville Adelbert Derby, até o ano de 1962.
No desejo de contribuir, em-quanto em mim couber, com dados
precisos e referências verídicas sôbre o problema do petróleo no
Brasil, em atenção ao, natural interêsse do povo brasileiro pelo as-
sunto, e, a insofismável superioridade da PETROBRÁS, em face da.
minha atuação no caso . desde o início da minha vida como geólogo,
até a atualidade, foi que resolvi coordenar os meus estudos, campa-
nhas e publicações esparsas, tal como passo a enumerá-las ao com-
pletar os meus oitenta anos de vida, dos quais 58 fôram dedicados,
em ininterruptas aplicações, às ciências naturais, aplicadamente ao
Brasil, principalmente do ponto de vista mineral e mais particular-
mente do petróleo.
Nesse sentido apresentarei tôdas as minhas observações, estudos,
campanhas geológicas, publicações e conferências concernentes ao re-
ferido assunto, na ordem cronológica, com absoluta imparcialidade
Em 1905, já diplomado como engenheiro civil e outrotanto pro-
fessor de Geologia na "Escola Politécnica da Bahia", houve oportu-·
nidade de ampliar os meus conhecimentos, do ponto de vista prático
em relação à Geologia, acompanhando o eminente sábio geólogo Or-
ville Derby,então comissionado para estudar a geologia do Estado
da Bahia.
Dessa forma, fui designado pelo Secretário da Agricultura do Es-
tado, naquela época o Eng. Miguel Calmon du Pín e Almeida para,
anexado à Comissão Derby, acompanhar os estudos do erudito sábio,
pelo interior do Estado, nas diversas campanhas geológicas a serem
executadas. (1)
(L) - Esta Comissão foi muito nctíciada e enaltecida por tôda a imprensa do
Estado da Bahia e do alguns outros Estados. Na Bahia destacaram-se os
jornais "Jornal de Notícias» de 5-4-05, «A Bahia», de 4-4-05, e o «Diário
da Bahia» de 5-4-05, nos têrrnos : «Dr-, Orville Derby: Segue, hoje para as..
Lavras Diamantinas, ane,e vai em Comissão do Govêrno do Estado, o emi-
nente g eólogo Orville Derby. Acompanham S. S., nesta excursão cícntíf'Ica.
2. :16 ALPHEU DINIZ GONSALVES
Assim sendo, a primeira campanha foi efetuada nas Lavras Dia- contra
mantinas. cía m
Após o procedimento da Comissão na referida campanha geoló- Derby
gica, em tôda região das Lavras Diamantinas, quando, já de volta, sinais,
na cidade de, Andaraí, houve oportunidade de uma manifestação de tregue
regosijo, por parte da população, sendo oferecido aos membros da água j
Comissão, como homenagem, uma expressiva recepção, efetuada no expres
Balão Nobre do Conselho, e, então, saudada por um entusiástico dis- inconc
curso, proferido pelo Presidente do Conselho, o Coronel Francisco de dade (
Jesus. Êste manifestou "a grande esperança dos brasíleíros, com os Co
.estudos e pesquisas do diamante e minerais do solo da Bahia e de muita
outros Estados, especificando, também, o carvão e o petróleo". CA todo (
formação geológica das Lavras é Proterozóico-algonquíana, superior, císo Ü
possivelmente carnbriana, naturalmente anterior à carbonífera). para c
Depois da Comissão haver efetuado a campanha geológica de Ni'
Lavras, já de volta à Salvador, o Secretário da Agricultura da Bahia, que d[
o Eng. Miguel Calmon, que fôra o organizador da Comissão, mani- sendo
festou ao geólogo Derby o desejo de estudos idênticos serem pro
-cedídos na área manganesífera de Nazareth. Satisfeita a vontade do
.Secretárío da Agricultura, a Comissão dirigiu-se à referida região,
sendo recebida na cidade de Nazareth com expressiva satisfação do
_povo, e, então, saudada entusiàsticamente pelo Juiz da Comarca, o Nc
doutor Alexandre Bittencourt (2). Êste senhor tudo promoveu para tir da
o bom desempenho dos estudos. Aí, tal como nos estudos anteriores, as fro
além do manganês, a Comissão procurou investigar a possibilidade, de Jac
nas rochas sedimentárias, da existência de fósseis característicos de estuda
petróleo, em tôrno das proximidades da cidade, principalmente no Co
.sentído do estuário do rio Jaguaripe, seguindo as investigações até o de Bel
extremo sul da ilha de Itaparíca, na extremidade denominada de no me
-Caíxa Pregos.
longa,
,. samos
,. '" em tei
quisan
Sendo propalada, com muita insistência, na capital do Estado,
.a possível existência de petróleo em Cururupe, localidade ao sul da
(*) - 1>
cidade de Ilhéus, a referida Comissão, composta dos mesmos mem- c
.bros que funcionaram em Lavras, nos últimos dias do mês de t.bril.. cI
t
.ainda a pedido do Secretário da Agricultura do Estado, dirigiu-se, c
(3) - ~
por mar, para a mencionada cidade, onde foi recebida com um lauto lI'
"banquete (almôço) na residência do Prefeito Adami. P
c
De tôdas as vêzes, a Comissão foi sempre acompanhada de mate- cl
_rial fabricado na nossa Oficina mecânica, fabricação, tôda ela, sempre v
d
que certamente muito bons resultados trará para aquela fecundissima zo-
na diamantífera os srs. H. J<'urniss, cônsul americano, e os Drs. Alpheu
Díntz, lente substítuto da Politécnica, e Joaquim Baiana, funcionário da
d
Secretaria da Agricultura. (4) - r
d2) - Notícia publicada no jornal «O Regenerador», da cidade de Nazareth de J<
14 de abril de 1905.
3. o PETRÓLEO xo BRASIL 17
.uada nas Lavras Dia- controlada por mim. ("') Infelizmente houve em Ilhéus uma ocorrên-
cia muito desagradável: no decorrer do almôço, o sábio geólogo
.rída campanha" geoló- Derby mostrou desejo de ver, no momento, algo de demonstração, ou
quando, já de volta, sinais, do supôsto vestígio de petróleo em Cururupe. Foi-lhe então en-
uma manifestação de tregue uma garrafa, contendo um líquido, que não era mais do que
rido aos membros da água misturada com querozene (do armazém da esquina, conforme
recepção, efetuada no expressão do próprio Dr. Derby), e terra vegetal! - Procedimento
r um entusiástico dis- inconcebível, porém verídico! - Verdadeiro menoscabo à individuali-
Coronel Francisco de dade de um sábio do prestígio mundial do eminente Orville Derby!
)S brasileiros, com os
Contudo, o professor Derby não se manifestou magoado e, com
o solo da Bahia e de muita diplomacia, ordenou-me que providenciasse o reembarque de
zão e o petróleo". (A todo o material que já se havia desembarcado, porquanto era pre-
-algonquíana, superior, ciso fazer-se outros estudos preliminares, mais para o sul do Estado,
r à carbonífera). para onde nos dirigiríamos.
unpanha geológica de Não obstante êste acontecimento de Ilhéus, convém assinalar aqui
Agricultura da Bahia, que data de 1857 a notícia da existência de petróleo em Ilhéus, como
'1' da Comissão, maní-
sendo descoberto pelo Sr. José Francisco Tomaz do Nascimento. (4)
idênticos serem pro
atisfeita a vontade do *
l-se à referida região,
* :;:
:pressiva satisfação do
No Sul do Estado da Bahia a Comissão InICIOU os estudos a par-
) Juiz da Comarca, o
tir da cidade de Canavieiras, subindo o talvegue do Rio Pardo, até
. tudo promoveu para
as fronteiras do Estado de Minas Gerais. Quando atingido o pôrto
:lOS estudos anteriores,
de Jacarandá, a Comissão internou-se até a localidade de Salôbro,
sstígar a possibilidade,
estudando as jazidas diamantíferas do local.
sseís característicos de
Como se sabe, a cidade de Canavieiras situa-se próxima à cidade,
.de, principalmente no
de Belmonte e os rios Pardo e Jequitinhonha quase que desaguam
as investigações até o
no mesmo estuário. De uma cidade, à outra passa-se por uma praia
iídade denominada de
longa, de mangues, denominada Barra do Pêso, e foi por ela que pas-
samos de Canavieiras para Belmonte, sendo que, sempre que possível,
em terra firme, foram investigadas as formações sedimentárias, pes-
quisando-se fósseis e assim a possibilidade da existência de terrenos
na capital do Estado,
~,localidade ao sul da
( ") - A maioria das. ferramentas e instrumentos usaóos pela Comissão foi exe-
sta dos mesmos mem- cutada na ofI<;ma de nossa propriedade, tais como martelos apropriados,
dias do mês de ~bril, de forma. e tempera de aço. talhadeir-as, pequenas alavancas. buris. ba-
t';;Ias portáteis, de cobre, e outros, tudo também sob as vistas e orienta-
do Estado, dirigiu-se, çao . do geólogo Dcrby. (Ver a nota mais adiante ainda com o n? :i).
(3) - NotICIa publIcada no «Jornal do Povo». r'a Bahia de 7-2-1903: Ferrarta
recebida com um lauto Model'n~ .- Corn esta dcnominacão, nosso conterrâneo sr. engenheiro Al-
phcu Díníz Gonsalves, montou. à rua do Gabriel nv 4, uma importante ot'í-
Adami. ema de trabalhos de ferreiro, serralheiro e caldereiro, inclusive o fahrico
acompanhada de mate- de tanques. esta!1tes. bancos, consêrtos de carruagens. etc.
, Obe,decendo!" doutrina dos americanos. o sr, Alpheu Diniz Gonsal-
cação, tôda ela, sempre voes esta _convencIdo de que em tôda a inr.ústría um homem de vontade e
de vocacao pode ~anhar dinheiro e tornar-se útil a si e à sua Pátria.
ra aquela fecundíssima zo- • A Bahia precisa certamente de estabelecimentos desta ordem. quc nos
ericano, e os Drs. Alpheu vao lIbertando do pesado tributo que pagamos à indústrIa cstrang erra.
im Baiana, funcionário da Fazemos votos para que a Fera-arfa Moderna tenha uma carreira cheia
de prosperidaóca.
da cidade de Nazareth de (.4) - Di<;ic:náI'io Geográfico das Minas do Brasil, por Francisco Inácio Ferreira.
Edição de 1885, páginas 166.
4. 18 ALPH EU DINIZ G O N SA LVES
petrolíferos. De Belmonte, subindo o rio Jequitinhonha, com idênticas
inve stigações, fomos até a Cachoeira do Salto, nas fronteiras do E s-
tado de Min as Gerais.
* *
Quando a comissão na cidade do Salvador, ficou ela composta,
ap en as, do sábio Orville Derby e da minha pessoa. (Foto n .O1) .
Aproveitando a perrna-
n ênc ía de alguns dias na-
quela cidade, o professor
Derby, sempre com a m io
nha companhia, passamos
a pesquisar fóss eis em al-
gumas das localidades
próximas, principalmente
as do Recôncavo, na dire-
ção da "Estrada de Ferro
Bahia ao São Francisco".
Dos pontos visitados po -
demos destacar os que de
modo geral afirm ava .o
povo desprender ch eiro de
gás (exp ressão po pula r
baiana dada ao queroze-
ne), tais com o Ma çarandu-
ba, Ponta de Monte Ser-
rate, Engenho da Con cei-
ção, Lobato e Peri- peri.
No decurso destas visi-
tas tive a grande felicida-
de e honra de receber s á-
bios ensinamentos cientí-
ficos e morais do saudoso
mestre Orville Derby!
F otografia n o 1 - Nas marg en s do Rio São * *
Fra nci s co , Orv ill e D e r by , co m 54 anos, e Al-
p he u Dí n iz, com 22 a n os. Alguns dias depois, Ja
no mês de junho, conti-
nuamos as campanhas geológicas em direção ao Noroeste do Estado,
viajando em trem especial, gen tilm ente pôsto à nossa disposição pelo
Gal. Teive Argolo, Superintendente da E. de F. Bahia ao S. Francisco",
num carro salão, pôsto à frente da locomotiva, para melhor observa-
5. o PETRÓLEO SO BRAS~ 19
ionha, com idênticas ção dos terrenos marginais em tôrno da linha férrea. Dessa forma
as fronteiras do Es- fomos até a cidade de Joazeiro, nas margens do Rio São Francisco,
fronteira à Petrolina, no Estado de Pernambuco.
Neste trajeto tivemos ocasião de estudar várias regiões, durante
muitos dias, destacadamente às de Aratu, Camaçarí, Alagoinhas, Ser-
rinha, Bomfim, Curaçá (onde se fêz, a cavalo, uma excursão às mi-
ficou ela composta, nas de cobre da fazenda Caraíbal, Angico, (onde visitamos as pedrei-
'" (Foto n.' 1). ras calcárias, em pesquisa de fósseis) e, finalmente, Joazeiro, Ilha
do Fôgo E', Petrolina.
)Veitando a perma-
, de alguns dias na- Finda esta campanha, a última que se procedeu, mestre e cu °
cidade, o professor posamos para uma fotografia, para guardarmos como lembrança dos
. sempre com a mí- inesquecíveis dias em que amistosamente, durante meses, excursio-
ompanhía, passamos narnos fraternalmente,
[uisar fósseis em al-
das localidades
aas, principalmente
Recôncavo, na díre-
:1. "Estrada de Ferro
ao São Francisco".
iontos visitados po- Depois dêste período de início de minha formação funcional,
: destacar os que de sempre aconselhado e incentivado pelo mestre e amigo Orville Derby
geral afirmava .o (por essa ocasião o Professor Derby, (") ainda na Bahia, foi incumbi-
iesprender cheiro de do pelo Secretário da Agricultura, o Dr. Miguel Calmon, que ia ser Mi-
(expressão popular nistro do Govêrno Afonso Pena, para planejar um projeto de criação
, dada ao queroze- de um Serviço Geológico para o Brasil) E', outrotanto, incentívado pe-
ds como Maçarandu- los mestres Casper Branner e Theodoro Sampaio, dediquei-me, apai-
onta de Monte Ser- xonadamente, ao estudo da geologia do meu pais. - De todos êstes
Engenho da Concei- senhores, possuo cartas as mais expressivas e incentivadoras possível.
obato e Perí-perí.
decurso destas visí- Dentre as cartas que recebi, orgulho-me em poder destacar, no
'e a grande felícída- que me sinto sumamente honrado, - como do comêço da minha
ionra de receber sá- vida de geólogo, uma das muitas que recebi do saudosíssimo mestre
ensinamentos cientí- Derby, a qual, por isso mesmo, permito-me reproduzi-la na integra,
morais do saudoso em original fotogravado:
Orville Derby!
*
ms dias depois, ja
3S de junho, conti-
Noroeste do Estado, 1*1 - o professor Orville Aldelbert Derby foi um dos mais eruditos sábios geó-
logos munóíais, de nacionalidade amcr-ícana, que veio para o Brasil, eD1
assa disposição pelo 1870, tendo apenas 23 anos, na «Comissão cientifica Charles Har tt» c aqui
ficou, sem jamais ter voltado a América, nem de passeio, até o ano de
'lia ao S. Francisco", 1915, quando naturalizou-se brasileiro e suicidou-se. Escreveu 173 estudos
ara melhor observa- sôbre a geologia brasileira. Foi o crtaríor do Serviço Geológico e Minera-
lógico do Brasil e o seu primeiro Di-retor.
6. ~r ;;...,~/t<~...<... ;'''1
d-
Mi;íslarlD ca Agricultura, !odustria e Com CID ./
SERV1ÇO GEOLOG1C
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C
grafü
1914,
7. o PETRÓLEO XO Bn,SIL 21
"Meu caro Dr. Alpheu Diniz: Recebi e muito agradeço o seu ro-
lheto sôbre o Diamante o que me despertou recordações agradáveis
das nossas excursões no sertão da Bahia.
Por muito tempo deixei de pensar no diamante mas ultimamente
comecei de nôvo de me ocupar com o assunto e dentro de alguns
meses espero ter dois trabalhos impressos com que retribuir a sua
gentileza.
Há tempo tive alguma esperança de poder convidar-lhe a vir tra-
balhar no Serviço, mas as coisas desandaram de tal modo que hoje
estou duvidando da continuação por muito tempo do meu próprio
trabalho aqui. Causas dêste mundo e dos homens do Govêrno!
Com muitas lembranças aos seus pais, irmãos e senhora.
Amigo velho
a) Orville A. Derby".
;;:
*
Funcionando como professor de Geologia na Escola Politécnica
da Bahia, sempre procurei. ampliar os meus conhecimentos práticos,
professando Geologia no campo, às diversas turmas do terceiro ano
do curso de Engenharia Civil.
Como documentação do que vim de referi.r apresento uma foto-
grafia (n." 2) de. uma das turmas do terceiro ano, do período de
1914, em regiões consideradas petrolíferas do Recôncavo da Bahia.
8. ALPHEU DINIZ G O N S AL VE S
F otogra fi a nv 2 - Aula prática d e Ge ol og ia . em p esq ui s a d e fós s ei s e m te r re nos
s ed im e n tár ios da Ponta d e Monte Serr a t e , profes sada ao terceiro ano d o Curso
d e Engenh aria Civ il . da Escol a P olitécni ca ('.a Bahia. e m 1914. O pro fessor a o
ce n t ro, e m p é . df' rou pa escu ra .
*
* :;:
Por motivos particulares, para acompanhar a minha família, trans-
feri a minha residência, em 1917, para o Rio de Janeiro.
Já no Rio , após ter prestado concurso para professor de Geolo-
gia e Mineralogia na Escola Politécnica, e tendo sido habilitado em
1918, em 1919 fui contratado como geólogo para o "Serviço Geológico
e Mineralógico do Brasil", de ac ôrdo com uma verba que fôra votada
para estudos do petróleo e respectivas sondagens em todo o Territó-
rio Nacional. (5)
Assim sendo, logo de início fui designado para, em comissão com
o geoólogo Euzébio de Oliveira, procedermos a uma campanha geo -
l ógica nos Estados do Rio Grande do Norte e da Paraiba, particular-
(5) - Nôvo g-eólo;.{o <lo S. tL e 1 1. Br-asf leí ro - O s r . minis t r o da Ag ricultura .
po r a to d e hoj e . r..so lv eu co n t r a t a r . como ge ólog o do S ervico Geológico c
Min e ral ógi co B r a sil eiro, o D I'. A lp he u Diru z Gons al ves . pro fesso r ca tecra-
ti co de gel g ia e min eral og ia na Esco la P olitécn ica d a B ah ia e li v r e d o-
ce n t e . p o r COnC'lr S0. d e míne ralog ía e m et a lu rg ia . na E scola Po t rt écndca
do R io d e Jan eiro. S er viu r',e base a S . Ex- . o Sr. m in is t r o d a Ag r ícu í-
t u ra , par a e fe t ua r o r efer id o co n t ra to . a info r m a çã o do cume ntada qu e lh e
foi apres entad a . p r o van d o j á ter o D I'. Al ph eu Diniz p u b licado mai s d e
v inte m o n ografia s sôbra min e r al ogia e geo logia do n os s o p a is . al ém de
doc u m o n t os outros , como rôss ern carta s d os D r s . Orvill e Der b y, J. B r an-
n e r e o u t r os g e ólogos o m inerrt es .
Já e m d ia s do m ê r passada. " DI ', Alph eu Di n iz f ~ z uma c o n fe r ê nc ia
que f oi muito ap ta u r.i dn . no C lu be. de Engenhar ia . sôb r e a sen si b ü íd a d c
do s sulfu retos naturats e a r á di o-tel eg rafia. d es p ertan d o gra n d e in te rêsse
nos m e ios comp et entes. (J ornal «A Noite» do R io de J an eiro d e la d e j u -
lho d e 1919. )
9. o PETRÓLEO NO BRASIL 23
mente estudando as jazidas de cobre então recentemente descobertas
em Picuí, e outros minerais.
De volta desta campanha, no comêço do ano de 1921, (em vista
do insucesso de uma sondagem tentada em Marechal Mallet, no Pa-
raná) fui designado pelo eminente Diretor do Geológico, o Dr. Gonza-
ga de Campos, para não só estudar a região como proceder à son-
dagem que não tinha sido possível, até então, ser executada.
De acôrdo com a incumbência procedi à estudos geográficos e
geológicos em tôda a Serra da Esperança, bem assim pratiquei a son-
dagem almejada.
Como demonstração da minha desincumbência neste sentido pas-
so a transcrever a seguir, conservando a forma e a mesma ortografia
original, os trechos que se encontram publicados nos Relatórios do
Diretor do Serviço Geológico, de autoria do Dr. Gonzaga de Campos,
apresentados ao Govêrno da República, relativos aos anos de 1921
e 1922.
Trêcho do Relatório do Serviço Geológico para 1921, da pág. 93:
de fósseis em terrenos
terceiro ano do Curso
1 1914. O professor ao "PARANÁ"
"No Estado do Paraná foi proseguida a sondagem de Mare-
chal Mallet, sob a direcção do geólogo Alpheu D. Gonçalves.
Esta sondagem, que no começo do anno estava a 60 metros de
ainha família, trans-
profundidade, cortou uma grossa massa intrusiva de diabase, ro-
Janeiro.
cha que pela sua dureza e estado de fendilhamento constituia
professor de Geolo- um seria entrave á marcha da perfuração, com espessura total
sido habilitado em de 38 metros; proseguíu depois satisfactoriamente até 31 de de-
"Serviço Geológico zembro, em que attingiu á profundidade de 395 metros, tendo
-ba que fôra votada
atravessado, a partir de 360 metros, camadas alternadas de to-
em todo o Territó- lhelhos bituminosos e calcareos, que apresentavam cavidades e
fendas cheias de oleo suficientemente puro para vir á superficie
" em comissão com durante a lavagem do furo. Esta sondagem será proseguida o
tma campanha geo-
sufficiente para atravessar as camadas que em outras regiões con-
Paraíba, particular- tê em carvão e que, existindo nessa localidade, deverá estar em
profundidade superior a 600 metros".
inistro da Agricultura.
10 Serviço Geológico e
ves, professor cateurá- Trêcho do Relatório do Serviço Geológico para o ano de 1922,
da Bahia e livre do-
na Escola Politécnica na pág. 115:
, ministro da Ag rícul-
documentada que lhe "Estado do Paraná"
niz publicado mais de
nosso pais, além de
rville Derby, J, Bran-
"A sondagem de Marechal Mallet, que a 31 de dezembro de
z fêz uma conferência 1921 se achava na profundidade de, 322 metros, foi proseguida
sôbre a senstbiltdadc
.ando grande interêsse durante o anno, tendo attingido a 30 de junho a profundidade
, Janeiro de la de ju-
de 510 metros, encontrando-se a 505 metros um depósito de gaz
10. 24 ALPHEU DINIZ GONSALVES
natural, cuja composição é mais ou menos identica á do poço de I
Graminha, no Estado de S. Paulo. Infelizmente, o gaz está em bem
uma camada de folhelho escuro, que se desaggrega promptamen- ções
te, logo que se retira a agua do furo e esborôa-se, entupindo o amá,
furo e impedindo a sahida do gaz. O resto do anno foi empre- cient
gado em revestir os quinhentos metros de furo, o que foi feito meus
sem grande resultado, pois o revestimento vedava a sahida do turbe
gaz e quando se levantava o revestimento o material argilloso f
desmoronava, fazia bucha, impedindo a sahida do gaz." deste
"Como se vê, os resultados das sondagens para petroleo no algo
anno de 1922, si não foram positivos no tocante á descoberta do estuc
combustivel liquido, provaram, entretanto, a existencia de um prog
recurso mineral desconhecido no paiz - o gaz natural." (o grifo um I
é nosso).
1
"Dada a grande distancia entre os dois poços, 1.200 kílo- eleva
metros, segundo os affloramentos da série permiana em qUE> preer
occorre, deve-se presumir que ha, nos Estados de S. Paulo e Pa- que
raná, uma enorme reserva desse combustivel, cujos usos domes- suas
ticos e industriaes são assás conhecidos. O problema, agora, con- em J:
siste simplesmente na perfuração de numerosas sondagens em I
torno dos poços productivos e accumulação de gaz em gazome- repre
tro, donde será levado por encanamento aos centros consumi- granr
dores." de g
prog:
*
* *' I
bado
Em face dêste meu empreendimento e dos meus estudos geográ- minh
ficos e geológicos de tôda a Serra da Esperança, e ao longo da Es- dosar
trada de Ferro até Pôrto União, no Paraná, ~ outrotanto, como pro- ;.
fessor de Geologia atendendo a minha convicção da existência de o qu
petróleo no Brasil, no dia 2 de julho de 1921, por solicitação do Dr. parti
Paulo de Frontin, proferi uma palestra no "Clube de Engenharia", segui
tal como se segue, reprodução da ata da Sessão realizada no referido I
Clube, publicada no "Jornal do Comércio" de 3 de agôsto de 1921. princ
"O Problema máximo do petróleo no Brasil". notá-
na F
O Sr. Diniz Gonsalves - Sr. Presidente: teme
"De quando em vez, ausento-me por circunstâncias inerentes a mie J'
nha profissão, ainda que temporàriamente dêste meio e desta douta todo
agremiação, no meu modo de sentir a mais elevada e confortadora pa- kerit
ra os que procuram estudar, e que jamais tenho deparado igual na mi- carbe
nha vida de estudos e de dedicação às ciências e aplicações indus- taran
triais, mas, aqui me encontro, sempre visando o engrandecimento da plora
nossa Pátria. dicar
11. o PETRÓLEO XO BRA~L 25.'
ntica á do poço de De quando em vez, nêsse mesmo meio, onde me sinto feliz, num
.te, o gaz está em bem estar incomensurável, percebendo a sinceridade das manifesta-
grega promptamen- ções de agrado, positivamente sentidas por mim e percebidas pelo
rôa-se, entupindo o amável acolhimento que sempre vós todos me tendes dispensado, pa-
lo anno foi empre- cientemente me escutando, o que confesso, dada a mediocridade dos
ro, o que foi feito meus trabalhos e conhecimentos, - sinto-me por isso, por vêzes per-
sdava a sahida do turbado, com a excessiva bondade de todos vós, ilustrados consócios.
material argilloso Aquiescendo ao pedido de alguns de vós, destacados membros
do gaz." desta nobre agremiação, presentemente aqui me escutando, para que
; para petroleo no algo comunicasse, neste recinto, sôbre os meus empreendimentos e
te á descoberta do estudos em tôrno do máximo problema nacional, qual seja o do maior
existencía de um progresso da indústria brasileira, então com a fortuna inaudita de
~ natural." (o grifo um possível descobrimento de jazidas de petróleo, aqui me encontro.
Tenho a certeza de que essa nossa agremiação é uma das mais,
poços, 1. 200 kilo- elevadas do país nêsse mister, centro de tôdas as iniciativas e em-
permiana em que preendimentos, o coração do progresso dêsse colôsso da Natureza,
de S. Paulo e Pa- que é o Brasil, e pelo nosso Clube é que podemos constatar, por
cujos usos domes- suas vibrações e pulsações, o passado e o futuro das nossas indústrias
)blema, agora, con- em benefício da nacionalidade.
Isas sondagens em Deparando sempre a figura do nosso insubstituível Presidente,
le gaz em gazome- representante excelso da engenharia pátria, sentinela avançada dos
: centros consumi- grandes e nobres empreendimentos, mestre dos mestres e padrão
de glórias para todo engenheiro brasileiro que procura conhecer o
progresso do nosso país, o Dr. Paulo de Frontin, sinto-me orgulhado.
De tão honrado que me vejo, - profundamente me sinto pertur-
bado e confuso, reafirmo, e sempre peço desculpas a todos vós se as'
.us estudos geográ- minhas desataviadas palavras não corresponderem as vossas bon-
e ao longo da Es- dosas espectativas.
rotanto, como pro- Assim, aqui me encontro mais uma vez e pretendo comunicar-vos.
l da existência de o que sôbre o petróleo, com meus modestos e continuados estudos
solicitação do Dr. particulares e dedicação a geologia, até a presente data tenho con-
lede Engenharia", seguido evidenciar relativamente às nossas possibilidades.
alizada no referido Logo de comêço, julgamos de bom parecer manifestarmos como,
agõsto de 1921. princípio fundamental da nossa convicção, aceitando a opinião do
notável geólogo Codrau, membro da comissão geral dos petróleos,
na França e Colômbia, que, contràriamente a opinião mais freqüen-
temente admitida, o petróleo não é uma substância rara!
:ias inerentes a mí- No entanto, os indícios de petróleo, de existência comprovada em
neío e desta douta todo o nosso país, nas manifestações dos "asfaltos, albertitos, ozo
e confortadora pa- kerita, grahamita, gases naturais em múltiplas apresentações de
rarado igual na mí- carbonetos complexos", até a presente data, ainda não se apresen-
~ aplicações índus- taram em condições satisfatórias para determinações precisas e ex-
ngrandecímento da plorações econômicas; outrotanto as suas presenças nem sempre in-
dicando petróleo no sub-solo, são auspiciosas.
12. 26 ALPHEU DINIZ GONSALVES
Estas disposições, têm sido encontradas em formações muito par-
ticulares, certamente mais ou menos raras, pela necessidade de se-
rem precisas muitas delas reunidas num só ponto; por êsse fato, dos
as jazidas de petróleo de real valor industrial, têm sido, até a presen- do ]
te data no nosso planeta, em um número muito limitado. rita'
Buscando conhecer tàdas as determinadas condições e maníres
tações de petróleo, às que me tem sido possível conhecer, compulsan-
do autores vários, observando e estudando às de tôdas as partes do e G1
mundo, é que ouso vos afirmar, ser convicção minha, individual.
maximé considerada a extensão do nosso território e variedade de
formações, a indubitável existência de petróleo em condições satis- Rio
fatórias, ou petróleo "in natura" no nosso país.
Em todo o nosso planeta, até o ano passado, como verdadeira- da,
mente industriais, eram conhecidas as jazidas nos Estados Unidos. .Em
na Califórnia, Oklahoma, Illinois, Louisiane, Virgínia, Texas, Okio e te u
Pensylvania; na Rússia em Bakou e Gromy; no México, nas índias
Nerlandêzas; na Rumania; na índias Inglêsas; na Pérsia; na Galícia; póte
no Peru; no Japão; na Trindade; no Egito; na Argentina; na Alema- disp
nha; no Canadá; na Venezuela e na Itália. não
Mas, estas jazidas, a que nos referimos, são as de "petróleo nas- PUrE
cente", e são justamente desta espécie às que pensamos dever ser
encontradas em nosso país. de I
As destilações de xistos, não deixam de ser proveitosas, mas pou- zene
co valiosas quando brotam do solo as verdadeiras fontes industriais. -o ól
As destilações, de xistos, é fato antigo no Brasil; j á em 1888, no a pf
Estado da Bahia, existiam, fabricando-se o querozene índustrínímente .cam
em Maraú, e, ainda que, pelas impurezas, considerado de inferior qua- tura
lidade, obteve-se uma aceitação relativa e uma duração de indústria
mais ou menos longa, de mais de ano, sendo que a emprêsa somente gem
desapareceu com o singular desaparecimento de um dos seus dire- .petr
tores proprietários. (?)
É bem verdade que em relação ao querozene de Maraú há várias ·duzi
versões sôbre a sua origem verídica ou dolosa, mas o fato da exis- reIai
tência de aparelhos destilatórios ainda hoje no local, penso, em
parte, comprovam, de qualquer forma, a indústria da época. rias
Xistos para destilação temos encontrado, abundantemente, em
todo o Brasil, de norte a sul. sult:
No Amazonas, no Ereré, Vatupá, Jatapú, Trombetas e Gurupatúba. oríg.
No Pará em Majú. calir
No Maranhão no rio Itapecurú e em Codó. dos
No Piauí, refere o Dr. Ferreira que, além dos xistos, teve ocasião .forn
·de retirar das proximidades do rio Parnaíba um betume vermelho, podi
pardacento, com característico cheiro de náfta.
No Ceará, em Crato. .men
Em Alagoas no riacho Doce, Camaragibe e Maragogi. .sent
13. o PETRÓLEO NO BRASIL 27
rrmações muito par Em Sergipe, em Vila Nova.
, necessidade de se- Na Bahia, em Maraú, Ilhéus, Caíru, Brejo Grande e Bom Jesus
nto; por êsse fato, .dos Meiras. Tivemos a oportunidade de, receber, em 1916, de Minas
~ sido, até a presen- .do Rio de Contas, um xisto betuminoso, impreguinado de "ozoque-
mitado. rita".
ondições e manifes Do Rio de Janeiro, de Macaé e de São Fídélís.
onhecer, compulsan- De São Paulo dos rios Corumbataí, Capivari, Tieté, Capivari-Mirim
tôdas as partes do e Guaraí.
, minha, individual. No Paraná, no Iguaçu, São Mateus, Irati e outros.
i
'irio e variedade de Em Santa Catarina, no Rio Negro, Palmito, Lages, Rio do Rastro,
em condições satís- Rio Pio, Belouro e Belvedere.
No Rio Grande do Sul, em Santa Maria, Páu Fincado, Sanga Fun-
o, como verdadeira- da, Ribeirão da Areia, Passo de São Borja, Estrada Nova e outras.
lOS Estados Unidos. Em Goiás, em Anta. Neste local, segundo informação fidedigna, exis-
rínía, Texas, Okio e te um betume sulfuroso numa montanha chamada do Macaco,
México, nas índias Porém, enquanto que dos xistos extraímos, na melhor das hi-
Pérsia; na Galícia; póteses, 20 a 25% de carbonetos, adotando-se processos delicados e
.rgentina; na Alema- dispendiosos para as destilações, - no caso do "petróleo nascente",
não encontramos impurezas porquanto tôdas as suas chamadas im-
as de "petróleo nas o purezas são produtos de alto valor industrial.
oensamos dever ser Do petróleo nada se perde e da sua destilação captamos o éter
de petróleo, a gasolina, a essência de petróleo, a benzina, o quero-
roveítosas, mas pou- zene, o óleo de colza mineral, o óleo solar, o gasol, o óleo lubrificante,
s fontes industriais. .o óleo de máquinas, o óleo de cilindros, o óleo de válvulas e mais
asíl: já em 1888, no a parafina, a vaselina, o píxe, o coque de petróleo, ou quase sinteti
sene índustrínlmente ocamente, todos os carbonetos de hidrogênio, ciclicos e acíclicos, sa-
ado de inferior qua- turados ou não saturados.
uração de indústria Já tivemos ocasião de referir, aqui, neste recinto, sôbre a ori-
a e111prêsa sàmente gem mineral dêstes elementos, quando destacamos, especialmente, o
U111 dos seus dire- petróleo, originário dos minérios Varnenita e Marksinikita.
As duas diversidades de aspectos das jazidas de petróleo têm pro-
de Maraú há várias ·duzido no espírito dos grandes mestres verdadeiras controvérsias em
nas o fato da exís- relação a sua origem.
o local, penso, em Apesar disso, pensamos possível serem reunidas as diversas teo-
t da época. rias em duas fundamentais - a orgânica e a química.
bundantemente, e111 Os partidários da origem orgânica, admitindo a hipótese do re-
sultado de urna putrefação de animais marinhos; e os partidários da
betas e Gurupatúba. origem química, explicando pela reação da água, sôbre os metais al-
calinos terrosos, em forma de carbonetos, A variedade extraordinária
dos petróleos naturais, certamente, pensamos excluir a hipótese da
xistos, teve ocasiao formação por um mecanismo único, e êste fato é precisamente, um
1 betume vermelho, poderoso argumento a favor da teoria química.
Existem muitas teorias em tôrno destas duas hipóteses funda-
mentais que apresentamos e muito bem todos vós o sabeis, se pre-
.aragogi, .sentemente as relembrarnos, é porque pensamos que. de qualquer for-
14. 28
ma podem elas clarevidenciar o nosso raciocínio, quando buscamos' 'Pleci:
demonstrar a possibilidade, e a nossa convicção, da existência de' -dever
petróleo no Brasil, 'I
Morrey atribuiu a origem do petróleo a ação das bactérias; Ko- chas,
bel! a destilação da hulha e, dessa forma, seguidamente e variada- A
mente, outros geólogos dão origens nas destilações das camadas gíp- enCOJ
so-salíferas nos fenômenos vulcânicos e originados em muitos ou- Para
tros fenômenos de. relações geológicas, provàvelmente casuais, sem- trolíf
pre se buscando as analogias entre a existência de rochas e os vários sob
aparecimentos do precioso combustível líquido. ralm
O mais notável, no entanto, para assinalarmos, é que, enquanto' nos
a hulha nos parece nitidamente localizada em terrenos que se dizem I
Carboníferos e. ricos em vestígios de vegetais (no nosso modo e pen- a est
sar por ocorrências, de fenômenos idênticos), encontramos o petró- (
leo em todos os terrenos estabelecidos, desde o primário até aos
atuais. .a se
Da mesma maneira que se. tem encontrado o petróleo nativo, in-
o pe
dustrialmente explorável, em todos os terrenos, também, variadamen- _pern
te tem sido as diversas profundidades da superfície do solo, em que men
se tem encontrado, sendo que, em Bakou, já se tem encontrado a avul
1 .000 metros de profundidade.
Na Norte América e no México o esgotamento de certas jazidas gênf
tem levado os geólogos sondadores a aprofundarem as sondagens e'
men
tem-se observado, de modo geral, uma real tendência para (, enri--
do r
quecimento dos níveis petrolíferos inferiores.
outr
Consideramos lógico êsse fato, dada a mobilidade do líquido e' men
sua densidade, por isso, no caso de diaclases ou fenômenos geodínãmi- pod,
cos posteríores, encontram-se as evidências de petróleo, (por vêzes),
na superfície do solo, então indícios preciosos para os geólogos pes-
mos
quísadores.
fera
Aqui, para melhor poder ser compreendido o nosso racíocínio elas
e em busca de demonstrarmos a nossa esperança de petróleo no
Brasil, vamos fazer, em têrmos rápidos, uma síntese dos caracteres' aínc
geológicos das jazidas petrolíferas do mundo. .sifie
Procuraremos, então, dividi-las em três discussões: - a idade geo- .sabe
lógica; o fácies da jazida e a estrutura tectônica.
Quanto a idade geológica, diremos, resumidamente, que Se encon-
tra o petróleo no Terreno Primário, no Este e centro dos Estados
';)'r..1d08; no Terreno Secundário, no. Peru e na Argentina; no Terreno
'tei'ciário, no Caucaso, Oeste e sul dos Estados Unidos, México, índias
Neerlandesas, România, Galícia, índias Inglêses e Japão. E no 'I'erreno
Quaternário, ainda no México e no Mar Vermelho.
No entanto, relativamente ao fácies da jazida, para o caso da pos- con
sibinuade da existência de petróleo, é mais limitado o número de
rochas em que se tem encontrado êste líquido, certamente por serem nas
15. o PETRÓLEO KO BnASIL
quando buscamos' 'Precisas as condições da porosidade nas camadas sedimentares, que
, da existência de' -deverão se apresentar convenientemente embebidas,
Tem sido elas, arenitos friáveis e porosos; conglomerados e bre-
das bactérias; Ko- chas, cascalhos e calcários dolomíticos e grosseiros.
lamente e variada- As jazidas,verificadas como as mais ricas, até a presente data,
; das camadas gip- .encontram-se estabelecidas nos "grés porosos" ou "arenitos friáveis".
os em muitos ou- Para o fácies geológico, ainda devemos mencionar que as jazidas pe-
lente casuais, sem- trolíferas somente têm se apresentado satisfatórias, quando situadas
rochas e os vários sob um teto impermeável e suficientemente elástico. Êstes tetos, ge-
ralmente, se encontram formados de argilas ou xistos, mais ou me-
s, é que, enquanto nos endurecidos e em camadas homogêneas.
enos que se dizem Finalmente, pela descriminação estabelecida, passamos a apreciar
nosso modo e peno' a estrutura tectônica.
.ontramos o petró-
Observaremos de maneira muito geral:
primário até aos
Se o terreno apresentar-se com dobras, o petróleo tende sempre
.a se concentrar nas vizinhanças dos anticlinais. Já nos referimos que
petróleo nativo, in-
o petróleo fica concentrado nos terrenos porosos e sob tetos im-
.nbém, varíadamen-
permeáveis e agora acrescentamos que os petróleos são freqüente-
.e do solo, em que,'
. mente acompanhados de gases e água, em proporções mais ou menos
tem encontrado a.
.avultadas.
) de certas jazidas Para o caso do terreno haver experimentado, por fenômenos oro-
m as sonda gens e- gênicos, dobras, a água, o petróleo e os gases obedecerão, precisa-
êncía para o enrí- mente a ordem das densidades. Assim, se sondarmos num determina-
do ponto A, somente poderemos encontrar água; se sondarmos num
outro ponto B, já poderemos encontrar o petróleo jorrante e, final-
dade do líquido e'
ômenos geodinârní- mente, num terceiro ponto C, todos aliás relativamente próximos, só
róleo, (por vêzes), poderemos obter gases.
a os geólogos pes- Em quaisquer representações gráficas, que façamos, procurare-
mos estabelecer, invariàvelmente, a disposição das camadas petrolí-
) nosso raciocínio feras sob camadas de formação impermeável, porque somente assim
;a de petróleo no elas poderão se apresentar.
ese dos caracteres' Com esta manifestação, a mais comum para o petróleo, existem
ainda outras apresentações, também já conhecidas, que se tem elas-
ies ; - a idade geo- .sificado de excepcionais, sendo elas, ao todo, em número de 4, a
saber:
.nte, que se encon- 1: - Jazidas denominadas "rnono-clinaís"
entro dos Estados 2." - Jazidas "sinclinais"
mtína; no Terreno 3." - Jazidas das falhas
:1os, México, índias 4." - Jazindas dos filões eruptivos.
.pão. E no Terreno
Procurando-se conhecer um exemplo de jazidas mono-clínaís, en-
ara o caso da pos- contraremos como típica uma das da Califórnia.
ado o número de Nestas jazidas típicas, encontramos sempre o petróleo aprisionado
.amente por serem nas proximidades dos deslocamentos de camadas.
16. ALPHEl: DIKIZ GOKSALVES
Buscando-se conhecer um caso para as jazidas denominadas sin- Df
clinais encontramos um belo perfil geológico numa das jazidas da: relato:
România. sonda!
É um dique construído de rochas do "rnioceno salífero", coma trado,
que interrompendo um sinclinal, em târno do qual se tem verificado tos" e
diversas "bôlsas petrolíferas". ímperi
Como exemplo das chamadas jazidas das falhas encontramos um ções 1=
caso numa das jazidas do Peru, situada nas proximidades do mar" sentir
verificando-se o petróleo em "bôlsas", ainda nos deslocamentos. Pe
assim
Finalmente, exemplificando as chamadas jazidas dos filões, en-
tas su
contramos um caso numa das manifestações do México. Foram os
poros,
terrenos eocênicos levantados por uma erupção de basalto, estabele-
cendo-se, assim, várias "bôlsas" que o circundam. Esta é a mais ani- Te
têm s
madora para o sul do Brasil.
blicad
Agora, vejamos como se tem pesquisado o petróleo, empregan-
rias d
do-se as sondagens. Seria aqui supérfluo, e por demais fastidioso, pro-
El
curarmos entrar em descrições p. processos de sondagens.
por i:
Diremos algo, tão somente, sôbre as sondagens nas quais se tem assunt
empregado as sondas do tipo "Ingersol" rotativas, com balancim, E~
funcionando com aço granulado, no nosso modo individual de verifi- preser
car, verdadeiramente um dos melhores tipos que nos foi dado co- nos E
nhecer até o presente para o conhecimento preciso do sub-solo. ao tOI
São estas sondas, ou hastes de sondas, constituídas por três: apena
partes essenciais: Norte
Uma superior, entre nós denominada "agulha", as "hastes da sono gens,
da", ou tubos de aço, e o conjunto do "cálice" e "barrilête" com a provei
"corôa". M
Na parte superior da "agulha", encontramos situado um distribui- situaç
dor de água, líquido que chega calcado por uma bomba, a qual faz mos r
parte do conjunto da sonda. Por êsse mesmo distribuidor de água natur:
faz-se a introdução do aço granulado, que vai servir de elemento refere
cortante, atritado entre a base da "corôa" e a' rocha. Paulo
A "agulha" tem a haste quadrangular para, adaptado a um "pra- mais
to", provido de cremalheira, movido a motor, dar movimento de E
rotação ao conjunto. tas, e;
Na parte inferior encontramos, assim, a "corôa" que com o em- Nacio
prêgo do aço granulado corta a rocha. aguar
Depois, o "barrilête" que recebe, a rocha em colunas, denomina- ma, i
das "testemunhos", e o "cálice" que armazena todos os detritos de form2
aço e da rocha pulverizados, proporcionando a limpeza do furo. de pe
poden
Tão somente nisto, de modo suscinto, podemos considerar cor.s-
-Qu
tituído o aparelho de sondar e, com êle, pensamos, jamais encontra-
É
remos rochas que possam resistír à sua aplicação, assim se poden-
É
do sondar, vantajosamente, até as proximidades de mil metros.
17. o PETRÓLEO NO BRASIL 31
s denominadas sin- De modo geral, entre nós, já se tem, por vêzes, publícadr, em
TIa das jazidas da relatórios e boletins do Ministério da Agricultura, que nas diversas
sondagens às que se tem procedido no sul do país, tem-se encon-
no salíf'ero", coma trado, alternadas, as camadas de "calcários", "grés" (arenitos) e "xis-
1 se tem verificado tos" e conhecemos que os xistos são, por vêzes, convenientemente
impermeáveis, sendo esta, essencialmente, uma das precisas condi-
oS encontramos um ções para prováveis existências de bôlsas petrolíferas, como fizemos
ximidades do mar.
sentir alhures.
leslocamentos. Pensamos, então, de tóda conveniência serem feitas nestes locais,
assim observados, várias sondagens, as quais deverão prosseguir nes-
fas dos filões, en-
tas superposições de extratos, maximé em se encontrando camadas
México. Foram os
porosas.
e basalto, estabele-
Esta é a mais ani- Todos êstes sinais e indícios superficiais, como vimos de dizer,
têm sido muitos os que em todo o Brasil se tem encontrado e pu-
ietróleo, empregan-
blicado, mais assinaladamente nas formações Secundárias e 'I'erciá-
rias de Alagoas, Sergipe e Bahia.
iaís fastidioso, pro-
idagens, Eu não vos desejo fatigar, e muito longe de mim êste pensar,
por isso, de modo geral, procurarei resumir o quanto possível o'
, nas quais se tem assunto.
as, com balancim,
adívíduaí de verífí-
Está no conhecimento de todos e os jornais têm publicado que,
presentemente o govêrno tem estabelecido sondagens para petróleo
nos foi dado co-
nos Estados de Alagoas, no sul da Bahia, em São Paulo e, no Paraná;
) do sub-solo.
ao todo estão se fazendo apenas 4 sondagens, ou melhor dito, são
stituídas por três: apenas 4 sondas as que investigam o petróleo no Brasil! Quando, na
Norte América, somente no ano passado foram feitas 169 mil sonda-
as "hastes da son- gens, que pelas verificações apenas 22 mil foram verdadeiramente
"barrilête" com a; proveitosas.
Mas, se em relação ao número de sondagens, sentimos a nossa
uado um distribui- situação humilhante, relativamente aos trabalhos executados deve-
bomba, a qual faz mos nos orgulhar, ainda que até agora não tenhamos o petróleo in-
tribuidor de água natura, pelos indícios já conhecidos e publicados particularmente
ervir de elemento referentes aos Estados do Amazonas, Goiás, Alagoas, Bahia, São
a. Paulo e Paraná, onde devemos conservar a esperança de um futuro
iptado a um "pra- mais auspicioso, o que não será muito tardio.
ar movimento de' E de vós todos, ilustrados engenheiros e industriais progressis-
tas, esperando mais de muitos de vós, que têm assento no Congresso
1" que com o em- Nacional, especialmente de vós Sr. Presidente, é que o nosso país
aguarda a benéfica contribuição para a solução dêsse magno proble-
.olunas, denomina- ma, incitando-nos mais, apresentando aos nossos Governos meios e·
los os detritos de formas para que se itensifiquem os estudos para maior exploração'
npeza do furo. de petróleo, incontestàvelmente o maior de todos os problemas que-
s considerar cor.s- podemos imaginar para uma elevação mais rápida da nossa Pátria!'
, jamais encontra- - Que vem ser o Petróleo?
, assim se poden- É o combustível dos aviões, hidroplanos e aeroplanos!
mil metros. É o combustível dos automóveis!
18. :32 ALPHEU DI?IZ GONSALVES
É G combustível dos submarinos, dos submersíveis, de tão grande do cal
vulto para a defesa da pátria no nosso amplo litoral! não pc
É o combustível leve para os motores industriais e agrícolas!
Te
É um dos principais elementos da iluminação, em tôdas as suas
neraló:
:fases!
feito [
É o elemento essencial das perfumarias!
Brasil,
É o dissolvente por excelência dos óleos essenciais dos perfumes!
É o lubrificante por excelência de todos os motores térmicos e Cc
'elétricos!
É o elemento graxo essencial dos motores e das perfumarias de
aplicações industriais! a ped:
É o elemento de muita necessidade nas pinturas e revestimentos
comêç
finos! a opir
é urna
É o elemento (no caso dos originários que contêm o benzol ), de
.onde se podem extrair tôdas as côres de anilinas e todos os princí- N,
,pais perfumes, que tenhamos deparado. país E
Além de tudo isto, é enérgico inseticida e hoje em dia, íncontesta- albert
velmente demonstrado, o elemento mais poderoso contra os insetos netos
,e inóquo ao homem! sente,
Muito mais e melhor do que vos venho de mencionar, conheceis rnercí:
todos vós, porém, permiti que vos expondo os meus estudos e conclu- Fi
.sões, com tôda a sinceridade da minha opinião individual, mais uma muito
vez procure vos dar e afirmar: da BE
É o problema máximo para mais rápida culminação do Brasil.
as COl
(Aplausos. O Sr. Diniz Gonsalves é vivamente cumprimentado por têncía
aodos os presentes.)" proje-
Em virtude desta palestra, realizada no Clube de Engenharia tal neta,
como vimos de transcrever na íntegra, todos os jornais do Rio de os te]
.Janeíro e também alguns de São Paulo E" Bahia, noticiaram, elogiosa- no se
.mente, o fato e dentre êles "A Noite", então o jornal mais popular ainda
-da época, no Rio de Janeiro, do dia 12 de junho de 1921, noticiou a quart
;palestra, conforme reproduzimos na forma e na íntegra. E
diver:
"UTILIZEMOS AS NOSSAS RIQUEZAS I do B
feras
NO BRASIL HA PETRÓT.EO JORRANTE, TAL COMO NA diçõe
LOUISIANIA, NA NORTE AMÉRICA nas 2
12-6-1921 A
das j
Importantes declarações do geólogo deser
Dr. Alpheu Díníz à "A Noite" ral, c
tiven
sôbrt
O petróleo, que tem feito florescer no México a indústria san
guinosa da guerra civil" .é uma das riquezas mais apetecidas no muno ment
19. o PETRÓLEO NO BRASIL 33
rsíveís, de tão grande do contemporâneo e a notícia de que a possuímos em nosso país
toral! não pode ser recebida com indiferença.
tríais e. agrícolas!
Tendo o Dr. Alphen Diniz, que se acha incumbido pelo Serviço Mi-
ia, em tôdas as suas
neralógico Brasileiro de fazer sondagens para petróleo no Paraná,
feito ao Clube de Engenharia uma comunicação sôbre petróleo no
Brasil, julgamos interessante e oportuno ouvi-lo sôbre tal assunto.
mciaís dos perfumes!
; motores térmicos e Correspondendo ao nosso convite, disse-nos o Dr. Alpheu Diniz:
" das perfumarias de - Tive a oportunidade de fazer a comunicação sôbre o petróleo
a pedido de alguns dos meus distintos colegas do Clube e, logo de
curas e revestimentos comêço, procurámos manifestar a nossa convicção, contrariamente
a opinião mais freqüentemente admitida, de que - o petróleo não
contêm o benzol), de é uma substância rara.
as e todos os princí- No entanto, comentámos o fato de, sendo conhecidas no nosso
país as manifestações de indícios petrolíferos, tais como os asfaltos,
je em dia, incontestà- albertítos, xistos betuminosos e múltiplas impregnações de carbo-
)SO contra os insetos netos complexos, não se ter ainda encontrado o petróleo, até o pre-
sente, em condições satisfatórias, para desenvolvidas explorações co-
mencionar, conheceis merciais.
teus estudos e conclu-
Fizemos apreciações em tôrno das destilações de xistos, já de há
individual, mais uma
muitos anos feitas no Brasil, especificando as de Marahu, no Estado
da Bahia, que conseguiram aceitação comercial. Procuramos mostrar
ulminação do Brasil.
as condições até agora conhecidas compatíveís com uma possível exis-
cumprimentado por
tência de petróleo, neste ou naquele lugar, mencionando e fazendo
projeções luminosas, das principais jazidas existentes no nosso pla-
be de Engenharia tal neta, quando salientámos o fato da existência de petróleo em todos
)S jornais do Rio de os terrenos, desde o primário, no Este e centro dos Estados Unidos,
, noticiaram, elogiosa- no secundário, no Peru e na Argentina, no terciário, no Caucaso e
jornal mais popular ainda nos Estados Unidos, México, índias, Galícia e Japão, até no
o de 1921, noticiou a quartenárío, no Mar Vermelho.
1 íntegra.
Buscámos fazer considerações em tôrno do fácies geológico, nas
diversas jazidas, e as nossas condições geológicas, de norte a sul
QUEZASI do Brasil, compatíveis com a existência de poderosas bôlsas petrolí-
feras, considerando, ao mesmo tempo, a estrutura tectônica, em con-
TAL COMO NA dições muito favoráveis, em diversos pontos do Brasil, principalmente
RICA nas zonas cretáceas.
Apresentámos as possíveis jazidas monoclinais, sínclínais, jazidas
das falhas, de filões eruptivos, com desdobramentos em quadros, que
ilogo desenvolvemos, e projeções luminosas. Aprecíámos, de um modo ge-
ral, os sistemas que se tem empregado nas sondagens e, nesse ponto,
tivemos ocasião de nos referir, como é do conhecimento público,
xíco a indústria san sôbre a existência de quatro sondagens que se praticam presente-
s apetecidas no muno mentevpara petróleo, no Brasil, nos Estados de Alagoas, Bahia, São
20. 34 ALPHEU DINIZ GONSALVES
Paulo e Paraná, estudos êstes feitos pelo Serviço Geológico. sob a
direção do ilustre geólogo Dr. Euzébio de Oliveira.
Nessa ocasião pareceu-nos de tôda aportunidade compulsarmos
uma estatística sôbre as sondagens mundiais, na qual, relativamente
ao ano de 1914, figura a Norte América com 179.000 sondagens, das
quais, apenas 24.000 verdadeiramente em boas condições de explo 1'-
ração!
Então, em face das nossas demonstrações, procurando compro-
var a existência real do petróleo jorrante no Brasil, apelámos para
os engenheiros e industriais progressistas ali presentes, constituindo
o Conselho Diretor do Clube de Engenharia, alguns dos quais para
maior glória do Clube, têm também assento no Congresso Nacional,
destacadamente os Drs. Paulo de Frontin, Sampaio Corrêa, Miguel
Calmon e outros não menos ilustres, para que no Congresso e junto
ao govêrno, proporcionassem condições e verbas para mais amplos
e rápidos empreendímentos.
Terminando, assim fizemos a apologia do líquido: F'otog r:
Cor-lho
- Do petróleo nada se perde e da série de sua destilação, - t.am-s--
cada elemento, maiores aplicações!
- Recolhemos o éter de petróleo, a gasolina, a essência de petró-
leo, a benzina, o querozene, o óleo de kolza, o óleo solar, o gasol, o
óleo lubrificante,. óleo de máquinas, o óleo de cilindros, o óleo de
válvula, e mais a parafina, a vaselina, o alcatrão, o pixe, o coque de
petróleo, ou melhor digamos, quase todos os carbonetos de hidro-
gênio cíclicos e acíclicos, saturados ou não saturados!
É o combustível dos aviões, hidroplanos e aeroplanos, que pas-
mam os séculos!
É o combustível dos automóveis. É o combustível dos submari-
nos e submersíveis de tão grande vulto para a defesa da Pátria! É
o combustível leve para os motores industriais e agrícolas! É um
dos principais elementos da iluminação em tôdas as suas fases! É
o elemento essencial das perfumarias! É o dissolvente por excelên-
cia dos óleos essenciais, os mais perfumosos l É o lubrificante por
excelência de todos os motores térmicos e elétricos! É o elemento
graxo, essencial dos motores e das perfumarias! É um elemento de
necessidade nas pinturas e revestimentos.
É um elemento (no caso dos originários que contêm o benzol)
de onde se podem extrair tôdas as côres da anilina e todos os me-
lhores perfumes que tenhamos deparado!
Além de tudo, enérgico inseticida, tem sido incontestàvelmente Fotog r
demonstrado ser um dos desinfetantes mais enérgicos e inóquos! São P
21. o PET HÓLEO N0 BRASIL 35
F ot ografia n o 3 - O ge ólogo Alphcu Dl n lz , acom p a n ha do do En g . R oberto Lima
Coel h o , inspeci ona a r egião pe trolí fera do oeste d o P araná . N o fund o p r oj e-
ta m- se exemp lares de H er va -m ate, (F a m . Aquifoliacea , N.C. ' - Ll ex-pa ra gua -
rt ensl s j .
F ot og r afia nv 4 _. Vista ;'.a E stação d e Marech al Mall et. da E strada d e F erro
São P aul o Rio Grand e , no Paraná , a es tlj,ção m a is próxima do sítio da son d a -
d a gc m do Ri o Cl aro,
22. 36 ALPHEU DINIZ GONSALVES
É o problema máximo para a mais rápida culminação do Brasil!
Depois destas minhas palavras o nosso presidente, em nome do
Conselho Diretor, usando de uma excessiva bondade de me dispensar
elogios, agradeceu-me assegurando tudo fazer em tôrno dêste pro-
blema, realmente o máximo para elevação do País."
A palestra que acima transcrevemos na íntegra quando pronun-
ciada foi muito aplaudida e comentada, sendo presidida pelo eminente
Dr. Paulo de Frontín, observando-se uma grande assistência de técni-
cos e populares e também foi assistida, igualmente, por Ministros de
Estado.
No desejo de ilustrar documentadamente a presente anotação, tal
como o fizemos quando proferimos a palestra, juntamos a seguir
uma série de cinco fotografias relativas ao estudo e sondagem en-
tão por mim executados no Rio Claro, em Marechal Mallet, no
Paraná.
A de n." 3, quando, seguido pelo Eng. Roberto de Lima Coelho,
Foto,
examinei a região considerada petrolífera; a de n.' 4, uma vista da do o,
Estação de Marechal Mallet, da Linha Férrea Paraná Santa Catarina,
a mais próxima da situação da sondagem; a dé n.' 5, uma vista pano-
râmica do Rio Iguaçu, nas cercanias da cidade de Pôrto União; a de
n.' 6 uma vista do Rio Claro, afluente do Iguaçu, fotografado num
trêcho dos mais próximos à situação da sondagem; e, finalmente, a
de n.' 7, um grupo de polonêses, colonos do Rio Claro, em festa de
regosijo pelo êxito da sondagem, em virtude do desprendimento
de gás combustível, que se verificara.
:(: :/:
Julgo oportuno referir outros pormenores em relação a sonda-
gem para petróleo por mim executada no Rio Claro, em Marechal
Mallet, no Paraná, além dos já mencionados, e os refirirei mais adi-
ante. Aqui, no entanto, antecipadamente, cumpre-me informar, o que
faço com profunda tristeza, - que da sondagem de Marechal Mallet,
por mim executada, foi retirada a sonda, depois de atingidos 510
metros de profundidade, com desprendimento de gás combustível,
por determinação do Ministro da Agricultura, então o Eng. Pires do
Rio, que havia substituído, por motivos políticos, o titular da Pasta,
o eminente batalhador pelo petróleo, o Dr. Idelfonso Simões Lopes!
Esta sondagem nunca mais foi prosseguída. Outros pormenores .en-
centram-se relacionados em capítulos subseqüentes.
Foto
*
23. o PETRÓLEO 1 0 BR AS IL 37
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F ot og rafia n v 5 - Vista pano râmica do R io I gu a çu . t r êch o da r egr a o p et r olifera
do oes te do P ara n á. nas proxi midades das cida des de Põrto U n iã o. ('.o P a raná .
e Un iã o da Vitó r ia , de Sa nta Cata r ina .
Fotografia nQ 6 Vi sta d e um trêcho do R io Claro, d e um ponto do s mais pró.
xlmos do sitio em qu e s e praticou a s ondag em para petróleo .
24. 38 ALPHEU DINIZ GONS,LVES
Fotografia nQ 7 - Grupo i'p colonos polonêses em festa, em regosijo pelo fato
do desprendimento dp g'ás combust ivel na' sondagem para petróleo no Rio
Claro, em Marechal Mallet, no Paraná, no mês de junho de 1922. À direita, no
primeiro plano, assinalado com uma se ta o ·geólogo Alpheu Dirriz.
Após O ano de 1922, foram muitos os meus estudos, e outras cam·
panhas geológicas que também foram por mim executadas, Em quase
tôdas elas sempre procurei investigar referências, quer diretas, quer
indiretas por informações, que pudessem indicar, ou noticiar, des-
confianças da existência de tão almejado liquido.
Dentre as campanhas por mim procedidas, neste sentido julgo
oportuno relacionar as seguintes:
- Em 1923, foram executados reconhecimentos geológicos ao
longo do rio São Francisco, no Estado da Bahia, até as fronteiras
com Minas Gerais, sendo apresentado volumoso relatório, ilustrado
com centenas de fotografias e documentações de fácies geoÍDgicos,
mapas e respectivos perfís geológicos, conforme se encontra aludido
pelo Diretor do Serviço Geológico, no Relatório da Repartição, apre-
sentado ao Govêrno da República, em relação ao ano de 1923, na
página 180.
-- Em 1924, ainda em continuação ao estudo geológico do Estado
da Bahia procedi à reconhecimentos, ao longo do Rio de Contas, de
leste ao oeste, da foz às vertentes do São Francisco, conforme, igual
mente, se encontra referido no Relatório, do, então nôvo Diretor In-
terino do Serviço Geológico, o Eng. Euzébio de Oliveira, na pagina 60.
Êsse relatório que apresentei foi igualmente e amplamente ilustrado
com fotografias, esbôços de mapas e perfis geológicos, naturalmente
25. o PETRÓLEO 1'0 BRASIL
com referências a pesquisas de fósseis característicos de possíveis
existências de deposições petrolíferas.
Independente das campanhas geológicas que vim de relacionar,
no ano de 1922 houve oportunidade de se reunir aqui no Rio de Ja-
neiro, o PRIMEIRO CONGRESSO BRASILEIRO DE CARVÃO DE
PEDRA E OUTROS COMBUSTíVEIS, ao qual tive a oportunidade de
apresentar uma tese, baseada em estudos por mim feitos anterior-
mente, em relação a denominada turfa de Maraú, do Estado da
Bahia, tese esta sob a denominação de CONTRIBUIÇÃO PALEOBO-
TÂNICA PARA O ESTUDO DA BACIA DO MARAú.
Ésse trabalho foi amplamente ilustrado com fotografias e de se
nhos, conforme passamos a apresentar a seguir, nestas nossas ano-
tações, principalmente por não ter logrado publicação, tal como os
demais, e se tratar de assunto referente à petróleo,
Cumpre-me então esclarecer que, não tendo sido êsse meu es-
-rn regosijo pelo fato tudo publicado, foi êle, no entanto, relacionado entre os demais, pele
era petróleo no Ri0
le 1922, A direita. no Diretor do Serviço Geológico, o Eng. Euzébio de Oliveira, no Rela-
Alpheu Di níz. tório apresentado ao Govêrno da República, referente ao ano de
1922, na página 125, conforme transcrevemos o respectivo trêcho:
dos, e outras cam
cutadas. Em quase "1." Seção - Parte, Científica:
quer diretas, quer "A esta seção coube relatar 24 teses das 54 apresentadas ao
ou noticiar, des- Congresso. Destas 56 teses o Serviço contribuiu com 19. assim
especificadas:
este sentido julgo
"Carvão do Amazonas", pelo Dr. Gonzaga de Campos; "Possi-
bilidade de se encontrar carvão no norte do Brasil", "Folhelhos
tos geológicos ao betuminosos do Irati", "Origem do carvão do Sul do Brasil",
até as fronteiras "Idade do carvão do Sul do Brasil", "Estudo da bacia de Maraú",
'elatório, ilustrado "Folhelhos betuminosos da costa do Brasil", "Possibilidade da
fácies geolõgicos, exfstêncía de petróleo no Brasil, de acôrdo com as teorias sóbre
encontra aludido a sua origem", tôdas pelo Dr. Eusébio Paulo de Oliveira; "As pla-
Repartição, apre- nícies de Campos e o petróleo", "A mineração no Estado da Ba-
ano de 1923, na hia", pelo Dr. Horace Williams; "Possibilidade de se encontrar
carvão no norte do Brasil", pelo Dr. Paulino de Carvalho; "Pos-
sibilidade da existência de combustíveis minerais no vale do
-ológíco do Estado
Amazonas" e "Possibilidade de existência de petróleo da baixada
Rio de Contas, de fluminense", pele Dr. Mathias de Oliveira Roxo"; "Origem do
), conforme, igual- carvão do Sul do Brasil e sua formação", pelo Dr. José Fiuza
) nôvo Diretor In- da Rocha; "Turfa de Vila-Nova", pelos Drs. Gerson de Faria AI-
eira, na página 60, vim e Eugênio BourdotDutra; "Linhito do Amazonas", pelo Dr
olamente ilustrado A. Rodrigues Vieira JÚnior; "Contribuições paleobotânlcas para o
icos, naturalmente estudo da bacíaüe.Maraü", peloDr, Alpheu DiniZ Gonsaíves: "Ori-
26. 40 ALPHEU DINIZ GONSALVES
gem, composição e classificação do carvão nacional da Bacia
permo-carbonífera do Sul do Brasil, pelos Drs. Djalma Guima-
rães e Luiz Flôres de Moraes Rêgo; "As pirites do carvão do
Sul", pelo DI'. Djalma Guimarães. (o grifo é nosso).
Êstes trabalhos estão reunidos para constituir um boletim
do Serviço, sob o título "Contribuição do Serviço Geológico e
Mineralógico ao Primeiro Congresso Brasileiro de Carvão e ou-
tros Combustíveis Nacionais".
o Congresso recomendou uma série de trabalhos e provi-
dências para incentivar a indústria dos combuutíveis, sendo que
uma boa parte das que interessam ao Serviço s ~ acha em via de
solução." (*)
ESTl
(0) _ Devemos ressaltar que das 19 teses, acima relacionadas, foram publicadas,
no Boletim de no 7 do Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil, 18,
exceção única da apresentada por mim, publicação que faço agora nesta
monografia, ou anotaçôes, a seguir, como 20 capitulo.