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Estudo dos Efeitos da Municipalização da Saúde sobre a Área de
Abrangência de Atendimento do Cluster de Saúde no Município de
Ceres – GO1
Autores: Flávio Manoel Coelho Borges Cardoso
Anderson Rocha Valverde
RESUMO: Em Goiás surgiu uma colônia na década de 40, CANG, que deu origem a
cidade de Ceres, onde se formou um cluster na área de saúde, composto de hospitais,
clínicas, farmácias e óticas. Esse cluster, tinha uma área de abrangência que atingia o
Norte Goiano, o Estado do Tocantins e até o sul do Estado do Pará e Maranhão. Com a
municipalização da saúde, em 1998, essa área sofreu uma drástica redução, que muito
influenciou no desempenho dessas organizações em aglomerado. Algumas atitudes
podem ser tomadas pelos empresários para se adaptar a essa nova condição ambiental
que a municipalização trouxe, como: estimular a formação de um outro cluster que seja
suplementar; Buscar parcerias com o Governo Estadual e Federal, assim como com uma
universidade, ou a criação de uma faculdade de medicina. Todo este esforço é para um
maior desenvolvimento do município, fortalecimento do cluster de saúde e de todo
empresariado da região.
ABSTRACT: In Goiás a colony appeared in the decade of 40, CANG, that gave origin
the city of Ceres, where he/she was formed a cluster in the area of health, composed of
hospitals, clinics, pharmacies and optics. That cluster, had an inclusion area that reached
North Goiano, the State of Tocantins and to the south of the State of Pará and
Maranhão. With the municipalization of the health, in 1998, that area suffered a drastic
reduction, that a lot influenced in the acting of those organizations in agglomerate.
Some attitudes can be taken by the managers to adapt to that new environmental
condition that the municipalization brought, as: to stimulate the formation of another
cluster that is supplemental; To look for partnerships with the State and Federal
Government, as well as with an university, or the creation of a medicine ability. All this
effort is for a larger development of the municipal district, invigoration of the cluster of
health and of every managers of the area.
PALAVRAS CHAVES: Fatores Locacionais, Clusters, Distritos Industriais ,Gestão
Hospitalar.
1
CARDOSO, Flávio M. C. B. ; VALVERDE, A. R. . Estudos dos efeitos da Municipalização da saúde sobre a área
de abrangência de atendimento do cluster de saúde do município de Ceres - GO. Revista FACER, v. 5, p. 11-24,
2007.
2
1) INTRODUÇÃO
Ceres, uma pequena, mas próspera cidade do meio norte goiano, tem uma
História muito interessante do ponto de vista do desbravamento do norte de Goiás.
Porém, muito mais curiosa é a concentração de empresas do setor de saúde que se
instalou desde a sua criação e de lá pra cá só vem aumentando ano a ano. Apesar das
mudanças na política de saúde do governo federal, no que tange a remuneração aos
hospitais, esse cluster consegue se manter forte e crescendo, mesmo com os problemas
causados por essas políticas. Durante este artigo, iremos discutir alguns pontos com
relação às mudanças na área de abrangência desse conglomerado e seus efeitos.
2) AS TEORIAS DA LOCALIZAÇÃO
As teorias da localização concentram-se, basicamente, na interpretação da
tomada de decisões empresariais, em uma economia de mercado, sobre o melhor sítio
onde deve localizar-se. No entanto, não poderíamos compreender os fatores locacionais
tradicionais sem antes recorrermos a enorme contribuição dada por August Lösch e
Walter Christaller através de suas obras a respeito da Teoria do Lugar Central.
As formulações desenvolvidas por Lösch e Christaller ficaram conhecidas, em
conjunto, como Teoria do Lugar Central (TLC). Amplamente discutida pelos
pesquisadores, a TLC já foi considerada “a tentativa de desenvolvimento de uma teoria
da estrutura espacial mais inovadora e de maior sucesso”; por outro lado, foi acusada de
ser implausível para servir de base a qualquer trabalho empírico.
De acordo Aranha apud (BROWN (1992) e BEAVON (1977)), a TLC descreve
o número, tamanho, espaçamento e composição funcional de centros comerciais, num
mundo microeconômico de livre concorrência típico, em que adicionalmente foram
especificadas condições relativas à geografia:
quanto aos consumidores, assume-se que são pequenos, igualmente afluentes,
perfeitamente bem informados, racionais e tomam decisões buscando maximizar sua
utilidade;
quanto aos fornecedores, admite-se que são pequenos, racionais e tomam suas
decisões buscando maximizar seu lucro; vendem fob e operam com
custos equivalentes num ambiente em que o capital é móvel e não há barreiras de
entrada;
3
quanto à geografia, postula-se um espaço homogêneo, em que os custos de
transporte são uniformes em todas as direções, e onde tanto os consumidores quanto
os fornecedores estão uniformemente distribuídos; e
quanto ao comportamento geográfico dos consumidores, pressupõe-se que fazem
expedições de compras com objetivo único, comprando um único produto na
localização mais próxima que o ofereça.
O modo de operação da TLC é dedutivo. Fundamentado nas hipóteses
simplificadoras acima, a teoria conclui que:
devido aos crescentes custos de transporte, a demanda por um tipo particular de
produto diminui conforme aumenta a distância entre o mercado consumidor e a
localização do fornecedor; a partir de uma certa distância, a demanda cai a
zero; esta distância máxima que os consumidores estão dispostos a percorrer na
busca por um produto chama-se “área de influência” ou “amplitude” do bem;
por outro lado, é necessário haver um nível mínimo de demanda para que uma
mercadoria se torne disponível num ponto de venda; o raio da menor área de
captação em torno de um ponto de venda que ainda viabiliza a disponibilização
de um produto chama-se “limiar” do produto; este limiar é diferente de uma
categoria de produto para outra;
quando a amplitude é maior que o limiar, o produto é comercializado;
em qualquer mercado haverá muitos ofertantes de mercadorias com baixo limiar
e baixa amplitude (bens de “baixo nível”) ; e poucos ofertantes de bens de alto
limiar e alta amplitude (bens de “alto nível”) ;
os ofertantes de cada nível estarão homogeneamente distribuídos no espaço,
formando uma retícula triangular equiespaçada; cada ofertante estará no centro
de uma área de influência de forma hexagonal, cuja amplitude reflete o nível do
bem; e
finalmente, quando a organização espacial dos diversos níveis é sobreposta,
surge a famosa hierarquia dos centros de comércio.
De acordo com as teorias mais tradicionais do geomarketing, o centro da cidade
é o ponto de convergência de toda a rede de transportes, é também o local mais
acessível, tanto para consumidores quanto para trabalhadores e fornecedores de
4
insumos. Conseqüentemente, o centro da cidade é a localização urbana que oferece um
potencial de mercado máximo.
Os agentes econômicos, representados por unidades comerciais, industriais e
residenciais, competem entre si, dando lances pelos lotes de terra melhor localizados,
de onde podem extrair um benefício máximo na forma de maiores lucros ou maior
utilidade. A competição por um estoque limitado e inelástico de terrenos faz com que,
no longo prazo, todas as áreas urbanas sejam ocupadas, com os agentes capazes de
pagarem os maiores aluguéis apossando-se das melhores localizações.
Também é comum encontrar áreas das cidades que concentram certos tipos
de comércio. Do ponto de vista do consumidor há um benefício na aglomeração de
comerciantes, principalmente quando fornecedores de bens de compra esporádica:
torna-se para o consumidor muito mais fácil encontrar o item procurado, pois o estoque
conjunto dos diversos varejistas é maior e mais diversificado que qualquer um deles
poderia manter isoladamente; também fica mais fácil comparar preço e qualidade dos
produtos.
Modelo de Paul Converse, o ponto de equilíbrio, é representado pela distância
em unidades métricas entre centros comerciais onde o consumidor optará tanto por um
como por outro centro comercial. Uma distância inferior a esse ponto de equilíbrio
em direção a um dos centros (centro comercial A) significará que todos
os consumidores ali localizados realizarão compras no centro A. Assim sendo
o modelo permite delimita as áreas de influência comercial. A fórmula é assim
traduzida: Por exemplo: Ao considerarmos que a cidade A tem 200 mil habitantes e
a cidade B 50 mil habitantes e que elas estão localizadas a 30 km uma da outra, o ponto
de corte entre as áreas de influência será a 10 km da cidade B e , portanto, a 20 km da
cidade A.
Elaborado em 1962 por David Huff, o modelo de atração do consumidor,era
utilizado para medir a probabilidade de consumidores serem atraídos para um
centro comercial específico. O modelo de Huff foi o primeiro a sugerir que as áreas de
influência são complexas, contínuas e probabilísticas, ao invés de áreas geométricas
sem sobreposição resultante da teoria do lugar central.
Ainda segundo Aranha apud (LEWINSON, 1991), a premissa básica do modelo
de atração do consumidor de Huff é baseada nos seguintes padrões empíricos:
o montante de consumidores que realizam compras em uma área de
comércio específica varia de acordo com a distância até essa área;
5
o montante de consumidores que realizam compras em diversas áreas
de comércio varia de acordo com a amplitude e profundidade da linha de
produtos oferecida por cada área comercial;
a distância que os consumidores percorrem até cada área comercial varia
de acordo com os diferentes categorias de produtos adquiridos; e
a força de atração de qualquer área comercial é influenciada pela proximidade
de áreas comerciais concorrentes.
De modo geral, os modelos gravitacionais medem a preferência do consumidor
por um ponto comercial baseando-se nos seguintes fatores:
a atratividade que a localização tem para atender às necessidades
do consumidor;
a facilidade de acesso ao ponto a partir do local onde o consumidor está;
a atração cumulativa - aplicação do conceito de que o consumidor
prefere comparar as ofertas de diversas lojas antes de efetuar a
compra, principalmente para itens onde preço, padrão, qualidade e moda
são considerações importantes (como móveis, automóveis e roupas); “ um dado
número de lojas trabalhando com a mesma categoria de produtos farão mais
transações se localizadas de forma adjacente, ou próximas uma das outras, do
que se estiverem largamente espalhadas.” (BROWN, 1992)
compatibilidade negocial, ou seja quanto um negócio é compatível com um
outro próximo e aumenta o intercâmbio de clientes;
risco mínimo de concorrência; e
fatores econômicos do lugar.
3) CLUSTERS
O mercado constitui o local onde os ofertantes expõem suas mercadorias para
vender e os compradores vão adquiri-las. Entretanto, parte desta simplificação foi
superada, quando os pesquisadores começaram a perceber ser o mercado um grupo que
inclui todos os competidores, tanto vendedores quanto compradores de um produto
particular ou de um conjunto de produtos, associado, portanto a duas importantes
dimensões: o produto e a área geográfica.
Entretanto, a literatura econômica vem destacando a importância de uma
nova forma de organização da produção, os chamados clusters, que para Santos
6
(2001), reconhece-se com este conceito a relevância da proximidade física entre
empresas na geração de externalidades ou economia de aglomeração, na resolução
de problemas comuns através de interação cooperativas e em última instância,
na criação da "eficiência coletiva".
Clusters são concentrações geográficas de organizações interelacionadas, de um
determinado setor, envolvendo um conjunto de indústrias associadas e outras entidades
importantes para a competição. Estão inclusos: fornecedores, canais, clientes,governo,
fabricantes de produtos complementares, universidades, associações de classe e outros
(PORTER, 1998, apud BERNARDO, DA SILVA e SATO, )
Esta aglomeração espacial econômica já formulada por Marshall em
1920, originariamente costumava ser caracterizada a partir dos desdobramentos da
análise dos Distritos Industriais e posteriormente vistos como sistemas flexíveis de
produção estruturada ao nível local .
A Terceira Itália ficou conhecida como uma das experiências bem sucedidas por
ter consolidado o exemplo mais paradigmático e freqüentemente recorrido
como modelo de sucesso deste novo padrão de organização espacial de
atividades produtivas. Este tipo de análise ressalta os possíveis ganhos de
eficiência proporcionados pela especialização produtiva de firmas localizadas em uma
mesma região geográfica, atribuindo particular importância a institucionalidades
subjacente às relações entre agentes econômicos e indutores de colaboração implícita
e explícita entre eles.
A eficiência tecno produtiva e a capacidade inovativa adquirem
especial importância em função das mudanças observadas na dinâmica concorrêncial
de mercados crescentes globalizados, nos quais a integração oferece ganhos no processo
produtivo utilizando competências complementares e se articulam através de práticas
cooperativas.
Assim, a sinergia proporcionada pela combinação de competências
complementares provendo inovações tecnológicas vem se convertendo em fator crucial
para o aumento da competitividade dos agentes produtivos.
As experiências de diversos clusters bem sucedidos, como o Silicon Valley,
na Califórnia, e a Terceira Itália, demonstram que, geralmente, estes clusters têm
surgido espontaneamente e que, à medida que os mesmos evoluem e se fortalecem. É
comum o surgimento de instituições responsáveis pela estruturação de mecanismos de
suporte e pela definição de diretrizes para o desenvolvimento comum das atividades.
7
Isto, não diminui a importância do papel a ser desempenhado pelo governo na
estruturação desses arranjos ou aglomeração, atuando como facilitador, na
implementação da infra-estrutura e catalisador desse processo.
Neste sentido, o cluster promove o desenvolvimento regional elevando a
um aumento da competitividade, com novas políticas industriais e
inovações tecnológicas.
O cluster aprofunda o tema de desenvolvimento regional. Pela importância que
tem para o sucesso dos arranjos produtivos locais, mantendo uma atração forte por
novos investimentos e, por conseguinte, a atividade econômica regional e o nível de
emprego dentro de curvas ascendentes, muito mais do que uma preocupação essencial
das sociedades locais, tem-se tornado uma busca dos governos como mecanismo para
elevação de renda e produto.
As externalidades associadas aos investimentos em infra-estrutura por parte do
setor público são um exemplo de benéficos que se apropria coletivamente e transfere
para a política dos clusters.
Assim, as localidades terão que ser cada vez mais: capazes de produzirem bens
e serviços de alta qualidade; receptivas às necessidades de seus usuários e ágeis
no oferecimento de serviços menos padronizados; O que se pode concluir é que cada
comunidade terá que encontrar soluções próprias para orientar o seu desenvolvimento.
Desconsiderar as particularidades locais significa, também, desfigurar aquilo que
cada lugar tem de mais precioso, ou seja, sua identidade. Assim, cada comunidade local,
ao enfrentar as mudanças sociais em curso, deve buscar a sua própria forma de
empresariamento.
Neste sentido, o cluster, sendo uma forma de organização de produção
regional que se estrutura a partir da identificação das complementaridades e das
sinergias entre as empresas de um mesmo ramo de atividade, pode fazer com que
a competição e a cooperação coexistam, seja entre empresas ou entre cidades.
Do ponto de vista de pequenas e médias empresas, elas estão se conscientizando
de que clusterizadas ficam mais competitivas, uma vez que têm seus custos de produção
reduzidos, na medida que existe um compartilhamento na oferta de componentes ou
execução de etapas do processo produtivo.
Deve-se reconhecer, segundo Santos (2001), que o acesso aos equipamentos
e matérias primas é relativamente fácil, uma vez que representantes dos fornecedores se
fazem presentes no cluster, devido a economias de escala.
8
Esta é uma externalidade positiva do cluster. A existência de uma economia
parcialmente consolidada, de uma cultura produtiva na região e de uma mão de
obra relativamente treinada são elementos indicadores do potencial existente no
arranjo.
Estes fatores compõem as chamadas externalidades positivas das
aglomerações produtivas. Uma organização regional comporta cluster de cidades
próximas ou regionais, fortalecendo suas relações cooperativas, podendo-se citar o
exemplo, entre as cidades do Sul do Estado de Minas Gerais: Itajubá, Santa Rita do
Sapucaí e Pouso Alegre. As vantagens locacionais de cada uma para determinada
atividade econômica se complementam entre elas, dando consistência à idéia do cluster
de cidades, o que ali está se formando.
Por outro lado, uma indústria localizada enfrenta algumas desvantagens como
em relação ao mercado de trabalho, se a atividade for de uma só classe. Esta situação,
pode gerar vários problemas como custos de mão-de-obra, dificuldade de reter os
profissionais especialistas no local , entre outros, pois os outros membros da família
podem não conseguir emprego e isso gerar instabilidade familiar. A solução para essa
problemática é a criação de uma indústria de caráter supletivo. Como exemplo, nas
proximidades de indústria de mineração e construção se instalar indústria têxtil, como
forma de empregar as esposas dos mineradores ou operários da construção
(MARSHAL,1985).
Segundo Haddad (2000), isto demonstra que os lugares estão reassumindo uma
importância que haviam perdido na medida em que as transformações são observadas e
sendo sentidos os impactos das estratégias empresariais globais em seu âmago, e não
espaços virtuais, sensibilizando as comunidades, aguçando o senso de oportunidade e
estimulando no seu interior a criação de capacidades produtivas especializadas para
promoção de seu desenvolvimento econômico ambiental e social.
4) HISTÓRICO DE CERES
A cidade de Ceres surgiu com a implantação da CANG, Colônia Agrícola
Nacional de Goiás, em 19 de fevereiro de 1941, através do decreto 6.882, do Presidente
Getúlio Vargas, na região centro-oeste, estado de Goiás,nas margens esquerda do Rio
das Almas. Em 1953, foi criado o município de Ceres, que foi desmembrado do
9
município de Goiás. O nome Ceres foi dado pelo administrador e implantador da
CANG, Bernardo Sayão, cujo significado de origem greco-romana, é deusa da
agricultura ou deusa dos cereais. Quando a CANG foi implantada, no seu projeto,
incluía um hospital, que foi denominado Hospital da CANG, que iniciou o seu
funcionamento em 1946 e que depois se transformou no Hospital Pio X. Sua equipe era
composta de 07 médicos, 01 farmacêutico, 06 enfermeiras, 01 laboratorista e 01
auxiliar. Dentre os 07 médicos pioneiros do Hospital da CANG, ainda residem em
Ceres, Dr. Domingos Mendes da Silva e Dr. Jair Dinoah Araújo.
Em 1951, Dr. Domingos Mendes da Silva, se afasta do Hospital da CANG e
inicia a construção do seu hospital, hoje o Hospital Centro Goiano. Em 1953, criou
também a Escola de Auxiliar de Enfermagem, que foi autorizada a funcionar pelo
decreto nº46.869/59, que funciona no seu hospital. Em 1953, Dr. Jair Dinoah Araújo, se
afasta da direção do hospital da CANG e começa a construção do seu hospital, hoje o
Hospital São Lucas (SILVA ARANHA, 2001).
Ceres, por sua população privilegiada, incrustada no seio do Vale do São
Patrício com via de acesso a todos os municípios, transformou-se em Centro
Educacional e de Saúde (SILVA ARANHA, 2001). Com o desenvolvimento da
agricultura e do comércio local, a população do município chegou a 70.000 habitantes
no período da CANG. Com a implantação de vários outros hospitais, foram surgindo
serviços e comércios da área de saúde que de alguma forma tem uma ligação aos
serviços prestados por eles, como: laboratórios de exames clínicos, farmácias,
hemocentro, clínicas médicas, clínica de imagem e distribuidor de produtos
farmacêuticos. Hoje o município conta com um dos maiores percentuais de leitos por
habitantes do país, como conseqüência do crescimento da área de saúde, apesar da sua
população estar diminuindo ano a ano, contando com cerca de 20.000 habitantes.
5) ESTRUTURA DE SAÚDE DE CERES EM MARÇO / 2003
Desde o tempo da CANG até os dias de hoje o setor de saúde vem tendo um
crescimento impressionante e continua crescendo ano a ano. Podemos perceber que
essa estrutura possui uma variedade e quantidade muito significativa de áreas de
atividade,desde hospitais especializados a clínicas de odontologia, conforme o quadro
abaixo.
10
NOME ATIVIDADES
Hospital Centro Materno Infantil
de Ceres
Pediatria, Ginecologia, obstetrícia, neonatologia.
Hospital Bom Jesus Clínica Médica, Cirurgia Geral, Urologia,
Gastroenterologia, Oftalmologia, Cardiologia,
Ortopedia, Ginecologia e Otorrinolaringologia.
Hospital Centro Goiano Clínica Médica, Cirurgia Geral, Radiologia,
Urologia, Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia.
Hospital IMEC Clínica Médica, Cirurgia Geral, Pediatria,
Ginecologia, Obstetrícia e Cardiologia.
Hospital Ortopédico de Ceres Ortopedia e Traumatologia
Hospital Pio X Clínica Médica, Cirurgia Geral, Cardiologia,
Ortopedia, Ginecologia, Obstetrícia, hansenologia,
Pediatria, Ultra-sonografia, Radiologia,
Dermatologia, Fisioterapia e Patologia Clínica.
Hospital Santa Helena Clínica Médica, Ginecologia e Obstetrícia
Hospital São Lucas Clínica Médica, Ginecologia e Obstetrícia, Pediatria
e Cardiologia.
Hospital São Patrício Clínica Médica, Gastroenterologia, Oftalmologia,
Cardiologia, Ginecologia e Obstetrícia,
Otorrinolaringologia
Centro de Diagnósticos e Cirurgia
- CDC
Gastroenterologia, Cirurgias Day Hospital,
Angiologia, Cirurgia Geral, Vídeoendoscopia e
Eletrocardiograma.
Hemocentro Hemoterapia
Centro de Saúde Clínica Médica, Ginecologia, Obstetrícia e
Pediatria, Odontologia.
Clinica de Olhos Oftalmologia
Clínica da Mulher Ginecologia e Obstetrícia e Ultra-sonografia
Clínica Feminina Ginecologia e Obstetrícia e Ultra-sonografia
11
Clínica Otorrino Otorrinolaringologia e Dermatologia
Centro de Diagnósticos -
Diagnose
Radiologia, Ultra-sonografia, Tomografia e
Vídeoendoscopia.
Centro Clínico Gastroenterologia, Proctologia, endoscopia,
Psicologia
Clínica de Fisioterapia CS Fisioterapia
Centro de Reabilitação Fisioterapia
Laboratório Biocentro Patologia Clínica
Laboratório Brasil Patologia Clínica
Laboratório Cícero Leão Patologia Clínica
LAC –Laboratório de Análise
Clínica
Patologa Clínica
Laboratório Regional de Ceres Patologia Clínica
Laboratório Barreto Patologia Clínica
Laboratório Núcleo Patologia Clínica
Laboratório São Judas Tadeu Patologia Clínica
Laboratório São Patrício Patologia Clínica
Clínica Odontológica Pierre
Fauchard
Endodontia Estética, Cirurgia, Ortodontia,
Ortopedia Odontológica.
Clínica Odonto ESP Ortodontia, Ortopedia Facial, Endontia, Clínica
Geral, Odontopediatria e Fonodiologia.
Odonto Clínica de Ceres Clínica Geral e Ortodontia.
Fonte: Silva Aranha, 2001 e pesquisa de campo.
Ob.: Os serviços de anestesiologia são prestados nos hospitais por 04 médicos
especialistas autônomos, através de uma central de atendimento.
Além das empresas citadas anteriormente no quadro, ainda tem consultórios
odontológicos e de psicologia individuais; farmácias e óticas.
Segundo dados do Datasus/ Ministério da Saúde e da Associação Médica de
Goiás/ Regional Ceres, o município de Ceres conta com índices bastante significativos
quando comparados com o Brasil e com Goiás, conforme tabela abaixo no ano de
1999/2000.
12
LOCAL Nº Médicos/1000 h. Nº Leitos/ 1000h.
Brasil 1,44 2,96
Goiás 0,98 3,89
Ceres/GO 2,7 19,00
Fonte: IBGE , DATASUS e Pesquisa de Campo
Segundo a Organização Mundial de Saúde, não existe um padrão mundial ou
indicadores para avaliar a qualidade da saúde no mundo, pois as diferenças regionais
são muito grandes e cada uma apresenta características culturais, sócio-econômicas,
epidemiológicas, entre outras, e de caráter próprio. Por isso, a OMS decidiu que cada
país criasse seu próprio parâmetro de saúde, com seus indicadores. No Brasil, são
utilizados entre outros, nº de profissionais de saúde / 1000h., nº de médicos / 1000h., nº
de odontólogos / 1000h, nº de leitos hospitalares/1000h. e outros. Fizemos uma tabela
apenas com o nº de médicos e de leitos/1000h, para que tenhamos uma amostra do
tamanho do cluster de saúde de Ceres/GO. Podemos perceber que o número de leitos /
1000h. é muito alto para os padrões do Brasil e de Goiás, o que condiz com a
quantidade de hospitais acima descritos. O nº de médicos / 1000h. também é muito alto
para os padrões regionais e nacionais, representando quase o dobro do nº do Brasil e
quase o triplo do de Goiás. È algo que chama muita atenção.
Por este motivo, os fatores que levaram a formação desse cluster de saúde
será objeto de estudo na dissertação do mestrando Flávio Manoel Coelho Borges
Cardoso, no Mestrado Profissional em Administração/PUC MINAS/FDC.
6) A MUNICIPALIZAÇÃO DA SAÚDE
No Brasil, o atendimento público gratuito de internação em hospitais, tanto
da rede particular quanto da pública de saúde, funciona através do pagamento pelo
SUS-Sistema Único de Saúde /Ministério da Saúde de guias de AIH (Autorização de
Internação Hospitalar) aos hospitais conveniados. Até 1998, as guias de AIH do SUS
eram distribuídas ao Governo Estadual que repassava aos hospitais na forma de cotas
hospitalares. A partir de 1998, as guias de AIH passaram a ser distribuídas ao Governo
Estadual, e este repassa às prefeituras municipais, através das Secretarias Municipais de
Saúde, em cotas proporcionais ao número de habitantes flutuantes do município.
13
Cabendo a cada uma delas gerir de forma mais eficiente a sua cota, sendo que a
prioridade é para hospitais públicos, depois filantrópicos e por último os particulares.
Caso o município não tenha o serviço para o devido atendimento do paciente, ele deve
“comprar” o serviço de outro município que esteja equipado para atender às
necessidades do paciente. Essa “compra”, se refere ao repasse de guias de AIH ao
município que tem uma melhor estrutura de saúde.
7) ÁREA DE ABRANGÊNCIA
A CANG foi o ponto de partida para o desenvolvimento de toda a região
norte do Estado de Goiás, depois Goiás e Tocantins, Pará e Maranhão, pois era uma
referencia na construção da rodovia Belém-Brasília. Por isso, a área de abrangência do
cluster de saúde até a municipalização da saúde, era composto do norte de Goiás,
Tocantins, sul do Pará, e sul do Maranhão. Após a municipalização da saúde em 1998,
com as restrições das guias de AIH à população do município, essa área de abrangência
se reduziu a região chamada de Vale do São Patrício , que tem um raio de
aproximadamente 120km e consta de 29 municípios, segundo a Associação
Sampatriciense de Municípios, que são: Barro Alto, Campos Verdes, Carmo do Rio
Verde, Ceres, Crixás, Goianésia, Guaraíta, Guarinos, Heitoraí, Hidrolina, Itaguaru,
Itapuranga, Itapaci, Ipiranga de Goiás, Jaraguá, Morro Agudo de Goiás, Nova Glória,
Nova América, Pilar de Goiás, Rialma, Rianápolis, Rubiataba, Santa Isabel, Santa
Terezinha de Goiás, São Francisco, São Luiz do Norte, São Patrício, Uirapuru, Uruana.
8) CONCLUSÃO
Apesar de apresentar um crescimento constante desde a criação da CANG, O
Cluster de saúde do município de Ceres/Go vem apresentando alguns problemas, entre
eles a redução da sua área de abrangência, como resultado da municipalização da saúde.
Apesar da sua localização estratégica, com a proximidade da rodovia BR-153 e de estar
no centro do Estado de Goiás, isso pode acabar levando a um processo de degeneração
do conglomerado, por apresentar uma óbvia queda de faturamento, levando
conseqüentemente a resultados não satisfaça a seus investidores.
Como enfrentar essa adversidade ? Sabemos que não existem soluções mágicas
e que qualquer intervenção no cluster exigirá um esforço maior dos participantes no
14
sentido de maior envolvimento e investimentos. Portanto, deixamos algumas sugestões
que poderão se úteis aos participantes desse cluster:
o O Cluster de saúde do município de Ceres/Go possui uma estrutura muita bem
equilibrada no tocante às áreas de serviços afins e complementares, porém, falta
a presença atuante de outras instituições como universidade e governo estadual
e/ou federal, que poderão divulgar ou reforçar a sua imagem a outras regiões que
não seja o Vale do São Patrício, como um aglomerado de saúde importante.
o O investimento maior em atividades de caráter supletivo, como a Educação
(escolas profissionalizante, faculdades, escolas de 1º e 2º), como forma de atrair
ou manter os profissionais da área de saúde, através da ocupação de seus
familiares. Assim, seria o desenvolvimento de outro cluster nessa área supletiva.
o Estimular a uma das organizações participantes a assumir o papel de
coordenador e aglutinador do cluster, mantendo-o forte e competitivo através de
ações adequadas para buscar maior eficiência nas sinergias e competências
complementares para tal.
O certo é que, a presença deste cluster tem influenciado bastante no
desenvolvimento do município e da região, movimentando uma série de outras
atividades (supermercados,hotéis, lojas de vestuários e outros) que embora não sejam
interligadas, acabam se beneficiando dele.
BIBLIOGRAFIA
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Sayão. Goiânia: Editado por João Batista Alves Filho, 2001.
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Alta Tecnologia. São Paulo, Revista de Administração de Empresas – Jul/Set. 2002.
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15
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In CASSIOLATO, J. E.; LASTRES, H. Globalização e Inovação Localizada:
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MARSHAL, Alfred. Princípios de Economia. São Paulo: Nova Cultural,1985. Vol.1,
Cap. X.
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www.tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?idb2001/E01.def, com acesso em 25 de
março de 2003.
SANTOS, Milton. Por uma outra Globalização. Rio de Janeiro: Ed. Record, 2001.

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Cluster de saúde no município de Ceres - GO

  • 1. 1 Estudo dos Efeitos da Municipalização da Saúde sobre a Área de Abrangência de Atendimento do Cluster de Saúde no Município de Ceres – GO1 Autores: Flávio Manoel Coelho Borges Cardoso Anderson Rocha Valverde RESUMO: Em Goiás surgiu uma colônia na década de 40, CANG, que deu origem a cidade de Ceres, onde se formou um cluster na área de saúde, composto de hospitais, clínicas, farmácias e óticas. Esse cluster, tinha uma área de abrangência que atingia o Norte Goiano, o Estado do Tocantins e até o sul do Estado do Pará e Maranhão. Com a municipalização da saúde, em 1998, essa área sofreu uma drástica redução, que muito influenciou no desempenho dessas organizações em aglomerado. Algumas atitudes podem ser tomadas pelos empresários para se adaptar a essa nova condição ambiental que a municipalização trouxe, como: estimular a formação de um outro cluster que seja suplementar; Buscar parcerias com o Governo Estadual e Federal, assim como com uma universidade, ou a criação de uma faculdade de medicina. Todo este esforço é para um maior desenvolvimento do município, fortalecimento do cluster de saúde e de todo empresariado da região. ABSTRACT: In Goiás a colony appeared in the decade of 40, CANG, that gave origin the city of Ceres, where he/she was formed a cluster in the area of health, composed of hospitals, clinics, pharmacies and optics. That cluster, had an inclusion area that reached North Goiano, the State of Tocantins and to the south of the State of Pará and Maranhão. With the municipalization of the health, in 1998, that area suffered a drastic reduction, that a lot influenced in the acting of those organizations in agglomerate. Some attitudes can be taken by the managers to adapt to that new environmental condition that the municipalization brought, as: to stimulate the formation of another cluster that is supplemental; To look for partnerships with the State and Federal Government, as well as with an university, or the creation of a medicine ability. All this effort is for a larger development of the municipal district, invigoration of the cluster of health and of every managers of the area. PALAVRAS CHAVES: Fatores Locacionais, Clusters, Distritos Industriais ,Gestão Hospitalar. 1 CARDOSO, Flávio M. C. B. ; VALVERDE, A. R. . Estudos dos efeitos da Municipalização da saúde sobre a área de abrangência de atendimento do cluster de saúde do município de Ceres - GO. Revista FACER, v. 5, p. 11-24, 2007.
  • 2. 2 1) INTRODUÇÃO Ceres, uma pequena, mas próspera cidade do meio norte goiano, tem uma História muito interessante do ponto de vista do desbravamento do norte de Goiás. Porém, muito mais curiosa é a concentração de empresas do setor de saúde que se instalou desde a sua criação e de lá pra cá só vem aumentando ano a ano. Apesar das mudanças na política de saúde do governo federal, no que tange a remuneração aos hospitais, esse cluster consegue se manter forte e crescendo, mesmo com os problemas causados por essas políticas. Durante este artigo, iremos discutir alguns pontos com relação às mudanças na área de abrangência desse conglomerado e seus efeitos. 2) AS TEORIAS DA LOCALIZAÇÃO As teorias da localização concentram-se, basicamente, na interpretação da tomada de decisões empresariais, em uma economia de mercado, sobre o melhor sítio onde deve localizar-se. No entanto, não poderíamos compreender os fatores locacionais tradicionais sem antes recorrermos a enorme contribuição dada por August Lösch e Walter Christaller através de suas obras a respeito da Teoria do Lugar Central. As formulações desenvolvidas por Lösch e Christaller ficaram conhecidas, em conjunto, como Teoria do Lugar Central (TLC). Amplamente discutida pelos pesquisadores, a TLC já foi considerada “a tentativa de desenvolvimento de uma teoria da estrutura espacial mais inovadora e de maior sucesso”; por outro lado, foi acusada de ser implausível para servir de base a qualquer trabalho empírico. De acordo Aranha apud (BROWN (1992) e BEAVON (1977)), a TLC descreve o número, tamanho, espaçamento e composição funcional de centros comerciais, num mundo microeconômico de livre concorrência típico, em que adicionalmente foram especificadas condições relativas à geografia: quanto aos consumidores, assume-se que são pequenos, igualmente afluentes, perfeitamente bem informados, racionais e tomam decisões buscando maximizar sua utilidade; quanto aos fornecedores, admite-se que são pequenos, racionais e tomam suas decisões buscando maximizar seu lucro; vendem fob e operam com custos equivalentes num ambiente em que o capital é móvel e não há barreiras de entrada;
  • 3. 3 quanto à geografia, postula-se um espaço homogêneo, em que os custos de transporte são uniformes em todas as direções, e onde tanto os consumidores quanto os fornecedores estão uniformemente distribuídos; e quanto ao comportamento geográfico dos consumidores, pressupõe-se que fazem expedições de compras com objetivo único, comprando um único produto na localização mais próxima que o ofereça. O modo de operação da TLC é dedutivo. Fundamentado nas hipóteses simplificadoras acima, a teoria conclui que: devido aos crescentes custos de transporte, a demanda por um tipo particular de produto diminui conforme aumenta a distância entre o mercado consumidor e a localização do fornecedor; a partir de uma certa distância, a demanda cai a zero; esta distância máxima que os consumidores estão dispostos a percorrer na busca por um produto chama-se “área de influência” ou “amplitude” do bem; por outro lado, é necessário haver um nível mínimo de demanda para que uma mercadoria se torne disponível num ponto de venda; o raio da menor área de captação em torno de um ponto de venda que ainda viabiliza a disponibilização de um produto chama-se “limiar” do produto; este limiar é diferente de uma categoria de produto para outra; quando a amplitude é maior que o limiar, o produto é comercializado; em qualquer mercado haverá muitos ofertantes de mercadorias com baixo limiar e baixa amplitude (bens de “baixo nível”) ; e poucos ofertantes de bens de alto limiar e alta amplitude (bens de “alto nível”) ; os ofertantes de cada nível estarão homogeneamente distribuídos no espaço, formando uma retícula triangular equiespaçada; cada ofertante estará no centro de uma área de influência de forma hexagonal, cuja amplitude reflete o nível do bem; e finalmente, quando a organização espacial dos diversos níveis é sobreposta, surge a famosa hierarquia dos centros de comércio. De acordo com as teorias mais tradicionais do geomarketing, o centro da cidade é o ponto de convergência de toda a rede de transportes, é também o local mais acessível, tanto para consumidores quanto para trabalhadores e fornecedores de
  • 4. 4 insumos. Conseqüentemente, o centro da cidade é a localização urbana que oferece um potencial de mercado máximo. Os agentes econômicos, representados por unidades comerciais, industriais e residenciais, competem entre si, dando lances pelos lotes de terra melhor localizados, de onde podem extrair um benefício máximo na forma de maiores lucros ou maior utilidade. A competição por um estoque limitado e inelástico de terrenos faz com que, no longo prazo, todas as áreas urbanas sejam ocupadas, com os agentes capazes de pagarem os maiores aluguéis apossando-se das melhores localizações. Também é comum encontrar áreas das cidades que concentram certos tipos de comércio. Do ponto de vista do consumidor há um benefício na aglomeração de comerciantes, principalmente quando fornecedores de bens de compra esporádica: torna-se para o consumidor muito mais fácil encontrar o item procurado, pois o estoque conjunto dos diversos varejistas é maior e mais diversificado que qualquer um deles poderia manter isoladamente; também fica mais fácil comparar preço e qualidade dos produtos. Modelo de Paul Converse, o ponto de equilíbrio, é representado pela distância em unidades métricas entre centros comerciais onde o consumidor optará tanto por um como por outro centro comercial. Uma distância inferior a esse ponto de equilíbrio em direção a um dos centros (centro comercial A) significará que todos os consumidores ali localizados realizarão compras no centro A. Assim sendo o modelo permite delimita as áreas de influência comercial. A fórmula é assim traduzida: Por exemplo: Ao considerarmos que a cidade A tem 200 mil habitantes e a cidade B 50 mil habitantes e que elas estão localizadas a 30 km uma da outra, o ponto de corte entre as áreas de influência será a 10 km da cidade B e , portanto, a 20 km da cidade A. Elaborado em 1962 por David Huff, o modelo de atração do consumidor,era utilizado para medir a probabilidade de consumidores serem atraídos para um centro comercial específico. O modelo de Huff foi o primeiro a sugerir que as áreas de influência são complexas, contínuas e probabilísticas, ao invés de áreas geométricas sem sobreposição resultante da teoria do lugar central. Ainda segundo Aranha apud (LEWINSON, 1991), a premissa básica do modelo de atração do consumidor de Huff é baseada nos seguintes padrões empíricos: o montante de consumidores que realizam compras em uma área de comércio específica varia de acordo com a distância até essa área;
  • 5. 5 o montante de consumidores que realizam compras em diversas áreas de comércio varia de acordo com a amplitude e profundidade da linha de produtos oferecida por cada área comercial; a distância que os consumidores percorrem até cada área comercial varia de acordo com os diferentes categorias de produtos adquiridos; e a força de atração de qualquer área comercial é influenciada pela proximidade de áreas comerciais concorrentes. De modo geral, os modelos gravitacionais medem a preferência do consumidor por um ponto comercial baseando-se nos seguintes fatores: a atratividade que a localização tem para atender às necessidades do consumidor; a facilidade de acesso ao ponto a partir do local onde o consumidor está; a atração cumulativa - aplicação do conceito de que o consumidor prefere comparar as ofertas de diversas lojas antes de efetuar a compra, principalmente para itens onde preço, padrão, qualidade e moda são considerações importantes (como móveis, automóveis e roupas); “ um dado número de lojas trabalhando com a mesma categoria de produtos farão mais transações se localizadas de forma adjacente, ou próximas uma das outras, do que se estiverem largamente espalhadas.” (BROWN, 1992) compatibilidade negocial, ou seja quanto um negócio é compatível com um outro próximo e aumenta o intercâmbio de clientes; risco mínimo de concorrência; e fatores econômicos do lugar. 3) CLUSTERS O mercado constitui o local onde os ofertantes expõem suas mercadorias para vender e os compradores vão adquiri-las. Entretanto, parte desta simplificação foi superada, quando os pesquisadores começaram a perceber ser o mercado um grupo que inclui todos os competidores, tanto vendedores quanto compradores de um produto particular ou de um conjunto de produtos, associado, portanto a duas importantes dimensões: o produto e a área geográfica. Entretanto, a literatura econômica vem destacando a importância de uma nova forma de organização da produção, os chamados clusters, que para Santos
  • 6. 6 (2001), reconhece-se com este conceito a relevância da proximidade física entre empresas na geração de externalidades ou economia de aglomeração, na resolução de problemas comuns através de interação cooperativas e em última instância, na criação da "eficiência coletiva". Clusters são concentrações geográficas de organizações interelacionadas, de um determinado setor, envolvendo um conjunto de indústrias associadas e outras entidades importantes para a competição. Estão inclusos: fornecedores, canais, clientes,governo, fabricantes de produtos complementares, universidades, associações de classe e outros (PORTER, 1998, apud BERNARDO, DA SILVA e SATO, ) Esta aglomeração espacial econômica já formulada por Marshall em 1920, originariamente costumava ser caracterizada a partir dos desdobramentos da análise dos Distritos Industriais e posteriormente vistos como sistemas flexíveis de produção estruturada ao nível local . A Terceira Itália ficou conhecida como uma das experiências bem sucedidas por ter consolidado o exemplo mais paradigmático e freqüentemente recorrido como modelo de sucesso deste novo padrão de organização espacial de atividades produtivas. Este tipo de análise ressalta os possíveis ganhos de eficiência proporcionados pela especialização produtiva de firmas localizadas em uma mesma região geográfica, atribuindo particular importância a institucionalidades subjacente às relações entre agentes econômicos e indutores de colaboração implícita e explícita entre eles. A eficiência tecno produtiva e a capacidade inovativa adquirem especial importância em função das mudanças observadas na dinâmica concorrêncial de mercados crescentes globalizados, nos quais a integração oferece ganhos no processo produtivo utilizando competências complementares e se articulam através de práticas cooperativas. Assim, a sinergia proporcionada pela combinação de competências complementares provendo inovações tecnológicas vem se convertendo em fator crucial para o aumento da competitividade dos agentes produtivos. As experiências de diversos clusters bem sucedidos, como o Silicon Valley, na Califórnia, e a Terceira Itália, demonstram que, geralmente, estes clusters têm surgido espontaneamente e que, à medida que os mesmos evoluem e se fortalecem. É comum o surgimento de instituições responsáveis pela estruturação de mecanismos de suporte e pela definição de diretrizes para o desenvolvimento comum das atividades.
  • 7. 7 Isto, não diminui a importância do papel a ser desempenhado pelo governo na estruturação desses arranjos ou aglomeração, atuando como facilitador, na implementação da infra-estrutura e catalisador desse processo. Neste sentido, o cluster promove o desenvolvimento regional elevando a um aumento da competitividade, com novas políticas industriais e inovações tecnológicas. O cluster aprofunda o tema de desenvolvimento regional. Pela importância que tem para o sucesso dos arranjos produtivos locais, mantendo uma atração forte por novos investimentos e, por conseguinte, a atividade econômica regional e o nível de emprego dentro de curvas ascendentes, muito mais do que uma preocupação essencial das sociedades locais, tem-se tornado uma busca dos governos como mecanismo para elevação de renda e produto. As externalidades associadas aos investimentos em infra-estrutura por parte do setor público são um exemplo de benéficos que se apropria coletivamente e transfere para a política dos clusters. Assim, as localidades terão que ser cada vez mais: capazes de produzirem bens e serviços de alta qualidade; receptivas às necessidades de seus usuários e ágeis no oferecimento de serviços menos padronizados; O que se pode concluir é que cada comunidade terá que encontrar soluções próprias para orientar o seu desenvolvimento. Desconsiderar as particularidades locais significa, também, desfigurar aquilo que cada lugar tem de mais precioso, ou seja, sua identidade. Assim, cada comunidade local, ao enfrentar as mudanças sociais em curso, deve buscar a sua própria forma de empresariamento. Neste sentido, o cluster, sendo uma forma de organização de produção regional que se estrutura a partir da identificação das complementaridades e das sinergias entre as empresas de um mesmo ramo de atividade, pode fazer com que a competição e a cooperação coexistam, seja entre empresas ou entre cidades. Do ponto de vista de pequenas e médias empresas, elas estão se conscientizando de que clusterizadas ficam mais competitivas, uma vez que têm seus custos de produção reduzidos, na medida que existe um compartilhamento na oferta de componentes ou execução de etapas do processo produtivo. Deve-se reconhecer, segundo Santos (2001), que o acesso aos equipamentos e matérias primas é relativamente fácil, uma vez que representantes dos fornecedores se fazem presentes no cluster, devido a economias de escala.
  • 8. 8 Esta é uma externalidade positiva do cluster. A existência de uma economia parcialmente consolidada, de uma cultura produtiva na região e de uma mão de obra relativamente treinada são elementos indicadores do potencial existente no arranjo. Estes fatores compõem as chamadas externalidades positivas das aglomerações produtivas. Uma organização regional comporta cluster de cidades próximas ou regionais, fortalecendo suas relações cooperativas, podendo-se citar o exemplo, entre as cidades do Sul do Estado de Minas Gerais: Itajubá, Santa Rita do Sapucaí e Pouso Alegre. As vantagens locacionais de cada uma para determinada atividade econômica se complementam entre elas, dando consistência à idéia do cluster de cidades, o que ali está se formando. Por outro lado, uma indústria localizada enfrenta algumas desvantagens como em relação ao mercado de trabalho, se a atividade for de uma só classe. Esta situação, pode gerar vários problemas como custos de mão-de-obra, dificuldade de reter os profissionais especialistas no local , entre outros, pois os outros membros da família podem não conseguir emprego e isso gerar instabilidade familiar. A solução para essa problemática é a criação de uma indústria de caráter supletivo. Como exemplo, nas proximidades de indústria de mineração e construção se instalar indústria têxtil, como forma de empregar as esposas dos mineradores ou operários da construção (MARSHAL,1985). Segundo Haddad (2000), isto demonstra que os lugares estão reassumindo uma importância que haviam perdido na medida em que as transformações são observadas e sendo sentidos os impactos das estratégias empresariais globais em seu âmago, e não espaços virtuais, sensibilizando as comunidades, aguçando o senso de oportunidade e estimulando no seu interior a criação de capacidades produtivas especializadas para promoção de seu desenvolvimento econômico ambiental e social. 4) HISTÓRICO DE CERES A cidade de Ceres surgiu com a implantação da CANG, Colônia Agrícola Nacional de Goiás, em 19 de fevereiro de 1941, através do decreto 6.882, do Presidente Getúlio Vargas, na região centro-oeste, estado de Goiás,nas margens esquerda do Rio das Almas. Em 1953, foi criado o município de Ceres, que foi desmembrado do
  • 9. 9 município de Goiás. O nome Ceres foi dado pelo administrador e implantador da CANG, Bernardo Sayão, cujo significado de origem greco-romana, é deusa da agricultura ou deusa dos cereais. Quando a CANG foi implantada, no seu projeto, incluía um hospital, que foi denominado Hospital da CANG, que iniciou o seu funcionamento em 1946 e que depois se transformou no Hospital Pio X. Sua equipe era composta de 07 médicos, 01 farmacêutico, 06 enfermeiras, 01 laboratorista e 01 auxiliar. Dentre os 07 médicos pioneiros do Hospital da CANG, ainda residem em Ceres, Dr. Domingos Mendes da Silva e Dr. Jair Dinoah Araújo. Em 1951, Dr. Domingos Mendes da Silva, se afasta do Hospital da CANG e inicia a construção do seu hospital, hoje o Hospital Centro Goiano. Em 1953, criou também a Escola de Auxiliar de Enfermagem, que foi autorizada a funcionar pelo decreto nº46.869/59, que funciona no seu hospital. Em 1953, Dr. Jair Dinoah Araújo, se afasta da direção do hospital da CANG e começa a construção do seu hospital, hoje o Hospital São Lucas (SILVA ARANHA, 2001). Ceres, por sua população privilegiada, incrustada no seio do Vale do São Patrício com via de acesso a todos os municípios, transformou-se em Centro Educacional e de Saúde (SILVA ARANHA, 2001). Com o desenvolvimento da agricultura e do comércio local, a população do município chegou a 70.000 habitantes no período da CANG. Com a implantação de vários outros hospitais, foram surgindo serviços e comércios da área de saúde que de alguma forma tem uma ligação aos serviços prestados por eles, como: laboratórios de exames clínicos, farmácias, hemocentro, clínicas médicas, clínica de imagem e distribuidor de produtos farmacêuticos. Hoje o município conta com um dos maiores percentuais de leitos por habitantes do país, como conseqüência do crescimento da área de saúde, apesar da sua população estar diminuindo ano a ano, contando com cerca de 20.000 habitantes. 5) ESTRUTURA DE SAÚDE DE CERES EM MARÇO / 2003 Desde o tempo da CANG até os dias de hoje o setor de saúde vem tendo um crescimento impressionante e continua crescendo ano a ano. Podemos perceber que essa estrutura possui uma variedade e quantidade muito significativa de áreas de atividade,desde hospitais especializados a clínicas de odontologia, conforme o quadro abaixo.
  • 10. 10 NOME ATIVIDADES Hospital Centro Materno Infantil de Ceres Pediatria, Ginecologia, obstetrícia, neonatologia. Hospital Bom Jesus Clínica Médica, Cirurgia Geral, Urologia, Gastroenterologia, Oftalmologia, Cardiologia, Ortopedia, Ginecologia e Otorrinolaringologia. Hospital Centro Goiano Clínica Médica, Cirurgia Geral, Radiologia, Urologia, Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia. Hospital IMEC Clínica Médica, Cirurgia Geral, Pediatria, Ginecologia, Obstetrícia e Cardiologia. Hospital Ortopédico de Ceres Ortopedia e Traumatologia Hospital Pio X Clínica Médica, Cirurgia Geral, Cardiologia, Ortopedia, Ginecologia, Obstetrícia, hansenologia, Pediatria, Ultra-sonografia, Radiologia, Dermatologia, Fisioterapia e Patologia Clínica. Hospital Santa Helena Clínica Médica, Ginecologia e Obstetrícia Hospital São Lucas Clínica Médica, Ginecologia e Obstetrícia, Pediatria e Cardiologia. Hospital São Patrício Clínica Médica, Gastroenterologia, Oftalmologia, Cardiologia, Ginecologia e Obstetrícia, Otorrinolaringologia Centro de Diagnósticos e Cirurgia - CDC Gastroenterologia, Cirurgias Day Hospital, Angiologia, Cirurgia Geral, Vídeoendoscopia e Eletrocardiograma. Hemocentro Hemoterapia Centro de Saúde Clínica Médica, Ginecologia, Obstetrícia e Pediatria, Odontologia. Clinica de Olhos Oftalmologia Clínica da Mulher Ginecologia e Obstetrícia e Ultra-sonografia Clínica Feminina Ginecologia e Obstetrícia e Ultra-sonografia
  • 11. 11 Clínica Otorrino Otorrinolaringologia e Dermatologia Centro de Diagnósticos - Diagnose Radiologia, Ultra-sonografia, Tomografia e Vídeoendoscopia. Centro Clínico Gastroenterologia, Proctologia, endoscopia, Psicologia Clínica de Fisioterapia CS Fisioterapia Centro de Reabilitação Fisioterapia Laboratório Biocentro Patologia Clínica Laboratório Brasil Patologia Clínica Laboratório Cícero Leão Patologia Clínica LAC –Laboratório de Análise Clínica Patologa Clínica Laboratório Regional de Ceres Patologia Clínica Laboratório Barreto Patologia Clínica Laboratório Núcleo Patologia Clínica Laboratório São Judas Tadeu Patologia Clínica Laboratório São Patrício Patologia Clínica Clínica Odontológica Pierre Fauchard Endodontia Estética, Cirurgia, Ortodontia, Ortopedia Odontológica. Clínica Odonto ESP Ortodontia, Ortopedia Facial, Endontia, Clínica Geral, Odontopediatria e Fonodiologia. Odonto Clínica de Ceres Clínica Geral e Ortodontia. Fonte: Silva Aranha, 2001 e pesquisa de campo. Ob.: Os serviços de anestesiologia são prestados nos hospitais por 04 médicos especialistas autônomos, através de uma central de atendimento. Além das empresas citadas anteriormente no quadro, ainda tem consultórios odontológicos e de psicologia individuais; farmácias e óticas. Segundo dados do Datasus/ Ministério da Saúde e da Associação Médica de Goiás/ Regional Ceres, o município de Ceres conta com índices bastante significativos quando comparados com o Brasil e com Goiás, conforme tabela abaixo no ano de 1999/2000.
  • 12. 12 LOCAL Nº Médicos/1000 h. Nº Leitos/ 1000h. Brasil 1,44 2,96 Goiás 0,98 3,89 Ceres/GO 2,7 19,00 Fonte: IBGE , DATASUS e Pesquisa de Campo Segundo a Organização Mundial de Saúde, não existe um padrão mundial ou indicadores para avaliar a qualidade da saúde no mundo, pois as diferenças regionais são muito grandes e cada uma apresenta características culturais, sócio-econômicas, epidemiológicas, entre outras, e de caráter próprio. Por isso, a OMS decidiu que cada país criasse seu próprio parâmetro de saúde, com seus indicadores. No Brasil, são utilizados entre outros, nº de profissionais de saúde / 1000h., nº de médicos / 1000h., nº de odontólogos / 1000h, nº de leitos hospitalares/1000h. e outros. Fizemos uma tabela apenas com o nº de médicos e de leitos/1000h, para que tenhamos uma amostra do tamanho do cluster de saúde de Ceres/GO. Podemos perceber que o número de leitos / 1000h. é muito alto para os padrões do Brasil e de Goiás, o que condiz com a quantidade de hospitais acima descritos. O nº de médicos / 1000h. também é muito alto para os padrões regionais e nacionais, representando quase o dobro do nº do Brasil e quase o triplo do de Goiás. È algo que chama muita atenção. Por este motivo, os fatores que levaram a formação desse cluster de saúde será objeto de estudo na dissertação do mestrando Flávio Manoel Coelho Borges Cardoso, no Mestrado Profissional em Administração/PUC MINAS/FDC. 6) A MUNICIPALIZAÇÃO DA SAÚDE No Brasil, o atendimento público gratuito de internação em hospitais, tanto da rede particular quanto da pública de saúde, funciona através do pagamento pelo SUS-Sistema Único de Saúde /Ministério da Saúde de guias de AIH (Autorização de Internação Hospitalar) aos hospitais conveniados. Até 1998, as guias de AIH do SUS eram distribuídas ao Governo Estadual que repassava aos hospitais na forma de cotas hospitalares. A partir de 1998, as guias de AIH passaram a ser distribuídas ao Governo Estadual, e este repassa às prefeituras municipais, através das Secretarias Municipais de Saúde, em cotas proporcionais ao número de habitantes flutuantes do município.
  • 13. 13 Cabendo a cada uma delas gerir de forma mais eficiente a sua cota, sendo que a prioridade é para hospitais públicos, depois filantrópicos e por último os particulares. Caso o município não tenha o serviço para o devido atendimento do paciente, ele deve “comprar” o serviço de outro município que esteja equipado para atender às necessidades do paciente. Essa “compra”, se refere ao repasse de guias de AIH ao município que tem uma melhor estrutura de saúde. 7) ÁREA DE ABRANGÊNCIA A CANG foi o ponto de partida para o desenvolvimento de toda a região norte do Estado de Goiás, depois Goiás e Tocantins, Pará e Maranhão, pois era uma referencia na construção da rodovia Belém-Brasília. Por isso, a área de abrangência do cluster de saúde até a municipalização da saúde, era composto do norte de Goiás, Tocantins, sul do Pará, e sul do Maranhão. Após a municipalização da saúde em 1998, com as restrições das guias de AIH à população do município, essa área de abrangência se reduziu a região chamada de Vale do São Patrício , que tem um raio de aproximadamente 120km e consta de 29 municípios, segundo a Associação Sampatriciense de Municípios, que são: Barro Alto, Campos Verdes, Carmo do Rio Verde, Ceres, Crixás, Goianésia, Guaraíta, Guarinos, Heitoraí, Hidrolina, Itaguaru, Itapuranga, Itapaci, Ipiranga de Goiás, Jaraguá, Morro Agudo de Goiás, Nova Glória, Nova América, Pilar de Goiás, Rialma, Rianápolis, Rubiataba, Santa Isabel, Santa Terezinha de Goiás, São Francisco, São Luiz do Norte, São Patrício, Uirapuru, Uruana. 8) CONCLUSÃO Apesar de apresentar um crescimento constante desde a criação da CANG, O Cluster de saúde do município de Ceres/Go vem apresentando alguns problemas, entre eles a redução da sua área de abrangência, como resultado da municipalização da saúde. Apesar da sua localização estratégica, com a proximidade da rodovia BR-153 e de estar no centro do Estado de Goiás, isso pode acabar levando a um processo de degeneração do conglomerado, por apresentar uma óbvia queda de faturamento, levando conseqüentemente a resultados não satisfaça a seus investidores. Como enfrentar essa adversidade ? Sabemos que não existem soluções mágicas e que qualquer intervenção no cluster exigirá um esforço maior dos participantes no
  • 14. 14 sentido de maior envolvimento e investimentos. Portanto, deixamos algumas sugestões que poderão se úteis aos participantes desse cluster: o O Cluster de saúde do município de Ceres/Go possui uma estrutura muita bem equilibrada no tocante às áreas de serviços afins e complementares, porém, falta a presença atuante de outras instituições como universidade e governo estadual e/ou federal, que poderão divulgar ou reforçar a sua imagem a outras regiões que não seja o Vale do São Patrício, como um aglomerado de saúde importante. o O investimento maior em atividades de caráter supletivo, como a Educação (escolas profissionalizante, faculdades, escolas de 1º e 2º), como forma de atrair ou manter os profissionais da área de saúde, através da ocupação de seus familiares. Assim, seria o desenvolvimento de outro cluster nessa área supletiva. o Estimular a uma das organizações participantes a assumir o papel de coordenador e aglutinador do cluster, mantendo-o forte e competitivo através de ações adequadas para buscar maior eficiência nas sinergias e competências complementares para tal. O certo é que, a presença deste cluster tem influenciado bastante no desenvolvimento do município e da região, movimentando uma série de outras atividades (supermercados,hotéis, lojas de vestuários e outros) que embora não sejam interligadas, acabam se beneficiando dele. BIBLIOGRAFIA ARANHA, Benedito da S. Eu vi Ceres Nascer : A Saga do Bandeirante Bernardo Sayão. Goiânia: Editado por João Batista Alves Filho, 2001. ARANHA, F. e Figoli, S. Geomarketing: Memórias de Viagem – São Paulo, 2001. BARQUETE, Stael. Fatores Locacionais de Incubadoras e Empreendimentos de Alta Tecnologia. São Paulo, Revista de Administração de Empresas – Jul/Set. 2002. BERNARDO, Mauro Santo; SILVA, Adriana Cristina da; SATO, Sonia. Distritos industriais - Clusters. São Paulo: FEA/USP, 1999. 27p. HADDAD, Paulo. R. A Competitividade do Agronegócio e o desenvolvimento regional no Brasil: estudo de Clusters. Fortaleza: Cnpq/Embrapa, 2000. HADDAD, Paulo. R. Clusters e Desenvolvimento Regional no Brasil. Revista Brasileira de Competitividade, 2002. IBGE, Disponível em: www.ibge.gov.br, com acesso em 25 de março de 2003.
  • 15. 15 LEMOS, M. B.; DINIZ, C. C. Sistemas Locais de Inovação: o Caso de Minas Gerais. In CASSIOLATO, J. E.; LASTRES, H. Globalização e Inovação Localizada: experiências de sistemas locais no Mercosul. Brasília: IBICT, 1999. Cap.7 p.245 -278. MARSHAL, Alfred. Princípios de Economia. São Paulo: Nova Cultural,1985. Vol.1, Cap. X. MINISTÉRIO DA SAÚDE / DATASUS, Disponível em: www.tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?idb2001/E01.def, com acesso em 25 de março de 2003. SANTOS, Milton. Por uma outra Globalização. Rio de Janeiro: Ed. Record, 2001.