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82. AS TRANSFORMAÇÕES NO CALÇADÃO DE LONDRINA: ELEMENTOS
                    PARA A CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE

                                                                 Silvana Muniz Guedes
                                                           munizguedes@gmail.com244
                                                     Sandra Regina Ferreira de Oliveira
                                                Sandra.oliveira@sercomtel.com.br245
                                           UEL – Universidade Estadual de Londrina

RESUMO
O presente artigo e resultante das ações do projeto A lente capta o que o coração
sente: permanências e transformações no patrimônio arquitetônico da cidade de
Londrina, parte integrante do PIBID/Pedagogia da Universidade Estadual de
Londrina, e aborda as principais transformações em um lugar especifico da cidade
de Londrina: o calçadão. Entende-se que o estudo desse, a partir de analise de
fontes, e temática significativa para o ensino de Historia no Ensino Fundamental.
Para tessitura das analises aqui apresentadas utilizou-se fontes orais, escritas e
imagéticas como relatos de jornais, além de pesquisas bibliográficas. Traçando uma
linha do tempo sobre os impactos sociais causados em cada transformação do
calcada o, o objetivo e realizar reflexões e elaborar material didático a partir do
resgate histórico sobre o lugar em questão tendo por linha narrativa as reformas
realizadas no espaço em questão. No ano de 2011, durante a retirada do piso, uma
parte do passado esquecida por alguns e não vista por outros se tornou presente: os
desenhos de ramos de café que enfeitavam a praça Gabriel Martins na década de
1970. Trata-se de um trabalho em andamento. Nesse artigo apresentamos os
resultados das pesquisas bibliográficas assim como de entrevistas realizadas.
Relatamos de forma breve as ações a serem realizadas e que culminarão com a
produção de material didático a ser disponibilizado para as escolas (fase posterior
do projeto). O desenvolvimento desse trabalho conta com o apoio financeiro da
CAPES.

PALAVRAS       CHAVES:     ensino   de   Historia;    memoria,   patrimônio   histórico;
identidades.




_______________________
244
    Aluna do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Londrina. Bolsista PIBID –
CAPES.
245
    Docente do Curso de Pedagogia e Programa de Pôs Graduação em Educação da
Universidade Estadual de Londrina. Coordenadora do PIBID – PEDAGOGIA/UEL.
Londrina. Coordenadora
Os primeiros registros de calcada o ou ruas de pedestres que se tem
conhecimento são de 1951, na Alemanha. Na Europa, lentamente foram surgindo
mais ruas com estas características. Entretanto, foi a partir da década de 1970, com
o aumento da frota automotiva, que o conflito entre pedestre e veiculo intensificou,
possibilitando a criação de inúmeras ruas de pedestres pelo mundo, passando a
integrar as espacialidades urbanas.
                No fim da década de 1960, o Brasil passa por um período de
revitalização urbana embasado em objetivos inovadores quanto a construção das
identidades históricas e culturais. Buscando respeita-las e criando um projeto com
características locais, Curitiba foi pioneira na criação das ruas de pedestres
transformando sua rua principal, a XV de Novembro, na primeira rua de pedestres
do Brasil, que passou a ser conhecida também como “Rua das Flores”.
                Na mesma linha de Curitiba, Londrina, localizada no norte do estado
do Paraná, uma cidade considerada “nova" com pouco menos de 80 anos, foi a
primeira cidade do interior do Brasil a possuir essa rua de pedestre. Na historiografia
tradicional sobre o processo de colonização da cidade destaca-se a propaganda
com ênfase nas terras férteis para o plantio. A empresa responsável por esse
processo, a Companhia de Terras Norte do Paraná (CNTP), vendia a ideia da terra
da promissão, onde haveria rápida prosperidade atraindo assim pessoas de diversas
partes do pais e do mundo.


Calçadão ou rua de pedestres.


                Gosling e Maitlanda (apud. Januzzi, 2006) explicam que a criação de
ruas de pedestres, no centro das cidades, foi parte de uma estratégia maior para
equilibrar mudanças que incluíam rupturas no trafego de veículos e alterações nos
hábitos de fazer compras.
                Em sua tese de doutorado Januzzi (2006) aponta que em diversos
projetos, as ruas de pedestres começam a partir da rua principal da cidade. Dessa
maneira, as ruas de pedestres, devem ser um lugar agradável para as pessoas
favorecendo a interação social com espaços para o pedestre caminhar, conversar,
sentar, brincar. As atividades promocionais como espetáculos, feiras, comícios,
desfiles, devem ser pensadas levando em consideração as diversidades humanas,
ou seja, para todos os grupos de idades e para os portadores de deficiências.
E fato que, na maioria das vezes a iniciativa de ser criar uma rua de
pedestres esta relacionada com o favorecimento as compras, atraindo clientes. Um
dos principais objetivos dos comerciantes e o de proporcionar ótimas condições de
consumo, diversificando oferta de mercadorias e serviços, a criação de um ambiente
agradável, de atrativos voltados para o publico e horários diferenciados. Medidas
que podem representar maior satisfação aos usuários e resultar em rentabilidade
aos investidores. De certa forma, pode-se inferir que as “ruas de pedestres” são
precursoras dos shoppings centers.


Os calçadões no Brasil


                Com o crescimento da população nas cidades brasileiras e a
popularização do automóvel, a mobilidade e deslocamentos no centro das principais
cidades brasileiras foi se tornando cada vez mais difícil, uma vez que ruas e
calcadas não foram preparadas para suportar a demanda de pessoas e veículos,
fato este que contribuiu, em parte, para criação das ruas de pedestres – calcada o,
que foram surgindo de forma intensiva no Brasil, configurando-se praticamente como
um modismo politico na década de 1970.
                Assim como em outros países, no Brasil os calçadões possuem
certos objetivos no que se refere ao planejamento. São fechados para veículos,
exceto para o acesso dos moradores e proprietários de imóveis deste local, dos
serviços de emergência e de carga e descarga em horários especiais, limitando-se
os veículos a circularem em áreas periféricas. O piso costuma receber um
revestimento próprio, em geral com pedras formando desenhos geométricos para se
diferenciar do piso de paralelepípedo e asfalto.
                O calcada o da Rua XV de Novembro em Curitiba - Paraná levou em
consideração todas estas iniciativas de se criar um “calcada o”. Localizado entre
edifícios que contam a historia de Curitiba, tornou-se uma rua de pedestres
importante tanto para o comercio como para a historia da cidade. Na rua foi
adicionado o piso de petit-pave, um novo mobiliário urbano e foram realizadas
algumas ações de despoluição visual. O projeto incluiu também a restauração de
antigos edifícios e o funcionamento de feiras de artesanato, o que culminou em um
importante ponto comercial e de encontro de pessoas. Este feito foi fortemente
divulgado e repetido em diversas cidades do Brasil como São Paulo, Rio de Janeiro,
Florianópolis, Londrina, Juiz de Fora, Bauru, Ponta Grossa, e em muitas outras
cidades e de diversos tamanhos.


O Calçadão de Londrina


                O plano de Londrina foi elaborado e aprovado em Londres no ano de
1929. Na malha projetada da cidade na década de 30, foram destinadas áreas para
a igreja matriz e para praças onde atualmente se localizam a Catedral e as praças
Marechal Floriano Peixoto, Gabriel Martins, Sete de Setembro, Willie Davis e
Primeiro de Maio, além do Bosque. Dessa maneira, a cidade foi crescendo a partir
da igreja, precisamente pela Avenida Paraná.
                A partir do fim da Segunda Guerra Mundial, Londrina adentra em um
período de crescimento populacional e enriquecimento. A Avenida Paraná,
localizada no centro, se estabelecia como principal rua comercial da cidade, e era
ponto de referencia quando se falavam de Londrina. Tratava-se também da principal
via de ligação entre as cidades de Cambe – Londrina – Jataizinho (Jornal Folha de
Londrina, 21 de agosto de 2005).
                Apos a pavimentação na década de 1950 tal espaço transformou-se
no ponto de encontro de pessoas que iam passear, comprar, bater papo,
intensificando o footing naquele local (YAMAKI, 2006). Paralelamente, conforme ia
se consolidando como principal ponto de passeio e referencias da cidade,
intensifica-se o fluxo de veículos e pedestres pela avenida.
                Londrina, nos anos de 1950, emergiu no cenário nacional como
importante cidade do interior do Brasil. Neste período, apresentou considerada
expansão urbana em razão da produção cafeeira no norte do Paraná. Nesta década
a população passou de 20.000 habitantes para 75.000, sendo que quase metade se
encontrava na área rural. Na década de 1970, Londrina, conforme consta no site
oficial da cidade (http://www.londrina.pr.gov.br) já contava com 230.000 habitantes.
O rápido crescimento populacional e econômico demandou transformações
principalmente no centro da cidade.
                Nesse contexto, o prefeito da época, Antônio Casemiro Belinati,
juntamente com outros representantes de Londrina percebeu a necessidade de criar
um espaço para pedestre. O projeto seria desenvolvido no espaço ocupado pelas
quatro praças (Gabriel Martins, Willie Davis, Primeiro de Maio e Sete de Setembro),
tendo como modelo o calcada o de Curitiba, capital do Paraná. O intuito era tirar o
fluxo de veículos do anel central e dar espaço a população circular livremente,
conforme apresenta o jornal Folha de Londrina:

                            “A Prefeitura queria modernizar o centro [...] havia a
                            necessidade de reorganizar o sistema de circulação do
                            anel central privilegiando o comércio e o lazer.”
                            (29/08/2003, p.3)


                 Sendo assim, no final da década de 1970, o centro da cidade teve
uma grande modificação, a implantação do Calcada o. O projeto foi apresentado a
imprensa em 31 de maio de 1977, e divulgado em matéria de capa pela Folha de
Londrina:

                          O centro de Londrina passara por uma reurbanização
                          quase completa, segundo o projeto apresentado ontem
                          pelo prefeito Antônio Belinati e outras autoridades e a
                          imprensa, pelo arquiteto Jaime Lerner e sua equipe, que
                          vieram especialmente para este fim. Será criada a “rua de
                          pedestres”, ao tempo em que passarão por completa
                          transformação as praças Primeiro de Maio, Willie Davis e
                          Marechal Floriano, bem com as áreas adjacentes ao
                          Bosque. (...) A urbanização compreendera áreas de lazer,
                          como quiosques, bares, sorveterias, telefones, bancas de
                          revistas, palco para “roda de musica”, abrigos para
                          comercialização artesanal, teatrinho para crianças (...) ao
                          tempo em que se estabelecera mudanças no sistema
                          viário, afastando da área central o automóvel. (Jornal
                          Folha de Londrina, 31 de maio de 1977).


                 No entanto, houve grande polemica apos o anuncio do projeto, pois
os comerciantes eram contra a obra, alegavam que “perderiam clientes”, pois estes
teriam que estacionar seus veículos longe das lojas, dificultando o acesso as
mesmas. Apesar das polemicas, o calcada o foi construído.
                 O desenho original possuía o contraste entre o preto e branco, em
formas geométricas, o que resulta em um efeito plástico de luz e sombra, realizado
sobre pedra portuguesa em petit-pavé. O desenho e de autoria do arquiteto Hely
Bretas Barros.


O projeto das praças
Antes destes feitos pela criação do calcada o, houve uma tentativa
de modernização das quatro praças centrais de Londrina uma vez que as praças
serviam apenas como áreas verdes. O objetivo era de tornar esses espaços um
ponto de maior concentração popular, inserindo equipamentos que permitiriam
atividades comunitárias.

                     A ideia inicial é destinar exclusivamente aos pedestres trechos
                     fronteiras as praças Gabriel Martins, Willie Davis, Primeiro de
                     Maio e Sete de Setembro. Nesses locais serão implantados
                     bancas com informações turísticas, exposições artísticas,
                     lanchonetes (Folha de Londrina, 26/03/1975).

                Panayote Saridakis, arquiteto grego coordenador do projeto
especificava a Praça Gabriel Martins, para a primeira implantação do plano de
reurbanização do centro. Yamaki (2006) em seu livro Labirinto de Memorias confirma
esta ideia ao afirmar que esta praça tem uma conotação comercial, o que viria a
contribuir e muito para o progresso da cidade.
                Sendo assim, o então prefeito de Londrina Jose Richa aprovou um
projeto para modernizar esta praca. De autoria do Arquiteto Grego Sr. Panayote
Saridakis, conhecidoTakis, teve a intenção de homenagear e dar titulo a Londrina
como a “capital do café”.

                     foi feito desenhos de ramos, flores e grãos do pé de café que
                     seriam implantados na praça com placas de cimento coloridas
                     com pigmentos, placas de cimentos por causa da
                     durabilidade... (Entrevista com Takis, 2012)


                Na entrevista realizada com o Sr. Takis, o mesmo destaca que o
projeto foi apresentado a administração e obteve aprovação de todos. Porem, houve
rejeição por parte dos comerciantes que tinham o costume de deixar seus
automóveis estacionados por ali, em especial os taxistas que eram contrários ao
fechamento das ruas no contorno da Praça Gabriel Martins. Sr. Takis, juntamente
com os engenheiros de obras, reuniu os funcionários e em uma manha começaram
os trabalhos.
A reclamação dos comerciantes e taxistas foi diminuindo com o
tempo e, quando perceberam que as alterações atraiam mais publico para o espaço,
potencializando o comercio, começaram a gostar da “modernização”.
Esta reforma incluiu a modificação do piso, instalação de alguns itens de decoração
e iluminação, como bancos, floreiras, play ground, quiosques, dentre outros. As
placas com os desenhos foram então instaladas na Praça Gabriel Martins e a rua
que contornava o famoso cinema Cine Augustos foi fechada transformando-a em
praça.
                 Segundo o Sr. Takis, a população recebeu com orgulho os desenhos
pois deu “um ar” de alegria ao centro da cidade. A prefeitura considerou “bem
sucedida a reurbanização da Gabriel Martins.” (Folha de Londrina, dez.1976) e que
este feito serviria de exemplo para obras em outras praças no centro da cidade.
                 Na pesquisa realizada em jornais não foram encontradas fotos da
reforma e nem da inauguração. O primeiro registro iconográfico nos jornais sobre
essas flores aparece em uma propaganda de lojas em torno da Praça Gabriel
Martins na qual convida a população para frequenta-la.

                       “A nova Praça Gabriel Martins é o coração de Londrina. Com
                       ela a cidade ficou mais humana e a comunidade se beneficiou.
                       Vá sempre lá. Neste natal há apresentações de cânticos
                       natalinos. Ao povo, com votos de excelentes festas e
                       prosperidade em 1977, as homenagens das seguintes lojas...”
                       (Folha de Londrina 24/12/1976, p. 13)



                 O que se pode perceber e que essa foi a primeira atitude que
impulsionou Londrina a modernização do centro da cidade. Pois, no ano seguinte
houve a troca da administração da cidade e com ela a construção do calcada o de
Londrina, nas décadas seguintes houve varias reformas e com elas e o tempo foram
sepultando as memorias sobre as “flores do calcada o”.
                 No entanto, durante a reforma em 2011, no trecho da Praça Gabriel
Martins um fato chamou a atenção de muitas pessoas que passavam por lá: e foi ate
noticia de jornais locais.
Obras no Calçadão revelam parte da história de Londrina


Ao retirar o petit pave da Praça Gabriel Martins, operários descobrem o antigo
piso com placas coloridas.


A terceira etapa da remodelação do Calcada o, realizada no trecho compreendido
entre a Rua Professor Joao Candido e Avenida São Paulo, trouxe a tona uma
parte esquecida da historia de um dos maiores cartões postais de Londrina. Na
retirada do petit pave que cobria o trecho, os operários da Visatec –responsável
pela obra – encontraram um dos pisos que revestiam a Praça Gabriel Martins,
originalmente localizada naquela área. [...]




                 Tratava-se das placas de cimento no formato de flores instaladas ha
mais de 30 anos neste local.
                 Esse “achado arqueológico”, considerando que a cidade tem menos
de 80 anos, foi o mote para a pesquisa que deu origem a esse texto e a partir do
qual se elabora um material didático para ser trabalhado nas salas de aula do ensino
fundamental.
                 O processo de pesquisa foi lento devido a não existência de
registros sobre o fato. De certa forma, em linhas gerais não se deu muita
importância ao “achado arquitetônico” que reviva a memoria da cidade em torno de
seu processo de urbanização. e, na semana posterior, prosseguiu-se com a reforma
removendo o piso da década de 1970 transformando-o em entulho de construção.
Mapeando as informações da matéria publicada no jornal de Londrina em agosto de
2011 (apresentada anteriormente nesse texto) localizou-se e entrevistou-se o Sr.
Rodolfo Horner, engenheiro aposentado da Prefeitura aposentado que, gentilmente,
forneceu valiosas informações, dentre as quais o nome do arquiteto que planejou as
tais flores e galhos de café na Praça Gabriel Martins, Sr. Panayote Saridakis.
                 O calçadão de Londrina, em 1989, expandiu-se ao longo de três
quadras e transformou o modo de viver das pessoas que por lá transitam.
Frequentemente e apontado na mídia como o “coração” da cidade (reportagem da
RPC TV 2010). De certa forma, o espaço cumpre sua função social e cria condições
de convívio social, propicio para utilização cotidiana, passeios, compras, facilidade
de locomoção ou observação da paisagem. Trata-se de um local no qual a
população organiza manifestações e protestos.
                Em 2011, o calcada o de Londrina passou por outra reforma
significativa como a substituição do piso petit-pave pelo paver, alterando assim as
cores e o material do piso, execução de galerias para a captação de aguas pluviais,
substituição do mobiliário urbano, melhorias para acessibilidade, instalação da
iluminação publica, entre outros itens. Foram retiradas bancas de revistas,
lanchonetes, choperias e floriculturas. Tais alterações, como nas demais reformas,
geram polemicas e discussões entre populares, comerciantes e estudiosos. Alguns
aprovam, outros não. Alguns questionam a perda da identidade do calcada o como
patrimônio histórico como consta em artigo publicado na Folha de Londrina em 14
de agosto de 2011, assinado por Humberto Yamaki.

                     Londrina deveria considerar como prioridade o tombamento do
                     calçadão com o que resta do piso petit pavé. (Yamaki, apud.
                     Jornal Folha de Londrina 14/08/2011)


                Também o Sr. Rodolfo Horner engenheiro aposentado da PML diz
que o calcada o da cidade de Londrina esta fortemente relacionado na imagem
mental dos habitantes e um dos fatores que contribui para esta relação esta no
desenho do piso.
                O que se pode perceber e que o desenho e muito parecido, no
entanto apesar de possuir mais cores elas são mais apagadas e o material também
e diferente. Ao que se demonstra, podemos inferir que houve certa preocupação em
relação a preservação da identidade do calcada o, mas o resultado e bastante
questionável.


Sobre o processo de construção do material didático e a identidade histórica


                Diante do exposto e dos estudos realizados ate o momento, algumas
considerações podem ser feitas no que se refere a conexão entre as alterações
desse espaço publico importante da cidade e a constituição de identidades, conceito
este tão caro ao ensino da Historia. Resgatar essas fontes e possibilitar aos alunos
que transitem pelas memorias da cidade tendo as reformas do calcada o como
cenário de fundo possibilita uma compreensão
mais adensada sobre a historia da cidade a partir de diferentes vieses que
entrelaçam aspectos arquitetônicos, políticos, econômicos e culturais.
                Não se preservou as flores projetadas pelo Sr. Panayote Saridakis,
assim como também, talvez, não se preserve o piso de petit pave preto e branco (ha
indicações que parte do mesmo será mantida em frente ao Cine Teatro Ouro Verde).
O que se guarda do passado para lembrar no presente e sempre escolha e
responsabilidade do homem contemporâneo. Nesse sentido, resgatar imagens e
textos sobre os processos de reforma do calcada o, os, aspectos relacionados a
esse espaço da cidade e a partir dos mesmos elaborar materiais didáticos para que
os professores possam trabalhar com essas temáticas em sala de aula e de suma
importância.
                Não devemos, pois, criar nas crianças um desdém pelo fato de não
terem preservado as flores da praça. O papel o educador e o de propiciar uma
reflexão nos alunos em torno desta questão. O que aquelas flores representaram na
época? As lembranças de família, as intenções naquela época e agora. A partir
desses questionamentos e de outros, através da possibilidade de permitir ao aluno o
acesso a esses arquivos e a visualização da evolução deste espaço, ha uma
possibilidade de o aluno das series iniciais construir uma identidade da cidade em
que vive e em decorrência de sua identidade também.
                Cooper (2206) aponta que aprender sobre o passado integra o
desenvolvimento social, emocional e cognitivo. Sendo assim e possível que a
criança a partir de seus conhecimentos fragmentados do senso comum sobre o seu
passado, mais o direcionamento provocado pelo professor, possa gradativamente
construir sua identidade e do local que a cerca.
                Para tanto, Cooper (2006) ainda aponta que e possível engajar as
crianças no processo de investigação histórica, pois:

                     Se quisermos ajudar nossos alunos a se relacionarem
                     ativamente com o passado, precisamos encontrar formas de
                     ensina-los, desde o começo, que iniciem o processo com eles
                     e seus interesses, que envolvam uma “aprendizagem ativa” e
                     pensamento histórico genuíno, mesmo que embrionário, de
                     maneira crescentemente complexa. (COOPER. 2006, p.172-
                     173)
Para se trabalhar educação histórica com as crianças Cooper
(2006), nos mostra alguns parâmetros como: iniciar uma discussão sobre o tempo e
as mudanças nas vidas das próprias crianças e quais implicações elas trouxeram, e
assim o professor ira sequenciar os fatos explicando em outras palavras a
passagem do tempo; através de fotos, por exemplo, as do calcada o, as crianças
podem fazer relações com suas vidas, do tipo: o que sua mãe fazia neste espaço e
o que você faz?
                  Através destes e de outros direcionamentos do professor o aluno ira
construindo seu saber em relação a educação histórica. Gradativamente ira
aprendendo a buscar e sequenciar fontes, ampliara seu vocabulário, e a cada passo
dado fara interpretações e questionamentos diferentes.
                  Aprender sobre o passado, de acordo com Cooper (2006), por mais
distante que seja nos permite compreender quem somes como nos relacionamos,
nos comportamos e agimos, bem como os outros também, e assim contribuirmos
para o nosso e o outro, desenvolvimento pessoal, social e emocional. Nesse ponto,
o professor ao auxiliar os alunos na construção de sua identidade estará fazendo
com que eles respeitam as culturas alheias, as suas e possam considerar as
consequências das ações.
                  Porem para que isso ocorra de maneira satisfatória para o
aprendizado do aluno a maneira como o professor direcionara este aprendizado
histórico fara toda a diferença. Para Barca (2004), o professor tem que assumir o
papel de investigador, para que ele possa compreender e ajudar modificar
positivamente os conceitos dos alunos.
                  O Aluno tem um papel ativo na construção de seu conhecimento em
sala de aula, junto com o professor poderão construir atividades diversas e
intelectualmente desafiadoras (Barca, 2004).
                  No que tange a disciplina de historia poderão ler diversas fontes
históricas com diversas mensagens e cruza-las na intenção de valida-las; procurar
entender situações humanas e sociais em diversas épocas; levantar questões e
hipóteses; dentre outros.
                  Ao planejar suas atividades o professor levara em consideração
algumas vertentes que para Barca (2004), são desejáveis atender: trabalhar de
forma diferenciada as ideias iniciais manifestadas pelos alunos; propor questões
orientadas e problematizadora; integrar tarefas em situações diversificadas e avaliar
qualitativamente, em termos de progressão da aprendizagem, o nível conceitual dos
alunos, em vários momentos das aulas.
               Sendo assim, o material didático que se desenvolvera partindo da
pesquisa do Calcada o de Londrina, será de maneira a atender as necessidades
pedagógicas do aluno e da escola em termos de construção de identidade histórica.
Pois,

                    Interpretar o passado não significa apenas compreender uma
                    versão acabada da história que é produzida no manual ou pelo
                    professor. A interpretação do contraditório, isto é, da
                    convergência de mensagens, é um princípio que integra o
                    conhecimento histórico genuíno.


               E por esse caminho que tal projeto prossegue.


Referencias:

“A IDEIA NAO E CRIAR UMA NOVA CURITIBA”. Folha de Londrina, 01/06/1977. p.
24.

BARCA, Isabel. Aula de oficina: do Projeto a Avaliação. In. Para uma educação de
qualidade. Atas da Quarta Jornada de Educação Histórica. Braga, centro de
Investigação em Educação (CIED)/ Instituto de Educação e Psicologia, Universidade
do Moinho, 2004, p.131-144

CENTRO DE LONDRINA PASSARA POR TOTAL REURBANIZACAO. Folha de
Londrina, 01/06/1977. p. 24.

COOPER, Hillary. Aprendendo e ensinando sobre o passado a crianças de três
a oito anos. Educar, Curitiba, Especial, p.171-190. 2006. UFPR

Fotos disponíveis em www.google.com.br/fotoslondrina.
http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=923272 ACESSADO EM
03/11/2011 AS 18:34

JANUZZI, Denise de Cassia Rossetto. Calçadões: a revitalização urbana e a
valorização das estruturas comerciais em áreas centrais. 2006. 318 f. Tese
(Doutorado) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo,
São Paulo, 2006.

JANUZZI, Denise de Cassia Rossetto. O desenvolvimento de Londrina e as
transformações nos espaços públicos da região central. Semina: Ciência
Sociais e Humanas. Londrina, v. 26, p. 87-94, 2006.

MUDANCAS DA ESTRUTURA URBANA. Folha de Londrina, 01/06/1977. p. 01.
REFORMA POE CALCADAO NA BERLINDA. Jornal de Londrina. 15/04/2010.
Disponível em
<http://www.jornaldelondrina.com.br/online/conteudo.phtml?tl=1&id=992850> acesso
em 17/03/2011.

YAMAKI, Humberto. Iconografia Londrinense. Londrina: Humanidades, 2003.

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AS TRANSFORMAÇÕES NO CALÇADÃO DE LONDRINA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE

  • 1. 82. AS TRANSFORMAÇÕES NO CALÇADÃO DE LONDRINA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE Silvana Muniz Guedes munizguedes@gmail.com244 Sandra Regina Ferreira de Oliveira Sandra.oliveira@sercomtel.com.br245 UEL – Universidade Estadual de Londrina RESUMO O presente artigo e resultante das ações do projeto A lente capta o que o coração sente: permanências e transformações no patrimônio arquitetônico da cidade de Londrina, parte integrante do PIBID/Pedagogia da Universidade Estadual de Londrina, e aborda as principais transformações em um lugar especifico da cidade de Londrina: o calçadão. Entende-se que o estudo desse, a partir de analise de fontes, e temática significativa para o ensino de Historia no Ensino Fundamental. Para tessitura das analises aqui apresentadas utilizou-se fontes orais, escritas e imagéticas como relatos de jornais, além de pesquisas bibliográficas. Traçando uma linha do tempo sobre os impactos sociais causados em cada transformação do calcada o, o objetivo e realizar reflexões e elaborar material didático a partir do resgate histórico sobre o lugar em questão tendo por linha narrativa as reformas realizadas no espaço em questão. No ano de 2011, durante a retirada do piso, uma parte do passado esquecida por alguns e não vista por outros se tornou presente: os desenhos de ramos de café que enfeitavam a praça Gabriel Martins na década de 1970. Trata-se de um trabalho em andamento. Nesse artigo apresentamos os resultados das pesquisas bibliográficas assim como de entrevistas realizadas. Relatamos de forma breve as ações a serem realizadas e que culminarão com a produção de material didático a ser disponibilizado para as escolas (fase posterior do projeto). O desenvolvimento desse trabalho conta com o apoio financeiro da CAPES. PALAVRAS CHAVES: ensino de Historia; memoria, patrimônio histórico; identidades. _______________________ 244 Aluna do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Londrina. Bolsista PIBID – CAPES. 245 Docente do Curso de Pedagogia e Programa de Pôs Graduação em Educação da Universidade Estadual de Londrina. Coordenadora do PIBID – PEDAGOGIA/UEL. Londrina. Coordenadora
  • 2. Os primeiros registros de calcada o ou ruas de pedestres que se tem conhecimento são de 1951, na Alemanha. Na Europa, lentamente foram surgindo mais ruas com estas características. Entretanto, foi a partir da década de 1970, com o aumento da frota automotiva, que o conflito entre pedestre e veiculo intensificou, possibilitando a criação de inúmeras ruas de pedestres pelo mundo, passando a integrar as espacialidades urbanas. No fim da década de 1960, o Brasil passa por um período de revitalização urbana embasado em objetivos inovadores quanto a construção das identidades históricas e culturais. Buscando respeita-las e criando um projeto com características locais, Curitiba foi pioneira na criação das ruas de pedestres transformando sua rua principal, a XV de Novembro, na primeira rua de pedestres do Brasil, que passou a ser conhecida também como “Rua das Flores”. Na mesma linha de Curitiba, Londrina, localizada no norte do estado do Paraná, uma cidade considerada “nova" com pouco menos de 80 anos, foi a primeira cidade do interior do Brasil a possuir essa rua de pedestre. Na historiografia tradicional sobre o processo de colonização da cidade destaca-se a propaganda com ênfase nas terras férteis para o plantio. A empresa responsável por esse processo, a Companhia de Terras Norte do Paraná (CNTP), vendia a ideia da terra da promissão, onde haveria rápida prosperidade atraindo assim pessoas de diversas partes do pais e do mundo. Calçadão ou rua de pedestres. Gosling e Maitlanda (apud. Januzzi, 2006) explicam que a criação de ruas de pedestres, no centro das cidades, foi parte de uma estratégia maior para equilibrar mudanças que incluíam rupturas no trafego de veículos e alterações nos hábitos de fazer compras. Em sua tese de doutorado Januzzi (2006) aponta que em diversos projetos, as ruas de pedestres começam a partir da rua principal da cidade. Dessa maneira, as ruas de pedestres, devem ser um lugar agradável para as pessoas favorecendo a interação social com espaços para o pedestre caminhar, conversar, sentar, brincar. As atividades promocionais como espetáculos, feiras, comícios, desfiles, devem ser pensadas levando em consideração as diversidades humanas, ou seja, para todos os grupos de idades e para os portadores de deficiências.
  • 3. E fato que, na maioria das vezes a iniciativa de ser criar uma rua de pedestres esta relacionada com o favorecimento as compras, atraindo clientes. Um dos principais objetivos dos comerciantes e o de proporcionar ótimas condições de consumo, diversificando oferta de mercadorias e serviços, a criação de um ambiente agradável, de atrativos voltados para o publico e horários diferenciados. Medidas que podem representar maior satisfação aos usuários e resultar em rentabilidade aos investidores. De certa forma, pode-se inferir que as “ruas de pedestres” são precursoras dos shoppings centers. Os calçadões no Brasil Com o crescimento da população nas cidades brasileiras e a popularização do automóvel, a mobilidade e deslocamentos no centro das principais cidades brasileiras foi se tornando cada vez mais difícil, uma vez que ruas e calcadas não foram preparadas para suportar a demanda de pessoas e veículos, fato este que contribuiu, em parte, para criação das ruas de pedestres – calcada o, que foram surgindo de forma intensiva no Brasil, configurando-se praticamente como um modismo politico na década de 1970. Assim como em outros países, no Brasil os calçadões possuem certos objetivos no que se refere ao planejamento. São fechados para veículos, exceto para o acesso dos moradores e proprietários de imóveis deste local, dos serviços de emergência e de carga e descarga em horários especiais, limitando-se os veículos a circularem em áreas periféricas. O piso costuma receber um revestimento próprio, em geral com pedras formando desenhos geométricos para se diferenciar do piso de paralelepípedo e asfalto. O calcada o da Rua XV de Novembro em Curitiba - Paraná levou em consideração todas estas iniciativas de se criar um “calcada o”. Localizado entre edifícios que contam a historia de Curitiba, tornou-se uma rua de pedestres importante tanto para o comercio como para a historia da cidade. Na rua foi adicionado o piso de petit-pave, um novo mobiliário urbano e foram realizadas algumas ações de despoluição visual. O projeto incluiu também a restauração de antigos edifícios e o funcionamento de feiras de artesanato, o que culminou em um importante ponto comercial e de encontro de pessoas. Este feito foi fortemente divulgado e repetido em diversas cidades do Brasil como São Paulo, Rio de Janeiro,
  • 4. Florianópolis, Londrina, Juiz de Fora, Bauru, Ponta Grossa, e em muitas outras cidades e de diversos tamanhos. O Calçadão de Londrina O plano de Londrina foi elaborado e aprovado em Londres no ano de 1929. Na malha projetada da cidade na década de 30, foram destinadas áreas para a igreja matriz e para praças onde atualmente se localizam a Catedral e as praças Marechal Floriano Peixoto, Gabriel Martins, Sete de Setembro, Willie Davis e Primeiro de Maio, além do Bosque. Dessa maneira, a cidade foi crescendo a partir da igreja, precisamente pela Avenida Paraná. A partir do fim da Segunda Guerra Mundial, Londrina adentra em um período de crescimento populacional e enriquecimento. A Avenida Paraná, localizada no centro, se estabelecia como principal rua comercial da cidade, e era ponto de referencia quando se falavam de Londrina. Tratava-se também da principal via de ligação entre as cidades de Cambe – Londrina – Jataizinho (Jornal Folha de Londrina, 21 de agosto de 2005). Apos a pavimentação na década de 1950 tal espaço transformou-se no ponto de encontro de pessoas que iam passear, comprar, bater papo, intensificando o footing naquele local (YAMAKI, 2006). Paralelamente, conforme ia se consolidando como principal ponto de passeio e referencias da cidade, intensifica-se o fluxo de veículos e pedestres pela avenida. Londrina, nos anos de 1950, emergiu no cenário nacional como importante cidade do interior do Brasil. Neste período, apresentou considerada expansão urbana em razão da produção cafeeira no norte do Paraná. Nesta década a população passou de 20.000 habitantes para 75.000, sendo que quase metade se encontrava na área rural. Na década de 1970, Londrina, conforme consta no site oficial da cidade (http://www.londrina.pr.gov.br) já contava com 230.000 habitantes. O rápido crescimento populacional e econômico demandou transformações principalmente no centro da cidade. Nesse contexto, o prefeito da época, Antônio Casemiro Belinati, juntamente com outros representantes de Londrina percebeu a necessidade de criar um espaço para pedestre. O projeto seria desenvolvido no espaço ocupado pelas quatro praças (Gabriel Martins, Willie Davis, Primeiro de Maio e Sete de Setembro),
  • 5. tendo como modelo o calcada o de Curitiba, capital do Paraná. O intuito era tirar o fluxo de veículos do anel central e dar espaço a população circular livremente, conforme apresenta o jornal Folha de Londrina: “A Prefeitura queria modernizar o centro [...] havia a necessidade de reorganizar o sistema de circulação do anel central privilegiando o comércio e o lazer.” (29/08/2003, p.3) Sendo assim, no final da década de 1970, o centro da cidade teve uma grande modificação, a implantação do Calcada o. O projeto foi apresentado a imprensa em 31 de maio de 1977, e divulgado em matéria de capa pela Folha de Londrina: O centro de Londrina passara por uma reurbanização quase completa, segundo o projeto apresentado ontem pelo prefeito Antônio Belinati e outras autoridades e a imprensa, pelo arquiteto Jaime Lerner e sua equipe, que vieram especialmente para este fim. Será criada a “rua de pedestres”, ao tempo em que passarão por completa transformação as praças Primeiro de Maio, Willie Davis e Marechal Floriano, bem com as áreas adjacentes ao Bosque. (...) A urbanização compreendera áreas de lazer, como quiosques, bares, sorveterias, telefones, bancas de revistas, palco para “roda de musica”, abrigos para comercialização artesanal, teatrinho para crianças (...) ao tempo em que se estabelecera mudanças no sistema viário, afastando da área central o automóvel. (Jornal Folha de Londrina, 31 de maio de 1977). No entanto, houve grande polemica apos o anuncio do projeto, pois os comerciantes eram contra a obra, alegavam que “perderiam clientes”, pois estes teriam que estacionar seus veículos longe das lojas, dificultando o acesso as mesmas. Apesar das polemicas, o calcada o foi construído. O desenho original possuía o contraste entre o preto e branco, em formas geométricas, o que resulta em um efeito plástico de luz e sombra, realizado sobre pedra portuguesa em petit-pavé. O desenho e de autoria do arquiteto Hely Bretas Barros. O projeto das praças
  • 6. Antes destes feitos pela criação do calcada o, houve uma tentativa de modernização das quatro praças centrais de Londrina uma vez que as praças serviam apenas como áreas verdes. O objetivo era de tornar esses espaços um ponto de maior concentração popular, inserindo equipamentos que permitiriam atividades comunitárias. A ideia inicial é destinar exclusivamente aos pedestres trechos fronteiras as praças Gabriel Martins, Willie Davis, Primeiro de Maio e Sete de Setembro. Nesses locais serão implantados bancas com informações turísticas, exposições artísticas, lanchonetes (Folha de Londrina, 26/03/1975). Panayote Saridakis, arquiteto grego coordenador do projeto especificava a Praça Gabriel Martins, para a primeira implantação do plano de reurbanização do centro. Yamaki (2006) em seu livro Labirinto de Memorias confirma esta ideia ao afirmar que esta praça tem uma conotação comercial, o que viria a contribuir e muito para o progresso da cidade. Sendo assim, o então prefeito de Londrina Jose Richa aprovou um projeto para modernizar esta praca. De autoria do Arquiteto Grego Sr. Panayote Saridakis, conhecidoTakis, teve a intenção de homenagear e dar titulo a Londrina como a “capital do café”. foi feito desenhos de ramos, flores e grãos do pé de café que seriam implantados na praça com placas de cimento coloridas com pigmentos, placas de cimentos por causa da durabilidade... (Entrevista com Takis, 2012) Na entrevista realizada com o Sr. Takis, o mesmo destaca que o projeto foi apresentado a administração e obteve aprovação de todos. Porem, houve rejeição por parte dos comerciantes que tinham o costume de deixar seus automóveis estacionados por ali, em especial os taxistas que eram contrários ao fechamento das ruas no contorno da Praça Gabriel Martins. Sr. Takis, juntamente com os engenheiros de obras, reuniu os funcionários e em uma manha começaram os trabalhos.
  • 7. A reclamação dos comerciantes e taxistas foi diminuindo com o tempo e, quando perceberam que as alterações atraiam mais publico para o espaço, potencializando o comercio, começaram a gostar da “modernização”. Esta reforma incluiu a modificação do piso, instalação de alguns itens de decoração e iluminação, como bancos, floreiras, play ground, quiosques, dentre outros. As placas com os desenhos foram então instaladas na Praça Gabriel Martins e a rua que contornava o famoso cinema Cine Augustos foi fechada transformando-a em praça. Segundo o Sr. Takis, a população recebeu com orgulho os desenhos pois deu “um ar” de alegria ao centro da cidade. A prefeitura considerou “bem sucedida a reurbanização da Gabriel Martins.” (Folha de Londrina, dez.1976) e que este feito serviria de exemplo para obras em outras praças no centro da cidade. Na pesquisa realizada em jornais não foram encontradas fotos da reforma e nem da inauguração. O primeiro registro iconográfico nos jornais sobre essas flores aparece em uma propaganda de lojas em torno da Praça Gabriel Martins na qual convida a população para frequenta-la. “A nova Praça Gabriel Martins é o coração de Londrina. Com ela a cidade ficou mais humana e a comunidade se beneficiou. Vá sempre lá. Neste natal há apresentações de cânticos natalinos. Ao povo, com votos de excelentes festas e prosperidade em 1977, as homenagens das seguintes lojas...” (Folha de Londrina 24/12/1976, p. 13) O que se pode perceber e que essa foi a primeira atitude que impulsionou Londrina a modernização do centro da cidade. Pois, no ano seguinte houve a troca da administração da cidade e com ela a construção do calcada o de Londrina, nas décadas seguintes houve varias reformas e com elas e o tempo foram sepultando as memorias sobre as “flores do calcada o”. No entanto, durante a reforma em 2011, no trecho da Praça Gabriel Martins um fato chamou a atenção de muitas pessoas que passavam por lá: e foi ate noticia de jornais locais.
  • 8. Obras no Calçadão revelam parte da história de Londrina Ao retirar o petit pave da Praça Gabriel Martins, operários descobrem o antigo piso com placas coloridas. A terceira etapa da remodelação do Calcada o, realizada no trecho compreendido entre a Rua Professor Joao Candido e Avenida São Paulo, trouxe a tona uma parte esquecida da historia de um dos maiores cartões postais de Londrina. Na retirada do petit pave que cobria o trecho, os operários da Visatec –responsável pela obra – encontraram um dos pisos que revestiam a Praça Gabriel Martins, originalmente localizada naquela área. [...] Tratava-se das placas de cimento no formato de flores instaladas ha mais de 30 anos neste local. Esse “achado arqueológico”, considerando que a cidade tem menos de 80 anos, foi o mote para a pesquisa que deu origem a esse texto e a partir do qual se elabora um material didático para ser trabalhado nas salas de aula do ensino fundamental. O processo de pesquisa foi lento devido a não existência de registros sobre o fato. De certa forma, em linhas gerais não se deu muita importância ao “achado arquitetônico” que reviva a memoria da cidade em torno de seu processo de urbanização. e, na semana posterior, prosseguiu-se com a reforma removendo o piso da década de 1970 transformando-o em entulho de construção. Mapeando as informações da matéria publicada no jornal de Londrina em agosto de 2011 (apresentada anteriormente nesse texto) localizou-se e entrevistou-se o Sr. Rodolfo Horner, engenheiro aposentado da Prefeitura aposentado que, gentilmente, forneceu valiosas informações, dentre as quais o nome do arquiteto que planejou as tais flores e galhos de café na Praça Gabriel Martins, Sr. Panayote Saridakis. O calçadão de Londrina, em 1989, expandiu-se ao longo de três quadras e transformou o modo de viver das pessoas que por lá transitam. Frequentemente e apontado na mídia como o “coração” da cidade (reportagem da RPC TV 2010). De certa forma, o espaço cumpre sua função social e cria condições de convívio social, propicio para utilização cotidiana, passeios, compras, facilidade
  • 9. de locomoção ou observação da paisagem. Trata-se de um local no qual a população organiza manifestações e protestos. Em 2011, o calcada o de Londrina passou por outra reforma significativa como a substituição do piso petit-pave pelo paver, alterando assim as cores e o material do piso, execução de galerias para a captação de aguas pluviais, substituição do mobiliário urbano, melhorias para acessibilidade, instalação da iluminação publica, entre outros itens. Foram retiradas bancas de revistas, lanchonetes, choperias e floriculturas. Tais alterações, como nas demais reformas, geram polemicas e discussões entre populares, comerciantes e estudiosos. Alguns aprovam, outros não. Alguns questionam a perda da identidade do calcada o como patrimônio histórico como consta em artigo publicado na Folha de Londrina em 14 de agosto de 2011, assinado por Humberto Yamaki. Londrina deveria considerar como prioridade o tombamento do calçadão com o que resta do piso petit pavé. (Yamaki, apud. Jornal Folha de Londrina 14/08/2011) Também o Sr. Rodolfo Horner engenheiro aposentado da PML diz que o calcada o da cidade de Londrina esta fortemente relacionado na imagem mental dos habitantes e um dos fatores que contribui para esta relação esta no desenho do piso. O que se pode perceber e que o desenho e muito parecido, no entanto apesar de possuir mais cores elas são mais apagadas e o material também e diferente. Ao que se demonstra, podemos inferir que houve certa preocupação em relação a preservação da identidade do calcada o, mas o resultado e bastante questionável. Sobre o processo de construção do material didático e a identidade histórica Diante do exposto e dos estudos realizados ate o momento, algumas considerações podem ser feitas no que se refere a conexão entre as alterações desse espaço publico importante da cidade e a constituição de identidades, conceito este tão caro ao ensino da Historia. Resgatar essas fontes e possibilitar aos alunos que transitem pelas memorias da cidade tendo as reformas do calcada o como cenário de fundo possibilita uma compreensão
  • 10. mais adensada sobre a historia da cidade a partir de diferentes vieses que entrelaçam aspectos arquitetônicos, políticos, econômicos e culturais. Não se preservou as flores projetadas pelo Sr. Panayote Saridakis, assim como também, talvez, não se preserve o piso de petit pave preto e branco (ha indicações que parte do mesmo será mantida em frente ao Cine Teatro Ouro Verde). O que se guarda do passado para lembrar no presente e sempre escolha e responsabilidade do homem contemporâneo. Nesse sentido, resgatar imagens e textos sobre os processos de reforma do calcada o, os, aspectos relacionados a esse espaço da cidade e a partir dos mesmos elaborar materiais didáticos para que os professores possam trabalhar com essas temáticas em sala de aula e de suma importância. Não devemos, pois, criar nas crianças um desdém pelo fato de não terem preservado as flores da praça. O papel o educador e o de propiciar uma reflexão nos alunos em torno desta questão. O que aquelas flores representaram na época? As lembranças de família, as intenções naquela época e agora. A partir desses questionamentos e de outros, através da possibilidade de permitir ao aluno o acesso a esses arquivos e a visualização da evolução deste espaço, ha uma possibilidade de o aluno das series iniciais construir uma identidade da cidade em que vive e em decorrência de sua identidade também. Cooper (2206) aponta que aprender sobre o passado integra o desenvolvimento social, emocional e cognitivo. Sendo assim e possível que a criança a partir de seus conhecimentos fragmentados do senso comum sobre o seu passado, mais o direcionamento provocado pelo professor, possa gradativamente construir sua identidade e do local que a cerca. Para tanto, Cooper (2006) ainda aponta que e possível engajar as crianças no processo de investigação histórica, pois: Se quisermos ajudar nossos alunos a se relacionarem ativamente com o passado, precisamos encontrar formas de ensina-los, desde o começo, que iniciem o processo com eles e seus interesses, que envolvam uma “aprendizagem ativa” e pensamento histórico genuíno, mesmo que embrionário, de maneira crescentemente complexa. (COOPER. 2006, p.172- 173)
  • 11. Para se trabalhar educação histórica com as crianças Cooper (2006), nos mostra alguns parâmetros como: iniciar uma discussão sobre o tempo e as mudanças nas vidas das próprias crianças e quais implicações elas trouxeram, e assim o professor ira sequenciar os fatos explicando em outras palavras a passagem do tempo; através de fotos, por exemplo, as do calcada o, as crianças podem fazer relações com suas vidas, do tipo: o que sua mãe fazia neste espaço e o que você faz? Através destes e de outros direcionamentos do professor o aluno ira construindo seu saber em relação a educação histórica. Gradativamente ira aprendendo a buscar e sequenciar fontes, ampliara seu vocabulário, e a cada passo dado fara interpretações e questionamentos diferentes. Aprender sobre o passado, de acordo com Cooper (2006), por mais distante que seja nos permite compreender quem somes como nos relacionamos, nos comportamos e agimos, bem como os outros também, e assim contribuirmos para o nosso e o outro, desenvolvimento pessoal, social e emocional. Nesse ponto, o professor ao auxiliar os alunos na construção de sua identidade estará fazendo com que eles respeitam as culturas alheias, as suas e possam considerar as consequências das ações. Porem para que isso ocorra de maneira satisfatória para o aprendizado do aluno a maneira como o professor direcionara este aprendizado histórico fara toda a diferença. Para Barca (2004), o professor tem que assumir o papel de investigador, para que ele possa compreender e ajudar modificar positivamente os conceitos dos alunos. O Aluno tem um papel ativo na construção de seu conhecimento em sala de aula, junto com o professor poderão construir atividades diversas e intelectualmente desafiadoras (Barca, 2004). No que tange a disciplina de historia poderão ler diversas fontes históricas com diversas mensagens e cruza-las na intenção de valida-las; procurar entender situações humanas e sociais em diversas épocas; levantar questões e hipóteses; dentre outros. Ao planejar suas atividades o professor levara em consideração algumas vertentes que para Barca (2004), são desejáveis atender: trabalhar de forma diferenciada as ideias iniciais manifestadas pelos alunos; propor questões orientadas e problematizadora; integrar tarefas em situações diversificadas e avaliar
  • 12. qualitativamente, em termos de progressão da aprendizagem, o nível conceitual dos alunos, em vários momentos das aulas. Sendo assim, o material didático que se desenvolvera partindo da pesquisa do Calcada o de Londrina, será de maneira a atender as necessidades pedagógicas do aluno e da escola em termos de construção de identidade histórica. Pois, Interpretar o passado não significa apenas compreender uma versão acabada da história que é produzida no manual ou pelo professor. A interpretação do contraditório, isto é, da convergência de mensagens, é um princípio que integra o conhecimento histórico genuíno. E por esse caminho que tal projeto prossegue. Referencias: “A IDEIA NAO E CRIAR UMA NOVA CURITIBA”. Folha de Londrina, 01/06/1977. p. 24. BARCA, Isabel. Aula de oficina: do Projeto a Avaliação. In. Para uma educação de qualidade. Atas da Quarta Jornada de Educação Histórica. Braga, centro de Investigação em Educação (CIED)/ Instituto de Educação e Psicologia, Universidade do Moinho, 2004, p.131-144 CENTRO DE LONDRINA PASSARA POR TOTAL REURBANIZACAO. Folha de Londrina, 01/06/1977. p. 24. COOPER, Hillary. Aprendendo e ensinando sobre o passado a crianças de três a oito anos. Educar, Curitiba, Especial, p.171-190. 2006. UFPR Fotos disponíveis em www.google.com.br/fotoslondrina. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=923272 ACESSADO EM 03/11/2011 AS 18:34 JANUZZI, Denise de Cassia Rossetto. Calçadões: a revitalização urbana e a valorização das estruturas comerciais em áreas centrais. 2006. 318 f. Tese (Doutorado) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006. JANUZZI, Denise de Cassia Rossetto. O desenvolvimento de Londrina e as transformações nos espaços públicos da região central. Semina: Ciência Sociais e Humanas. Londrina, v. 26, p. 87-94, 2006. MUDANCAS DA ESTRUTURA URBANA. Folha de Londrina, 01/06/1977. p. 01.
  • 13. REFORMA POE CALCADAO NA BERLINDA. Jornal de Londrina. 15/04/2010. Disponível em <http://www.jornaldelondrina.com.br/online/conteudo.phtml?tl=1&id=992850> acesso em 17/03/2011. YAMAKI, Humberto. Iconografia Londrinense. Londrina: Humanidades, 2003.