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SABIA QUE...  O VENTO GERA ONDAS  NA SUPERFÍCIE DO MAR? As  ondas de superfície geradas pelo vento  correspondem a um  fenómeno de interacção   entre o oceano e a atmosfera
atmosfera oceano
Alguns conceitos básicos sobre ondas Comprimento de onda (L)  Período (T) Velocidade de fase (C) Frequência (f) Distância horizontal entre 2 cristas (ou 2 cavas) consecutivas   Tempo necessário para a onda  percorrer a distância  de um  comprimento de onda (L) Velocidade de propagação da forma da onda (C = L/T)   Inverso do período (f = 1/T)   Altura (H)  Distância vertical entre crista e cava L H
O vento gera ondas por transferência de energia para a superfície do oceano.  O  tamanho das ondas  formadas depende da VELOCIDADE DO VENTO, do INTERVALO DE TEMPO durante o qual  o vento se mantém e também do COMPRIMENTO ao longo do qual o vento sopra sem obstruções ( o “fetch”). Qual é a diferença entre  ondulação  (“swell”) e  vagas  (“sea”)? Num dado local, podemos receber ondas que foram geradas por uma tempestade num local muito distante: essas ondas, de forma regular e por vezes de grande altura, são designadas por ONDULAÇÃO. Mas as ondas geradas pelo vento no local de observação, geralmente irregulares e caóticas, são designadas por VAGAS.
Geração de ondas de superfície pelo vento ondulação vagas vento “ fetch” Direcção de propagação das ondas
Conforme a relação entre o comprimento de onda (L) e a profundidade das águas (D) onde as ondas se propagam, assim se pode usar a  aproximação das  águas profundas  (quando D é maior que metade de L) ou a  aproximação das  águas pouco profundas  (quando D é menor que um vigésimo de L). Na  aproximação de   águas profundas ,  a velocidade de propagação das ondas  depende essencialmente das  características da onda , i.e., do seu comprimento (L): Na  aproximação de   águas pouco profundas  a velocidade de propagação já vai depender fundamentalmente da  profundidade da água :
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Aproximações: águas profundas e pouco profundas águas profundas D > L/2 águas pouco profundas D < L/20 c = L/T ~ 1,25   ¯L c = L/T ~ 3,1   ¯D
Exemplo para a propagação das ondas de superfície em águas  profundas (h > L/2):  c = L/T = 1,25   ¯L  L = 1,25 2  x T 2     1,6   T 2
Na realidade, o movimento das partículas de água à passagem de uma onda  não é  exactamente em órbitas (círculos ou elipses)  fechadas ! E porque as órbitas não são fechadas, há sempre um  transporte de água  na direcção de propagação da onda. Esse transporte denomina-se transporte de Stokes. E é por isso que as ondas conseguem transportar sedimentos, derrames de petróleo na superfície do mar, etc .
Transporte pelas ondas Portanto há transporte de massa As órbitas das partículas não são exactamente fechadas
O que acontece quando as ondas se aproximam da costa e entram em águas pouco profundas? Neste caso, como vimos, a velocidade de propagação passa a depender da própria profundidade da água (é proporcional à raíz quadrada da profundidade) e não já das características das ondas: quanto menor for essa profundidade, menor será a velocidade de propagação (C) da onda. Mas o seu período (T) mantém-se, e como o comprimento de onda (L) é igual ao produto de C por T, então  o  comprimento de onda L diminui   à medida que a onda avança para menores profundidades .    
O que acontece quando as ondas se aproximam da costa e entram em águas pouco profundas?   Outra consequência importante provém do facto da velocidade de propagação depender exclusivamente da profundidade quando a onda entra em águas pouco profundas: é a chamada  refracção  das ondas. Imaginemos as cristas das ondas a aproximarem-se de uma praia mas fazendo um certo ângulo com a linha da costa. A parte das cristas mais próxima da costa (e portanto em águas relativamente menos fundas) propagar-se-á com velocidades menores do que a parte mais afastada (que se encontra em águas mais fundas) e esta diferença de velocidades vai compensar, pelo menos em parte, a inclinação inicial das cristas relativamente à linha da costa, ou seja,  as cristas vão ficar mais alinhadas com a costa .
Refracção das ondas lembrar que c ~ 3,1   ¯D cristas menor D: propagação  mais lenta maior D: propagação  mais rápida
 
A refracção leva à distribuição de igual quantidade de  energia das ondas por áreas diferentes da superfície do mar
Por que rebentam as ondas? Quando as ondas entram em águas pouco profundas (D < L/2), a altura das ondas (H) começa por se reduzir (porque as órbitas das partículas ficam “achatadas”). Depois, quando a profundidade tiver valores menores que cerca de um décimo do comprimento de onda (D < L/10), a altura da onda (H) vai aumentar rapidamente. Isto acontece porque o comprimento de onda diminui (como já vimos anteriormente) e a onda vai ficar mais “apertada” entre as ondas vizinhas. Então estamos numa situação em que a altura aumenta e o comprimento de onda diminui, logo a  declividade  (H/L)  acaba por atingir valores elevados  (maiores que 1/7),  a onda torna-se instável e dá-se a rebentação .   
Rebentação das ondas Declividade  H/L  >  1/7 Onda torna-se instável Rebentação
  Há vários  tipos de rebentação  das ondas conforme o declive do fundo onde a onda está a rebentar.  Na figura seguinte esquematizam-se as condições do fundo para os quatro tipos principais de rebentação. Como é evidente, os surfistas preferem a rebentação mergulhante (“plunging”).
Transbordante (“spilling”) Mergulhante (“plunging”) Colapsante (“collapsing”) Arfante (“surging”) Declive crescente do fundo
 
 
Até agora só falámos de ondas individuais mas na verdade as ondas reais no mar são mais complexas. Elas podem ser consideradas como uma sobreposição de ondas simples. As ondas simples, ao interferirem entre si dão origem a padrões mais complicados. Para se perceber melhor, pensemos em duas ondas com as mesmas características mas com uma ligeira diferença de fase (como está esquematizado na figura seguinte) que se encontram. A superfície do mar vai mostrar o efeito combinado dessas duas ondas correspondendo a um  grupo de ondas .
+ Grupo de ondas
Um  grupo de ondas  em águas profundas propaga-se com uma  velocidade diferente  (metade) da das ondas individuais que o compõem: é a  velocidade de grupo . É como se as ondas se propagassem dentro de um “veículo” mais lento que elas. Cada onda individual “nasce” na parte de trás do “veículo” e “morre” na parte dianteira deste, transferindo a sua energia para a onda que a precede. Na figura mostra-se como um grupo de ondas se move e, simultaneamente, como cada onda individual se move dentro do grupo. A ideia que existe que  “ao fim de sete ondas vem uma onda maior”,  é uma aproximação a este padrão do “grupo de ondas”, em que há, de facto, uma crescente altura das ondas individuais até se chegar à onda na região central do grupo de ondas e um decréscimo subsequente. É claro que o número sete não é regra mas não andará longe da realidade.
5 5 5 5 5 5 5 5
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As  “rip currents”  ( agueiros ) são correntes fortes e estreitas que fluem para o largo a partir da zona de rebentação. Os agueiros são alimentados por um sistema de correntes ao longo da costa, as quais são devidas ao transporte de água para a costa associado às ondas.  Estas correntes  são responsáveis por muitos dos afogamentos de banhistas  que são apanhados por elas e levados para fora de pé rapidamente (seria importante que todos os banhistas apanhados nesta situação tivessem a presença de espírito necessária para tentar nadar paralelamente à costa e saírem assim da influência dessas correntes que são muito estreitas).
Correntes de retorno (“rip currents”) Cuidado,  não tentem resistir-lhes directamente!!  Atravessem-nas paralelamente à costa...

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  • 1. SABIA QUE... O VENTO GERA ONDAS NA SUPERFÍCIE DO MAR? As ondas de superfície geradas pelo vento correspondem a um fenómeno de interacção entre o oceano e a atmosfera
  • 3. Alguns conceitos básicos sobre ondas Comprimento de onda (L) Período (T) Velocidade de fase (C) Frequência (f) Distância horizontal entre 2 cristas (ou 2 cavas) consecutivas Tempo necessário para a onda percorrer a distância de um comprimento de onda (L) Velocidade de propagação da forma da onda (C = L/T) Inverso do período (f = 1/T) Altura (H) Distância vertical entre crista e cava L H
  • 4. O vento gera ondas por transferência de energia para a superfície do oceano. O tamanho das ondas formadas depende da VELOCIDADE DO VENTO, do INTERVALO DE TEMPO durante o qual o vento se mantém e também do COMPRIMENTO ao longo do qual o vento sopra sem obstruções ( o “fetch”). Qual é a diferença entre ondulação (“swell”) e vagas (“sea”)? Num dado local, podemos receber ondas que foram geradas por uma tempestade num local muito distante: essas ondas, de forma regular e por vezes de grande altura, são designadas por ONDULAÇÃO. Mas as ondas geradas pelo vento no local de observação, geralmente irregulares e caóticas, são designadas por VAGAS.
  • 5. Geração de ondas de superfície pelo vento ondulação vagas vento “ fetch” Direcção de propagação das ondas
  • 6. Conforme a relação entre o comprimento de onda (L) e a profundidade das águas (D) onde as ondas se propagam, assim se pode usar a aproximação das águas profundas (quando D é maior que metade de L) ou a aproximação das águas pouco profundas (quando D é menor que um vigésimo de L). Na aproximação de águas profundas , a velocidade de propagação das ondas depende essencialmente das características da onda , i.e., do seu comprimento (L): Na aproximação de águas pouco profundas a velocidade de propagação já vai depender fundamentalmente da profundidade da água :
  • 7.
  • 8. Aproximações: águas profundas e pouco profundas águas profundas D > L/2 águas pouco profundas D < L/20 c = L/T ~ 1,25  ¯L c = L/T ~ 3,1  ¯D
  • 9. Exemplo para a propagação das ondas de superfície em águas profundas (h > L/2): c = L/T = 1,25  ¯L L = 1,25 2 x T 2  1,6 T 2
  • 10. Na realidade, o movimento das partículas de água à passagem de uma onda não é exactamente em órbitas (círculos ou elipses) fechadas ! E porque as órbitas não são fechadas, há sempre um transporte de água na direcção de propagação da onda. Esse transporte denomina-se transporte de Stokes. E é por isso que as ondas conseguem transportar sedimentos, derrames de petróleo na superfície do mar, etc .
  • 11. Transporte pelas ondas Portanto há transporte de massa As órbitas das partículas não são exactamente fechadas
  • 12. O que acontece quando as ondas se aproximam da costa e entram em águas pouco profundas? Neste caso, como vimos, a velocidade de propagação passa a depender da própria profundidade da água (é proporcional à raíz quadrada da profundidade) e não já das características das ondas: quanto menor for essa profundidade, menor será a velocidade de propagação (C) da onda. Mas o seu período (T) mantém-se, e como o comprimento de onda (L) é igual ao produto de C por T, então o comprimento de onda L diminui à medida que a onda avança para menores profundidades .  
  • 13. O que acontece quando as ondas se aproximam da costa e entram em águas pouco profundas?   Outra consequência importante provém do facto da velocidade de propagação depender exclusivamente da profundidade quando a onda entra em águas pouco profundas: é a chamada refracção das ondas. Imaginemos as cristas das ondas a aproximarem-se de uma praia mas fazendo um certo ângulo com a linha da costa. A parte das cristas mais próxima da costa (e portanto em águas relativamente menos fundas) propagar-se-á com velocidades menores do que a parte mais afastada (que se encontra em águas mais fundas) e esta diferença de velocidades vai compensar, pelo menos em parte, a inclinação inicial das cristas relativamente à linha da costa, ou seja, as cristas vão ficar mais alinhadas com a costa .
  • 14. Refracção das ondas lembrar que c ~ 3,1  ¯D cristas menor D: propagação mais lenta maior D: propagação mais rápida
  • 15.  
  • 16. A refracção leva à distribuição de igual quantidade de energia das ondas por áreas diferentes da superfície do mar
  • 17. Por que rebentam as ondas? Quando as ondas entram em águas pouco profundas (D < L/2), a altura das ondas (H) começa por se reduzir (porque as órbitas das partículas ficam “achatadas”). Depois, quando a profundidade tiver valores menores que cerca de um décimo do comprimento de onda (D < L/10), a altura da onda (H) vai aumentar rapidamente. Isto acontece porque o comprimento de onda diminui (como já vimos anteriormente) e a onda vai ficar mais “apertada” entre as ondas vizinhas. Então estamos numa situação em que a altura aumenta e o comprimento de onda diminui, logo a declividade (H/L) acaba por atingir valores elevados (maiores que 1/7), a onda torna-se instável e dá-se a rebentação .  
  • 18. Rebentação das ondas Declividade H/L > 1/7 Onda torna-se instável Rebentação
  • 19.   Há vários tipos de rebentação das ondas conforme o declive do fundo onde a onda está a rebentar. Na figura seguinte esquematizam-se as condições do fundo para os quatro tipos principais de rebentação. Como é evidente, os surfistas preferem a rebentação mergulhante (“plunging”).
  • 20. Transbordante (“spilling”) Mergulhante (“plunging”) Colapsante (“collapsing”) Arfante (“surging”) Declive crescente do fundo
  • 21.  
  • 22.  
  • 23. Até agora só falámos de ondas individuais mas na verdade as ondas reais no mar são mais complexas. Elas podem ser consideradas como uma sobreposição de ondas simples. As ondas simples, ao interferirem entre si dão origem a padrões mais complicados. Para se perceber melhor, pensemos em duas ondas com as mesmas características mas com uma ligeira diferença de fase (como está esquematizado na figura seguinte) que se encontram. A superfície do mar vai mostrar o efeito combinado dessas duas ondas correspondendo a um grupo de ondas .
  • 24. + Grupo de ondas
  • 25. Um grupo de ondas em águas profundas propaga-se com uma velocidade diferente (metade) da das ondas individuais que o compõem: é a velocidade de grupo . É como se as ondas se propagassem dentro de um “veículo” mais lento que elas. Cada onda individual “nasce” na parte de trás do “veículo” e “morre” na parte dianteira deste, transferindo a sua energia para a onda que a precede. Na figura mostra-se como um grupo de ondas se move e, simultaneamente, como cada onda individual se move dentro do grupo. A ideia que existe que “ao fim de sete ondas vem uma onda maior”, é uma aproximação a este padrão do “grupo de ondas”, em que há, de facto, uma crescente altura das ondas individuais até se chegar à onda na região central do grupo de ondas e um decréscimo subsequente. É claro que o número sete não é regra mas não andará longe da realidade.
  • 26. 5 5 5 5 5 5 5 5
  • 27.
  • 28. As “rip currents” ( agueiros ) são correntes fortes e estreitas que fluem para o largo a partir da zona de rebentação. Os agueiros são alimentados por um sistema de correntes ao longo da costa, as quais são devidas ao transporte de água para a costa associado às ondas. Estas correntes são responsáveis por muitos dos afogamentos de banhistas que são apanhados por elas e levados para fora de pé rapidamente (seria importante que todos os banhistas apanhados nesta situação tivessem a presença de espírito necessária para tentar nadar paralelamente à costa e saírem assim da influência dessas correntes que são muito estreitas).
  • 29. Correntes de retorno (“rip currents”) Cuidado, não tentem resistir-lhes directamente!! Atravessem-nas paralelamente à costa...