Este ,realizado pelo CENPES, apresenta como a biotecnologia tem feito uso do conhecimento científico acumulado de diversas disciplinas e técnicas, entre elas a microbiologia, a bioquímica e a biologia molecular para produzir bens ou serviços em grande velocidade.
Sistemas Agroflorestais e Reflorestamento para Captura de Carbono e Renda
BIOTECNOLOGIA NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO: 1988-1997
1. BIOTECNOLOGIA NA INDÚSTRIA
DO PETRÓLEO: 1988-1997
BIOTECHNOLOGY IN
THE OIL INDUSTRY: 1988-1997
BIOTECNOLOGÍA EN LA INDUSTRIA
DEL PETROLEO: 1988-1997
Paulo Negrais C. Seabra1
José Vitor Bontempo2
Nilce Olivier Costa3
RESUMO
Nas últimas décadas, a biotecnologia tem feito uso do conhecimento científico acumulado de diversas disciplinas e técnicas,
entre elas a microbiologia, a bioquímica e a biologia molecular para produzir bens ou serviços em grande velocidade.
A indústria de petróleo vem também utilizando a biotecnologia na solução de problemas gerados em suas atividades.
Assim, objetiva-se aqui, demonstrar qual tem sido a aplicação da biotecnologia na indústria de petróleo, nos últimos dez anos.
Para tanto, utilizou-se a base de dados do Derwent Biotechnology Abstracts, de onde foram extraídos dois modelos polares
de comportamento estratégico das empresas em relação à biotecnologia: (a) modelo dito americano, em que as empresas
mantêm interesse específico no uso da biotecnologia em petróleo, registram baixo número de patentes e a atividade
de inovação se registra certamente, de forma mais dinâmica nas pequenas empresas de base, caso da PETROBRAS, Exxon,
Chevron e Mobil; (b) modelo dito japonês, caracterizado pelo baixo interesse pelas aplicações em petróleo, pelo alto número
de patentes, indicando uma atividade de acompanhamento e eventual entrada nas novas oportunidades de negócio abertas
pela biotecnologia; este é o caso de todas as empresas japonesas (Nippon, Cosmo, Japan Energy, Idemitsu, Showa,
Mitsubishi), mas também, seguido por algumas empresas americanas e européias (Amoco, BP, Shell).
ABSTRACT
In recent decades, biotechnology has made use of the accumulated scientific knowledge from various disciplines and
techniques, among them being microbiology, biochemistry and molecular biology to produce goods or services at
high speed. The oil industry has also been using biotechnology in the solution of various problems generated as a
result of its activities. Therefore the objective of this paper is to demonstrate which biotechnology applications have
been used in the oil industry over the last ten years. For this purpose, the data bank of Derwent Biotechnology
Abstracts was used, from which two polar models were taken of the strategic behavior of companies in relation to
biotechnology: a) the so-called American model, in which the companies maintain specific interest in the use of
biotechnology in oil, record a low number of patents, and the innovative activities are certainly recorded in a more
dynamic way in the smaller base companies, which is the case of PETROBRAS, Exxon, Chevron and Mobil; b) the so-
called Japanese model, characterized by the reduced interest in oil applications, by the high number of patents,
indicating a monitoring activity and possible appearance of new business opportunities opened up by biotechnology;
this is the case of all the Japanese companies (Nippon, Cosmo, Japan Energy, Idemitsu, Showa, Mitsubishi), but is
also followed by some American and European companies (Amoco, BP, Shell).
1
Setor de Meio Ambiente e Biotecnologia (SEAMB), Superintendência de Pesquisa e Engenharia Básica do Abastecimento
(SUPAB), Centro de Pesquisas (CENPES).
e-mail: negrais@cenpes.petrobras.com.br
2
Escola de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
e-mail: vitor@h2o eq.ufrj.br
3
Aponsentado do Centro de Pesquisas da PETROBRAS.
18 Bol. téc. PETROBRAS, Rio de Janeiro, 42 (1/4): 18-25, jan./dez. 1999
2. RESUMEN
En las últimas décadas, la biotecnologia viene haciendo uso del conocimiento científico acumulado de diversas disciplinas y
técnicas, entre ellas la microbiología, la bioquímica y la biología molecular para producir bienes o servicios en una gran
velocidad. La industria de petróleo viene tambiém utilizando la biotecnología en la solución de problemas generados en sus
actividades. Así, se objetiva aquí demostrar cual ha sido la aplicación de la biotecnología en la industria del petróleo, en;
los últimos diez años. Para ello, se utilizó la base de los datos del Derwent Biotechnology Abstracts, de donde fueron
extraidos dos modelos polares de comportamiento estratégico de las empresas en relación a la biotecnología: a) modelo
dicho americano, en que las empresas mantienen interés específico en el uso de la biotecnología en petróleo, registran bajo
número de patentes y l actividad de innovación se registra seguranmente, de forma más dinámica en la pequeñas empresas
de base, caso de la PETROBRAS, Exxon, Chevron y Mobil; b) modelo dicho japonês, caracterizado por bajo interés por las
aplicaciones en petróleo, por el alto número de patentes, indicando una actividad de acompañamiento y eventua
entrada de nuevas oportunidades de negocio abiertas por la biotecnología; este es el caso de todas las empresas
japonesas (Nippon, Cosmo, Japan Energy, Idemitsu, Showa, Mitsubishi), pero también seguido
por algunas empresas americanas y europeas (Amoco, BP, Shell).
(Originais recebidos em 16.11.98).
27 500 funcionários, e as 230 empresas canadenses
1. INTRODUÇÃO
(faturamento anual de US$ 0,8 bilhões) (1,2).
A biotecnologia é um conjunto de técnicas e processos
De acordo com o Serviço de Informação sobre
pelo qual é possível utilizar os microorganismos e as
Pesquisa e Desenvolvimento da União Européia
células animais e vegetais, para produzir bens ou
(CORDIS – Community Research and Development
serviços. Diversas técnicas biotecnológicas vêm sendo
Information Service), os investimentos da União
empregadas pela humanidade há milhares de anos. Em
Européia em pesquisa e treinamento na área de
6 000 a.C. os egípcios já produziam cerveja, mas
biotecnologia evoluíram de US$ 17,3 milhões, no
ignoravam a existência do microorganismo responsável
período 1982/86, para US$ 679,54 milhões, no período
por este processo, a levedura Saccharomyces
1994/98. Neste último período, os investimentos em
cerevisiae. Pão, vinho e queijos são alguns dos
biotecnologia representam 5% dos investimentos
diversos produtos também produzidos por
globais em P&D da União Européia (3).
microorganismos. Somente a partir das descobertas de
Louis Pasteur, no século XIX, sobre a existência de
Em 1989, o Setor de Meio Ambiente e Biotecnologia
vida em escala microscópica, a biotecnologia passou a
(SEAMB) do Centro de Pesquisas da PETROBRAS
se desenvolver com base em conceitos e métodos
(CENPES), em conjunto com a Divisão de
científicos.
Planejamento e Administração Tecnológica (DIPLAT),
também do CENPES, e com a Universidade de São
A biotecnologia tem feito uso do conhecimento
Paulo (USP), desenvolveram o estudo intitulado
científico acumulado de diversas disciplinas e técnicas,
“Biotecnologia na Indústria de Petróleo”(4), que teve
que no decorrer das últimas décadas têm se
como objetivo a caracterização do estado-da-arte da
desenvolvido com grande velocidade. A microbiologia,
biotecnologia, nos âmbitos brasileiro e mundial, e suas
a bioquímica e a biologia molecular, entre outras áreas
possíveis aplicações na indústria do petróleo até o ano
do conhecimento, permitem melhor compreensão dos
2000. Visando a atualização deste estudo, objetiva-se
seres vivos e de seus constituintes.
aqui, demonstrar como tem sido a participação da área
de biotecnologia na indústria do petróleo, nos últimos
Nas próximas décadas, a biotecnologia poderá se
dez anos.
constituir num eficiente instrumento de combate a
alguns dos maiores problemas que afligem atualmente
2. METODOLOGIA
a humanidade, tais como: a fome, as doenças e a
poluição.
Entre as diversas formas de avaliar a atuação da
Internacionalmente, os Estados Unidos da América indústria de petróleo em biotecnologia, tem-se o
dominam o mercado de biotecnologia, com cerca de levantamento do número de patentes geradas, extraído
1 300 empresas, com 118 mil funcionários de uma pesquisa feita na base de dados do Derwent
(faturamento anual de US$ 14,2 bilhões), em Biotechnology Abstracts, no período de 1988 a
comparação com 600 empresas européias (faturamento setembro de 1997. Na análise das patentes, empregou-
anual de US$ 1,5 bilhões), com apenas se também o sistema de classificação da Derwent
Bol. téc. PETROBRAS, Rio de Janeiro, 42 (1/4): 18-25, jan./dez. 1999 19
3. Biotechnology Abstracts, dividido em 12 grupos, deverá abranger um número maior de empresas, tanto
descritos no Anexo I. no segmento da indústria de petróleo como fora dele.
Foram analisadas as 31 maiores empresas de petróleo
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
pelo seu faturamento, de acordo com a revista
Fortune(5). Além dessas empresas, outras também
A tendência ao patenteamento é diferenciada entre
foram pesquisadas, e que estão listadas entre as
países e mesmo entre empresas. Este aspecto pode ser
100 maiores, segundo a classificação da Petroleum
observado mesmo nos dados aqui coligidos: o número
Intelligence Weekly(6) – PIW. O resultado da pesquisa
de patentes originais do Japão (181), dos EUA (138) e
no Derwent está apresentado na tabela I.
da Europa (88) levariam à falaciosa indicação de
superioridade da biotecnologia japonesa em relação à
Neste período (1988-1997), foram geradas
americana e à européia.
418 patentes. Só a Nippon Oil, do Japão, depositou
101 atentes, seguida pela Phillips Petroleum
Por estes motivos, e mais pelo já referido potencial de
(55 patentes), Amoco (45 patentes), Shell
aparecimento de novos atores na área nascente da
(38 patentes), Cosmo Oil (33 patentes) e Elf Aquitaine
biotecnologia, um aprofundamento da metodologia
(31 patentes).
TABELA I
PATENTES GERADAS POR EMPRESAS DE PETRÓLEO, PERÍODO DE 1988-1997
(DERWENT BIOTECHNOLOGY ABSTRACTS)
TABLE I
PATENTS DEVELOPED BY OIL COMPANIES OVER THE PERIOD 1988-1997
(DERWENT BIOTECHNOLOGY ABSTRACTS)
Cl EMPRESA Número de Classificação Classificação da
Patentes PIW
Fortune 96
1 Nippon Oil (Japão) 101 15º 75º
2 Phillips Petroleum (EUA) 55 19º 33º
3 Amoco (EUA) 45 12° 13°
4 Royal Dutch/Shell Group 38 1° 3°
(R. Unido/Holanda)
5 Cosmo Oil (Japão) 33 26° 71°
6 Elf Aquitaine (França) 31 5º 23º
7 Japan Energy (Japão) 17 21° 91°
8 Showa Shell (Japão) 15 28º
9 Exxon (EUA) 11 2° 6°
10 Mitsubishi Oil (Japão) 9 88º
11 British Petroleum (Reino Unido) 8 4º 10º
12 Chevron (EUA) 7 9º 8º
13 Texaco (EUA) 6 6º 14º
Idemitsu Kosan (Japão) 6 22º 54º
Wintershall (Alemanha) 6 70º
Occidental (EUA) 6 51º
17 Yukong (Coréia do Sul) 4 77º
18 Mobil (EUA) 3 3º 7º
Norsk Hydro (Noruega) 3 57º
20 Atlantic Richfield (EUA) 2 16º 24º
Sunkyong (Coréia do Sul) 2 7º 7º
Statoil (Noruega) 2 39º
23 PDVSA (Venezuela) 1 11º 2º
Petrofina (Bélgica) 1 23º 43º
Conoco (EUA) 1 28º
Burlington (EUA) 1 61º
CEPSA (Espanha) 1 94º
Maxus (EUA) 1 86º
OMV (Áustria) 1 76º
BHP (Austrália) 1 50º
TOTAL 418
20 Bol. téc. PETROBRAS, Rio de Janeiro, 42 (1/4): 18-25, jan./dez. 1999
4. Na tabela II, distribuiram-se as patentes de acordo com exemplo a base de dados da Derwent Biotechnology
a sua classificação por área, tomando-se como Abstracts (Anexo I).
TABELA II
CLASSIFICAÇÃO DAS PATENTES POR ÁREA (DERWENT BIOTECHNOLOGY ABSTRACTS)
TABLE II
CLASSIFICATION OF PATENTS BY AREA (DERWENT BIOTECHNOLOGY ABSTRACTS)
Áreas 1988-92 1993-97 Total
Substâncias Químicas (não farm.) 33 31 64
Produtos Farmacêuticos 29 30 59
Agricultura 29 26 55
Biocatálise 32 17 49
Engenharia Genética 27 18 45
Alimentos 15 15 30
Combustíveis e Mineração 17 12 29
Engenharia Bioquímica 25 2 27
Meio Ambiente 8 19 27
Análises e Sensores 14 3 17
Cultura de Células 6 6 12
Purificação 4 4
Total 239 (57%) 179 (43%) 418
O decréscimo no número de patentes registradas do atuação altamente horizontalizada das grandes
primeiro para o segundo quinqüênio pode-se atribuir companhias de petróleo para explicar esta situação.
ao crescente amadurecimento das tecnologias Este fato é particularmente notável nas companhias
associadas ou à mudança de estratégias de proteção da japonesas, as quais não atuam no segmento E&P, mas
propriedade industrial, mais do que a uma redução dos em geral, possuem subsidiárias de fertilizantes
investimentos na área. É previsível que os (agricultura), produtos químicos, petroquímica e
procedimentos e ferramentas básicas cada vez mais se polímeros e mesmo de áreas industriais mais diversas.
consolidem e assim diminua o número de resultados
patenteáveis. Notável também é o aumento dos resultados na área de
meio ambiente. O sensível aumento da oferta no
É de se notar a diversificação de resultados mercado mundial de produtos biotecnológicos,
patenteados pelas diversas áreas da biotecnologia principalmente os destinados ao tratamento de
(tabela III). Ao fato de que resultados marginais são efluentes e à biorremediação, corrobora esta
obtidos quando se atua numa determinada área observação.
tecnológica, por mais focada que seja, se acresce a
TABELA III
CLASSIFICAÇÃO POR ÁREA DAS DEZ EMPRESAS DE PETRÓLEO COM MAIS PATENTES
TABLE III
CLASSIFICATION BY AREA OF THE TEN OIL COMPANIES HOLDING THE LARGEST NUMBER OF
PATENTS
Empresa A1/2 B1 C1 D1/7 E1/5 F1 G1/2 H1/4 J1/2 K1/2 L1 M1/2
9 14 17 9 11 6 10 7 17 1
Nippon
7 8 15 1 8 8 5 3
Phillips
21 13 7 2 2
Amoco
1 2 7 9 1 4 9 1 2 2
Shell
2 4 13 3 6 3 2
Cosmo
1 4 5 6 1 3 8 3
Elf
3 1 7 1 4 1
Japan
4 9 1
Showa
3 1 7
Exxon
1 2 6
Mitsubishi
obs.: A1/2 = genética; B1 = engenharia; C1 = análises e sensores; D1/7 = fármacos; E1/5 = agricultura;
F1 = alimentos; G1/2 = combustíveis e mineração; H1/4 = produtos químicos; J1/2 = cultura de células;
K1/2 = biocatálise; L1 = purificação; M1/2 = meio ambiente.
Bol. téc. PETROBRAS, Rio de Janeiro, 42 (1/4): 18-25, jan./dez. 1999 21
5. Na tabela IV apresenta-se a distribuição das patentes comportamento estratégico das empresas em relação à
nas áreas específicas da indústria de petróleo. A biotecnologia:
recuperação melhorada de petróleo e a biorremediação
de solos e águas são as áreas que possuem maior a) modelo A (Americano), em que as empresas mantêm
número de patentes, 20 e 17, respectivamente. interesse específico no uso da biotecnologia em
petróleo, registram baixo número de patentes e a
No caso da Exxon, o vazamento de 41 milhões de atividade de inovação se registra certamente, de forma
litros de petróleo do Exxon Valdez, no Alasca, em mais dinâmica nas pequenas empresas de base
1989, deu início ao desenvolvimento da técnica de tecnológica (venture capital, entrepreneurship); é o
biorremediação, que usa os microorganismos para caso da Exxon, Chevron e Mobil;
reduzir ou eliminar compostos perigosos ao meio
ambiente. Nos estudos patrocinados pela Exxon sobre b) modelo J (Japonês), caracterizado pelo baixo
biorremediação, foram gastos mais de US$ 10 milhões, interesse pelas aplicações em petróleo, pelo alto
gerando sete patentes, no período de 1993 a 1997. número de patentes, indicando uma atividade de
acompanhamento e eventual entrada nas novas
Na tabela V estão organizadas as patentes por empresa oportunidades de negócio abertas pela biotecnologia;
e divididas por áreas específicas da indústria do este é o caso de todas as empresas japonesas (Nippon,
petróleo e áreas fora dela. Na análise da tabela V, Cosmo, Japan Energy, Idemitsu, Showa, Mitsubishi),
sugere-se a identificação de dois modelos polares de mas também, seguido por algumas empresas
americanas e européias (Amoco, BP, Shell).
TABELA IV
DISTRIBUIÇÃO DAS PATENTES EM ÁREA ESPECÍFICA DA INDÚSTRIA DE PETRÓLEO
TABLE IV
DISTRIBUTION OF PATENTS IN SPECIFIC AREAS OF THE OIL INDUSTRY
A B C D E F G H I TOTAL
Phillips 6 1 1 1 1 10
Exxon 1 7 1 1 10
Chevron 5 2 7
Elf 1 1 2 4
Occidental 2 1 3
Shell 1 1 1 3
Texaco 2 1 3
Amoco 2 2
Mobil 2 2
Statoil 2 2
Atlantic 1 1
Conoco 1 1
Japan Energy 1 1
Showa 1 1
Maxus 1 1
OMV 1 1
Wintershall 1 1
Norsk Hydro 1 1
TOTAL 20 17 7 3 2 2 1 1 1 54
obs. A = recuperação melhorada de petróleo; B = biorremediação de solos e águas;
C = tratamento biológico de efluentes hídricos; D = biodessulfurização;
E = tratamento biológico de resíduos oleosos; F = biodegradação de hidrocarbonetos;
G = goma xantana; H = exploração geomicrobiológica de petróleo; I = biofiltração.
22 Bol. téc. PETORBRAS, Rio de Janeiro, 42 (1/4): 18-25, jan./dez. 1999
6. TABELA V
COMPORTAMENTO DAS EMPRESAS EM TERMOS DE ESTRATÉGIA EM BIOTECNOLOGIA
TABLE V
COMPANY BEHAVIOR IN TERMS OF BIOTECHNOLOGY STRATEGY
Cl Empresa Nº de patentes % em petróleo % em outras Tipo de empresa
áreas
Downstream (*)
1 Nippon Oil 101 100
2 Phillips Petroleum 55 18 82 Integrada
3 Amoco 45 4 96 Integrada
4 Shell 38 8 92 Integrada
5 Cosmo Oil 33 100 Downstream
6 Elf Aquitaine 31 13 87 Integrada
Downstream (*)
7 Japan Energy 17 6 94
8 Showa Shell 15 7 93
9 Exxon 11 91 9 Integrada
10 Mitsubishi Oil 9 100 Downstream
11 British Petroleum 8 100 Integrada
12 Chevron 7 100 Integrada
13 Texaco 6 50 50 Integrada
Downstream (*)
Idemitsu Kosan 6 100
Wintershall 6 17 83 Integrada
Occidental 6 50 50 Upstream
Downstream (*)
17 Yukong 4 100
18 Mobil 3 67 33 Integrada
Upstream (*)
Norsk Hydro 3 33 67
20 Atlantic Richfield 2 50 50 Integrada
Sunkyong 2 100
Statoil 2 100 Integrada
23 PDVSA 1 100 Integrada
Petrofina 1 100 Integrada
Conoco 1 100 Integrada
Burlington 1 100 Upstream
Downstream (*)
CEPSA 1 100
Maxus 1 100 Upstream
OMV 1 Integrada
100
BHP 1 100 Integrada
obs. : (*) principalmente.
Algumas empresas têm atuação intermediária em outros ramos industriais, representem uma
relação a estes dois modelos polares, como a Phillips, a oportunidade universal de aplicação da biotecnologia.
Elf, a Occidental e a Texaco.
A descrição acima esquematizada (tabela IV) permite
Um aprimoramento da metodologia permitiria uma identificar, também, que a liderança do processo
caracterização mais aprimorada da estratégia inovatório na área de recuperação de óleo é exercida
empresarial das grandes companhias de petróleo com pela Phillips e Chevron. Na área de meio ambiente são
base na identificação da carteira de negócios dos mais atuantes a Exxon e a Elf. Por outro lado, a
grupos. liderança nos processos de biorrefino está fora do ramo
industrial petrolífero (EBC, por exemplo).
É previsível que as empresas que operam verticalmente
em todos os setores da indústria do petróleo 4. CONCLUSÕES
(exploração, perfuração, produção, refino e
distribuição) venham a ter maior envolvimento com os O uso das tecnologias de fundo biotecnológico na
usos da biotecnologia, pela diversidade de aplicações. indústria do petróleo se constitui numa tendência
Pode-se prever também, que áreas como a de meio irreversível. Os investimentos nessa área estão
ambiente, compartilhada por todos os setores e por consolidados em todas as grandes companhias de
Bol. téc. PETROBRAS, Rio de Janeiro, 42 (1/4): 18-25, jan./dez. 1999 23
7. petróleo do mundo, principalmente naquelas de mas também, seguido por algumas empresas
atuação horizontalizada. americanas e européias (Amoco, BP, Shell).
A biotecnologia, como uma inovação radical, propicia 5. SUGESTÕES
o aparecimento de novos atores e oportunidades de
negócio. As empresas de petróleo se dividem entre dois Sugere-se, a médio prazo, o aprofundamento da
modelos de atuação: um que foca o desenvolvimento metodologia de prospecção tecnológica ora realizada,
nas questões específicas deste segmento industrial e com o objetivo de incluir, além da mensuração da
outro que visa a uma diversificação mais ampla de atuação das empresas de petróleo em biotecnologia, o
aplicações. crescimento desta área do conhecimento fora do
segmento petrolífero, nos aspectos de interesse.
Dois modelos polares de comportamento estratégico
das empresas em relação à biotecnologia foram Este aprofundamento, além de examinar um universo
identificados. O primeiro é o modelo dito mais abrangente de empresas de petróleo, deverá
“Americano”, no qual as empresas mantêm interesse associar:
específico no uso da biotecnologia em petróleo,
•
registram baixo número de patentes e a atividade de patentes de interesse do segmento,
inovação se registra certamente, de forma mais independentemente da origem;
•
dinâmica nas pequenas empresas de base, caso da bases de dados, revistas, anais de congressos, para
PETROBRAS, Exxon, Chevron e Mobil. O outro é o evidenciar tendências como áreas mais
chamado “modelo Japonês”, caracterizado pelo baixo pesquisadas, instituições, pesquisadores;
•
interesse pelas aplicações em petróleo, pelo alto material institucional das empresas, para
número de patentes, indicando uma atividade de caracterizar a carteira de negócios das empresas;
acompanhamento e eventual entrada nas novas • possíveis contatos diretos com alguns atores
oportunidades de negócio abertas pela biotecnologia; importantes, para confirmação de aspectos mais
este é o caso de todas as empresas japonesas (Nippon, controversos.
Cosmo, Japan Energy, Idemitsu, Showa, Mitsubishi),
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
(1) Cybersciences. Les grands dossiers : les biotecnologies. Disponível na Internet.
http://www.cybersciences.com/Cyber/0.0/000.asp. 1997.
(2) SETOR biotecnológico pode criar milhões de empregos na UE. Gazeta Mercantil, São Paulo, 16 out. 1997. p. A-13.
(3) CORDIS. Community Research and Development Information Service. Disponível na Internet. http://www.cordis.lu.
(4) SILVA, G. H. Biotecnologia na indústria de petróleo. Rio de Janeiro : PETROBRAS. CENPES. DITER. SEBIO, 1989.
232 f. Relatório interno.
(5) The world’s largest corporations (petroleum refining). Fortune, Los Angeles, v. 136, n. 3, p. 24-25f., Aug. 1997.
(6) The top 100 companies. Petroleum Intelligence Weekly. New York, p. 9, Dec. 1997. Special issue.
24 Bol. téc. PETORBRAS, Rio de Janeiro, 42 (1/4): 18-25, jan./dez. 1999
8. ANEXO I
GRUPOS DE CLASSIFICAÇÃO DA DERWENT BIOTECHNOLOGY ABSTRACTS
ANNEX I
COMPANY BEHAVIOR IN TERMS OF DERWENT BIOTECHNOLOGY STRATEGY
A. ENGENHARIA GENÉTICA E FERMENTAÇÃO
A1. Ácidos nucléicos
A2. Fermentação
B. ENGENHARIA
B1. Engenharia bioquímica
C. ANÁLISES
C1. Sensores e análises
D. PRODUTOS FARMACÊUTICOS
D1. Antibióticos
D2. Hormônios
D3. Peptídios e proteínas
D4. Vacinas
D5. Outros produtos farmacêuticos
D6. Anticorpos
D7. Técnicas genéticas clínicas
E. AGRICULTURA
E1. Controle biológico
E2. Engenharia genética de vegetais
E3. Pesticidas
E4. Propagação in-vitro
E5. Geral
F. ALIMENTOS
F1. Alimentos e aditivos alimentares
G. COMBUSTÍVEIS, MINERAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE METAIS
G1. Biocombustíveis e solventes
G2. Mineração e recuperação de metais
H. OUTRAS SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS (NÃO FARMACÊUTICOS)
H1. Polímeros
H2. Compostos quirais
H3. Compostos diversos
J. CULTURA DE CÉLULAS
J1. Cultura de células animais
J2. Cultura de células vegetais
K. BIOCATÁLISE
K1. Isolamento e caracterização
K2. Aplicação
L. PURIFICAÇÃO
L1. Processamento downstream
M. DISPOSIÇÃO DE REJEITOS E MEIO AMBIENTE
M1. Disposição de rejeitos industriais
M2. Biotecnologia ambiental
Bol. téc. PETROBRAS, Rio de Janeiro, 42 (1/4): 18-25, jan./dez. 1999 25