O Cineclube de História como instrumento de prática pedagógica
1. O Cineclube de História como
instrumento de prática pedagógica
Licencianda Renata Cardoso de Sousa
Prof.ª Alessandra Carvalho
Prof. Emilio di Bernardi
O Cineclube: como um dos instrumentos para o aprimoramento e a dinamização do
processo de ensino e aprendizagem de História, o Cineclube visa incorporar, cada vez mais, essa
prática audiovisual nas salas de aula, tratando de assuntos que tangem a realidade do cotidiano
socioescolar. Além disso, com o crescente avanço tecnológico da atualidade, faz-se necessário
incluir essas novas tecnologias no ensino, a fim de dialogar com elas e de utilizá-las para ajudar no
processo cognitivo dos alunos.
O antropólogo Marc Augé nos mostra como os meios audiovisuais são loci importantes de
percepção do “paradoxo da modernidade” (crescente globalização e crescente individualização) e
de identidade/alteridade, visto que “a ficção pode ser, portanto, para a imaginação e a memória
do indivíduo, a oportunidade de experimentar a existência de outras imaginações e outros
imaginários” (AUGÉ, 1998, p. 106). E justamente por acreditarmos ser o ensino de História um
lugar de discussão desse binômio que o Cineclube, por sua vez, vem a fomentar essas questões,
trabalhando com as múltiplas identidades existentes dentro do cotidiano escolar e com o
exercício da tolerância, da compreensão do próximo e da cidadania. Também é mister para nossa
atividade que trabalhemos os aspectos constitutivos do filme (não só quem o compõe, em que
ano, mas de que maneira os enquadramentos, a trilha sonora, enfim, aquilo que constrói o filme,
dá sentido a ele), visto que ele é uma fonte histórica (não do período que ele trata, mas do
período em que ele foi feito). Desse modo, as considerações de Jean-Claude Carrière em seu livro
A Linguagem Secreta do Cinema se fazem muito profícuas para nosso trabalho.
Um exemplo disso foi a exibição do filme Desaparecido – Um Grande Mistério (1982), do
diretor grego Costa-Gavras. Vejamos algumas considerações:
• O filme, o qual trata da ditadura de Augusto Pinochet, foi lançado na época em que o seu regime
estava ainda no seu auge;
• A história de vida de Costa-Gavras imiscui-se com o tema;
• Cinco temas comuns, quando se trata de ditaduras, estão presentes no filme: a violência
exacerbada, o moralismo, a resistência ao regime, o controle das ideias e o envolvimento dos
Estados Unidos;
• Questão do relato: os vizinhos de
Charlie dão várias versões diferen-
tes do mesmo fato (sua prisão);
• Ao encontrar Babcock (Richard
Bradford), um oficial da Marinha
norte-americana, Charlie obtém a informação de que ele está indo para a Bolívia: questão da
instabilidade política boliviana;
• Um dos embaixadores dos Estados Unidos no Chile fala que o país não é mau, mas que ele agora
quer ir para o Brasil: milagre econômico e ditadura militar;
• Situação do filme através da primeira sequência de imagens;
Referências bibliográficas mencionadas:
AUGÉ, Marc. A guerra dos sonhos: exercícios de etnoficção. Campinas:
Papirus, 1998.
CARRIÈRE, Jean-Caude. A Linguagem Secreta do Cinema. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 2005.
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Centro de Filosofia e Ciências Humanas
Faculdade de Educação
Colégio de Aplicação
Setor Curricular de História
Programa Institucional de Iniciação Artística e Cultural
16 de setembro de 1973. Beth (Sissy Spacek) e
Charles (John Shea) moram em Santiago, no
Chile, e presenciam o golpe de Augusto
Pinochet.
Várias pessoas começam a desaparecer, o que
preocupa o casal e seus amigos, até que o
próprio Charles desaparece.
Seu pai (Jack Lemmon), que mora em Nova
York, vai até o Chile para acompanhar as
investigações junto de Beth e os dois
empreendem sozinhos uma verdadeira saga
em busca de Charles, já que a embaixada dos
Estados Unidos parece não querer ajudar.
Baseado no livro A Execução de Charles
Horman: Um Sacrifício Americano (1978), de
Thomas Hauser, é o primeiro filme americano
de Costa-Gavras.
Direção: Costa-Gavras
Data: 26/10/2012
Horário: 15:30h
Para alunos do 9º ano do
Ensino Fundamental ao 3º
ano do Ensino Médio,
professores, licenciandos
e funcionáriose
Direção: Costa-Gavras
Data: 26/10/2012
Horário: 15:30h
Para alunos do 9º ano do
Ensino Fundamental ao 3º
ano do Ensino Médio,
professores, licenciandos
e funcionáriose
Ao tratar de um tema intrinsecamente ligado à
intolerância (uma das propostas principais do
Cineclube, com a qual temos trabalhado nos
últimos anos), estimulamos os alunos: a) a
estabelecer essa relação entre ditaduras e
intolerância; b) a refletir sobre as implicações
das “intolerâncias múltiplas” no período; c) a
relacionar o conteúdo histórico com a linguagem
cinematográfica; d)a refletir sobre as analogias
presentes nessa linguagem, bem como a
perpetuação delas; e) a compreender a
importância do filme para a compreensão da
realidade em que se vive.