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ISSN 0102-6488
     Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária
     Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária-EMBRAPA
     Unidade de Apoio ao Programa Nacional de Pesquisa de Biologia do Solo-UAPNPBS


                                                            COMUNICADO
No 2, Nov./86, p. 1/7
                                                              TÉCNICO
         Leucaena leucocephala - UMA LEGUMINOSA COM MÚLTIPLAS
                     UTILIDADES PARA OS TRÓPICOS.
                                     Avílio A. Franco1
                                     Sebastião M. Souto1


     A leucena (leucaena leucocephala (Lam.) de Wit) é uma
leguminosa com grande diversidade de usos e que tem recebido muita
atenção como opção para plantio nos trópicos. Tem origem na América
Central, com algumas variedades arbustivas (tipo Perú, ex. cv.
Cunningham) usadas especialmente para produção de forragem e
adubação verde; enquanto outras variedades apresentam fuste erecto
(tipo Salvador, ex. cv. K-8, K-28, K-72, etc.) e são mais adequadas
para produção de lenha, carvão, celulose e madeira. Ambos os grupos
de variedades, formam simbiose eficiente com bactérias do gênero
Rhizobium em nódulos produzidos nas raízes, podendo assim usar o
nitrogênio contido na atmosfera (79% da atmosfera é constituída de
nitrogênio em forma não utilizável diretamente pelas plantas e
animais) e dispensando, desta forma, a adubação nitrogenada. Existem
dados hoje bastante seguros de um potencial de fixação em leucena de
598 kg de N/ha.ano (Sanginga et al. 1984), valor este o mais alto já
encontrado para leguminosas tropicais e semelhante aos recordes
observados em regiões temperadas. A leucena apresenta entretanto uma
limitações pois contém uma toxina chamada mimosina que causa a queda
de pelos, quando ministrada acima de 50% da        dieta de    forma
contínua, por períodos longos, especialmente a não ruminantes ou
-----------
1 Pesquisadores, PhD. EMBRAPA/UAPNPBS.
CT/02, UAPNPBS, Nov./86, p. 2/7


ruminantes ainda não adaptados a tê-la em sua dieta. Este problema
pode ser facilmente resolvido retirando a leucena da dieta dos
animais. O uso da leucena como ração para ruminantes deve ser
introduzida aos poucos, devendo atingir um máximo de 25 a 30% da
dieta.
     A espécie apresenta produtividade máxima em regiões tropicais
em solos com pH praticamente neutro e com precipitação entre 600 e
1700mm, podendo entretanto ser dominante em áreas com somente 250mm
(NAS, 1977) e apresentar boa produtividade em solos com pH em torno
de 5. Perde as folhas mesmo com geadas leves, podendo entretanto se
recuperar. Apresenta crescimento limitado em altitudes acima de
500m. A leucena apresenta raízes profundas exceto em solos com baixo
teor de cálcio no subsolo, sendo portanto uma espécie exigente em
relação a calagem (Hutton, 1984). Como leguminosa é também uma
espécie exigente em relação a adubação com fósforo, molibdênio e
zinco nos solos tropicais. Apresenta boa tolerância a salinidade.
Frutifica abundantemente no primeiro ano de plantio. Em condições
favoráveis a cultivar K-72 pode atingir até 5m de altura no primeiro
ano de plantio (Faria et al. 1985). Não tem problemas sérios de
ataque de pragas e doenças.


PLANTIO
     A leucena pode ser semeada diretamente no campo, no início da
estação das chuvas. O seu estabelecimento no campo entretanto é
melhor quando plantado por mudas, especialmente quando as condições
climáticas não são favoráveis (Serpa et al. 1986). Antes do plantio,
em ambos os casos, as sementes devem ser escarificadas.
CT/03, UAPNPBS, Nov./86, p. 3/7


Preparo das mudas - O substrato para enchimento dos saquinhos pode
ser preparado misturando 0,25m3 de solo arenoso (tipo areia de
emboço) com 0,25m3 de solo argiloso (subsolo de solo podzólico) e
0,50m3 de fosfato de rocha, adicionando ainda 0,5kg de K2O (=1 kg de
sulfato de potássio ou 0,8kg de cloreto de potássio) e 50g de FTE
(mistura de micronutrientes). Usando fosfato de rocha as mudas
apresentaram melhor nodulação e desenvolvimento que em substratos
com adição de 0,16g de superfosfato simples por recipiente (Serpa et
al. 1986). Entretanto se não for possível usar o fosfato de rocha,
pode ser usado 0,2kg de P2O5 (=1 kg de superfosfato simples) em cada
1m3 de substrato constituído somente de solo argiloso. Podem ser
usados sacos plásticos com capacidade para 800g de substrato.


Escarificação das Sementes - Para germinação uniforme, as sementes
de leucena antes do plantio devem ser escarificadas por imersão em
água aquecida até 90oC aproximadamente quase fervendo, deixando-as
imersas até o esfriamento da água.


Inoculação das Sementes - A leucena é uma planta introduzida no
Brasil, bastante específica em relação ao Rhizobium, respondendo
desta forma favoravelmente á inoculação (Faria et al. 1985).
Informações detalhadas de como fazer a inoculação são dadas por De-
Polli e Franco (1985). A forma mais simples de inocular 10kg de
sementes consiste em misturar, 200ml (um copo pequeno cheio) de água
potável com 200g de inoculante, misturando até homogeneizar e
adicionar às sementes já escarificadas, misturando em um balde
plástico, área cimentada, etc., até formar uma película uniforme de
inoculante recobrindo cada semente. Plantar imediatamente em solo
úmido ou espalhar e deixar
CT/02, UAPNPBS, Nov./86, p. 4/7


secar em lugar sombreado, fresco e     arejado para   plantio   até o
dia    seguinte   ao    da inoculação. Plantar entre 1 e 3cm de
profundidade, sem deixar as sementes inoculadas expostas aos raios
solares.
     Em viveiro, manter as mudas em telado ou ripado com
aproximadamente 50% de sombreamento até após as mudas terem atingido
entre 20 e 30cm de altura (aproximadamente 60 dias após o plantio),
expondo-as a céu aberto por alguns dias antes do plantio no campo.


Plantio no campo - O espaçamento no campo depende da finalidade.
a) Variedade arbustivas
     Plantio para pastagem consorciada ou para planta em faixa
(alley cropping) pode ser em linhas espaçadas de 3-5 metros e dentro
das fileiras com 0,5 a 1m entre mudas ou 10cm entre sementes, quando
do plantio direto no campo. Para banco de proteína podem ser
plantadas com espaçamento menores entre linhas ou no espaçamento de
2m x 1m.


b) Variedades gigantes
     Para produção de lenha, carvão, celulose ou madeira, podem ser
plantadas no espaçamento de 2m x 1m. Em ambos os casos fazer a
correção da acidez do solo usando calcário dolomítico e correção da
fertilidade de acordo com a análise do solo. O uso de fosfato de
rocha e FTE na produção de mudas conforme indicado, dispensa a
adubação fosfatada e de micronutrientes no campo.
     Um kg contem aproximadamente 20.000 sementes de leucena.
CT/02, UAPNPBS, Nov./86, p. 5/7


MANEJO PARA CORTE
     Em sistema de corte, segundo Seiffert e Thiago (1983) a
utilização da leucena poderá ser iniciada 6 a 8 meses após o
plantio. A altura de corte poderá ser efetuada até uma altura mínima
de 15-20 em acima do nível do solo, podendo inclusive ser usada a
colheita mecanizada. Entretanto o corte a 75cm de altura aumenta a
capacidade de rebrota e a produção.
     A freqüência de cortes será determinada pela necessidade de
obtenção de máxima produção de forragem por corte (hastes finas +
folhas + vagens), e deve possibilitar que a planta se recupere
adequadamente durante o intervalo entre cortes. Cortes a cada 90
dias, normalmente garante a manutenção contínua da produtividade.
Nos meses de crescimento rápido (primavera e verão), os cortes podem
ser mais freqüentes (cada 75 dias ou menos). No outono e inverno,
entretanto o intervalo de cortes deverá ser aumentado para até
quatro meses, dependendo das condições locais (Philippine Council
for Agriculture and Resources Research, 1977).


MANEJO EM PASTAGEM
     Segundo   Seiffert  e   Thiago  (1983)  quando   a   leucena  é
estabelecida em faixas dentro da pastagem, compete adequadamente com
brachiaria e colonião e, mesmo sob pastejo pesado a consorciação
permanece bem balanceada, de forma que nem a leucena, nem a gramínea
dominam, desde que seja usada uma lotação adequada quando as plantas
desta consorciação atingirem 1m de altura pode ser iniciado o
pastejo. Quando houver crescimento excessivo da leucena esta deverá
ser cortada a 90cm de altura para que os animais tenham acesso a sua
folhagem. Um pasto consorciado de leucena com colonião, suporta em
média uma lotação de 2,5 UA/ha. A leucena pode ser também
consorciada plantando
CT/02, UAPNPBS, Nov./86, p. 6/7


metade da área com gramíneas e metade da área com leucena, formando
banco de proteínas, podendo neste caso suportar até 6 UA/ha, mesmo
durante a estação seca.

USO NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL
     A leucena pode ser usada para alimentação de não ruminantes e
ruminantes. O gado come além da folhagem, os talos jovens com
diâmetro de até 6mm. O valor nutritivo do material foliar de leucena
pode ser comparado com o da alfafa (Medicago sativa), tida como a
"rainha" das leguminosas forrageiras, com teores de proteína,
minerais e amino-ácidos muito similares, exceto o conteúdo de
isoleucina, riboflavina e vitamina K que é aproximadamente o dobro
em leucena (NAS, 1977). A presença de tamino nas folhas de leucena,
tem ainda grande benefício na alimentação de ruminantes. O tanino
desempenha papel importante na proteção das proteínas contra sua
degradação no rumen, fazendo-as por conseguinte, mais assimilável no
intestino delgado e evitando o timpanismo. O material foliar de
leucena é também uma excelente fonte de B caroteno, precursor da
vitamina A.
     Quando a leucena é usada como suplemento protéico em mistura
com outros alimentos para ruminantes, não se tem observado efeitos
tóxicos nos animais e, os efeitos benéficos registrados podem ser
comparados aos obtidos com concentrados, tais como as tortas de
amendoim e a farinha de carne. Assim, a leucena pode ser usada como
suplemento da cana-de-açúcar, feno de sorgo, palha de arroz,
folhagem e hastes de milho, etc. (Jones, 1979).
     A dieta de leucena deve ser introduzida lentamente para que
haja aumento da população de microrganismos do rumen capazes de
decompor a mimosina. Suínos são mais sensíveis a mimosina porém nas
Filipinas o uso de mais de 10% de leucena na ração tem proporcionado
crescimento   satisfatório   nestes   animais.  O   uso  de   folhas
desidratadas de leucena constituindo até 5% da ração das aves
aumenta a
CT/02, UAPNPBS, Nov./86, p. 7/7

intensidade do amarelo nas gemas, aumentando o valor comercial dos
ovos. Em quantidades superiores a 5% da dieta pode retardar a
maturidade sexual de frangos.



REFERÊNCIAS:

1. DE-POLLI, H. & FRANCO, A.A. 1985. Inoculação de leguminosas. Rio
       de Janeiro, EMBRAPA/UAPNPBS, (Circular Técnica no 1).

2. FARIA, S.M.de, JESUS, R.M.de & FRANCO, A.A. 1985. Field
       establishment of nodulated Leucaena leucocephala K-72.
       Leucaena Research Reports, 6:14-16.

3. JONES, R.J. El valor de Leucaena leucocephala como pienso para
       rumiantes en los trópicos. World Animal Review 32:13-23, 1979.

4. HUTTON, E.M. 1984. Breeding and selecting leucena for acid
       tropical soils. Pesq. agropec. bras., Brasília 19 s/n 263-274.

5. NATIONAL ACADEMY OF SCIENCES. 1977. Leucaena: Promissing forage
       and tree crop for the tropics. Washington, D.C. 100p.

6. PHILIPPINE COUNCIL FOR AGRICULTURE AND RESOURCES RESEARCH. Ipil-
       Ipil the wonder tree, Los Bañoslaguna, Philippines, 1977. 17p.

7. SANGINGA, N.; MULONGOY, K. & AYANABA, A. 1984. Inoculation of
       Leucaena leucocephala (Lam. de Wit) with Rhizobium and its
       contribution to a subsequent maize crop. Second Int. Conf.
       Biol. Agric. "The role of Microorganisms in Sustained
       agriculture" Wge College, Ashford, Kent, UK. Sep. 3-7.

8. SERPA, A.S.P.; CAMPELLO, E.F.C. & FRANCO, A.A. 1986. Efeito da
       inoculação com Rhizobium sp no estabelecimento no campo de
       Leucaena leucocephala e Albizzia lebbek por semeio direto ou
       mudas com substrato contendo altas concentrações de fosfato de
       rocha. Enviado para Pesq. agropec. bras.

9. SEIFFERT, N.F. & THIAGO, L.R.L.S. 1983. Legumineira - cultura
       forrageira para produção de proteína. EMBRAPA/CNPGC. Circ.
       Téc. no 13. 52p., C.Grande-MS.

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Cot002

  • 1. ISSN 0102-6488 Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária-EMBRAPA Unidade de Apoio ao Programa Nacional de Pesquisa de Biologia do Solo-UAPNPBS COMUNICADO No 2, Nov./86, p. 1/7 TÉCNICO Leucaena leucocephala - UMA LEGUMINOSA COM MÚLTIPLAS UTILIDADES PARA OS TRÓPICOS. Avílio A. Franco1 Sebastião M. Souto1 A leucena (leucaena leucocephala (Lam.) de Wit) é uma leguminosa com grande diversidade de usos e que tem recebido muita atenção como opção para plantio nos trópicos. Tem origem na América Central, com algumas variedades arbustivas (tipo Perú, ex. cv. Cunningham) usadas especialmente para produção de forragem e adubação verde; enquanto outras variedades apresentam fuste erecto (tipo Salvador, ex. cv. K-8, K-28, K-72, etc.) e são mais adequadas para produção de lenha, carvão, celulose e madeira. Ambos os grupos de variedades, formam simbiose eficiente com bactérias do gênero Rhizobium em nódulos produzidos nas raízes, podendo assim usar o nitrogênio contido na atmosfera (79% da atmosfera é constituída de nitrogênio em forma não utilizável diretamente pelas plantas e animais) e dispensando, desta forma, a adubação nitrogenada. Existem dados hoje bastante seguros de um potencial de fixação em leucena de 598 kg de N/ha.ano (Sanginga et al. 1984), valor este o mais alto já encontrado para leguminosas tropicais e semelhante aos recordes observados em regiões temperadas. A leucena apresenta entretanto uma limitações pois contém uma toxina chamada mimosina que causa a queda de pelos, quando ministrada acima de 50% da dieta de forma contínua, por períodos longos, especialmente a não ruminantes ou ----------- 1 Pesquisadores, PhD. EMBRAPA/UAPNPBS.
  • 2. CT/02, UAPNPBS, Nov./86, p. 2/7 ruminantes ainda não adaptados a tê-la em sua dieta. Este problema pode ser facilmente resolvido retirando a leucena da dieta dos animais. O uso da leucena como ração para ruminantes deve ser introduzida aos poucos, devendo atingir um máximo de 25 a 30% da dieta. A espécie apresenta produtividade máxima em regiões tropicais em solos com pH praticamente neutro e com precipitação entre 600 e 1700mm, podendo entretanto ser dominante em áreas com somente 250mm (NAS, 1977) e apresentar boa produtividade em solos com pH em torno de 5. Perde as folhas mesmo com geadas leves, podendo entretanto se recuperar. Apresenta crescimento limitado em altitudes acima de 500m. A leucena apresenta raízes profundas exceto em solos com baixo teor de cálcio no subsolo, sendo portanto uma espécie exigente em relação a calagem (Hutton, 1984). Como leguminosa é também uma espécie exigente em relação a adubação com fósforo, molibdênio e zinco nos solos tropicais. Apresenta boa tolerância a salinidade. Frutifica abundantemente no primeiro ano de plantio. Em condições favoráveis a cultivar K-72 pode atingir até 5m de altura no primeiro ano de plantio (Faria et al. 1985). Não tem problemas sérios de ataque de pragas e doenças. PLANTIO A leucena pode ser semeada diretamente no campo, no início da estação das chuvas. O seu estabelecimento no campo entretanto é melhor quando plantado por mudas, especialmente quando as condições climáticas não são favoráveis (Serpa et al. 1986). Antes do plantio, em ambos os casos, as sementes devem ser escarificadas.
  • 3. CT/03, UAPNPBS, Nov./86, p. 3/7 Preparo das mudas - O substrato para enchimento dos saquinhos pode ser preparado misturando 0,25m3 de solo arenoso (tipo areia de emboço) com 0,25m3 de solo argiloso (subsolo de solo podzólico) e 0,50m3 de fosfato de rocha, adicionando ainda 0,5kg de K2O (=1 kg de sulfato de potássio ou 0,8kg de cloreto de potássio) e 50g de FTE (mistura de micronutrientes). Usando fosfato de rocha as mudas apresentaram melhor nodulação e desenvolvimento que em substratos com adição de 0,16g de superfosfato simples por recipiente (Serpa et al. 1986). Entretanto se não for possível usar o fosfato de rocha, pode ser usado 0,2kg de P2O5 (=1 kg de superfosfato simples) em cada 1m3 de substrato constituído somente de solo argiloso. Podem ser usados sacos plásticos com capacidade para 800g de substrato. Escarificação das Sementes - Para germinação uniforme, as sementes de leucena antes do plantio devem ser escarificadas por imersão em água aquecida até 90oC aproximadamente quase fervendo, deixando-as imersas até o esfriamento da água. Inoculação das Sementes - A leucena é uma planta introduzida no Brasil, bastante específica em relação ao Rhizobium, respondendo desta forma favoravelmente á inoculação (Faria et al. 1985). Informações detalhadas de como fazer a inoculação são dadas por De- Polli e Franco (1985). A forma mais simples de inocular 10kg de sementes consiste em misturar, 200ml (um copo pequeno cheio) de água potável com 200g de inoculante, misturando até homogeneizar e adicionar às sementes já escarificadas, misturando em um balde plástico, área cimentada, etc., até formar uma película uniforme de inoculante recobrindo cada semente. Plantar imediatamente em solo úmido ou espalhar e deixar
  • 4. CT/02, UAPNPBS, Nov./86, p. 4/7 secar em lugar sombreado, fresco e arejado para plantio até o dia seguinte ao da inoculação. Plantar entre 1 e 3cm de profundidade, sem deixar as sementes inoculadas expostas aos raios solares. Em viveiro, manter as mudas em telado ou ripado com aproximadamente 50% de sombreamento até após as mudas terem atingido entre 20 e 30cm de altura (aproximadamente 60 dias após o plantio), expondo-as a céu aberto por alguns dias antes do plantio no campo. Plantio no campo - O espaçamento no campo depende da finalidade. a) Variedade arbustivas Plantio para pastagem consorciada ou para planta em faixa (alley cropping) pode ser em linhas espaçadas de 3-5 metros e dentro das fileiras com 0,5 a 1m entre mudas ou 10cm entre sementes, quando do plantio direto no campo. Para banco de proteína podem ser plantadas com espaçamento menores entre linhas ou no espaçamento de 2m x 1m. b) Variedades gigantes Para produção de lenha, carvão, celulose ou madeira, podem ser plantadas no espaçamento de 2m x 1m. Em ambos os casos fazer a correção da acidez do solo usando calcário dolomítico e correção da fertilidade de acordo com a análise do solo. O uso de fosfato de rocha e FTE na produção de mudas conforme indicado, dispensa a adubação fosfatada e de micronutrientes no campo. Um kg contem aproximadamente 20.000 sementes de leucena.
  • 5. CT/02, UAPNPBS, Nov./86, p. 5/7 MANEJO PARA CORTE Em sistema de corte, segundo Seiffert e Thiago (1983) a utilização da leucena poderá ser iniciada 6 a 8 meses após o plantio. A altura de corte poderá ser efetuada até uma altura mínima de 15-20 em acima do nível do solo, podendo inclusive ser usada a colheita mecanizada. Entretanto o corte a 75cm de altura aumenta a capacidade de rebrota e a produção. A freqüência de cortes será determinada pela necessidade de obtenção de máxima produção de forragem por corte (hastes finas + folhas + vagens), e deve possibilitar que a planta se recupere adequadamente durante o intervalo entre cortes. Cortes a cada 90 dias, normalmente garante a manutenção contínua da produtividade. Nos meses de crescimento rápido (primavera e verão), os cortes podem ser mais freqüentes (cada 75 dias ou menos). No outono e inverno, entretanto o intervalo de cortes deverá ser aumentado para até quatro meses, dependendo das condições locais (Philippine Council for Agriculture and Resources Research, 1977). MANEJO EM PASTAGEM Segundo Seiffert e Thiago (1983) quando a leucena é estabelecida em faixas dentro da pastagem, compete adequadamente com brachiaria e colonião e, mesmo sob pastejo pesado a consorciação permanece bem balanceada, de forma que nem a leucena, nem a gramínea dominam, desde que seja usada uma lotação adequada quando as plantas desta consorciação atingirem 1m de altura pode ser iniciado o pastejo. Quando houver crescimento excessivo da leucena esta deverá ser cortada a 90cm de altura para que os animais tenham acesso a sua folhagem. Um pasto consorciado de leucena com colonião, suporta em média uma lotação de 2,5 UA/ha. A leucena pode ser também consorciada plantando
  • 6. CT/02, UAPNPBS, Nov./86, p. 6/7 metade da área com gramíneas e metade da área com leucena, formando banco de proteínas, podendo neste caso suportar até 6 UA/ha, mesmo durante a estação seca. USO NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL A leucena pode ser usada para alimentação de não ruminantes e ruminantes. O gado come além da folhagem, os talos jovens com diâmetro de até 6mm. O valor nutritivo do material foliar de leucena pode ser comparado com o da alfafa (Medicago sativa), tida como a "rainha" das leguminosas forrageiras, com teores de proteína, minerais e amino-ácidos muito similares, exceto o conteúdo de isoleucina, riboflavina e vitamina K que é aproximadamente o dobro em leucena (NAS, 1977). A presença de tamino nas folhas de leucena, tem ainda grande benefício na alimentação de ruminantes. O tanino desempenha papel importante na proteção das proteínas contra sua degradação no rumen, fazendo-as por conseguinte, mais assimilável no intestino delgado e evitando o timpanismo. O material foliar de leucena é também uma excelente fonte de B caroteno, precursor da vitamina A. Quando a leucena é usada como suplemento protéico em mistura com outros alimentos para ruminantes, não se tem observado efeitos tóxicos nos animais e, os efeitos benéficos registrados podem ser comparados aos obtidos com concentrados, tais como as tortas de amendoim e a farinha de carne. Assim, a leucena pode ser usada como suplemento da cana-de-açúcar, feno de sorgo, palha de arroz, folhagem e hastes de milho, etc. (Jones, 1979). A dieta de leucena deve ser introduzida lentamente para que haja aumento da população de microrganismos do rumen capazes de decompor a mimosina. Suínos são mais sensíveis a mimosina porém nas Filipinas o uso de mais de 10% de leucena na ração tem proporcionado crescimento satisfatório nestes animais. O uso de folhas desidratadas de leucena constituindo até 5% da ração das aves aumenta a
  • 7. CT/02, UAPNPBS, Nov./86, p. 7/7 intensidade do amarelo nas gemas, aumentando o valor comercial dos ovos. Em quantidades superiores a 5% da dieta pode retardar a maturidade sexual de frangos. REFERÊNCIAS: 1. DE-POLLI, H. & FRANCO, A.A. 1985. Inoculação de leguminosas. Rio de Janeiro, EMBRAPA/UAPNPBS, (Circular Técnica no 1). 2. FARIA, S.M.de, JESUS, R.M.de & FRANCO, A.A. 1985. Field establishment of nodulated Leucaena leucocephala K-72. Leucaena Research Reports, 6:14-16. 3. JONES, R.J. El valor de Leucaena leucocephala como pienso para rumiantes en los trópicos. World Animal Review 32:13-23, 1979. 4. HUTTON, E.M. 1984. Breeding and selecting leucena for acid tropical soils. Pesq. agropec. bras., Brasília 19 s/n 263-274. 5. NATIONAL ACADEMY OF SCIENCES. 1977. Leucaena: Promissing forage and tree crop for the tropics. Washington, D.C. 100p. 6. PHILIPPINE COUNCIL FOR AGRICULTURE AND RESOURCES RESEARCH. Ipil- Ipil the wonder tree, Los Bañoslaguna, Philippines, 1977. 17p. 7. SANGINGA, N.; MULONGOY, K. & AYANABA, A. 1984. Inoculation of Leucaena leucocephala (Lam. de Wit) with Rhizobium and its contribution to a subsequent maize crop. Second Int. Conf. Biol. Agric. "The role of Microorganisms in Sustained agriculture" Wge College, Ashford, Kent, UK. Sep. 3-7. 8. SERPA, A.S.P.; CAMPELLO, E.F.C. & FRANCO, A.A. 1986. Efeito da inoculação com Rhizobium sp no estabelecimento no campo de Leucaena leucocephala e Albizzia lebbek por semeio direto ou mudas com substrato contendo altas concentrações de fosfato de rocha. Enviado para Pesq. agropec. bras. 9. SEIFFERT, N.F. & THIAGO, L.R.L.S. 1983. Legumineira - cultura forrageira para produção de proteína. EMBRAPA/CNPGC. Circ. Téc. no 13. 52p., C.Grande-MS.