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A história do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense




Fonte: MEMORIAL Grêmio - História Resumida.


As Origens


                O Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense nasceu de uma bola de
                futebol, como deveria acontecer com um clube predestinado às
                maiores glórias. A trajetória vitoriosa começou com o paulista
                Cândido Dias da Silva, trabalhando há algum tempo em Porto
                Alegre e sua bola de futebol.Nessa época apareceu na capital
                gaúcha a equipe de futebol do Sport Clube Rio Grande. Os ingleses
e alemães que jogavam nos times de Rio Grande haviam sido convidados para uma
exibição na cidade. No dia marcado, 7 de setembro de 1903, o campo da várzea
ficou rodeado de curiosos. Cândido, com sua bola de baixo do braço, estava entre
eles com a atenção redobrada. Em dado momento, a bola dos ingleses esvaziou-se,
para desapontamento geral. Cândido, mais do que depressa, emprestou a sua,
garantindo o final da demonstração. Em troca, ao final da partida, obteve dos
jogadores as primeiras lições sobre futebol e, principalmente, deles ficou sabendo
como agir para fundar um clube. Foi então, em 15 de setembro de 1903, que trinta
e dois rapazes se reuniram no Salão Grau, restaurante de um hotel da rua 15 de
Novembro, atual rua José Montaury, localizado onde estão agora os fundos da
Galeria Chaves e deram início à história de um clube vencedor, disposto a superar
todos os desafios. Carlos Luiz Böhrer foi eleito o primeiro Presidente, sem jamais
imaginar a projeção mundial que o recém-nascido clube um dia alcançaria.

Os tempos do amadorismo

Nos primeiros anos o clube procurou alicerçar suas bases, primeiramente através da
aquisição de um local próprio para jogos e treinos, a Baixada dos Moinhos de
Vento em 1904, depois com a incrementação esportiva com o Fuss Ball Club Porto
Alegre também fundado em 15 de setembro de 1903 em disputa da antiga Taça
Wanderpress       valendo       oficiosamente     o      título    da      cidade.
Em 18/07/1909, o Grêmio jogou o primeiro clássico com seu tradicional
adversário, o Internacional e o resultado desta partida histórica foi um
extraordinário 10x0 para o tricolor.
Em 1910, ajudou a criar a 1ª Liga de Clubes de Porto Alegre (a idéia partiu do
Grêmio), para a realização dos campeonatos metropolitanos. Deste periodo
destaca-se o pentacampeonato citadino de 1911/12/13/14/15. Foi nesta década, que
o clube começou a jogar contra equipes de outros estados e países com destaque
especial para a vitória sobre a Seleção da Federação Desportiva Uruguaia por 2x1,
em 17 de junho de 1916. Teve importante participação na criação da F.R.G.D.
(hoje F.G.F.) em 1918, vindo a disputar o 1º estadual em 1919.
Nos anos 20, além do pentacampeonato metropolitano de 1919/20/21/22/23 e do bi
de 1925/26, o Grêmio venceu os Estaduais em 1921/22 e 1926. Na década de 30, o
tricolor conquistou o tetracampeonato de Porto Alegre de 1930/31/32/33 e o
bicampeonato do Rio Grande do Sul de 1931/32, quando então, passou a ser mais
conhecido ao derrotar o Atlético campeão paranaense por 7x2, o Santos campeão
paulista por 3x2, o Botafogo campeão carioca por 1x0, o Wanderers campeão
uruguaio e do Rio da Prata por 2x1 e o Independiente, bicampeão argentino e do
Rio da Prata por 2x1. Estas vitórias associadas aos títulos estaduais e
metropolitanos, em especial o título Farroupilha de Porto Alegre
em 1935, criaram uma mística no clube da Baixada, que passou a
receber o apelido de “derrubador de campeões”. De 1903 a 1935,
o Grêmio contou com vários craques de destaque como: Kallfelz,
Koch, Siebel, Jorge Black, Grunewald, Schuback, Mohrdieck,
Sisson, Mostardeiro I, Mostardeiro II, Kuntz, Scalco, Assunpção,
Lagarto, Luis Carvalho, Foguinho, Dario, Laci, Poroto, Nenê,
Artigas, Heitor, Jorge PY, Adão, os irmãos Sardinha (Eurídes e
Eurípedes), Laxixa (que junto com Adão, foram os primeiros
atletas afro-descendentes da história do clube) entre outros. Mas o
grande nome dessa época, foi o do lendário goleiro Eurico Lara, um símbolo da era
amadorista do futebol gaúcho e brasileiro.

O início da era profissional e o impacto da internacionalização do futebol

O amadorísmo correspondia a fase inicial do futebol e da criação dos clubes
brasileiros. De tradição elitista e européia, o amadorismo era uma forma de
distinção das elites com relação às camadas populares. Com a popularização do
futebol, aumentava nos clubes a participação de jogadores de origem humilde.
Em 1929, ocorre a queda da bolsa de valores de Nova Iorque, provocando uma
grande crise mundial em todos os setores da econômia, ocasionando o caos social.
Estes acontecimentos tiveram refléxos no futebol, provocando a quebra de vários
clubes obrigando os demais a se readaptarem as novas condições conjunturais.
Assim no começo dos anos 1930, o amadorismo foi colocado em xeque, quando
vários atletas sul-americanos foram contratados por times europeus. A econômia da
América do Sul era nessa época baseada na agricultura e pecuária, ainda que, já
existisse um ascendente surto industrial. No Brasil, os clubes viviam o que se
denominava por amadorismo marrom, isto é, não se adimitia o profissionalismo
oficialmente mas se fazia vistas grossas as gratificações pelo bom desempenho dos
atletas das equipes. Por outro lado, o profissionalismo já era uma realidade na
Europa, e após as vitórias do Uruguai na Copa do Mundo de 1930 e nos
Campeonatos Olímpicos de 1924 e 1928, os europeus passaram a alíciar os atletas
sul-americanos.
Para evitar uma evasão ainda maior, foi oficializado o profissionalismo, primeiro
no Rio da Prata entre 1931 e 1932, depois no eixo Rio-São Paulo em 1933, ao
passo que o novo governo brasileiro, que emergiu da revolução de 1930 (era
Vargas), enxergava a necessidade de se estabelecer uma política nacional de
integração e desenvolvimento socio-econônico (industrialização) com refléxios no
plano cultural e esportivo do país, forçando no futebol um entendimento geral das
entidades          esportivas         visando         a          profissionalização.
No Rio Grande do Sul o profissionalismo chegou inicialmente em 1937, através da
criação da Especializada um departamento profissional filiado à Federação
Brasileira de Futebol (FBF), que organizou um campeonato metropolitano em
separado ao da Federação Rio-Grandense de Desportos (atual Federação Gaúcha de
Futebol) filiada à Confederação Brasileira de Desportos (CBD, atual CBF) até
1939, quando um acordo pôs fim nas divergências entre as entidades futebolisticas
do estado e do país. Durante a vigência da Especializada o Grêmio sagrou-se
Tricampeão Metropolitano em 1937/38/39, mas não participou das finais do
Estadual. Os anos 40 representaram um período de transição por conta da
oficialização do profissionalismo no futebol em todo o pais a partir de 1941, com a
criação do CND (Conselho Nacional de Desportos) e das conquistas tricolores nos
campeonatos metropolitanos e dos Estaduais de 1946 e 1949.
                                Contudo, foi em 14/05/1949, em meio ao processo
                                de internacionalização do futebol, provocado em
                                parte por causa do avanço tecnológico da aviação
                                comercial do pós-guerra, que o Grêmio entra na
                                história do futebol mundial ao bater o poderoso
                                Nacional de Montevidéu, em pleno estádio
                                Centenário por 3x1 (durante os festejos dos 50
anos da equipe Uruguaia) e na vitoriosa excursão invicta à América Central no fim
daquele ano. Em 1953/54, o Grêmio realizou o que ficou conhecido como a
conquista das “três Américas” com outra excursão internacional, agora pelo
México (América do Norte), Ecuador e Colômbia (América do Sul).
Estes acontecimentos, associados as novas exigências do profissionalismo no
planeta, aceleraram as mudanças internas no clube, que necessitava de um estádio
maior, não só para acomodar seus torcedores e para recepcionar grandes times do
país e do exterior, mas também para adecuar-se a uma nova conjuntura esportiva.
Nesssa transição do amadorismo para o profissionalismo, brilharam no Grêmio
vários jogadores como: Joni, Touguinha, Clarel, Júlio Petersen, Sanguinetti, Hélio,
Prego, Noronha, Toneli, Beresi, Geada, Hermes, Danton, Hugo, Ário, Gita, Balejo,
Camacho, Bentevi entre tantos.

A inauguração do Olímpico e os 12 em 13.

Acompanhando o desenvolvimentismo industrial dos anos 50, o Brasil, se
transformava de um país agrícula para uma nação em desenvolvimento em especial
nos anos JK simbolizados pela inauguração de Brasília como nova capital do país e
a chegada da industria automobilística, descentralizando o eixo de investimentos
agora também para o interior. No futebol essa fase de integração nacional reflete-
se, na conquista dos Mundiais da Suécia e Chile pelo Brasil em 1958, 1962 e na
criação da Taça Brasil de clubes de 1959 (atual campeonato brasileiro), para
escolher o representante do país na recêm criada Taça Libertadores da América
cuja primeira edição estava marcada para 1960. O clube gremista, atento a todas
estas mudanças, procurou se adaptar o mais rápido possivel as novas conjunturas
do futebol mundial.
Em 1952, o Grêmio contatou Tesourinha, o primeiro atleta afro-descendente
tricolor de destaque na era profissional e dois anos depois, em 1954, foi inaugurado
o estádio Olímpico, que marcou o início de um período áureo, 12 campeonatos em
13 disputados: o Pentacampeonato Gaúcho e Metropolitano de futebol profissional
de 1956/57/58/59/60 e o Heptacampeonato Gaúcho de 1962/63/64/65/66/67/68,
tornanando-se o primeiro, no Rio Grande do Sul a obter este titulo .
Foi participante da Taça Brasil em quase todos
estes anos, tendo sido em três ocasiões
semifinalista (quando obteve o terceiro lugar) nos
anos de 1959, 1963 e em 1967, bem como,
posteriormente, da Taça de Prata – Torneio
Roberto Gomes Pedrosa (Robertão) em 1967,
quando, o tricolor foi um dos quatro finalistas e
que serviu de modelo para o atual Campeonato
Brasileiro, instituido em 1971; Campeão Sul-
Brasileiro invicto de 1962 (Taça da Legalidade); Campeão invicto da Copa Río de
La Plata de 1968 (Taça Confraternidad, primeiro titulo internacional oficial do
Grêmio antes da Libertadores de 1983) e finalmente, as grandes excursões à
Europa de 1961 e 62, que tornaram o Grêmio mundialmente conhecido.
Além das dessas participações, o Grêmio contribuiu com vários atletas na seleção
brasileira principalmente nas conquistas do Brasil no Campeonato Pan-Americano
de 1956 no México, na Taça O’Higgins no Chile em 1966 e no Vice-campeonato
pan-americano na Costa Rica em 1960, quando o Rio Grande do Sul representou o
país nestas competições. Em 1970, com a convocação de Everaldo para a seleção
brasileira, o Grêmio, mais uma vez contribuiu para uma grande conquista do
futebol nacional, o Tricampeonato Mundial no México. Por essa época gloriosa
passaram vários craques como: Airton, Elton, Milton, Ênio Rodrigues, Juarez,
Gessi, Vieira, Sérgio, Calvet, Joãozinho, Marino, Alberto, Arlindo, Aureo, Altemir,
Sérgio Lopes, Cléo, Babá, Alcindo, Ortunho, Everaldo, Volmir, Espinosa entre
tantos                                                                        outros.

A era das grandes conquistas e o Campeonato Mundial Interclubes


                               Nos anos 70, o Grêmio virou uma grande
                               Sociedade, promoveu dois congressos de clubes
                               tricolores da América do Sul em 1971, reeditou e
                               conquistou, no mesmo ano, a antiga Taça do
                               Atlântico de Clubes (Torneio Sul-Americano
                               Tricolor) ao derrotar na sequência o Nacional
                               (URU) por 2x1 e o River Plate (ARG) por 2x0, e
                               reconquistou a hegemonia regional em 1977, 1979
e 1980.

Os anos 80, viram o clube passar por uma das fases mais vitoriosas de sua vida
esportiva, em paralelo com a redemocratização do país, que vivera 20 anos de
regime militar (1964 a 1984), e as transformações político-econômicas ocorridas
com o advento da globalização, que no futebol se refletiu na inflação dos salários
dos jogadores bem como o aumento da publicidade nos esportes em todo mundo,
tornando o futebol em especial, num grande negócio a ser gerênciado com um
altíssimo nível profissional, sendo a FIFA, a entidade mundial mais importante
neste segmento, congregando mais países filiados que a própria ONU. Depois da
reinauguração do Olímpico em 1980, o Grêmio foi Campeão Brasileiro em 1981;
Vice-campeão nacional em 1982; Campeão da Taça Libertadores da América de
1983, batendo ao Peñarol (URU) na soma dos dois jogos finais por 1x1 e 2x1 (nos
dias 22 e 28/07); CAMPEÃO MUNDIAL INTERCLUBES (vitória na final sobre o
Hamburgo da Alemanha, campeão da Copa dos Campeões da Europa por 2x1 em
11/12/1983); campeão da Copa Los Angeles (Taça Pan-Americana) ao derrotar o
América do México, campeão da Taça das Nações da América (empate em 2x2 e
vitória por 6x5 nos pênaltis em 13/12/1983); Hexacampeão Gaúcho de
1985/86/87/88/89/90.
O Grêmio ao derrotar o Sport Recife por 2x1 sagrou-se, campeão invicto da 1ª
Copa do Brasil em 1989 e no ano seguinte, tornou-se Supercampeão Brasileiro de
1990. O tricolor também venceu alguns dos mais prestigiados, torneios
internacionais, dos quais destacan-se a Copa El Salvador del Mundo em El
Salvador e o Troféu Ciudad de Valladolid em 1981, o Troféu Palma de Mallorca de
1985 (os dois ultimos na Espanha), a Copa Rotterdan na Holanda em 1985 e o
Bicampeonato da Copa Phillips em 1986/87 na Holanda e Suiça. Destacaram-se
nesse periodo grandes jogadores como: Ancheta, Tarciso, Iura, Oberdan, Eder,
Tadeu Ricci, Renato, André Catimba, Paulo Cesar Lima, Mário Sérgio, Leão, De
León, Paulo Roberto, Paulo Isidóro, China, Edinho, César, Mazaropi, Baltazar,
Osvaldo, Cuca, Valdo, Luis Eduardo, Paulo Egídio entre tantos.

A era Felipão e as conquistas mais recentes

De 1991 para cá, o clube, apesar da passar por alguns momentos dificeis, retomou
o caminho das vitórias, conquistando os Gauchões de 1993, 1995, 1996, 1999 e
2001; a Copa do Brasil em 1994, 1997 e 2001; venceu a Copa Sul-Brasileira de
1999 e, principalmente, em 1995, sob o comando técnico de Luis Felipe Scolari,
quando então, conquistou o Bicampeonato da Taça Libertadores da América (3x1 e
1x1 sobre o Atlético Nacional da Colômbia, nos dias 23 e 30/08/1995), a Copa
                              Sanwa e o Vice-campeonato mundial ambos no
                              Japão.

                              Em 1996, o tricolor venceu a Recopa Sul-
                              Americana (4x1 no Independiente da Argentina em
                              Kobe no Japão); o Bicampeonato Brasileiro e no
                              ano seguinte, conquistou na Espanha o Troféu
                              Colombino. Mas foi em 26/11/2005, com a heróica
                              conquista do Campeonato Brasileiro da Série B,
                              que mais uma vez manifestou-se o espírito de
                              indignação e a garra tricolor, ao superar todas as
adversidades dentro e fora do campo, suplantando o Naútico de Recife por 1x0,
com apenas sete jogadores, contra dez do adversário, numa reação jamais vista na
história do futebol mundial.

Em 2006, reconquistou o campeonato gaúcho, superando novamente o tradicional
adversário e em 2007, chegou ao bicampeonato após golear o Juventude por 4 x 1
na final. Como anteriormente o Grêmio continuou a apresentar para sua torcida um
verdadeiro desfile de atlétas do mais alto nivel com destaques para Pingo, Danrlei,
Rivarola, Arce, Adilson, Arilson, Dinho, Carlos Miguel, Goiano, Paulo Nunes,
Jardel, Roger, Emerson, Mauro Galvão, Zinho, Marcelinho Paraíba, Ronaldinho,
João Antônio, Anderson Luis, Lucas, Galato, Tcheco, Carlos Eduardo entre outros.
Os esportes Amadores

No futebol amador, o clube conquistou em 1974 o primeiro Campeonato Brasileiro
Infantil, disputado em São Paulo. Em 1996 foi campeão do Internacional Youth
Soccer, em Shizuoca no Japão. Em 2004, foi campeão da Copa Brasil Sub-17, em
Macaé-RJ e, 2005, os juniores conquistaram o título de campeão invicto da 1ª Copa
da Amizade em Okayama, no Japão: os juvenis foram campeões sul-americanos
(Taça Romeu Goulart Jaques – Copa Santiago) em 1995/96/97/98 e 2000, alêm de
outras conquistas importantes. Todavia, o esporte bretão não foi a única atividade
esportiva do clube. Apesar do futebol figurar como a principal prática desportiva, o
Grêmio também se destacou em esportes ditos amadores, como o Tênis, que desde
1912 passou a ser praticado, vindo a ser introduzido efetivamente em 1916 e que
teve seu período áureo em 1926, quando se tornou Campeão da Cidade e do
Estado. No Basquete, o tricolor também brilhou, vencendo os campeonatos da
Cidade e do Estado de 1934, 55 e 56. No Vôlei, o Grêmio foi vitorioso em vários
anos, destacando-se as seqüências de títulos de 1929 a 35 e de 1954 a 60
(Heptacampeão nas duas ocasiões). No Ciclismo, foi vitorioso nos anos 50 e, no
Futebol de Salão, viveu seu grande momento nos anos 70, quando foi bicampeão
metropolitano em 1973/74 e campeão da Taça Vice-Governador do Estado em
1976, para na década seguinte conquistar a primeira Copa Atlântico Sul de Futsal
em 1987. O sucesso tricolor seguiu o mesmo caminho com o Remo e o Judô (que
vem      se    destacando    dos    anos      1970     até   os     dias    atuais).
No entanto, foi com o Atletismo que o tricolor atingiu sua maior magnitude, com a
conquista do Bicampeonato do Troféu Brasil em 1958/59 e do
Triscedecacampeonato Gaúcho de 1956 a 1968. Merecem ser mencionados outros
esportes, como Tiro, Tênis de Mesa, Bolão, Columbofilia, Automobilismo, Xadrez,
Pugilismo, Escotismo, Pesca, Bridge, Pólo, Futebol Feminino, Futebol de Botão
entre outros.

Estrelas na camisa e na Bandeira do Grêmio

Em reunião do Conselho Deliberativo do Grêmio FBPA, realizado em 23.04.1985,
foi aprovada a proposição de inserir na camisa três estrelas, como símbolo das
maiores conquistas do clube em similitude à tradicional premiação da escala
olímpica: OURO, para representar o Campeonato Mundial Interclubes de 1983;
PRATA, para representar o titulo da Taça Libertadores da América; BRONZE,
para assinalar a conquista do Campeonato Brasileiro. Na bandeira, o Conselho
Deliberativo em sessão solene de 29.06.1970, perpetuou oficialmente a figura
lendária de Everaldo na história do clube, quando foi fixada no Pavilhão Tricolor
uma estrela de ouro, assinalando definitiva e perenemente a contribuição do clube,
através da participação deste atleta na conquista pelo Brasil do tricampeonato
mundial de futebol em 1970.

Calçada da Fama

O Grêmio é primeiro clube brasileiro a criar uma “Calçada da Fama”, para
homenagear jogadores que se destacaram na história do clube, alem dos capitães
das maiores conquistas do Grêmio. Esta escolha, foi feita pela primeira vez, em
1996 com participação da Diretoria, Conselheiro Deliberativo e jornalistas. Apartir
de 1999, a cada dois anos, ocorre uma nova seleção de nomes que deverão ser
incluídos na “Calçada da Fama Tricolor”, escolhidos pela Diretoria e pelo
Conselho Deliberativo. Até o momento os contemplados são os seguintes: Adilson,
 Airton, Alcindo, Altemir, Ancheta, Áureo, André Catimba, Baltazar, Calvet, China,
 De León, Dinho, Ênio Rodrigues, Edinho, Foguinho, Iura, Jardel, Jardel,
 Joãozinho, Juarez, Leão, Marino, Mauro Galvão, Mazaropi, Milton, Ortunho,
 Oberdan, Pingo, Renato, Sérgio Moacir, Tarciso, Espinosa , Zinho, Luiz Eduardo,
 Valdo e Sandro Goiano.

 Mascote e Patrimônio


                          Hoje, este estádio ocupa 83 mil metros quadrados, com
                          capacidade para 55 mil espectadores comodamente
                          sentados, porém, já couberam 98 mil pessoas em uma
                          época em que ainda não se observavam as atuais normas
                          de segurança e com a colocação de cadeiras em todo o anel
                          superior. Ainda completam o complexo do estádio, 45
                          camarotes de luxo, 26 cabinas de imprensa,
                          estacionamento interno, piscinas, gramado suplementar,
                          centro administrativo, quadro social, Memorial, lojas
 Grêmiomania. Além disso, a geografia patrimonial do Grêmio inclui uma sede em
 Eldorado do Sul, a poucos minutos de Porto Alegre e futuro Centro de
 Treinamento, já com vários campos de futebol, uma sede recreativa para sócios na
 Ilha Grande dos Marinheiros, o departamento de Remo e o Parque Cristal com 70
 mil metros quadrados, onde funciona a Escolinha de Futebol, hoje com mais de
 2000 alunos inscritos. O Ginásio David Gusmão, foi inaugurado em 17/11/1972, e
 até agosto de 1974, quando teve sua cobertura destruida por um vendaval, foi
 referencia esportiva, social e cultural da cidade, tanto nas atividades esportivas do
 clube quanto nos vários espetáculos que patrocinou como: Festival de Ginástica
 Olímpica, as olímpiadas militares, torneios de Tênis e shows de musica e patinação
 entre outros.



Olímpico Monumental - A Casa do Grêmio
Nome Oficial: Estádio Olímpico Monumental.
Endereço: Largo Patrono Fernando Kroeff nº 1 - CEP 90880-440 -
Bairro Azenha - Porto Alegre/RS - Fone: (51) 3218-2000.
Público Recorde: 98.421 (85.751 pagantes) - 26/04/81 Grêmio x Ponte
Preta - Campeonato Brasileiro.
Camarotes: 40 camarotes com 10 lugares cada. Cinco camarotes com
20 lugares cada.
Tribuna de Honra: 120 lugares especiais
Setores para Deficientes Físicos: Lugar para 28 cadeiras de rodas e 22
acompanhantes.
Salão Nobre do Conselho Deliberativo: auditório com 200 lugares
Vestiários:
Seis vestiários profissionais mais um vestiário de arbitragem. Cinco
com saídas para o campo.
Dimensões do Gramado: 68 x 105m - Tamanho oficial exigido pela
Fifa.
Grama: Bermuda Green (o clube também utiliza a Raygrass
Americana no inverno)
Iluminação:
Seis postes de iluminação.
20 refletores de 1500 watts em cada poste.
Imprensa:
26 cabines duplas fixas mais 50 cabines provisórias.
Duas salas de imprensa
Duas salas para entrevistas coletivas.
Estacionamento: 700 vagas

Inauguração: O Estádio Olímpico foi inaugurado no dia 19 de
setembro de 1954 tendo completado seu cinqüentenário neste ano. O
jogo inaugural foi realizado entre Grêmio e Nacional de Montevideo,
vitória gremista por 2 a 0. Os gols foram anotados pelo atacante Vitor
que entrou para a história por ter marcado o primeiro gol do estádio
gremista.

Olímpico Monumental: Na metade do ano de 1980, o Estádio
Olímpico teve sua construção concluída por completo com o
fechamento da última parte do anel superior. Desde então, a casa
gremista passou a ser conhecida como Olímpico Monumental. Uma
obra grandiosa erguida por uma torcida apaixonada. No dia 21 de junho
de 1980, uma vitória de 1 a 0 sobre o Vasco da Gama em partida
amistosa, marcou a inauguração do Olímpico concluído.
Conheça os Principais Títulos do Grêmio




  CAMPEÃO DA CIDADE DE PORTO ALEGRE - 33 vezes (de 1904 até a sua
  extinção em 1964). anos:1904, 1905, 1906, 1907, 1909 (Taça Wanderpress), 1911,
  1912, 1913, 1914, 1915 (Metropolitanos organizados pelas Ligas e Associações),
  1919, 1920, 1921, 1922, 1923, 1925, 1926, 1930, 1931, 1932, 1933, 1935
  (Metropolitanos classificatórios para o Estadual),1937,1938, 1939 (Especializada),
  1946, 1949, 1956, 1957, 1958, 1959, 1960 e 1964 (Metropolitanos classificatórios
  para o estadual exceto 1964).

  CAMPEÃO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL - 35 vezes (em 81
  participações) anos: 1921, 1922, 1926, 1931, 1932, 1946, 1949, 1956, 1957, 1958,
  1959, 1960, 1962, 1963, 1964, 1965, 1966, 1967, 1968, 1977, 1979, 1980, 1985,
  1986, 1987, 1988, 1989, 1990, 1993, 1995, 1996, 1999, 2001, 2006 e 2007.

  CAMPEÃO DA 1ª COPA SUL-BRASILEIRA - 1999 - Vitória de 1 a 0 sobre o
  Paraná Clube, em Curitiba.

  CAMPEÃO SUL-BRASILEIRO / TAÇA LEGALIDADE - 1962 – Vitória de
  2x1 sobre o Internacional, no Estádio dos Eucalíptos

  Bicampeão do Brasil

  1981 - Vitória de 1 a 0 sobre o São Paulo, no Estádio do Morumbi (SP)
  1996 - Vitória de 2 a 0 sobre a Portuguesa, no Estádio Olímpico
  Vice-campeão em 1982

  Tetracampeão da Copa do Brasil

  1989 - Vitória de 2 a 1 sobre o Sport Recife, no Estádio Olímpico
  1994 - Vitória de 1 a 0 sobre o Ceará, no Estádio Olímpico
  1997 - Empate em 2 a 2 com o Flamengo, no Estádio do Maracanã (RJ)
  2001 - Vitória de 3 a 1 sobre o Corinthians, no Estádio do Morumbi (SP)
  Vice-campeão em 1991, 1993 e 1995




  Supercampeão do Brasil
1990 - Disputa entre o Campeão da Copa do Brasil contra o Campeão Brasileiro de
  1989 (GRÊMIO x VASCO) - Vitória de 2 a 0 no Olímpico e empate de 0 a 0 no
  Estádio de São Januário (RJ)

  Bicampeão da Copa Libertadores da América

  1983 - Vitória de 2 a 1 sobre o Peñarol do Uruguai, no Estádio Olímpico
  1995 - Empate em 1 a 1 com o Atlético Nacional de Medellín, na Colômbia
  Vice-campeão em 1984

  Vice-campeão em 2007

  Campeão do Mundo

  1983 - Vitória de 2 a 1 sobre o Hamburgo SV, da Alemanha, no Estádio Nacional
  de Tóquio/Japão

  Vice-campeão em 1995

  Campeão da Recopa Sul-Americana

  1996 - GRÊMIO - Campeão da Libertadores/95, 4x1 sobre o Independiente -
  Campeão da Supercopa/95.

 Título Mundial




por Márcio Neves da Silva




  As origens do mundial

  Capítulo 1
Henri Delaunay

Primeiro secretário geral da UEFA e secretário do Comitê de Regras de Jogo da
FIFA, o francês Henri Delaunay talvez não pudesse dimensionar, no final da
década de 50, a importância e a grandiosidade que teriam suas criações. Delaunay
foi o idealizador da Eurocopa e do Mundial Interclubes.

Esta última competição tinha como objetivo determinar qual era o melhor clube do
mundo, pelo menos no que se refere aos continentes europeu e sul-americano, em
um confronto direto entre eles. A Europa já tinha a Copa dos Campeões, mas a
América ainda não possuía sua competição interclubes que nasceu em 1960, sob o
comando da Confederação Sul-Americana de Futebol, antecessora da
CONMEBOL. Em homenagem aos heróis da independência do continente, nasceu
a Copa Libertadores da América, que acabou viabilizando a realização do
Mundial.

Falecido dois anos antes, Henri Delaunay não conseguiu acompanhar a
concretização do seu sonho na disputa da primeira edição do Mundial Interclubes,
em 1960: Real Madrid da Espanha contra o Peñarol do Uruguai.

A partir dos anos 50 - e especialmente desde os 70 - muitos talentos do futebol sul-
americano cruzaram o Atlântico para ir jogar em times europeus, mais poderosos e
ricos. Talvez por isso os clubes sul-americanos passaram a dar mais importância à
Copa Intercontinental do que seus adversários. Era uma oportunidade única para
mostrar aos poderosos do Primeiro Mundo que os irmãos pobres da América do Sul
poderiam ser superiores, pelo menos no futebol.




Os capitães de Peñarol e Real Madrid se cumprimentam antes do início da
partida, em 1960

Real Madrid, da Espanha, e Peñarol, do Uruguai, disputaram a primeira final em
1960. As decisões se transformavam em verdadeiras guerras, principalmente
quando a segunda partida era disputada em solo americano. As equipes européias
freqüentemente sofriam com a hostilidade das torcidas e com a agressividade dos
jogadores dentro de campo.
Uma final especialmente traumática ocorreu em 1969, entre Estudiantes de La Plata
(Argentina) e Milan (Itália), a qual resultou em várias expulsões de jogadores
argentinos. Com a desculpa de preservar a integridade dos atletas, somado à falta
de incentivo financeiro, diversos campeões europeus desistiram de participar da
decisão do Mundial; em todos os casos, eles acabaram substituídos pelos vice-
campeões.

As edições de 1975 e 1978 não foram disputadas e a competição começou a correr
o risco de ser extinta até que a empresa japonesa Toyota decidiu patrocinar o
evento, levando a decisão para o Japão e passando a disputa para um jogo único. A
iniciativa agradou aos clubes europeus, que nunca mais desistiram de participar.

De 1960 a 1979, a Copa Intercontinental foi jogada em ida e volta. Entre 1960 e
1968, foi decidida em pontos. Por causa deste formato, era necessário um terceiro
encontro quando as equipes terminavam empatadas. De 1969 a 1979, a competição
adotou o método do gol qualificado com vantagem para quem marcasse fora de
casa. Começando em 1980, a final transformou-se um jogo único.

Até 2000, os jogos foram disputados no Estádio Nacional de Tóquio. A partir de
2001, mudou para o Estádio Internacional de Yokohama, palco da final da Copa do
Mundo de 2002.

Libertadores: o caminho para o Japão


Capítulo 2

Em 1981, o Grêmio conquistou seu primeiro título do Campeonato Brasileiro, com
um gol histórico de Baltazar contra o São Paulo, em pleno Morumbi. A vitória
garantiu, também pela primeira vez, a presença do Clube na disputa pela Taça
Libertadores da América, maior competição entre clubes do continente americano.




Zico segura a taça de campeão do Flamengo, depois da vitória sobre os
ingleses do Liverpool

No mesmo ano, o Flamengo foi o primeiro time brasileiro a sagrar-se campeão do
continente americano e ir ao Japão disputar o Mundial com o Liverpool, da
Inglaterra. No dia 13 de dezembro, o time carioca venceu a disputa e levou a taça
para o Rio de Janeiro.

A repercussão mundial da conquista flamenguista levou outros times brasileiros a
pensarem com mais carinho em investir em bons desempenhos na Libertadores. O
Grêmio, no entanto, não soube aproveitar sua primeira participação no torneio e
acabou sendo eliminado ainda na primeira fase, em um grupo com Defensor
Sporting (URU), Peñarol (URU) e São Paulo. Na época, apenas o primeiro do
grupo seguia na competição.

Segunda chance




Nunes discute com o goleiro gremista Leão, durante a finalíssima de 1982

O Grêmio disputou o Campeonato Brasileiro de 1982 com voracidade, na
esperança de conquistar o bicampeonato. No entanto, o time perdeu a finalíssima
contra o Flamengo, de Nunes, e teve que se contentar com a classificação para a
Copa Libertadores do ano seguinte, em sua segunda participação na competição
continental.

Já com alguma experiência internacional e com o comando do caudilho Hugo de
León dentro do campo, o Grêmio vislumbrou na Libertadores a possibilidade de
alcançar um título inédito para o Rio Grande do Sul. A equipe treinada por Valdir
Espinosa soube se adequar perfeitamente às características de garra, força e entrega
que normalmente têm aqueles times latino-americanos habituados a triunfarem
neste tipo de torneio.

A fórmula de disputa da Libertadores naquela época pode ser considerada muito
mais difícil do que a de hoje em dia. Na primeira fase, em um grupo com quatro
equipes, apenas o primeiro colocado passava para a fase semifinal. Esta fase, por
sua vez, era disputada entre três equipes, com a campeã do grupo se classificando
para a final. Por fim, a decisão era disputada numa melhor de três, ou seja, se cada
equipe ganhasse um jogo, o campeão sairia em uma terceira partida jogada em
campo neutro, normalmente em um país fronteiriço.

Com um planejamento organizado desde o final de 1982, o Grêmio montou uma
equipe que mesclava juventude e experiência, técnica e garra. Sem espaço no
Flamengo de Zico, o meia Tita foi contratado por empréstimo e se tornou uma das
principais figuras do time de Espinosa. Na defesa, De Leon era o xerife e, no
ataque, a experiência de Tarciso com a força e os dribles desconcertantes do jovem
Renato. A fórmula ideal que levou o Tricolor à conquista do título.



Primeira fase
Mazarópi foi um importante reforço para a fase semifinal

Na primeira fase, o Grêmio enfrentou Bolívar e Blooming, respectivamente
campeão e vice-campeão da Bolívia, além do Flamengo, campeão brasileiro.
Graças às duas vitórias em território boliviano, o Tricolor comemorou a
classificação para a fase semifinal com uma rodada de antecipação.

Ainda invicto na competição, o Tricolor contou com um reforço importante para a
fase semifinal: o goleiro Geraldo Pereira de Matos Filho, ou Mazarópi, foi
contratado junto ao Vasco da Gama onde havia conquistado o título carioca de
1982. Sua experiência e a forma enérgica como participava das partidas serviu
como uma luva na equipe gremista. Remi, titular até então,mas que havia mostrado
insegurança em alguns jogos, teve que se contentar com a reserva.



Semifinal
O argentino Estudiantes de La Plata e o colombiano América de Cali foram os
adversários do Grêmio na fase semifinal. Depois de vencer o Estudiantes no
Olímpico por 2 a 1 na abertura da fase, o Grêmio conheceu sua primeira e única
derrota na competição: 0 a 1 contra o América, em Cali

Na partida de volta, o Grêmio deu o troco, vencendo por 2 a 1. Brilhou a estrela de
Mazarópi, que defendeu uma cobrança de pênalti na segunda etapa garantindo a
vitória.




O empate com os argentinos do Estudiantes entrou para a história como a
Batalha de La Plata

Na última partida, a histórica “Batalha de La Plata”, Grêmio e Estudiantes
ficaram no 3 a 3. O Tricolor vencia por 3 a 1 mas os donos da casa chegaram ao
empate mesmo com quatro jogadores expulsos. Uma verdadeira guerra, onde
jogadores, dirigentes e torcedores gremistas sofreram com a hostilidade dos
agressivos argentinos presentes no acanhado estádio de La Plata.
Com este resultado, o Estudiantes enfrentou o eliminado América, em Cali,
precisando de uma vitória para garantir a vaga na final. Na iminência de ficar de
fora da decisão, o então presidente gremista, Fábio Koff, utilizou todo seu prestígio
junto aos dirigentes do clube colombiano para garantir a mobilização necessária
dos jogadores dentro de campo.

Deu certo, um empate sem gols garantiu o Grêmio na grande decisão da
Libertadores contra o tradicionalíssimo Peñarol do Uruguai, que defendia o título
de campeão do torneio e campeão mundial interclubes.

Final
Sempre seguro de si e defensor da teoria de que fazer o primeiro jogo em casa é
melhor, a diretoria do Peñarol dispensou o sorteio que definiria o mando de campo
para a final preferindo que o segundo jogo fosse realizado em Porto Alegre. O
desejo dos uruguaios veio ao encontro do que queria a diretoria gremista.

No dia 22 de julho, em Montevidéu, as duas equipes entraram no gramado de um
místico Estádio Centenário lotado para dar início à decisão da 24º edição da
Libertadores. O Peñarol, querendo fazer escore, e o Grêmio tentando segurar o
ímpeto charrua.




Tita escora escanteio de Tarciso e faz o primeiro gol do Grêmio

Logo no início, o meia Tita abriu o marcador para o Tricolor depois de escanteio
cobrado por Tarciso da esquerda. Grêmio 1 a 0. Na base da raça, o Peñarol chegou
ao empate ainda na primeira etapa com Fernando Morena.

A pressão dos uruguaios em busca da vitória durou até o final mas o Grêmio foi
guerreiro e conseguiu assegurar um empate maiúsculo em território inimigo,
bastante comemorado por todos os gremistas. Bastava agora uma vitória simples no
Olímpico para que o título não saísse de Porto Alegre. O sonho de Tóquio estava
cada vez mais próximo.

Porto Alegre parou no dia 28 de julho de 1983 e voltou as atenções para o Estádio
Olímpico onde, à noite, Grêmio e Peñarol faziam o segundo jogo da final da Copa
Libertadores. Quem vencesse garantiria o título. Um novo empate levaria a decisão
para um terceiro jogo em campo neutro na cidade de Buenos Aires.



Desde o início, o Tricolor transformou o gigantesco apoio de sua torcida em
superioridade dentro de campo. O primeiro gol não demorou a sair: Osvaldo entrou
pela esquerda e chutou cruzado. A bola passaria na frente do gol mas Caio
apareceu e empurrou para as redes

Atrás no marcador, os uruguaios não mediram esforços para chegar ao empate e,
apesar de grande atuação do setor defensivo gremista, marcaram no início da etapa
final. Fernando Morena, de cabeça depois de cobrança de falta da direita, fez 1 a 1.




Também de cabeça, o atacante César sela o resultado: Grêmio campeão da
América
O gol abalou a equipe gremista que demorou um pouco até colocar a cabeça no
lugar e voltar a fazer prevalecer sua superioridade. Aos 32 minutos, Renato recebeu
ao lado da área, pela direita, e cruzou. O atacante César, que havia entrado no
lugar de Caio, mergulhou de cabeça e marcou o gol da vitória gremista. Loucura no
Estádio Olímpico!

O único vermelho de destaque em Porto Alegre, nos dias seguintes, era o sol
nascente representado na bandeira do Japão. O Grêmio estava garantido em Tóquio
para enfrentar o Hamburgo na decisão do Mundial Interclubes de 1983.

Como o Hamburgo chegou a Tóquio

Capítulo 3




Felix Magath, autor do gol da vitória, levanta a taça de campeão da Europa

Com uma grande torcida, mas com pouca tradição no futebol, o Hamburg Sport-
Verein, da cidade de Hamburgo, ainda podia ser considerado um clube emergente
dentro da Europa. Fundado em 1887 (o clube mais antigo da Alemanha), na
segunda maior cidade do país, possuía apenas seis títulos nacionais no currículo, o
último deles exatamente em 1982, quando garantiu vaga na Copa dos Campeões do
ano seguinte.

Neste ano, foi vice-campeão da Copa da Uefa, perdendo para o Gotemborg, da
Suécia. Em 1968 perdeu para o Milan a Recopa européia, chegando ao título em
1977, ao bater o Anderlecht belga.
Ao contrário do que todos esperavam, o time alemão foi a grande zebra da mais
importante competição européia da temporada 82/83, deixando pelo caminho
adversários sem muita tradição. Talvez por isso tenham triunfado. Naquela época, a
fórmula de disputa era diferente da atual, com confrontos eliminatórios de ida e
volta que lembram a nossa Copa do Brasil.

Na grande decisão, realizada no dia 25 de maio de 1983, no Estádio Olímpico de
Atenas, na Grécia, o Hamburgo bateu por 1 a 0 a poderosa Juventus da Itália, de
Michel Platini e base da seleção italiana campeã mundial no ano anterior. O gol foi
marcado aos 9 minutos por Felix Magath (na foto levantando a taça do título), a
principal estrela da equipe.

O Hamburgo, treinado pelo austríaco Ernst Happel, jogou com Stein; Kaltz,
Jakobs, Hieronymus e Wehmeyer; Groh, Rolff, Bastrup (Heesen) e Magath;
Milewski e Hrubesch. A Juventus, do técnico Giovanni Trapattoni, atuou com Zoff;
Gentile, Brio, Scirea e Cabrini; Bonini, Platini, Tardelli e Boniek; Bettega e Paolo
Rossi (Marocchino).

Confira abaixo como foi a campanha do Hamburgo na Copa dos Campeões, que
garantiu a presença do clube em Tóquio para enfrentar o Grêmio:

  Data         Local                  Partida
  Primeira fase
  15/09/82     Berlim/ALE             Dynamo 1 x 1 Hamburgo
  29/09/82     Hamburgo               Hamburgo 2 x 0 Dynamo
  Oitavas-de-final
                                      Hamburgo        1     x     0
  20/10/82      Hamburgo
                                      Olympiakos
                                      Olympiakos       0    x     4
  03/11/82      Pireus/GRE
                                      Hamburgo
  Quartas-de-final
                                      Dinamo Kiev 0 x 3
  02/03/83      Tbilisi/GEO*
                                      Hamburgo
                                      Hamburgo 1 x 2 Dinamo
  16/03/83      Hamburgo
                                      Kiev
  Semi-final
                San                   Real Sociedad 1 x 1
  06/04/83
                Sebastian/ESP         Hamburgo
                                      Hamburgo 2 x 1 Real
  20/04/83      Hamburgo
                                      Sociedad
  Final
  25/05/83      Atenas/GRE            Hamburgo 1 x 0 Juventus

*Mesmo sendo de Kiev, o Dinamo mandou seu jogo em Tbilisi, atual Georgia


Operação Tóquio: 136 dias de preparação

Capítulo 4
Desde a conquista da Libertadores, no dia 28 de julho, até a final do Mundial, no
dia 11 de dezembro, o Grêmio teria exatos 136 dias para se preparar. Foi uma
verdadeira maratona, com 40 jogos neste período, mesclando a equipe titular e a
reserva.

Equipe titular que havia sofrido uma baixa importante. Nem mesmo a vaga
assegurada na grande decisão de Tóquio foi suficiente para que o meia Tita
desistisse da idéia de retornar ao Flamengo após a conquista da Libertadores.
Eterno reserva de Zico no time da Gávea antes de ser emprestado ao Grêmio,
Milton Queirós da Paixão, o “Tita”, viu na venda do Galinho de Quintino para a
Udinese da Itália a grande chance de assumir a camisa 10 do rubro-negro carioca,
um antigo sonho. A vontade do jogador aliada à pressão do Flamengo por seu
retorno tornou impossível manter o atleta no Olímpico.




Mário Sérgio e Paulo César Caju, as novas armas do Grêmio para a decisão
em Tóquio

Com a iminente perda de um dos seus principais jogadores na campanha da
Libertadores, o Grêmio tratou de buscar um substituto a altura. Acabou trazendo
não apenas um, mas dois substitutos: os experientes Mário Sérgio e Paulo César
Caju. Este último já havia atuado pelo Tricolor em 1979, vencendo o Estadual.

Mário Sérgio atuava pela Ponte Preta, e Paulo César foi trazido do Aix em
Provence, equipe do futebol francês. Estavam aí os dois reforços visando a final de
Tóquio que fizeram a torcida esquecer Tita.

Toquiomania
Após a conquista da Libertadores, a palavra “Tóquio” passou a fazer parte do
cotidiano dos gremistas, e a conquista do Mundial, no final do ano, virou uma
verdadeira obsessão. Não só para os dirigentes e jogadores do Tricolor mas,
principalmente, para a torcida.

Torcedores começaram a se mobilizar para fazerem parte deste momento
inesquecível em solo japonês. Muitos trataram de vender bens pessoais para juntar
os quase 3 milhões de cruzeiros (3 mil dólares) em um pacote de sete dias e vôo
charter oferecido por diversas empresas de turismo da capital gaúcha.

Quem não tinha condições, tratava de se associar ao clube na esperança de ser
sorteado com uma das 80 passagens oferecidas em uma promoção de marketing
organizada pelo Grêmio com o objetivo de chegar aos 80 mil sócios no ano em que
completava 80 anos.
O Sol nascente da enorme bandeira japonesa começou a chamar atenção entre
o azul da Super Raça Gremista

Nos jogos disputados após a conquista da América, uma gigantesca bandeira do
Japão destoava das demais no meio da torcida organizada Super Raça Gremista.

As coisas do Japão passaram a significar símbolo de status entre a coletividade
gremista. O consulado japonês em Porto Alegre, normalmente absorto em sua
tranqüilidade habitual, passou a receber diariamente a visita de dezenas de
torcedores em busca de informações sobre o país do sol nascente. Sair de lá com
um simples panfleto já era suficiente. Até mesmo o restaurante Sakae´s, na época o
único de culinária nipônica do estado, dobrou o número de clientes.

Tudo graças à “Toquiomania” que tomou conta dos gremistas. Um envolvimento
emocional impressionante visando a decisão do Mundial. Algo jamais visto na
história do Clube. Estava criado um quadro de otimismo e motivação que, somado
à indiferença dos alemães do Hamburgo, trazia a certeza da vitória.

Operação Tóquio

Em meio à disputa do Campeonato Estadual, a direção gremista resolveu instalar a
“Operação Tóquio”, dando completa atenção à partida com o Hamburgo.
Inevitavelmente, a competição estadual passou a ter um grau de importância bem
menor do que o habitual e o clube optou por utilizar uma equipe reserva na fase
decisiva da competição. A decisão acabou alijando com as possibilidades do
Tricolor de retomar a hegemonia estadual e o clube ficou na terceira colocação,
atrás de Inter e Brasil de Pelotas.




Para fugir do clima de euforia da capital, o Grêmio se refugiou na cidade de
Gramado, na Serra gaúcha

Entre as ações da direção gremista, houve um esquema de acompanhamento a
fundo da equipe alemã, com o apoio da imprensa gaúcha e de gremistas radicados
na Alemanha e uma excursão pela América Central. Com a proximidade da viagem
para Tóquio, a diretoria gremista decidiu afastar o grupo da euforia que tomava
conta dos torcedores gremistas em Porto Alegre e concentrou a delegação na cidade
de Gramado, na Serra Gaúcha. Longe da agitação, o grupo trabalhou forte sob o
comando do preparador físico Ithon Fritzen.




Osvaldo, lesionado, era uma das dúvidas para Tóquio

Em um dos trabalhos, Mário Sérgio sofreu uma lesão na região glútea após uma
queda e passou a ser dúvida. Além da lesão, o jogador acabou atingido por uma
séria infecção intestinal responsável por uma debilitação física. Outro problema
era Osvaldo, sentindo dores na coxa.

Após o período em Gramado, o Grêmio desceu a serra para um último
compromisso antes do início da viagem marcada para a tarde de segunda-feira. No
sábado, a equipe reserva havia sido derrotada pelo Brasil de Pelotas, no Bento
Freitas, dando adeus ao campeonato gaúcho, e no domingo, no Olímpico, em um
amistoso de despedida, o time principal acabou derrotado pelo Novo Hamburgo
pelo placar de 1 a 0.

O resultado não abalou a confiança da torcida gremista que prometeu lotar o
aeroporto Salgado Filho antes do embarque.

O papel da imprensa na decisão

Capítulo 5

Com a grande mobilização no Estado e o interesse da torcida gremista em conhecer
um pouco mais sobre o Japão e o inimigo do dia 11 de dezembro, a imprensa
gaúcha teve papel importante no sentido de traze para o torcedor dados minuciosos
sobre o País do Sol Nascente e sobre a equipe alemã

Rádio Gaúcha e Rádio Guaíba, as duas principais emissoras do Estado na época,
destinaram correspondentes para acompanhar de perto o dia-a-dia do Hamburgo às
vésperas de decisão. No dia 07 de dezembro, as duas emissoras transmitiram ao
vivo a derrota do Hamburgo, em casa, por 2 a 0, contra o Stuttgart pelo campeonato
alemão. Foi o último jogo antes do embarque da delegação rumo à Tóquio.



Como não poderia deixar de ser, a repercussão foi muito grande entre a
coletividade gremista que acompanhou atentamente o relato de como jogava o
inimigo do Grêmio. Por estes e outros acontecimentos, a imprensa esportiva do Rio
Grande do Sul é a melhor do país e uma das melhores do mundo.

Belmonte, repórter em Tóquio

Capítulo 6




A Caldas Júnior, empresa responsável pela rádio e TV Guaíba e pelo jornal Correio
do Povo, decidiu se antecipar aos fatos e enviou um repórter ao Japão 4 meses
antes da grande final. Em agosto, o jornalista João Carlos Belmonte, atualmente
na Bandeirantes de Porto Alegre, desembarcava em Tóquio com a missão de levar
aos gaúchos um pouco da cultura japonesa e da expectativa do povo local pela
partida.

Belmonte conversou com Grêmio.Net e contou como foi esta verdadeira aventura.

Belmonte: Realmente foi uma aventura, chegar em um país desconhecido. Não
tínhamos a mínima idéia do que iríamos encontrar, era uma novidade para todo
mundo, tanto para nós quando para o torcedor do Grêmio que queria saber de tudo.

Passei quase um mês como correspondente da Caldas Júnior com a missão de
enviar ao Brasil reportagens diárias, que eram publicadas no Correio do Povo.
Além disso, fizemos um acordo com uma TV japonesa e colhemos mais de 3 horas
de imagens que posteriormente viraram um programa de uma hora e meia,
apresentado na TV Guaíba, falando sobre a cidade, os costumes, o Estádio
Nacional, o hotel do Grêmio, etc. O sucesso foi tão grande que a Guaíba teve que
reapresentar a pedido dos torcedores gremistas.

Grêmio.Net: E como foi este intercâmbio com os japoneses?

Belmonte: Os japoneses também tinham muita curiosidade sobre nós. Quem eram
aqueles habitantes do Cone Sul que viriam jogar em Tóquio? Levei vários
presentes pra eles, como camisa do Grêmio, bandeiras, discos... Os japoneses
adoram presentes.

Entramos em um acordo para que eles nos ajudassem com a gravação de matérias
sobre Tóquio e, em troca, eles viriam a Porto Alegre e nós ajudaríamos com
matérias sobre nossa cidade.

Fiz uma recepção em minha casa, com um churrasco assado pelo Érico Sauer.
Eram jornalistas de uma TV contratados pela Toyota, patrocinadora do jogo.
Ficaram espantados com o tamanho do meu pátio e com a quantidade de carne que
comemos (risos). A Caldas Júnior conseguiu hospedagem de graça no Hotel
Everest. Lá em Tóquio, em troca, ficamos de graça no mesmo hotel da delegação
gremista.

Grêmio.Net: Como foi a preparação da emissora para a transmissão do jogo?

Belmonte: Cheguei uma semana antes para preparar os detalhes da transmissão.
Alugamos, em segredo, um satélite 24 horas para a transmissão da partida pela
Rádio Gaúcha. Em troca da assistência técnica, liberamos o nosso áudio, com a
narração do Armindo Ranzolin, para que fosse reproduzido pela TV japonesa.

Grêmio.Net: Então o Japão acompanhou o jogo com a narração em português?

Belmonte: Exatamente. Provavelmente algum japonês deveria falar alguma coisa
em cima da voz do Ranzolin, mas a transmissão foi em português. Curioso é que a
TV japonesa não estava acostumada a transmitir futebol e colocou no ar só os 90
minutos. Deixaram a prorrogação de lado. Isso sem falar que colocavam
propagandas no meio do jogo (risos). Tenho um conhecido que, lá no Japão,
comprou um DVD deste jogo com a narração da Guaíba.

Grêmio.Net: Qual a importância de uma experiência como esta para um jornalista?

Belmonte: É uma experiência fantástica. Entra para o currículo. Tanto é que
sempre que apresento meu currículo, além de destacar as sete copas do mundo de
que participei, destaco também essa conquista do Grêmio. Foi uma coisa
inesquecível.

Banha, massagista do Mundial

Capítulo 7




Alvaci Silva de Almeida, conhecido no meio futebolístico como “Banha”, é
presença constante nos pôsteres das principais conquistas da história do Grêmio.
No Clube desde 1964, quando tinha 21 anos, Banha era o responsável pelo
relaxamento muscular dos atletas. Por motivos de saúde abandonou a função no
final da década de 90.

Conversando com os amigos nas dependências do Olímpico, Banha atendeu
o Grêmio.Net para falar um pouco sobre a histórica conquista de 1983.

Grêmio.Net: Qual o momento mais marcante daquele conquista no Japão?

Banha: Foi quando o juiz apitou o final de jogo e a festa começou no estádio.
Depois continuou no ônibus, no hotel. Tudo com muito champanhe.
Grêmio.Net: Você conheceu quase o mundo todo com o Grêmio mas uma viagem
tão longa e cansativa como esta foi a primeira vez. Como foi o vôo até Tóquio?

Banha: Foi tranqüilo. Conversamos bastante, jogamos carta, tomamos chimarrão.
Na época eu pesava 143 Kg e o pessoal caiu na minha cabeça porque eu não
conseguia fechar o cinto de segurança. A aeromoça teve que trazer outro pedaço de
cinto para poder fechar. Era complicado ir ao banheiro também. Muito apertado
(risos).

Grêmio.Net: Você já foi quatro vezes com o Grêmio ao Japão mas em 1983 era a
primeira vez. Como foi esse primeiro contato com tão diferente cultura?

Banha: Parecia que eu estava em outro mundo. Era completamente diferente do
que eu estava acostumado. Uma tecnologia muito desenvolvida. Para atravessar a
rua, havia um aparelho sonoro para ajudar os cegos a atravessarem. Impressionante.

Grêmio.Net: Houve alguma dificuldade de comunicação no dia-a-dia com os
japoneses?

Banha: Não. Nenhum. O Grêmio pensou em tudo e, no hotel, haviam quatro ou
cinco intérpretes à disposição da delegação. Se a gente queria sair pra fazer
compras, sempre éramos acompanhados por um deles. Fiquei responsável por fazer
feijão para os jogadores e até mesmo na cozinha havia um intérprete pra me ajudar.

Grêmio.Net: Como foi a expectativa antes da partida?

Banha: Uma ansiedade muito grande. Trabalhei direto com o Osvaldo. Ele viajou
sentindo dores e fizemos um tratamento intensivo. De manhã, de tarde e de noite.
Só na véspera da partida que ele acordou sem dor e acabou sendo uma das grandes
figuras da conquista.

Grêmio.Net: No momento em que o Hamburgo empatou o jogo, você estava
atendendo o Renato, com câimbras, na beira do gramado. Como foi aquele
momento?

Banha: Quando o Hamburgo fez o gol, nós gelamos. O Renato se levantou
rapidamente e voltou para o campo dizendo “vamos ganhar, vamos ganhar”.
Graças a Deus ele conseguiu fazer o segundo gol na prorrogação. A equipe já
estava cansada física e mentalmente e o gol veio na hora certa.

Grêmio.Net: Você ainda mantém contato com o pessoal daquela época?

Banha: Claro. Tenho contato com o Hélio (roupeiro), meu companheiro de Grêmio
por 40 anos. O Tarciso, o Paulo Roberto. Até mesmo com o De Leon, na época em
que ele estava treinando o Clube. Todos que andam pela área a gente encontra e
pára para bater um papo.



Valdir Espinosa, aposta vitoriosa
Capítulo 8




Valdir Ataualpa Ramirez Espinosa. Hoje em dia, o nome de um técnico
consagrado dentro do futebol brasileiro. Em 1983, com apenas 36 anos de idade,
um profissional em início de carreira em busca de oportunidade para mostrar sua
competência.

A oportunidade foi dada pelo Grêmio de Fábio Koff que, com sua visão futurista,
acreditou nas potencialidades daquele jovem treinador que, anos antes, havia
defendido o Grêmio como jogador. Com aval da direção, Espinosa assumiu no
início do ano, durante a pré-temporada em Gramado. Começava ali um dos
trabalhos de maior sucesso de um treinador no comando do Clube.


Por telefone, direto de Fortaleza, Espinosa atendeu a reportagem de Grêmio.Net e
falou sobre aquele inesquecível momento em Tóquio.

Grêmio.Net: Quando você assumiu o Grêmio, tinha alguma idéia de que poderia
chegar até onde chegou conquistando o Mundial Interclubes?

Espinosa: Eu tenho muito medo de avião e lembro que no dia da minha
apresentação, em Gramado, falei para os jogadores no vestiário: “Façam uma
sacanagem comigo. Me levem a Tóquio no fim do ano”. Não sei se eles tinham
essa real idéia mas a verdade é que chegamos lá.

Grêmio.Net: Mas quando você foi contratado, a direção gremista já tinha esse
objetivo de chegar ao Japão no final do ano?

Espinosa: Sim. Quando fui contratado, junto com outros companheiros, o Fábio
Koff foi bem claro e disse: “Estes são os contratados e nós temos um título mundial
para disputar no final do ano”.

Grêmio.Net: Qual a importância desta conquista para sua carreira que estava
começando?

Espinosa: Se até hoje são poucos os clubes que chegaram a esta conquista no
Brasil, também são poucos os treinadores. Valoriza muito o currículo de qualquer
profissional. Ele fica muito mais forte. E a importância aumenta quando você
conquista um título desta grandeza defendendo o time que você torce.
Grêmio.Net: Como foi a preparação com relação ao Hamburgo? Como foi feito
para tomar informações sobre o adversário?

Espinosa: Naquela época não tínhamos a facilidade que temos hoje em dia.
Conseguimos apenas uma fita com a gravação de um jogo do Hamburgo trazida da
Alemanha por um comandante da Varig que era gremista. Eu e o Ithon Fritzen
fomos para Hamburgo ver uma partida contra o Werder Bremen. O
acompanhamento da imprensa gaúcha também foi importante. Houve uma
cumplicidade muito grande por parte de todo mundo. Não era só o Grêmio que
estava em jogo, era o futebol brasileiro.

Grêmio.Net: Qual a principal lembrança que você tem daquela conquista?

Espinosa: São duas lembranças: antes do início da prorrogação, o De Leon, que era
o capitão, chegou pra mim e disse: “Fica tranqüilo. Lá na área ninguém mais vai
cabecear”.Ouvindo isso, o Renato chegou pra mim e falou: “Se lá atrás a defesa
garante, pode deixar que lá na frente eu vou arrebentar”.

Grêmio.Net: Qual foi o momento mais difícil?

Espinosa: O gol do Hamburgo. O jogo já estava no final e isso levaria a decisão
para uma prorrogação. Mas depois do que escutei do De Leon e do Renato não
perdi a confiança.

Grêmio.Net: Quando você teve a certeza de que o título seria nosso?

Espinosa: A gente sempre acreditou. O grupo era extraordinário. Com uma grande
qualidade técnica, força e determinação. Talvez uma das maiores equipes que o
Grêmio já teve em sua história. Nós não fomos para Tóquio para apenas disputar
um jogo, fomos para buscar o título.

Grêmio.Net: Como era sua relação com os atletas?

Espinosa: Havia uma amizade muito grande e muito respeito. Evidente que a
experiência não é a mesma que tenho hoje mas sempre houve muito respeito. Tanto
por parte dos jogadores quanto por parte do Koff, dos médicos, do Verardi. Havia
uma cumplicidade muito grande e uma entrega por parte de todos.

Grêmio.Net: Você tem alguma história curiosa vivida neste período no Japão que
possa ser relembrada?

Espinosa: Logo após o final do jogo, eu, o De Leon e o Renato, que havia sido
eleito o melhor em campo, permanecemos no estádio para a entrevista coletiva
enquanto o resto do grupo ia para o hotel. Quando chegamos de volta ao hotel,
chamei todos os jogadores para o meu quarto e pedi três champanhas para
comemorar. Quando o japonês trouxe a conta eu me apavorei. Não tinha como
pagar. Chamei o Koff e disse: “Presidente, assina essa conta aqui pra mim”. Ele
disse: “Tá bom. Deixa comigo”. (Risos) Isso que foram só três champanhas.
Imagina se tivesse pedido mais?

Renato, o nome da decisão
Capítulo 9




Jovem. Impetuoso. Ousado. Vencedor. Os adjetivos caracterizam Renato
Portaluppi, a principal figura do Grêmio na conquista do Mundial Interclubes de
1983. Com sua técnica, força e habilidade, deixou de queixo caído alemães e
japoneses que ainda não conheciam suas arrancadas e seus dribles desconcertantes
pela ponta direita.

Se aproveitando deste fator surpresa, Renato deitou e rolou em cima dos
truculentos zagueiros do Hamburgo e marcou os dois gols da vitória gremista. O
menino que trabalhava como padeiro deixou a pequena cidade de Bento Gonçalves,
na serra gaúcha, para se perpetuar na história como o jogador mais importante que
já vestiu o manto tricolor.

Por telefone, Grêmio.Net conversou com Renato e relembrou os principais
momentos daquela conquista inesquecível.

Grêmio.Net: Qual a principal lembrança que você tem daquela conquista no
Japão?

Renato: Sem dúvida foram os dois gols que eu fiz. Foi uma emoção muito grande
ver a alegria de todo mundo. É até difícil descrever e destacar um momento em
especial.




Grêmio.Net: Em qual momento do jogo que você sentiu que o Grêmio ganharia o
título?
Renato: Foi no fim dos 90 minutos. Eu estava com câimbras, o China estava com o
tornozelo inchado, tinha mais alguém que estava sentindo também. Mesmo assim, a
galera tava afim de voltar para o jogo e voltar com tudo. Ali senti que levaríamos o
título.

Grêmio.Net: Quando o Hamburgo chegou ao empate, no final de jogo, você estava
com câimbras fora de campo. O que você sentiu naquele momento? Chegou a
temer que a vitória poderia escapar até porque o grupo estava sentindo bastante no
aspecto físico?

Renato: Foi um momento complicado. Cheguei a temer se eu não voltasse para o
gramado. Felizmente o Banha (massagista) fez uma massagem esperta e me deixou
na boa.

Grêmio.Net: Você foi escolhido o melhor em campo e recebeu um carro da
Toyota. O que foi feito com o carro?

Renato: Havíamos combinado que se alguém ganhasse o carro, pegaria o valor em
dinheiro e dividiria com o resto do grupo ou ficaria com o carro tirando o dinheiro
do bolso para dividir com o pessoal. Eu optei pela primeira: peguei o dinheiro e
dividi com o grupo.

Grêmio.Net: Você tem alguma história particular vivenciada durante esta estada
no Japão que possa dividir com o pessoal do site?

Renato: Foi um período muito legal. Os japoneses são gente finíssima e nós
sacaneávamos eles direto. Mas me lembro de uma história em particular: na manhã
de domingo, dia do jogo, antes da saída para o estádio, um dos intérpretes
fornecidos pela Toyota tentou reunir o Espinosa e o treinador do Hamburgo (Ernst
Happel) para uma foto no saguão do hotel. O técnico deles recusou o convite
dizendo que não conhecia ninguém do Grêmio e que estava com pressa de sair para
o estádio para ganhar o título e ir embora pra casa. Isso me irritou demais. Depois
que eu fiz o segundo gol, corri para frente dele e gritei: “agora você conhece o
Grêmio”. O interprete estava ao lado e traduziu na hora.

Fábio Koff, o presidente do Mundial

Capítulo 10
Neste trabalho de pesquisa, com relatos emocionantes e exclusivos de quem
vivenciou aquela decisão de Tóquio, não poderia faltar a participação de uma das
pessoas mais importantes e decisivas. Fábio André Koff iniciou 1983 projetando o
final do ano com a conquista do Mundial. Pouca gente acreditava, mas Koff fez
prevalecer suas convicções e concretizou seu sonho maior de voltar ao Brasil
carregando a taça de campeão mundial.

Pelo telefone, Koff atendeu a reportagem de Grêmio.Net para compartilhar com
todos os gremistas um pouco desta experiência inesquecível.

Grêmio.Net: Quando o senhor acreditou que o Grêmio seria campeão do mundo?

Koff: No primeiro ano como presidente, em 1982, o Grêmio vinha de um vice-
campeonato brasileiro e de uma Libertadores com resultados ruins. No fim do ano
aceitei a reeleição porque eu tinha uma premonição, ou um palpite, de que seríamos
campeões do mundo. E não disse isso brincando. Eu estava apostando tudo nisso.
(pausa) Também não é difícil ter premonição desse tipo com um jogador como o
Renato no time (risos). Aceitei a reeleição e tivemos tempo e tranqüilidade para
montarmos uma equipe com características de um time valente para a disputa de
uma Libertadores e de um Mundial. Tudo com critério e convicção.

Grêmio.Net: A contratação do Espinosa no início de 1983 também fez parte desta
convicção?

Koff: Fez. No final de 1982 o Ênio Andrade decidiu por sair do Grêmio dizendo
que seu ciclo já havia terminado. Foi então que, juntamente com o Alberto Galia,
decidimos apostar no Espinosa para comandar um projeto que terminaria, dentro da
nossa expectativa, em dezembro, em Tóquio. Jamais deixamos de acreditar nisso.

O curioso é que, dez anos depois, assumi o Grêmio outra vez com essa mesma
convicção, esse mesmo palpite, e acabamos voltando a Tóquio em 1995.

Grêmio.Net: Como foi a preparação do grupo para aquele jogo de Tóquio?

Koff: Depois da conquista da Libertadores, ficamos focados apenas nesse jogo.
Mandei o Espinosa e o Ithon para a Alemanha onde eles acompanharam jogos do
Hamburgo. Na época, tínhamos muito pouco material então achamos importante
acompanhar de perto. O Espinosa é muito inteligente e pensou muito bem o jogo.

Grêmio.Net: O que vocês conheciam do Hamburgo?

Koff: Tudo que eu conhecia era pela literatura e algumas informações que
conseguíamos através de amigos. Depois o Espinosa foi lá ver. Ele sempre esteve
bem informado além de ser um estudioso.
Koff exibe a taça do Mundial ao chegar no aeroporto, em Porto Alegre

Grêmio.Net: Qual foi o momento daquele jogo em que o senhor teve a certeza do
título?

Koff: Só fui ter certeza depois do segundo gol do Renato. Aí pensei: “agora nunca
mais”.

É bom registrar para que todo mundo saiba que agora a Fifa reconheceu o Grêmio
como campeão do mundo. Estamos lá na galeria dos melhores do mundo. Muita
gente dizia que havíamos ganhado uma competição não oficializada.

Grêmio.Net: O senhor tem alguma história curiosa, peculiar, desta viagem ao
Japão que possa ser relembrada?

Koff: O Alberto Galia sempre foi muito religioso, crente. Um dia fomos visitar o
templo de Buda, em Tóquio. No altar havia uma fumaça que ficava ali permanente.
O Galia começou a agarrar aquela fumaça com as mãos e a passar por todas as
partes do corpo. Todas mesmo. Meio que constrangido ele olhou pra mim e disse
que era para dar sorte. Mesmo com aquele jeito de brincalhão, a gente sabia que no
fundo o desejo era esse. E deu certo.

Grêmio.Net: Será que tem como descrever a sensação de ser um presidente
campeão do mundo e a emoção de chegar em Porto Alegre carregando a taça?

Koff: Não. Isso é indescritível. Quando a gente está no estádio, em um país
distante, com tudo muito diferente, a gente fica com a euforia um pouco contida,
sem poder extravasar. Só lamentávamos em não estar em Porto Alegre naquela
hora. Mas esse sentimento foi compensado quando chegamos no aeroporto. Ver
aquelas pessoas na rua, a cidade parada, o desfile da delegação, a recepção no
Palácio Piratini... Um momento indescritível. Fico feliz por ter contribuído com
isto e ter vivido este momento.

Viagem até o outro lado do Mundo

Capítulo 11

Dia 05 de dezembro de 1983, segunda-feira, 17h30, um vôo da Varig levando 170
passageiros, entre eles os atletas gremistas, decolava do aeroporto Salgado Filho,
em Porto Alegre, tendo como destino final o aeroporto de Narita, no Japão. Com
eles, embarcava a esperança de milhares de torcedores ansiosos com a decisão do
Mundial Interclubes.

A despedida emocionada de centenas de gremistas no aeroporto da capital gaúcha
fez com que o início de viagem fosse marcado por um clima de alegria e confiança.
Ninguém demonstrava preocupação com o desgastante vôo.

Porto Alegre - Rio de Janeiro – Lima

A primeira parada foi no Rio de Janeiro, onde a delegação trocou para um avião
maior. No mesmo vôo, embarcaram os jogadores do time Estrelas da América, uma
equipe com atletas e ex-atletas da América do Sul que faria jogos amistosos nos
Estados Unidos.

As presenças de Rodolfo Rodriguez, Romerito, Rodrigues Neto, Carlos Alberto
Torres e Figueroa, entre outros, causou rebuliço no avião. O zagueiro chileno, ex-
Internacional, foi alvo das brincadeiras de gremistas e acabou tendo que vestir uma
camisa do Grêmio, para alegria dos fotógrafos.




O carteado foi o passatempo predileto dos gremistas e passageiros em geral

O carteado foi a principal distração encontrada pelos passageiros para ocupar o
longo tempo ocioso dentro da aeronave. Jogos animados entre atletas, torcedores e
diretoria ocupavam as atenções dos demais. Poucos permaneciam em seus lugares,
e a caminhada pelos corredores foi a alternativa para a bem-vinda esticada de
perna. Depois da janta e com a chegada da madrugada, as luzes foram apagadas e a
maioria, derrotada pelo cansaço, caiu no sono.

A chegada em Lima ocorreu por volta das 3h30 de terça-feira, com escala de uma
hora para reabastecimento. Alguns passageiros se aventuraram a descer do avião
para fazer compras no aeroporto, mas prontamente retornaram de mãos vazias
reclamando dos altos preços cobrados pelos comerciantes locais.

Lima - Los Angeles – Narita

Por volta das 10h de terça-feira, dia 6, já com o sol brilhando do lado de fora da
janela, foi servido o café da manhã. Muitos já estavam de volta ao carteado,
acompanhado do chimarrão. O avião se aproximava de Los Angeles, nos Estados
Unidos, local da última escala antes do trecho mais longo da viagem.

Com o aeroporto de Los Angeles em reforma, os passageiros tiveram que aguardar
em um local improvisado, dentro de um galpão inflável, até o anúncio da saída da
nova aeronave. Dali para o Japão seriam mais 11 horas de vôo.
A constante mudança no fuso horário acabou confundindo todo mundo. A
discussão a respeito do horário durou um bom tempo. Uns tinham mudado o
relógio para o horário do Peru, outros para os Estados Unidos, mas a maioria optou
por não mexer. Na verdade, a discussão foi só mais um pretexto para passar o
tempo.

O técnico Valdir Espinosa, sabidamente temeroso quando entra num avião, já
deixara de ser o alvo das brincadeiras. Acostumado com os barulhos das turbinas e
com as turbulências, passou algumas horas na cabine de comando, onde recebeu
uma aula de pilotagem.

De León, Mazarópi, Caio, Tonho e o próprio Espinosa, contavam com a presença
de suas esposas no vôo. Uma concessão da diretoria gremista após apelo de
Margarita, esposa do capitão uruguaio.




Enfim, depois de intermináveis 36 horas de viagem, o avião levando a delegação
gremista (foto) aterrissou no aeroporto de Narita, no Japão. Eram 2h da manhã de
quarta-feira no Brasil, 14h no Japão.

Treinamentos em Tóquio

Feito todo o trâmite de entrada no país, a delegação gremista sofreu o primeiro
choque cultural tendo em vista o avanço tecnológico e as modernidades japonesas.
Isso sem falar no idioma. Nenhum letreiro que não tivesse a tradução para o inglês
poderia ser identificado.

Sensível a estes problemas, a Toyota, patrocinadora do Mundial, colocou cinco
tradutores à disposição da delegação 24 horas por dia. Com a ajuda deles, todos os
problemas de alfândega foram solucionados até a delegação embarcar em um
ônibus especial com destino ao local da concentração, no centro de Tóquio.
Um grande contingente de brasileiros aguardava no saguão do Hotel Prince pela
chegada da delegação gremista. O trajeto de Narita até o hotel durou
aproximadamente duas horas, um sacrifício pequeno para quem já havia passado 36
horas em deslocamento. A recepção foi carinhosa, ao estilo japonês, e animada, ao
estilo brasileiro.

A grande maioria dos gremistas preferiu subir para os quartos para tomar banho e
descansar em uma cama de verdade. O delicioso jantar foi servido às 20h15,
horário local. Uma hora depois, a programação distribuída pelo clube anunciava
que os atletas deveriam se recolher aos aposentos. O principal objetivo agora era
adaptar o organismo dos jogadores ao fuso horário local

Depois de aproximadamente 11 horas de descanso, a delegação gremista despertou
às 9h da manhã de quinta-feira para o desjejum no restaurante do hotel. Uma
alimentação leve, para não interferir no treinamento marcado para o meio-dia em
um centro de treinamento próximo ao hotel.

O horário foi decidido pela comissão técnica por coincidir com o horário da partida
de domingo. O estádio Nacional, local do jogo, só seria disponibilizado no sábado
para um rápido reconhecimento do gramado


Valdir Espinosa e Ithon Fritzen comandaram um trabalho leve tanto na parte
técnica quanto física. Alguns jogadores demonstraram bastante desgaste depois da
viagem de 36 horas. A baixa temperatura, em torno de 6°C, também não ajudava. O
treinador gremista afirmou que manteria os trabalhos leves em todos os treinos até
a partida pois o trabalho mais forte já havia sido realizado em Gramado.

Tarciso sentiu dores musculares durante o vôo e foi observado pelo Departamento
Médico. China ainda se recuperava de uma entorse no tornozelo e Mário Sérgio
apresentava um quadro gripal. Porém, nenhum chegou a ser dúvida para o jogo. O
ponto positivo do dia foi que ninguém mostrou problema de adaptação ao fuso
horário.
O Estádio Nacional




Inaugurado em 1958 para a disputa dos jogos asiáticos, o Estádio Nacional de
Tóquio, até a Copa do Mundo de 2002, era o maior orgulho do país em matéria de
futebol. Em 1964, foi palco dos Jogos Olímpicos e, três anos depois, sede da
Universíade. Atualmente, recebe partidas do FC Tokyo e do Verdy Tokyo.

Com capacidade oficial para 60.067 espectadores, o Estádio Nacional é um ponto
de referência para os esportistas japoneses por sua localização central e
privilegiada. Seu complexo esportivo, que conta com dois campos de baseball, fica
ao lado do prédio do Arquivo Nacional, dentro do Meiji Jingu Gaien Park, uma
área verde freqüentada por jovens em busca de lazer e exercícios físicos.

Sábado, meio-dia, faltando 24 horas para o início da decisão, a delegação gremista
desembarcou no local da partida para o reconhecimento do gramado. O mesmo
seria feito pela equipe do Hamburgo horas depois.

O gramado queimado pela neve do rigoroso inverno japonês deixou uma má
impressão, mas que foi prontamente desfeita quando os atletas começaram a fazer a
bola rolar. Apesar de duro, amarelado e desgastado pelo frio, o piso mantinha a
qualidade para a prática de um bom futebol. Os jogadores acabaram optando pelo
uso de travas de borracha nas chuteiras. Agora só restava ao Grêmio esperar as
últimas horas antes da maior decisão de sua história.

Em jogo, o Mundial Interclubes

Capítulo 12

Depois de mais de quatro meses de preparação, vivendo 24 horas por dia com o
pensamento voltado somente para uma partida, finalmente chegava a hora da
grande decisão. A maior partida da história dos 80 anos do Grêmio, um clube
surgido no início do século e que traçou seu caminho na base da garra, com a
participação de bravos homens que não temeram as adversidades para colocar em
prática o sonho de tornar o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense um dos maiores
clubes do planeta.

Chegava a hora de mostrar para o mundo a grandeza de um povo. Um povo que
veste azul, preto e branco e que jamais foge da batalha.

Depois de um leve café da manhã, a delegação gremista seguiu para o estádio
Nacional de Tóquio, chegando no vestiário aproximadamente duas horas antes do
início do jogo. A temperatura era de 5 graus e o estádio estava com seus mais de 60
mil lugares lotados.
Em Porto Alegre, o relógio se aproximava da meia noite de sábado, dia 10. A
cidade estava completamente parada esperando o início da partida. Não havia uma
pessoa que não estivesse na companhia de um radinho de pilha ou na frente da
televisão esperando o início da transmissão ao vivo pela TV Gaúcha.

Faltando cinco minutos para o início da partida, as imagens entraram no ar, com
Grêmio e Hamburgo já no gramado fazendo aquecimento para espantar o frio. O
árbitro francês tomava as últimas medidas antes de apitar o início de jogo. No
banco, o técnico Valdir Espinosa fumava um cigarro atrás do outro.

Os telespectadores mais observadores notaram que o Grêmio usava calção branco e
meia azul, ao invés dos tradicionais calções pretos e meias brancas. A exigência
partiu da Toyota, que não permitia semelhanças nos uniformes das duas equipes
por causa das pessoas que recebiam as imagens em televisores em preto e branco.
Como o Grêmio não havia levado meias azuis na bagagem, o pessoal da rouparia
teve que correr para encontrar a peça do uniforme nas lojas de Tóquio.

Mais de 2 bilhões de pessoas recebiam as imagens da partida em todo o mundo.
Para todo o Brasil, a Rede Globo trasmitia ao vivo com a narração de Galvão
Bueno e comentários de Márcio Guedes. Para o Rio Grande do Sul, narração de
Celestino Valenzuela com João Nassif nos comentários.




1° tempo

Depois de um minuto de silêncio, o árbitro Michel Vautrot deu início ao jogo.
Saída de bola para o Hamburgo

O jogo começou com o Grêmio nervoso, errando muitos passes. O Hamburgo, por
sua vez, dominava o meio de campo mas não conseguia chegar ao gol gremista. O
primeiro lance com um certo perigo foi do Hamburgo, aos 20 minutos: Magath
tentou meter a bola para Hansen, que entrava pela área. De Leon se antecipou de
carrinho na meia lua da grande área. A bola rebatida pelo capitão gremista explodiu
no corpo de Hansen e ficou pingando na marca do pênalti. Mais esperto, Mazaropi
saiu para fazer a defesa antes que o alemão conseguisse chegar.

Quatro minutos depois, Hansen desceu com a bola dominada pela direita e foi
bloqueado pela zaga gremista quando tentava a conclusão, já dentro da área. A bola
sobrou no outro lado para Wuttke, que tentou o arremate de longe, chutando por
cima do gol, sem perigo para Mazaropi.

A primeira jogada de impacto do Grêmio ocorreu aos 31 minutos: Renato foi
lançado na direita, levou a bola até o fundo de campo e fez o cruzamento. A zaga
se antecipou, mandando para escanteio. Mário Sérgio cobrou o córner tentando o
gol olímpico e quase surpreendeu o goleiro Stein, que deu um soco na bola
mandando outra vez pela linha de fundo.

Aos 36 minutos, Tarciso foi lançado pela esquerda e ganhou o escanteio quando
tentava cruzar para Osvaldo que entrava pela área. Paulo César Lima cobrou o
córner, que foi afastado pela zaga alemã para a entrada da área, onde Mário Sérgio
esperava o rebote. Ele pegou de primeira e quase surpreendeu Stein, mas a bola
saiu muito alta.




Dois minutos depois o Grêmio chegaria ao primeiro gol. O Hamburgo tentava
chegar com perigo na área gremista, mas parou em Paulo Roberto, que afastou a
bola de qualquer maneira para a intermediária. Paulo César Lima dominou no peito
e rapidamente lançou para Renato, na direita, puxando o contra-ataque.

Ele dominou a bola um pouco além da linha divisória do gramado e partiu em
direção ao fundo de campo, sempre acompanhado de perto por Schröder, seu
marcador. Em velocidade, já dentro da área, Renato ameaçou correr para fazer o
cruzamento. Ao invés disso, puxou a bola de volta para seu pé esquerdo enganando
o marcador. Ao ver o alemão voltar para tentar evitar o cruzamento com a
esquerda, Renato puxou outra vez com a direita. Já com o marcador vencido, mas
sem ângulo, ele preferiu chutar. Junto à trave, o goleiro Stein foi surpreendido pela
potência do chute e não conseguiu fazer a defesa. A bola passou entre ele e o poste
esquerdo. Grêmio 1 a 0!

O Hamburgo ainda teve a oportunidade de empatar nos minutos finais da primeira
etapa, com uma cobrança de falta de Rolf, na entrada da área. Magath cobrou
rasteiro, pelo lado da barreira, forçando Mazaropi a fazer uma grande defesa em
dois tempos.




2° tempo
O Tricolor não perdeu tempo e, aos 2 minutos, já criou a oportunidade para ampliar
o marcador: Mário Sérgio fez um lançamento buscando Tarciso, na esquerda, que
entrava por trás da zaga. Antes dele apareceu Paulo César Magalhães
completamente livre, que dominou e chutou, mesmo sem ângulo. No último
momento apareceu o pé salvador de um zagueiro alemão para dividir o chute, e a
bola passou à direita da meta de Stein

O lance se repetiu cinco minutos depois: Osvaldo deu um balão afastando o perigo
da área gremista e acabou armando um contra-ataque com Tarciso pela direita. Ele
recebeu nas costas da zaga alemã, desceu com a bola dominada, entrou livre pela
área e só não marcou porque um zagueiro apareceu no momento certo para mandar
a escanteio.

Aos 12 minutos, uma jogada que poderia ter mudado a história da partida: Baidek
deu um chutão pra frente, afastando o perigo da área gremista e lançando Renato na
direita. O ponteiro gremista partiu pra cima do marcador, entrou na área, deu um
drible de corpo, colocou a bola na frente e foi derrubado por trás por Hieronymus
no momento em que poderia marcar o segundo gol. O árbitro Michel Vautrot, mau
colocado, nada marcou. Uma penalidade escandalosa a favor do Grêmio.




Três minutos depois, Paulo César Lima desceu com a bola dominada pela
intermediária de ataque. Com categoria, lançou Mário Sérgio que entrava pela
direita, livre, se aproveitando da confusão da defesa alemã. Ao invés de chutar, ele
preferiu tentar o cruzamento buscando o mesmo Paulo César que entrava pela
pequena área. Antes dele apareceu novamente o pé salvador de um defensor. Stein
já estava batido.

Neste momento, embora o Hamburgo dominasse o meio de campo, o Grêmio era
muito mais incisivo em seus ataques. Os alemães não sabiam transformar seu
domínio territorial em ataques e abusavam das bolas levantadas na área. O Grêmio,
por sua vez, bem postado atrás, se limitava a dar balões pra frente buscando a
velocidade de Renato ou Tarciso nos contra-ataques.

Aos 24 minutos, Espinosa tirou Paulo César Lima e colocou o atacante Caio. Dois
minutos depois um dos cruzamentos para a área do Grêmio levou perigo à meta de
Mazaropi. Magath cruzou da esquerda, encobrindo De Leon, e o zagueiro Jakobs
arrematou de cabeça. A bola foi no ângulo direito com pouca força, forçando o
goleiro Tricolor a grande defesa.
Aos 30, Stein saiu da área para tentar jogar com os pés mas acabou errando em
bola e teve que fazer falta sobre Tarciso, que levava vantagem. O goleiro alemão
recebeu cartão amarelo. O mesmo cartão seria apresentado a Mazaropi no minuto
seguinte por retardar a cobrança de um tiro de meta

Aos 34, Bonamigo entrou no lugar de Osvaldo. Um minuto depois, Caio desceu
pela esquerda, sem marcação, e arriscou o chute, obrigando Stein a fazer grande
defesa. No lance seguinte, Paulo Roberto cruzou da direita e Caio mergulhou de
cabeça, mandando a bola no canto direito de Stein, que fez outra grande defesa.

Aos 40 minutos, o árbitro francês marcou um toque de mão de Bonamigo na
intermediária de defesa do Grêmio. Felix Magath fez a cobrança buscando o
segundo pau, onde Jakobs evitou o tiro de meta cabeçeando a bola de volta para a
pequena área. A zaga gremista não conseguiu afastar e Schröder dominou e
mandou para as redes, sem chance para Mazaropi. O Hamburgo chegava ao
empate no finalzinho do jogo.

No desespero, o Grêmio ainda tentou a vitória no tempo regulamentar. Aos 45,
Renato teve uma chance depois que De Leon ajeitou de cabeça, na entrada da
pequena área. O chute de esquerda saiu errado, por sobre o gol. Foi o último lance
dos 90 minutos. Ficaria tudo para a prorrogação.

Prorrogação
O intervalo foi de muito trabalho para o massagista Banha, que teve que se
desdobrar para manter aquecidos os músculos de Renato e China, ambos
reclamando de dores musculares. Como o técnico Valdir Espinosa já havia feito as
duas substituições a que tinha direito, todos teriam que voltar para a prorrogação.

A definição da partida a favor do Tricolor não demorou para acontecer. Logo aos 3
minutos, brilhou mais uma vez a estrela do predestinado Renato. Num cruzamento
da esquerda de Caio, Tarciso apenas encostou, de cabeça, a bola para o ponteiro
gremista. Renato dominou de direita, cortou a marcação de Schröder e chutou
rasteiro, de canhota, no canto esquerdo de Stein, que ficou sem reação.

Grêmio 2 a 1! Festa gremista em Tóquio e em todo o Brasil.




O Hamburgo partiu pra cima e quase conseguiu o empate aos 5 minutos, num
escanteio cobrado por Magath. Renato tentou afastar de cabeça mas errou em bola,
ela acabou batendo na cabeça de China e quase entra no seu próprio gol. Para sorte
do Grêmio, ela passou por sobre a meta.
Aos 9 minutos, Renato sofreu falta ao lado da área, pela direita. Mário Sérgio se
apresentou para a cobrança mas ao invés de fazer o cruzamento, como todos
esperavam, tentou surpreender Stein chutando direto a gol. A bola passou perto do
poste esquerdo saindo para tiro de meta. Se fosse em direção à meta, dificilmente o
goleiro alemão faria a defesa.

Já nos minutos finais da primeira etapa, Renato evitou um contra-ataque do
Hamburgo segurando a bola com as mãos. Recebeu cartão amarelo. Hartwig
discutiu com o bandeirinha depois de ter sua cobrança de lateral revertida e
também recebeu cartão amarelo.

Nos descontos, Hansen recebeu dentro da área, de costas para o gol. A marcação
evitou o primeiro arremate, mas a bola sobrou para Jakobs, junto à pequena área,
pela direita. Ele chutou forte, rasteiro, mas Mazaropi, bem colocado, defendeu com
as pernas e evitou o empate alemão. Acabava a primeira etapa da prorrogação.

O Hamburgo parecia abatido, sem forças para tentar chegar ao empate. Os alemães
faziam pressão de maneira desorganizada, no desespero, enquanto o time gaúcho
continuava levando perigo nos contra-ataques. Era questão de tempo para o Grêmio
comemorar.




O Tricolor ainda teve uma última chance de matar o jogo quando Caio recebeu
completamente livre, na frente de Stein. Com o gol aberto, ele não teve
tranqüilidade e mandou por cima. Mas o gol não fez falta.

Sem dar descontos, o árbitro Michel Vautrot apitou final de jogo em Tóquio.
Renato, ajoelhado, desabou em lágrimas. Assim fizeram todos os gremistas, em
todo o planeta. O Grêmio era Campeão do Mundo. O maior título que um time de
futebol poderia alcançar.



Festa no Japão.
Festa no Brasil.

O planeta reverenciava o futebol do gaúcho. O capitão Hugo de Leon foi o
responsável por levantar a taça do campeonato. Renato foi eleito o melhor em
campo e recebeu um carro Toyota dos patrocinadores. Começava em Tóquio a
festa gremista que não tinha data para terminar.




Depois de receber o troféu e as medalhas, o capitão comandou a volta olímpica
pela pista atlética do estádio Nacional acompanhado pelos companheiros,
diriegntes, comissão técnica e alguns torcedores que conseguiram entrar no
gramado.

Os cerca de 200 torcedores brasileiros que estiveram presentes no jogo, iniciaram
uma peregrinação a pé até o hotel onde a delegação estava hospedada. A festa dos
jogadores continuou no vestiário, no ônibus e no saguão do hotel. De León e
Renato ficaram no estádio para a entrevista coletiva. A festa seguiu durante a tarde
e a noite do Japão. Em Porto Alegre, ninguém dormia mais.

O Rio Grande do Sul parou

Capítulo 13

O ponto de concentração da torcida gremista aconteceu na rua Érico Veríssimo, na
esquina com a avenida Ipiranga, ao lado do prédio do jornal Zero Hora. A empresa
disponibilizou um telão gigante para a transmissão da partida que reuniu
aproximadamente 8 mil pessoas.
No Olímpico, centenas de conselheiros e familiares se reuniram no Salão Nobre do
Conselho Deliberativo, enquanto outro grupo de gremistas das torcidas organizadas
acompanhou em um pequeno televisor na sala do Departamento Eurico Lara.

Após o apito final, todos confraternizaram e seguiram a pé para o prédio da Zero
Hora. Milhares de gremistas em todo o Estado invadiram a madrugada de domingo
aos berros e buzinaços para comemorar a grande conquista.

A festa seguiu durante toda a semana até o retorno da delegação, que reuniu
milhares de pessoas nas ruas da capital para acompanharem de perto o desfile do
caminhão do corpo de bombeiro trazendo os campeões mundiais. Um momento
inesquecível para quem vivenciou e para quem só acompanhou as imagens anos
depois.

Grêmio Campeão do Mundo. Nada pode ser maior... Nem 22 anos depois.

Parabéns Grêmio.

Parabéns torcedor gremista.




FICHA DO JOGO
MUNDIAL INTERCLUBES                          ÁRBITRO
                                               Michel Vautrot (FRA)
  Estádio: Nacional                            AUXILIARES
  Local: Tóquio/JAP                            Toshikazu Sano (JAP)
  Data: 11/12/83 Horário: 12h (Japão) - 00h    Shizuhasu Nakamichi (JAP)
  (Brasil)
                                               GOLS
                                               Renato (GRE - 37 do 1ºT)
          GRÊMIO         HAMBURGO              Schröder (HAM - 40 do 2ºT)
          (2)            (1)                   Renato (GRE - 03 do 1ºT - pror.)
          Mazaropi       Stein
          Paulo                                SUBSTITUIÇÕES - GRÊMIO
                         Wehmeyer
          Roberto                              Entrou Caio, saiu Paulo César
          Baidek         Jakobs                Lima (25 do 2T)
          De León        Hieronymus            Entrou Bonamigo, saiu Osvaldo
                                               (33 do 2T)
          P.C.                                 SUBSTITUIÇÕES -
                         Schröder
          Magalhães                            HAMBURGO
          China          Groh                  Não houve
          Osvaldo        Rolff
          P.C. Lima      Hartwig               CARTÕES AMARELOS
                                               Mazaropi, Caio, Renato e De León
          Renato         Magath                (GRE)
          Tarciso        Hansen                Stein (HAM)
          Mário Sérgio   Wuttke
                                               CARTÕES VERMELHOS
          TÉCNICO        TÉCNICO
                                               Não houve
          Valdir
                         Ernst Happel
          Espinosa                             PÚBLICO
                                               Público total: 62.000




O Grêmio é a uma das equipes brasileiras com maiores participações na Copa
Libertadores. Já disputou dez vezes este torneio continental. Uma competição com a
cara do Tricolor. Foram três decisões com dois títulos conquistados em 1983 e 1995.

LIBERTADORES DE 1983 (O Primeiro Título)
Depois do fracasso na primeira Libertadores de sua história sendo eliminado na primeira
fase,    a     realidade    da      segunda      participação      foi    o    oposto.
Comandado pelo presidente Fábio Koff, o Clube priorizou a competição sul-americana
vislumbrando a possibilidade de entrar para a história do futebol vencendo a Copa pela
primeira      vez        e     o       Mundial         Interclubes      no      Japão.
Quando assumiu a presidência, Fábio Koff afirmou que seu principal objetivo era levar
o Grêmio a Tóquio. A incredulidade inicial foi ficando para trás quando a equipe
começou a responder dentro de campo.

Capitaneada pelo uruguaio Hugo de Leon e sua experiência em Libertadores, o Grêmio
foi superando dificuldades típicas deste torneio até chegar ao título contra o Peñarol,
campeão do ano anterior.

A fase de classificação:

A estréia na Libertadores de 1983 foi contra o Flamengo, que havia vencido o título
brasileiro do ano anterior exatamente contra o Grêmio, em pleno estádio Olímpico. Um
confronto contra o rubro-negro carioca era tido como uma revanche.
Com o Olímpico lotado, o Tricolor ficou apenas no empate em 1 a 1.
O resultado não foi considerado bom já que, em um grupo onde apenas o campeão
garantia classificação para a fase seguinte, uma vitória dentro de casa era tida como
essencial.
Na obrigação de conquistar pontos fora de casa, o Grêmio partiu para dois jogos
decisivos na Bolívia contra os desconhecidos Blooming e Bolívar.
No primeiro deles, no dia 22 de março, uma ótima vitória de 2 a 0 em Santa Cruz de La
Sierra contra o Blooming.

Na segunda partida, além de ter que bater o Bolívar, que na estréia havia aplicado 6 a 0
no Blooming, o Tricolor teria que enfrentar a tão temível altitude de La Paz.
Apesar de todas adversidades, o Grêmio conseguiu uma vitórias fundamental por 2 a 1
com um histórico gol do volante China depois de um chute espetacular do meio de
campo. O ar rarefeito da altitude fez a bola voar e entrar no ângulo do goleiro
boliviano.
As duas vitórias fora de casa, em combinação com um empate e uma derrota do
Flamengo contra Blooming e Bolívar, respectivamente, encaminhou da melhor maneira
possível a classificação gremista já que os dois adversários bolivianos teriam que vir
jogar no Olímpico.

E não foi diferente: jogando em seus domínios, o Tricolor não teve dificuldade para
vencer o Blooming por 2 a 0 e o Bolívar por 2 a 1. Este último jogo garantiu a
classificação gremista de forma antecipada para o triangular semifinal.
Para fechar com chave de ouro a fase classificatória, o Grêmio ainda aplicou 3 a 1 no
Flamengo em pleno Maracanã em jogo para cumprir tabela.




A fase semifinal:

América de Cali e Estudiantes de La Plata foram os adversários gremistas no triangular
semifinal que classificava apenas o primeiro colocado para a grande decisão.
A estréia na segunda fase foi contra os argentinos do Estudiantes, no Olímpico. Uma
verdadeira batalha que terminou com a vitória gremista por 2 a 1 com um gol salvador
de Tarciso a poucos minutos do final.

No dia 24 de junho, o Grêmio viajou para Cali onde sofreu sua primeira derrota. 1 a 0
contra o América no estádio Pascoal Guerrero.

Na rodada seguinte, o Estudiantes venceu o América em La Plata deixando as três
equipes empatadas no grupo com dois pontos.

No dia 06 de julho, o Grêmio se vingou da derrota em Cali e bateu o América no
Olímpico por 2 a 1. No jogo onde a grande figura acabou sendo o goleiro Mazarópi que
defendeu uma penalidade máxima nos minutos finais de jogo garantindo a vitória
tricolor    e   a     possibilidade    de    chegar   à    final   da    competição.
Quarenta e oito horas depois, o Grêmio estava em La Plata, na Argentina, para um dos
mais dramáticos jogos de sua história. Um empate em 3 a 3 que ficou conhecido como a
“Batalha de La Plata”. Onde a rivalidade entre brasileiros e argentinos, acirrada pela
Guerra das Malvinas quando os argentinos acusaram os brasileiros de colaborarem com
os ingleses, extrapolou os limites do esporte. Jogadores, dirigentes e torcedores do
Grêmio foram agredidos do início ao fim e o time, dentro de campo, acabou cedendo às
pressões e possibilitou o empate em 3 a 3 depois de estar vencendo por 3 a 1 com três
jogadores                 a                mais               e                campo.
O resultado acabou encaminhando a classificação, mas o Grêmio acabou dependendo do
último jogo entre América e Estudiantes, em Cali. Em caso de vitória dos argentinos, o
Grêmio              acabaria            eliminado           da           competição.
Já eliminado, o América jogou com dignidade, segurou o empate e garantiu a
classificação do Grêmio à grande final contra o Peñarol do Uruguai, embalado pela
vitória no clássico contra o Nacional que garantiu a equipe na decisão.

A final:

Por sorteio, o Grêmio acabou tendo a chance de decidir a Libertadores em seu estádio.
No dia 22 de julho, centenas de gremistas invadiram Montevideo para o primeiro jogo
da grande final

Tita, de cabeça, abriu o marcador para o Grêmio.

Fernando Morena empatou para os uruguaios.

O tricolor segurou o resultado apesar da pressão do Peñarol e o empate acabou sendo
comemorado como um grande resultado

No dia 28, o Grêmio entrou em campo para aquele que seria o maior jogo de sua
história até então.

Empurrado pela grande torcida, o Grêmio não demorou para abrir o marcador: Caio
empurrou para as redes um cruzamento de Osvaldo

Na etapa final, o artilheiro Morena empatou a partida deixando os minutos finais com
ares de dramaticidade. Um novo empate levaria a decisão para um jogo extra, em campo
neutro. Mas o Grêmio não poderia deixar passar essa oportunidade de levantar a taça na
frente de sua torcida: aos 32 minutos da etapa final, Renato cruzou da direita e César
marcou de cabeça o gol do título

Uma festa que tomou conta de todo o país catapultando a equipe do bairro da Azenha
direto para o Japão, para a decisão do título mundial que seria conquistado em
dezembro.

FICHA DO JOGO > COPA LIBERTADORES
Estádio: Olímpico
Local: Porto Alegre/RS
Data: 28/07/83
ÁRBITRO
Édson Perez (PER)
AUXILIARES
Carlos Montalván (PER)
Henrique Labo (PER)

GOLS
Caio e César (Grêmio)
Morena (Penharol)

SUBSTITUIÇÕES - GRÊMIO
Entrou César, saiu Caio.

SUBSTITUIÇÕES - PENHAROL
Entrou Peirano, saiu Silva.

CARTÕES AMARELOS
Paulo Roberto, Tita e Renato (GRE)
Oliveira, Saralégui e Morena (PEN)

CARTÕES VERMELHOS
Renato (GRE) e Ramos (PEN) aos 42' do 2°T

PÚBLICO
Público total: 80.000
GRÊMIO (2)                   PENHAROL (1)
Mazaropi                     Fernandez
Paulo Roberto                Montelongo
Baidek                       Olivera
De León                      Gutierrez
Casemiro                     Diogo
China                        Bossio
Osvaldo                      Saralegui
Tita                         Salazar
Renato                       Silva
Caio                         Morena
Tarciso                      Ramos
TÉCNICO: Valdir Espinosa TÉCNICO: Hugo Bagnulo
CONSELHO DELIBERATIVO
Presidente: Flávio Obino
Vice-presidente: Irany Sant'anna

DIRETORIA E COMISSÃO TÉCNICA
Presidente: Fábio André Koff
Vice de futebol: Alberto Galia
Diretores: Túlio Macedo
Rudy Armin Petry
Supervisor: Antônio Carlos Verardi
Preparador físico: Ithon Fritzen
Médico: Dirceu Colla

LIBERTADORES DE 1995 (O Bicampeonato)

Doze anos depois de conquistar a Copa Libertadores, e com o mesmo Fábio Koff na
presidência do clube, o Grêmio começava a trilhar o árduo caminho do bicampeonato da
competição.

Ao longo do torneio, a equipe foi mostrando sua força e determinação, principalmente
em partidas difíceis e históricas, como os 5 a 0 sobre o Palmeiras e o 3 a 0 no Olímpia
em pleno Defensores del Chaco, na capital paraguai de Assunción.

Na final, o Grêmio teve pela frente o habilidoso Nacional de Medellín. Ao contrário de
1983, desta vez a primeira partida foi disputada no Olímpico, e o Grêmio garantiu uma
boa vantagem: 3 a 1, com um gol contra de Marulanda, um de Jardel e outro de Paulo
Nunes.

O dia 30 de agosto de 1995 colocou o Grêmio no lugar mais alto da América do Sul. O
Nacional, empurrado por 50 mil fanáticos torcedores que superlotaram o estádio
colombiano, saiu na frente logo aos 12 minutos com um gol de Aristizábal.

A partir daí, a pressão do Nacional aumentou, mas o Grêmio estava determinado e
soube conter os colombianos. Foi assim até os 39 minutos do 2º tempo, quando Dinho,
símbolo da raça gremista, empatou a partida numa cobrança de pênalti. A festa já
tomava conta da pequena torcida gremista presente no estádio quando o árbitro encerrou
a partida: O Grêmio era bicampeão da América.
FICHA DO JOGO > COPA LIBERTADORES
Estádio: Atanasio Girardot
Local: Medellín (Colômbia)
Data: 30/08/95
ÁRBITRO
Salvador Imperatore (CHI)


AUXILIARES
Márcio Sandez (CHI)
Mário Maldonado (CHI)


GOLS
Dinho (GRE - 40' do 2° Tempo)
Aristizábal (NAC - 12' do 1° Tempo)


SUBSTITUIÇÕES - GRÊMIO
Entrou Luciano, saiu Adílson.
Entrou Alexandre, saiu Paulo Nunes.
Entrou Nildo, saiu Jardel.


SUBSTITUIÇÕES - NACIONAL
Entrou Herrera, saiu Santa.
Entrou Matamba, saiu Arangó.


CARTÕES VERMELHOS
Goiano (GRE)
PÚBLICO
Público total: 50.000

GRÊMIO (3)                        (1) ATLÉTICO NACIONAL
Danrlei                               Higuita
Arce                                  Santa
Rivarola                              Marulanda
Adílson                               Foronda
Roger                                 Mosquera
Dinho                                 Serna
Goiano                                Gutierrez
Arílson                               Arango
Carlos Miguel                         Alexis Garcia
Paulo Nunes                           Angel
Jardel                                Aristizábal
TÉCNICO: Luiz Felipe                  TÉCNICO: Juan José
Scolari                               Peláez


CONSELHO DELIBERATIVO
Presidente: Flávio Obino
Vice-presidente: Oly Fachin

DIRETORIA E COMISSÃO TÉCNICA
Presidente: Fábio André Koff
Vice de futebol: Luiz Carlos P. Silveira Martins
Diretor: Alceu César Pacheco
Supervisor: Antônio Carlos Verardi
Preparador físico: Paulo Paixão
Médico: Paulo Rabaldo


Fotos das Conquistas




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A história do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense desde suas origens em 1903

  • 1. A história do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense Fonte: MEMORIAL Grêmio - História Resumida. As Origens O Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense nasceu de uma bola de futebol, como deveria acontecer com um clube predestinado às maiores glórias. A trajetória vitoriosa começou com o paulista Cândido Dias da Silva, trabalhando há algum tempo em Porto Alegre e sua bola de futebol.Nessa época apareceu na capital gaúcha a equipe de futebol do Sport Clube Rio Grande. Os ingleses e alemães que jogavam nos times de Rio Grande haviam sido convidados para uma exibição na cidade. No dia marcado, 7 de setembro de 1903, o campo da várzea ficou rodeado de curiosos. Cândido, com sua bola de baixo do braço, estava entre eles com a atenção redobrada. Em dado momento, a bola dos ingleses esvaziou-se, para desapontamento geral. Cândido, mais do que depressa, emprestou a sua, garantindo o final da demonstração. Em troca, ao final da partida, obteve dos jogadores as primeiras lições sobre futebol e, principalmente, deles ficou sabendo como agir para fundar um clube. Foi então, em 15 de setembro de 1903, que trinta e dois rapazes se reuniram no Salão Grau, restaurante de um hotel da rua 15 de Novembro, atual rua José Montaury, localizado onde estão agora os fundos da Galeria Chaves e deram início à história de um clube vencedor, disposto a superar todos os desafios. Carlos Luiz Böhrer foi eleito o primeiro Presidente, sem jamais imaginar a projeção mundial que o recém-nascido clube um dia alcançaria. Os tempos do amadorismo Nos primeiros anos o clube procurou alicerçar suas bases, primeiramente através da aquisição de um local próprio para jogos e treinos, a Baixada dos Moinhos de Vento em 1904, depois com a incrementação esportiva com o Fuss Ball Club Porto Alegre também fundado em 15 de setembro de 1903 em disputa da antiga Taça Wanderpress valendo oficiosamente o título da cidade. Em 18/07/1909, o Grêmio jogou o primeiro clássico com seu tradicional adversário, o Internacional e o resultado desta partida histórica foi um extraordinário 10x0 para o tricolor.
  • 2. Em 1910, ajudou a criar a 1ª Liga de Clubes de Porto Alegre (a idéia partiu do Grêmio), para a realização dos campeonatos metropolitanos. Deste periodo destaca-se o pentacampeonato citadino de 1911/12/13/14/15. Foi nesta década, que o clube começou a jogar contra equipes de outros estados e países com destaque especial para a vitória sobre a Seleção da Federação Desportiva Uruguaia por 2x1, em 17 de junho de 1916. Teve importante participação na criação da F.R.G.D. (hoje F.G.F.) em 1918, vindo a disputar o 1º estadual em 1919. Nos anos 20, além do pentacampeonato metropolitano de 1919/20/21/22/23 e do bi de 1925/26, o Grêmio venceu os Estaduais em 1921/22 e 1926. Na década de 30, o tricolor conquistou o tetracampeonato de Porto Alegre de 1930/31/32/33 e o bicampeonato do Rio Grande do Sul de 1931/32, quando então, passou a ser mais conhecido ao derrotar o Atlético campeão paranaense por 7x2, o Santos campeão paulista por 3x2, o Botafogo campeão carioca por 1x0, o Wanderers campeão uruguaio e do Rio da Prata por 2x1 e o Independiente, bicampeão argentino e do Rio da Prata por 2x1. Estas vitórias associadas aos títulos estaduais e metropolitanos, em especial o título Farroupilha de Porto Alegre em 1935, criaram uma mística no clube da Baixada, que passou a receber o apelido de “derrubador de campeões”. De 1903 a 1935, o Grêmio contou com vários craques de destaque como: Kallfelz, Koch, Siebel, Jorge Black, Grunewald, Schuback, Mohrdieck, Sisson, Mostardeiro I, Mostardeiro II, Kuntz, Scalco, Assunpção, Lagarto, Luis Carvalho, Foguinho, Dario, Laci, Poroto, Nenê, Artigas, Heitor, Jorge PY, Adão, os irmãos Sardinha (Eurídes e Eurípedes), Laxixa (que junto com Adão, foram os primeiros atletas afro-descendentes da história do clube) entre outros. Mas o grande nome dessa época, foi o do lendário goleiro Eurico Lara, um símbolo da era amadorista do futebol gaúcho e brasileiro. O início da era profissional e o impacto da internacionalização do futebol O amadorísmo correspondia a fase inicial do futebol e da criação dos clubes brasileiros. De tradição elitista e européia, o amadorismo era uma forma de distinção das elites com relação às camadas populares. Com a popularização do futebol, aumentava nos clubes a participação de jogadores de origem humilde. Em 1929, ocorre a queda da bolsa de valores de Nova Iorque, provocando uma grande crise mundial em todos os setores da econômia, ocasionando o caos social. Estes acontecimentos tiveram refléxos no futebol, provocando a quebra de vários clubes obrigando os demais a se readaptarem as novas condições conjunturais. Assim no começo dos anos 1930, o amadorismo foi colocado em xeque, quando vários atletas sul-americanos foram contratados por times europeus. A econômia da América do Sul era nessa época baseada na agricultura e pecuária, ainda que, já existisse um ascendente surto industrial. No Brasil, os clubes viviam o que se denominava por amadorismo marrom, isto é, não se adimitia o profissionalismo oficialmente mas se fazia vistas grossas as gratificações pelo bom desempenho dos atletas das equipes. Por outro lado, o profissionalismo já era uma realidade na Europa, e após as vitórias do Uruguai na Copa do Mundo de 1930 e nos Campeonatos Olímpicos de 1924 e 1928, os europeus passaram a alíciar os atletas sul-americanos. Para evitar uma evasão ainda maior, foi oficializado o profissionalismo, primeiro no Rio da Prata entre 1931 e 1932, depois no eixo Rio-São Paulo em 1933, ao passo que o novo governo brasileiro, que emergiu da revolução de 1930 (era
  • 3. Vargas), enxergava a necessidade de se estabelecer uma política nacional de integração e desenvolvimento socio-econônico (industrialização) com refléxios no plano cultural e esportivo do país, forçando no futebol um entendimento geral das entidades esportivas visando a profissionalização. No Rio Grande do Sul o profissionalismo chegou inicialmente em 1937, através da criação da Especializada um departamento profissional filiado à Federação Brasileira de Futebol (FBF), que organizou um campeonato metropolitano em separado ao da Federação Rio-Grandense de Desportos (atual Federação Gaúcha de Futebol) filiada à Confederação Brasileira de Desportos (CBD, atual CBF) até 1939, quando um acordo pôs fim nas divergências entre as entidades futebolisticas do estado e do país. Durante a vigência da Especializada o Grêmio sagrou-se Tricampeão Metropolitano em 1937/38/39, mas não participou das finais do Estadual. Os anos 40 representaram um período de transição por conta da oficialização do profissionalismo no futebol em todo o pais a partir de 1941, com a criação do CND (Conselho Nacional de Desportos) e das conquistas tricolores nos campeonatos metropolitanos e dos Estaduais de 1946 e 1949. Contudo, foi em 14/05/1949, em meio ao processo de internacionalização do futebol, provocado em parte por causa do avanço tecnológico da aviação comercial do pós-guerra, que o Grêmio entra na história do futebol mundial ao bater o poderoso Nacional de Montevidéu, em pleno estádio Centenário por 3x1 (durante os festejos dos 50 anos da equipe Uruguaia) e na vitoriosa excursão invicta à América Central no fim daquele ano. Em 1953/54, o Grêmio realizou o que ficou conhecido como a conquista das “três Américas” com outra excursão internacional, agora pelo México (América do Norte), Ecuador e Colômbia (América do Sul). Estes acontecimentos, associados as novas exigências do profissionalismo no planeta, aceleraram as mudanças internas no clube, que necessitava de um estádio maior, não só para acomodar seus torcedores e para recepcionar grandes times do país e do exterior, mas também para adecuar-se a uma nova conjuntura esportiva. Nesssa transição do amadorismo para o profissionalismo, brilharam no Grêmio vários jogadores como: Joni, Touguinha, Clarel, Júlio Petersen, Sanguinetti, Hélio, Prego, Noronha, Toneli, Beresi, Geada, Hermes, Danton, Hugo, Ário, Gita, Balejo, Camacho, Bentevi entre tantos. A inauguração do Olímpico e os 12 em 13. Acompanhando o desenvolvimentismo industrial dos anos 50, o Brasil, se transformava de um país agrícula para uma nação em desenvolvimento em especial nos anos JK simbolizados pela inauguração de Brasília como nova capital do país e a chegada da industria automobilística, descentralizando o eixo de investimentos agora também para o interior. No futebol essa fase de integração nacional reflete- se, na conquista dos Mundiais da Suécia e Chile pelo Brasil em 1958, 1962 e na criação da Taça Brasil de clubes de 1959 (atual campeonato brasileiro), para escolher o representante do país na recêm criada Taça Libertadores da América cuja primeira edição estava marcada para 1960. O clube gremista, atento a todas estas mudanças, procurou se adaptar o mais rápido possivel as novas conjunturas do futebol mundial.
  • 4. Em 1952, o Grêmio contatou Tesourinha, o primeiro atleta afro-descendente tricolor de destaque na era profissional e dois anos depois, em 1954, foi inaugurado o estádio Olímpico, que marcou o início de um período áureo, 12 campeonatos em 13 disputados: o Pentacampeonato Gaúcho e Metropolitano de futebol profissional de 1956/57/58/59/60 e o Heptacampeonato Gaúcho de 1962/63/64/65/66/67/68, tornanando-se o primeiro, no Rio Grande do Sul a obter este titulo . Foi participante da Taça Brasil em quase todos estes anos, tendo sido em três ocasiões semifinalista (quando obteve o terceiro lugar) nos anos de 1959, 1963 e em 1967, bem como, posteriormente, da Taça de Prata – Torneio Roberto Gomes Pedrosa (Robertão) em 1967, quando, o tricolor foi um dos quatro finalistas e que serviu de modelo para o atual Campeonato Brasileiro, instituido em 1971; Campeão Sul- Brasileiro invicto de 1962 (Taça da Legalidade); Campeão invicto da Copa Río de La Plata de 1968 (Taça Confraternidad, primeiro titulo internacional oficial do Grêmio antes da Libertadores de 1983) e finalmente, as grandes excursões à Europa de 1961 e 62, que tornaram o Grêmio mundialmente conhecido. Além das dessas participações, o Grêmio contribuiu com vários atletas na seleção brasileira principalmente nas conquistas do Brasil no Campeonato Pan-Americano de 1956 no México, na Taça O’Higgins no Chile em 1966 e no Vice-campeonato pan-americano na Costa Rica em 1960, quando o Rio Grande do Sul representou o país nestas competições. Em 1970, com a convocação de Everaldo para a seleção brasileira, o Grêmio, mais uma vez contribuiu para uma grande conquista do futebol nacional, o Tricampeonato Mundial no México. Por essa época gloriosa passaram vários craques como: Airton, Elton, Milton, Ênio Rodrigues, Juarez, Gessi, Vieira, Sérgio, Calvet, Joãozinho, Marino, Alberto, Arlindo, Aureo, Altemir, Sérgio Lopes, Cléo, Babá, Alcindo, Ortunho, Everaldo, Volmir, Espinosa entre tantos outros. A era das grandes conquistas e o Campeonato Mundial Interclubes Nos anos 70, o Grêmio virou uma grande Sociedade, promoveu dois congressos de clubes tricolores da América do Sul em 1971, reeditou e conquistou, no mesmo ano, a antiga Taça do Atlântico de Clubes (Torneio Sul-Americano Tricolor) ao derrotar na sequência o Nacional (URU) por 2x1 e o River Plate (ARG) por 2x0, e reconquistou a hegemonia regional em 1977, 1979 e 1980. Os anos 80, viram o clube passar por uma das fases mais vitoriosas de sua vida esportiva, em paralelo com a redemocratização do país, que vivera 20 anos de regime militar (1964 a 1984), e as transformações político-econômicas ocorridas com o advento da globalização, que no futebol se refletiu na inflação dos salários dos jogadores bem como o aumento da publicidade nos esportes em todo mundo, tornando o futebol em especial, num grande negócio a ser gerênciado com um altíssimo nível profissional, sendo a FIFA, a entidade mundial mais importante neste segmento, congregando mais países filiados que a própria ONU. Depois da
  • 5. reinauguração do Olímpico em 1980, o Grêmio foi Campeão Brasileiro em 1981; Vice-campeão nacional em 1982; Campeão da Taça Libertadores da América de 1983, batendo ao Peñarol (URU) na soma dos dois jogos finais por 1x1 e 2x1 (nos dias 22 e 28/07); CAMPEÃO MUNDIAL INTERCLUBES (vitória na final sobre o Hamburgo da Alemanha, campeão da Copa dos Campeões da Europa por 2x1 em 11/12/1983); campeão da Copa Los Angeles (Taça Pan-Americana) ao derrotar o América do México, campeão da Taça das Nações da América (empate em 2x2 e vitória por 6x5 nos pênaltis em 13/12/1983); Hexacampeão Gaúcho de 1985/86/87/88/89/90. O Grêmio ao derrotar o Sport Recife por 2x1 sagrou-se, campeão invicto da 1ª Copa do Brasil em 1989 e no ano seguinte, tornou-se Supercampeão Brasileiro de 1990. O tricolor também venceu alguns dos mais prestigiados, torneios internacionais, dos quais destacan-se a Copa El Salvador del Mundo em El Salvador e o Troféu Ciudad de Valladolid em 1981, o Troféu Palma de Mallorca de 1985 (os dois ultimos na Espanha), a Copa Rotterdan na Holanda em 1985 e o Bicampeonato da Copa Phillips em 1986/87 na Holanda e Suiça. Destacaram-se nesse periodo grandes jogadores como: Ancheta, Tarciso, Iura, Oberdan, Eder, Tadeu Ricci, Renato, André Catimba, Paulo Cesar Lima, Mário Sérgio, Leão, De León, Paulo Roberto, Paulo Isidóro, China, Edinho, César, Mazaropi, Baltazar, Osvaldo, Cuca, Valdo, Luis Eduardo, Paulo Egídio entre tantos. A era Felipão e as conquistas mais recentes De 1991 para cá, o clube, apesar da passar por alguns momentos dificeis, retomou o caminho das vitórias, conquistando os Gauchões de 1993, 1995, 1996, 1999 e 2001; a Copa do Brasil em 1994, 1997 e 2001; venceu a Copa Sul-Brasileira de 1999 e, principalmente, em 1995, sob o comando técnico de Luis Felipe Scolari, quando então, conquistou o Bicampeonato da Taça Libertadores da América (3x1 e 1x1 sobre o Atlético Nacional da Colômbia, nos dias 23 e 30/08/1995), a Copa Sanwa e o Vice-campeonato mundial ambos no Japão. Em 1996, o tricolor venceu a Recopa Sul- Americana (4x1 no Independiente da Argentina em Kobe no Japão); o Bicampeonato Brasileiro e no ano seguinte, conquistou na Espanha o Troféu Colombino. Mas foi em 26/11/2005, com a heróica conquista do Campeonato Brasileiro da Série B, que mais uma vez manifestou-se o espírito de indignação e a garra tricolor, ao superar todas as adversidades dentro e fora do campo, suplantando o Naútico de Recife por 1x0, com apenas sete jogadores, contra dez do adversário, numa reação jamais vista na história do futebol mundial. Em 2006, reconquistou o campeonato gaúcho, superando novamente o tradicional adversário e em 2007, chegou ao bicampeonato após golear o Juventude por 4 x 1 na final. Como anteriormente o Grêmio continuou a apresentar para sua torcida um verdadeiro desfile de atlétas do mais alto nivel com destaques para Pingo, Danrlei, Rivarola, Arce, Adilson, Arilson, Dinho, Carlos Miguel, Goiano, Paulo Nunes, Jardel, Roger, Emerson, Mauro Galvão, Zinho, Marcelinho Paraíba, Ronaldinho, João Antônio, Anderson Luis, Lucas, Galato, Tcheco, Carlos Eduardo entre outros.
  • 6. Os esportes Amadores No futebol amador, o clube conquistou em 1974 o primeiro Campeonato Brasileiro Infantil, disputado em São Paulo. Em 1996 foi campeão do Internacional Youth Soccer, em Shizuoca no Japão. Em 2004, foi campeão da Copa Brasil Sub-17, em Macaé-RJ e, 2005, os juniores conquistaram o título de campeão invicto da 1ª Copa da Amizade em Okayama, no Japão: os juvenis foram campeões sul-americanos (Taça Romeu Goulart Jaques – Copa Santiago) em 1995/96/97/98 e 2000, alêm de outras conquistas importantes. Todavia, o esporte bretão não foi a única atividade esportiva do clube. Apesar do futebol figurar como a principal prática desportiva, o Grêmio também se destacou em esportes ditos amadores, como o Tênis, que desde 1912 passou a ser praticado, vindo a ser introduzido efetivamente em 1916 e que teve seu período áureo em 1926, quando se tornou Campeão da Cidade e do Estado. No Basquete, o tricolor também brilhou, vencendo os campeonatos da Cidade e do Estado de 1934, 55 e 56. No Vôlei, o Grêmio foi vitorioso em vários anos, destacando-se as seqüências de títulos de 1929 a 35 e de 1954 a 60 (Heptacampeão nas duas ocasiões). No Ciclismo, foi vitorioso nos anos 50 e, no Futebol de Salão, viveu seu grande momento nos anos 70, quando foi bicampeão metropolitano em 1973/74 e campeão da Taça Vice-Governador do Estado em 1976, para na década seguinte conquistar a primeira Copa Atlântico Sul de Futsal em 1987. O sucesso tricolor seguiu o mesmo caminho com o Remo e o Judô (que vem se destacando dos anos 1970 até os dias atuais). No entanto, foi com o Atletismo que o tricolor atingiu sua maior magnitude, com a conquista do Bicampeonato do Troféu Brasil em 1958/59 e do Triscedecacampeonato Gaúcho de 1956 a 1968. Merecem ser mencionados outros esportes, como Tiro, Tênis de Mesa, Bolão, Columbofilia, Automobilismo, Xadrez, Pugilismo, Escotismo, Pesca, Bridge, Pólo, Futebol Feminino, Futebol de Botão entre outros. Estrelas na camisa e na Bandeira do Grêmio Em reunião do Conselho Deliberativo do Grêmio FBPA, realizado em 23.04.1985, foi aprovada a proposição de inserir na camisa três estrelas, como símbolo das maiores conquistas do clube em similitude à tradicional premiação da escala olímpica: OURO, para representar o Campeonato Mundial Interclubes de 1983; PRATA, para representar o titulo da Taça Libertadores da América; BRONZE, para assinalar a conquista do Campeonato Brasileiro. Na bandeira, o Conselho Deliberativo em sessão solene de 29.06.1970, perpetuou oficialmente a figura lendária de Everaldo na história do clube, quando foi fixada no Pavilhão Tricolor uma estrela de ouro, assinalando definitiva e perenemente a contribuição do clube, através da participação deste atleta na conquista pelo Brasil do tricampeonato mundial de futebol em 1970. Calçada da Fama O Grêmio é primeiro clube brasileiro a criar uma “Calçada da Fama”, para homenagear jogadores que se destacaram na história do clube, alem dos capitães das maiores conquistas do Grêmio. Esta escolha, foi feita pela primeira vez, em 1996 com participação da Diretoria, Conselheiro Deliberativo e jornalistas. Apartir de 1999, a cada dois anos, ocorre uma nova seleção de nomes que deverão ser incluídos na “Calçada da Fama Tricolor”, escolhidos pela Diretoria e pelo
  • 7. Conselho Deliberativo. Até o momento os contemplados são os seguintes: Adilson, Airton, Alcindo, Altemir, Ancheta, Áureo, André Catimba, Baltazar, Calvet, China, De León, Dinho, Ênio Rodrigues, Edinho, Foguinho, Iura, Jardel, Jardel, Joãozinho, Juarez, Leão, Marino, Mauro Galvão, Mazaropi, Milton, Ortunho, Oberdan, Pingo, Renato, Sérgio Moacir, Tarciso, Espinosa , Zinho, Luiz Eduardo, Valdo e Sandro Goiano. Mascote e Patrimônio Hoje, este estádio ocupa 83 mil metros quadrados, com capacidade para 55 mil espectadores comodamente sentados, porém, já couberam 98 mil pessoas em uma época em que ainda não se observavam as atuais normas de segurança e com a colocação de cadeiras em todo o anel superior. Ainda completam o complexo do estádio, 45 camarotes de luxo, 26 cabinas de imprensa, estacionamento interno, piscinas, gramado suplementar, centro administrativo, quadro social, Memorial, lojas Grêmiomania. Além disso, a geografia patrimonial do Grêmio inclui uma sede em Eldorado do Sul, a poucos minutos de Porto Alegre e futuro Centro de Treinamento, já com vários campos de futebol, uma sede recreativa para sócios na Ilha Grande dos Marinheiros, o departamento de Remo e o Parque Cristal com 70 mil metros quadrados, onde funciona a Escolinha de Futebol, hoje com mais de 2000 alunos inscritos. O Ginásio David Gusmão, foi inaugurado em 17/11/1972, e até agosto de 1974, quando teve sua cobertura destruida por um vendaval, foi referencia esportiva, social e cultural da cidade, tanto nas atividades esportivas do clube quanto nos vários espetáculos que patrocinou como: Festival de Ginástica Olímpica, as olímpiadas militares, torneios de Tênis e shows de musica e patinação entre outros. Olímpico Monumental - A Casa do Grêmio
  • 8. Nome Oficial: Estádio Olímpico Monumental. Endereço: Largo Patrono Fernando Kroeff nº 1 - CEP 90880-440 - Bairro Azenha - Porto Alegre/RS - Fone: (51) 3218-2000. Público Recorde: 98.421 (85.751 pagantes) - 26/04/81 Grêmio x Ponte Preta - Campeonato Brasileiro. Camarotes: 40 camarotes com 10 lugares cada. Cinco camarotes com 20 lugares cada. Tribuna de Honra: 120 lugares especiais Setores para Deficientes Físicos: Lugar para 28 cadeiras de rodas e 22 acompanhantes. Salão Nobre do Conselho Deliberativo: auditório com 200 lugares Vestiários: Seis vestiários profissionais mais um vestiário de arbitragem. Cinco com saídas para o campo. Dimensões do Gramado: 68 x 105m - Tamanho oficial exigido pela Fifa. Grama: Bermuda Green (o clube também utiliza a Raygrass Americana no inverno) Iluminação: Seis postes de iluminação. 20 refletores de 1500 watts em cada poste. Imprensa: 26 cabines duplas fixas mais 50 cabines provisórias. Duas salas de imprensa Duas salas para entrevistas coletivas. Estacionamento: 700 vagas Inauguração: O Estádio Olímpico foi inaugurado no dia 19 de setembro de 1954 tendo completado seu cinqüentenário neste ano. O jogo inaugural foi realizado entre Grêmio e Nacional de Montevideo, vitória gremista por 2 a 0. Os gols foram anotados pelo atacante Vitor que entrou para a história por ter marcado o primeiro gol do estádio gremista. Olímpico Monumental: Na metade do ano de 1980, o Estádio Olímpico teve sua construção concluída por completo com o fechamento da última parte do anel superior. Desde então, a casa gremista passou a ser conhecida como Olímpico Monumental. Uma obra grandiosa erguida por uma torcida apaixonada. No dia 21 de junho de 1980, uma vitória de 1 a 0 sobre o Vasco da Gama em partida amistosa, marcou a inauguração do Olímpico concluído.
  • 9. Conheça os Principais Títulos do Grêmio CAMPEÃO DA CIDADE DE PORTO ALEGRE - 33 vezes (de 1904 até a sua extinção em 1964). anos:1904, 1905, 1906, 1907, 1909 (Taça Wanderpress), 1911, 1912, 1913, 1914, 1915 (Metropolitanos organizados pelas Ligas e Associações), 1919, 1920, 1921, 1922, 1923, 1925, 1926, 1930, 1931, 1932, 1933, 1935 (Metropolitanos classificatórios para o Estadual),1937,1938, 1939 (Especializada), 1946, 1949, 1956, 1957, 1958, 1959, 1960 e 1964 (Metropolitanos classificatórios para o estadual exceto 1964). CAMPEÃO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL - 35 vezes (em 81 participações) anos: 1921, 1922, 1926, 1931, 1932, 1946, 1949, 1956, 1957, 1958, 1959, 1960, 1962, 1963, 1964, 1965, 1966, 1967, 1968, 1977, 1979, 1980, 1985, 1986, 1987, 1988, 1989, 1990, 1993, 1995, 1996, 1999, 2001, 2006 e 2007. CAMPEÃO DA 1ª COPA SUL-BRASILEIRA - 1999 - Vitória de 1 a 0 sobre o Paraná Clube, em Curitiba. CAMPEÃO SUL-BRASILEIRO / TAÇA LEGALIDADE - 1962 – Vitória de 2x1 sobre o Internacional, no Estádio dos Eucalíptos Bicampeão do Brasil 1981 - Vitória de 1 a 0 sobre o São Paulo, no Estádio do Morumbi (SP) 1996 - Vitória de 2 a 0 sobre a Portuguesa, no Estádio Olímpico Vice-campeão em 1982 Tetracampeão da Copa do Brasil 1989 - Vitória de 2 a 1 sobre o Sport Recife, no Estádio Olímpico 1994 - Vitória de 1 a 0 sobre o Ceará, no Estádio Olímpico 1997 - Empate em 2 a 2 com o Flamengo, no Estádio do Maracanã (RJ) 2001 - Vitória de 3 a 1 sobre o Corinthians, no Estádio do Morumbi (SP) Vice-campeão em 1991, 1993 e 1995 Supercampeão do Brasil
  • 10. 1990 - Disputa entre o Campeão da Copa do Brasil contra o Campeão Brasileiro de 1989 (GRÊMIO x VASCO) - Vitória de 2 a 0 no Olímpico e empate de 0 a 0 no Estádio de São Januário (RJ) Bicampeão da Copa Libertadores da América 1983 - Vitória de 2 a 1 sobre o Peñarol do Uruguai, no Estádio Olímpico 1995 - Empate em 1 a 1 com o Atlético Nacional de Medellín, na Colômbia Vice-campeão em 1984 Vice-campeão em 2007 Campeão do Mundo 1983 - Vitória de 2 a 1 sobre o Hamburgo SV, da Alemanha, no Estádio Nacional de Tóquio/Japão Vice-campeão em 1995 Campeão da Recopa Sul-Americana 1996 - GRÊMIO - Campeão da Libertadores/95, 4x1 sobre o Independiente - Campeão da Supercopa/95. Título Mundial por Márcio Neves da Silva As origens do mundial Capítulo 1
  • 11. Henri Delaunay Primeiro secretário geral da UEFA e secretário do Comitê de Regras de Jogo da FIFA, o francês Henri Delaunay talvez não pudesse dimensionar, no final da década de 50, a importância e a grandiosidade que teriam suas criações. Delaunay foi o idealizador da Eurocopa e do Mundial Interclubes. Esta última competição tinha como objetivo determinar qual era o melhor clube do mundo, pelo menos no que se refere aos continentes europeu e sul-americano, em um confronto direto entre eles. A Europa já tinha a Copa dos Campeões, mas a América ainda não possuía sua competição interclubes que nasceu em 1960, sob o comando da Confederação Sul-Americana de Futebol, antecessora da CONMEBOL. Em homenagem aos heróis da independência do continente, nasceu a Copa Libertadores da América, que acabou viabilizando a realização do Mundial. Falecido dois anos antes, Henri Delaunay não conseguiu acompanhar a concretização do seu sonho na disputa da primeira edição do Mundial Interclubes, em 1960: Real Madrid da Espanha contra o Peñarol do Uruguai. A partir dos anos 50 - e especialmente desde os 70 - muitos talentos do futebol sul- americano cruzaram o Atlântico para ir jogar em times europeus, mais poderosos e ricos. Talvez por isso os clubes sul-americanos passaram a dar mais importância à Copa Intercontinental do que seus adversários. Era uma oportunidade única para mostrar aos poderosos do Primeiro Mundo que os irmãos pobres da América do Sul poderiam ser superiores, pelo menos no futebol. Os capitães de Peñarol e Real Madrid se cumprimentam antes do início da partida, em 1960 Real Madrid, da Espanha, e Peñarol, do Uruguai, disputaram a primeira final em 1960. As decisões se transformavam em verdadeiras guerras, principalmente quando a segunda partida era disputada em solo americano. As equipes européias freqüentemente sofriam com a hostilidade das torcidas e com a agressividade dos jogadores dentro de campo.
  • 12. Uma final especialmente traumática ocorreu em 1969, entre Estudiantes de La Plata (Argentina) e Milan (Itália), a qual resultou em várias expulsões de jogadores argentinos. Com a desculpa de preservar a integridade dos atletas, somado à falta de incentivo financeiro, diversos campeões europeus desistiram de participar da decisão do Mundial; em todos os casos, eles acabaram substituídos pelos vice- campeões. As edições de 1975 e 1978 não foram disputadas e a competição começou a correr o risco de ser extinta até que a empresa japonesa Toyota decidiu patrocinar o evento, levando a decisão para o Japão e passando a disputa para um jogo único. A iniciativa agradou aos clubes europeus, que nunca mais desistiram de participar. De 1960 a 1979, a Copa Intercontinental foi jogada em ida e volta. Entre 1960 e 1968, foi decidida em pontos. Por causa deste formato, era necessário um terceiro encontro quando as equipes terminavam empatadas. De 1969 a 1979, a competição adotou o método do gol qualificado com vantagem para quem marcasse fora de casa. Começando em 1980, a final transformou-se um jogo único. Até 2000, os jogos foram disputados no Estádio Nacional de Tóquio. A partir de 2001, mudou para o Estádio Internacional de Yokohama, palco da final da Copa do Mundo de 2002. Libertadores: o caminho para o Japão Capítulo 2 Em 1981, o Grêmio conquistou seu primeiro título do Campeonato Brasileiro, com um gol histórico de Baltazar contra o São Paulo, em pleno Morumbi. A vitória garantiu, também pela primeira vez, a presença do Clube na disputa pela Taça Libertadores da América, maior competição entre clubes do continente americano. Zico segura a taça de campeão do Flamengo, depois da vitória sobre os ingleses do Liverpool No mesmo ano, o Flamengo foi o primeiro time brasileiro a sagrar-se campeão do continente americano e ir ao Japão disputar o Mundial com o Liverpool, da Inglaterra. No dia 13 de dezembro, o time carioca venceu a disputa e levou a taça para o Rio de Janeiro. A repercussão mundial da conquista flamenguista levou outros times brasileiros a pensarem com mais carinho em investir em bons desempenhos na Libertadores. O Grêmio, no entanto, não soube aproveitar sua primeira participação no torneio e
  • 13. acabou sendo eliminado ainda na primeira fase, em um grupo com Defensor Sporting (URU), Peñarol (URU) e São Paulo. Na época, apenas o primeiro do grupo seguia na competição. Segunda chance Nunes discute com o goleiro gremista Leão, durante a finalíssima de 1982 O Grêmio disputou o Campeonato Brasileiro de 1982 com voracidade, na esperança de conquistar o bicampeonato. No entanto, o time perdeu a finalíssima contra o Flamengo, de Nunes, e teve que se contentar com a classificação para a Copa Libertadores do ano seguinte, em sua segunda participação na competição continental. Já com alguma experiência internacional e com o comando do caudilho Hugo de León dentro do campo, o Grêmio vislumbrou na Libertadores a possibilidade de alcançar um título inédito para o Rio Grande do Sul. A equipe treinada por Valdir Espinosa soube se adequar perfeitamente às características de garra, força e entrega que normalmente têm aqueles times latino-americanos habituados a triunfarem neste tipo de torneio. A fórmula de disputa da Libertadores naquela época pode ser considerada muito mais difícil do que a de hoje em dia. Na primeira fase, em um grupo com quatro equipes, apenas o primeiro colocado passava para a fase semifinal. Esta fase, por sua vez, era disputada entre três equipes, com a campeã do grupo se classificando para a final. Por fim, a decisão era disputada numa melhor de três, ou seja, se cada equipe ganhasse um jogo, o campeão sairia em uma terceira partida jogada em campo neutro, normalmente em um país fronteiriço. Com um planejamento organizado desde o final de 1982, o Grêmio montou uma equipe que mesclava juventude e experiência, técnica e garra. Sem espaço no Flamengo de Zico, o meia Tita foi contratado por empréstimo e se tornou uma das principais figuras do time de Espinosa. Na defesa, De Leon era o xerife e, no ataque, a experiência de Tarciso com a força e os dribles desconcertantes do jovem Renato. A fórmula ideal que levou o Tricolor à conquista do título. Primeira fase
  • 14. Mazarópi foi um importante reforço para a fase semifinal Na primeira fase, o Grêmio enfrentou Bolívar e Blooming, respectivamente campeão e vice-campeão da Bolívia, além do Flamengo, campeão brasileiro. Graças às duas vitórias em território boliviano, o Tricolor comemorou a classificação para a fase semifinal com uma rodada de antecipação. Ainda invicto na competição, o Tricolor contou com um reforço importante para a fase semifinal: o goleiro Geraldo Pereira de Matos Filho, ou Mazarópi, foi contratado junto ao Vasco da Gama onde havia conquistado o título carioca de 1982. Sua experiência e a forma enérgica como participava das partidas serviu como uma luva na equipe gremista. Remi, titular até então,mas que havia mostrado insegurança em alguns jogos, teve que se contentar com a reserva. Semifinal O argentino Estudiantes de La Plata e o colombiano América de Cali foram os adversários do Grêmio na fase semifinal. Depois de vencer o Estudiantes no Olímpico por 2 a 1 na abertura da fase, o Grêmio conheceu sua primeira e única derrota na competição: 0 a 1 contra o América, em Cali Na partida de volta, o Grêmio deu o troco, vencendo por 2 a 1. Brilhou a estrela de Mazarópi, que defendeu uma cobrança de pênalti na segunda etapa garantindo a vitória. O empate com os argentinos do Estudiantes entrou para a história como a Batalha de La Plata Na última partida, a histórica “Batalha de La Plata”, Grêmio e Estudiantes ficaram no 3 a 3. O Tricolor vencia por 3 a 1 mas os donos da casa chegaram ao empate mesmo com quatro jogadores expulsos. Uma verdadeira guerra, onde jogadores, dirigentes e torcedores gremistas sofreram com a hostilidade dos agressivos argentinos presentes no acanhado estádio de La Plata.
  • 15. Com este resultado, o Estudiantes enfrentou o eliminado América, em Cali, precisando de uma vitória para garantir a vaga na final. Na iminência de ficar de fora da decisão, o então presidente gremista, Fábio Koff, utilizou todo seu prestígio junto aos dirigentes do clube colombiano para garantir a mobilização necessária dos jogadores dentro de campo. Deu certo, um empate sem gols garantiu o Grêmio na grande decisão da Libertadores contra o tradicionalíssimo Peñarol do Uruguai, que defendia o título de campeão do torneio e campeão mundial interclubes. Final Sempre seguro de si e defensor da teoria de que fazer o primeiro jogo em casa é melhor, a diretoria do Peñarol dispensou o sorteio que definiria o mando de campo para a final preferindo que o segundo jogo fosse realizado em Porto Alegre. O desejo dos uruguaios veio ao encontro do que queria a diretoria gremista. No dia 22 de julho, em Montevidéu, as duas equipes entraram no gramado de um místico Estádio Centenário lotado para dar início à decisão da 24º edição da Libertadores. O Peñarol, querendo fazer escore, e o Grêmio tentando segurar o ímpeto charrua. Tita escora escanteio de Tarciso e faz o primeiro gol do Grêmio Logo no início, o meia Tita abriu o marcador para o Tricolor depois de escanteio cobrado por Tarciso da esquerda. Grêmio 1 a 0. Na base da raça, o Peñarol chegou ao empate ainda na primeira etapa com Fernando Morena. A pressão dos uruguaios em busca da vitória durou até o final mas o Grêmio foi guerreiro e conseguiu assegurar um empate maiúsculo em território inimigo, bastante comemorado por todos os gremistas. Bastava agora uma vitória simples no Olímpico para que o título não saísse de Porto Alegre. O sonho de Tóquio estava cada vez mais próximo. Porto Alegre parou no dia 28 de julho de 1983 e voltou as atenções para o Estádio Olímpico onde, à noite, Grêmio e Peñarol faziam o segundo jogo da final da Copa Libertadores. Quem vencesse garantiria o título. Um novo empate levaria a decisão para um terceiro jogo em campo neutro na cidade de Buenos Aires. Desde o início, o Tricolor transformou o gigantesco apoio de sua torcida em superioridade dentro de campo. O primeiro gol não demorou a sair: Osvaldo entrou
  • 16. pela esquerda e chutou cruzado. A bola passaria na frente do gol mas Caio apareceu e empurrou para as redes Atrás no marcador, os uruguaios não mediram esforços para chegar ao empate e, apesar de grande atuação do setor defensivo gremista, marcaram no início da etapa final. Fernando Morena, de cabeça depois de cobrança de falta da direita, fez 1 a 1. Também de cabeça, o atacante César sela o resultado: Grêmio campeão da América O gol abalou a equipe gremista que demorou um pouco até colocar a cabeça no lugar e voltar a fazer prevalecer sua superioridade. Aos 32 minutos, Renato recebeu ao lado da área, pela direita, e cruzou. O atacante César, que havia entrado no lugar de Caio, mergulhou de cabeça e marcou o gol da vitória gremista. Loucura no Estádio Olímpico! O único vermelho de destaque em Porto Alegre, nos dias seguintes, era o sol nascente representado na bandeira do Japão. O Grêmio estava garantido em Tóquio para enfrentar o Hamburgo na decisão do Mundial Interclubes de 1983. Como o Hamburgo chegou a Tóquio Capítulo 3 Felix Magath, autor do gol da vitória, levanta a taça de campeão da Europa Com uma grande torcida, mas com pouca tradição no futebol, o Hamburg Sport- Verein, da cidade de Hamburgo, ainda podia ser considerado um clube emergente dentro da Europa. Fundado em 1887 (o clube mais antigo da Alemanha), na segunda maior cidade do país, possuía apenas seis títulos nacionais no currículo, o último deles exatamente em 1982, quando garantiu vaga na Copa dos Campeões do ano seguinte. Neste ano, foi vice-campeão da Copa da Uefa, perdendo para o Gotemborg, da Suécia. Em 1968 perdeu para o Milan a Recopa européia, chegando ao título em 1977, ao bater o Anderlecht belga.
  • 17. Ao contrário do que todos esperavam, o time alemão foi a grande zebra da mais importante competição européia da temporada 82/83, deixando pelo caminho adversários sem muita tradição. Talvez por isso tenham triunfado. Naquela época, a fórmula de disputa era diferente da atual, com confrontos eliminatórios de ida e volta que lembram a nossa Copa do Brasil. Na grande decisão, realizada no dia 25 de maio de 1983, no Estádio Olímpico de Atenas, na Grécia, o Hamburgo bateu por 1 a 0 a poderosa Juventus da Itália, de Michel Platini e base da seleção italiana campeã mundial no ano anterior. O gol foi marcado aos 9 minutos por Felix Magath (na foto levantando a taça do título), a principal estrela da equipe. O Hamburgo, treinado pelo austríaco Ernst Happel, jogou com Stein; Kaltz, Jakobs, Hieronymus e Wehmeyer; Groh, Rolff, Bastrup (Heesen) e Magath; Milewski e Hrubesch. A Juventus, do técnico Giovanni Trapattoni, atuou com Zoff; Gentile, Brio, Scirea e Cabrini; Bonini, Platini, Tardelli e Boniek; Bettega e Paolo Rossi (Marocchino). Confira abaixo como foi a campanha do Hamburgo na Copa dos Campeões, que garantiu a presença do clube em Tóquio para enfrentar o Grêmio: Data Local Partida Primeira fase 15/09/82 Berlim/ALE Dynamo 1 x 1 Hamburgo 29/09/82 Hamburgo Hamburgo 2 x 0 Dynamo Oitavas-de-final Hamburgo 1 x 0 20/10/82 Hamburgo Olympiakos Olympiakos 0 x 4 03/11/82 Pireus/GRE Hamburgo Quartas-de-final Dinamo Kiev 0 x 3 02/03/83 Tbilisi/GEO* Hamburgo Hamburgo 1 x 2 Dinamo 16/03/83 Hamburgo Kiev Semi-final San Real Sociedad 1 x 1 06/04/83 Sebastian/ESP Hamburgo Hamburgo 2 x 1 Real 20/04/83 Hamburgo Sociedad Final 25/05/83 Atenas/GRE Hamburgo 1 x 0 Juventus *Mesmo sendo de Kiev, o Dinamo mandou seu jogo em Tbilisi, atual Georgia Operação Tóquio: 136 dias de preparação Capítulo 4
  • 18. Desde a conquista da Libertadores, no dia 28 de julho, até a final do Mundial, no dia 11 de dezembro, o Grêmio teria exatos 136 dias para se preparar. Foi uma verdadeira maratona, com 40 jogos neste período, mesclando a equipe titular e a reserva. Equipe titular que havia sofrido uma baixa importante. Nem mesmo a vaga assegurada na grande decisão de Tóquio foi suficiente para que o meia Tita desistisse da idéia de retornar ao Flamengo após a conquista da Libertadores. Eterno reserva de Zico no time da Gávea antes de ser emprestado ao Grêmio, Milton Queirós da Paixão, o “Tita”, viu na venda do Galinho de Quintino para a Udinese da Itália a grande chance de assumir a camisa 10 do rubro-negro carioca, um antigo sonho. A vontade do jogador aliada à pressão do Flamengo por seu retorno tornou impossível manter o atleta no Olímpico. Mário Sérgio e Paulo César Caju, as novas armas do Grêmio para a decisão em Tóquio Com a iminente perda de um dos seus principais jogadores na campanha da Libertadores, o Grêmio tratou de buscar um substituto a altura. Acabou trazendo não apenas um, mas dois substitutos: os experientes Mário Sérgio e Paulo César Caju. Este último já havia atuado pelo Tricolor em 1979, vencendo o Estadual. Mário Sérgio atuava pela Ponte Preta, e Paulo César foi trazido do Aix em Provence, equipe do futebol francês. Estavam aí os dois reforços visando a final de Tóquio que fizeram a torcida esquecer Tita. Toquiomania Após a conquista da Libertadores, a palavra “Tóquio” passou a fazer parte do cotidiano dos gremistas, e a conquista do Mundial, no final do ano, virou uma verdadeira obsessão. Não só para os dirigentes e jogadores do Tricolor mas, principalmente, para a torcida. Torcedores começaram a se mobilizar para fazerem parte deste momento inesquecível em solo japonês. Muitos trataram de vender bens pessoais para juntar os quase 3 milhões de cruzeiros (3 mil dólares) em um pacote de sete dias e vôo charter oferecido por diversas empresas de turismo da capital gaúcha. Quem não tinha condições, tratava de se associar ao clube na esperança de ser sorteado com uma das 80 passagens oferecidas em uma promoção de marketing organizada pelo Grêmio com o objetivo de chegar aos 80 mil sócios no ano em que completava 80 anos.
  • 19. O Sol nascente da enorme bandeira japonesa começou a chamar atenção entre o azul da Super Raça Gremista Nos jogos disputados após a conquista da América, uma gigantesca bandeira do Japão destoava das demais no meio da torcida organizada Super Raça Gremista. As coisas do Japão passaram a significar símbolo de status entre a coletividade gremista. O consulado japonês em Porto Alegre, normalmente absorto em sua tranqüilidade habitual, passou a receber diariamente a visita de dezenas de torcedores em busca de informações sobre o país do sol nascente. Sair de lá com um simples panfleto já era suficiente. Até mesmo o restaurante Sakae´s, na época o único de culinária nipônica do estado, dobrou o número de clientes. Tudo graças à “Toquiomania” que tomou conta dos gremistas. Um envolvimento emocional impressionante visando a decisão do Mundial. Algo jamais visto na história do Clube. Estava criado um quadro de otimismo e motivação que, somado à indiferença dos alemães do Hamburgo, trazia a certeza da vitória. Operação Tóquio Em meio à disputa do Campeonato Estadual, a direção gremista resolveu instalar a “Operação Tóquio”, dando completa atenção à partida com o Hamburgo. Inevitavelmente, a competição estadual passou a ter um grau de importância bem menor do que o habitual e o clube optou por utilizar uma equipe reserva na fase decisiva da competição. A decisão acabou alijando com as possibilidades do Tricolor de retomar a hegemonia estadual e o clube ficou na terceira colocação, atrás de Inter e Brasil de Pelotas. Para fugir do clima de euforia da capital, o Grêmio se refugiou na cidade de Gramado, na Serra gaúcha Entre as ações da direção gremista, houve um esquema de acompanhamento a fundo da equipe alemã, com o apoio da imprensa gaúcha e de gremistas radicados na Alemanha e uma excursão pela América Central. Com a proximidade da viagem para Tóquio, a diretoria gremista decidiu afastar o grupo da euforia que tomava
  • 20. conta dos torcedores gremistas em Porto Alegre e concentrou a delegação na cidade de Gramado, na Serra Gaúcha. Longe da agitação, o grupo trabalhou forte sob o comando do preparador físico Ithon Fritzen. Osvaldo, lesionado, era uma das dúvidas para Tóquio Em um dos trabalhos, Mário Sérgio sofreu uma lesão na região glútea após uma queda e passou a ser dúvida. Além da lesão, o jogador acabou atingido por uma séria infecção intestinal responsável por uma debilitação física. Outro problema era Osvaldo, sentindo dores na coxa. Após o período em Gramado, o Grêmio desceu a serra para um último compromisso antes do início da viagem marcada para a tarde de segunda-feira. No sábado, a equipe reserva havia sido derrotada pelo Brasil de Pelotas, no Bento Freitas, dando adeus ao campeonato gaúcho, e no domingo, no Olímpico, em um amistoso de despedida, o time principal acabou derrotado pelo Novo Hamburgo pelo placar de 1 a 0. O resultado não abalou a confiança da torcida gremista que prometeu lotar o aeroporto Salgado Filho antes do embarque. O papel da imprensa na decisão Capítulo 5 Com a grande mobilização no Estado e o interesse da torcida gremista em conhecer um pouco mais sobre o Japão e o inimigo do dia 11 de dezembro, a imprensa gaúcha teve papel importante no sentido de traze para o torcedor dados minuciosos sobre o País do Sol Nascente e sobre a equipe alemã Rádio Gaúcha e Rádio Guaíba, as duas principais emissoras do Estado na época, destinaram correspondentes para acompanhar de perto o dia-a-dia do Hamburgo às vésperas de decisão. No dia 07 de dezembro, as duas emissoras transmitiram ao vivo a derrota do Hamburgo, em casa, por 2 a 0, contra o Stuttgart pelo campeonato alemão. Foi o último jogo antes do embarque da delegação rumo à Tóquio. Como não poderia deixar de ser, a repercussão foi muito grande entre a coletividade gremista que acompanhou atentamente o relato de como jogava o
  • 21. inimigo do Grêmio. Por estes e outros acontecimentos, a imprensa esportiva do Rio Grande do Sul é a melhor do país e uma das melhores do mundo. Belmonte, repórter em Tóquio Capítulo 6 A Caldas Júnior, empresa responsável pela rádio e TV Guaíba e pelo jornal Correio do Povo, decidiu se antecipar aos fatos e enviou um repórter ao Japão 4 meses antes da grande final. Em agosto, o jornalista João Carlos Belmonte, atualmente na Bandeirantes de Porto Alegre, desembarcava em Tóquio com a missão de levar aos gaúchos um pouco da cultura japonesa e da expectativa do povo local pela partida. Belmonte conversou com Grêmio.Net e contou como foi esta verdadeira aventura. Belmonte: Realmente foi uma aventura, chegar em um país desconhecido. Não tínhamos a mínima idéia do que iríamos encontrar, era uma novidade para todo mundo, tanto para nós quando para o torcedor do Grêmio que queria saber de tudo. Passei quase um mês como correspondente da Caldas Júnior com a missão de enviar ao Brasil reportagens diárias, que eram publicadas no Correio do Povo. Além disso, fizemos um acordo com uma TV japonesa e colhemos mais de 3 horas de imagens que posteriormente viraram um programa de uma hora e meia, apresentado na TV Guaíba, falando sobre a cidade, os costumes, o Estádio Nacional, o hotel do Grêmio, etc. O sucesso foi tão grande que a Guaíba teve que reapresentar a pedido dos torcedores gremistas. Grêmio.Net: E como foi este intercâmbio com os japoneses? Belmonte: Os japoneses também tinham muita curiosidade sobre nós. Quem eram aqueles habitantes do Cone Sul que viriam jogar em Tóquio? Levei vários presentes pra eles, como camisa do Grêmio, bandeiras, discos... Os japoneses adoram presentes. Entramos em um acordo para que eles nos ajudassem com a gravação de matérias sobre Tóquio e, em troca, eles viriam a Porto Alegre e nós ajudaríamos com matérias sobre nossa cidade. Fiz uma recepção em minha casa, com um churrasco assado pelo Érico Sauer. Eram jornalistas de uma TV contratados pela Toyota, patrocinadora do jogo. Ficaram espantados com o tamanho do meu pátio e com a quantidade de carne que comemos (risos). A Caldas Júnior conseguiu hospedagem de graça no Hotel
  • 22. Everest. Lá em Tóquio, em troca, ficamos de graça no mesmo hotel da delegação gremista. Grêmio.Net: Como foi a preparação da emissora para a transmissão do jogo? Belmonte: Cheguei uma semana antes para preparar os detalhes da transmissão. Alugamos, em segredo, um satélite 24 horas para a transmissão da partida pela Rádio Gaúcha. Em troca da assistência técnica, liberamos o nosso áudio, com a narração do Armindo Ranzolin, para que fosse reproduzido pela TV japonesa. Grêmio.Net: Então o Japão acompanhou o jogo com a narração em português? Belmonte: Exatamente. Provavelmente algum japonês deveria falar alguma coisa em cima da voz do Ranzolin, mas a transmissão foi em português. Curioso é que a TV japonesa não estava acostumada a transmitir futebol e colocou no ar só os 90 minutos. Deixaram a prorrogação de lado. Isso sem falar que colocavam propagandas no meio do jogo (risos). Tenho um conhecido que, lá no Japão, comprou um DVD deste jogo com a narração da Guaíba. Grêmio.Net: Qual a importância de uma experiência como esta para um jornalista? Belmonte: É uma experiência fantástica. Entra para o currículo. Tanto é que sempre que apresento meu currículo, além de destacar as sete copas do mundo de que participei, destaco também essa conquista do Grêmio. Foi uma coisa inesquecível. Banha, massagista do Mundial Capítulo 7 Alvaci Silva de Almeida, conhecido no meio futebolístico como “Banha”, é presença constante nos pôsteres das principais conquistas da história do Grêmio. No Clube desde 1964, quando tinha 21 anos, Banha era o responsável pelo relaxamento muscular dos atletas. Por motivos de saúde abandonou a função no final da década de 90. Conversando com os amigos nas dependências do Olímpico, Banha atendeu o Grêmio.Net para falar um pouco sobre a histórica conquista de 1983. Grêmio.Net: Qual o momento mais marcante daquele conquista no Japão? Banha: Foi quando o juiz apitou o final de jogo e a festa começou no estádio. Depois continuou no ônibus, no hotel. Tudo com muito champanhe.
  • 23. Grêmio.Net: Você conheceu quase o mundo todo com o Grêmio mas uma viagem tão longa e cansativa como esta foi a primeira vez. Como foi o vôo até Tóquio? Banha: Foi tranqüilo. Conversamos bastante, jogamos carta, tomamos chimarrão. Na época eu pesava 143 Kg e o pessoal caiu na minha cabeça porque eu não conseguia fechar o cinto de segurança. A aeromoça teve que trazer outro pedaço de cinto para poder fechar. Era complicado ir ao banheiro também. Muito apertado (risos). Grêmio.Net: Você já foi quatro vezes com o Grêmio ao Japão mas em 1983 era a primeira vez. Como foi esse primeiro contato com tão diferente cultura? Banha: Parecia que eu estava em outro mundo. Era completamente diferente do que eu estava acostumado. Uma tecnologia muito desenvolvida. Para atravessar a rua, havia um aparelho sonoro para ajudar os cegos a atravessarem. Impressionante. Grêmio.Net: Houve alguma dificuldade de comunicação no dia-a-dia com os japoneses? Banha: Não. Nenhum. O Grêmio pensou em tudo e, no hotel, haviam quatro ou cinco intérpretes à disposição da delegação. Se a gente queria sair pra fazer compras, sempre éramos acompanhados por um deles. Fiquei responsável por fazer feijão para os jogadores e até mesmo na cozinha havia um intérprete pra me ajudar. Grêmio.Net: Como foi a expectativa antes da partida? Banha: Uma ansiedade muito grande. Trabalhei direto com o Osvaldo. Ele viajou sentindo dores e fizemos um tratamento intensivo. De manhã, de tarde e de noite. Só na véspera da partida que ele acordou sem dor e acabou sendo uma das grandes figuras da conquista. Grêmio.Net: No momento em que o Hamburgo empatou o jogo, você estava atendendo o Renato, com câimbras, na beira do gramado. Como foi aquele momento? Banha: Quando o Hamburgo fez o gol, nós gelamos. O Renato se levantou rapidamente e voltou para o campo dizendo “vamos ganhar, vamos ganhar”. Graças a Deus ele conseguiu fazer o segundo gol na prorrogação. A equipe já estava cansada física e mentalmente e o gol veio na hora certa. Grêmio.Net: Você ainda mantém contato com o pessoal daquela época? Banha: Claro. Tenho contato com o Hélio (roupeiro), meu companheiro de Grêmio por 40 anos. O Tarciso, o Paulo Roberto. Até mesmo com o De Leon, na época em que ele estava treinando o Clube. Todos que andam pela área a gente encontra e pára para bater um papo. Valdir Espinosa, aposta vitoriosa
  • 24. Capítulo 8 Valdir Ataualpa Ramirez Espinosa. Hoje em dia, o nome de um técnico consagrado dentro do futebol brasileiro. Em 1983, com apenas 36 anos de idade, um profissional em início de carreira em busca de oportunidade para mostrar sua competência. A oportunidade foi dada pelo Grêmio de Fábio Koff que, com sua visão futurista, acreditou nas potencialidades daquele jovem treinador que, anos antes, havia defendido o Grêmio como jogador. Com aval da direção, Espinosa assumiu no início do ano, durante a pré-temporada em Gramado. Começava ali um dos trabalhos de maior sucesso de um treinador no comando do Clube. Por telefone, direto de Fortaleza, Espinosa atendeu a reportagem de Grêmio.Net e falou sobre aquele inesquecível momento em Tóquio. Grêmio.Net: Quando você assumiu o Grêmio, tinha alguma idéia de que poderia chegar até onde chegou conquistando o Mundial Interclubes? Espinosa: Eu tenho muito medo de avião e lembro que no dia da minha apresentação, em Gramado, falei para os jogadores no vestiário: “Façam uma sacanagem comigo. Me levem a Tóquio no fim do ano”. Não sei se eles tinham essa real idéia mas a verdade é que chegamos lá. Grêmio.Net: Mas quando você foi contratado, a direção gremista já tinha esse objetivo de chegar ao Japão no final do ano? Espinosa: Sim. Quando fui contratado, junto com outros companheiros, o Fábio Koff foi bem claro e disse: “Estes são os contratados e nós temos um título mundial para disputar no final do ano”. Grêmio.Net: Qual a importância desta conquista para sua carreira que estava começando? Espinosa: Se até hoje são poucos os clubes que chegaram a esta conquista no Brasil, também são poucos os treinadores. Valoriza muito o currículo de qualquer profissional. Ele fica muito mais forte. E a importância aumenta quando você conquista um título desta grandeza defendendo o time que você torce.
  • 25. Grêmio.Net: Como foi a preparação com relação ao Hamburgo? Como foi feito para tomar informações sobre o adversário? Espinosa: Naquela época não tínhamos a facilidade que temos hoje em dia. Conseguimos apenas uma fita com a gravação de um jogo do Hamburgo trazida da Alemanha por um comandante da Varig que era gremista. Eu e o Ithon Fritzen fomos para Hamburgo ver uma partida contra o Werder Bremen. O acompanhamento da imprensa gaúcha também foi importante. Houve uma cumplicidade muito grande por parte de todo mundo. Não era só o Grêmio que estava em jogo, era o futebol brasileiro. Grêmio.Net: Qual a principal lembrança que você tem daquela conquista? Espinosa: São duas lembranças: antes do início da prorrogação, o De Leon, que era o capitão, chegou pra mim e disse: “Fica tranqüilo. Lá na área ninguém mais vai cabecear”.Ouvindo isso, o Renato chegou pra mim e falou: “Se lá atrás a defesa garante, pode deixar que lá na frente eu vou arrebentar”. Grêmio.Net: Qual foi o momento mais difícil? Espinosa: O gol do Hamburgo. O jogo já estava no final e isso levaria a decisão para uma prorrogação. Mas depois do que escutei do De Leon e do Renato não perdi a confiança. Grêmio.Net: Quando você teve a certeza de que o título seria nosso? Espinosa: A gente sempre acreditou. O grupo era extraordinário. Com uma grande qualidade técnica, força e determinação. Talvez uma das maiores equipes que o Grêmio já teve em sua história. Nós não fomos para Tóquio para apenas disputar um jogo, fomos para buscar o título. Grêmio.Net: Como era sua relação com os atletas? Espinosa: Havia uma amizade muito grande e muito respeito. Evidente que a experiência não é a mesma que tenho hoje mas sempre houve muito respeito. Tanto por parte dos jogadores quanto por parte do Koff, dos médicos, do Verardi. Havia uma cumplicidade muito grande e uma entrega por parte de todos. Grêmio.Net: Você tem alguma história curiosa vivida neste período no Japão que possa ser relembrada? Espinosa: Logo após o final do jogo, eu, o De Leon e o Renato, que havia sido eleito o melhor em campo, permanecemos no estádio para a entrevista coletiva enquanto o resto do grupo ia para o hotel. Quando chegamos de volta ao hotel, chamei todos os jogadores para o meu quarto e pedi três champanhas para comemorar. Quando o japonês trouxe a conta eu me apavorei. Não tinha como pagar. Chamei o Koff e disse: “Presidente, assina essa conta aqui pra mim”. Ele disse: “Tá bom. Deixa comigo”. (Risos) Isso que foram só três champanhas. Imagina se tivesse pedido mais? Renato, o nome da decisão
  • 26. Capítulo 9 Jovem. Impetuoso. Ousado. Vencedor. Os adjetivos caracterizam Renato Portaluppi, a principal figura do Grêmio na conquista do Mundial Interclubes de 1983. Com sua técnica, força e habilidade, deixou de queixo caído alemães e japoneses que ainda não conheciam suas arrancadas e seus dribles desconcertantes pela ponta direita. Se aproveitando deste fator surpresa, Renato deitou e rolou em cima dos truculentos zagueiros do Hamburgo e marcou os dois gols da vitória gremista. O menino que trabalhava como padeiro deixou a pequena cidade de Bento Gonçalves, na serra gaúcha, para se perpetuar na história como o jogador mais importante que já vestiu o manto tricolor. Por telefone, Grêmio.Net conversou com Renato e relembrou os principais momentos daquela conquista inesquecível. Grêmio.Net: Qual a principal lembrança que você tem daquela conquista no Japão? Renato: Sem dúvida foram os dois gols que eu fiz. Foi uma emoção muito grande ver a alegria de todo mundo. É até difícil descrever e destacar um momento em especial. Grêmio.Net: Em qual momento do jogo que você sentiu que o Grêmio ganharia o título?
  • 27. Renato: Foi no fim dos 90 minutos. Eu estava com câimbras, o China estava com o tornozelo inchado, tinha mais alguém que estava sentindo também. Mesmo assim, a galera tava afim de voltar para o jogo e voltar com tudo. Ali senti que levaríamos o título. Grêmio.Net: Quando o Hamburgo chegou ao empate, no final de jogo, você estava com câimbras fora de campo. O que você sentiu naquele momento? Chegou a temer que a vitória poderia escapar até porque o grupo estava sentindo bastante no aspecto físico? Renato: Foi um momento complicado. Cheguei a temer se eu não voltasse para o gramado. Felizmente o Banha (massagista) fez uma massagem esperta e me deixou na boa. Grêmio.Net: Você foi escolhido o melhor em campo e recebeu um carro da Toyota. O que foi feito com o carro? Renato: Havíamos combinado que se alguém ganhasse o carro, pegaria o valor em dinheiro e dividiria com o resto do grupo ou ficaria com o carro tirando o dinheiro do bolso para dividir com o pessoal. Eu optei pela primeira: peguei o dinheiro e dividi com o grupo. Grêmio.Net: Você tem alguma história particular vivenciada durante esta estada no Japão que possa dividir com o pessoal do site? Renato: Foi um período muito legal. Os japoneses são gente finíssima e nós sacaneávamos eles direto. Mas me lembro de uma história em particular: na manhã de domingo, dia do jogo, antes da saída para o estádio, um dos intérpretes fornecidos pela Toyota tentou reunir o Espinosa e o treinador do Hamburgo (Ernst Happel) para uma foto no saguão do hotel. O técnico deles recusou o convite dizendo que não conhecia ninguém do Grêmio e que estava com pressa de sair para o estádio para ganhar o título e ir embora pra casa. Isso me irritou demais. Depois que eu fiz o segundo gol, corri para frente dele e gritei: “agora você conhece o Grêmio”. O interprete estava ao lado e traduziu na hora. Fábio Koff, o presidente do Mundial Capítulo 10
  • 28. Neste trabalho de pesquisa, com relatos emocionantes e exclusivos de quem vivenciou aquela decisão de Tóquio, não poderia faltar a participação de uma das pessoas mais importantes e decisivas. Fábio André Koff iniciou 1983 projetando o final do ano com a conquista do Mundial. Pouca gente acreditava, mas Koff fez prevalecer suas convicções e concretizou seu sonho maior de voltar ao Brasil carregando a taça de campeão mundial. Pelo telefone, Koff atendeu a reportagem de Grêmio.Net para compartilhar com todos os gremistas um pouco desta experiência inesquecível. Grêmio.Net: Quando o senhor acreditou que o Grêmio seria campeão do mundo? Koff: No primeiro ano como presidente, em 1982, o Grêmio vinha de um vice- campeonato brasileiro e de uma Libertadores com resultados ruins. No fim do ano aceitei a reeleição porque eu tinha uma premonição, ou um palpite, de que seríamos campeões do mundo. E não disse isso brincando. Eu estava apostando tudo nisso. (pausa) Também não é difícil ter premonição desse tipo com um jogador como o Renato no time (risos). Aceitei a reeleição e tivemos tempo e tranqüilidade para montarmos uma equipe com características de um time valente para a disputa de uma Libertadores e de um Mundial. Tudo com critério e convicção. Grêmio.Net: A contratação do Espinosa no início de 1983 também fez parte desta convicção? Koff: Fez. No final de 1982 o Ênio Andrade decidiu por sair do Grêmio dizendo que seu ciclo já havia terminado. Foi então que, juntamente com o Alberto Galia, decidimos apostar no Espinosa para comandar um projeto que terminaria, dentro da nossa expectativa, em dezembro, em Tóquio. Jamais deixamos de acreditar nisso. O curioso é que, dez anos depois, assumi o Grêmio outra vez com essa mesma convicção, esse mesmo palpite, e acabamos voltando a Tóquio em 1995. Grêmio.Net: Como foi a preparação do grupo para aquele jogo de Tóquio? Koff: Depois da conquista da Libertadores, ficamos focados apenas nesse jogo. Mandei o Espinosa e o Ithon para a Alemanha onde eles acompanharam jogos do Hamburgo. Na época, tínhamos muito pouco material então achamos importante acompanhar de perto. O Espinosa é muito inteligente e pensou muito bem o jogo. Grêmio.Net: O que vocês conheciam do Hamburgo? Koff: Tudo que eu conhecia era pela literatura e algumas informações que conseguíamos através de amigos. Depois o Espinosa foi lá ver. Ele sempre esteve bem informado além de ser um estudioso.
  • 29. Koff exibe a taça do Mundial ao chegar no aeroporto, em Porto Alegre Grêmio.Net: Qual foi o momento daquele jogo em que o senhor teve a certeza do título? Koff: Só fui ter certeza depois do segundo gol do Renato. Aí pensei: “agora nunca mais”. É bom registrar para que todo mundo saiba que agora a Fifa reconheceu o Grêmio como campeão do mundo. Estamos lá na galeria dos melhores do mundo. Muita gente dizia que havíamos ganhado uma competição não oficializada. Grêmio.Net: O senhor tem alguma história curiosa, peculiar, desta viagem ao Japão que possa ser relembrada? Koff: O Alberto Galia sempre foi muito religioso, crente. Um dia fomos visitar o templo de Buda, em Tóquio. No altar havia uma fumaça que ficava ali permanente. O Galia começou a agarrar aquela fumaça com as mãos e a passar por todas as partes do corpo. Todas mesmo. Meio que constrangido ele olhou pra mim e disse que era para dar sorte. Mesmo com aquele jeito de brincalhão, a gente sabia que no fundo o desejo era esse. E deu certo. Grêmio.Net: Será que tem como descrever a sensação de ser um presidente campeão do mundo e a emoção de chegar em Porto Alegre carregando a taça? Koff: Não. Isso é indescritível. Quando a gente está no estádio, em um país distante, com tudo muito diferente, a gente fica com a euforia um pouco contida, sem poder extravasar. Só lamentávamos em não estar em Porto Alegre naquela hora. Mas esse sentimento foi compensado quando chegamos no aeroporto. Ver aquelas pessoas na rua, a cidade parada, o desfile da delegação, a recepção no Palácio Piratini... Um momento indescritível. Fico feliz por ter contribuído com isto e ter vivido este momento. Viagem até o outro lado do Mundo Capítulo 11 Dia 05 de dezembro de 1983, segunda-feira, 17h30, um vôo da Varig levando 170 passageiros, entre eles os atletas gremistas, decolava do aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, tendo como destino final o aeroporto de Narita, no Japão. Com
  • 30. eles, embarcava a esperança de milhares de torcedores ansiosos com a decisão do Mundial Interclubes. A despedida emocionada de centenas de gremistas no aeroporto da capital gaúcha fez com que o início de viagem fosse marcado por um clima de alegria e confiança. Ninguém demonstrava preocupação com o desgastante vôo. Porto Alegre - Rio de Janeiro – Lima A primeira parada foi no Rio de Janeiro, onde a delegação trocou para um avião maior. No mesmo vôo, embarcaram os jogadores do time Estrelas da América, uma equipe com atletas e ex-atletas da América do Sul que faria jogos amistosos nos Estados Unidos. As presenças de Rodolfo Rodriguez, Romerito, Rodrigues Neto, Carlos Alberto Torres e Figueroa, entre outros, causou rebuliço no avião. O zagueiro chileno, ex- Internacional, foi alvo das brincadeiras de gremistas e acabou tendo que vestir uma camisa do Grêmio, para alegria dos fotógrafos. O carteado foi o passatempo predileto dos gremistas e passageiros em geral O carteado foi a principal distração encontrada pelos passageiros para ocupar o longo tempo ocioso dentro da aeronave. Jogos animados entre atletas, torcedores e diretoria ocupavam as atenções dos demais. Poucos permaneciam em seus lugares, e a caminhada pelos corredores foi a alternativa para a bem-vinda esticada de perna. Depois da janta e com a chegada da madrugada, as luzes foram apagadas e a maioria, derrotada pelo cansaço, caiu no sono. A chegada em Lima ocorreu por volta das 3h30 de terça-feira, com escala de uma hora para reabastecimento. Alguns passageiros se aventuraram a descer do avião para fazer compras no aeroporto, mas prontamente retornaram de mãos vazias reclamando dos altos preços cobrados pelos comerciantes locais. Lima - Los Angeles – Narita Por volta das 10h de terça-feira, dia 6, já com o sol brilhando do lado de fora da janela, foi servido o café da manhã. Muitos já estavam de volta ao carteado, acompanhado do chimarrão. O avião se aproximava de Los Angeles, nos Estados Unidos, local da última escala antes do trecho mais longo da viagem. Com o aeroporto de Los Angeles em reforma, os passageiros tiveram que aguardar em um local improvisado, dentro de um galpão inflável, até o anúncio da saída da nova aeronave. Dali para o Japão seriam mais 11 horas de vôo.
  • 31. A constante mudança no fuso horário acabou confundindo todo mundo. A discussão a respeito do horário durou um bom tempo. Uns tinham mudado o relógio para o horário do Peru, outros para os Estados Unidos, mas a maioria optou por não mexer. Na verdade, a discussão foi só mais um pretexto para passar o tempo. O técnico Valdir Espinosa, sabidamente temeroso quando entra num avião, já deixara de ser o alvo das brincadeiras. Acostumado com os barulhos das turbinas e com as turbulências, passou algumas horas na cabine de comando, onde recebeu uma aula de pilotagem. De León, Mazarópi, Caio, Tonho e o próprio Espinosa, contavam com a presença de suas esposas no vôo. Uma concessão da diretoria gremista após apelo de Margarita, esposa do capitão uruguaio. Enfim, depois de intermináveis 36 horas de viagem, o avião levando a delegação gremista (foto) aterrissou no aeroporto de Narita, no Japão. Eram 2h da manhã de quarta-feira no Brasil, 14h no Japão. Treinamentos em Tóquio Feito todo o trâmite de entrada no país, a delegação gremista sofreu o primeiro choque cultural tendo em vista o avanço tecnológico e as modernidades japonesas. Isso sem falar no idioma. Nenhum letreiro que não tivesse a tradução para o inglês poderia ser identificado. Sensível a estes problemas, a Toyota, patrocinadora do Mundial, colocou cinco tradutores à disposição da delegação 24 horas por dia. Com a ajuda deles, todos os problemas de alfândega foram solucionados até a delegação embarcar em um ônibus especial com destino ao local da concentração, no centro de Tóquio.
  • 32. Um grande contingente de brasileiros aguardava no saguão do Hotel Prince pela chegada da delegação gremista. O trajeto de Narita até o hotel durou aproximadamente duas horas, um sacrifício pequeno para quem já havia passado 36 horas em deslocamento. A recepção foi carinhosa, ao estilo japonês, e animada, ao estilo brasileiro. A grande maioria dos gremistas preferiu subir para os quartos para tomar banho e descansar em uma cama de verdade. O delicioso jantar foi servido às 20h15, horário local. Uma hora depois, a programação distribuída pelo clube anunciava que os atletas deveriam se recolher aos aposentos. O principal objetivo agora era adaptar o organismo dos jogadores ao fuso horário local Depois de aproximadamente 11 horas de descanso, a delegação gremista despertou às 9h da manhã de quinta-feira para o desjejum no restaurante do hotel. Uma alimentação leve, para não interferir no treinamento marcado para o meio-dia em um centro de treinamento próximo ao hotel. O horário foi decidido pela comissão técnica por coincidir com o horário da partida de domingo. O estádio Nacional, local do jogo, só seria disponibilizado no sábado para um rápido reconhecimento do gramado Valdir Espinosa e Ithon Fritzen comandaram um trabalho leve tanto na parte técnica quanto física. Alguns jogadores demonstraram bastante desgaste depois da viagem de 36 horas. A baixa temperatura, em torno de 6°C, também não ajudava. O treinador gremista afirmou que manteria os trabalhos leves em todos os treinos até a partida pois o trabalho mais forte já havia sido realizado em Gramado. Tarciso sentiu dores musculares durante o vôo e foi observado pelo Departamento Médico. China ainda se recuperava de uma entorse no tornozelo e Mário Sérgio apresentava um quadro gripal. Porém, nenhum chegou a ser dúvida para o jogo. O ponto positivo do dia foi que ninguém mostrou problema de adaptação ao fuso horário.
  • 33. O Estádio Nacional Inaugurado em 1958 para a disputa dos jogos asiáticos, o Estádio Nacional de Tóquio, até a Copa do Mundo de 2002, era o maior orgulho do país em matéria de futebol. Em 1964, foi palco dos Jogos Olímpicos e, três anos depois, sede da Universíade. Atualmente, recebe partidas do FC Tokyo e do Verdy Tokyo. Com capacidade oficial para 60.067 espectadores, o Estádio Nacional é um ponto de referência para os esportistas japoneses por sua localização central e privilegiada. Seu complexo esportivo, que conta com dois campos de baseball, fica ao lado do prédio do Arquivo Nacional, dentro do Meiji Jingu Gaien Park, uma área verde freqüentada por jovens em busca de lazer e exercícios físicos. Sábado, meio-dia, faltando 24 horas para o início da decisão, a delegação gremista desembarcou no local da partida para o reconhecimento do gramado. O mesmo seria feito pela equipe do Hamburgo horas depois. O gramado queimado pela neve do rigoroso inverno japonês deixou uma má impressão, mas que foi prontamente desfeita quando os atletas começaram a fazer a bola rolar. Apesar de duro, amarelado e desgastado pelo frio, o piso mantinha a qualidade para a prática de um bom futebol. Os jogadores acabaram optando pelo uso de travas de borracha nas chuteiras. Agora só restava ao Grêmio esperar as últimas horas antes da maior decisão de sua história. Em jogo, o Mundial Interclubes Capítulo 12 Depois de mais de quatro meses de preparação, vivendo 24 horas por dia com o pensamento voltado somente para uma partida, finalmente chegava a hora da grande decisão. A maior partida da história dos 80 anos do Grêmio, um clube surgido no início do século e que traçou seu caminho na base da garra, com a participação de bravos homens que não temeram as adversidades para colocar em prática o sonho de tornar o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense um dos maiores clubes do planeta. Chegava a hora de mostrar para o mundo a grandeza de um povo. Um povo que veste azul, preto e branco e que jamais foge da batalha. Depois de um leve café da manhã, a delegação gremista seguiu para o estádio Nacional de Tóquio, chegando no vestiário aproximadamente duas horas antes do início do jogo. A temperatura era de 5 graus e o estádio estava com seus mais de 60 mil lugares lotados.
  • 34. Em Porto Alegre, o relógio se aproximava da meia noite de sábado, dia 10. A cidade estava completamente parada esperando o início da partida. Não havia uma pessoa que não estivesse na companhia de um radinho de pilha ou na frente da televisão esperando o início da transmissão ao vivo pela TV Gaúcha. Faltando cinco minutos para o início da partida, as imagens entraram no ar, com Grêmio e Hamburgo já no gramado fazendo aquecimento para espantar o frio. O árbitro francês tomava as últimas medidas antes de apitar o início de jogo. No banco, o técnico Valdir Espinosa fumava um cigarro atrás do outro. Os telespectadores mais observadores notaram que o Grêmio usava calção branco e meia azul, ao invés dos tradicionais calções pretos e meias brancas. A exigência partiu da Toyota, que não permitia semelhanças nos uniformes das duas equipes por causa das pessoas que recebiam as imagens em televisores em preto e branco. Como o Grêmio não havia levado meias azuis na bagagem, o pessoal da rouparia teve que correr para encontrar a peça do uniforme nas lojas de Tóquio. Mais de 2 bilhões de pessoas recebiam as imagens da partida em todo o mundo. Para todo o Brasil, a Rede Globo trasmitia ao vivo com a narração de Galvão Bueno e comentários de Márcio Guedes. Para o Rio Grande do Sul, narração de Celestino Valenzuela com João Nassif nos comentários. 1° tempo Depois de um minuto de silêncio, o árbitro Michel Vautrot deu início ao jogo. Saída de bola para o Hamburgo O jogo começou com o Grêmio nervoso, errando muitos passes. O Hamburgo, por sua vez, dominava o meio de campo mas não conseguia chegar ao gol gremista. O primeiro lance com um certo perigo foi do Hamburgo, aos 20 minutos: Magath tentou meter a bola para Hansen, que entrava pela área. De Leon se antecipou de carrinho na meia lua da grande área. A bola rebatida pelo capitão gremista explodiu no corpo de Hansen e ficou pingando na marca do pênalti. Mais esperto, Mazaropi saiu para fazer a defesa antes que o alemão conseguisse chegar. Quatro minutos depois, Hansen desceu com a bola dominada pela direita e foi bloqueado pela zaga gremista quando tentava a conclusão, já dentro da área. A bola sobrou no outro lado para Wuttke, que tentou o arremate de longe, chutando por cima do gol, sem perigo para Mazaropi. A primeira jogada de impacto do Grêmio ocorreu aos 31 minutos: Renato foi lançado na direita, levou a bola até o fundo de campo e fez o cruzamento. A zaga se antecipou, mandando para escanteio. Mário Sérgio cobrou o córner tentando o
  • 35. gol olímpico e quase surpreendeu o goleiro Stein, que deu um soco na bola mandando outra vez pela linha de fundo. Aos 36 minutos, Tarciso foi lançado pela esquerda e ganhou o escanteio quando tentava cruzar para Osvaldo que entrava pela área. Paulo César Lima cobrou o córner, que foi afastado pela zaga alemã para a entrada da área, onde Mário Sérgio esperava o rebote. Ele pegou de primeira e quase surpreendeu Stein, mas a bola saiu muito alta. Dois minutos depois o Grêmio chegaria ao primeiro gol. O Hamburgo tentava chegar com perigo na área gremista, mas parou em Paulo Roberto, que afastou a bola de qualquer maneira para a intermediária. Paulo César Lima dominou no peito e rapidamente lançou para Renato, na direita, puxando o contra-ataque. Ele dominou a bola um pouco além da linha divisória do gramado e partiu em direção ao fundo de campo, sempre acompanhado de perto por Schröder, seu marcador. Em velocidade, já dentro da área, Renato ameaçou correr para fazer o cruzamento. Ao invés disso, puxou a bola de volta para seu pé esquerdo enganando o marcador. Ao ver o alemão voltar para tentar evitar o cruzamento com a esquerda, Renato puxou outra vez com a direita. Já com o marcador vencido, mas sem ângulo, ele preferiu chutar. Junto à trave, o goleiro Stein foi surpreendido pela potência do chute e não conseguiu fazer a defesa. A bola passou entre ele e o poste esquerdo. Grêmio 1 a 0! O Hamburgo ainda teve a oportunidade de empatar nos minutos finais da primeira etapa, com uma cobrança de falta de Rolf, na entrada da área. Magath cobrou rasteiro, pelo lado da barreira, forçando Mazaropi a fazer uma grande defesa em dois tempos. 2° tempo
  • 36. O Tricolor não perdeu tempo e, aos 2 minutos, já criou a oportunidade para ampliar o marcador: Mário Sérgio fez um lançamento buscando Tarciso, na esquerda, que entrava por trás da zaga. Antes dele apareceu Paulo César Magalhães completamente livre, que dominou e chutou, mesmo sem ângulo. No último momento apareceu o pé salvador de um zagueiro alemão para dividir o chute, e a bola passou à direita da meta de Stein O lance se repetiu cinco minutos depois: Osvaldo deu um balão afastando o perigo da área gremista e acabou armando um contra-ataque com Tarciso pela direita. Ele recebeu nas costas da zaga alemã, desceu com a bola dominada, entrou livre pela área e só não marcou porque um zagueiro apareceu no momento certo para mandar a escanteio. Aos 12 minutos, uma jogada que poderia ter mudado a história da partida: Baidek deu um chutão pra frente, afastando o perigo da área gremista e lançando Renato na direita. O ponteiro gremista partiu pra cima do marcador, entrou na área, deu um drible de corpo, colocou a bola na frente e foi derrubado por trás por Hieronymus no momento em que poderia marcar o segundo gol. O árbitro Michel Vautrot, mau colocado, nada marcou. Uma penalidade escandalosa a favor do Grêmio. Três minutos depois, Paulo César Lima desceu com a bola dominada pela intermediária de ataque. Com categoria, lançou Mário Sérgio que entrava pela direita, livre, se aproveitando da confusão da defesa alemã. Ao invés de chutar, ele preferiu tentar o cruzamento buscando o mesmo Paulo César que entrava pela pequena área. Antes dele apareceu novamente o pé salvador de um defensor. Stein já estava batido. Neste momento, embora o Hamburgo dominasse o meio de campo, o Grêmio era muito mais incisivo em seus ataques. Os alemães não sabiam transformar seu domínio territorial em ataques e abusavam das bolas levantadas na área. O Grêmio, por sua vez, bem postado atrás, se limitava a dar balões pra frente buscando a velocidade de Renato ou Tarciso nos contra-ataques. Aos 24 minutos, Espinosa tirou Paulo César Lima e colocou o atacante Caio. Dois minutos depois um dos cruzamentos para a área do Grêmio levou perigo à meta de Mazaropi. Magath cruzou da esquerda, encobrindo De Leon, e o zagueiro Jakobs arrematou de cabeça. A bola foi no ângulo direito com pouca força, forçando o goleiro Tricolor a grande defesa.
  • 37. Aos 30, Stein saiu da área para tentar jogar com os pés mas acabou errando em bola e teve que fazer falta sobre Tarciso, que levava vantagem. O goleiro alemão recebeu cartão amarelo. O mesmo cartão seria apresentado a Mazaropi no minuto seguinte por retardar a cobrança de um tiro de meta Aos 34, Bonamigo entrou no lugar de Osvaldo. Um minuto depois, Caio desceu pela esquerda, sem marcação, e arriscou o chute, obrigando Stein a fazer grande defesa. No lance seguinte, Paulo Roberto cruzou da direita e Caio mergulhou de cabeça, mandando a bola no canto direito de Stein, que fez outra grande defesa. Aos 40 minutos, o árbitro francês marcou um toque de mão de Bonamigo na intermediária de defesa do Grêmio. Felix Magath fez a cobrança buscando o segundo pau, onde Jakobs evitou o tiro de meta cabeçeando a bola de volta para a pequena área. A zaga gremista não conseguiu afastar e Schröder dominou e mandou para as redes, sem chance para Mazaropi. O Hamburgo chegava ao empate no finalzinho do jogo. No desespero, o Grêmio ainda tentou a vitória no tempo regulamentar. Aos 45, Renato teve uma chance depois que De Leon ajeitou de cabeça, na entrada da pequena área. O chute de esquerda saiu errado, por sobre o gol. Foi o último lance dos 90 minutos. Ficaria tudo para a prorrogação. Prorrogação O intervalo foi de muito trabalho para o massagista Banha, que teve que se desdobrar para manter aquecidos os músculos de Renato e China, ambos reclamando de dores musculares. Como o técnico Valdir Espinosa já havia feito as duas substituições a que tinha direito, todos teriam que voltar para a prorrogação. A definição da partida a favor do Tricolor não demorou para acontecer. Logo aos 3 minutos, brilhou mais uma vez a estrela do predestinado Renato. Num cruzamento da esquerda de Caio, Tarciso apenas encostou, de cabeça, a bola para o ponteiro gremista. Renato dominou de direita, cortou a marcação de Schröder e chutou rasteiro, de canhota, no canto esquerdo de Stein, que ficou sem reação. Grêmio 2 a 1! Festa gremista em Tóquio e em todo o Brasil. O Hamburgo partiu pra cima e quase conseguiu o empate aos 5 minutos, num escanteio cobrado por Magath. Renato tentou afastar de cabeça mas errou em bola, ela acabou batendo na cabeça de China e quase entra no seu próprio gol. Para sorte do Grêmio, ela passou por sobre a meta.
  • 38. Aos 9 minutos, Renato sofreu falta ao lado da área, pela direita. Mário Sérgio se apresentou para a cobrança mas ao invés de fazer o cruzamento, como todos esperavam, tentou surpreender Stein chutando direto a gol. A bola passou perto do poste esquerdo saindo para tiro de meta. Se fosse em direção à meta, dificilmente o goleiro alemão faria a defesa. Já nos minutos finais da primeira etapa, Renato evitou um contra-ataque do Hamburgo segurando a bola com as mãos. Recebeu cartão amarelo. Hartwig discutiu com o bandeirinha depois de ter sua cobrança de lateral revertida e também recebeu cartão amarelo. Nos descontos, Hansen recebeu dentro da área, de costas para o gol. A marcação evitou o primeiro arremate, mas a bola sobrou para Jakobs, junto à pequena área, pela direita. Ele chutou forte, rasteiro, mas Mazaropi, bem colocado, defendeu com as pernas e evitou o empate alemão. Acabava a primeira etapa da prorrogação. O Hamburgo parecia abatido, sem forças para tentar chegar ao empate. Os alemães faziam pressão de maneira desorganizada, no desespero, enquanto o time gaúcho continuava levando perigo nos contra-ataques. Era questão de tempo para o Grêmio comemorar. O Tricolor ainda teve uma última chance de matar o jogo quando Caio recebeu completamente livre, na frente de Stein. Com o gol aberto, ele não teve tranqüilidade e mandou por cima. Mas o gol não fez falta. Sem dar descontos, o árbitro Michel Vautrot apitou final de jogo em Tóquio. Renato, ajoelhado, desabou em lágrimas. Assim fizeram todos os gremistas, em todo o planeta. O Grêmio era Campeão do Mundo. O maior título que um time de futebol poderia alcançar. Festa no Japão.
  • 39. Festa no Brasil. O planeta reverenciava o futebol do gaúcho. O capitão Hugo de Leon foi o responsável por levantar a taça do campeonato. Renato foi eleito o melhor em campo e recebeu um carro Toyota dos patrocinadores. Começava em Tóquio a festa gremista que não tinha data para terminar. Depois de receber o troféu e as medalhas, o capitão comandou a volta olímpica pela pista atlética do estádio Nacional acompanhado pelos companheiros, diriegntes, comissão técnica e alguns torcedores que conseguiram entrar no gramado. Os cerca de 200 torcedores brasileiros que estiveram presentes no jogo, iniciaram uma peregrinação a pé até o hotel onde a delegação estava hospedada. A festa dos jogadores continuou no vestiário, no ônibus e no saguão do hotel. De León e Renato ficaram no estádio para a entrevista coletiva. A festa seguiu durante a tarde e a noite do Japão. Em Porto Alegre, ninguém dormia mais. O Rio Grande do Sul parou Capítulo 13 O ponto de concentração da torcida gremista aconteceu na rua Érico Veríssimo, na esquina com a avenida Ipiranga, ao lado do prédio do jornal Zero Hora. A empresa disponibilizou um telão gigante para a transmissão da partida que reuniu aproximadamente 8 mil pessoas.
  • 40. No Olímpico, centenas de conselheiros e familiares se reuniram no Salão Nobre do Conselho Deliberativo, enquanto outro grupo de gremistas das torcidas organizadas acompanhou em um pequeno televisor na sala do Departamento Eurico Lara. Após o apito final, todos confraternizaram e seguiram a pé para o prédio da Zero Hora. Milhares de gremistas em todo o Estado invadiram a madrugada de domingo aos berros e buzinaços para comemorar a grande conquista. A festa seguiu durante toda a semana até o retorno da delegação, que reuniu milhares de pessoas nas ruas da capital para acompanharem de perto o desfile do caminhão do corpo de bombeiro trazendo os campeões mundiais. Um momento inesquecível para quem vivenciou e para quem só acompanhou as imagens anos depois. Grêmio Campeão do Mundo. Nada pode ser maior... Nem 22 anos depois. Parabéns Grêmio. Parabéns torcedor gremista. FICHA DO JOGO
  • 41. MUNDIAL INTERCLUBES ÁRBITRO Michel Vautrot (FRA) Estádio: Nacional AUXILIARES Local: Tóquio/JAP Toshikazu Sano (JAP) Data: 11/12/83 Horário: 12h (Japão) - 00h Shizuhasu Nakamichi (JAP) (Brasil) GOLS Renato (GRE - 37 do 1ºT) GRÊMIO HAMBURGO Schröder (HAM - 40 do 2ºT) (2) (1) Renato (GRE - 03 do 1ºT - pror.) Mazaropi Stein Paulo SUBSTITUIÇÕES - GRÊMIO Wehmeyer Roberto Entrou Caio, saiu Paulo César Baidek Jakobs Lima (25 do 2T) De León Hieronymus Entrou Bonamigo, saiu Osvaldo (33 do 2T) P.C. SUBSTITUIÇÕES - Schröder Magalhães HAMBURGO China Groh Não houve Osvaldo Rolff P.C. Lima Hartwig CARTÕES AMARELOS Mazaropi, Caio, Renato e De León Renato Magath (GRE) Tarciso Hansen Stein (HAM) Mário Sérgio Wuttke CARTÕES VERMELHOS TÉCNICO TÉCNICO Não houve Valdir Ernst Happel Espinosa PÚBLICO Público total: 62.000 O Grêmio é a uma das equipes brasileiras com maiores participações na Copa Libertadores. Já disputou dez vezes este torneio continental. Uma competição com a cara do Tricolor. Foram três decisões com dois títulos conquistados em 1983 e 1995. LIBERTADORES DE 1983 (O Primeiro Título)
  • 42. Depois do fracasso na primeira Libertadores de sua história sendo eliminado na primeira fase, a realidade da segunda participação foi o oposto. Comandado pelo presidente Fábio Koff, o Clube priorizou a competição sul-americana vislumbrando a possibilidade de entrar para a história do futebol vencendo a Copa pela primeira vez e o Mundial Interclubes no Japão. Quando assumiu a presidência, Fábio Koff afirmou que seu principal objetivo era levar o Grêmio a Tóquio. A incredulidade inicial foi ficando para trás quando a equipe começou a responder dentro de campo. Capitaneada pelo uruguaio Hugo de Leon e sua experiência em Libertadores, o Grêmio foi superando dificuldades típicas deste torneio até chegar ao título contra o Peñarol, campeão do ano anterior. A fase de classificação: A estréia na Libertadores de 1983 foi contra o Flamengo, que havia vencido o título brasileiro do ano anterior exatamente contra o Grêmio, em pleno estádio Olímpico. Um confronto contra o rubro-negro carioca era tido como uma revanche. Com o Olímpico lotado, o Tricolor ficou apenas no empate em 1 a 1. O resultado não foi considerado bom já que, em um grupo onde apenas o campeão garantia classificação para a fase seguinte, uma vitória dentro de casa era tida como essencial. Na obrigação de conquistar pontos fora de casa, o Grêmio partiu para dois jogos decisivos na Bolívia contra os desconhecidos Blooming e Bolívar. No primeiro deles, no dia 22 de março, uma ótima vitória de 2 a 0 em Santa Cruz de La Sierra contra o Blooming. Na segunda partida, além de ter que bater o Bolívar, que na estréia havia aplicado 6 a 0 no Blooming, o Tricolor teria que enfrentar a tão temível altitude de La Paz. Apesar de todas adversidades, o Grêmio conseguiu uma vitórias fundamental por 2 a 1 com um histórico gol do volante China depois de um chute espetacular do meio de campo. O ar rarefeito da altitude fez a bola voar e entrar no ângulo do goleiro boliviano. As duas vitórias fora de casa, em combinação com um empate e uma derrota do Flamengo contra Blooming e Bolívar, respectivamente, encaminhou da melhor maneira possível a classificação gremista já que os dois adversários bolivianos teriam que vir jogar no Olímpico. E não foi diferente: jogando em seus domínios, o Tricolor não teve dificuldade para vencer o Blooming por 2 a 0 e o Bolívar por 2 a 1. Este último jogo garantiu a classificação gremista de forma antecipada para o triangular semifinal. Para fechar com chave de ouro a fase classificatória, o Grêmio ainda aplicou 3 a 1 no Flamengo em pleno Maracanã em jogo para cumprir tabela. A fase semifinal: América de Cali e Estudiantes de La Plata foram os adversários gremistas no triangular semifinal que classificava apenas o primeiro colocado para a grande decisão.
  • 43. A estréia na segunda fase foi contra os argentinos do Estudiantes, no Olímpico. Uma verdadeira batalha que terminou com a vitória gremista por 2 a 1 com um gol salvador de Tarciso a poucos minutos do final. No dia 24 de junho, o Grêmio viajou para Cali onde sofreu sua primeira derrota. 1 a 0 contra o América no estádio Pascoal Guerrero. Na rodada seguinte, o Estudiantes venceu o América em La Plata deixando as três equipes empatadas no grupo com dois pontos. No dia 06 de julho, o Grêmio se vingou da derrota em Cali e bateu o América no Olímpico por 2 a 1. No jogo onde a grande figura acabou sendo o goleiro Mazarópi que defendeu uma penalidade máxima nos minutos finais de jogo garantindo a vitória tricolor e a possibilidade de chegar à final da competição. Quarenta e oito horas depois, o Grêmio estava em La Plata, na Argentina, para um dos mais dramáticos jogos de sua história. Um empate em 3 a 3 que ficou conhecido como a “Batalha de La Plata”. Onde a rivalidade entre brasileiros e argentinos, acirrada pela Guerra das Malvinas quando os argentinos acusaram os brasileiros de colaborarem com os ingleses, extrapolou os limites do esporte. Jogadores, dirigentes e torcedores do Grêmio foram agredidos do início ao fim e o time, dentro de campo, acabou cedendo às pressões e possibilitou o empate em 3 a 3 depois de estar vencendo por 3 a 1 com três jogadores a mais e campo. O resultado acabou encaminhando a classificação, mas o Grêmio acabou dependendo do último jogo entre América e Estudiantes, em Cali. Em caso de vitória dos argentinos, o Grêmio acabaria eliminado da competição. Já eliminado, o América jogou com dignidade, segurou o empate e garantiu a classificação do Grêmio à grande final contra o Peñarol do Uruguai, embalado pela vitória no clássico contra o Nacional que garantiu a equipe na decisão. A final: Por sorteio, o Grêmio acabou tendo a chance de decidir a Libertadores em seu estádio. No dia 22 de julho, centenas de gremistas invadiram Montevideo para o primeiro jogo da grande final Tita, de cabeça, abriu o marcador para o Grêmio. Fernando Morena empatou para os uruguaios. O tricolor segurou o resultado apesar da pressão do Peñarol e o empate acabou sendo comemorado como um grande resultado No dia 28, o Grêmio entrou em campo para aquele que seria o maior jogo de sua história até então. Empurrado pela grande torcida, o Grêmio não demorou para abrir o marcador: Caio empurrou para as redes um cruzamento de Osvaldo Na etapa final, o artilheiro Morena empatou a partida deixando os minutos finais com ares de dramaticidade. Um novo empate levaria a decisão para um jogo extra, em campo neutro. Mas o Grêmio não poderia deixar passar essa oportunidade de levantar a taça na frente de sua torcida: aos 32 minutos da etapa final, Renato cruzou da direita e César
  • 44. marcou de cabeça o gol do título Uma festa que tomou conta de todo o país catapultando a equipe do bairro da Azenha direto para o Japão, para a decisão do título mundial que seria conquistado em dezembro. FICHA DO JOGO > COPA LIBERTADORES Estádio: Olímpico Local: Porto Alegre/RS Data: 28/07/83 ÁRBITRO Édson Perez (PER) AUXILIARES Carlos Montalván (PER) Henrique Labo (PER) GOLS Caio e César (Grêmio) Morena (Penharol) SUBSTITUIÇÕES - GRÊMIO Entrou César, saiu Caio. SUBSTITUIÇÕES - PENHAROL Entrou Peirano, saiu Silva. CARTÕES AMARELOS Paulo Roberto, Tita e Renato (GRE) Oliveira, Saralégui e Morena (PEN) CARTÕES VERMELHOS Renato (GRE) e Ramos (PEN) aos 42' do 2°T PÚBLICO Público total: 80.000 GRÊMIO (2) PENHAROL (1) Mazaropi Fernandez Paulo Roberto Montelongo Baidek Olivera De León Gutierrez Casemiro Diogo China Bossio Osvaldo Saralegui Tita Salazar Renato Silva Caio Morena Tarciso Ramos TÉCNICO: Valdir Espinosa TÉCNICO: Hugo Bagnulo CONSELHO DELIBERATIVO Presidente: Flávio Obino Vice-presidente: Irany Sant'anna DIRETORIA E COMISSÃO TÉCNICA Presidente: Fábio André Koff Vice de futebol: Alberto Galia Diretores: Túlio Macedo
  • 45. Rudy Armin Petry Supervisor: Antônio Carlos Verardi Preparador físico: Ithon Fritzen Médico: Dirceu Colla LIBERTADORES DE 1995 (O Bicampeonato) Doze anos depois de conquistar a Copa Libertadores, e com o mesmo Fábio Koff na presidência do clube, o Grêmio começava a trilhar o árduo caminho do bicampeonato da competição. Ao longo do torneio, a equipe foi mostrando sua força e determinação, principalmente em partidas difíceis e históricas, como os 5 a 0 sobre o Palmeiras e o 3 a 0 no Olímpia em pleno Defensores del Chaco, na capital paraguai de Assunción. Na final, o Grêmio teve pela frente o habilidoso Nacional de Medellín. Ao contrário de 1983, desta vez a primeira partida foi disputada no Olímpico, e o Grêmio garantiu uma boa vantagem: 3 a 1, com um gol contra de Marulanda, um de Jardel e outro de Paulo Nunes. O dia 30 de agosto de 1995 colocou o Grêmio no lugar mais alto da América do Sul. O Nacional, empurrado por 50 mil fanáticos torcedores que superlotaram o estádio colombiano, saiu na frente logo aos 12 minutos com um gol de Aristizábal. A partir daí, a pressão do Nacional aumentou, mas o Grêmio estava determinado e soube conter os colombianos. Foi assim até os 39 minutos do 2º tempo, quando Dinho, símbolo da raça gremista, empatou a partida numa cobrança de pênalti. A festa já tomava conta da pequena torcida gremista presente no estádio quando o árbitro encerrou a partida: O Grêmio era bicampeão da América. FICHA DO JOGO > COPA LIBERTADORES Estádio: Atanasio Girardot Local: Medellín (Colômbia) Data: 30/08/95 ÁRBITRO Salvador Imperatore (CHI) AUXILIARES Márcio Sandez (CHI) Mário Maldonado (CHI) GOLS Dinho (GRE - 40' do 2° Tempo) Aristizábal (NAC - 12' do 1° Tempo) SUBSTITUIÇÕES - GRÊMIO Entrou Luciano, saiu Adílson. Entrou Alexandre, saiu Paulo Nunes. Entrou Nildo, saiu Jardel. SUBSTITUIÇÕES - NACIONAL Entrou Herrera, saiu Santa. Entrou Matamba, saiu Arangó. CARTÕES VERMELHOS Goiano (GRE)
  • 46. PÚBLICO Público total: 50.000 GRÊMIO (3) (1) ATLÉTICO NACIONAL Danrlei Higuita Arce Santa Rivarola Marulanda Adílson Foronda Roger Mosquera Dinho Serna Goiano Gutierrez Arílson Arango Carlos Miguel Alexis Garcia Paulo Nunes Angel Jardel Aristizábal TÉCNICO: Luiz Felipe TÉCNICO: Juan José Scolari Peláez CONSELHO DELIBERATIVO Presidente: Flávio Obino Vice-presidente: Oly Fachin DIRETORIA E COMISSÃO TÉCNICA Presidente: Fábio André Koff Vice de futebol: Luiz Carlos P. Silveira Martins Diretor: Alceu César Pacheco Supervisor: Antônio Carlos Verardi Preparador físico: Paulo Paixão Médico: Paulo Rabaldo Fotos das Conquistas Equipe campeã da Copa Libertadores de 1983.