5. O AUTOR
Humberto Schimitt Vieira nasceu em Canguçu,
RS, em 08 de Janeiro de 1966. Filho de Octavio Rodrigues
Vieira e Maria Schimitt Vieira. E casado com a cantora
Ana Schimitt. Em relação à vida secular, formou-se em
Direito, aos vinte anos de idade, pela Universidade Fede
ral do Rio Grande do Sul (UFRGS). Exerceu a advocacia,
foi assessor de Desembargador Federal e, depois, assumiu
os cargos de Coordenador Jurídico e de Planejamento do
Tribunal Regional Federal da 4a. Região (Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul) e, por fim, o de Diretor
Geral do mesmo Tribunal, cargo que ocupou até ser cha
mado por Deus para dedicar-se exclusivamente às lides
pastorais. Nas lides pastorais, é um dos fundadores e Pre
sidente da Associação Missionária e Evangelística Heróis
da Fé, com trabalhos já realizados em 14 nações. Foi o
fundador e pastor do Distrito Cidade Baixa, depois Cen-
tro-Sul, da Igreja Evangélica Assembléia de Deus de Porto
Alegre. Da Convenção das Igrejas Evangélicas e Pastores
da Assembléia de Deus no Estado do Rio Grande do Sul,
foi Assessor Jurídico, Presidente do Conselho Fiscal, Relator
do Conselho de Doutrina e 2oSecretário da Mesa Diretora.
Da Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil,
foi integrante, em dois mandatos, do Conselho de Doutri
na, tendo exercido, no segundo mandato, a função de Se
cretário do Conselho. E presidente do “Restoration
Ministries”, nos Estados Unidos da América. Presidente
da Igreja Pentecostal Assembléia de Deus, Ministério
Restauração, no Brasil. Bacharel em Teologia, é conferencis
ta, editor, professor de Missiologia e autor de diversos livros.
5
7. DEDICATÓRIA
Ao meu amado Senhor,
Jesus Cristo,
A minha assessora, amiga
e esposa, Ana Schimitt,
A ti, papai, amigo, compa
nheiro, esteio nas horas de bata
lha,
A ti, mamãe, minha guar
diã, guerreira da oração,
A uocês, sogros, verdadei
ros pais,
Ao James, mano querido,
pela colaboração no Capítulo XIII
Ao Enos e a Gládis, ma
nos e assessores,
Aos cunhados e sobrinhos,
Ao Pr. Yoshikazu Takaya-
maesua digníssima esposa, Mis
sionária Maria Aparecida Segis-
mundo Takayama,
A todos os irmãos do Dis
trito Centro-Sul, da AD de Porto
Alegre, verdadeira família.
7
9. INDICE
PREFÁCIO .............................................................11
CAPÍTULO I Ética Ministerial. Conceito.............13
CAPÍTULO II O Obreiro e Sua Vida......................15
CAPÍTULO III O Obreiro e Sua Família..................19
CAPITULO IV A Ética da Sexualidade
no Casamento.....................................29
CAPÍTULO V A Posição Ética da
Esposa do Obreiro.............................37
CAPÍTULO VI A Ética no Tratamento
com os Três Fs
A Ética no Tratamento
com a Fama..........................................43
CAPÍTULO VII A Ética no Tratamento
das Finanças.........................................51
CAPÍTULO VIIIA Ética no Tratamento
com o Sexo Oposto ...........................57
CAPÍTULO IX A Ética no Relacionamento
do Obreiro com a Igreja...................61
CAPÍTULO X A Ética na Liderança.......................67
CAPÍTULO XI A Ética no Relacionamento
Entre Obreiros...................................71
CAPÍTULO XII A Ética do Obreiro
Como Cidadão....................................85
CAPÍTULO XIII Normas Gerais de
Etiqueta Social....................................89
9
10.
11. PREFÁCIO
Busca este pequeno manu
al, de forma sucinta e clara, dar
uma uisão abrangente dos diver
sos aspectos da ética relativa à
vida do obreiro cristão. Deforma
pedagógica, busca-se demonstrar
os cuidados que o servo do Se
nhor deve tomarpara que se apre
sente aprovado, como obreiro que
não tem do que se envergonhar.
Boa e proveitosa leitura!
11
13. MANUAL DE ÉTICA MINISTERIAL
CAPÍTULO I
CONCEITO DE ÉTICA MINISTERIAL
A ética é o ramo da filosofia que se ocupa
com a valorização do comportamento humano.
A ética procura responder as questões relaci
onadas aos valores ideais para uma sociedade feliz e
pacífica, tais como “que devo fazer?”, “como devo fa
zer?” e “como devo agir?” .
Assim, a ética cristã procura refletir sobre o
comportamento ideal, o “dever ser” do cristão, para
uma convivência harmoniosa dentro da igreja.
A ética ministerial, por sua vez, irá idealizar
os valores necessários para que se vislumbre o com
portamento também ideal dos ministros da casa de
Deus. Para facilitação do estudo, é conveniente que se
departamentalize os diversos relacionamentos do obrei
ro que devem ser regulados pela ética ministerial.
13
14. Parafixar:
1 ) 0 que é ética?
2) Quais as perguntas que a ética busca resolver?
3) De que se ocupa a ética ministerial?
14
15. CAPÍTULO II
O OBREIRO E SUA VIDA
Em relação à vida pessoal, ao menos seis as
pectos devem ser observados pelo obreiro.
A primeira coisa que o obreiro deve entender
é que, antes de seu trabalho, Deus quer a sua vida. Por
essa razão, a Bíblia adverte para a necessidade que o
obreiro deve ter em velar pela sua própria vida. Paulo
adverte Timóteo nos seguintes termos: “mas rejeita as
fábulas profanas e de velhas. Exercita-te a ti mesmo na
piedade” e “tem cuidado de ti mesmo e do teu ensino;
persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salva
rás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem” (1 Tm
4.7,16). Antes de uma vida de trabalho para Deus, o
obreiro deve ter uma vida de intimidade com Deus.
Em segundo lugar, o obreiro deve zelar pelo
corpo como templo do Espírito Santo e como sua prin
cipal ‘ferramenta de trabalho’. Esse, talvez, seja um dos
maiores problemas do bom obreiro, pois muitas vezes
a fadiga do dia-a-dia leva sinceros servos de Deus a
15
16. terem uma qualidade de vida muito baixa. Como cui
dados que o obreiro deve ter, salienta-se o zelo pela
alimentação saudável e em horários certos, sono ade
quado tanto em qualidade quanto em quantidade, exer
cício físico, libertação de qualquer vício, pureza sexual,
etc. No tocante ao assunto, a Bíblia é bem clara: “Ou
não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito
Santo, que habita em vós, o qual possuís da parte de
Deus, e que não sois de vós mesmos?” (ICo 6.19). No
mesmo sentido é a palavra escrita em ICo 3.16,17:
“Não sabeis vós que sois santuário de Deus, e que o
Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o
santuário de Deus, Deus o destruirá; porque sagrado é
o santuário de Deus, que sois vós” .
O terceiro aspecto a ser ressaltado é o de que
o ministro de Deus deve entender o ministério como
vocação divina e a mais excelente das atividades hu
manas. Todas as profissões podem ser aprendidas, es
tudadas e conquistadas. Porém, não é assim com o
ministério. O ministério, não somos nós que o conquis
tamos, mas é Deus que nos conquista para ele. “Assim,
pois, isto não depende do que quer, nem do que corre,
mas de Deus que usa de misericórdia”( Rm 9.16). A
Bíblia diz que Cristo “deu uns como apóstolos, e outros
como profetas, e outros como evangelistas, e outros
como pastores e mestres” (Ef 4.11). O episcopado não
pode ser conquistado, mas somente aspirado. A consu
mação dessa aspiração não depende de nós, mas de
Deus. Por isso o obreiro deve valorizar a oportunidade
única que recebeu de Deus, lembrando-se que aquilo
que o Senhor lhe deu é desejado por muitos que, em-
16
17. bora com muito esforço, não conseguem obter aquilo
que o obreiro recebeu gratuitamente (At 8.19,20). En
tende-se, assim, a declaração de Paulo, emlTm 3.1,
“Fiel é esta palavra: Se alguém aspira ao episcopado,
excelente obra deseja” . Deve, portanto, o obreiro, levar
a sério a exortação dirigida a Timóteo, na primeira carta
do apóstolo Paulo, no capítulo quatro e verso
quatorze: “Não negligencies o Dom que há em ti, o qual
te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do
presbítero”.
Como quarto item na enumeração, é de se res
saltar que, no cuidado com a sua vida, o obreiro deve
dar especial atenção à valorização do Dom supremo
da vida. Como? Transformando em amigo o maior
inimigo da vida: “o tempo” . “Portanto, vede diligente
mente como andais, não como néscios, mas como sá
bios, usando bem cada oportunidade, porquanto os dias
são maus” (Ef 5.15,16).
O penúltimo aspecto a ser salientado como
cuidado que o obreiro necessita ter em sua vida é o de
que, a exemplo dos apóstolos em Jerusalém, o obreiro
deve aplicar-se à oração e ao estudo da palavra de Deus
(At 6.4).
A final, o obreiro deve ser estudioso a ponto
de ser ‘apto para ensinar’ (lTm 3.2) e deve considerar
a Bíblia como única regra de fé e padrão para sua vida
diária. Vejam, ainda, as seguintes advertências de Paulo
ao seu filho ministerial: “Tem cuidado de ti mesmo e da
doutrina; persevera nestas coisas; porque, fazendo isto,
te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem”
(lTm 4.16) e “Toda escritura é divinamente inspirada
17
18. e proveitosa para ensinar, para repreender, para corri
gir, para instruir em justiça” (2Tm 3.16).
Parafixar:
1) Quais são os seis principais aspectos que o
obreiro deve observar em relação a sua vida
pessoal?
2) Com qual o aspecto o obreiro deve ter a maior
preocupação?
3) Por que o obreiro deve valorizar o ministério?
4) Qual o cuidado que o obreiro deve ter com o
tempo?
5) O obreiro espiritual deve estudar? Por quê?
18
19. CAPÍTULO III
O OBREIRO E SUA FAMÍLIA
O BOM GOVERNO DA CASA
A primeira recomendação bíblica em relação
ao obreiro e sua família é a de que deve governar BEM
a sua casa. Não basta governar, é necessário que go
verne bem. (lTm 3.4,5):“que governe bem a sua pró
pria casa, tendo seus filhos em sujeição, com todo o
respeito (pois, se alguém não sabe governar a sua
própria casa, como cuidará da igreja de Deus?)” (grifo
nosso).
Infelizmente muitos ministérios e igrejas têm
sido levados à bancarrota por que seus líderes, além de
não governarem bem a casa, insistem em passar aos
seus filhos a liderança do trabalho, em uma sucessão
dinástica, como se ministério fosse hereditário, e não
uma chamada diretamente de Deus. Chamamos a essa
tcndência de Síndrome de Eli. Esse erro, depois de des
truir a memória do ministério de Eli, estendeu-se para
19
20. o seu sucessor Samuel e para o rei Davi. Quantos de
sastres e quantos sofrimentos tem sofrido a obra de
Deus em razão desse motivo. Veja-se a sucessão de
desastres no povo de Israel:
a) Eli- ISm 3.13;
b) Samuel- ISm 8.3;
c) Davi- IRe 1.6;
A maldição que causa filhos sem governo é
tão grande que Deus foi extremamente rígido na maté
ria, quando estabelecia as leis para o povo aplicar de
pois da conquista da terra prometida. Veja-se Dt 21.18-
21: “Se alguém tiver um filho contumaz e rebelde, que
não obedeça à voz de seu pai e à voz de sua mãe, e
que, embora o castiguem, não lhes dê ouvidos, seu pai
e sua mãe, pegando nele, o levarão aos anciãos da sua
cidade, e à porta do seu lugar; e dirão aos anciãos da
cidade: Este nosso filho é contumaz e rebelde; não dá
ouvidos à nossa voz; é comilão e beberrão. Então to
dos os homens da sua cidade o apedrejarão, até que
morra; assim exterminarás o mal do meio de ti; e todo
o Israel, ouvindo isso, temerá.”
Para que alguém possa governar bem a sua
casa, a Bíblia estabelece alguns princípios:
a)Ensino - Dt 6.6-9: “E estas palavras, que
hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as ensinarás
a teus filhos, e delas falarás sentado em tua casa e an
dando pelo caminho, ao deitar-te e ao levantar-te. Tam
bém as atarás por sinal na tua mão e te serão por fron
20
21. tais entre os teus olhos; E as escreverás nos umbrais de
tua casa, e nas tuas portas.”
b) Oração- Jó 1.5; Gn 17.18; lCr 29.19. “E
sucedia que, tendo decorrido o turno de dias de seus
banquetes, enviava Jó e os santificava; e, levantando-
se de madrugada, oferecia holocaustos segundo o nú
mero de todos eles; pois dizia Jó: Talvez meus filhos
tenham pecado, e blasfemado de Deus no seu coração.
Assim o fazia Jó continuamente.” (Jó 1.5).
c) Disciplina- Pv 22.15; 29.19: “A estultícia
está ligada ao coração do menino; mas a vara da
correção a afugentará dele” e “A vara e a repreensão
dão sabedoria; mas a criança entregue a si mesma en
vergonha a sua mãe.”
E certo que a Bíblia defende a disciplina, po
rém há limites estabelecidos. São eles:
1- Limite de idade. A disciplina deve ser apli
cada quando a criança é pequena. Justa
mente nessa época, muitos pais deixam de
aplicar a disciplina no “anjinho” . Depois,
quando chega na adolescência, completa
mente indisciplinado, muitos pais se deses
peram com o “demoninho” que eles mes
mos criaram. A árvore se endireita enquan
to é nova e flexível. Depois do tronco en
grossar, não há o que faça endireitar-se.
Vale bem a advertência de Pv 13.24:
“Aquele que poupa a vara aborrece a seu
filho; mas quem o ama, a seu tempo o
castiga” (grifamos).
21
22. 2- A disciplina deve ser aplicada com espírito
de mansidão, e não sob o efeito da ira. A
disciplina aplicada com ira tem efeito in
verso, e causa mais violência. Veja-se o que
diz a Bíblia em Ef 6.4: “E vós, pais, não
provoqueis à ira vossos filhos, mas criai-
vos na disciplina e admoestação do Se
nhor.”
3- A aplicação da disciplina jamais deve ofen
der a integridade física da criança. Pv
19.18: “Corrige a teu filho enquanto há es
perança; mas não te incites a destruí-lo.”
4- O instrumento utilizado na disciplina não
pode ser apto a provocar danos físicos. Pv
23.13: “Não retires da criança a discipli
na; porque fustigando-a tu com a vara, nem
por isso morrerá.”
d) Exemplo. Mais do que disciplinar, gover
nar bem a casa significa dar o exemplo- IPe 5.2,3; lRs
9.4; 2Crl7.3; 2Cr 26.4. Vale a pena transcrever a pas
sagem de IPe 5.2,3: “Apascentai o rebanho de Deus,
que está entre vós, não por força, mas espontaneamen
te segundo a vontade de Deus; nem por torpe ganân
cia, mas de boa vontade; nem como dominadores so
bre os que vos foram confiados, mas servindo de exem
plo ao rebanho.”
e) Respeito. Governar bem a casa também
significa respeitar e impor respeito em relação aos fi
lhos: “Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais no
Senhor, porque isto é justo. Honra a teu pai e a tua
22
23. mãe (que é o primeiro mandamento com promessa),
para que te vá bem, e sejas de longa vida sobre a terra”
(Ef 6.1-3)
f) Transculturação. O que é transculturação?
E o processo por meio do qual alguém ultrapassa a sua
cultura e se adapta a uma nova cultura. Mas o que é
cultura? Pode-se dizer que cultura é todo o meio ambi
ente criado ou modificado pelo ser humano. Ou seja, o
conjunto de todas as marcas humanas deixadas no
meio ambiente formam a cultura de um povo ou comu
nidade. Ora, hoje, mais do que em toda a história da
humanidade, temos uma extraordinária transformação
da cultura, em especial nas grandes cidades dos países
desenvolvidos e em desenvolvimento. Em trinta anos,
as marcas humanas em uma mesma cidade têm se al
terado tanto que se uma pessoa passou todo esse perí
odo sem visitar a cidade, quando volta, poderá pensar
que está em outra região ou até em outro país! Há trin
ta anos, no Brasil, por exemplo, o fusca era considera
do um “carrão”, a música era diferente, a linguagem
era diferente, o regime político era diferente (ditadura),
nem se pensava nos gigantescos e modernos “shopping
centers”, telefone celular só existia em filme de ficção
científica, as escadas rolantes eram o último grito de
tecnologia e havia pessoas que viajavam para andar
em uma, andar de avião era somente para ricos, os
brinquedos das crianças eram de madeira, lata ou de
plástico grosseiro, a violência urbana era quase
inexistente, as drogas recém estavam entrando por meio
do movimento hippie, os sapatos dos estudantes eram
as congas e os kichutes (experimente dar uma conga
23
24. para o seu filho ir à escola, para ver o que acontece!),
computador era coisa do outro mundo, etc. Agora, ima
gine a mudança que existe entre a cultura em que os
pais vivenciaram na infância e a cultura que os filhos
enfrentam. A diferença aumenta mais em famílias de
migrantes, que mudaram de região ou de imigrantes
que mudaram de país. Porém, nós temos a tendência
de analisar as experiências dos outros a partir das ex
periências que nós tivemos. Porém, quando se trata de
pais e filhos, os pais não podem se basear nas suas
próprias experiências, pois elas foram passadas em uma
outra cultura, em um mundo diferente. As idéias eram
outras, os problemas eram outros, a coisas eram dife
rentes. Assim, os pais devem procurar fazer uma
imersão na cultura onde seus filhos estão inseridos e
entender os seus filhos a partir da experiência que as
crianças estão experimentando. Isso é transculturação.
Porém, é impossível que os pais possam captar todas
as mudanças, e até mesmo aceitar as mudanças, até
porque uma boa parte delas não são boas e não po
dem ser aceitas. Por isso, em um lar cristão, os filhos
também devem ouvir os pais e entender a mensagem
que eles tem para passar de suas experiências em uma
outra cultura, que embora tecnologicamente mais atra
sada, em muitos aspectos têm valores excelentes que
foram perdidos pela “nova cultura” . Isso também é
transculturação. Assim, é da troca de valores das duas
culturas que vai se chegar a um denominador comum
proveitoso para toda a família. Deus está interessado
nessa transculturação, nessa quebra de barreira entre
as gerações. É o próprio Deus que afirma que o Espíri
24
25. to Santo “converterá o coração dos pais aos filhos, e o
coração dos filhos a seus pais; para que eu não venha,
e fira a terra com maldição” (Ml 4.6). Pais e filhos, marido
e esposa, toda a família deve pedir a Deus que, assim
como o Senhor converte o nosso coração ao coração
dele, converta também os corações dos membros da
família uns aos outros
g) Sabedoria. Para que governe bem a sua
casa, o obreiro precisa de sabedoria. Ora, nós temos
ao nosso alcance a fonte da sabedoria:“... se algum de
vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá
liberalmente e não censura, e ser-lhe-á dada.”(Tg 1.5).
DEVERES CONJUGAIS
No cuidado com o seu cônjuge, o obreiro deve
satisfazer os deveres conjugais. Entre os deveres conju
gais do marido para com a esposa, podem ser citados
como principais os que se seguem:
a) Fornecer o sustento- Gn 3.19: “Do suor
do teu rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra,
porque dela foste tomado; porquanto és pó, e ao pó
tornarás.”
b) Prestarfidelidade- Ml 2.14,15: “... o Se
nhor tem sido testemunha entre ti e a mulher da tua
mocidade, para com a qual procedeste deslealmente
sendo ela a tua companheira e a mulher da tua aliança.”
c) Respeito- IPe 3.7: “Igualmente vós, ma
ridos, vivei com elas com entendimento, dando honra
à mulher, como vaso mais frágil, e como sendo elas
25
26. herdeiras convosco da graça da vida, para que não
sejam impedidas as vossas orações.”
d) Satisfação sexual- ICo 7.3-5: “O mari
do pague à mulher o que lhe é devido, e do mesmo
modo a mulher ao marido. A mulher não tem autorida
de sobre o seu próprio corpo, mas sim o marido; e tam
bém da mesma sorte o marido não tem autoridade so
bre o seu próprio corpo, mas sim a mulher. Não vos
negueis um ao outro, senão de comum acordo pôr al
gum tempo, a fim de vos aplicardes à oração e depois
vos ajuntardes outra vez, para que Satanás não vos
tente pela vossa incontinência.”
e) Amor- Cl 3.19: “Vós, maridos, amai a vos
sas mulheres, e não as trateis asperamente.”
O amor deve ser exteriorizado - lJo 3.18, Ef
5.25. Se o amor é ordenado por Deus, isso significa
que Ele, por sua graça, poderá supri-lo, desde que o
casal o peça.
Já como deveres conjugais da esposa para
com o marido pode-se apontar, como principais, os
seguintes:
a) Prover um lar agradável- Pv 31.27:
“Olha pelo governo da sua casa, e não come o pão da
preguiça.”
b) Amor- Tt 2.4: “para que ensinem as mu
lheres mais novas a amarem aos seus maridos e filhos”
- embora seja mais saliente nas mulheres, o amor deve
ser orientado. Orientado a evitar o ciúme, por exemplo.
c) Sujeição- Ef 5.22; Cl 3.18; IPe 3.1
26
27. É mandamento com sinal: ICo 11.3-16. As
sim, a sujeição confere à mulher a autoridade espiritu
al delegada ( Tg 4.7).
d) Satisfação sexual (ICo 7.5) .
Parafixar:
1) Cite seis princípios para o bom governos da
casa.
2) Enumere os deveres que o cônjuge do seusexo
tem em relação ao outro cônjuge.
3) O que significa transculturação dentro do lar?
4) A falta de amor pode ser alegada pelo casal
cristão como motivo de separação? Por quê?
27
29. CAPÍTULO IV
A ÉTICA DA SEXUALIDADE NO CASAMENTO
FINALIDADE DO SEXO NO CASAMENTO
A primeira finalidade do sexo no casamento é
a reprodução (Gn 1.27, 28). Porém, essa não é a única
finalidade. Se assim fosse, o ser humano, tal como os
animais, teria o período do cio, quando a mulher se
encontraria no período fértil e somente aí haveria o in
teresse sexual.
A Bíblia ensina que, além do fator reprodutivo,
o sexo foi criado para a satisfação e união do casal (Ct
1.2; Pv 5.15-19; 1 Co 7.2,5).
A ÉTICA DO PLANEJAMENTO FAMILIAR
A finalidade do sexo como complemento da
vida a dois - e não só com o fim de reprodução- justi
fica o controle da natalidade no planejamento familiar.
Alguns questionamentos surgem em relação
29
30. aos métodos de controle de natalidade.
A objeção mais comum é a de que a Bíblia,
no caso de Onã, condena tal atitude.
No caso de Onã, o pecado estava no egoís
mo. Ou seja, o que lhe dava o direto de praticar sexo
com a viúva de seu irmão era a necessidade de trazer à
luz um filho que perpetuasse o nome do irmão falecido.
No entanto, egoisticamente, ele aceitou a prática sexu
al sem querer desincumbir o papel que era a única ra
zão que lhe dava o direito de coabitar com a viúva (Gn
38. 8-10). O sexo não é para ser gozado egoisticamente
pelos cônjuges, ele não visa ao prazer sexual de somen
te um dos parceiros. Esse é um dos aspectos condená
veis da masturbação ou de outras formas corrompidas
da prática de sexo em que um dos cônjuges trata o
outro como se fosse mero objeto.
Outra alegação contra os métodos de contro
le de natalidade é a de que, ao evitar filhos, o casal
poderia estar indo contra a vontade de Deus. Ora, tal
alegação não procede porque a concepção é um ato
de vontade humano (Jo 1.13) e, por isso, o método
contraceptivo não ofende a vontade de Deus. Após a
criação de Adão e Eva, a única concepção em que
houve a interferência direta de Deus foi a do Senhor
Jesus Cristo (Mt 1.18). Porém, isso não impede que Deus
venha interferir indiretamente nesse processo (1 Sm 1.3
e Jr 1.5). Nesses casos, ainda que o casal não busque
a concepção de um filho, Deus poderá interferir medi
ante seu poder. É comum ouvir-se de casos em que
uma mulher engravida mesmo utilizando métodos
contraceptivos.
30
31. Assim, a concepção de uma criança, normal
mente, é um fato que acontece dentro da órbita da von
tade permissiva de Deus, e não significa que seja a
vontade soberana de Deus. Ou seja, uma vez tendo
dado a vida, Deus concedeu ao ser humano a possibi
lidade de, por um ato de única responsabilidade do
homem, transmitir aos seus descendentes o fôlego de
vida soprado sobre Adão. Se pensarmos diferentemen
te, estaremos contrariando a Bíblia em diversos aspec
tos no tocante à doutrina da salvação. Em primeiro lu
gar, se admitirmos que a concepção de todas as crian
ças é um ato da vontade soberana de Deus, então, ne
cessariamente teremos que admitir que Deus não é
amor, pois ele estaria criando crianças que, em sua
presciência, sabe que irão para o inferno. Nesse caso,
teríamos que admitir que Deus predestina uns para o
inferno e uns para a salvação. Ou seja, se Deus, mes
mo sabendo que uma criança iria futuramente para o
inferno, por ato de sua vontade soberana, criasse esse
ser humano, teríamos que admitir que, nesse caso a
vontade de Deus seria a futura perdição daquele feto.
Ora, essa declaração fere frontalmente expressa dispo
sição da Bíblia que, em 1 Tm 1.3, 4 diz: “Porque isso é
bom e agradável diante de Deus nosso Salvador, que
quer que todos os homens se salvem, e venham ao co
nhecimento da verdade” .
Duas evidências ainda demonstram que Deus
permite a tentativa de interferência humana na con
cepção:
a) mesmo já existindo métodos contraceptivos
31
32. na antigüidade, como no caso de Onã, a Bíblia não
tece qualquer reprovação ao controle de natalidade;
b) Se fosse condenável a tentativa de imp
dir, também seria condenável a tentativa de induzir a
concepção por métodos artificiais, o que não ocorria -
Gn 30.14 e Ct 7.13. As mandrágoras de que fala a pa
lavra de Deus, eram usadas pelas mulheres hebréias
como indutores de fertilidade.
Porém, uma advertência deve ser feita em re
lação ao controle de natalidade. Há os métodos
contraceptivos também chamados de anticoncepcio
nais, que impedem a concepção da criança, ou seja,
impedem que o espermatozóide (célula reprodutiva
masculina) se una ao óvulo (célula reprodutiva femini
na). Em relação a esses, como já dissemos, não vemos
qualquer oposição divina. Dentre esses métodos, des
tacam-se quatro:
a) tabelinha- por esse método, o casal bus
ca não manter relações sexuais no período fértil da mu
lher, calculado de acordo com uma tabela que leva em
conta o ciclo menstrual da mulher;
b) preservativos- consiste na oposição de
barreira mecânica ao contato dos espermatozóides com
o óvulo. Ex.: camisinha e gel;
c) pílula anticoncepcional- por meio des
ses medicamentos, a liberação do óvulo do ovário para
as trompas é impedida, impossibilitando-se, assim, a
concepção do novo ser;
d) cirurgia- a cirurgia, no homem, consiste
na interrupção do canal que conduz os espermatozóides
32
33. desde o testículo até a vesícula seminal. Na mulher,
consiste na ligadura ou interrupção das trompas, im
pedindo que o óvulo desça desde os ovários em direção
ao útero.
No caso de desejar o controle de natalidade,
o casal deve buscar orientação médica a fim de averi
guar os prós e os contras de cada método, pois a eficá
cia e os efeitos colaterais variam de casal para casal.
No entanto, há os métodos que, depois da con
cepção, buscam destruir as células resultantes da jun
ção do óvulo com um dos espermatozóides. São os
chamados métodos abortivos. Ora, sabemos que a vida
é uma concessão divina - 1 Sm 2.6 - e, por isso, não
pode ser destruída (Ex 20.13). A questão é saber quan
do começa a vida. Será que imediatamente, ou nos
primeiros dias após a concepção, quando o ovo ou
zigoto é apenas um amontoado de células, sem uma
forma definida, já se pode dizer que há vida? A pala
vra de Deus responde: “Os teus olhos me viram a subs
tância ainda informe, e no teu livroforam escritos todos
os meus dias, cada um deles escrito e determinado,
quando nem um deles havia ainda” (SI 139.16). Isto é,
desde o momento da concepção, quando somos mas
sa ainda informe, o Senhor já não nos olha mais como
células, mas como um novo ser, com vida própria e um
plano para as nossas vidas. Os métodos abortivos, por
tanto, quaisquer que sejam, no nosso entender, ofen
dem a vontade divina. Os métodos abortivos mais
comuns são o dispositivo intra-uterino (DIU), a pílu
la do dia seguinte e os métodos invasivos, que des-
troem o feto.
33
34. A ÉTICA NA RELAÇÃO SEXUAL
ENTRE OS CÔNJUGES
Como fator de comunhão do casal, o sexo
deve obedecer alguns princípios:
a- Deve servir de prazer para ambos (1 Co 7.4);
b- Sua promoção é dever de ambos (Ct3.1-4);
c- No seu cultivo, deve ser exaltado o roman
tismo acima da rotina do dia-a-dia (Ct 5. 3-6). “O sexo
começa na mente ... e termina na mente”.
d- Cada um deve falar ao outro sobre seus
sonhos e preferências (Ct 7. 1-8; 8.2-3).
Alguns conselhos são dados para os casais que
não adquiriram tal liberdade:
“1. Ore pedindo a direção e orientação de Deus.
2. Procure um momento que seja favoráv^,
para seu cônjuge; isto é, quando não te
nham que conversar apressadamente, nem
possam ser interrompidos.
3. Certifique-o do seu amor, e depois, com bon
dade, exponha seus verdadeiros sentimen
tos. Diga-lhe que você julga haver algo de
errado em seu relacionamento conjugal, e que
gostaria de conversar com ele a respeito.
4. O maior passo no sentido de solucionar-se
um problema é ambos os cônjuges reco
nhecerem a sua existência. Se você encon
tra dificuldades para conversar sobre sexo,
é bem provável que tenha dificuldade em
conversar sobre muitos assuntos também.
5. Procure fazer com que seu cônjuge leia este
34
35. livro e converse com você a respeito.
6. Creia que haverá uma solução. Não apre
sente um quadro sombrio da situação; você
pode superar o problema com auxílio divi
no (Fp 2.13).
7. Se o problema persistir, tenham uma con
versa com o pastor, os dois juntos” (Res
postas Francas sobre o Sexo no Casamen
to, Tim e Beverly LaHaye, Ed. Betânia).
e- Liberte a sua consciência de qualquer in
fluência que projete sobre o sexo no casamento uma
idéia de sujeira. O sexo no casamento é bênção de
Deus: 1 Co 7.5.7; Ec 9.9; Hb 9.14.
Parafixar:
1) Quais as duas finalidades do sexo no casa
mento?
2) Cite três razões que justificam o planejamento
familiar.
3) Qual a diferença, diante de Deus, entre méto
do anticoncepcional e método abortivo.
4) Enumere cinco princípios que o casal deve
observar para que o sexo sirva de fator de co
munhão entre ambos os cônjuges, e disserte
sobre um desses princípios.
35
37. CAPÍTULO V
A POSIÇÃO ÉTICA DA ESPOSA DO OBREIRO
O obreiro deve observar que a esposa não é
pastora e, em relação a outros ministérios, nem sempre
tem o mesmo ministério do marido. Há pelo menos
três perigos que cercam uma mulher na condição de
esposa de um líder espiritual. Tais perigos rondam to
das as esposas de líderes, porém, quando o marido é
um líder espiritual, as conseqüências geradas assumem
proporções mais desastrosas, pois o que está em jogo
são almas imortais. Aqui, estaremos enfocando a mu
lher como esposa de um líder. Com isto, não estamos
dizendo que os homens são imunes às sindromes que
apontaremos quando é a esposa que é líder.
Ao cabo dessa introdução, é essencial que se
conceitue o que é uma síndrome. Segundo o Novo Di
cionário da Língua Portuguesa, de Aurélio Buarque de
Holanda Ferreira, síndrome pode ser entendida como
“estado mórbido caracterizado por um conjunto de si
nais e sintomas, e que pode ser produzido por mais de
37
38. uma causa” .
Io PERIGO - A síndrome de Jezabel.
A Bíblia diz que o rei Acabe desejou ter a vi
nha do súdito Nabote. Como Nabote lhe resistiu, vol
tou desolado para casa (1 Re 21.4). Jezabel, então, não
aceitando a desfeita havida em relação ao cargo ocu
pado por seu marido, tomou-lhe as dores, arvorando-
se em sua defensora. A partir daí, o zelo de esposa feri
da cegou-lhe o bom senso e, como fera acuada, pas
sou a agir de maneira contrária aos princípios divinos.
A ação de Jezabel, apesar de procurar o bem de seu
marido, gerou a destruição de seu reinado (1 Re 21.19).
E comum que no ministério, o líder eclesiásti
co sofra desfeitas, perseguições, lutas, etc. Nesse mo
mento, a esposa sofre junto com seu marido e, muitas
vezes, tal como Jezabel, sente o impulso de agir em
defesa de seu amado. Quando a esposa assim o faz,
tem início um processo de decadência do ministério.
Por quê? (1) Porque o marido sai de uma posição de
liderança para uma posição de subalternidade, tornan-
do-se um protegido ao invés de um protetor. Afinal, quem
vai respeitar um líder que precisa que sua esposa bri
gue para que não perca a liderança? (2) Porque ao agir
assim, a esposa sai de uma posição espiritual de des
canso em Deus e passa a agir na carne, na sua força
própria. Tal atitude afasta o Espírito Santo, retira a
proteção de Deus e toda a sorte de problemas come
çam a acontecer. (3) Porque quando agimos feridos,
cometemos injustiças, não compreendendo o porquê
da atitude tomada pela pessoa que reprovamos. No
caso de Jezabel, sua ira impediu que compreendesse
38
39. que a negativa de Nabote não correspondia a uma
afronta ao rei, mas tratava-se do cumprimento da lei
dada por Moisés.
Pode alguém perguntar: “Mas se a esposa vê
seu marido sofrer deve ficar insensível?” E claro que
não. Porém, sua atitude deve ser a de lutar com Deus.
Ela deve agir com idoneidade e não como uma adoles
cente descontrolada, capaz de fazer qualquer fiasco para
ver seus desejos cumpridos. Quantos líderes têm sido
desprezados pela igreja e pelos seus próprios colegas
por terem uma esposa que se arvora no título de defen
sora dos interesses do marido, agindo de forma
deselegante, sem ética e com sentimentos carnais, in-
trometendo-se em assuntos ministeriais e até procurando
interferir em decisões convencionais.
2o PERIGO - Síndrome de Herodias.
Embora Herodias não fosse esposa, mas sim
amante de Herodes, sua atitude bem retrata uma ar
madilha que tem destruído a posição de muitos líde
res, tanto dentro como fora da igreja. Em que consiste
tal síndrome?
E o estado em que se encontra a mulher que
se aproveita da posição de liderança do marido para
tirar proveito próprio. Herodias se aproveitou da lide
rança de Herodes para provocar a morte de João Ba
tista (Mt 14.8).
Em cada país temos o exemplo de políticos
que tiveram suas vidas desgraçadas por esposas que
sofriam dessa síndrome.
Sofrendo dessa síndrome, temos igualmente
o exemplo de mães que buscam a colocação de seus
39
40. filhos “encostando-os” na igreja.
Devemos nos lembrar que, na posição de lí
deres do rebanho de Deus, devemos assumir a posição
de exemplos e não de dominadores, como se fôssemos
donos da igreja (1 Pe 5. 2,3).
Tal síndrome leva o líder a cometer abusos in
toleráveis, como, no caso de Herodes, a decapitação
de João Batista. Há coisas que, mesmo tentado, o líder
resiste. Porém, quando incentivado pela mulher ou pela
família acaba cedendo.
3o PERIGO - Síndrome de Timna e Dalila
Timna foi onde morava a primeira esposa de
Sansão. Conta-nos o relato bíblico que essa mulher lu
tou até descobrir a resposta do enigma proposto por
Sansão aos convidados da festa de casamento para,
logo após, revelá-lo aos quatro ventos (Jz 14. 16,17).
De igual forma, Dalila buscou e conseguiu des
cobrir o segredo da força de Sansão. De posse do se
gredo, causou a destruição do homem que a amava (Jz
16.15-18).
A arma usada por essas duas mulheres é a
mais conhecida arma feminina. Porém, apesar de ve
lha, continua sempre eficiente: é a chantagem emocio
nal. A mulher de Timna dizia “tão somente me aborre
ces e não me amas”. Dalila reclamava falando: “como
dizes que me amas, se não está comigo o teu coração?”
Infelizmente há esposas de líderes que sofrem
dessa síndrome de descobridoras de segredos, tanto lí
deres espirituais como líderes seculares. Quando o
marido chega de uma reunião de diretoria ou de minis
tério, lá está a moça de Timna perguntando “o que acon
40
41. teceu? O que foi falado? Como ficou o caso da fulana?
Para mim tu podes contar, afinal nós somos uma só
carne. Se tu me amas tu vais me contar”.
Após, já senhora do segredo, a moça de Timna
não vê a hora de encontrar-se com aquela irmã “bem
espiritual” para “pedir oração” sobre o assunto. Vejam,
ela não “revela” o segredo, apenas “pede oração” .
Temos que entender que todo o líder, quer ecle
siástico ou não, é uma caixa de segredos, especialmen
te o líder espiritual, que é um receptáculo de confissões
e confidências. A revelação de tais confissões levará,
seguramente, à desmoralização e destruição de seu
ministério.
Parafixar:
1- Cite as três síndromes que podem pertur
bar uma esposa de obreiro e, sinteticamen
te, disserte sobre cada uma delas.
41
43. CAPÍTULO VI
A ÉTICA NO TRATAMENTO COM OS TRÊS “Fs”
Os três “efes” são os três perigos que mais
têm derrubado obreiros. Eles são o “F” de fama, o “F”
de finanças e o “F” de feminino. No caso de obreiras,
evidentemente o último “F” será “M” , ou seja, o perigo
existirá no trato com o sexo masculino. É sobre o estu
do dessa matéria que nos dedicaremos neste e nos dois
próximos capítulos.
A ÉTICA NO TRATAMENTO COM
A FAMA OU POPULARIDADE.
Quanto ao problema da fama, a questão se
divide em duas partes: (a) o desejo de obter fama ou
popularidade e (b) a administração da popularidade.
O Desejo de Fama
O desejo de fama ou popularidade ou, em
outras palavras, o desejo de glória dos homens, é uma
43
44. das mais sutis e terríveis armadilhas para o obreiro do
Senhor.
Foi esse desejo de posição que levou Satanás
a cair dos céus. Disse ele: “Eu subirei ao céu; acima
das estrelas de Deus exaltarei o meu trono e no monte
da congregação me assentarei, nas extremidades do
Norte; subirei acima das mais altas nuvens e serei se
melhante ao Altíssimo” .Ao que Deus respondeu: “Con
tudo, serás precipitado para o reino dos mortos, no mais
profundo do abismo”(Is 14.13-15).
Quando desejamos glória e fama, deixamos
de ser fiéis a Deus e passamos a ser guiados pelas con
veniências. Deixamos de agir guiados pelo Espírito
Santo para agirmos politicamente. Deixamos de pre
gar o que Deus quer que preguemos para pregar o que
o povo quer ouvir. Deixamos de agradar a Deus para
agradar aos homens. Preferimos o aplauso humano em
vez da aprovação de Deus. Preferimos o ruído dos aplau
sos em lugar o silêncio do quarto de oração. Preferimos
os holofotes da ribalta em detrimento dos momentos
em oculto com o Pai.
O desejo de fama tira a nossa ousadia e, em
conseqüência, a nossa fé. Foi o próprio Senhor Jesus
quem afirmou para os fariseus: “Eu não aceito glória
que vem dos homens;... Como podeis crer, vós os que
aceitais glória uns dos outros e, contudo, não procurais
a glória que vem do Deus único?” (Jo 5.41,44).
Todos nós estamos inseridos dentro de um sis
tema religioso. O desejo de ter glória e ocupar posição
nesse sistema normalmente leva o obreiro a abrir mão
de princípios de espiritualidade e de uma vida de inti
45. midade com Deus. O homem de verdade, o profeta de
Deus, é substituído pelo homem-dos-tapinhas-nas-cos-
tas. As convicções cedem lugar às conveniências e o
alvo deixa de ser as almas para ser as posições na or
ganização eclesiástica. O grande apóstolo Pedro foi ví
tima dessa armadilha, pois, para ficar bem com os ho
mens do “sistema”, de tendência judaizante, que tinham
vindo de Jerusalém a Antioquia, trocou de lado e, de
uma hora para outra, deixou de comer com os gentios,
coisa que até então vinha fazendo normalmente. Essa
atitude já fez com que muitas igrejas esfriassem e per
dessem o avivamento, pois ninguém teve coragem de
denunciar o mal quando ainda poderia haver solução
para a secularização da igreja. Assim, todos ficam com
medo de desagradar e ninguém se arrisca a ser o “cha
to”, o “santarrão-desmancha-prazer” .
O desejo de fama leva o obreiro a se tornar
soberbo e cheio de vanglória. Transforma o evangelista
em “evangelástico”, sempre exagerando o acontecido
nos trabalhos em que prega. Jesus também deu exem
plo nisso. Diz a Bíblia, em Mc 7.34-36, que Jesus, ao
ministrar a cura para um surdo, “erguendo os olhos ao
céu, suspirou e disse: Efatá!, que quer dizer: Abre-te!
Abriram-se-lhe os ouvidos, e logo se lhe soltou o empe
cilho da língua, e falava desembaraçadamente. Mas lhes
ordenou que a ninguém o dissessem; contudo, quanto
mais recomendava, tanto mais eles o divulgavam”.
Passagens com idêntica atitude da parte de Jesus en
contramos também em Mt 8.4; Mc 5.43; Mc 8.30; Lc
8.56; Lc 9.21. Em Provérbios 27.2, a Bíblia diz: “Seja
outro o que te louve, e não a tua boca; o estrangeiro, e
45
46. não os teus lábios” .
Um outro grande problema do desejo de fama
é que, fatalmente, iremos ter inveja de outros que estão
com o mesmo propósito nosso. Isso levará o nosso mi
nistério a um inferno, pois estaremos sempre na ânsia
de superar os nossos competidores. Por isso a Bíblia
nos adverte: “Se vivemos no Espírito, andemos tam
bém no Espírito. Não nos deixemos possuir de vanglória,
provocando uns aos outros, tendo inveja uns dos ou
tros” (G1 5.25,26). Quanta guerra, quantos feridos,
quanto prejuízo na obra de Deus é provocado pelo de
sejo de fama e posição!
A final, sem que com isso se pretenda esgotar
a enumeração de todos os prejuízos causados pelo de
sejo de fama, aponta-se como perigo da fama o
envolvimento do obreiro com o secularismo, especial
mente com a política, deixando de lado a preciosa cha
mada recebida de Deus. Jesus também sofreu essa ten
tação. Ao final de quarenta dias de oração e jejum, o
diabo lhe ofereceu os reinos do mundo e a glória deles.
Porém, Jesus o repreendeu. Em Jo 18.36, Jesus afirma
diante de Pilatos: “O meu reino não é deste mundo. Se
o meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se
empenhariam por mim, para que não fosse eu entre
gue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui” .
Em Jo 6.15, a Bíblia diz que “sabendo, pois, Jesus que
estavam para vir com o intuito de arrebatá-lo para o
proclamarem rei, retirou-se novamente, sozinho, para
o monte”. Ah, o segredo para vencer o desejo de fama
está aqui revelado por Jesus: retirar-se, sozinho, para o
monte. No monte da oração, a sós com Deus, junto ao
46
47. trono, no lugar santíssimo, certamente encontraremos
delícias tais que superam em muito o efêmero e enga
noso prazer da fama. Essas delícias, certamente, nos
farão esquecer a loucura de perseguir um alvo tão fútil
e fugaz como posições e popularidade. O monge To
más de Kempis, nascido na Alemanha em 1380, autor
do livro “Imitação de Cristo”, um dos mais célebres li
vros já publicados, escreveu, nessa mesma obra: “ ‘Vai
dade das uaidades, tudo é vaidade’ (Ecl 1,2), exceto amar
a Deus e só a Ele servir. A suprema sabedoria consiste
em tender o reino dos céus pelo desprezo do mundo.
Vaidade é, pois, amontoar riquezas perecíveis e nelas
pôr a sua confiança. Vaidade, é também ambicionar
honras e desejar posições de destaque. Vaidade, seguir
os apetites da carne e desejar aquilo pelo que, depois,
serás severamente castigado. Vaidade desejar longa vida
e não cuidar que seja boa. Vaidade preocupar-se só com
a vida presente e não prever o que há de vir depois.
Vaidade é amar o que tão depressa passa e não deman
dar pressuroso a felicidade que sempre dura. Lembra-
te com freqüência do provérbio: ‘Os olhos não se far
tam de ver, nem os ouvidos de ouvir’ (Ecl 1.8). Procura
desviar teu coração das coisas visíveis e transportá-lo
às invisíveis. Porque os que seguem a própria sensuali
dade mancham a consciência e perdem a graça de Deus
... Oh! Como passa depressa a glória do mundo! ...
Quantos, neste mundo, descuidados do serviço de Deus,
se perdem por uma ciência vã! ‘Esvaeceram em suas
cogitações’ (Rom 1,21) porque antes quiseram ser gran
des que humildes. Verdadeiramente grande é aquele
que tem grande caridade. Verdadeiramente grande é
47
48. quem aseus olhos é pequeno e tem em nenhumacontaas
maiores honras.” (Op. Cit. pp. 12,16, Círculo do Livro).
Administrando a Popularidade
Como vemos em Mc 7.36, quando o poder de
Deus se manifesta na vida de alguém, mesmo que o
vaso de Deus não queira, logo se tornará conhecido.
Porém, o verdadeiro servo de Deus deverá man
ter a postura de João Batista quando assim disse a res
peito de Jesus: “Convém que ele cresça e que eu dimi
nua” (Jo 3.30).
Nunca podemos esquecer que a fama de um
servo de Deus não se dá pelo que ele faz ou é, mas pelo
que Deus faz por meio dele. Um jogador, artista, cien
tista ou seja lá que profissão desempenhar uma pes
soa, será famoso pelos seus dotes ou talentos. Não se
dá assim com um ministro de Deus. Sobre o assunto,
vem a calhar uma conhecida parábola no meio evan
gélico. Conta-se que o jumento que conduziu Jesus na
entrada triunfal em Jerusalém, entusiasmado com a
aclamação popular, depois de ser liberado por Jesus,
correu a contar para a sua mãe sobre a sua repentina
fama. Ante a incredulidade da jumenta-mãe, o
jumentinho, querendo demonstrar a sua popularidade,
entrou com estardalhaço em meio aos mercadores da
feira. Surpreendentemente (para o jumentinho), os fei
rantes espantaram-no com paus e pedras. Humilhado
e desconsolado, o jumentinho volta cabisbaixo e houve
o seguinte comentário da velha jumenta: “Oh, meu fi
lho, como foste tolinho, não sabes que os aplausos eram
48
49. para Jesus, e que sem ele não vales nada?” .
E sempre bom ter presente essa parábola para
nunca esquecermos a advertência do mestre: “sem mim
nadapodeisfazer” (Jo 15.5).
O perigo de usurparmos a glória que pertence
a Deus é terrível. Que o diga o rei Herodes. Ao aceitar
a glória que pertencia a Deus, “no mesmo instante, um
anjo do Senhor o feriu, por ele não haver dado glória a
Deus; e, comido de vermes, expirou” (At 12.23). Outro
rei, Nabucodonosor, teve sentença mais branda, e pelo
mesmo motivo passou sete anos pastando como ani
mal (Dn 4.32,33).
E muito comum que um servo de Deus que
tenha alcançado alguma popularidade, ao ser tentado
pelo diabo, deixe a soberba e a arrogância tomar conta
de seu coração. Nesse caso, a sentença de Deus sobre
a sua vida será infalível: “Deus resiste aos soberbos,
mas dá graça aos humildes” (Tg 4.6).
Jeremias, por palavra do Senhor, declarou:
“Assim diz o SENHOR: Não se glorie o sábio na sua
sabedoria, nem o forte, na sua força, nem o rico, nas
suas riquezas; mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em
me conhecer e saber que eu sou o SENHOR e faço
misericórdia, juízo e justiça na terra; porque destas
coisas me agrado, diz o SENHOR” (Jr 9.23,24).
Por fim, é bom lembrar as inspiradas palavras
do apóstolo Paulo: “Se anuncio o evangelho, não te
nho de que me gloriar, pois sobre mim pesa essa obri
gação; porque ai de mim se não pregar o evangelho!” (1
Co 9:16). E, ainda, “Se tenho de gloriar-me, gloriar-me-ei
no que diz respeito à minha fraqueza” (2 Co 11.30).
49
50. O fim de um ministro que deixa a fama infla
mar sua vaidade, invariavelmente é a queda.
Parafixar:
1 ) 0 que significa o “perigo dos três Fs”?
2) Em sua opinião, qual é o mais perigoso para
você? Por quê?
3) Na sua opinião, qual deles tem derrubado mais
obreiros? Por quê?
50
51. CAPÍTULO VII
A ÉTICA NO TRAMENTO DAS FINANÇAS
Alguns princípios devem ser observados pelo
obreiro no que tange às finanças.
a) A s necessidades são ilimitadas en
quanto que os recursos são limitados. Esse é o
princípio fundamental da ciência econômica. Ou seja,
temos que administrar recursos limitados para satisfa
zer necessidades ilimitadas. Em outras palavras, não
são as necessidades que devem determinar o dispên
dio dos recursos, e sim os recursos que devem determi
nar o montante das necessidades a serem supridas. O
ser humano é insaciável. Por mais que se lhe dê, sem
pre surgirão novas necessidades. Assim, o obreiro, ou
qualquer pessoa, que fizer o seu orçamento doméstico
olhando só para as necessidades, fatalmente irá à ban
carrota. Jesus ensinou esse princípio, conforme se vê
em Lucas 14:28: “Pois qual de vós, pretendendo cons
truir uma torre, não se assenta primeiro para calcular a
51
52. I
despesa e verificar se tem os meios para a concluir?”
b) O desperdício é proibido. Jesus, no epi
sódio da multiplicação dos pães, demonstrou que, mes
mo tendo os pães nada custado, o uso deveria ser
parcimonioso, e mandou os discípulos recolherem as
sobras para que nada se perdesse (Jo 6.12). Jesus es
tava ensinando os discípulos a valorizarem o que Ele
dá. Quantas vezes, na casa do cristão, não é valoriza
da a bênção de Deus, e aquilo que Deus deu é jogado
fora sem nenhum temor.
c) Esbanjar e ostentar são coisas con
denadas por Deus. O cristão é orientado a não usar
vestuário dispendioso (1 Tm 2.9) e é advertido que se
em suas orações pedir coisas para esbanjar, terá uma
resposta negativa de Deus: “pedis e não recebeis, por
que pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres”
(Tg 4.3).
d) O obreiro não deve ter dívidas. Dívi
da é diferente de obrigação. Se o obreiro compra
alguma coisa a prazo, ele tem uma obrigação. Se no
devido prazo ele não cumprir com a sua obrigação, aí
sim a obrigação vira dívida. E nesse sentido que a Bí
blia diz que “A ninguém fiqueis devendo coisa alguma,
exceto o amor com que vos ameis uns aos outros; pois
quem ama o próximo tem cumprido a lei” (Rm 13.8). E
vergonhoso o mal-testemunho que alguns obreiros dão,
passando cheques sem fundo, e levando uma vida des
regrada, gastando mais do que podem pagar. Como
diz o ditado popular, “comem patê e arrotam caviar”.
A respeito dos tais, a palavra de Deus diz: “o ímpio
pede emprestado e não paga; o justo, porém, se com
52
53. padece e dá” (SI 37.21).
e) .A estratégia de José. O obreiro deve
aprender com José. Por divina revelação, ele interpre
tou o sonho do Faraó e orientou o império egípcio a
guardar alimento nos anos de abundância para ter nos
anos de penúria. Assim também deve ser o obreiro.
Sempre deve ter alguma reserva, ainda que pequena,
para alguma eventualidade. Porém, há pessoas que o
dinheiro parece brasa. Se têm algum recurso, saem de
sesperadas para gastar, como se o dinheiro estivesse
lhes queimando as mãos.
f) O obreiro não deve ser fiador. A pala
vra de Deus é repleta de passagens orientando o crente
a não ser fiador. Com o obreiro, o problema de ser fia
dor aumenta, pois se for avalista de um dos irmãos,
todos os demais que precisarem de fiança vão procurá-
lo. Leia-se Provérbios 6.1, 11.15 e 17.18.
g) Bom testemunho. Os negócios realiza
dos pelo obreiro devem causar um bom testemunho de
toda a comunidade, pois esse é um dos requisitos do
obreiro: 1 Tm 3.5,7,12.
h) Não avarentos ou gananciosos. A Bí
blia expressamente exige que o obreiro não seja cobi
çoso de dinheiro. A avareza é idolatria. Antes de dese
jar receber, o obreiro deve estar disposto a dar. E im
pressionante ver que alguns obreiros, que ensinam tão
bem os crentes a dar, são tão sovinas e avarentos que o
máximo que dão para alguém é “a paz do Senhor”.
Esses tais, estão sempre ávidos de dinheiro, sempre
procurando extorquir alguma coisa aqui e ali. Em Isra
el há dois “mares” . O Lago de Galiléia e o Mar Morto.
53
54. O Lago da Galiléia recebe a água que o Rio Jordão
traz desde as suas quatro nascentes no Monte Hermom
e, a mesma água que recebe, deságua no extremo Sul,
na continuação do Rio Jordão, que desce até o Mar
Morto. Este, por sua vez, só recebe a água do Jordão
mas não deságua para lugar algum. O seu nível se
mantém devido exclusivamente à evaporação. Como
resultado, suas águas são extremamente salgadas, e
nelas não há qualquer tipo de vida. O Mar da Galiléia,
ao contrário, é cheio de peixes e, já na época de Jesus,
era fonte de alimento para a população. Assim é o obrei
ro “só me dá”. Tudo que chega perto dele morre! Veja-
se o que diz a Bíblia nas seguintes passagens: 1 Tm
3.3,8; Tt 1.7; 1 Pe 5.2.
i) Dízimos e ofertas. As vezes, o obreiro,
especialmente o que vive exclusivamente do evange
lho, confunde a sua vida financeira com a vida finan
ceira da igreja e, assim, entende que não é tão impor
tante o dízimo e suas ofertas. Esse engano conduz, nor
malmente, a um relaxamento nas ofertas e no dízimo.
Tal relaxamento na ação de dar conduz, por sua vez, à
ausência da bênção de Deus na vida financeira do
obreiro. O dízimo e as ofertas, embora revelados no
Antigo Testamento, não são imposições da lei dada por
Moisés. O dízimo que a igreja oferta não é o dízimo de
Moisés e sim o dízimo de Abraão. O dízimo da lei de
Moisés era obrigatório; o dízimo de Abraão é espontâ
neo. O dízimo de Moisés era dado para a casa do te
souro e para outros fins; o dízimo de Abraão foi dado
diretamente para Melquisedeque, tipo de Cristo no An
tigo Testamento; o dízimo de Moisés era dado com dor;
54
55. o dízimo de Abraão é dado com alegria, pois Deus ama
o que dá com alegria (2 Coríntios 9:7: “Cada um con
tribua segundo tiver proposto no coração, não com tris
teza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá
com alegria”). O dízimo de Moisés era um dever; o
dízimo de Abraão é um privilégio. O dízimo de Moisés
é dado pelos servos de Deus; o dízimo de Abraão é
dado pelos amigos de Deus. Um obreiro ou qualquer
crente que não dizime ou oferte, traz a maldição da
miséria sobre sua vida. Por outro lado, o crente fiel
nos dízimos e ofertas atrai a bênção do Senhor so
bre a sua vida.
. Parafixar:
1 ) Enumere oito princípios para o obreiro ter su
cesso na uida financeira.
2) No seu entender, dentre os oito princípios enu
merados, quais são os três mais importantes?
Por quê?
55
57. CAPÍTULO VIII
A ÉTICA NO TRATAMENTO
COM O SEXO OPOSTO
O Salmo 111, no seu versículo 10 proclama
que “o temor do Senhor é o princípio da sabedoria;
revelam prudência todos os que o praticam” . No mes
mo sentido ensina o livro de Provérbios nas seguintes
passagens: 1.7, 9.10 e 15.33. Mas, afinal, o que é “te
mor do Senhor”? A própria palavra responde: “o temor
do Senhor consiste em aborrecer o mal” (Pv 8.13). Já
o livro de Jó ensina que “o temor do Senhor é a sabe
doria, e o apartar-se do mal é entendimento (28.28).
Assim, no trato com o sexo oposto, a sabedo
ria e a prudência nos mandam que devemos nos apar
tar de toda a situação que possa induzir ou provocar
um acidente moral, ou mesmo que venha dar aparên
cia do mal (1 Ts 5.22).
A Bíblia diz, em 1 Tm 5.2, que o obreiro va
rão deve tratar as irmãs com toda a pureza: as mais
idosas como se fosse cada uma sua mãe e as mais no
vas como se fossem suas irmãs.
57
58. Alguns cuidados devem ser tomados:
a) todos nós, por vezes, sentimos necessidade
de um confidente. Lembre-se: esse confidente jamais
pode ser alguém do sexo oposto, a não ser que seja o
cônjuge ou um dos progenitores. De igual forma é mui
to perigoso que você seja o confidente de alguém do
sexo oposto. A pessoa que está em estado de carência
emocional muito facilmente se apaixona pelo confidente.
Esse tipo de relacionamento é especialmente perigoso
pois, como a intenção é pura, de busca de ajuda de um
lado e de auxílio por outro lado, as partes nem se dão
conta do aprofundamento dos sentimentos de um em
relação ao outro e, quando se dão conta, às vezes o
estrago é irremediável. Mesmo que não caiam em pe
cado sexual, o complexo de culpa e as marcas que fi
cam em um ou em ambos podem trazer sérios prejuí
zos para o ministério e para o matrimônio do obreiro.
b) O aconselhamento pastoral ou o tratamen
to de algum assunto com pessoa do sexo oposto, sem
pre que possível, deve ser prestado juntamente com
outro obreiro, com o cônjuge ou, no mínimo, em lugar
visível a mais pessoas. E interessante o sistema adotado
em muitas igrejas de portas de vidro na sala pastoral.
Essa providência pode livrar o obreiro de sérios dissabo
res como, por exemplo, uma acusação de assédio sexual.
c) O obreiro deve evitar demonstrações de
afeto muito efusivas em relação a pessoa do sexo oposto,
tais como abraços, beijos ou segurar-lhe a mão além
do tempo necessário para o cumprimento.
d) O obreiro jamais deve falar mal do seu côn
juge a qualquer membro da igreja, pois isso pode des-
58
59. pertar a cobiça sexual em alguém do sexo oposto, além
de expor o cônjuge ao ridículo.
Para fixar de forma definitiva o cuidado com
que o obreiro deve ter no trato com o sexo oposto, é de
se relatar fato curioso ocorrido em determinada região
do Brasil. Conto o caso como me passaram. Havia um
velho pastor, que já passou para a eternidade, muito
zeloso mas muito rude em suas expressões. Era conhe
cido pelo seu tratamento enérgico em relação à moral
de seus obreiros. Conta-se que em certa oportunidade,
os irmãos fizeram uma excursão, de barco, para pregar
em uma região longínqua. Após o culto, todos se aco
modaram no pequeno navio para o percurso de volta
que duraria todo o restante da noite. Todos os irmãos
levaram sua rede, exceto um mais descuidado. Enquan
to todos se deliciavam com a brisa do rio e se embala
vam em suas redes, logo conciliando o sono, o pobre
irmão-sem-rede, amargava a viajem acocorado em um
canto. Foi quando uma irmã, com pena do pobre, con-
vidou-o para dormir com ela em sua rede. Imediata
mente o irmão recusou veementemente. A irmã, então,
inocentemente, usou de três argumentos que dobraram
a resistência do jovem e descuidado obreiro. Ela argu
mentou que, em primeiro lugar, estavam todos os de
mais irmãos ali por perto; em segundo lugar, a rede era
de casal, grande o suficiente para acomodar os dois e,
por fim, eles se deitariam um de costas para o outro.
Relutante, o pobre cedeu. Porém, de pouco adiantou a
providência para que ele descansasse. A sua consciên
cia em luta e a lembrança do rosto enérgico do pastor
lhe atormentaram a noite toda. Ao amanhecer, mal o
59
60. barco tocou no cais, o nosso irmão-sem-rede foi o pri
meiro a saltar em terra e correu à casa do pastor. En
controu o pastor já fazendo o seu desjejum. Com o ros
to crispado, e torcendo as mãos, o pobre do irmão pas
sou a contar ao pastor o ocorrido, “antes que alguém
lhe traga os fatos distorcidos” , acrescentou. Quando
chegou no ponto em que contou que aceitou a oferta
da irmã e deitou-se com ela na rede, o velho pastor
engoliu em seco e, estridentemente, decretou a senten
ça: “excluído por adultério!”. Recomposto do susto, o
irmão-sem-rede contra-argumentou: “mas pastor, nós
deitamos um de costas para o outro e não fizemos nada”.
O enérgico pastor então retrucou: “excluído por
homossexualismo!” Ou seja, de uma ou de outra for
ma, a atitude do coitado deixara, ao menos para o
pastor, uma aparência irremediável de debilidade moral.
Não sei se a história contada é mais triste do
que engraçada, mas retratabem o cuidado que o obreiro
deve ter no trato com o sexo oposto, impedindo que
qualquer sombra, no aspecto, venha a rondar o seu mi
nistério.
Parafixar:
1) Segundo o livro de Jó, em que consiste o en
tendimento?
2) Escreva três cuidados que o obreiro deve ter
no tratamento com o sexo oposto.
3) O que você entende por “aparência do mal”?
Ela deve ser evitada pelo obreiro em relação
ao sexo oposto? Por quê?
60
61. CAPÍTULO IX
A ÉTICA NO RELACIONAMENTO
DO OBREIRO COM A IGREJA
A experiência mostra que muitos homens de
Deus, chamados e vocacionados, falham em seu mi
nistério por errarem na forma como se relacionam
com a igreja. Daí a preocupação de Paulo ao acon
selhar Timóteo, em lTm 4.12, nos seguintes termos:
“Ninguém despreze a tua mocidade; pelo contrário,
torna-te padrão dos fiéis, na palavra, no procedi
mento, no amor, na fé, na pureza” (grifei). O cuida
do do apóstolo era tanto em relação a esse ponto
que, quando escreveu a segunda carta ao seu filho
ministerial, novamente Paulo lembra: “Tu, porém, tens
seguido, de perto, o meu ensino, procedimento, pro
pósito, fé, longanimidade, amor, perseverança” (2Tm
3.10 -grifei). No trato com a igreja, é de fundamen
tal importância que o obreiro observe rígidos princí
pios éticos.
61
62. O obreiro deve liderar, acima de tudo, pelo
seu exemplo. O apóstolo Pedro assim exorta os pasto
res: “pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós,
não por constrangimento, mas espontaneamente, como
Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa von
tade; nem como dominadores dos que vos foram
confiados, antes, tornando-vos modelos do reba
nho” (IPe 5.2,3 - grifei). A hipocrisia dos que pregam o
que não vivem, os leva à companhia dos escribas e
fariseus tão criticados por Jesus: “Na cadeira de Moisés,
se assentaram os escribas e os fariseus. Fazei e guardai,
pois, tudo quanto eles vos disserem, porém não os
imiteis nas suas obras; porque dizem e não fazem. Atam
fardos pesados e difíceis de carregar e os põem sobre
os ombros dos homens; entretanto, eles mesmos nem
com o dedo querem movê-los” (Mt 23.2-4).
Princípio da Humildade
O obreiro, apesar de sua posição de desta
que, não passe de um servo, e só serve para obreiro
enquanto está disposto a servir. Normalmente os obrei
ros gostam de se auto-denominar de “ministro” . Mal
sabem eles que essa palavra, no Novo Testamento, na
maior parte das ocorrências é traduzida da palavra gre
ga diakonos, que significa significa simplesmente “ser
vo”!Falando aos presbíteros de Efeso, em Mileto, o após
tolo Paulo assim sintetiza o seu ministério entre eles:
“servindo ao Senhor com toda a humildade, lágrimas e
Princípio do Exemplo
62
63. provações que, pelas ciladas dos judeus, me sobrevie
ram” (At 20.19). Que diferença de muitos obreiros de
hoje, que estufam o peito, empinam o nariz, e pensam
que são os donos do mundo.
Princípio da Mansidão
O pastor do maior rebanho, até os dias de hoje,
sem dúvida foi Moisés. Para conduzir um povo obsti
nado, ingrato e difícil de lidar, Deus o capacitou de um
atributo que o destacou dentre todos os homens da ter
ra: a mansidão (Números 12:3 - “Era o varão Moisés
mui manso, mais do que todos os homens que havia
sobre a terra”). Jesus, de igual forma, destacou este
atributo para que seus discípulos seguissem: “Tomai
sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou
manso e humilde de coração; e achareis descanso para
a vossa alma” (Mt 11.29). Um obreiro brabo, irado,
seguramente baterá o recorde de mudanças, pois não
conseguirá parar em igreja alguma.
Princípio da Fidelidade
Quando escreveu aos Coríntios, na sua pri
meira carta, o apóstolo Paulo destacou, como qualida
de do obreiro frente à igreja, a fidelidade (ICo 4.2).
Com efeito, um obreiro infiel nas suas contas, no seu
matrimônio, com as finanças da igreja, na sua palavra
ou em qualquer outra área, será uma vergonha para os
membros da igreja. De nada valerá sua eloqüência ou
seja lá que dotes possuir.
63
64. O obreiro deve ser um homem de gentil trato.
Muitas vezes, alguém confunde firmeza com falta de
educação. O homem de Deus pode dizer as verdades
mais duras sem perder o respeito para com a igreja.
Grosseria não pode ser confundida com coragem ou
espiritualidade.
Principio da Seriedade ou Sobriedade
O culto não é programa de auditório e nem o
púlpito lugar de gracejos ou “pegadinhas” . Há os obrei
ros engraçadinhos que gostam de fazer pilhérias com
os ouvintes. Uma piadinha dessas podem envergonhar
um irmão, fazendo-o passar por um vexame desneces
sário. Perguntas como “quem vai ficar alegre na vinda
de Jesus?”, só para depois zombar dos irmãos que le
vantaram a mão e dizer “eu não vou ficar alegre, eu
vou subir alegre!”, não passam de palavras vãs e
chocarrices, e são condenadas pela palavra de Deus
(Ef 5.4). Veja-se, ainda, Mateus 12:36: “Digo-vos que
de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela
darão conta no Dia do Juízo”. Lembre-se sempre que
quem quer ver palhaço não vai à igreja, vai ao circo.
Princípio da Respeitabilidade
O obreiro, ao contrário do que muitos pen
sam, não pode ser aquele “popularzão” , igual político
em véspera de eleição, contador de anedotas, sempre
Princípio da Gentileza
64
65. na casa de um e de outro. É claro que não estamos
dizendo que o obreiro deve ser um casmurro ermitão,
insociável. Evidentemente o pastor deve ser uma pes
soa acessível e agradável, com “cheiro de ovelha” . Po
rém, sempre deve ser guardada uma devida reserva,
para que, pouco a pouco, o obreiro não venha perder o
respeito por parte da congregação. Não é demais citar
o velho monge Tomás de Kempis, já antes citado, que
sobre ética escreve muito bem, até porque viveu 91
anos. Vejamos o que ele diz na obra antes referida:
“Caridade se deve ter para com todos; mas não con
vém ter com todos familiaridade. Sucede não raro, que
uma pessoa, de longe, brilha com o esplendor da fama,
mas, de perto, desmerece aos olhos dos que a vêem.
Julgamos, às vezes, agradar aos outros com a nossa
intimidade, mas antes os aborrecemos com os defeitos
que em nós vão descobrindo” (op. cit., pág. 20).
Vem de todo a calhar a passagem escrita em
Provérbios 25:17: “Não sejas freqüente na casa do teu
próximo, para que não se enfade de ti e te aborreça” .
Parafixar:
1) Enumere sete princípios éticos para o relacio
namento entre obreiro e igreja.
2) Disserte, com suas próprias palavras, sobre os
dois princípios que, em sua opinião, são os
mais importantes dentre os sete.
3) Dentre os sete princípios, qual, em sua opi
nião, é mais difícil de ser respeitado. Por quê?
65
67. CAPÍTULO X
ÉTICA NA LIDERANÇA
A liderança que é proveitosa na igreja não é a
liderança natural, imposta ou nata, mas uma liderança
dada por Deus e admitida pelo preenchimento de crité
rios espirituais. A liderança espiritual na igreja é base
ada no princípio da autoridade espiritual delegada.
PRINCÍPIO DA AUTORIDADE
ESPIRITUAL DELEGADA
A liderança genuinamente espiritual é aquela
fundada neste princípio cujo preceito é o seguinte: “toda
a autoridade vem de Deus e a obtemos na proporção
que nos submetemos a Ele e a quem Ele delegar autori
dade” .
Jo 3.27,30 - se alguma temos, isso vem do céu;
por isso, devemos desaparecer para que Ele apareça.
Tg 4.7 - podemos exercer autoridade inclusi
ve sobre o diabo se formos sujeitos a Deus
67
68. Assim como nas organizações humanas (Ex.
PM, Exército, Poder Executivo em geral, etc), Deus es
tabelece uma cadeia de autoridade. Só teremos autori
dade espiritual se estivermos inseridos nesta cadeia (Rm
13. 1,2). No mesmo sentido, ICo 11. 3; Ef 6. 1-3; Hb
13. 17, etc.
CARACTERÍSTICAS DA LIDERANÇA CARNAL
1- baseada na murmuração (2 Sm 15.1-3);
2- baseada na lisonja (2 Sm 15.3,5);
3- demagógica, fundada em promessas para
os apoiadores (2 Sm 15.4);
4- é personalista; seu fim é o mero culto à
personalidade, sem ideais. E o “liderar por liderar” (2
Sm 15.6);
5- busca interesses próprios, e não os do rei
no de Deus;
6- não tem um caminho a apontar, mas pro
cura irde acordo com a tendência do povo. E o famoso
“jogo de cintura” . Saul perdeu sua liderança ao querer
exercê-la politicamente, baseada no jogo de cintura,
indo atrás do que o povo dizia e não sustentando a
ordem de esperar Samuel para o sacrifício (ISm 15.24).
CARACTERÍSTICAS DA LIDERANÇA ESPIRITUAL
1- NÃO É EXERCIDA HUMANAMENTE,
MAS é dada por Deus (Ef 4.11; Lc 9. 51-
56; Mc 3.7; Mc 12.37);
2- não é conquistada por política, populismo,
68
69. murmuração ou bajulação (2 Sm 15. 1-6;
18.15; Jd 8, 16);
3- é reconhecida pelos demais (2 Sm 2. 1-4;
5. 1-4);
4- é exercida não por imposição de força, mas
pela força do exemplo (1 Pe5.23; 1Tm 4.11-
12, 1 Co 11.1);
5- é exercida com brandura (2 Tm 2.24; 1
Tm 5.1,2);
6- não se incomoda com o brilho alheio (Mc
9. 38-40);
7- é baseada em ideais, e não em interesses
subalternos (1 Pe 5.2);
8- é pronta para servir, e não para ser servida
(Mt 23.11);
9- não é demagógica, mas tem compromisso
com a verdade - Mc 1.22: a autoridade de
verdade; (2 Co 13. 8): a autoridade moral;
10- o líder espiritual tem certeza do que prega
e aponta o caminho para os seus liderados
(Jo 6.60,66-69).
Parafixar:
1) Na sua opinião, quais as três principais dife
renças entre a liderança espiritual e a lideran
ça carnal? Por quê?
2) Qual é a norma de ouro para que alguém te
nha a autoridade de liderar?
3) Escreva, com suas próprias palavras, as cinco
principais características de uma liderança es
piritual.
69
71. CAPÍTULO XI
A ÉTICA NO RELACIONAMENTO
ENTRE OBREIROS
Estamos em uma época em que a questão do
relacionamento assume preponderante importância. As
pessoas, as nações buscam se agrupar para adquiri
rem força e condições de enfrentar os demais blocos de
atuação em função do movimento irreversível de
globalização. Na igreja o mesmo deve acontecer.
QUATRO ATITUDES POSSÍVEIS NO
RELACIONAMENTO INTERPESSOAL
Em relação a esse relacionamento interpesso
al entre os ministros de uma mesma congregação, qua
tro atitudes podem ser tomadas.
ISOLAMENTO
A primeira atitude possível é o isolamento. Ou
71
72. seja, o obreiro não se relaciona em hipótese alguma e
nem toma conhecimento do que se passa ao redor.
Em geral, três são as razões para esse
posicionamento.
A primeira, o orgulho de achar que não preci
sa de ninguém. Lembro-me de um obreiro que, ao ser
incentivado para orar com outros companheiros de mi
nistério, não gostou da idéia pois, no seu entender, orar
com os demais somente serviria para que roubassem a
unção “poderosa” que estava sobre a sua vida. Resul
tado: o pobre acabou caindo em pecado, destruindo
seu lar e perdendo seu ministério.
A segunda razão é mais comum do que pen
samos. Muitas vezes a timidez do obreiro, causada es
pecialmente por um complexo de inferioridade, impe
de o obreiro de se aproximar dos demais. Estes, por
sua vez, em um julgamento precipitado, pensam que o
tímido irmão é orgulhoso ou “cheio”. É bom que não
se acuse apressadamente alguém como sendo orgulho
so. E prudente que, ainda que alguém pareça que não
quer se relacionar, busque-se um contato amigável.
Esse gesto, quando tira alguém que é tímido de seu re
colhimento, produzirá um grande e grato amigo.
Por fim, há vezes que a causa do isolamento é
mero comodismo. Afinal, é mais fácil recolher-se do que
arriscar alguns dissabores com os colegas.
Conseqüências do isolamento
O obreiro individualista, que não gosta de tra
balhar em equipe, correrá dois grandes perigos.
O primeiro deles é a ausência de crítica. Ou
72
73. seja, o seu isolamento impedirá que alguém possa apon
tar-lhes falhas em seu ministério que, se reconhecidas,
poderão facilmente ser superadas. Por sua vez, a au
sência da crítica poderá facilmente levar o obreiro à
queda. Não é sem razão que a Bíblia adverte que “na
multidão de conselheiros há segurança” (Pv 11.14).
O segundo perigo é a estagnação. Quando es
tamos sozinhos, achamos que o que somos e o que
temos recebido de Deus é tudo o que poderíamos so
nhar. Quando estamos rodeados de pessoas espiritu
ais, ao contrário, estaremos sempre vendo coisas no
vas sendo realizadas nas vidas dos companheiros e isso
nos levará a buscar também um aperfeiçoamento para
o nosso ministério.
ATITUDE HEGEMÔNICA
O segundo tipo de atitude tomada por obrei
ros é a hegemonia, ou seja, só se relaciona se for para
mandar, para formar um império. O obreiro
hegemônico não aceita idéias de ninguém. Acha-se
infalível e é extremamente centralizador. Em sua con
cepção, se alguém discordar de sua idéia é seu inimigo
e procura esmagar qualquer um que ouse discordar de
sua opinião.
Duas são as principais razões que induzem
os imperialistas.
Se falarmos considerando apenas o aspecto
humano, poderemos dizer que o caso é de megaloma
nia. Ou seja, o nosso querido obreiro estaria sofrendo de
um mal psicológico que lhe confere mania de grandeza.
73
74. Porém, sabe-se que não é só a megalomania
que cria “imperialistas”. Existe um mal espiritual cha
mado soberba. Foi esse mal que atingiu o arcanjo
Lucifer e, por isso, pode ser chamado de síndrome de
Lucifer. Lucifer pensou que teria que subir acima de
todos os demais anjos e ser semelhante ao Altíssimo.
Porém, do alto de sua arrogância foi derrubado. A his
tória tem mostrado que todos os arrogantes e
prepotentes terminam os seus dias assim: derrubados e
frustrados.
Conseqüências da
centralização hegemônica
A construção de impérios na obra de Deus
produz a formação de zonas de atrito e discórdias.
Em segundo lugar, visto que cada “impera
dor” está buscando apenas a concentração de poder e
não o bem da obra de Deus, há um dificultamento das
tentativas de agrupamento, afinal, todos querem mandar.
O sentimento hegemônico leva a um desres
peito das suscetibilidades e da chamada dos demais
obreiros.
O sentimento hegemônico conduz o obreiro a
ser autoritário e centralizador. Isso produz um
sufocamento do crescimento da obra. O sentimento
centralizador aponta para o sentido inverso ao experi
mentado pela ciência da administração secular. Alguns
mestres em administração consideram Jetro, sogro de
Moisés, como o “Pai da Ciência da Administração”,
justamente por ensinar ao seu genro os princípios da
administração descentralizada.
74
75. A centralização hegemônica gera uma apa
rência de crescimento. O obreiro sente-se atarefado, os
números crescem, porém, tudo é enganoso, pois, em
termos relativos, um trabalho centralizado cresce bem
menos do que um descentralizado. É evidente que
toda descentralização deve ser gradual e contar, im-
prescindivelmente, com estrutura e recursos huma
nos suficientes.
O desejo de hegemonia dentro de uma equi
pe, por um de seus membros, promove mágoas e ir
mãos feridos, com conseqüências quase que
irreparáveis ( Pv 18. 19).
COMPETIÇÃO
A terceira atitude possível que ora enumera
mos é a competição. O obreiro competidor se relacio
na com os colegas, mas sempre buscando superá-los
ou, pelo menos, busca impedir que alguém venha
superá-lo. Não admite que ninguém tenha sua luz bri
lhando mais do que a dele. O ser humano é um compe
tidor nato. Todos os seres humanos, uns mais e outro
menos, têm certas características de um competidor.
Na obra de Deus, o obreiro deve se policiar, estando
sempre atento para crucificar sua carne quando esse
sentimento aflorar em suas atitudes. Para o obreiro ven
cido por esse sentimento, tudo é motivo de competição.
Até discussão sobre um assunto corriqueiro pode aca
bar em briga e confusão. Esse tipo de pessoa nunca se
dá por vencido, pois ele leva tudo para o lado pessoal.
Se alguém contesta a sua idéia, ele não entende que foi
75
76. uma idéia, mas sim acha que ele próprio está sendo
contestado e, como ele não pode perder, leva a discus
são até as últimas conseqüências. E quando o compe
tidor não consegue vencer pelos seus méritos, ele pro
cura destruir aquele que cometeu o pecado de brilhar
mais do que ele. E o sapo que enciumado com a luz do
vaga-lume, estende a sua língua gosmenta e devora o
pobre pirilampo.
O que leva uma pessoa a ser assim? Poder-
se-ia dizer que é uma psicopatia que supervaloriza o
instinto de competitividade. Porém, sabemos que a coisa
na maior parte das vezes não é tão grave assim. O que
existe, na verdade, é a atuação da carne, que produz
ciúmes, inveja e vanglória (G1 5. 20, 21).
Conseqüência da instalação do
veneno da competição entre obreiros
A obra até poderá crescer, contudo esse cres
cimento é enganoso, pois não é obtido com bases espi
rituais. Há igrejas que até estimulam a competição en
tre obreiros, conferindo prêmios de produtividade, etc.
Esses artifícios, que podem dar certo em uma empresa
secular, fatalmente produzirão sentimentos de inveja
dentro da igreja. A inveja, por sua vez, produz senti
mento faccioso e esse, afinal, produz toda espécie de
coisas ruins (Tg 3.16).
COOPERAÇÃO
A última atitude possível, que é a única reco
mendável, é a atitude de cooperação. Esse sentimento
76
77. induz o obreiro a cooperar com os seus irmãos
objetivando o bem do reino de Deus na terra.
Essa é a atitude recomendada por Jesus. Ele
jamais incentivou a formação de grupos hegemônicos
e muito menos a competição entre seus discípulos.
Muito pelo contrário, quando esse sentimento surgiu
entre seus liderados, a ponto da mãe de Tiago e João
vir pedir a primazia de seus filhos, Ele ensinou que quem
quisesse ser o maior que fosse como o menor (Mt 20.26
e Mc 10.43). Ele não determinou que um fosse maior
do que outro ou que um tivesse domínio sobre os de
mais. Esse foi o modelo adotado pela igreja primitiva.
No modelo apostólico, todos eram tratados com igual
respeito e as igrejas que iam sendo fundadas nos mais
diversos países não permaneciam sob o controle
hegemônico de Jerusalém. A autoridade apostólica li
mitava-se às questões espirituais. As igrejas, por sua
vez, gratas pela palavra recebida, enviavam a Jerusa
lém ajuda para a manutenção dos salvos e, conseqüen
temente, da obra naquela cidade.
A s conseqüências da cooperação
O espírito de cooperação entre os obreiros de
uma igreja, invariavelmente, promove o crescimento do
corpo de Cristo (Ef 4.16). O crescimento da igreja, por
sua vez, dará a todos, e não somente a um, os benefí
cios que a competição ou a hegemonia traria somente
a um. Ou seja, se a obra crescer como um todo, todos
serão beneficiados com os recursos financeiros, com
belos templos, com uma igreja numerosa, etc. Por sua
vez, uma igreja que cresce baseada em princípios de
77
78. cooperação, será uma igreja à prova de divisões, pois
nela há lugar para todos crescerem e desenvolverem
seus respectivos ministérios (1 Co 12.25) e liderança.
Para que haja a “justa cooperação” preconi
zada pela Bíblia em Ef 4.16, três princípios devem ser
observados por líderes e liderados.
O primeiro deles é o respeito às individuali
dades. Nós não somos como parafusos de uma indús
tria, padronizados e moldados em idêntica bitola. Nós
somos diferentes e devemos analisar as atitudes de nosso
irmão de acordo com as suas próprias circunstâncias
e condições. Temos que nos colocar em seu lugar
para entendê-lo, temos que respeitar e as peculiari
dades de sua chamada. Em suma, temos que nos
colocar no lugar e nas condições dos nossos irmãos
e tentar, até o fim, comprendê-los, aceitá-los e coo
perar para o crescimento mútuo.
O segundo princípio é a confiança. Se esta
mos sempre desconfiando de nossos líderes, de nos
sos pares ou de nossos liderados, jamais haverá lugar
para a “justa cooperação”. Pelo contrário, irá se insta
lar um clima de guerra, de competição e de fofoca no
meio da igreja.
Por fim, devemos ter um respeito supremo
às consciências daqueles com os quais nos relacio
namos. Jamais devemos zombar ou fazer pilhérias
com o sentimento de consagração ou santificação
de um de nossos companheiros. A Bíblia assim diz
em Rm 14.4-6: “Quem és tu que julgas o servo alheio?
Para o seu próprio senhor está em pé ou cai; mas
78
79. estará em pé, porque o Senhor é poderoso para o
suster. Um faz diferença entre dia e dia; outro julga
iguais todos os dias. Cada um tenha opinião bem
definida em sua própria mente. Quem distingue en
tre dia e dia para o Senhor o faz; e quem come para
o Senhor come, porque dá graças a Deus; e quem
não come para o Senhor não come e dá graças a
Deus” .
REGRAS DE CONVÍVIO ENTRE O
OBREIRO E SEUS COOPERADORES
Por sua concisão e precisão, é de se transcre
ver cinco enunciados traçados no livro Ética Cristã, de
Raimundo E de Oliveira, editado pela EETAD:
“1. Tratar bem os seus obreiros cooperadores,
na qualidade de co-participantes das res
ponsabilidades do ministério que Deus lhe
confiou.
2. Nunca tomar decisões afetas à Igreja e ao
interesse da obra de Deus, sem prévia con
sulta com seus cooperadores. Uma vez ten
do o apoio deles, pode pô-las em execução
na certeza de ter o çtpoio deles até o fim;
do contrário, terá o contra deles até o fim
também.
3. Não force os seus cooperadores a tomares
decisões só porque estas lhe parecem as
melhores. Ouça-os, levando em considera
ção as opiniões deles.
79
80. 4. Evitar liderar por “decretos”, se quiser con
tinuar gozando da amizades dos seus
cooperadores.
5. Não se constitua “consciência” de seus
cooperadores. Eles são gente como você,
conseqüentemente têm cabeça e juízo
como você. Aja como mediador, apenas, pois
ninguém, nem mesmo você, gosta de ser le
vado a fazer alguma coisa sob pressão.
6. Evite falar mal dos seus cooperadores, prin
cipalmente no púlpito, diante da congrega
ção. Quando verifica que algum deles se
faz repreensível, repreenda-o pessoal e in
dividualmente. Se ele insistir no mesmo
erro, chame-o a atenção na presença de
mais dois ou três obreiros. Caso insista,
repreenda-o diante da
congregação para exemplo dos demais.
7. Caso descubra que tratou mal um dos seus
cooperadores, principalmente no uso do
púlpito, tenha a humildade de pedir-lhe per
dão diante da mesma congregação.
Esta é uma forma de dar exemplo aos de
mais obreiros e crentes em geral.
8. Tenha humildade de saber distribuir
atividades com seus cooperadores, uma vez
por outra congratulando-se com aqueles
que desempenham bem as suas funções.
9. Aprenda a não fazer o trabalho de dez,
81. quando pode pôr dez a trabalhar; afinal de
contas, a obra do ministério não é trabalho
dum homem, é uma atividade de todos”.
REGRAS DE CONVÍVIO ENTRE O
OBREIRO E SEUS PARES
E do mesmo autor e do mesmo livro a citação
que segue:
“a. Não fale, nem aceite que qualquer outra
pessoa fale mal dum seu colega de minis
tério, na sua presença.
b. Se você teve algum motivo de aborreci
mento com o seu colega de ministério,
evite usar o púlpito para desabafos con
tra ele; pelo contrário, procure-o pesso
almente e ponha fim ao problema.
c. Mostre-se voluntarioso para ajudar os co
legas que porventura estejam sofrendo
algum tipo de problema em seus campos,
principalmente os que moram mais per
to do seu campo de trabalho. Sempre que
se lhe oferecer a oportunidade, visite-os.
Nessas circunstâncias a visita dum ami
go sempre ajuda muito.
d. Quando convidar um obreiro para pre
gar, ensinar ou cantar em atividades de
sua igreja, tenha o cuidado de hospedá-
lo da melhor maneira possível. Cubra
81
82. também as suas despesas de viagem e
sempre que possível dê-lhe uma oferta
extra. Ele a receberá não como pagamen
to do seu trabalho, mas como um gesto
de gratidão da sua parte.
e. Evite a fama de “brigão” , “grosso”, “mal-
educado” e “intransigente” com os seus
colegas. Antes de julgar a ação dum seu
colega, pergunte a si mesmo: “o que eu
teria feito estando no lugar dele?”” .
REGRAS DE CONVÍVIO ENTRE O
OBREIRO E SEU LÍDER
1. Em questões de disciplina e atitudes a se
rem tomadas diante de erros de membros da congrega
ção, tenha cuidado em não querer a forçar o pastor a
tomar decisão a respeito da qual haja dúvida, afinal, é
ele, e não você, quem vai dar conta daquela alma (Hb
13.17). Dê a sua opinião e, após, acate a decisão do
responsável.
2. Obedeça o seu líder e se sujeite a ele. Ja
mais brigue. Se a situação é insustentável, por proble
mas de consciência, por exemplo, é melhor que você
mude de congregação do que sustentar uma guerra com
o pastor (Hb 17.17 e, por analogia, Mc 6.11; Lc 9.5;
Lc 10.11 e At 13.51).
3. Procure zelar pelo bem estar financeiro de
seu líder (G1 6.6; lTm 5.17; Mc 9.41);
4. Busque ter o hábito de orar em favor do
82
83. líder para que tenha mensagem para dar à igreja, e
não murmurar daquilo que ele prega (Ef 6.19).
5. Combata toda e qualquer murmuração
contra o pastor. O foro para tratar questões ministeri
ais é diretamente com o pastor ou em reunião ministe
rial, e não pelos cantos da igreja, em rodinhas ou pelas
casas.
Parafixar:
1) Quais as principais causas do isolamento do
obreiro?
2) Quais os dois grandes perigos do isolamento?
3) Quais as três atitudes que devem ser evitadas
no relacionamento entre os obreiros de uma
congregação?
4) Qual a atitude mais recomendável no relacio
namento entre obreiros? Quais as suas conse
qüências?
5) Quais as conseqüências do espírito de compe
tição entre os obreiros de uma congregação?
6) Cite três regras para o bom relacionamento
entre o obreiro e seus liderados.
7) No seu entender, quais as duas regras mais im
portantes a serem seguidas pelo obreiro para
um relacionamento qualificado com os seus
pares? Por quê?
8) Segundo a sua opinião, quais as três atitudes
mais importantes para o obreiro manter um
bom relacionamento com seu líder?
83
85. CAPÍTULO XII
A ÉTICA DO OBREIRO COMO CIDADÃO
O obreiro é um cidadão como qualquer ou
tro. Assim, como cidadão, é normal que tenha suas idéi
as sobre as políticas interna e externa desenvolvidas
pelo seu país, bem como suas opiniões sobre os diver
sos partidos e líderes políticos da nação.
Porém, a questão é saber qual a posição que
deve assumir o obreiro enquanto obreiro, ou seja, qual
o seu posicionamento quando no exercício do seu mi
nistério no seu ponto mais alto, que é o púlpito.
O ensino histórico aponta que, sempre que
política e religião se confundiram, sempre que desapa
receu a separação entre igreja e estado, acontecimen
tos horríveis se sucederam. A religião e a política, cada
qual por si só, desperta paixões e opiniões inconciliá
veis. Assim, quando se juntam, o efeito desagregador é
potencializado. Quando a questão religiosa se confun
diu com a estatal no Império Romano, milhares de
mortes aconteceram; o mesmo ocorreu na Idade Mé
dia, quando o catolicismo estatal, em nome de Deus,
85
86. li
matou milhares de dissidentes. Hoje, temos dois exem
plos bem claros: nas duas Irlandas, a do Norte e a do
Sul - em que a questão política da independência ou
domínio britânico dividiu católicos e protestantes, res
pectivamente -, derramamento de sangue e mortes se
sucedem, numa demonstração vergonhosa de barbárie.
Por outro lado, nos países islâmicos, onde a questão
estatal se confunde com a religião, são cometidas as
maiores atrocidades em nome de Deus. Muitos ociden
tais se escandalizam som os suicidas islâmicos. Não se
pode esquecer que o islamismo é 600 anos mais jovem
do que o cristianismo. Ora, 600 anos atrás, os cristãos
católicos, por meio das chamadas cruzadas, fizeram
exatamente o que os islâmicos estão fazendo hoje. A
história simplesmente se repete, somente mudando de
lado os protagonistas. O ataque católico ao mundo ára
be, para “libertar” Jerusalém, teve o agravante da fa
mosa cruzada infantil, no ano de 1212 d.C., em que,
atiçados os reinos europeus por pregadores ambulan
tes, milhares de crianças foram levadas para o campo
de batalha. Milhares de crianças morreram na viagem,
muitas delas afogadas, e outras milhares foram aprisi
onadas e vendidas como escravas no norte da África.
Concordamos que os cristãos devem ser o sal
da terra e, como tal, devem estar em todos os lugares,
inclusive nos parlamentos. Concordamos que a igreja
tem muito a colaborar para o bom andamento dos des
tinos de uma nação. Porém, não podemos concordar
em que os cultos se transformem em comícios políti
cos, em que o púlpito se transforme em palanque elei
toral e que os obreiros, desde o lugar para o qual foram
86
87. chamados para pregarem a poderosa palavra de Deus,
sejam transformados em meros cabos eleitorais. A ex
periência histórica tem ensinado, ainda, que, em geral,
o poder corrompe. A proximidade com o poder tem
feito com que muitos líderes, homens íntegros e retos,
cedam aos favores de políticos ávidos de votos, e se
deixem corromper, aceitando comprometimentos espú
rios que destroém irremediavelmente o argumento de
que a igreja deve estar na política para salgá-la. Na
verdade, o que se tem visto, é que o sal torna-se insípi
do e então começa a ser pisado pelos homens. Se os
obreiros avocarem a si o papel de políticos, quem irá
desempenhar o papel de obreiros? Os políticos? Insisti
mos em afirmar que entendemos salutar que cristãos,
sinceros e comprometidos com o evangelho, vocacio
nados e preparados para a tarefa política, ocupem car
gos nos mais altos escalões de uma nação. Porém, in
sistimos da mesma forma que a igreja, enquanto igre
ja, não pode transformar-se em partido político, desvir
tuando o papel para o qual foi instituída por seu funda
dor: Jesus Cristo.
Parafixar:
1) Pode um cristão ser político?
2) O obreiro, na qualidade de obreiro, deve imis-
cuir-se em política partidária?
3) Historicamente, qual a conseqüência da con
fusão entre estado e religião?
4) Qual a mais sublime função que um obreiro
pode desempenhar?
87
88.
89. CAPÍTULO XIII
NORMAS GERAIS DE ETIQUETA SOCIAL
A palavra etiqueta, para o nosso estudo, sig
nifica “formas cerimoniosas de trato entre particula
res” . Neste capítulo, apresenta-se um pequeno estudo
que visa suprir a necessidade de termos um adequado
comportamento frente às diversas situações que vive
mos no dia a dia. Está longe de ser um manual comple
to. Porém, contém alguns preceitos básicos de etiqueta
que viabilizam uma conduta socialmente correta para
o obreiro e que, ao mesmo tempo, são condizentes com
a Palavra de Deus, facilitando, dessa forma, o trânsito
do trabalhador da seara do Senhor entre as pessoas
e a sua conseqüente dinamização na divulgação do
evangelho.
Para facilitar, o estudo foi dividido em tópicos
sobre situações específicas, como veremos a seguir:
89
90. Convívio com as mulheres
Deve-se manter discrição no trato, mas man
ter atos de cortesia, como permitir sua entrada primei
ro e deixar que sirvam primeiro à mesa.
Na igreja, as mulheres idosas devem ser tra
tadas como as mães, e as moças, como as irmãs, em
toda a pureza (I Tm 5.2).
Relação patrão- empregado
O empregador deve se importar com a famí
lia do funcionário, como por exemplo, enviar presente
de casamento, de forma que na empresa o ambiente
seja familiar. O relacionamento entre colegas deve ser
semelhante.
No caso do chefe, é importante que haja fácil
comunicação com os empregados. No caso de várias
ordens simultâneas, o ideal é fazê-lo por escrito. Não
realiza-se a comunicação aos gritos, cuidando-se a
inflexão da voz e realizando o pedido com o verbo na
forma condicional. A crítica deve ser construtiva e não
deve reclamar a toda hora; mas é importante manter o
funcionário informado sobre o que ele está realizando
de errado antes de tomar medidas punitivas.
No ambiente de trabalho, as relações entre
pessoas de uma mesma família deve ser formal, como
aos outros colegas, mantendo-se o respeito.
O empregado deve cumprir suas obrigações
como se estivesse trabalhando para Deus (1 Pe 2.19;
Ef 6.5-7).
90
91. O patrão ou chefe deve tratar seus irmãos
subordinados como a Cristo, sem fazer ameaças (Ef
6.9), nem atrasar ou diminuir os salários (Tg 5.4).
Encontros
A disponibilidade para encontrar alguém re
vela a importância dada à pessoa. Sinais reveladores:
pontualidade e tempo de espera. Aguarda-se meia hora
pelo patrão; não se aceita esperar um subalterno. Deve-
se ter cuidado com a roupa e a aparência (postura,
corte de cabelos, enfeites, revelam uma personalidade).
Numa relação social, o homem sempre levan
ta ao cumprimentar outro homem ou mulher, já na pro
fissional não existe esse rigor.
Aperto de mão: a pessoa mais importante toma
a iniciativa de apertar a mão, mas é o subalterno que
faz menção de cumprimentar primeiro. O aperto de mão
deve durar cinco segundos (máximo), acompanhado
pelo olhar direto nos olhos do interlocutor. Se der a mão
mole, revela insegurança; oferecer apenas a ponta dos
dedos, é sinal de desprezo; apertar demais é grosseria.
Conhecimento de cultura geral
E importante realizar leituras para aumentar
a cultura geral e, com isso, manter trânsito com pesso
as de vários níveis culturais. É importante ler um pouco
de política, economia e cultura geral compatível com
os parâmetros bíblicos. No caso de falta de tempo, é
importante que se leia o primeiro parágrafo dos artigos
91
92. para que, ao menos, se tenha uma boa noção do con
teúdo dos mesmos. Hm livros best sellers, é interessan
te ler, pelo menos, os resumos que existem na capa ou
na orelha do livro.
Réfeições
Em refeitórios, começa-se a comer na hora
de chegada e não espera-se pelos companheiros. No
caso de bufet, deve-se cuidar para não exceder-se ao
montar seu prato.
Esperar que o anfitrião indique lugar à mesa
(Lc 14.7).
O cafezinho, se for oferecido pode ser aceito
ou não. Repetição é sinal de ansiedade. A colher deve
ficar no pires e não dentro da xícara.
Deve-se ser comedido no servir.
Cotovelos próximos ao corpo para cortar a
carne. Pegar a faca com os dedos polegar e indicador
sobre o cabo e os outros pressionando sobre a concha
da mão. O garfo na mão esquerda. Jamais um talher é
seguro de modo a ficar na vertical sobre o prato. No
caso dos canhotos, invertem-se as posições.
Palitar os dentes é um ato que deve ser feito
no banheiro, não na mesa ou na bandeja da refeição.
Terminado um almoço ou jantar, o guardana
po é colocado sem dobrar à esquerda do prato servido.
A colher do sorvete ou creme, ao concluir a
sobremesa, é deixada sobre o pratinho sobre o qual
está a taça.
Antes de beber, passe o guardanapo nos lábi
92
93. os, para não deixar marcas de gordura na borda do
copo durante a refeição.
Pãozinho de couvert é partido com os dedos.
A faquinha é usada só para untar com manteiga.
Compotas de pêssegos e sobremesas com mo
lho e frutas come-se com garfinho e colher.
Comunicação verbal
Deve-se sempre olhar para a fronte do
interlocutor. Não olhar para uma pessoa que está sen
do repreendida. Ao conversar, deve-se ouvir atentamen
te o interlocutor, dando importância ao assunto. E im
portante preservar um espaço individual para o mes
mo (cerca de meio metro) e não gesticular
exageradamente ou bater no braço da outra pessoa.
Numa reunião em grupo bastante concorri
da, deve-se ter o cuidado de não deixar ninguém isola
do, mas introduzir as pessoas nos grupos. Quando ou
tra pessoa chegar num grupo onde um assunto já esti
ver sendo abordado, deve-se realizar uma síntese do
que já foi falado para que o novo integrante não se
sinta deslocado. Quando desejar trocar de grupo, deve-
se pedir licença antes de se deslocar. Sempre que uma
festa (como um coquetel) for realizado em uma resi
dência, um convidado não sai sem falar com os donos
da casa.
Deve-se usar palavras brandas, pois “há al
guns cujas palavras são como pontas de espada, mas
a língua do sábio é saúde” (Pv 12.18).
Chama-se as pessoas pelo nome ou por verbo
93
94. impessoal. Nunca chamar aos gritos.
Quando receber uma carta, não se deve abri-
la na frente de outra pessoa, ao menos que a mesma
tenha sido entregue por essa ou seja de caráter urgente
(nesse caso, deve-se pedir licença à outra pessoa).
Numa ligação telefônica, quem chama é que
espera. Quando a mesma é interrompida por proble
mas técnicos, quem chamou é quem volta a telefonar e
também toma a iniciativa de despedida. Não se co
nhecendo os hábitos de uma casa, antes das dez horas
da manhã é indelicado telefonar; também não se tele
fona, para alguém com quem não se tenha intimidade,
depois das vinte e duas horas.
Apresentações
Quando for apresentado alguém que ocupe
um alto cargo, sua função precede o seu nome. No caso
de ser um secretário apresentado ao chefe, o nome vai
primeiro e após sua função. Para estabelecer a ordem
de apresentações, leva-se em conta a hierarquia ou a
idade das pessoas, destacando-se sempre o cargo mais
alto ou o de maior idade. Se não conseguir lembrar o
nome de alguém, pede-se para a pessoa repetir o nome
completo; nunca falar “esqueci seu nome”. Não é pro
blema pedir para que repita o sobrenome; é até defe
rência. A iniciativa de apertar a mão deve partir da
pessoa a quem está sendo feita a apresentação. No caso
de haver cartões de apresentação, a iniciativa deve partir
da pessoa mais importante, que também pedirá o car
tão da outra.
94
95. Quando se trata de emprestar dinheiro, existe
sempre um constrangimento. Uma boa medida é a de
não estimular o vício do colega que está sempre pedin
do pequenas quantias. Um dia ele deixa de pagar e
termina um bom relacionamento.
Aconselhamento
Em assuntos particulares, é melhor que a pes
soa que está vivendo a situação tome a iniciativa de
comentar o fato; e, mesmo assim, a outra só fala sobre
tal assunto se for dada abertura.
Reuniões
Uma pessoa não pode se manifestar sobre o
seu departamento ou congregação quando seu líder
estiver presente, a não ser que peça a devida licença.
Um integrante novo no grupo não deve dar
opiniões, para se fazer notar. Deve esperar o líder
apresentá-lo. Esta apresentação é um dever do líder.
Em caso de atraso, o retardatário não deve
cumprimentar os demais presentes em voz alta e nem
pedir licença. Sua chegada deve ser o mais discreta
possível. As desculpas devem ser apresentadas no final
da reunião.
Não intervir enquanto quem estiver com a
palavra não houver concluído seu pensamento. Deve
ser pedido aparte com um gesto ou com qualquer
Empréstimo de dinheiro
95