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Educação Social
“ Silêncio é cumplicidade. Denuncie a violência contra a
pessoa idosa”
Tomiko Born (2008)
Educação Social
Índice
Introdução................................................................................................................................... 4
Enquadramento teórico.............................................................................................................. 5
Mitos e Teorias do Envelhecimento...................................................................................... 5
Fatores desencadeantes de maus tratos ................................................................................. 8
A importância do estudo da Resiliência em investigação.................................................... 8
Indicadores de abusos e fatores de risco ............................................................................... 9
Envelhecimento vs velhice .................................................................................................. 10
Os maus tratos sobre o idoso ............................................................................................... 12
Estratégias de prevenção.......................................................................................................... 13
Os cuidados de saúde primários .......................................................................................... 14
Considerações finais ................................................................................................................ 17
Bibliografia............................................................................................................................... 19
Webgrafia.............................................................................................................................. 20
Índice de Ilustrações e Tabelas
TABELA 1 – Indicadores De Abuso ...................................................................................... 10
ILUSTRAÇÃO 1 – O Enfoque Do Curso De Vida Para O Envelhecimento Ativo............ 11
Educação Social
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Introdução
É reconhecido que nesta nossa sociedade, nos últimos tempos, se têm verificado
mudanças sociais profundas. É nas familias, mais precisamente no seu funcionamento interno
e estrutural que essas mudanças são operadas. Naturalmente que numa sociedade que se tem
tornado mais individualizada, numa sociedade em que se verifica crise da instituição familiar,
numa sociedade em que, de uma forma acentuada, se constatam indices de natalidade cada
vez mais baixos, por contraponto com o aumento de esperança de média de vida, tudo isto são
fatores influenciadores nas relações entre gerações no seio da própria familia e, por
consequência, na própria sociedade.
É nesta teia complexa que é a sociedade e, mais precisamente no tecido familiar que
encontramos o individuo idoso. Efetivamente é nesta perceção de mudança que importa
referirmos que a violência sobre ele, o idoso, não é um fenómeno novo mas, para além do
facto de haver muito provavelmente ocorrências de maus tratos mais frequentes, é também
um fenómeno que acabou por ganhar mais visibilidade, ou seja, deixou de ser um fenómeno
circunscrito e escondido dentro das quatro paredes da familia ou da instituição que acolhe o
idoso. É verdade que no passado, nas sociedades pré-industriais, o estatuto social do idoso era
plenamente tido em conta, era de especial importância no contexto familiar. A figura do idoso
era sinónimo de sabedoria e experiência. Na contemporaneidade, o paradigma associado ao
idoso é bem diferente, apesar de, por diversos meios se tentar valorizar essa faixa etária.
É então neste contexo reflexivo sobre o envelhecimento da sociedade e,
essencialmente, destacando os diferentes tipos de violência que é exercido sobre o idoso e
traçando algumas medidas estratégicas de prevenção e combate, que o nosso grupo, por
proposta da docente da Unidade Curricular de Saúde Comunitaria II, teve em consideração
para a realização deste trabalho.
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Enquadramento teórico
O abuso, ou maus tratos a idosos só muito recentemente é que foi reconhecido como
um problema social, ainda com pouca visibilidade, tanto de uma forma geral como em relação
aos cuidados de saúde a nível particular. Os maus tratos a idosos assemelham-se aos causados
às crianças, dada a dependência e fragilidade de ambas as idades. Entre muitos fatores
encontra-se o envelhecimento da população, que se deve a um aumento da esperança média
de vida, a um decréscimo da natalidade, progressos da medicina, e também a transformações
socioeconómicas e tecnológicas que vieram proporcionar uma melhoria no bem-estar das
pessoas em geral, tendo implicações a nível demográfico, bem como questões socias que tem
a ver com o fato de a sociedade estar preparada, ou não, para atender às necessidades, dando
apoio a cuidados pessoais e de saúde a esta população (Brito, 2002, p.29).
O envelhecimento é considerado um problema de saúde pública, com previsão de
aumento nas próximas décadas, não só pelo próprio envelhecimento em si, mas porque a par
deste existe um sistema de saúde e proteção social que não está preparado para enfrentar os
problemas e necessidades das pessoas idosas e das suas famílias. Tudo indica que os maus
tratos a idosos tendem a aumentar, tendo em conta os índices de dependência da população
mais velha (Brito, 2002, p.32).
Mitos e Teorias do Envelhecimento
Segundo Stanhope e Lancastre (1999, p.638), o envelhecimento é um processo
normal, que não é bem compreendido e, ao longo dos anos tem surgido mitos a ele
associados. Alguns dos mitos comuns implicam uma perceção de que todos os idosos são
débeis, senis, surdos, que não conseguem adaptar-se á mudança, gostam de estar sentados
balouçando-se nas suas cadeiras de baloiço, conduzem mal, não estão interessados ou não são
capazes de ter atividade sexual, não conseguem aprender e são todos semelhantes. Estes mitos
são completamente injustos para os idosos e caracterizam-se de uma forma que não é nem
correta, nem humana. Muitos dos mitos que envolvem o envelhecimento fomentam a velhice.
A velhice é um termo preconceituoso sobre as pessoas idosas, é semelhante em muitas coisas
ao racismo, sexismo e é tão prejudicial como estes. A velhice pode provocar o isolamento
social dos idosos e perpetua o medo de ficar velho que reside em todos nós.
O processo de reconhecimento de que os idosos são vítimas de violência na sua
própria família, foi mais difícil de encarar, pois vem por em causa a mitologia que sustentou a
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família como espaço privilegiado de afetos e segurança, acreditava-se que existia uma espécie
de “ Golden Age” na terceira idade, os idosos eram respeitados na família desempenhando um
papel social e familiar útil. Atualmente a terceira idade passou a ser desprezada, e cada vez
mais isolada socialmente, segundo Dias, (2004, p.3),citando Wolf e Pillemer (1989), referem
que os maus tratos praticados sobre os idosos não são um fenómeno novo, nem exclusivo das
nossas sociedades. Nas sociedades não industrializadas já existia conflitos entre os mais
velhos e as gerações mais novas, em que abandonar os idosos ou deixá-los morrer era mais
comum do que se possa imaginar, logo os problemas a que os idosos estão sujeitos, no seio
da família, não conhecem fronteiras temporais ou culturais.
Barnett, Perrine e Perrin (1997), citados por Dias (2009, p.7) , a definição de abuso a
idosos não é conceptual: “Abuso a idosos refere-se a um comportamento destrutivo dirigido a
um adulto Idoso, que ocorre num contexto de confiança e cuja frequência não só provoca
sofrimento físico, psicológico e emocional, como representa uma séria violação dos direitos
humanos”.
Já em 2002, o Conselho da Europa, define este conceito como: “Todo o ato ou
omissão cometido contra a sua vida, segurança, economia, integridade física e psíquica, sua
liberdade, ou que comprometa gravemente o desenvolvimento da sua personalidade”.
Ainda na mesma data as Nações Unidas definem da seguinte forma: “Qualquer ato
único ou repetido, falta de ação apropriada que ocorre no contexto de uma relação de
confiança, que cause dano ou sofrimento à pessoa idosa”.
Independentemente da definição do conceito, o mesmo integra vários tipos de maus
tratos como:
“Abuso Físico – como injuria e coerção física, causando no idoso
lesões físicas, danos psicológicos visíveis, como a diminuição da
mobilidade e alterações de comportamento;
Abuso Psicológico – Prática de sofrimento mental e angustia, é
infligido através de agressões verbais, insultos, ameaças e vários
processos de humilhação, o idoso sente medo, apatia e tem dificuldade
em tomar decisões, conduz a uma diminuição da dignidade e da
autoestima;
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Abuso Material – Reside na exploração económica, no uso ilegal dos seus
fundos e recursos, conduz á apropriação indevida dos seus bens,
propriedades e até deixa de ter controlo sobre os seus bens pessoais;
Auto negligência – incapacidade do idoso desempenhar tarefas de
autocuidados;
Negligência - o abuso mais frequente, perpetuado de forma ativa, ou
passiva, que passa pela recusa ao nível da prestação de cuidados
necessários ao bem-estar da pessoa idosa, sendo a negligência ativa, feita
de forma consciente, e embora a negligência passiva seja semelhante nas
suas ações, é feita de forma inconsciente” (Dias, 2009, p.7, citando
Pagelow, 1989; Wolf e MC Carthy, 1991;Donnio, 1999).
Segundo Stanhope e Lancastre (1999, p.637), os idosos são negligenciados quando os
outros falham em fornecer-lhes alimentação adequada, vestuário, abrigo e cuidados físicos e
em dar resposta às necessidades fisiológicas, emocionais e de segurança.
A brutalidade no tratamento das pessoas idosas pode levar a equimoses e derrames nos
tecidos corporais, devido à fragilidade da sua pele e sistema vascular. É muitas vezes difícil
determinar se as lesões que as pessoas idosas apresentam, resultam de maus tratos, quedas, ou
outras causas naturais. Outras formas de maus tratos físicos a que os idosos estão expostos,
resultam da imposição de exigências de higiene irrealistas e da desconsideração das
necessidades especiais e dos padrões de vida anteriores.
As pessoas idosas podem também ser maltratadas no que diz respeito á nutrição.
Podem receber alimentos que não podem mastigar, ou que são contraindicados por restrições
dietéticas. As pessoas que lhes prestam assistência, podem não ter em conta as preferências
alimentares ou as crenças sociais ou culturais relativos à alimentação. Se não conseguem
preparar as suas próprias refeições nem comer os alimentos que lhes são preparados, os idosos
podem tornar-se subnutridos.
Os indivíduos que prestam cuidados aos idosos dão-lhes ocasionalmente
medicamentos para induzir a confusão ou a sonolência, de modo a que deem menos
problemas, necessitem de menos cuidados ou permitam a outros ter controlo sobre os seus
recursos financeiros ou pessoais. Uma vez medicados os idosos têm poucos processos de agir
em sua própria defesa.
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A forma mais comum de maus tratos psicológicos é rejeitar ou ignorar o idoso. Este
tipo de tratamento transmite que eles não têm valor nem utilidade para os outros.
Consequentemente os idosos podem regredir tornando-se cada vez mais dependentes dos
outros, ressentindo-se da imposição e exigências do seu estilo de vida, passando a um ciclo
que quanto maior a regressão da pessoa, maior a sua dependência.Stanhope e Lancastre
(1999, p.638).
Fatores desencadeantes de maus tratos
As pessoas que cuidam de idosos abusam-nos por várias razões. Os membros mais
idosos da família podem impor um fardo físico, emocional ou financeiro que leva á frustração
e ao ressentimento. O abusador pode estar a reverter padrões familiares anteriores, em que o
abusador foi previamente abusado pelo idoso, segundo Stanhope e Lancastre (1999, p.815),
citando Anetzberger et al. (1994).
O mais importante fator de risco isolado é o abusador ter tido uma história de
violência (Pillemer e Finkelhor, [1998], cit in Stanhope e Lancastre [1999, p.816]). Além do
mais uma proporção significativa de idosos maltratados do sexo feminino são mulheres
espancadas que envelheceram. Assim, embora seja importante avaliar uma possível situação
de maus tratos quando o idoso necessita dos cuidados dos membros da família, deveria ser
feita a avaliação da ocorrência de abuso a todos os idosos.
Um subgrupo particularmente vulnerável aos maus tratos são os idosos confusos e
debilitados, muitos com limitações físicas ou mentais graves, vivem na comunidade e são
cuidados pelas suas famílias. Pesquisas recentes indicam que indivíduos que sofrem da
doença de Alzheimer, ou outras demências, estão sujeitos a maior risco de maus tratos físicos,
que as pessoas idosas com outras doenças. Estas doenças resultam num fardo maior e
consequentemente em depressão, para as pessoas que deles cuidam (Stanhope e Lancastre
[1999, p.816], citando Coyne et al., [1993]). Viver com, e fornecer assistência a um idoso
confuso é uma tarefa difícil e sem pausas, que leva os membros da familia à exaustão.
A importância do estudo da Resiliência em investigação
“Encarada como um mito por alguns, a resiliência, ainda que constituindo uma área de
investigação relativamente recente, tem vindo a ganhar adeptos a nível da comunidade científica,
estando na origem de numerosas publicações e artigos científicos” (Siqueira et al, p.85). O estudo
deste flagelo que é a violência sobre os idosos, constitui claramente um exercício de resiliência, se
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analisarmos de uma perspetiva científica, pouca investigação se tem feito em Portugal sobre esta
temática, por vezes, parece que existe a tendência de se menosprezar a existência desta forma de
violência sobre os idosos, nem sempre a perspetiva biomédica é a resposta às necessidades do idoso. O
nosso grupo pretende ter um olhar Biopsicossocial como perspetiva, como tal, “em saúde os aspetos
físicos, mentais e sociais, formam um bloco indissociável” (Ribeiro, p.350).
Na vida adulta, tal como na do idoso, as relações sociais estão interligadas com a
própria saúde. Como seres sociais que somos, precisamos do “outro” para sobreviver, esta
doutrina torna-se ainda mais sensível no idoso, evita o isolamento e a solidão que tanto afeta
esta faixa etária. O estudo realizado por Giles, Glonek, Luszcz & Andrews no ano de 2005,
comprova isso mesmo. Citados por Siqueira, realça que “estudos epidemiológicos realizados
nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia mostram que, geralmente, as relações sociais
produziam efeitos positivos sobre a sobrevivência de adultos” (Siqueira et al, p.68). De referir
ainda que este estudo teve como amostra, uma população com idades compreendidas entre os
18 e os 94 anos. Os maus tratos a idosos, infelizmente e ao contrário do que seria expetável,
estão associados às pessoas cuidadoras, ou seja, às pessoas que supostamente os deveriam
manter em segurança. O Professor José Ferreira Alves aponta precisamente nesse sentido,
quando afirma que, “de forma significativamente menos consciente está o problema dos maus
tratos e negligência exercidos contra pessoas idosas por parte dos seus cuidadores” (Alves,
2004, p.1). De acordo com um estudo Norte-americano, especificamente a National Elder
Abuse Incidence Study e a secção do departamento de justiça norte – americano, a
negligência corresponderá ao tipo de maus tratos mais frequentes ao idoso, cerca de 48,7%,
seguido do abuso emocional/Psicológico 35,5%, 30% está associado ao abuso financeiro e
material, restando os abusos físicos com cerca de 25%. Será interessante ainda verificar, o que
o mesmo estudo demonstra relativamente à percentagem atribuída aos agressores sobre os
idosos. “Os filhos são os principais perpetradores com 47,3% de incidentes relatados,
seguidos dos cônjuges (19,3%), outros familiares (8,8%) e netos (8,6%)” (1998, cit in Alves,
2004, p.8).
Indicadores de abusos e fatores de risco
A literatura propõe alguns indicadores de molde a evitarmos e precavermos possíveis
situações de risco. Entendemos partilhar alguns quadros teóricos por acharmos de máxima
importância “atacarmos” as causas que podem dar origem aos maus tratos sobre os idosos e
Educação Social
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não andarmos a remediar sucessivamente, e quando são conseguidas, identificar as
consequências.
Reis (2000, cit in Alves, 2004, p.11), propõe uma tabela de indicadores de abuso, onde
o cuidador e o idoso estão mencionados relativamente às caraterísticas que cada um deles
apresenta para ser agressor ou agredido, conforme tabela:
Tabela 1 – Indicadores de abuso (Reis, 2000, cit in Alves, 2004, p.11)
Envelhecimento vs velhice
Desde sempre que o envelhecimento é preocupação do Homem. Ninguém fica alheio a
este processo bem como aos problemas subjacentes que o mesmo acarreta. Não tenhamos
quaisquer dúvidas de que este é um tema de vital importância da sociedade atual, da estrutura
sociodemográfica dos países do mundo ocidental e, concerteza, da generalidade dos países – o
Envelhecimento Populacional.
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Muitos estudiosos se têm debruçado sobre esta problemática, as mais variadas
investigações têm sido efetuadas com maior frequência desde os anos 70, não escapando a
fontes de saber tais como a biologia, a psicologia, a sociologia, a antroplogia, a politica, entre
outras.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), consoante o envelhecimento
operado no Homem, este, encontra-se muito mais sujeito a doenças, dificuldades de
percepção, mnésicas, etc. Este tipo de fragilidade acelera a morbidade, a incapacidade e
mortalidade. Vejamos a ilustração 1 que nos permite uma melhor compreensão (Fonte:
Kalache e Kickbush, 1997).
Ilustração 1 – O enfoque do curso de vida para o envelhecimento ativo
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) define velhice como
“Prolongamento e término de um processo representado por um conjunto de modificações
fisiomórficas e psicológicas ininterruptas à ação do tempo sobre as pessoas” (cit in Sodré, et
al, 2009, p.2).
Este é o momento em que o individuo fica inexoravelmente exposto a um declínio
biológico ou físico perdendo o seu vigor e reduzindo de uma forma gradual as suas
capacidades de raciocínio. É o momento em que os papéis sociais e familiares conhecem
alguma degradação. É a sua reforma face à atividade profissional e, por consequência a sua
“reforma” social. Podemos daqui inferir que há como que uma decadência da sua pessoa e
agora mais que nunca importa dar um “salto” na sua vida. Reorganizá-la, torna-la positiva
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perante as ameaças e obstáculos constantes que irão surgir. Caso contrário, o idoso, aquele
que chegou à velhice, acaba por seguir um percurso que de todo não é saudável, ou seja,
refugia-se no seu canto, isola-se, sedentariza-se o que vai assim consubstanciar os desajustes
que são comuns a este momento ou a esta fase da vida.
Norbert Elias (2002, cit in Minayo, 2005, pág.5), resume desta forma a mudança
operada no ser humano quando a velhice toma conta de si:
“A fragilidade dos velhos é muitas vezes suficiente para separar os que
envelhecem dos vivos. Sua decadência os isola. Podem tornar-se menos sociáveis e
seus sentimentos menos calorosos, sem que se extinga sua necessidade dos outros.
Isso é o mais difícil: o isolamento tácito dos velhos, o gradual esfriamento de suas
relações com pessoas a quem eram afeiçoados, a separação em relação aos seres
humanos em geral, tudo o que lhes dava sentido e segurança”.
Obviamente que este poderá ser um estado que leva o idoso a comportamentos menos
aceitáveis por parte dos familiares acabando estes por agir em desconformidade com essa
situação, através de ações no mínimo reprováveis em relação àqueles, nomeadamente, usando
de violência gratuita ao invés de uma prática que essa sim devia ir ao encontro das
necessidades do idoso. Será então aqui que se desenrola um processo que muitas vezes não
tem fim.
Os maus tratos sobre o idoso
Dias (2005,p.260), refere que, associado ao envelhecimento encontra-se igualmente o
fenómeno do mau trato. O reconhecimento de que os idosos eram vítimas de mau trato na
família e em contexto institucional foi tardio. Só em final dos anos 70, início dos anos 80, é
que tal foi reconhecido como um grave problema social. Os profissionais ligados às agências
formais de serviço social e à saúde rapidamente se apropriaram deste tema, passando a
intervenção a desenvolver-se sobretudo no âmbito das instituições médicas e sociais.
A definição que mais se utiliza para os maus tratos cometidos contra os idosos é a
“Ação única ou repetida, ou ainda a ausência de uma ação devida, que cause sofrimento ou
angústia e que ocorra numa relação em que exista expectativa de confiança” (INPEA,
1998;OMS, 2001). No ano seguinte, em 2002, o Conselho de Europa define este conceito
como “Todo o ato ou omissão cometido contra uma pessoa idosa no quadro da vida familiar
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ou institucional e que atenta a sua vida, a segurança económica, a integridade física e
psíquica, a sua liberdade ou comprometa gravemente a personalidade”.
Conforme já o dissemos atrás, os maus tratos a idosos não se circunscrevem
unicamente ao seio familiar. Estes podem ocorrer em instituições de prestação de cuidados e
sob as mais variadas formas.
De acordo com Wolf e Pillemer (1989, cit in Osório e Pinto [2007], p.159), os maus
tratos a idosos podem ser físicos (danos físicos, coerção corporal ou abusos sexuais),
psicológicos (angústia mental), comportamentos de negligência (abandono ou não prestação
de cuidados básicos) ou abusos materiais (exploração de recursos ou uso inapropriado de
bens). Tomlin (1989, cit in Osório e Pinto [2007], p.159) faz referência à existência de uma
categoria de maus tratos mais subtil, que denomina de maus tratos passivos, consistindo na
existência de condições inadequadas nos lares e residências para idosos, como sendo salas
demasiado grandes e pouco acolhedoras, juntando vários idosos na mesma divisão, sem
privacidade ou espaço para bens pessoais; alimentação pouco elaborada, insuficiente em
nutrientes; falta de pessoal assistente a nível de saúde e ocupacional; ausência de estimulação
cognitiva.
É importante também salientar que os maus tratos dirigidos às pessoas idosas são sem
dúvida um problema de Direitos Humanos. Efetivamente a Organização das Nações Unidas,
na sua Recomendação nº. 46/91, alerta os governos para a necessidade de integrarem nos seus
programas nacionais os seguintes princípios: dignidade (aos cidadãos mais velhos devem ser
garantidas condições dignas de existência, de segurança, de justiça), autonomia,
desenvolvimento pessoal bem como o acesso a cuidados e participação.
É então nesta ordem de ideias que Dias (2005, p.252), citando Myriam Leleu (s/d
p.10), reafirma que acima de tudo a população idosa deve tomar a vida pelo que ela é e fazer o
que verdadeiramente gosta e citando Sousa (et al, s/d p.39), diz ainda que há que desafiar os
idosos para novas aventuras, e evitar que percam o vínculo a uma vida social, cultural e
politicamente ativa.
Estratégias de prevenção
Segundo Stanhope e Lancastre (1999, p.816), citando Fulmer (1989), sugere as
seguintes estratégias de prevenção para as comunidades:
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• “Desenvolver novas formas de dar apoio às famílias que cuidam dos idosos,
incluindo auxilio na decisão de interromper os tratamentos em casa”;
• “Publicitar os apoios existentes às famílias que cuidam de idosos”;
• “Envolver todas as organizações comunitárias no desenvolvimento de novos apoios
e programas para as famílias com membros idosos”;
As estratégias de prevenção primária e prevenção secundária dos maus tratos a idosos
incluem grupos de apoio á vitima, programas de voluntários para a defesa do individuo sénior,
e o treino de assistentes que trabalham com idosos (Stanhope e Lancastre 1999, p.818, citando
Wolf et al., 1994).
Os cuidados de saúde primários
O progresso da Medicina aumentou a esperança média de vida. O estatuto do idoso foi
alterado tanto no contexto familiar como social. Segundo a Associação Portuguesa de Apoio à
vitima, (APAV), houve um aumento de 20,4% no total de idosos vitimas de crime de 2006,
para 2007, sendo no entanto nas consultas com o médico de família uma oportunidade para
detetar maus tratos. O idoso passou a ser um “fardo” que é necessário cuidar, e a falta de
preparação dos familiares e também das instituições para lidarem com os problemas do
envelhecimento tem causado o aumento dos maus tratos contra os idosos (Costa, Pimenta, et
all, 2009, p.539).
Afirmam os especialistas em Demografia, e segundo Brito (2002, p.30), que os
indivíduos que atingem a idade da senescência, os sessenta e cinco anos, poderão em média
contar viver ainda uns dezoito a vinte anos mais. Não parece mal, no entanto o problema é
que apenas pouco mais de metade desse período se poderá considerar como uma vida
independente, depois virá para muitos a perda de autonomia, a invalidez e a dependência.
Segundo a OMS, pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, são de uma forma geral
considerados idosos, embora para a maioria seja aos 65 anos. O aumento da população
envelhecida, as mudanças sociais, como famílias mais pequenas, o número de mulheres
empregadas que aumentou, (normalmente eram estas que cuidavam dos idosos), o aumento da
descriminação em relação ao idoso, e a sua institucionalização, são fatores facilitadores do
problema atual, de maus tratos. As doenças cronicas afetam cerca de dois terços dos idosos,
estas situações de dependência de uma terceira pessoa, geralmente uma mulher da família,
(mulher, filha, irmã), cujo esforço são fundamentais para manter o doente com o máximo de
Educação Social
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bem-estar que se pode esperar. Sem esta prestação o idoso teria de ser acolhido numa
instituição ou unidade de cuidados contínuos, onde poderia sobreviver mais algum tempo,
mas onde teria enormes problemas de adaptação, e onde certamente seria bastante mais infeliz
(Brito, 2002, p.31).
Em relação aos cuidados de saúde primários, podemos referir que o Médico de Família
encontra-se numa posição privilegiada para identificar as situações de maus tratos, e intervir
nas situações de risco identificando os idosos que necessitam de proteção, ou até as próprias
famílias que não tenham condições de dar o devido apoio aos mesmos.
A prevenção primária de maus tratos a idosos, passa pela identificação, e tentativa de
modificar os fatores de risco, que dão origem a maus tratos, como sendo a idade avançada,
limitação funcional, alterações de comportamentos, dependência física e emocional do idoso,
fracos recursos económicos, isolamento social, entre outros. Segundo Brito (2002, p.36),
vários estudos tem vindo a sugerir que as pessoas que prestam cuidados a familiares durante
longos períodos, como acontece na maior parte dos casos, com familiares idosos dependentes,
sofrem várias alterações ao nível da vida familiar e social, como problemas económicos e
laborais, cansaço, desgaste a nível físico e psíquico, sendo a depressão um dos principais
problemas. Todos estes fatores podem desencadear maus tratos, e há que tê-los em
consideração. Para além destes, existe ainda uma prevenção secundária, que consiste em
detetar os sinais de maus tratos precocemente. Muitas vezes os maus tratos podem-se
confundir com sinais e sintomas de patologias, que prevalecem nessa faixa etária, pelo que
devem ter em atenção essa possibilidade e fazer o despiste. Após detetados os casos, pode o
Médico de Família intervir no sentido de modificar, tanto na prevenção primária, como
secundária, com o apoio do serviço social para aconselhamento de frequência de um Centro
de Dia, ou apoio domiciliário, tentando evitar o isolamento social. Em relação à pessoa que
cuida pode-se identificar o problema, e atuar de forma preventiva, perante situações de
elevada carga emocional e que dão origem a atos de violência contra o idoso. Pode-se
partilhar os cuidados do idoso com outros membros da família, e em conjunto com os serviços
sociais proporcionar períodos de descanso à pessoa que cuida (Brito, 2002, p.37).
Segundo Stanhope e Lancastre (1999, p.818), a meta dos cuidados aos idosos é
otimizar a sua saúde e capacidade de funcionamento em geral. Nesta meta está a capacitação
dos idosos para permanecerem nas suas casas, o que ajuda a reduzir os custos de saúde,
aumenta a qualidade de vida, e preserva o estado funcional.
Educação Social
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Um aspeto importante para determinar a capacidade de um idoso funcionar
independentemente na comunidade é a extensão da sua rede social, que pode ser definida
como aqueles indivíduos com quem os idosos tem contato por causa da proximidade ou
reciprocidade, alguns podem estar relacionados com os seus cuidados, sendo a maior parte
dos cuidados assegurados por membros da família. As mulheres, filhas, noras, irmãs ou outros
familiares do sexo feminino representam 70% de todos os prestadores de cuidados, os homens
idosos são geralmente cuidados pelas suas mulheres, enquanto as mulheres contam com os
seus filhos adultos. É importante avaliar a interação entre os idosos e os seus prestadores de
cuidados para avaliar se existe ou poderá existir negligência, exploração e maus tratos. O mau
trato ao idoso é definido como “ato de execução ou omissão que conduz a dano ou ameaça de
dano do bem-estar de um idoso” (Stanhope e Lancastre, 1999, p.819, citando O’Brien, 1992 e
Ramsdell, 1991). As mulheres idosas que exibem comportamentos difíceis são vítimas típicas
de maus tratos. Normalmente os maus tratos a idosos são subestimados, assim quando se
suspeita de maus tratos deveriam ser questionados diretamente sobre estarem a ser usados,
limitados contra a sua vontade, ou serem vítimas de roubo (Costa, 2009, p.539).
Assim os serviços que prestam cuidados às pessoas idosas devem ser: Abrangentes,
assegurando todas as ajudas sociais, de habitação e saúde, envolvendo familiares e outros
prestadores de cuidados. Equitativos, providenciando independentemente das suas
possibilidades, ou deficiências, a igual satisfação das suas necessidades. Acessíveis, ter em
conta a mobilidade, e o grau de instruções, podendo terem de ser assistidos no domicílio.
Oportunos, de forma a responderem rapidamente as situações mais urgentes. Integrados,
englobando os problemas das pessoas idosas e dos familiares que prestam cuidados.
Coordenados, assegurando a interligação entre os serviços ou entidades prestadoras de
cuidados de forma a garantir respostas adequadas. Planeados, estudando e promovendo as
necessidades da população idosa de forma a garantir o planeamento das respostas, e
Orçamentados, ter em conta o custo/benefício para uma correta gestão do orçamento face às
reais necessidades (Cordeiro, 1997, p.82).
A violência contra os idosos é um problema que necessita ser ultrapassado com o
apoio de todos, devemos criar uma cultura em que envelhecer seja aceite como um processo
natural do ciclo de vida, para que os idosos possam viver com dignidade, sem abusos e
exploração, dando oportunidade de participarem plenamente na vida social (Born, 2008,
p.50). O objetivo principal passa pela prevenção dos maus tratos. É urgente contribuir para
Educação Social
Saúde Comunitária II
Saúde Comunitária II Página 17
uma mudança de mentalidades e atitudes em relação a este grupo populacional mais
vulnerável.
“Melhorar a sensibilidades das pessoas á problemática do
envelhecimento humano, para uma maior compreensão dos seus
múltiplos aspectos, através da informação e formação dos seus
profissionais, das próprias pessoas idosas, bem como da formação das
famílias, vizinhos, voluntários e comunidade em geral, é uma tarefa
imprescindível para a promoção e melhoria de um processo de
envelhecimento saudável”. (Cordeiro, 1997, p.80)
Considerações finais
É de questionar a quem estão entregues os idosos quando percebemos que é
precisamente no seu microssistema, o sítio onde eles estão mais suscetíveis aos maus tratos.
Quem poderá assegurar o envelhecimento da nossa população livre deste flagelo? Sem dúvida
que este “problema”, deverá preocupar toda a população em geral. Como futuros Educadores
Sociais teremos que ter sempre em mente este fenómeno, estarmos atentos e vigilantes, tendo
em atenção todos os indicadores que possam levar à prevenção da violência sobre os idosos,
fazendo um diagnóstico correto e um acompanhamento contínuo.
O estatuto social do idoso está fragilizado e os estigmas sobre a velhice ameaçam
transformar o idoso num ser descartável. A contestação social do direito à existência dos
idosos é uma das mais graves formas de violência e é perpetrada pelo próprio idoso em
relação a si mesmo e pela sociedade. O próprio idoso, por pressão do estigma, sente-se muitas
vezes ultrapassado e desvalorizado, acha que já teve a sua época e que agora não serve para
mais nada.
Ao falar-se em violência contra o idoso, pensam-se de imediato em espancamentos,
torturas, privações e clausuras (que, infelizmente, são comuns), mas para além destas existem
outras situações de violência que são muito complexas, de difícil deteção, diagnóstico e
prevenção.
É sabido que de uma forma geral existe uma descredibilização, estereotipada por sinal,
dos idosos, quer por motivos produtivos quer mesmo funcionais, por parte da sociedade. Esta
desvalorização social dos idosos choca com a riqueza de conhecimentos e de experiências que
Educação Social
Saúde Comunitária II
Saúde Comunitária II Página 18
foram acumulando ao longo da sua vida. Só que este conhecimento e esta experiência que se
aprende fazendo e se transmite porque se sabe, dificilmente consegue competir com o
conhecimento adquirido pela formação escolar. Mas, parece-nos que todo o percurso de vida
deste “idoso” foi totalmente esquecido… Esquecido na medida da contribuição que teve, em
que produziu e em que se manteve ativo numa sociedade exigente e adversa.
Há um aspeto concreto que pretendemos analisar, e recorrendo a uma analogia em
termos legislativos (se é que se pode recorrer), salientamos o facto desta descredibilização se
dever à pouca importância que o idoso tem para um estado de direito e que deve
(obrigatoriamente) proteger todos os seus cidadãos. Na evolução dos tempos, e olhando para o
que sucedeu com os crimes da agora tipificada Violência Doméstica, houve necessidade de
enquadrar e atualizar um avolumado tipo de crimes para que daí resultasse, definitivamente,
toda a proteção, social e jurídica, às mulheres. E isto já devia ter sido feito em relação aos
idosos! Como é óbvio, tudo o que não está previsto nas Leis Portuguesas não tem qualquer
punição, e, mesmo o que se encontra legislado é difícil de ser aplicado. Tal sucede com os
idosos, onde grande parte dos crimes cometidos sobre si (furtos, roubos, burlas, ofensas á
integridade física, etc.), dada a sua debilidade física e mental com o avanço da idade, de onde
resultam quer os abusos físicos e psicológicos quer o aproveitamento financeiro, mormente
praticados por familiares e pessoas mais próximas, a Lei em vigor não só apenas não os
protege como descredibiliza esses factos, levando quem deveria exercer o poder de aplicar a
Lei até a achar que os idosos quando denunciam ou procuram certas instituições é para
chamarem a atenção e para romperem com a solidão. Se houve necessidade de adaptar e
tipificar um crime específico para a violência contra as mulheres, mais dever tem um estado
de direito e democrático, como se diz ser, de criar uma Lei que proteja os mais frágeis, que,
neste caso, são os idosos. Por exemplo, na Suiça, quando alguém arrenda uma casa a um
idoso tem que reportar essa informação à Polícia, de forma a que esse idoso seja vigiado.
Desta forma, a Polícia sabe sempre onde estão a viver as pessoas que, pela idade, correm o
risco de ficar sozinhas e de precisarem de ajuda.
Aqui está uma medida muito fácil de implementar. Está tudo inventado, é só uma
questão de haver vontade para resolver estes problemas sociais.
Educação Social
Saúde Comunitária II
Saúde Comunitária II Página 19
Bibliografia
 ALVES, J. (2004), “Fatores de risco e indicadores de abuso e negligência de idosos”.
Coimbra Editora, RepositóriUM da Universidade do Minho;
 BORN, T., (2008), “Cuidar melhor e Evitar a Violência-Manual do cuidador da
pessoa idosa”. Brasília;
 BRITO, L. (2002), “A Saúde Mental dos Prestadores de Cuidados a Familiares
Idosos”. Coimbra, Quarteto Editora;
 CORDEIRO, M. e BRIZ, T., (1997), “A Saúde dos Portugueses”. Ministério da Saúde
Direcção-Geral da Saúde, Lisboa;
 COSTA, I., PIMENTA, A., BRIGAS, D., SANTOS, L., ALMEIDA, S. (2009), “Maus
tratos nos Idosos: Abordagem nos cuidados de saúde primários”. Associação
Portuguesa Clinica Geral;
 DIAS, I. (2004), “Violência na Família-Uma abordagem sociológica”. Edições
Afrontamento, Porto;
 Dias, I. (2005), “Envelhecimento e violência contra os idosos”. Sociologia, 15, 249-
273;
 DIAS, M. (2009), “Os Maus Tratos a Idosos: Abordagem conceptual e intervenção
social”. Faculdade de Letras da Universidade do Porto
 MINAYO, M. (2005), “Violência Contra Idosos: O Avesso do Respeito à Experiência
e à Sabedoria. Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2ª Edição – Brasília,
disponível em [URL]:
http://www.observatorionacionaldoidoso.fiocruz.br/biblioteca/_livros/18.pdf;
 OSÓRIO, A. e Pinto, F. (2007), “As Pessoas Idosas”. Editora: Horizontes
Pedagógicos, Lisboa;
 RAMOS, F. (2011), “Os Agressores de Pessoas Idosas”, Dissertação de Mestrado de
Educação para Saúde, Faculdades de Medicina e de Psicologia e Ciências da Educação
da Universidade do Porto, disponível em [URL]: http://repositorio-
aberto.up.pt/bitstream/10216/62267/2/Os%20agressores%20de%20pessoas%20idosas.
pdf;
 RIBEIRO, J. (1998), “Psicologia e Saúde”, Edição: 1º, Editora: ISPA, Lisboa.
Educação Social
Saúde Comunitária II
Saúde Comunitária II Página 20
 SIQUEIRA, M. et al (2007), “Psicologia da Saúde – Teoria e pesquisa”, Universidade
Metodista de São Paulo;
 STANHOPE e LANCASTER (1999), “Enfermagem Comunitária: promoção da
saúde de grupos, famílias e indivíduos”. Camarate, Lusociência-edições técnicas e
científicas, Lda., 4ª. edição.
 SODRÉ, D. et al (2009), “ A Influência da Universidade Aberta na Vida do Idoso”,
Trabalho do Curso de Psicologia da Universidade Jorge Amado, Brasil, disponível em
[URL]: http://www.portaldoenvelhecimento.org.br/artigos/i28.pdf.
Webgrafia
 http://www.gulbenkian.pt/media/files/FTP_files/pdfs/PGDesenvolvimentoHumano/Al
exandreKalacheOMSGuiaGlobalCidadeAmigaPessoasIdosas.pdf;
 http://direitoshumanos.gddc.pt/3_15/IIIPAG3_15_1.htm;
 http://www.gaf.pt/intervencao/prevencaoeintervencaonaviolenciadomestica/informaco
es/violenciaidoso.php
 www.psicronos.pt/artigos/violenciacontramaisvelhos.html

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Trabalho Violência Contra Idosos

  • 1. Educação Social “ Silêncio é cumplicidade. Denuncie a violência contra a pessoa idosa” Tomiko Born (2008)
  • 2. Educação Social Índice Introdução................................................................................................................................... 4 Enquadramento teórico.............................................................................................................. 5 Mitos e Teorias do Envelhecimento...................................................................................... 5 Fatores desencadeantes de maus tratos ................................................................................. 8 A importância do estudo da Resiliência em investigação.................................................... 8 Indicadores de abusos e fatores de risco ............................................................................... 9 Envelhecimento vs velhice .................................................................................................. 10 Os maus tratos sobre o idoso ............................................................................................... 12 Estratégias de prevenção.......................................................................................................... 13 Os cuidados de saúde primários .......................................................................................... 14 Considerações finais ................................................................................................................ 17 Bibliografia............................................................................................................................... 19 Webgrafia.............................................................................................................................. 20 Índice de Ilustrações e Tabelas TABELA 1 – Indicadores De Abuso ...................................................................................... 10 ILUSTRAÇÃO 1 – O Enfoque Do Curso De Vida Para O Envelhecimento Ativo............ 11
  • 3. Educação Social Saúde Comunitária II Saúde Comunitária II Página 4 Introdução É reconhecido que nesta nossa sociedade, nos últimos tempos, se têm verificado mudanças sociais profundas. É nas familias, mais precisamente no seu funcionamento interno e estrutural que essas mudanças são operadas. Naturalmente que numa sociedade que se tem tornado mais individualizada, numa sociedade em que se verifica crise da instituição familiar, numa sociedade em que, de uma forma acentuada, se constatam indices de natalidade cada vez mais baixos, por contraponto com o aumento de esperança de média de vida, tudo isto são fatores influenciadores nas relações entre gerações no seio da própria familia e, por consequência, na própria sociedade. É nesta teia complexa que é a sociedade e, mais precisamente no tecido familiar que encontramos o individuo idoso. Efetivamente é nesta perceção de mudança que importa referirmos que a violência sobre ele, o idoso, não é um fenómeno novo mas, para além do facto de haver muito provavelmente ocorrências de maus tratos mais frequentes, é também um fenómeno que acabou por ganhar mais visibilidade, ou seja, deixou de ser um fenómeno circunscrito e escondido dentro das quatro paredes da familia ou da instituição que acolhe o idoso. É verdade que no passado, nas sociedades pré-industriais, o estatuto social do idoso era plenamente tido em conta, era de especial importância no contexto familiar. A figura do idoso era sinónimo de sabedoria e experiência. Na contemporaneidade, o paradigma associado ao idoso é bem diferente, apesar de, por diversos meios se tentar valorizar essa faixa etária. É então neste contexo reflexivo sobre o envelhecimento da sociedade e, essencialmente, destacando os diferentes tipos de violência que é exercido sobre o idoso e traçando algumas medidas estratégicas de prevenção e combate, que o nosso grupo, por proposta da docente da Unidade Curricular de Saúde Comunitaria II, teve em consideração para a realização deste trabalho.
  • 4. Educação Social Saúde Comunitária II Saúde Comunitária II Página 5 Enquadramento teórico O abuso, ou maus tratos a idosos só muito recentemente é que foi reconhecido como um problema social, ainda com pouca visibilidade, tanto de uma forma geral como em relação aos cuidados de saúde a nível particular. Os maus tratos a idosos assemelham-se aos causados às crianças, dada a dependência e fragilidade de ambas as idades. Entre muitos fatores encontra-se o envelhecimento da população, que se deve a um aumento da esperança média de vida, a um decréscimo da natalidade, progressos da medicina, e também a transformações socioeconómicas e tecnológicas que vieram proporcionar uma melhoria no bem-estar das pessoas em geral, tendo implicações a nível demográfico, bem como questões socias que tem a ver com o fato de a sociedade estar preparada, ou não, para atender às necessidades, dando apoio a cuidados pessoais e de saúde a esta população (Brito, 2002, p.29). O envelhecimento é considerado um problema de saúde pública, com previsão de aumento nas próximas décadas, não só pelo próprio envelhecimento em si, mas porque a par deste existe um sistema de saúde e proteção social que não está preparado para enfrentar os problemas e necessidades das pessoas idosas e das suas famílias. Tudo indica que os maus tratos a idosos tendem a aumentar, tendo em conta os índices de dependência da população mais velha (Brito, 2002, p.32). Mitos e Teorias do Envelhecimento Segundo Stanhope e Lancastre (1999, p.638), o envelhecimento é um processo normal, que não é bem compreendido e, ao longo dos anos tem surgido mitos a ele associados. Alguns dos mitos comuns implicam uma perceção de que todos os idosos são débeis, senis, surdos, que não conseguem adaptar-se á mudança, gostam de estar sentados balouçando-se nas suas cadeiras de baloiço, conduzem mal, não estão interessados ou não são capazes de ter atividade sexual, não conseguem aprender e são todos semelhantes. Estes mitos são completamente injustos para os idosos e caracterizam-se de uma forma que não é nem correta, nem humana. Muitos dos mitos que envolvem o envelhecimento fomentam a velhice. A velhice é um termo preconceituoso sobre as pessoas idosas, é semelhante em muitas coisas ao racismo, sexismo e é tão prejudicial como estes. A velhice pode provocar o isolamento social dos idosos e perpetua o medo de ficar velho que reside em todos nós. O processo de reconhecimento de que os idosos são vítimas de violência na sua própria família, foi mais difícil de encarar, pois vem por em causa a mitologia que sustentou a
  • 5. Educação Social Saúde Comunitária II Saúde Comunitária II Página 6 família como espaço privilegiado de afetos e segurança, acreditava-se que existia uma espécie de “ Golden Age” na terceira idade, os idosos eram respeitados na família desempenhando um papel social e familiar útil. Atualmente a terceira idade passou a ser desprezada, e cada vez mais isolada socialmente, segundo Dias, (2004, p.3),citando Wolf e Pillemer (1989), referem que os maus tratos praticados sobre os idosos não são um fenómeno novo, nem exclusivo das nossas sociedades. Nas sociedades não industrializadas já existia conflitos entre os mais velhos e as gerações mais novas, em que abandonar os idosos ou deixá-los morrer era mais comum do que se possa imaginar, logo os problemas a que os idosos estão sujeitos, no seio da família, não conhecem fronteiras temporais ou culturais. Barnett, Perrine e Perrin (1997), citados por Dias (2009, p.7) , a definição de abuso a idosos não é conceptual: “Abuso a idosos refere-se a um comportamento destrutivo dirigido a um adulto Idoso, que ocorre num contexto de confiança e cuja frequência não só provoca sofrimento físico, psicológico e emocional, como representa uma séria violação dos direitos humanos”. Já em 2002, o Conselho da Europa, define este conceito como: “Todo o ato ou omissão cometido contra a sua vida, segurança, economia, integridade física e psíquica, sua liberdade, ou que comprometa gravemente o desenvolvimento da sua personalidade”. Ainda na mesma data as Nações Unidas definem da seguinte forma: “Qualquer ato único ou repetido, falta de ação apropriada que ocorre no contexto de uma relação de confiança, que cause dano ou sofrimento à pessoa idosa”. Independentemente da definição do conceito, o mesmo integra vários tipos de maus tratos como: “Abuso Físico – como injuria e coerção física, causando no idoso lesões físicas, danos psicológicos visíveis, como a diminuição da mobilidade e alterações de comportamento; Abuso Psicológico – Prática de sofrimento mental e angustia, é infligido através de agressões verbais, insultos, ameaças e vários processos de humilhação, o idoso sente medo, apatia e tem dificuldade em tomar decisões, conduz a uma diminuição da dignidade e da autoestima;
  • 6. Educação Social Saúde Comunitária II Saúde Comunitária II Página 7 Abuso Material – Reside na exploração económica, no uso ilegal dos seus fundos e recursos, conduz á apropriação indevida dos seus bens, propriedades e até deixa de ter controlo sobre os seus bens pessoais; Auto negligência – incapacidade do idoso desempenhar tarefas de autocuidados; Negligência - o abuso mais frequente, perpetuado de forma ativa, ou passiva, que passa pela recusa ao nível da prestação de cuidados necessários ao bem-estar da pessoa idosa, sendo a negligência ativa, feita de forma consciente, e embora a negligência passiva seja semelhante nas suas ações, é feita de forma inconsciente” (Dias, 2009, p.7, citando Pagelow, 1989; Wolf e MC Carthy, 1991;Donnio, 1999). Segundo Stanhope e Lancastre (1999, p.637), os idosos são negligenciados quando os outros falham em fornecer-lhes alimentação adequada, vestuário, abrigo e cuidados físicos e em dar resposta às necessidades fisiológicas, emocionais e de segurança. A brutalidade no tratamento das pessoas idosas pode levar a equimoses e derrames nos tecidos corporais, devido à fragilidade da sua pele e sistema vascular. É muitas vezes difícil determinar se as lesões que as pessoas idosas apresentam, resultam de maus tratos, quedas, ou outras causas naturais. Outras formas de maus tratos físicos a que os idosos estão expostos, resultam da imposição de exigências de higiene irrealistas e da desconsideração das necessidades especiais e dos padrões de vida anteriores. As pessoas idosas podem também ser maltratadas no que diz respeito á nutrição. Podem receber alimentos que não podem mastigar, ou que são contraindicados por restrições dietéticas. As pessoas que lhes prestam assistência, podem não ter em conta as preferências alimentares ou as crenças sociais ou culturais relativos à alimentação. Se não conseguem preparar as suas próprias refeições nem comer os alimentos que lhes são preparados, os idosos podem tornar-se subnutridos. Os indivíduos que prestam cuidados aos idosos dão-lhes ocasionalmente medicamentos para induzir a confusão ou a sonolência, de modo a que deem menos problemas, necessitem de menos cuidados ou permitam a outros ter controlo sobre os seus recursos financeiros ou pessoais. Uma vez medicados os idosos têm poucos processos de agir em sua própria defesa.
  • 7. Educação Social Saúde Comunitária II Saúde Comunitária II Página 8 A forma mais comum de maus tratos psicológicos é rejeitar ou ignorar o idoso. Este tipo de tratamento transmite que eles não têm valor nem utilidade para os outros. Consequentemente os idosos podem regredir tornando-se cada vez mais dependentes dos outros, ressentindo-se da imposição e exigências do seu estilo de vida, passando a um ciclo que quanto maior a regressão da pessoa, maior a sua dependência.Stanhope e Lancastre (1999, p.638). Fatores desencadeantes de maus tratos As pessoas que cuidam de idosos abusam-nos por várias razões. Os membros mais idosos da família podem impor um fardo físico, emocional ou financeiro que leva á frustração e ao ressentimento. O abusador pode estar a reverter padrões familiares anteriores, em que o abusador foi previamente abusado pelo idoso, segundo Stanhope e Lancastre (1999, p.815), citando Anetzberger et al. (1994). O mais importante fator de risco isolado é o abusador ter tido uma história de violência (Pillemer e Finkelhor, [1998], cit in Stanhope e Lancastre [1999, p.816]). Além do mais uma proporção significativa de idosos maltratados do sexo feminino são mulheres espancadas que envelheceram. Assim, embora seja importante avaliar uma possível situação de maus tratos quando o idoso necessita dos cuidados dos membros da família, deveria ser feita a avaliação da ocorrência de abuso a todos os idosos. Um subgrupo particularmente vulnerável aos maus tratos são os idosos confusos e debilitados, muitos com limitações físicas ou mentais graves, vivem na comunidade e são cuidados pelas suas famílias. Pesquisas recentes indicam que indivíduos que sofrem da doença de Alzheimer, ou outras demências, estão sujeitos a maior risco de maus tratos físicos, que as pessoas idosas com outras doenças. Estas doenças resultam num fardo maior e consequentemente em depressão, para as pessoas que deles cuidam (Stanhope e Lancastre [1999, p.816], citando Coyne et al., [1993]). Viver com, e fornecer assistência a um idoso confuso é uma tarefa difícil e sem pausas, que leva os membros da familia à exaustão. A importância do estudo da Resiliência em investigação “Encarada como um mito por alguns, a resiliência, ainda que constituindo uma área de investigação relativamente recente, tem vindo a ganhar adeptos a nível da comunidade científica, estando na origem de numerosas publicações e artigos científicos” (Siqueira et al, p.85). O estudo deste flagelo que é a violência sobre os idosos, constitui claramente um exercício de resiliência, se
  • 8. Educação Social Saúde Comunitária II Saúde Comunitária II Página 9 analisarmos de uma perspetiva científica, pouca investigação se tem feito em Portugal sobre esta temática, por vezes, parece que existe a tendência de se menosprezar a existência desta forma de violência sobre os idosos, nem sempre a perspetiva biomédica é a resposta às necessidades do idoso. O nosso grupo pretende ter um olhar Biopsicossocial como perspetiva, como tal, “em saúde os aspetos físicos, mentais e sociais, formam um bloco indissociável” (Ribeiro, p.350). Na vida adulta, tal como na do idoso, as relações sociais estão interligadas com a própria saúde. Como seres sociais que somos, precisamos do “outro” para sobreviver, esta doutrina torna-se ainda mais sensível no idoso, evita o isolamento e a solidão que tanto afeta esta faixa etária. O estudo realizado por Giles, Glonek, Luszcz & Andrews no ano de 2005, comprova isso mesmo. Citados por Siqueira, realça que “estudos epidemiológicos realizados nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia mostram que, geralmente, as relações sociais produziam efeitos positivos sobre a sobrevivência de adultos” (Siqueira et al, p.68). De referir ainda que este estudo teve como amostra, uma população com idades compreendidas entre os 18 e os 94 anos. Os maus tratos a idosos, infelizmente e ao contrário do que seria expetável, estão associados às pessoas cuidadoras, ou seja, às pessoas que supostamente os deveriam manter em segurança. O Professor José Ferreira Alves aponta precisamente nesse sentido, quando afirma que, “de forma significativamente menos consciente está o problema dos maus tratos e negligência exercidos contra pessoas idosas por parte dos seus cuidadores” (Alves, 2004, p.1). De acordo com um estudo Norte-americano, especificamente a National Elder Abuse Incidence Study e a secção do departamento de justiça norte – americano, a negligência corresponderá ao tipo de maus tratos mais frequentes ao idoso, cerca de 48,7%, seguido do abuso emocional/Psicológico 35,5%, 30% está associado ao abuso financeiro e material, restando os abusos físicos com cerca de 25%. Será interessante ainda verificar, o que o mesmo estudo demonstra relativamente à percentagem atribuída aos agressores sobre os idosos. “Os filhos são os principais perpetradores com 47,3% de incidentes relatados, seguidos dos cônjuges (19,3%), outros familiares (8,8%) e netos (8,6%)” (1998, cit in Alves, 2004, p.8). Indicadores de abusos e fatores de risco A literatura propõe alguns indicadores de molde a evitarmos e precavermos possíveis situações de risco. Entendemos partilhar alguns quadros teóricos por acharmos de máxima importância “atacarmos” as causas que podem dar origem aos maus tratos sobre os idosos e
  • 9. Educação Social Saúde Comunitária II Saúde Comunitária II Página 10 não andarmos a remediar sucessivamente, e quando são conseguidas, identificar as consequências. Reis (2000, cit in Alves, 2004, p.11), propõe uma tabela de indicadores de abuso, onde o cuidador e o idoso estão mencionados relativamente às caraterísticas que cada um deles apresenta para ser agressor ou agredido, conforme tabela: Tabela 1 – Indicadores de abuso (Reis, 2000, cit in Alves, 2004, p.11) Envelhecimento vs velhice Desde sempre que o envelhecimento é preocupação do Homem. Ninguém fica alheio a este processo bem como aos problemas subjacentes que o mesmo acarreta. Não tenhamos quaisquer dúvidas de que este é um tema de vital importância da sociedade atual, da estrutura sociodemográfica dos países do mundo ocidental e, concerteza, da generalidade dos países – o Envelhecimento Populacional.
  • 10. Educação Social Saúde Comunitária II Saúde Comunitária II Página 11 Muitos estudiosos se têm debruçado sobre esta problemática, as mais variadas investigações têm sido efetuadas com maior frequência desde os anos 70, não escapando a fontes de saber tais como a biologia, a psicologia, a sociologia, a antroplogia, a politica, entre outras. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), consoante o envelhecimento operado no Homem, este, encontra-se muito mais sujeito a doenças, dificuldades de percepção, mnésicas, etc. Este tipo de fragilidade acelera a morbidade, a incapacidade e mortalidade. Vejamos a ilustração 1 que nos permite uma melhor compreensão (Fonte: Kalache e Kickbush, 1997). Ilustração 1 – O enfoque do curso de vida para o envelhecimento ativo Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) define velhice como “Prolongamento e término de um processo representado por um conjunto de modificações fisiomórficas e psicológicas ininterruptas à ação do tempo sobre as pessoas” (cit in Sodré, et al, 2009, p.2). Este é o momento em que o individuo fica inexoravelmente exposto a um declínio biológico ou físico perdendo o seu vigor e reduzindo de uma forma gradual as suas capacidades de raciocínio. É o momento em que os papéis sociais e familiares conhecem alguma degradação. É a sua reforma face à atividade profissional e, por consequência a sua “reforma” social. Podemos daqui inferir que há como que uma decadência da sua pessoa e agora mais que nunca importa dar um “salto” na sua vida. Reorganizá-la, torna-la positiva
  • 11. Educação Social Saúde Comunitária II Saúde Comunitária II Página 12 perante as ameaças e obstáculos constantes que irão surgir. Caso contrário, o idoso, aquele que chegou à velhice, acaba por seguir um percurso que de todo não é saudável, ou seja, refugia-se no seu canto, isola-se, sedentariza-se o que vai assim consubstanciar os desajustes que são comuns a este momento ou a esta fase da vida. Norbert Elias (2002, cit in Minayo, 2005, pág.5), resume desta forma a mudança operada no ser humano quando a velhice toma conta de si: “A fragilidade dos velhos é muitas vezes suficiente para separar os que envelhecem dos vivos. Sua decadência os isola. Podem tornar-se menos sociáveis e seus sentimentos menos calorosos, sem que se extinga sua necessidade dos outros. Isso é o mais difícil: o isolamento tácito dos velhos, o gradual esfriamento de suas relações com pessoas a quem eram afeiçoados, a separação em relação aos seres humanos em geral, tudo o que lhes dava sentido e segurança”. Obviamente que este poderá ser um estado que leva o idoso a comportamentos menos aceitáveis por parte dos familiares acabando estes por agir em desconformidade com essa situação, através de ações no mínimo reprováveis em relação àqueles, nomeadamente, usando de violência gratuita ao invés de uma prática que essa sim devia ir ao encontro das necessidades do idoso. Será então aqui que se desenrola um processo que muitas vezes não tem fim. Os maus tratos sobre o idoso Dias (2005,p.260), refere que, associado ao envelhecimento encontra-se igualmente o fenómeno do mau trato. O reconhecimento de que os idosos eram vítimas de mau trato na família e em contexto institucional foi tardio. Só em final dos anos 70, início dos anos 80, é que tal foi reconhecido como um grave problema social. Os profissionais ligados às agências formais de serviço social e à saúde rapidamente se apropriaram deste tema, passando a intervenção a desenvolver-se sobretudo no âmbito das instituições médicas e sociais. A definição que mais se utiliza para os maus tratos cometidos contra os idosos é a “Ação única ou repetida, ou ainda a ausência de uma ação devida, que cause sofrimento ou angústia e que ocorra numa relação em que exista expectativa de confiança” (INPEA, 1998;OMS, 2001). No ano seguinte, em 2002, o Conselho de Europa define este conceito como “Todo o ato ou omissão cometido contra uma pessoa idosa no quadro da vida familiar
  • 12. Educação Social Saúde Comunitária II Saúde Comunitária II Página 13 ou institucional e que atenta a sua vida, a segurança económica, a integridade física e psíquica, a sua liberdade ou comprometa gravemente a personalidade”. Conforme já o dissemos atrás, os maus tratos a idosos não se circunscrevem unicamente ao seio familiar. Estes podem ocorrer em instituições de prestação de cuidados e sob as mais variadas formas. De acordo com Wolf e Pillemer (1989, cit in Osório e Pinto [2007], p.159), os maus tratos a idosos podem ser físicos (danos físicos, coerção corporal ou abusos sexuais), psicológicos (angústia mental), comportamentos de negligência (abandono ou não prestação de cuidados básicos) ou abusos materiais (exploração de recursos ou uso inapropriado de bens). Tomlin (1989, cit in Osório e Pinto [2007], p.159) faz referência à existência de uma categoria de maus tratos mais subtil, que denomina de maus tratos passivos, consistindo na existência de condições inadequadas nos lares e residências para idosos, como sendo salas demasiado grandes e pouco acolhedoras, juntando vários idosos na mesma divisão, sem privacidade ou espaço para bens pessoais; alimentação pouco elaborada, insuficiente em nutrientes; falta de pessoal assistente a nível de saúde e ocupacional; ausência de estimulação cognitiva. É importante também salientar que os maus tratos dirigidos às pessoas idosas são sem dúvida um problema de Direitos Humanos. Efetivamente a Organização das Nações Unidas, na sua Recomendação nº. 46/91, alerta os governos para a necessidade de integrarem nos seus programas nacionais os seguintes princípios: dignidade (aos cidadãos mais velhos devem ser garantidas condições dignas de existência, de segurança, de justiça), autonomia, desenvolvimento pessoal bem como o acesso a cuidados e participação. É então nesta ordem de ideias que Dias (2005, p.252), citando Myriam Leleu (s/d p.10), reafirma que acima de tudo a população idosa deve tomar a vida pelo que ela é e fazer o que verdadeiramente gosta e citando Sousa (et al, s/d p.39), diz ainda que há que desafiar os idosos para novas aventuras, e evitar que percam o vínculo a uma vida social, cultural e politicamente ativa. Estratégias de prevenção Segundo Stanhope e Lancastre (1999, p.816), citando Fulmer (1989), sugere as seguintes estratégias de prevenção para as comunidades:
  • 13. Educação Social Saúde Comunitária II Saúde Comunitária II Página 14 • “Desenvolver novas formas de dar apoio às famílias que cuidam dos idosos, incluindo auxilio na decisão de interromper os tratamentos em casa”; • “Publicitar os apoios existentes às famílias que cuidam de idosos”; • “Envolver todas as organizações comunitárias no desenvolvimento de novos apoios e programas para as famílias com membros idosos”; As estratégias de prevenção primária e prevenção secundária dos maus tratos a idosos incluem grupos de apoio á vitima, programas de voluntários para a defesa do individuo sénior, e o treino de assistentes que trabalham com idosos (Stanhope e Lancastre 1999, p.818, citando Wolf et al., 1994). Os cuidados de saúde primários O progresso da Medicina aumentou a esperança média de vida. O estatuto do idoso foi alterado tanto no contexto familiar como social. Segundo a Associação Portuguesa de Apoio à vitima, (APAV), houve um aumento de 20,4% no total de idosos vitimas de crime de 2006, para 2007, sendo no entanto nas consultas com o médico de família uma oportunidade para detetar maus tratos. O idoso passou a ser um “fardo” que é necessário cuidar, e a falta de preparação dos familiares e também das instituições para lidarem com os problemas do envelhecimento tem causado o aumento dos maus tratos contra os idosos (Costa, Pimenta, et all, 2009, p.539). Afirmam os especialistas em Demografia, e segundo Brito (2002, p.30), que os indivíduos que atingem a idade da senescência, os sessenta e cinco anos, poderão em média contar viver ainda uns dezoito a vinte anos mais. Não parece mal, no entanto o problema é que apenas pouco mais de metade desse período se poderá considerar como uma vida independente, depois virá para muitos a perda de autonomia, a invalidez e a dependência. Segundo a OMS, pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, são de uma forma geral considerados idosos, embora para a maioria seja aos 65 anos. O aumento da população envelhecida, as mudanças sociais, como famílias mais pequenas, o número de mulheres empregadas que aumentou, (normalmente eram estas que cuidavam dos idosos), o aumento da descriminação em relação ao idoso, e a sua institucionalização, são fatores facilitadores do problema atual, de maus tratos. As doenças cronicas afetam cerca de dois terços dos idosos, estas situações de dependência de uma terceira pessoa, geralmente uma mulher da família, (mulher, filha, irmã), cujo esforço são fundamentais para manter o doente com o máximo de
  • 14. Educação Social Saúde Comunitária II Saúde Comunitária II Página 15 bem-estar que se pode esperar. Sem esta prestação o idoso teria de ser acolhido numa instituição ou unidade de cuidados contínuos, onde poderia sobreviver mais algum tempo, mas onde teria enormes problemas de adaptação, e onde certamente seria bastante mais infeliz (Brito, 2002, p.31). Em relação aos cuidados de saúde primários, podemos referir que o Médico de Família encontra-se numa posição privilegiada para identificar as situações de maus tratos, e intervir nas situações de risco identificando os idosos que necessitam de proteção, ou até as próprias famílias que não tenham condições de dar o devido apoio aos mesmos. A prevenção primária de maus tratos a idosos, passa pela identificação, e tentativa de modificar os fatores de risco, que dão origem a maus tratos, como sendo a idade avançada, limitação funcional, alterações de comportamentos, dependência física e emocional do idoso, fracos recursos económicos, isolamento social, entre outros. Segundo Brito (2002, p.36), vários estudos tem vindo a sugerir que as pessoas que prestam cuidados a familiares durante longos períodos, como acontece na maior parte dos casos, com familiares idosos dependentes, sofrem várias alterações ao nível da vida familiar e social, como problemas económicos e laborais, cansaço, desgaste a nível físico e psíquico, sendo a depressão um dos principais problemas. Todos estes fatores podem desencadear maus tratos, e há que tê-los em consideração. Para além destes, existe ainda uma prevenção secundária, que consiste em detetar os sinais de maus tratos precocemente. Muitas vezes os maus tratos podem-se confundir com sinais e sintomas de patologias, que prevalecem nessa faixa etária, pelo que devem ter em atenção essa possibilidade e fazer o despiste. Após detetados os casos, pode o Médico de Família intervir no sentido de modificar, tanto na prevenção primária, como secundária, com o apoio do serviço social para aconselhamento de frequência de um Centro de Dia, ou apoio domiciliário, tentando evitar o isolamento social. Em relação à pessoa que cuida pode-se identificar o problema, e atuar de forma preventiva, perante situações de elevada carga emocional e que dão origem a atos de violência contra o idoso. Pode-se partilhar os cuidados do idoso com outros membros da família, e em conjunto com os serviços sociais proporcionar períodos de descanso à pessoa que cuida (Brito, 2002, p.37). Segundo Stanhope e Lancastre (1999, p.818), a meta dos cuidados aos idosos é otimizar a sua saúde e capacidade de funcionamento em geral. Nesta meta está a capacitação dos idosos para permanecerem nas suas casas, o que ajuda a reduzir os custos de saúde, aumenta a qualidade de vida, e preserva o estado funcional.
  • 15. Educação Social Saúde Comunitária II Saúde Comunitária II Página 16 Um aspeto importante para determinar a capacidade de um idoso funcionar independentemente na comunidade é a extensão da sua rede social, que pode ser definida como aqueles indivíduos com quem os idosos tem contato por causa da proximidade ou reciprocidade, alguns podem estar relacionados com os seus cuidados, sendo a maior parte dos cuidados assegurados por membros da família. As mulheres, filhas, noras, irmãs ou outros familiares do sexo feminino representam 70% de todos os prestadores de cuidados, os homens idosos são geralmente cuidados pelas suas mulheres, enquanto as mulheres contam com os seus filhos adultos. É importante avaliar a interação entre os idosos e os seus prestadores de cuidados para avaliar se existe ou poderá existir negligência, exploração e maus tratos. O mau trato ao idoso é definido como “ato de execução ou omissão que conduz a dano ou ameaça de dano do bem-estar de um idoso” (Stanhope e Lancastre, 1999, p.819, citando O’Brien, 1992 e Ramsdell, 1991). As mulheres idosas que exibem comportamentos difíceis são vítimas típicas de maus tratos. Normalmente os maus tratos a idosos são subestimados, assim quando se suspeita de maus tratos deveriam ser questionados diretamente sobre estarem a ser usados, limitados contra a sua vontade, ou serem vítimas de roubo (Costa, 2009, p.539). Assim os serviços que prestam cuidados às pessoas idosas devem ser: Abrangentes, assegurando todas as ajudas sociais, de habitação e saúde, envolvendo familiares e outros prestadores de cuidados. Equitativos, providenciando independentemente das suas possibilidades, ou deficiências, a igual satisfação das suas necessidades. Acessíveis, ter em conta a mobilidade, e o grau de instruções, podendo terem de ser assistidos no domicílio. Oportunos, de forma a responderem rapidamente as situações mais urgentes. Integrados, englobando os problemas das pessoas idosas e dos familiares que prestam cuidados. Coordenados, assegurando a interligação entre os serviços ou entidades prestadoras de cuidados de forma a garantir respostas adequadas. Planeados, estudando e promovendo as necessidades da população idosa de forma a garantir o planeamento das respostas, e Orçamentados, ter em conta o custo/benefício para uma correta gestão do orçamento face às reais necessidades (Cordeiro, 1997, p.82). A violência contra os idosos é um problema que necessita ser ultrapassado com o apoio de todos, devemos criar uma cultura em que envelhecer seja aceite como um processo natural do ciclo de vida, para que os idosos possam viver com dignidade, sem abusos e exploração, dando oportunidade de participarem plenamente na vida social (Born, 2008, p.50). O objetivo principal passa pela prevenção dos maus tratos. É urgente contribuir para
  • 16. Educação Social Saúde Comunitária II Saúde Comunitária II Página 17 uma mudança de mentalidades e atitudes em relação a este grupo populacional mais vulnerável. “Melhorar a sensibilidades das pessoas á problemática do envelhecimento humano, para uma maior compreensão dos seus múltiplos aspectos, através da informação e formação dos seus profissionais, das próprias pessoas idosas, bem como da formação das famílias, vizinhos, voluntários e comunidade em geral, é uma tarefa imprescindível para a promoção e melhoria de um processo de envelhecimento saudável”. (Cordeiro, 1997, p.80) Considerações finais É de questionar a quem estão entregues os idosos quando percebemos que é precisamente no seu microssistema, o sítio onde eles estão mais suscetíveis aos maus tratos. Quem poderá assegurar o envelhecimento da nossa população livre deste flagelo? Sem dúvida que este “problema”, deverá preocupar toda a população em geral. Como futuros Educadores Sociais teremos que ter sempre em mente este fenómeno, estarmos atentos e vigilantes, tendo em atenção todos os indicadores que possam levar à prevenção da violência sobre os idosos, fazendo um diagnóstico correto e um acompanhamento contínuo. O estatuto social do idoso está fragilizado e os estigmas sobre a velhice ameaçam transformar o idoso num ser descartável. A contestação social do direito à existência dos idosos é uma das mais graves formas de violência e é perpetrada pelo próprio idoso em relação a si mesmo e pela sociedade. O próprio idoso, por pressão do estigma, sente-se muitas vezes ultrapassado e desvalorizado, acha que já teve a sua época e que agora não serve para mais nada. Ao falar-se em violência contra o idoso, pensam-se de imediato em espancamentos, torturas, privações e clausuras (que, infelizmente, são comuns), mas para além destas existem outras situações de violência que são muito complexas, de difícil deteção, diagnóstico e prevenção. É sabido que de uma forma geral existe uma descredibilização, estereotipada por sinal, dos idosos, quer por motivos produtivos quer mesmo funcionais, por parte da sociedade. Esta desvalorização social dos idosos choca com a riqueza de conhecimentos e de experiências que
  • 17. Educação Social Saúde Comunitária II Saúde Comunitária II Página 18 foram acumulando ao longo da sua vida. Só que este conhecimento e esta experiência que se aprende fazendo e se transmite porque se sabe, dificilmente consegue competir com o conhecimento adquirido pela formação escolar. Mas, parece-nos que todo o percurso de vida deste “idoso” foi totalmente esquecido… Esquecido na medida da contribuição que teve, em que produziu e em que se manteve ativo numa sociedade exigente e adversa. Há um aspeto concreto que pretendemos analisar, e recorrendo a uma analogia em termos legislativos (se é que se pode recorrer), salientamos o facto desta descredibilização se dever à pouca importância que o idoso tem para um estado de direito e que deve (obrigatoriamente) proteger todos os seus cidadãos. Na evolução dos tempos, e olhando para o que sucedeu com os crimes da agora tipificada Violência Doméstica, houve necessidade de enquadrar e atualizar um avolumado tipo de crimes para que daí resultasse, definitivamente, toda a proteção, social e jurídica, às mulheres. E isto já devia ter sido feito em relação aos idosos! Como é óbvio, tudo o que não está previsto nas Leis Portuguesas não tem qualquer punição, e, mesmo o que se encontra legislado é difícil de ser aplicado. Tal sucede com os idosos, onde grande parte dos crimes cometidos sobre si (furtos, roubos, burlas, ofensas á integridade física, etc.), dada a sua debilidade física e mental com o avanço da idade, de onde resultam quer os abusos físicos e psicológicos quer o aproveitamento financeiro, mormente praticados por familiares e pessoas mais próximas, a Lei em vigor não só apenas não os protege como descredibiliza esses factos, levando quem deveria exercer o poder de aplicar a Lei até a achar que os idosos quando denunciam ou procuram certas instituições é para chamarem a atenção e para romperem com a solidão. Se houve necessidade de adaptar e tipificar um crime específico para a violência contra as mulheres, mais dever tem um estado de direito e democrático, como se diz ser, de criar uma Lei que proteja os mais frágeis, que, neste caso, são os idosos. Por exemplo, na Suiça, quando alguém arrenda uma casa a um idoso tem que reportar essa informação à Polícia, de forma a que esse idoso seja vigiado. Desta forma, a Polícia sabe sempre onde estão a viver as pessoas que, pela idade, correm o risco de ficar sozinhas e de precisarem de ajuda. Aqui está uma medida muito fácil de implementar. Está tudo inventado, é só uma questão de haver vontade para resolver estes problemas sociais.
  • 18. Educação Social Saúde Comunitária II Saúde Comunitária II Página 19 Bibliografia  ALVES, J. (2004), “Fatores de risco e indicadores de abuso e negligência de idosos”. Coimbra Editora, RepositóriUM da Universidade do Minho;  BORN, T., (2008), “Cuidar melhor e Evitar a Violência-Manual do cuidador da pessoa idosa”. Brasília;  BRITO, L. (2002), “A Saúde Mental dos Prestadores de Cuidados a Familiares Idosos”. Coimbra, Quarteto Editora;  CORDEIRO, M. e BRIZ, T., (1997), “A Saúde dos Portugueses”. Ministério da Saúde Direcção-Geral da Saúde, Lisboa;  COSTA, I., PIMENTA, A., BRIGAS, D., SANTOS, L., ALMEIDA, S. (2009), “Maus tratos nos Idosos: Abordagem nos cuidados de saúde primários”. Associação Portuguesa Clinica Geral;  DIAS, I. (2004), “Violência na Família-Uma abordagem sociológica”. Edições Afrontamento, Porto;  Dias, I. (2005), “Envelhecimento e violência contra os idosos”. Sociologia, 15, 249- 273;  DIAS, M. (2009), “Os Maus Tratos a Idosos: Abordagem conceptual e intervenção social”. Faculdade de Letras da Universidade do Porto  MINAYO, M. (2005), “Violência Contra Idosos: O Avesso do Respeito à Experiência e à Sabedoria. Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2ª Edição – Brasília, disponível em [URL]: http://www.observatorionacionaldoidoso.fiocruz.br/biblioteca/_livros/18.pdf;  OSÓRIO, A. e Pinto, F. (2007), “As Pessoas Idosas”. Editora: Horizontes Pedagógicos, Lisboa;  RAMOS, F. (2011), “Os Agressores de Pessoas Idosas”, Dissertação de Mestrado de Educação para Saúde, Faculdades de Medicina e de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto, disponível em [URL]: http://repositorio- aberto.up.pt/bitstream/10216/62267/2/Os%20agressores%20de%20pessoas%20idosas. pdf;  RIBEIRO, J. (1998), “Psicologia e Saúde”, Edição: 1º, Editora: ISPA, Lisboa.
  • 19. Educação Social Saúde Comunitária II Saúde Comunitária II Página 20  SIQUEIRA, M. et al (2007), “Psicologia da Saúde – Teoria e pesquisa”, Universidade Metodista de São Paulo;  STANHOPE e LANCASTER (1999), “Enfermagem Comunitária: promoção da saúde de grupos, famílias e indivíduos”. Camarate, Lusociência-edições técnicas e científicas, Lda., 4ª. edição.  SODRÉ, D. et al (2009), “ A Influência da Universidade Aberta na Vida do Idoso”, Trabalho do Curso de Psicologia da Universidade Jorge Amado, Brasil, disponível em [URL]: http://www.portaldoenvelhecimento.org.br/artigos/i28.pdf. Webgrafia  http://www.gulbenkian.pt/media/files/FTP_files/pdfs/PGDesenvolvimentoHumano/Al exandreKalacheOMSGuiaGlobalCidadeAmigaPessoasIdosas.pdf;  http://direitoshumanos.gddc.pt/3_15/IIIPAG3_15_1.htm;  http://www.gaf.pt/intervencao/prevencaoeintervencaonaviolenciadomestica/informaco es/violenciaidoso.php  www.psicronos.pt/artigos/violenciacontramaisvelhos.html