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Cidade de Deus                                                            1
                               A NOTÍCIA       POR QUEM V IVE | JAN.‐MAR. 2012
                                  Março de 2012 ‐ Ano III ‐ No 3




Parados na esquina, com poesia...
A Cidade de Deus tem sido palco do surgimento e amadurecimento de diversas
ações artísticas, nas mais diversas áreas: cinema, teatro, artes plásticas, música e
literatura.
                                                   11



                                                     A Economia Solidária na Cidade
                                                 de Deus: a organização dos artesãos
                                                          A Economia Solidária se baseia em praticas coletivas, justas,
                                                              solidárias e sustentáveis de geração de trabalho e renda.
                                                    7


Avaliação do Projeto Bairro
Educador Cidade de Deus em 2011
Várias atividades tem sido realizadas pelo projeto nas escolas
com o objetivo de contribuir na melhoria do IDEB
                                                   15

 E MAIS...
 A primeira mulher a puxar samba na avenida..........3           O jovem e sua atuação na Cidade de Deus..........10

 João Gomes recebe premio Mestre 2011.................4          Projeto Jovens Comunicadores e a Informática...12

 Quadrinho também é comunicação.......................5          Sarau de poesia na Cidade de Deus...................13

 Ponto de Cultura Itinerante Cidade de Deus...........6          Obras na Cidade de Deus ‐ Bairro Maravilha........14

 A identidade de um personagem da cultura Negra...8              Maria CDD....................................................14

 A história da educação na Cidade de Deus..............9         Lançamento da segunda edição do Jornal .........16
2           A NOTÍCIA POR QUEM V IVE | JAN.‐MAR. 2012

Editorial
por Maria do Socorro Melo Brandão, moradora, representante do portal e presidente da ASVI CDD

   Para mim é uma honra ter           trabalhos. Somos gratos por essa      muito no visual, com bastantes
sido convidada para fazer o           aposta e hoje nos damos muito         fotos relacionadas aos assuntos
editorial desta 3ª edição do          mais de nós quando começamos          e veio a proposta das “tirinhas
Jornal A Noticia por quem Vive.       a preparar uma tiragem.               educativas”, com temas do dia a
   A ASVI CDD (Associação                Neste 3° número o leitor irá       dia, feitas por moradoras e
Semente da Vida da Cidade de          ver um pouco de cada coisa.           colaboradoras do jornal.
Deus) fica particularmente            Uma Cidade de Deus com                   Então, você está sendo
satisfeita em estar contribuindo      artesanato,    poesia,     jovens     convidado a conhecer um pouco
com moradores interessados em         realizando               projetos     mais de Cidade de Deus através
mostrar      a      “cara      da     independentes ou não.         Vai     dessas páginas, e por que não
comunidade”, não deixando de          saber que a Cidade de Deus tem        também não ser um colaborador,
falar do que é negativo, mas          uma cultura premiada.                 patrocinador etc.? Não deixe de
exaltando o que temos de                 Vamos analisar como anda a         ler na última página como pode
melhor.                               educação de nossas crianças:          fazer isso.
   É importante que o morador         quais são as expectativas                Encerro agradecendo pelo
se     sinta    realmente     um      futuras? Como andam as                empenho de todos, em especial
protagonista dentro da Cidade         negociações para uma escola de        à equipe do SOLTEC/UFRJ que,
de Deus. Então hoje já podemos        Ensino Médio na comunidade?           no final de 2011, contribuiu com
contar com o Portal Comunitário       Afinal, nossas crianças têm que       os colaboradores do Jornal na
(www.cidadededeus.org.br) e,          ir estudar em lugares muito           elaboração do nosso Regimento
agora, com o jornal. Tudo fruto       distantes atrapalhando um             Interno      e    agora    estão
de     pessoas     que    vieram      pouco a qualidade do estudo.          colaborando na correção de
acreditando que podíamos                 Para que o jornal ficasse mais     nossas      matérias     e    na
produzir e apostaram nestes           dinâmico, pensamos em investir        diagramação desta edição.


  Expediente ‐ Janeiro a Março de 2012
  Fundadores: Ariana Apolinário, Cilene Vieira, Dara Bandeira, Dayse Vieira, Felipe Brum, Joana da
  Conceição Campos, João Carlos Souza, José Alberto, Landerson Soares, Leila Martiniano, Maria
  Angélica Ponciano, Marília Gonçalves, Mônica Rocha, Rita de Cássia, Rosalina Brito, Valéria Barbosa
  da Silva, Julcinara Vilela
  Membros do jornal: Maria Angélica Ponciano, Cilene Vieira, Felipe Brum, Joana da Conceição
  Campos, José Alberto, Julcinara Vilela, Mônica Rocha, Rosalina Britto
  Colaboradores: Luiza Nascimento Braga, Míriam Andrade, Viviane de Sales
  Revisão de Textos: Marília Gonçalves
  Diagramação: Alan Tygel
  Agradecimentos: Conexão Cultural
  Apoio: SOLTEC/UFRJ, SESC

  Este jornal foi diagramado utilizando somente programas de computador livres:
  Scribus, LibreOffice e Ubuntu. Use Software Livre.

        Visite o Portal da CDD >> http://www.cidadededeus.org.br
3
                         A NOTÍCIA POR QUEM V IVE | JAN.‐MAR. 2012

Anahyde: das “Cantoras da Madrugada da Rádio Mayrink
Veiga” a primeira mulher a puxar samba na avenida
por Mônica Rocha

   Anahyde é Carioca de apelido                                         Zum”, no Auditório, a interpre‐
Tuca. Com 78 anos dedicados à                                           tação de Tuca foi destacada.
música e ao teatro, ela reivindi‐                                          Uma satisfação foi ganhar o
ca o título de primeira mulher a                                        troféu homenagem a Cartola.
puxar o samba enredo do Bloco                                           Compositora, atriz, roteirista,
Independentes da Barão do Rio                                           artista plástica, premiada pelo
Comprido na praça 11.                                                   maestro Paulo da Hora Alcântra
   Quando o marido Valter Praça                                         pela sua marchinha da terceira
11 era vivo, Anahyde era compo‐                                         idade. Anahyde é a compositora
sitora da escola de samba na Ci‐                                        do Hino da Terceira Idade, ofici‐
dade de Deus. “Época em que as                                          alizado pela Câmara dos Verea‐
mulheres não ganhavam samba                                             dores com menção honrosa que
enredo”, lembra a sambista, po‐                                         lhe rendeu várias reportagens. O
rém com o tema “Paraíso Negro                                           hino do Retiro dos Artistas é da
Zumbi do Palmares”, composição                                          autoria de Tuca, e esse ano vem
feita com sua parceira Obassy,      de Engenho de Dentro. Ela fez       com a gravação do Cachorro Bi‐
ganharam em 5° lugar algo iné‐      espetáculo com a atriz Marisa       lau em uma mídia. Tuca contri‐
dito para uma mulher e levaram      Orth, e participa do Grupo de Te‐   bui de forma decisiva no sucesso
o troféu.                           atro do Retiro dos Artistas, onde   das peças teatrais com seu gran‐
   Cantora da madrugada, na rá‐     colabora com a dramaturgia. Na      de talento de atriz e contribui
dio Mayrink Veiga, Anahyde ga‐      CDD, colabora com o Grupo de        com quadros inteiros com a dra‐
nhou o troféu de melhor             Senhoras no SESI. Interpretando     maturgia valorizando com tex‐
intérprete e melhor música, no      Clara Nunes em “Tem Zum, Zum,       tos inéditos as peças que
programa de Aldeson Alves. Até                                          participa.
hoje Anahyde guarda o troféu.                                              Vou parar um pouco da histó‐
Quando chegou na Cidade de                                              ria de Anahyde com uma parte
Deus, depois da premiação, foi                                          da letra do samba de “Tuca e
recebida com surpresa, e por on‐                                        Obassy”, em homenagem a Zum‐
de passava as pessoas chama‐                                            bi: Em cada negro que nasce ele
vam pelo seu nome e davam                                               sobreviveu traído ele foi execu‐
parabéns.                                                               tado em cada canto um Zumbi
   Anahyde teve suas músicas                                            Iluminado. Por isso Quando che‐
transformadas em peça de teatro                                         ga o carnaval negros e brancos
no projeto Marta Maia, no SESC                                          enriquecem o visual.




   Apoios:



    Patrocinador:
4          A NOTÍCIA POR QUEM V IVE | JAN.‐MAR. 2012


Cidade de Deus através do João Gomes
recebe premio Mestre 2011 pela SEC
por Mõnica Rocha


    João Gomes, o nosso Mestre
Miúdo da Folia de Reis, completa
66 anos dedicados à Bandeira do
Divino. Mineiro de Itapiruna, aos
10 anos de idade é iniciado como
palhaço no reisado. Quando che‐
ga à Cidade de Deus, em 1979, se
torna o mestre da folia “Os Três
Reis do Oriente”, saída no ciclo
natalino a Bandeira de Reis mui‐
tos acreditam no poder de cura.
Faz parte da do Estado e cultura
brasileira e já é considerada pon‐
to de cultura.
    A SEC (Secretaria de Estado e
Cultura) reconheceu a contribui‐
ção dos mestres populares e ma‐
nutenção do que hoje é
patrimônio imaterial “Folia de
Reis”, conforme o texto abaixo,
retirado do prêmio de concessão:
    “Apoio a concessão de premia‐
ção aos mestres de cultura popu‐
lar, e premiação a João Gomes
pelo desenvolvimento da área de
cultura popular e seus segmen‐
tos.”
    Parabéns, Miúdo, a história
de vida que é de implementação
aos saberes populares e salve Os
Três Reis do Oriente.
Tirinha Educativas Rosalina
por Alan Tygel
6           A NOTÍCIA POR QUEM V IVE | JAN.‐MAR. 2012

O 1°Festival Ponto de Cultura Itinerante Cidade de Deus
por Cilene Vieira
    O Ponto de Cultura Itinerante    observando o espaço da quadra             O Coral da Casa de Santa Ana
da Cidade de Deus é um Coletivo      de samba e daqui a pouco já es‐       deu um show de interpretação,
de artistas formado na comuni‐       tavam participando da oficina de      cantando várias músicas de dife‐
dade, no ano de 2010. Apoiado        Artes Plásticas, coordenada pelo      rentes estilos que mexeram mui‐
pela Secretaria Estadual de Cul‐     Gilmar Ferreira. Naquele momen‐       to com o público, que cantava
tura do RJ, dentro do Projeto        to, todas as gerações se integra‐     baixinho para não atrapalhar o
Mais Cultura (MinC), e tendo co‐     vam para produzir alguma coisa        grupo na apresentação. Todos fi‐
mo proponente a Casa de Santa        e mostrar para o público. Muitos      caram maravilhados com o coral
Ana, presidida por Maria de          estavam tão concentrados no           fazendo coreografias. Foi muito
Lourdes Braz, o Coletivo reúne       contato do pincel com a tinta e o     lindo e não posso esquecer de fa‐
canto, artes cênicas, artes plás‐    papel, que ficavam alguns minu‐       lar que a professora de música
ticas, audiovisual, música, dança    tos mergulhados na sua criativi‐      Neuma Morais, mesmo com pro‐
e literatura.                        dade, alguns até desconheciam         blemas de saúde, não deixou de
    No ano de 2010, o grupo se       tal dom artístico.                    orientar o Coral. Ainda teve a
capacitou em elaboração e for‐          Ao iniciar o Sarau de Poesias,     apresentação do balé com as cri‐
matação de projetos culturais,                                             anças, que foi hilária. E a Maria
através de seminários promovi‐                                             de Lourdes, com sua equipe de
dos pelo próprio Ponto, e pelo                                             trabalho, era só alegria vendo o
Curso Cultura Portátil, realizado                                          Coral e o balé se apresentar.
pela Farmanguinhos/FIOCRUZ.                                                    O Grupo Teatral Raiz da Liber‐
    Nesta segunda etapa, o grupo                                           dade apresentou o espetáculo
tem por objetivo difundir arte e                                           “As Largadas”, que mostra a rea‐
cultura e compartilhar seus pro‐                                           lidade do que é viver só, quando
cessos criativos com a comuni‐                                             a idade vai avançando e os fami‐
dade. Ampliar propostas e                                                  liares não se preocupam e ainda
reflexões relativas ao ambiente e                                          há a solidariedade de alguns
à história da Cidade de Deus,        a Rosalina (uma das fundadoras        amigos. Tiveram algumas cenas
promovendo assim a recupera‐         deste jornal), sempre despacha‐       com muito bate boca e outras
ção, caracterização e manuten‐       da, começou a recitar suas obras,     muito engraçadas. A interação
ção da cultura local.                mas de olho para que alguém le‐       com a plateia foi ótima.
    Será realizado um circuito de    vantasse para prosseguir o sa‐            A Companhia de Dança Trevo
eventos com apresentação cole‐       rau. Para nossa surpresa,             fez um maravilhoso espetáculo
tiva, que, ao longo do ano, se es‐   algumas crianças do Coral Inter‐      dançando vários ritmos com co‐
tenderá a todas as áreas da          geracional Vozes da Cidade de         reografias ótimas. E o público
Cidade de Deus.                      Deus ficaram de pé e pediram pa‐      não conseguia ficar parado só
    O primeiro Festival Ponto de     ra recitar um versinho. Foi muito     assistindo: todos se mexiam com
Cultura Itinerante Cidade de         lindo a coragem daquelas meni‐        cabeça, ombros, pés, pernas e
Deus foi realizado no dia 19 de      nas e a pureza do que elas fala‐      braços. O grupo de rapazes e mo‐
novembro de 2011, sábado, na         vam.     Uma      grande     atriz,   ças mostrou a integração e a res‐
quadra da Mocidade Unida de          compositora e poetisa, Srª Nahyl‐     ponsabilidade para apresentar
Jacarepaguá (Edgar Werneck,          de, mais conhecida como Tuca,         um ótimo trabalho.
1607 – Cidade de Deus).              recitou uma de suas belíssimas            Para fechar com chave de ou‐
    Esse primeiro Circuito Itine‐    obras. Naquele momento era só         ro, nossos amigos cineastas Pau‐
rante de Cultura foi um marco na     chegar ali a falar o que quisesse.    lo     Silva    e    Julio    Pecly
Cidade de Deus, devido aos inte‐     Eu também me empolguei e reci‐        apresentaram curtas metragens
grantes das instituições terem se    tei um poema da minha inesque‐        (pequenos filmes) importantíssi‐
envolvido por inteiro para que       cível mãe, Srª Obassy (A Paz é        mos para a reflexão do público
este evento acontecesse aten‐        Possível). Ao recitá‐la senti a       sobre determinadas situações
dendo as perspectivas da comu‐       presença dela ali conosco, foi        que acontecem em nosso cotidi‐
nidade. O público foi chegando,      muita emoção.                         ano.
7
                          A NOTÍCIA POR QUEM V IVE | JAN.‐MAR. 2012


Veja como foi a programa‐
                               A Economia Solidária na Cidade de Deus:
ção do evento:                 a organização dos artesãos por Maria Angélica Ponciano
13:00 ‐ Abertura: Atelier e                                             com materiais reciclados, descartá‐
Oficina de Artes Plásticas                                              veis, mostrando uma feira limpa,
Com: Gilmar Ferreira                                                    onde não há venda de garrafas de
                                                                        água e se evita fumar no espaço. Is‐
Curadoria: Roberto Cabral                                               to serve para ajudar na preservação
                                                                        do meio ambiente.
14:00 ‐ Sarau de Poesias                                                    A Cidade de Deus teve seu 1º Se‐
Favela tem Voz                                                          minário de Economia Solidária e Po‐
                                                                        líticas Públicas, nos dias 10 e 11 de
Com Rosalina Britto
                                  Durante um ano a Secretaria de        dezembro de 2011, no Ciep João Ba‐
                               Desenvolvimento Econômico Solidá‐        tista, e Festival no dia 15 de dezem‐
15:00 ‐ Grupo Vozes da Ci‐     rio da cidade do Rio de Janeiro (SE‐     bro do mesmo ano, na Paróquia Pai
dade de Deus – Coral Inter‐    DES) fez capacitações em vários          Eterno e São José. Os artesãos, nes‐
geracional                     seguimentos do empreendedorismo          se evento, estavam já sozinhos, co‐
Direção Musical: Neuma         na Cidade de Deus. Um desses seg‐        locando em prática aquilo que
Morais                         mentos é o de artesãos. Com criati‐      aprenderam.
                               vidade e vontade de aprender, eles           Uma das conquistas desses arte‐
Coordenação: Maria de                                                   sãos foi a escolha de dez pessoas pa‐
                               têm por finalidade aumentar a renda
Lourdes Braz                                                            ra exporem com outras comunidades
                               familiar e uma imaginação  a perder
                               de vista!                                do Rio de Janeiro (com qualidade do
16:00 ‐ Grupo Teatral Raiz        Com as capacitações, cursos, se‐      produto), no Quiosque 17, da Av.
da Liberdade                   minário de formação e festivais, cri‐    Atlântica. A Srª Laudelina é diretora
Espetáculo: As Largadas        aram comissões para entender e
                               participar das atividades. Participa‐    REUNIÃO: todas as terças feiras,
Direção e Texto: Victor        ram de festivais e seminários de for‐    às 18hs.          
Costa                          mação com a  SEDES fora da Cidade        Local: Agência Cidade de Deus de
Com Cilene Vieira e Daisy      do Rio de Janeiro, em Angra do Reis,     Desenvolvimento Local
Vieira                         Paraty, Mendes e Santa Maria
                               (Rio Grande do Sul).                     do quiosque e com a Srª Sueli são re‐
                                  A  Economia Solidária se baseia       presentantes da Cidade de Deus.
17:00 ‐ Cineclube Itineran‐    em praticas coletivas, justas, solidá‐   Eles também têm agora um box no
te Exibição de Curtas reali‐   rias e sustentáveis de geração de        mercadinho popular, na Cidade de
zados na Cidade de Deus        trabalho e renda. É um desenvolvi‐       Deus, em que pretendem realizar um
Com Paulo Silva e Julio Pe‐    mento que permite ações coletivas        projeto de reestruturação dos arte‐
cly                            do trabalho, distribui riqueza e gera    sãos da Cidade de Deus, grupo que
                               transformação social. Um novo mo‐        atualmente  conta com  100 associa‐
                               do de produzir, vender, comprar e        dos.
18:00 ‐     Encerramento:
                               trocar.
Cia. de Dança Trevo
                                  Segundo João e Daya, artesãos,
Coreografia: Lucio Santos      nos seminários de formação que ti‐
                               veram aprenderam a organizar, pla‐
Ficha Técnica do Evento:       nejar, montar e desmontar as
                               barracas, divulgar, finanças e docu‐
Coordenação Administrati‐      mentações necessárias  para realiza‐
va: Maria de Lourdes Braz      ções de um festival, que ainda
                               trabalha integrado com outros gru‐
                               pos culturais, por  exemplo: dança,
                               ginástica olímpica, capoeira etc.. O
                               objetivo dessa prática é o trabalho
8          A NOTÍCIA POR QUEM V IVE | JAN.‐MAR. 2012

Mestre Derli: A identidade de um personagem da cultura Negra
Conheça a história do mestre de capoeira que se criou na CDD e já ganhou prêmios internacionais

por Mônica Rocha
   Derli da Silva Costa é o conhe‐   da vida. Mas a capoeira era mais    Canadá pela contribuição do mo‐
cido Mestre Derli da Aliança Ariri   forte que tudo”. Não tinha bola     vimento negro”, além da “meda‐
de Capoeira, morador da Cidade       nem pipa que me tirasse de uma      lha 10 melhores da América em
de Deus. Nasceu no dia dois de       roda de capoeira”, conta. É atra‐   prol da capoeira”. Ele é conse‐
abril de 1956 em São                                                                 lheiro da confedera‐
Carlos, no Estácio, Rio                                                              ção internacional em
de Janeiro. Casado com                                                               prol da capoeira. Alu‐
Cristina tem duas filhas,                                                            nos criaram, no Ca‐
Darla e Darlene, e netos.                                                            nadá, dois grupos de
Este homem de méritos                                                                capoeira com o nome
compartilhou com o jor‐                                                              Aliança Ariri, em ho‐
nal um pouco da sua                                                                  menagem ao mestre.
história de coragem e                                                                Em 2011, Derli foi es‐
resistência. Quando pe‐                                                              colhido pelo cônsul
queno Derli era deixado                                                              Americano para fazer
com uma parenta pela                                                                 demonstração com
sua mãe que saía para                                                                seu grupo na vinda
trabalhar, e apanhava                                                                de Barack Obama na
muito. Por isso, acabou                                                              Cidade de Deus. Hoje
fugindo para a rua, levando seu      vés da capoeira que hoje Derlien‐   ele tem em sua filha, netos e
cachorro Rex e a viola de brin‐      sina e fortalece a cidadania dos    alunos “a marca da personalida‐
quedo. Com oito anos de idade,       jovens da Cidade de Deus. Sua fi‐   de de uma identidade da cultura
dormindo dentro de um carro          lha Darlene é capoeirista e seus    negra” e “os seguidores da di‐
abandonado, jogaram álcool ne‐       netos, Mateus, Derli, Deiseos‐      nastia”, comenta Derli.
le e tacaram fogo. Três pessoas      tom, são herdeiros da espécie.         Em 2011, o mestre recebeu o
acudiram o menino le‐                                                                prêmio Mama África,
vando para o hospital                                                                foi homenageado pe‐
da Lagoa. Eram seus                                                                  la Equador, Colôm‐
novos amigos que, que‐                                                               bia, Chile, Venezuela,
rendo cuidar dele recu‐                                                              teve apoio do SESC e
perado, ensinaram os                                                                 Federação Fluminen‐
primeiros passos de ca‐                                                              se de Capoeira. Em
poeira.                                                                              2012, todos os repre‐
   Tempos depois, sua                                                                sentantes do prêmio
mãe o encontra e pro‐                                                                Mama África voltam
mete nunca mais se se‐                                                               ao Brasil, agora na
parar.             Assim                                                             Cidade de Deus, pois
aconteceu, e vieram                                                                  o Troféu Mama África
morar na Cidade de                                                                   2012 vem com o no‐
Deus quando Derli ti‐                                                                me de Mestre Derli
nha cerca de dez anos                                                                impresso na base. A
de idade. Aqui conheceu mestre       Comenta M. Derli que viaja todo     CDD está junta no evento. Derli é
Noé e Mestre Rock e passou a         o Brasil com a sua roda e batiza‐   um homem de muitos feitos, em
frequentar rodas de capoeira. A      dos de capoeira.                    outro momento contaremos
capoeira falou mais forte que a         Homenageado nos fóruns co‐       mais. Sinônimo de resistência
dor: quando Derli chegava à ro‐      mo mestre de Jacarepaguá, Derli     cultural de capoeira, detentor da
da, tudo melhorava. “Tive ami‐       recebeu “Medalha Tiradentes”,       arte capoerista Derli.
gos que foram para o lado errado     duas “medalhas do consulado de
9
                          A NOTÍCIA POR QUEM V IVE | JAN.‐MAR. 2012

 Quase meio século e apenas uma escola do ensino médio
                        A história da educação na Cidade de Deus
por Cilene Vieira

                                                              Segun‐     chincha, entre outros).
                                                           do o Insti‐      Em 1977, foi inaugurado na
                                                           tuto          Praça da Bíblia, nos apartamen‐
                                                           Brasileiro    tos, o Centro Interescolar Muni‐
                                                           de Geo‐       cipal Pedro Aleixo, que foi uma
                                                           grafia e      das maravilhas da época, com as
                                                           Estatística   disciplinas de Técnicas Industri‐
                                                           (IBGE),       ais, Educação para o Lar, Cine
                                                           com o úl‐     Clube, Técnicas Agrícolas. Nesta
                                                           timo CEN‐     escola existia um amplo auditó‐
                                                           SO       de   rio, quadra de esportes e seu
                                                           2010, a Ci‐   prédio com quatro andares. No
                                                           dade de       primeiro momento, a escola
                                                           Deus tem      atendia apenas os alunos de 6ª e
                                                           aproxima‐     7ª séries. Com o decorrer dos
                                                           damente       anos, a unidade escolar passou a
   A Cidade de Deus foi construí‐    38 mil habitantes, mas os mora‐     atender da Educação Infantil ao
da pelo governador Carlos Lacer‐     dores discordam dessa pesquisa,     2º segmento do Ensino Funda‐
da,     para ser o conjunto          afirmando que a população local     mental (antigo Ginásio).
residencial dos funcionários pú‐     chega a 50 mil habitantes.             Como já foi mostrado anteri‐
blicos do antigo Estado da Gua‐         Para atender esta demanda, a     ormente, a Cidade de Deus tem
nabara.     A      obra    estava    Cidade de Deus tem doze Escolas     doze Escolas Municipais do Ensi‐
praticamente pronta, quando ele      Municipais, como: Alberto Ran‐      no Fundamental. Porém, os colé‐
deixou o governo. Seu sucessor,      gel, Alphonsus de Guimaraens,       gios do Ensino Médio que
Francisco Negrão de Lima, logo       Avertano
após a posse, em janeiro de 1966,    Rocha, Au‐
enfrentou um dos maiores tem‐        gusto Mag‐
porais da história da cidade, oca‐   ne,
sionando enchentes, tragédias e      Frederico
milhares de desabrigados, obri‐      Eyer, CIEP
gando‐o a abrir a Cidade de Deus     João Batista
para receber parte da população      dos Santos,
atingida. A medida era provisó‐      Monsenhor
ria, mas acabou sendo definitiva.    Cordioli, Jo‐
   Os desabrigados que ganha‐        sé Clemen‐
ram suas moradias na época           te, Juliano
eram oriundos de várias comuni‐      Moreira, CI‐
dades como: Morro da Providên‐       EP Luis Car‐
cia, Praia do Pinto, Favela do       los Prestes,
Esqueleto, Rocinha, Cruzada de       Pedro Aleixo e Professoranda        tínhamos na época eram dois
São Sebastião, Vidigal, entre ou‐    Leila Barcelos de Carvalho. Po‐     particulares, para atender toda a
tras.                                dem acreditar, todas essas Uni‐     comunidade. Em meados da dé‐
   Devido ao fato, a Cidade de       dades Escolares não atendem as      cada de 70 o Colégio José de
Deus cresceu rápida e desordena‐     necessidades dos moradores. Lo‐     Alencar, que era situado na Praça
damente. Primeiro vinham as          go, os responsáveis têm de pro‐     Principal da Cidade de Deus, na
mães com os filhos e maridos         curar outras escolas no entorno     Rua Edgard Werneck, atendia aos
(quando tinham). Depois, vi‐         (Freguesia, Taquara, Barra da Ti‐   que podiam pagar para estudar. E
nham os demais familiares.           juca, Tanque, Praça Seca, Pe‐       na década de 80 o Colégio BAIK,
10          A NOTÍCIA POR QUEM V IVE | JAN.‐MAR. 2012

situado no Bairro Araújo, também na
Rua Edgard Werneck, cobrava um valor        O jovem ...
menor e dava bolsas de estudo.              por Maria do Socoro
   Em 1983, no governo Leonel Brizola,
surgiu a primeira escola do ensino mé‐
                                               Através da Agência de Redes para Juventude, projeto
dio na CDD: Colégio Estadual Pedro Alei‐
                                            realizado pela Petrobrás em seis comunidades do Rio de
xo, que funcionava somente no horário
                                            Janeiro com UPP (Unidades de Polícia Pacificadora), jo‐
noturno no prédio cedido pelo municí‐
                                            vens entre 15 e 29 anos foram estimulados a agir em
pio, do CIMPA (Centro Interescolar Mu‐
                                            seus próprios territórios. As comunidades alcançadas
nicipal Pedro Aleixo), e oferecia apenas
                                            pelo projeto foram: Batan, Borel, Cantagalo, Chapéu
o curso de Contabilidade. Pelo quantita‐
                                            Mangueira/Babilônia, Cidade de Deus e Providência.
tivo de moradores que a Cidade de Deus
                                               Muitos projetos foram pensados pelos jovens mora‐
tinha essa única escola não atendia a
                                            dores da Cidade de Deus que participaram e alguns re‐
demanda. Logo os alunos continuavam
                                            ceberam uma premiação para que pudessem ser
obrigados a procurar escolas em outros
                                            desenvolvidos na comunidade. Na Cidade de Deus po‐
bairros. Mas, devido a conflitos com o
                                            demos citar os que ganharam na primeira banca: o Co‐
poder paralelo e a polícia, pondo em ris‐
                                            nexão Cultural e CDD na Tela. E, após passarem por uma
co a vida de todos que estudavam e tra‐
                                            desencubadora, foi a vez do Estilo Favella e CDD Para o
balhavam lá, o colégio foi transferido
                                            Mundo.
em 1996 para o prédio do CIEP João Ba‐
                                               Na edição desse mês trazemos para aqueles que não
tista dos Santos, que está localizado na
                                            souberam ou pouco souberam sobre o processo o que
Rua Edgard Werneck próximo da praça
                                            andam fazendo esses jovens e seus projetos. Confira na
principal da Cidade de Deus.
                                            página ao lado!
   Em 2003, com a fundação do Comitê
da Cidade de Deus, as instituições parti‐
cipantes eram divididas em grupos para
o debate sobre Políticas Públicas e a
Educação sempre foi um dos maiores
problemas. O Comitê convidou o Secre‐
tário de Educação, Vereadores, repre‐
sentantes da Educação do Estado,
Município e Federação. Tudo isso para
darmos uma solução na educação do
Ensino Médio na Cidade de Deus. Então,
em 2009 foi apresentado um projeto às
lideranças da comunidade para que fos‐
se implantada uma unidade do Colégio
Pedro II, que funcionaria nos três tur‐
nos. A população ficou eufórica, mas
nada disso saiu do papel e até hoje esta‐                                 Fotografia: Renan Otto
mos convivendo com a precariedade da
escola do Ensino Médio.
   A Cidade de Deus recebeu um presen‐
                                                               Facebook
te: a parceria do SESI (Serviço Social da
Indústria) com a Prefeitura, que em                               >>
2011 iniciou o Ensino Médio na Escola         http://www.facebook.com/conexaoculturalcdd
Municipal Alphonsus de Guimaraens,
iniciando com os alunos do supletivo                              Blog
que, com muito esforço, conseguiram                                >>
concluir o Ensino Fundamental e cami‐           http://conexaoculturalcdd.wordpress.com/
nham para a obtenção de novos conhe‐
cimentos do Ensino Médio e o que mais
vier.
11
                             A NOTÍCIA POR QUEM V IVE | JAN.‐MAR. 2012


        ... e sua atuação na Cidade de Deus
CONEXÃO CULTURAL                                       CUTUCANDO O JOVEM
por Luiza Nascimento Braga                               O que algumas crianças de escolas públicas da
                                                         Cidade de Deus estão pensando sobre vários
   O Conexão Cultural é mais que um projeto, é a marca temas
do protagonismo juvenil lutando a favor da democrati‐
zação cultural. Como assim? É o que você pode estar se
perguntando agora.
   Vimos que, na Cidade de Deus, falta espaço para a
manifestação da diversidade cultural e nossa proposta é
justamente essa. Estamos trabalhando como Produtores
Culturais na comunidade, fazendo com que a faceta
multicultural daqui venha à tona.
   "Tem galera do samba, chorinho, pagode, poesia, te‐
atro,      hip‐
hop... Opções
não faltam.
Só que o que
acaba aconte‐
cendo é que,
se o morador
da CDD quer
curtir     uma
música dife‐
rente atual‐                            Fotografia: Deco
mente, por exemplo, ele precisa se deslocar até outra
região, por não haver um 'teto' para os artistas se di‐
vulgarem. Agora me diz que sentido faz os moradores
irem tão longe quando na sua própria comunidade exis‐
te uma diversidade tão grande de artistas de qualida‐
de?” Foi através desse diagnóstico que Carolina
                                           Meireles,
                                           Guilherme
                                           Gonzalez,
                                           Luiza Braga e
                                           Ricardo Fer‐
                                           nandes re‐
                                           solveram
                                           criar o Cone‐
                                           xão Cultural
                                           CDD.
                       Fotografia: Deco       Estamos
circulando na internet uma campanha para quem quiser
doar livros, DVDs, revistas e CDs, desde que estejam em
bom estado. Nossa intenção é fazer com que a cultura
chegue a lugares onde o seu acesso é escasso ou pouco
usual. Para mais informações, fiquem ligados em nos‐
sas redes sociais.
12           A NOTÍCIA POR QUEM V IVE | JAN.‐MAR. 2012

Projeto Jovens Comunicadores e a Informática
por Miriam Andrade, educadora de informática da ASVI
   "Um país sem memória não é         Mundo esse que às vezes assusta     cas de artistas de televisão...
apenas um país sem passado, é         quem já estava aqui na última vi‐      Nossos meninos e meninas
um país sem futuro". É citando        sita do cometa Halley, mas que      precisam estar no mesmo pata‐
Rui Barbosa que anuncio aqui          para eles é impensável sem a pre‐   mar de qualificação dos seus
boas novas sobre o que acontece       sença dessas fantásticas máqui‐     concorrentes no mercado de tra‐
no nosso bairro.                      nas.                                balho, e a informática é peça
   Sob a direção de Maria do So‐                                          chave para o crescimento profis‐
corro Melo Brandão, presidente        "(...) eles conquistarão seu        sional de qualquer indivíduo. To‐
da ASVI (Associação Semente da        quinhão na sociedade, seu           mar posse desse recurso, que até
Vida da Cidade de Deus), inicia‐      lugar no mundo, não como um         bem pouco tempo era privilégio
se o Projeto Jovens Comunicado‐       passivo espectador, e sim como      de um grupo seleto da nossa so‐
res da Semente da Vida na Cidade      protagonistas"                      ciedade, é de uma gratificação
de Deus, com patrocínio do Insti‐                                         incomensurável, e é disto que
tuto Rio. Com a missão de resga‐         Não é estranho ouvirmos dos      também estamos tratando aqui:
tar a memória da comunidade e,        jovens a seguinte pergunta: “Co‐    oportunidades, crescimento, co‐
principalmente, incentivar o jo‐      mo vocês viviam sem internet”?      nhecimento e cultura, ou seja,
vem a ser protagonista na histó‐      Como costumo dizer: eles nasce‐     cidadania.
ria da comunidade e na                ram com as mãos no mouse. En‐          O material mais importante de
instituição, esse trabalho está       tão há de se tirar o maior          todo e qualquer processo está
ampliando os conhecimentos dos        proveito possível disso aliando     entre a cadeira e o teclado. É de
participantes, através de cursos e    memória, informática e MUITO        conhecimento e exercício deste
oficinas, nas áreas de informáti‐     trabalho.                           fato que eles conquistarão seu
ca, fotografia, vídeo, comunica‐         Com a ajuda do projeto, eles     quinhão na sociedade, seu lugar
ção, escrita etc..                    estão extraindo do computador       no mundo, não como um passivo
   Como responsável pela área de      muito mais do que “Orkuts”, “Fa‐    espectador, e sim como protago‐
informática, vejo a potencialida‐     cebooks” e “MSNs”. Aprendem         nistas.
de dessa ferramenta nas mãos          que Linux não é “coisa de Nerd”,       Como uma vez disse Pitágo‐
desses jovens, que lidam com          que o Office não é só um ícone      ras: “Eduque as crianças e não
tanta desenvoltura e naturalida‐      perdido na sua área de trabalho,    será necessário castigar aos ho‐
de nesse mundo de bits e bytes.       que um blog não é só para fofo‐     mens”.


Quadrinhos
por Rosalina Britto
                                                 Considerando que as imagens dos livros são elementos
                                              importantes na criação da memória, principalmente na
                                              infância e na adolescência, ...




                                                          … a educação está também naquele que não
                                                       só aprende a ler, mas também a ver.
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                            A NOTÍCIA POR QUEM V IVE | JAN.‐MAR. 2012

Parados na esquina, com poesia
por Viviane de Sales
                                        Quer participar do próximo Sarau
   A Cidade de Deus tem sido                   Poesia D’ Esquina?           dependente e num formato alter‐
palco do surgimento e amadure‐                                              nativo foi criada para reunir tex‐
                                      Quinta, 15/03 a partir de 19h30 no
cimento de diversas ações artís‐                                            tos de moradores e dos
                                      Tico’s Bar na Rua Carmelo, n°1 (em
ticas, nas mais diversas áreas:                                             frequentadores do Sarau: é o
                                      frente a E.M. Alphonsus de Guima‐
cinema, teatro, artes plásticas,                                            fanzine “Pensamento Livre!”,
                                      raens)
música e literatura. Entre os anos                                          que é distribuído em espaços pú‐
70 e 80, a produção teatral e lite‐    maior capilaridade no interior da    blicos como, por exemplo, a feira
rária era agitada por artistas que     Cidade de Deus e facilita cone‐      livre e os pontos de ônibus.
protagonizavam o movimento             xões a movimentos semelhantes            A Poesia D’ Esquina tem sido
comunitário e realizavam ativi‐        em outras áreas da cidade”,          espaço de reunir gerações: os Pe‐
dades culturais e políticas de re‐     aponta o escritor Wellington         res da Silva da área do Karatê
sistência à ditadura militar. No       França, que participava do Grupo     prometem marcar presença nos
final dos anos 70, jovens mora‐        Cultural Projeto, do conselho        próximos Saraus reunidos em fa‐
dores lançaram a revista “Nós”,        editorial da Revista “Nós” e que     mília. “Primeiro, fui convidada
que divulgava poetas locais,           é, hoje, um dos poetas organiza‐     através da distribuição dos fanzi‐
eventos culturais e ajudava na         dores do Sarau Poesia D’ Esqui‐      nes de poesia e mostrei a publi‐
captação de recursos para a pro‐       na.                                  cação a minha neta Ana Beatriz,
dução de uma peça teatral. Ape‐           O Sarau, que foi idealizado       de 8 anos, que insistiu em me
sar da pequena tiragem mensal,         para tornar‐se espaço de encon‐      acompanhar e de quieta passou a
tornou‐se uma das iniciativas          tro entre poetas da Cidade de        ser quem mais fala textos duran‐
mais marcantes no movimento li‐        Deus, já tem sido visitado por ar‐   te o Sarau”, conta a educadora
terário local: era a criatividade e    tistas das redondezas e de outras
o trabalho coletivo do que mais        favelas, como o Vidigal e a Roci‐
tarde veio a se tornar o Grupo         nha. Além da poesia, que natu‐
Cultural Projeto.                      ralmente é o prato principal, o
                                       encontro dialoga com o audiovi‐
                                       sual através da exibição de cur‐
                                       tas e com a música a partir de
                                       apresentações que vão do rap ao
                                       samba. A sambista Anahyde Mu‐
                                       niz, uma das principais estrelas
                                       da vida cultural da Cidade de
                                       Deus, apresentou‐se na primeira
                                       edição do Sarau e arrancou
                                       aplausos entusiasmados da pla‐    Clezenilda. Na última edição,
  Rosalina de Britto, no sarau         teia que, ainda tímida, experi‐   mais membros da família estive‐
                                       mentava estacionar num dia de     ram presentes: o adolescente
   A cena literária contemporâ‐        semana num bar de esquina – daí   Marcos e o patriarca Brasil, de 72
nea respira da história e da atua‐     o nome Poesia D’ Esquina – para   anos, que interpretou o poetinha
lidade de seus movimentos              ouvir, falar, multiplicar e diluirVinícius de Moraes.
artísticos. Nos últimos tempos, a      poesia.                              Outro poeta e agitador cultu‐
novidade tem sido a realização                                           ral da Poesia D’ Esquina, DJ Fula‐
do Sarau Poesia D’ Esquina, que       Quer mandar textos para o fanzine? no, revela planos para o futuro:
acontece mensalmente num bar             poesiadesquina@gmail.com        “A gente espera que o Sarau con‐
na região da Treze. “O movimen‐                                          tinue com um público diversifi‐
to literário contemporâneo conta         Para os poetas que partici‐ cado e ao mesmo tempo unido
com maior velocidade de comu‐          pam, a melhor forma de divulgar pela poesia. Mais moradores da
nicação e com o acesso mais de‐        poesia é necessariamente com Cidade de Deus publicando li‐
mocrático à informação e ao            poesia. Uma nova publicação in‐ vros, mais intercâmbio com o que
conhecimento. Com isso, produz                                           rola em outros lugares”.
14           A NOTÍCIA POR QUEM V IVE | JAN.‐MAR. 2012

Obras na Cidade de Deus ‐ Bairro Maravilha
por Felipe Zohler

   As obras de saneamento bási‐
co e pavimentação de ruas e tra‐
vessas na Cidade de Deus estão
aceleradas, principalmente as
partes de escavação, abertura
das valas e colocação de tubula‐
ção do esgoto sanitário. Já o fe‐
chamento das valas e calçadas é
mais lento, e isso tem gerado
descontentamento na popula‐
ção. As pessoas falam que é mui‐
to tempo de lama e areia nas
ruas.
   Vale lembrar a população do
Projeto Bairro Maravilha, para
que possamos ficar atentos às
obras e promessas feitas.
   Veja no folder qual é a propos‐
ta do projeto:




    Maria CDD
    A travessia
        por Monica Rocha
15
                         A NOTÍCIA POR QUEM V IVE | JAN.‐MAR. 2012

Avaliação do Projeto Bairro Educador Cidade de Deus em 2011
por Maria do Socoro


   O Projeto Bairro                                                                      do apresenta‐
Educador faz parte                                                                       do à comuni‐
do programa Esco‐                                                                        dade no final
las do Amanhã e é                                                                        de 2011 e o
realizado pelo CI‐                                                                       PPP (Projeto
EDS (Centro Inte‐                                                                        Político Peda‐
grado de Estudos e                                                                       gógico) da es‐
Programas de De‐                                                                         cola        foi
senvolvimento                                                                            relacionado à
Sustentável). Vári‐                                                                      Comunicação.
as atividades tem                                                                           ‐ O Bairro
sido realizadas pe‐                                                                      Educador e
lo projeto nas esco‐                                                                     algumas es‐
las com o objetivo                                                                       colas contri‐
de contribuir na                                                                         buíram     em
melhoria do IDEB                                                                         ações que a
(Índice de Desen‐                                                                        Natura desen‐
volvimento da Edu‐                                                                       volveu na co‐
                      Ida dos alunos do CIEP a Horta Jardim do Anil
cação Básica) e                                                                          munidade.
diminuir a evasão escolar. Essasa   caso da Escola Municipal Alberto Em particular citamos o CIEP Luiz
tividades são sempre realizadas Rangel que, no final do ano, fez Carlos Prestes, que cedeu o espa‐
por parceiros que podem ou não uma belíssima culminância com ço para a realização de uma ação,
ser da comunidade, conforme o diversos trabalhos: teatro, pes‐ e a Escola Municipal Pedro Alei‐
Projeto Político Pedagógico da quisas, música, grafite com rela‐ xo, que levou a sua banda de per‐
escola.                             ção ao João Cândido e sua luta cussão num segundo momento.
   No ano de 2011 as gestoras do na revolta da Chibata.                  ‐ Foi desenvolvida na Escola
projeto em Cidade de Deus, Maria       ‐ Jornal “O Prestinho”: foi in‐ Municipal José Clemente Pereira
do Socorro e Francisca Assis, centivado pelo Bairro Educador e uma gincana envolvendo toda a
contribuíram com as seguintes desenvolvido em parceria com escola e os projetos que atuam
ações nas escolas:                  uma turma da professora Ângela, na mesma, como: Bairro Educa‐
   ‐ Exposição João Cândido do no CIEP Luiz Carlos Prestes, sen‐ dor, SANGARI (Cientistas do
Projeto Memória:                                                                    Amanhã), IABAS
em parceria com a                                                                   (Programa Saúde
Agência Banco do                                                                    nas Escolas) e CE‐
Brasil Cidade de                                                                    CIP, incentivados
Deus, que foi rea‐                                                                  pelo Programa Es‐
lizada nas esco‐                                                                    colas do Amanhã e
las: Pedro Aleixo,                                                                  UNESCO.
Alberto Rangel,                                                                        ‐ Como o proje‐
José Clemente e                                                                     to se estende à Es‐
CIEP Luiz Carlos                                                                    cola      Municipal
Prestes. Cada uma                                                                   Helena        Lopes
das escolas apro‐                                                                   Abranches,       no
veitou a exposi‐                                                                    Gardênia      Azul,
ção como pôde                                                                       também contribuí‐
nas suas aulas                                                                      mos com o PPP
com trabalhos es‐                                                                   (Projeto Político
critos, culminân‐                                                                   Pedagógico) desta
cias, etc.. Foi o       Aula do Curso Daniel Azulay na E.M.Pedro Aleixo             escola, que era so‐
16          A NOTÍCIA POR QUEM V IVE | JAN.‐MAR. 2012

bre o Ano                                                            com os alunos do ACELERA II, da
Interna‐                                                             professora Sílvia, sobre sexuali‐
cional das                                                           dade.
Florestas,                                                              Esses são só alguns exemplos
e levamos                                                            de atividades, ações, parcerias
duas tur‐                                                            que o Bairro Educador teve em
mas para                                                             2011. Em 2012 outras metas, par‐
visitar a                                                            cerias, ações serão desenvolvidas
Horta                                                                e esperamos contar com a comu‐
Jardim do                                                            nidade para que possamos tornar
Anil.                                                                a Cidade de Deus um verdadeiro
   Na Es‐                                                            Bairro Educador, e para que nos‐
cola Mu‐                                                             sas crianças se sintam felizes na
nicipal                                                              escola e possam se desenvolver
Professo‐                                                            com mais qualidade.
randa                                                                   Nós, como moradores, pode‐
Leila Bar‐ Professor do PEJA explicando sobre a   exposição Joâo     mos contribuir com a direção e
cellos de Cândido na E.M.Alberto Rangel                              com os professores, buscando na
Carvalho,                                                            escola como podemos fazer isso,
a partir de um curso e exposição  Meu Amigo Portinari com os alu‐    pois, acreditem: muitas coisas
sobre Cândido Portinari ofereci‐ nos da Professora Viviane Cunha.    podem ser feitas para contribuir‐
do pela Casa de Cultura em frente Esta atividade foi uma continua‐   mos na Educação de nossas cri‐
à escola, foi realizada a Trilha ção do trabalho que foi iniciado    anças.


Lançamento da segunda edição do Jornal "A notícia por quem vive"
por Mônica    Rocha   e   Marília
Gonçalves

   No final de 2011, lançamos,
com grande comemoração, a
segunda edição do Jornal da
Cidade de Deus. A Notícia Por
Quem Vive foi uma conquista de
um grupo que não brincou em
serviço. Depois da primeira
edição em outubro de 2010, o
jornal foi contemplado com um
edital do Ministério da Cultura
que permitiu a produção da
segunda edição, a realização de
diversas oficinas e, com o apoio
de      parceiros     como     o
SOLTEC/UFRJ e o SESC, a
consolidação e superação deste
grupo      de     comunicadores
populares. A Notícia é feita por
uma gente que luta por
autonomia e não abre mão da                                               Acesse o portal da CDD
cidadania. Participe do jornal
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interesse através do Portal
Comunitário da Cidade de Deus.

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Grupo Raízes da Terra: uma conquista da juventude do assentamento Tiracanga
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Jornal janeiro 2012 Associação De Cultura
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A primeira mulher a puxar samba na avenida e João Gomes recebe prêmio

  • 1. Cidade de Deus 1 A NOTÍCIA POR QUEM V IVE | JAN.‐MAR. 2012 Março de 2012 ‐ Ano III ‐ No 3 Parados na esquina, com poesia... A Cidade de Deus tem sido palco do surgimento e amadurecimento de diversas ações artísticas, nas mais diversas áreas: cinema, teatro, artes plásticas, música e literatura. 11 A Economia Solidária na Cidade de Deus: a organização dos artesãos A Economia Solidária se baseia em praticas coletivas, justas, solidárias e sustentáveis de geração de trabalho e renda. 7 Avaliação do Projeto Bairro Educador Cidade de Deus em 2011 Várias atividades tem sido realizadas pelo projeto nas escolas com o objetivo de contribuir na melhoria do IDEB 15 E MAIS... A primeira mulher a puxar samba na avenida..........3 O jovem e sua atuação na Cidade de Deus..........10 João Gomes recebe premio Mestre 2011.................4 Projeto Jovens Comunicadores e a Informática...12 Quadrinho também é comunicação.......................5 Sarau de poesia na Cidade de Deus...................13 Ponto de Cultura Itinerante Cidade de Deus...........6 Obras na Cidade de Deus ‐ Bairro Maravilha........14 A identidade de um personagem da cultura Negra...8 Maria CDD....................................................14 A história da educação na Cidade de Deus..............9 Lançamento da segunda edição do Jornal .........16
  • 2. 2 A NOTÍCIA POR QUEM V IVE | JAN.‐MAR. 2012 Editorial por Maria do Socorro Melo Brandão, moradora, representante do portal e presidente da ASVI CDD Para mim é uma honra ter trabalhos. Somos gratos por essa muito no visual, com bastantes sido convidada para fazer o aposta e hoje nos damos muito fotos relacionadas aos assuntos editorial desta 3ª edição do mais de nós quando começamos e veio a proposta das “tirinhas Jornal A Noticia por quem Vive. a preparar uma tiragem. educativas”, com temas do dia a A ASVI CDD (Associação Neste 3° número o leitor irá dia, feitas por moradoras e Semente da Vida da Cidade de ver um pouco de cada coisa. colaboradoras do jornal. Deus) fica particularmente Uma Cidade de Deus com Então, você está sendo satisfeita em estar contribuindo artesanato, poesia, jovens convidado a conhecer um pouco com moradores interessados em realizando projetos mais de Cidade de Deus através mostrar a “cara da independentes ou não. Vai dessas páginas, e por que não comunidade”, não deixando de saber que a Cidade de Deus tem também não ser um colaborador, falar do que é negativo, mas uma cultura premiada. patrocinador etc.? Não deixe de exaltando o que temos de Vamos analisar como anda a ler na última página como pode melhor. educação de nossas crianças: fazer isso. É importante que o morador quais são as expectativas Encerro agradecendo pelo se sinta realmente um futuras? Como andam as empenho de todos, em especial protagonista dentro da Cidade negociações para uma escola de à equipe do SOLTEC/UFRJ que, de Deus. Então hoje já podemos Ensino Médio na comunidade? no final de 2011, contribuiu com contar com o Portal Comunitário Afinal, nossas crianças têm que os colaboradores do Jornal na (www.cidadededeus.org.br) e, ir estudar em lugares muito elaboração do nosso Regimento agora, com o jornal. Tudo fruto distantes atrapalhando um Interno e agora estão de pessoas que vieram pouco a qualidade do estudo. colaborando na correção de acreditando que podíamos Para que o jornal ficasse mais nossas matérias e na produzir e apostaram nestes dinâmico, pensamos em investir diagramação desta edição. Expediente ‐ Janeiro a Março de 2012 Fundadores: Ariana Apolinário, Cilene Vieira, Dara Bandeira, Dayse Vieira, Felipe Brum, Joana da Conceição Campos, João Carlos Souza, José Alberto, Landerson Soares, Leila Martiniano, Maria Angélica Ponciano, Marília Gonçalves, Mônica Rocha, Rita de Cássia, Rosalina Brito, Valéria Barbosa da Silva, Julcinara Vilela Membros do jornal: Maria Angélica Ponciano, Cilene Vieira, Felipe Brum, Joana da Conceição Campos, José Alberto, Julcinara Vilela, Mônica Rocha, Rosalina Britto Colaboradores: Luiza Nascimento Braga, Míriam Andrade, Viviane de Sales Revisão de Textos: Marília Gonçalves Diagramação: Alan Tygel Agradecimentos: Conexão Cultural Apoio: SOLTEC/UFRJ, SESC Este jornal foi diagramado utilizando somente programas de computador livres: Scribus, LibreOffice e Ubuntu. Use Software Livre. Visite o Portal da CDD >> http://www.cidadededeus.org.br
  • 3. 3 A NOTÍCIA POR QUEM V IVE | JAN.‐MAR. 2012 Anahyde: das “Cantoras da Madrugada da Rádio Mayrink Veiga” a primeira mulher a puxar samba na avenida por Mônica Rocha Anahyde é Carioca de apelido Zum”, no Auditório, a interpre‐ Tuca. Com 78 anos dedicados à tação de Tuca foi destacada. música e ao teatro, ela reivindi‐ Uma satisfação foi ganhar o ca o título de primeira mulher a troféu homenagem a Cartola. puxar o samba enredo do Bloco Compositora, atriz, roteirista, Independentes da Barão do Rio artista plástica, premiada pelo Comprido na praça 11. maestro Paulo da Hora Alcântra Quando o marido Valter Praça pela sua marchinha da terceira 11 era vivo, Anahyde era compo‐ idade. Anahyde é a compositora sitora da escola de samba na Ci‐ do Hino da Terceira Idade, ofici‐ dade de Deus. “Época em que as alizado pela Câmara dos Verea‐ mulheres não ganhavam samba dores com menção honrosa que enredo”, lembra a sambista, po‐ lhe rendeu várias reportagens. O rém com o tema “Paraíso Negro hino do Retiro dos Artistas é da Zumbi do Palmares”, composição autoria de Tuca, e esse ano vem feita com sua parceira Obassy, de Engenho de Dentro. Ela fez com a gravação do Cachorro Bi‐ ganharam em 5° lugar algo iné‐ espetáculo com a atriz Marisa lau em uma mídia. Tuca contri‐ dito para uma mulher e levaram Orth, e participa do Grupo de Te‐ bui de forma decisiva no sucesso o troféu. atro do Retiro dos Artistas, onde das peças teatrais com seu gran‐ Cantora da madrugada, na rá‐ colabora com a dramaturgia. Na de talento de atriz e contribui dio Mayrink Veiga, Anahyde ga‐ CDD, colabora com o Grupo de com quadros inteiros com a dra‐ nhou o troféu de melhor Senhoras no SESI. Interpretando maturgia valorizando com tex‐ intérprete e melhor música, no Clara Nunes em “Tem Zum, Zum, tos inéditos as peças que programa de Aldeson Alves. Até participa. hoje Anahyde guarda o troféu. Vou parar um pouco da histó‐ Quando chegou na Cidade de ria de Anahyde com uma parte Deus, depois da premiação, foi da letra do samba de “Tuca e recebida com surpresa, e por on‐ Obassy”, em homenagem a Zum‐ de passava as pessoas chama‐ bi: Em cada negro que nasce ele vam pelo seu nome e davam sobreviveu traído ele foi execu‐ parabéns. tado em cada canto um Zumbi Anahyde teve suas músicas Iluminado. Por isso Quando che‐ transformadas em peça de teatro ga o carnaval negros e brancos no projeto Marta Maia, no SESC enriquecem o visual. Apoios: Patrocinador:
  • 4. 4 A NOTÍCIA POR QUEM V IVE | JAN.‐MAR. 2012 Cidade de Deus através do João Gomes recebe premio Mestre 2011 pela SEC por Mõnica Rocha João Gomes, o nosso Mestre Miúdo da Folia de Reis, completa 66 anos dedicados à Bandeira do Divino. Mineiro de Itapiruna, aos 10 anos de idade é iniciado como palhaço no reisado. Quando che‐ ga à Cidade de Deus, em 1979, se torna o mestre da folia “Os Três Reis do Oriente”, saída no ciclo natalino a Bandeira de Reis mui‐ tos acreditam no poder de cura. Faz parte da do Estado e cultura brasileira e já é considerada pon‐ to de cultura. A SEC (Secretaria de Estado e Cultura) reconheceu a contribui‐ ção dos mestres populares e ma‐ nutenção do que hoje é patrimônio imaterial “Folia de Reis”, conforme o texto abaixo, retirado do prêmio de concessão: “Apoio a concessão de premia‐ ção aos mestres de cultura popu‐ lar, e premiação a João Gomes pelo desenvolvimento da área de cultura popular e seus segmen‐ tos.” Parabéns, Miúdo, a história de vida que é de implementação aos saberes populares e salve Os Três Reis do Oriente.
  • 6. 6 A NOTÍCIA POR QUEM V IVE | JAN.‐MAR. 2012 O 1°Festival Ponto de Cultura Itinerante Cidade de Deus por Cilene Vieira O Ponto de Cultura Itinerante observando o espaço da quadra O Coral da Casa de Santa Ana da Cidade de Deus é um Coletivo de samba e daqui a pouco já es‐ deu um show de interpretação, de artistas formado na comuni‐ tavam participando da oficina de cantando várias músicas de dife‐ dade, no ano de 2010. Apoiado Artes Plásticas, coordenada pelo rentes estilos que mexeram mui‐ pela Secretaria Estadual de Cul‐ Gilmar Ferreira. Naquele momen‐ to com o público, que cantava tura do RJ, dentro do Projeto to, todas as gerações se integra‐ baixinho para não atrapalhar o Mais Cultura (MinC), e tendo co‐ vam para produzir alguma coisa grupo na apresentação. Todos fi‐ mo proponente a Casa de Santa e mostrar para o público. Muitos caram maravilhados com o coral Ana, presidida por Maria de estavam tão concentrados no fazendo coreografias. Foi muito Lourdes Braz, o Coletivo reúne contato do pincel com a tinta e o lindo e não posso esquecer de fa‐ canto, artes cênicas, artes plás‐ papel, que ficavam alguns minu‐ lar que a professora de música ticas, audiovisual, música, dança tos mergulhados na sua criativi‐ Neuma Morais, mesmo com pro‐ e literatura. dade, alguns até desconheciam blemas de saúde, não deixou de No ano de 2010, o grupo se tal dom artístico. orientar o Coral. Ainda teve a capacitou em elaboração e for‐ Ao iniciar o Sarau de Poesias, apresentação do balé com as cri‐ matação de projetos culturais, anças, que foi hilária. E a Maria através de seminários promovi‐ de Lourdes, com sua equipe de dos pelo próprio Ponto, e pelo trabalho, era só alegria vendo o Curso Cultura Portátil, realizado Coral e o balé se apresentar. pela Farmanguinhos/FIOCRUZ. O Grupo Teatral Raiz da Liber‐ Nesta segunda etapa, o grupo dade apresentou o espetáculo tem por objetivo difundir arte e “As Largadas”, que mostra a rea‐ cultura e compartilhar seus pro‐ lidade do que é viver só, quando cessos criativos com a comuni‐ a idade vai avançando e os fami‐ dade. Ampliar propostas e liares não se preocupam e ainda reflexões relativas ao ambiente e há a solidariedade de alguns à história da Cidade de Deus, a Rosalina (uma das fundadoras amigos. Tiveram algumas cenas promovendo assim a recupera‐ deste jornal), sempre despacha‐ com muito bate boca e outras ção, caracterização e manuten‐ da, começou a recitar suas obras, muito engraçadas. A interação ção da cultura local. mas de olho para que alguém le‐ com a plateia foi ótima. Será realizado um circuito de vantasse para prosseguir o sa‐ A Companhia de Dança Trevo eventos com apresentação cole‐ rau. Para nossa surpresa, fez um maravilhoso espetáculo tiva, que, ao longo do ano, se es‐ algumas crianças do Coral Inter‐ dançando vários ritmos com co‐ tenderá a todas as áreas da geracional Vozes da Cidade de reografias ótimas. E o público Cidade de Deus. Deus ficaram de pé e pediram pa‐ não conseguia ficar parado só O primeiro Festival Ponto de ra recitar um versinho. Foi muito assistindo: todos se mexiam com Cultura Itinerante Cidade de lindo a coragem daquelas meni‐ cabeça, ombros, pés, pernas e Deus foi realizado no dia 19 de nas e a pureza do que elas fala‐ braços. O grupo de rapazes e mo‐ novembro de 2011, sábado, na vam. Uma grande atriz, ças mostrou a integração e a res‐ quadra da Mocidade Unida de compositora e poetisa, Srª Nahyl‐ ponsabilidade para apresentar Jacarepaguá (Edgar Werneck, de, mais conhecida como Tuca, um ótimo trabalho. 1607 – Cidade de Deus). recitou uma de suas belíssimas Para fechar com chave de ou‐ Esse primeiro Circuito Itine‐ obras. Naquele momento era só ro, nossos amigos cineastas Pau‐ rante de Cultura foi um marco na chegar ali a falar o que quisesse. lo Silva e Julio Pecly Cidade de Deus, devido aos inte‐ Eu também me empolguei e reci‐ apresentaram curtas metragens grantes das instituições terem se tei um poema da minha inesque‐ (pequenos filmes) importantíssi‐ envolvido por inteiro para que cível mãe, Srª Obassy (A Paz é mos para a reflexão do público este evento acontecesse aten‐ Possível). Ao recitá‐la senti a sobre determinadas situações dendo as perspectivas da comu‐ presença dela ali conosco, foi que acontecem em nosso cotidi‐ nidade. O público foi chegando, muita emoção. ano.
  • 7. 7 A NOTÍCIA POR QUEM V IVE | JAN.‐MAR. 2012 Veja como foi a programa‐ A Economia Solidária na Cidade de Deus: ção do evento: a organização dos artesãos por Maria Angélica Ponciano 13:00 ‐ Abertura: Atelier e com materiais reciclados, descartá‐ Oficina de Artes Plásticas veis, mostrando uma feira limpa, Com: Gilmar Ferreira onde não há venda de garrafas de água e se evita fumar no espaço. Is‐ Curadoria: Roberto Cabral to serve para ajudar na preservação do meio ambiente. 14:00 ‐ Sarau de Poesias A Cidade de Deus teve seu 1º Se‐ Favela tem Voz minário de Economia Solidária e Po‐ líticas Públicas, nos dias 10 e 11 de Com Rosalina Britto Durante um ano a Secretaria de dezembro de 2011, no Ciep João Ba‐ Desenvolvimento Econômico Solidá‐ tista, e Festival no dia 15 de dezem‐ 15:00 ‐ Grupo Vozes da Ci‐ rio da cidade do Rio de Janeiro (SE‐ bro do mesmo ano, na Paróquia Pai dade de Deus – Coral Inter‐ DES) fez capacitações em vários Eterno e São José. Os artesãos, nes‐ geracional seguimentos do empreendedorismo se evento, estavam já sozinhos, co‐ Direção Musical: Neuma na Cidade de Deus. Um desses seg‐ locando em prática aquilo que Morais mentos é o de artesãos. Com criati‐ aprenderam. vidade e vontade de aprender, eles Uma das conquistas desses arte‐ Coordenação: Maria de sãos foi a escolha de dez pessoas pa‐ têm por finalidade aumentar a renda Lourdes Braz ra exporem com outras comunidades familiar e uma imaginação  a perder de vista! do Rio de Janeiro (com qualidade do 16:00 ‐ Grupo Teatral Raiz Com as capacitações, cursos, se‐ produto), no Quiosque 17, da Av. da Liberdade minário de formação e festivais, cri‐ Atlântica. A Srª Laudelina é diretora Espetáculo: As Largadas aram comissões para entender e participar das atividades. Participa‐ REUNIÃO: todas as terças feiras, Direção e Texto: Victor ram de festivais e seminários de for‐ às 18hs.           Costa mação com a  SEDES fora da Cidade Local: Agência Cidade de Deus de Com Cilene Vieira e Daisy do Rio de Janeiro, em Angra do Reis, Desenvolvimento Local Vieira Paraty, Mendes e Santa Maria (Rio Grande do Sul). do quiosque e com a Srª Sueli são re‐ A  Economia Solidária se baseia presentantes da Cidade de Deus. 17:00 ‐ Cineclube Itineran‐ em praticas coletivas, justas, solidá‐ Eles também têm agora um box no te Exibição de Curtas reali‐ rias e sustentáveis de geração de mercadinho popular, na Cidade de zados na Cidade de Deus trabalho e renda. É um desenvolvi‐ Deus, em que pretendem realizar um Com Paulo Silva e Julio Pe‐ mento que permite ações coletivas projeto de reestruturação dos arte‐ cly do trabalho, distribui riqueza e gera sãos da Cidade de Deus, grupo que transformação social. Um novo mo‐ atualmente  conta com  100 associa‐ do de produzir, vender, comprar e dos. 18:00 ‐ Encerramento: trocar. Cia. de Dança Trevo Segundo João e Daya, artesãos, Coreografia: Lucio Santos nos seminários de formação que ti‐ veram aprenderam a organizar, pla‐ Ficha Técnica do Evento: nejar, montar e desmontar as barracas, divulgar, finanças e docu‐ Coordenação Administrati‐ mentações necessárias  para realiza‐ va: Maria de Lourdes Braz ções de um festival, que ainda trabalha integrado com outros gru‐ pos culturais, por  exemplo: dança, ginástica olímpica, capoeira etc.. O objetivo dessa prática é o trabalho
  • 8. 8 A NOTÍCIA POR QUEM V IVE | JAN.‐MAR. 2012 Mestre Derli: A identidade de um personagem da cultura Negra Conheça a história do mestre de capoeira que se criou na CDD e já ganhou prêmios internacionais por Mônica Rocha Derli da Silva Costa é o conhe‐ da vida. Mas a capoeira era mais Canadá pela contribuição do mo‐ cido Mestre Derli da Aliança Ariri forte que tudo”. Não tinha bola vimento negro”, além da “meda‐ de Capoeira, morador da Cidade nem pipa que me tirasse de uma lha 10 melhores da América em de Deus. Nasceu no dia dois de roda de capoeira”, conta. É atra‐ prol da capoeira”. Ele é conse‐ abril de 1956 em São lheiro da confedera‐ Carlos, no Estácio, Rio ção internacional em de Janeiro. Casado com prol da capoeira. Alu‐ Cristina tem duas filhas, nos criaram, no Ca‐ Darla e Darlene, e netos. nadá, dois grupos de Este homem de méritos capoeira com o nome compartilhou com o jor‐ Aliança Ariri, em ho‐ nal um pouco da sua menagem ao mestre. história de coragem e Em 2011, Derli foi es‐ resistência. Quando pe‐ colhido pelo cônsul queno Derli era deixado Americano para fazer com uma parenta pela demonstração com sua mãe que saía para seu grupo na vinda trabalhar, e apanhava de Barack Obama na muito. Por isso, acabou Cidade de Deus. Hoje fugindo para a rua, levando seu vés da capoeira que hoje Derlien‐ ele tem em sua filha, netos e cachorro Rex e a viola de brin‐ sina e fortalece a cidadania dos alunos “a marca da personalida‐ quedo. Com oito anos de idade, jovens da Cidade de Deus. Sua fi‐ de de uma identidade da cultura dormindo dentro de um carro lha Darlene é capoeirista e seus negra” e “os seguidores da di‐ abandonado, jogaram álcool ne‐ netos, Mateus, Derli, Deiseos‐ nastia”, comenta Derli. le e tacaram fogo. Três pessoas tom, são herdeiros da espécie. Em 2011, o mestre recebeu o acudiram o menino le‐ prêmio Mama África, vando para o hospital foi homenageado pe‐ da Lagoa. Eram seus la Equador, Colôm‐ novos amigos que, que‐ bia, Chile, Venezuela, rendo cuidar dele recu‐ teve apoio do SESC e perado, ensinaram os Federação Fluminen‐ primeiros passos de ca‐ se de Capoeira. Em poeira. 2012, todos os repre‐ Tempos depois, sua sentantes do prêmio mãe o encontra e pro‐ Mama África voltam mete nunca mais se se‐ ao Brasil, agora na parar. Assim Cidade de Deus, pois aconteceu, e vieram o Troféu Mama África morar na Cidade de 2012 vem com o no‐ Deus quando Derli ti‐ me de Mestre Derli nha cerca de dez anos impresso na base. A de idade. Aqui conheceu mestre Comenta M. Derli que viaja todo CDD está junta no evento. Derli é Noé e Mestre Rock e passou a o Brasil com a sua roda e batiza‐ um homem de muitos feitos, em frequentar rodas de capoeira. A dos de capoeira. outro momento contaremos capoeira falou mais forte que a Homenageado nos fóruns co‐ mais. Sinônimo de resistência dor: quando Derli chegava à ro‐ mo mestre de Jacarepaguá, Derli cultural de capoeira, detentor da da, tudo melhorava. “Tive ami‐ recebeu “Medalha Tiradentes”, arte capoerista Derli. gos que foram para o lado errado duas “medalhas do consulado de
  • 9. 9 A NOTÍCIA POR QUEM V IVE | JAN.‐MAR. 2012 Quase meio século e apenas uma escola do ensino médio A história da educação na Cidade de Deus por Cilene Vieira Segun‐ chincha, entre outros). do o Insti‐ Em 1977, foi inaugurado na tuto Praça da Bíblia, nos apartamen‐ Brasileiro tos, o Centro Interescolar Muni‐ de Geo‐ cipal Pedro Aleixo, que foi uma grafia e das maravilhas da época, com as Estatística disciplinas de Técnicas Industri‐ (IBGE), ais, Educação para o Lar, Cine com o úl‐ Clube, Técnicas Agrícolas. Nesta timo CEN‐ escola existia um amplo auditó‐ SO de rio, quadra de esportes e seu 2010, a Ci‐ prédio com quatro andares. No dade de primeiro momento, a escola Deus tem atendia apenas os alunos de 6ª e aproxima‐ 7ª séries. Com o decorrer dos damente anos, a unidade escolar passou a A Cidade de Deus foi construí‐ 38 mil habitantes, mas os mora‐ atender da Educação Infantil ao da pelo governador Carlos Lacer‐ dores discordam dessa pesquisa, 2º segmento do Ensino Funda‐ da, para ser o conjunto afirmando que a população local mental (antigo Ginásio). residencial dos funcionários pú‐ chega a 50 mil habitantes. Como já foi mostrado anteri‐ blicos do antigo Estado da Gua‐ Para atender esta demanda, a ormente, a Cidade de Deus tem nabara. A obra estava Cidade de Deus tem doze Escolas doze Escolas Municipais do Ensi‐ praticamente pronta, quando ele Municipais, como: Alberto Ran‐ no Fundamental. Porém, os colé‐ deixou o governo. Seu sucessor, gel, Alphonsus de Guimaraens, gios do Ensino Médio que Francisco Negrão de Lima, logo Avertano após a posse, em janeiro de 1966, Rocha, Au‐ enfrentou um dos maiores tem‐ gusto Mag‐ porais da história da cidade, oca‐ ne, sionando enchentes, tragédias e Frederico milhares de desabrigados, obri‐ Eyer, CIEP gando‐o a abrir a Cidade de Deus João Batista para receber parte da população dos Santos, atingida. A medida era provisó‐ Monsenhor ria, mas acabou sendo definitiva. Cordioli, Jo‐ Os desabrigados que ganha‐ sé Clemen‐ ram suas moradias na época te, Juliano eram oriundos de várias comuni‐ Moreira, CI‐ dades como: Morro da Providên‐ EP Luis Car‐ cia, Praia do Pinto, Favela do los Prestes, Esqueleto, Rocinha, Cruzada de Pedro Aleixo e Professoranda tínhamos na época eram dois São Sebastião, Vidigal, entre ou‐ Leila Barcelos de Carvalho. Po‐ particulares, para atender toda a tras. dem acreditar, todas essas Uni‐ comunidade. Em meados da dé‐ Devido ao fato, a Cidade de dades Escolares não atendem as cada de 70 o Colégio José de Deus cresceu rápida e desordena‐ necessidades dos moradores. Lo‐ Alencar, que era situado na Praça damente. Primeiro vinham as go, os responsáveis têm de pro‐ Principal da Cidade de Deus, na mães com os filhos e maridos curar outras escolas no entorno Rua Edgard Werneck, atendia aos (quando tinham). Depois, vi‐ (Freguesia, Taquara, Barra da Ti‐ que podiam pagar para estudar. E nham os demais familiares. juca, Tanque, Praça Seca, Pe‐ na década de 80 o Colégio BAIK,
  • 10. 10 A NOTÍCIA POR QUEM V IVE | JAN.‐MAR. 2012 situado no Bairro Araújo, também na Rua Edgard Werneck, cobrava um valor O jovem ... menor e dava bolsas de estudo. por Maria do Socoro Em 1983, no governo Leonel Brizola, surgiu a primeira escola do ensino mé‐ Através da Agência de Redes para Juventude, projeto dio na CDD: Colégio Estadual Pedro Alei‐ realizado pela Petrobrás em seis comunidades do Rio de xo, que funcionava somente no horário Janeiro com UPP (Unidades de Polícia Pacificadora), jo‐ noturno no prédio cedido pelo municí‐ vens entre 15 e 29 anos foram estimulados a agir em pio, do CIMPA (Centro Interescolar Mu‐ seus próprios territórios. As comunidades alcançadas nicipal Pedro Aleixo), e oferecia apenas pelo projeto foram: Batan, Borel, Cantagalo, Chapéu o curso de Contabilidade. Pelo quantita‐ Mangueira/Babilônia, Cidade de Deus e Providência. tivo de moradores que a Cidade de Deus Muitos projetos foram pensados pelos jovens mora‐ tinha essa única escola não atendia a dores da Cidade de Deus que participaram e alguns re‐ demanda. Logo os alunos continuavam ceberam uma premiação para que pudessem ser obrigados a procurar escolas em outros desenvolvidos na comunidade. Na Cidade de Deus po‐ bairros. Mas, devido a conflitos com o demos citar os que ganharam na primeira banca: o Co‐ poder paralelo e a polícia, pondo em ris‐ nexão Cultural e CDD na Tela. E, após passarem por uma co a vida de todos que estudavam e tra‐ desencubadora, foi a vez do Estilo Favella e CDD Para o balhavam lá, o colégio foi transferido Mundo. em 1996 para o prédio do CIEP João Ba‐ Na edição desse mês trazemos para aqueles que não tista dos Santos, que está localizado na souberam ou pouco souberam sobre o processo o que Rua Edgard Werneck próximo da praça andam fazendo esses jovens e seus projetos. Confira na principal da Cidade de Deus. página ao lado! Em 2003, com a fundação do Comitê da Cidade de Deus, as instituições parti‐ cipantes eram divididas em grupos para o debate sobre Políticas Públicas e a Educação sempre foi um dos maiores problemas. O Comitê convidou o Secre‐ tário de Educação, Vereadores, repre‐ sentantes da Educação do Estado, Município e Federação. Tudo isso para darmos uma solução na educação do Ensino Médio na Cidade de Deus. Então, em 2009 foi apresentado um projeto às lideranças da comunidade para que fos‐ se implantada uma unidade do Colégio Pedro II, que funcionaria nos três tur‐ nos. A população ficou eufórica, mas nada disso saiu do papel e até hoje esta‐ Fotografia: Renan Otto mos convivendo com a precariedade da escola do Ensino Médio. A Cidade de Deus recebeu um presen‐ Facebook te: a parceria do SESI (Serviço Social da Indústria) com a Prefeitura, que em >> 2011 iniciou o Ensino Médio na Escola http://www.facebook.com/conexaoculturalcdd Municipal Alphonsus de Guimaraens, iniciando com os alunos do supletivo Blog que, com muito esforço, conseguiram >> concluir o Ensino Fundamental e cami‐ http://conexaoculturalcdd.wordpress.com/ nham para a obtenção de novos conhe‐ cimentos do Ensino Médio e o que mais vier.
  • 11. 11 A NOTÍCIA POR QUEM V IVE | JAN.‐MAR. 2012 ... e sua atuação na Cidade de Deus CONEXÃO CULTURAL CUTUCANDO O JOVEM por Luiza Nascimento Braga O que algumas crianças de escolas públicas da Cidade de Deus estão pensando sobre vários O Conexão Cultural é mais que um projeto, é a marca temas do protagonismo juvenil lutando a favor da democrati‐ zação cultural. Como assim? É o que você pode estar se perguntando agora. Vimos que, na Cidade de Deus, falta espaço para a manifestação da diversidade cultural e nossa proposta é justamente essa. Estamos trabalhando como Produtores Culturais na comunidade, fazendo com que a faceta multicultural daqui venha à tona. "Tem galera do samba, chorinho, pagode, poesia, te‐ atro, hip‐ hop... Opções não faltam. Só que o que acaba aconte‐ cendo é que, se o morador da CDD quer curtir uma música dife‐ rente atual‐ Fotografia: Deco mente, por exemplo, ele precisa se deslocar até outra região, por não haver um 'teto' para os artistas se di‐ vulgarem. Agora me diz que sentido faz os moradores irem tão longe quando na sua própria comunidade exis‐ te uma diversidade tão grande de artistas de qualida‐ de?” Foi através desse diagnóstico que Carolina Meireles, Guilherme Gonzalez, Luiza Braga e Ricardo Fer‐ nandes re‐ solveram criar o Cone‐ xão Cultural CDD. Fotografia: Deco Estamos circulando na internet uma campanha para quem quiser doar livros, DVDs, revistas e CDs, desde que estejam em bom estado. Nossa intenção é fazer com que a cultura chegue a lugares onde o seu acesso é escasso ou pouco usual. Para mais informações, fiquem ligados em nos‐ sas redes sociais.
  • 12. 12 A NOTÍCIA POR QUEM V IVE | JAN.‐MAR. 2012 Projeto Jovens Comunicadores e a Informática por Miriam Andrade, educadora de informática da ASVI "Um país sem memória não é Mundo esse que às vezes assusta cas de artistas de televisão... apenas um país sem passado, é quem já estava aqui na última vi‐ Nossos meninos e meninas um país sem futuro". É citando sita do cometa Halley, mas que precisam estar no mesmo pata‐ Rui Barbosa que anuncio aqui para eles é impensável sem a pre‐ mar de qualificação dos seus boas novas sobre o que acontece sença dessas fantásticas máqui‐ concorrentes no mercado de tra‐ no nosso bairro. nas. balho, e a informática é peça Sob a direção de Maria do So‐ chave para o crescimento profis‐ corro Melo Brandão, presidente "(...) eles conquistarão seu sional de qualquer indivíduo. To‐ da ASVI (Associação Semente da quinhão na sociedade, seu mar posse desse recurso, que até Vida da Cidade de Deus), inicia‐ lugar no mundo, não como um bem pouco tempo era privilégio se o Projeto Jovens Comunicado‐ passivo espectador, e sim como de um grupo seleto da nossa so‐ res da Semente da Vida na Cidade protagonistas" ciedade, é de uma gratificação de Deus, com patrocínio do Insti‐ incomensurável, e é disto que tuto Rio. Com a missão de resga‐ Não é estranho ouvirmos dos também estamos tratando aqui: tar a memória da comunidade e, jovens a seguinte pergunta: “Co‐ oportunidades, crescimento, co‐ principalmente, incentivar o jo‐ mo vocês viviam sem internet”? nhecimento e cultura, ou seja, vem a ser protagonista na histó‐ Como costumo dizer: eles nasce‐ cidadania. ria da comunidade e na ram com as mãos no mouse. En‐ O material mais importante de instituição, esse trabalho está tão há de se tirar o maior todo e qualquer processo está ampliando os conhecimentos dos proveito possível disso aliando entre a cadeira e o teclado. É de participantes, através de cursos e memória, informática e MUITO conhecimento e exercício deste oficinas, nas áreas de informáti‐ trabalho. fato que eles conquistarão seu ca, fotografia, vídeo, comunica‐ Com a ajuda do projeto, eles quinhão na sociedade, seu lugar ção, escrita etc.. estão extraindo do computador no mundo, não como um passivo Como responsável pela área de muito mais do que “Orkuts”, “Fa‐ espectador, e sim como protago‐ informática, vejo a potencialida‐ cebooks” e “MSNs”. Aprendem nistas. de dessa ferramenta nas mãos que Linux não é “coisa de Nerd”, Como uma vez disse Pitágo‐ desses jovens, que lidam com que o Office não é só um ícone ras: “Eduque as crianças e não tanta desenvoltura e naturalida‐ perdido na sua área de trabalho, será necessário castigar aos ho‐ de nesse mundo de bits e bytes. que um blog não é só para fofo‐ mens”. Quadrinhos por Rosalina Britto Considerando que as imagens dos livros são elementos importantes na criação da memória, principalmente na infância e na adolescência, ... … a educação está também naquele que não só aprende a ler, mas também a ver.
  • 13. 13 A NOTÍCIA POR QUEM V IVE | JAN.‐MAR. 2012 Parados na esquina, com poesia por Viviane de Sales Quer participar do próximo Sarau A Cidade de Deus tem sido Poesia D’ Esquina? dependente e num formato alter‐ palco do surgimento e amadure‐ nativo foi criada para reunir tex‐ Quinta, 15/03 a partir de 19h30 no cimento de diversas ações artís‐ tos de moradores e dos Tico’s Bar na Rua Carmelo, n°1 (em ticas, nas mais diversas áreas: frequentadores do Sarau: é o frente a E.M. Alphonsus de Guima‐ cinema, teatro, artes plásticas, fanzine “Pensamento Livre!”, raens) música e literatura. Entre os anos que é distribuído em espaços pú‐ 70 e 80, a produção teatral e lite‐ maior capilaridade no interior da blicos como, por exemplo, a feira rária era agitada por artistas que Cidade de Deus e facilita cone‐ livre e os pontos de ônibus. protagonizavam o movimento xões a movimentos semelhantes A Poesia D’ Esquina tem sido comunitário e realizavam ativi‐ em outras áreas da cidade”, espaço de reunir gerações: os Pe‐ dades culturais e políticas de re‐ aponta o escritor Wellington res da Silva da área do Karatê sistência à ditadura militar. No França, que participava do Grupo prometem marcar presença nos final dos anos 70, jovens mora‐ Cultural Projeto, do conselho próximos Saraus reunidos em fa‐ dores lançaram a revista “Nós”, editorial da Revista “Nós” e que mília. “Primeiro, fui convidada que divulgava poetas locais, é, hoje, um dos poetas organiza‐ através da distribuição dos fanzi‐ eventos culturais e ajudava na dores do Sarau Poesia D’ Esqui‐ nes de poesia e mostrei a publi‐ captação de recursos para a pro‐ na. cação a minha neta Ana Beatriz, dução de uma peça teatral. Ape‐ O Sarau, que foi idealizado de 8 anos, que insistiu em me sar da pequena tiragem mensal, para tornar‐se espaço de encon‐ acompanhar e de quieta passou a tornou‐se uma das iniciativas tro entre poetas da Cidade de ser quem mais fala textos duran‐ mais marcantes no movimento li‐ Deus, já tem sido visitado por ar‐ te o Sarau”, conta a educadora terário local: era a criatividade e tistas das redondezas e de outras o trabalho coletivo do que mais favelas, como o Vidigal e a Roci‐ tarde veio a se tornar o Grupo nha. Além da poesia, que natu‐ Cultural Projeto. ralmente é o prato principal, o encontro dialoga com o audiovi‐ sual através da exibição de cur‐ tas e com a música a partir de apresentações que vão do rap ao samba. A sambista Anahyde Mu‐ niz, uma das principais estrelas da vida cultural da Cidade de Deus, apresentou‐se na primeira edição do Sarau e arrancou aplausos entusiasmados da pla‐ Clezenilda. Na última edição, Rosalina de Britto, no sarau teia que, ainda tímida, experi‐ mais membros da família estive‐ mentava estacionar num dia de ram presentes: o adolescente A cena literária contemporâ‐ semana num bar de esquina – daí Marcos e o patriarca Brasil, de 72 nea respira da história e da atua‐ o nome Poesia D’ Esquina – para anos, que interpretou o poetinha lidade de seus movimentos ouvir, falar, multiplicar e diluirVinícius de Moraes. artísticos. Nos últimos tempos, a poesia. Outro poeta e agitador cultu‐ novidade tem sido a realização ral da Poesia D’ Esquina, DJ Fula‐ do Sarau Poesia D’ Esquina, que Quer mandar textos para o fanzine? no, revela planos para o futuro: acontece mensalmente num bar poesiadesquina@gmail.com “A gente espera que o Sarau con‐ na região da Treze. “O movimen‐ tinue com um público diversifi‐ to literário contemporâneo conta Para os poetas que partici‐ cado e ao mesmo tempo unido com maior velocidade de comu‐ pam, a melhor forma de divulgar pela poesia. Mais moradores da nicação e com o acesso mais de‐ poesia é necessariamente com Cidade de Deus publicando li‐ mocrático à informação e ao poesia. Uma nova publicação in‐ vros, mais intercâmbio com o que conhecimento. Com isso, produz rola em outros lugares”.
  • 14. 14 A NOTÍCIA POR QUEM V IVE | JAN.‐MAR. 2012 Obras na Cidade de Deus ‐ Bairro Maravilha por Felipe Zohler As obras de saneamento bási‐ co e pavimentação de ruas e tra‐ vessas na Cidade de Deus estão aceleradas, principalmente as partes de escavação, abertura das valas e colocação de tubula‐ ção do esgoto sanitário. Já o fe‐ chamento das valas e calçadas é mais lento, e isso tem gerado descontentamento na popula‐ ção. As pessoas falam que é mui‐ to tempo de lama e areia nas ruas. Vale lembrar a população do Projeto Bairro Maravilha, para que possamos ficar atentos às obras e promessas feitas. Veja no folder qual é a propos‐ ta do projeto: Maria CDD A travessia por Monica Rocha
  • 15. 15 A NOTÍCIA POR QUEM V IVE | JAN.‐MAR. 2012 Avaliação do Projeto Bairro Educador Cidade de Deus em 2011 por Maria do Socoro O Projeto Bairro do apresenta‐ Educador faz parte do à comuni‐ do programa Esco‐ dade no final las do Amanhã e é de 2011 e o realizado pelo CI‐ PPP (Projeto EDS (Centro Inte‐ Político Peda‐ grado de Estudos e gógico) da es‐ Programas de De‐ cola foi senvolvimento relacionado à Sustentável). Vári‐ Comunicação. as atividades tem ‐ O Bairro sido realizadas pe‐ Educador e lo projeto nas esco‐ algumas es‐ las com o objetivo colas contri‐ de contribuir na buíram em melhoria do IDEB ações que a (Índice de Desen‐ Natura desen‐ volvimento da Edu‐ volveu na co‐ Ida dos alunos do CIEP a Horta Jardim do Anil cação Básica) e munidade. diminuir a evasão escolar. Essasa caso da Escola Municipal Alberto Em particular citamos o CIEP Luiz tividades são sempre realizadas Rangel que, no final do ano, fez Carlos Prestes, que cedeu o espa‐ por parceiros que podem ou não uma belíssima culminância com ço para a realização de uma ação, ser da comunidade, conforme o diversos trabalhos: teatro, pes‐ e a Escola Municipal Pedro Alei‐ Projeto Político Pedagógico da quisas, música, grafite com rela‐ xo, que levou a sua banda de per‐ escola. ção ao João Cândido e sua luta cussão num segundo momento. No ano de 2011 as gestoras do na revolta da Chibata. ‐ Foi desenvolvida na Escola projeto em Cidade de Deus, Maria ‐ Jornal “O Prestinho”: foi in‐ Municipal José Clemente Pereira do Socorro e Francisca Assis, centivado pelo Bairro Educador e uma gincana envolvendo toda a contribuíram com as seguintes desenvolvido em parceria com escola e os projetos que atuam ações nas escolas: uma turma da professora Ângela, na mesma, como: Bairro Educa‐ ‐ Exposição João Cândido do no CIEP Luiz Carlos Prestes, sen‐ dor, SANGARI (Cientistas do Projeto Memória: Amanhã), IABAS em parceria com a (Programa Saúde Agência Banco do nas Escolas) e CE‐ Brasil Cidade de CIP, incentivados Deus, que foi rea‐ pelo Programa Es‐ lizada nas esco‐ colas do Amanhã e las: Pedro Aleixo, UNESCO. Alberto Rangel, ‐ Como o proje‐ José Clemente e to se estende à Es‐ CIEP Luiz Carlos cola Municipal Prestes. Cada uma Helena Lopes das escolas apro‐ Abranches, no veitou a exposi‐ Gardênia Azul, ção como pôde também contribuí‐ nas suas aulas mos com o PPP com trabalhos es‐ (Projeto Político critos, culminân‐ Pedagógico) desta cias, etc.. Foi o Aula do Curso Daniel Azulay na E.M.Pedro Aleixo escola, que era so‐
  • 16. 16 A NOTÍCIA POR QUEM V IVE | JAN.‐MAR. 2012 bre o Ano com os alunos do ACELERA II, da Interna‐ professora Sílvia, sobre sexuali‐ cional das dade. Florestas, Esses são só alguns exemplos e levamos de atividades, ações, parcerias duas tur‐ que o Bairro Educador teve em mas para 2011. Em 2012 outras metas, par‐ visitar a cerias, ações serão desenvolvidas Horta e esperamos contar com a comu‐ Jardim do nidade para que possamos tornar Anil. a Cidade de Deus um verdadeiro Na Es‐ Bairro Educador, e para que nos‐ cola Mu‐ sas crianças se sintam felizes na nicipal escola e possam se desenvolver Professo‐ com mais qualidade. randa Nós, como moradores, pode‐ Leila Bar‐ Professor do PEJA explicando sobre a   exposição Joâo mos contribuir com a direção e cellos de Cândido na E.M.Alberto Rangel com os professores, buscando na Carvalho, escola como podemos fazer isso, a partir de um curso e exposição Meu Amigo Portinari com os alu‐ pois, acreditem: muitas coisas sobre Cândido Portinari ofereci‐ nos da Professora Viviane Cunha. podem ser feitas para contribuir‐ do pela Casa de Cultura em frente Esta atividade foi uma continua‐ mos na Educação de nossas cri‐ à escola, foi realizada a Trilha ção do trabalho que foi iniciado anças. Lançamento da segunda edição do Jornal "A notícia por quem vive" por Mônica Rocha e Marília Gonçalves No final de 2011, lançamos, com grande comemoração, a segunda edição do Jornal da Cidade de Deus. A Notícia Por Quem Vive foi uma conquista de um grupo que não brincou em serviço. Depois da primeira edição em outubro de 2010, o jornal foi contemplado com um edital do Ministério da Cultura que permitiu a produção da segunda edição, a realização de diversas oficinas e, com o apoio de parceiros como o SOLTEC/UFRJ e o SESC, a consolidação e superação deste grupo de comunicadores populares. A Notícia é feita por uma gente que luta por autonomia e não abre mão da Acesse o portal da CDD cidadania. Participe do jornal enviando uma mensagem de www.cidadededeus.org.br interesse através do Portal Comunitário da Cidade de Deus.