SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 8
“
Informativo Mensal da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores
SOBRAMES-SP - Regional do Estado de São Paulo
OBandeirante
15
Ano XV - n° 169 - Dezembro de 2006
François René de Chateubriand - escritor francês - (1768-1848)
“
Recomeçar e reconher: o editorial dos erres
Uma publicação feita por
Médicos
Escritores
O escritor original não é aquele que não imita ninguém,
mas sim aquele que ninguém pode imitar.
Helio Begliomini
Helio Begliomini é médico urologista em São Paulo.
Foi eleito presidente da SOBRAMES-SP
para o biênio 2007/2008
“Daí, pois, ao vosso servo um coração
sábio, capaz de julgar o vosso povo e
discernir entre o bem e o mal (...)”.
Oração de Salomão –
I Reis 2:9.
Estamos em dezembro de 2006,
prestes ao início de uma nova gestão
na querida Sobrames – SP. A
consciência de que os dirigentes
enquanto tais estão escrevendo
automaticamente a história de suas agremiações e, que a
mesma, transcenda a própria materialidade de seus seres,
não se faz presente de modo notório em nossa cultura.
Temos clara ciência de que estaremos recomeçando
uma nova etapa na história da entidade. Daí, ser oportuno
renovar sua tábua diretiva com novos talentos; reciclar
conceitos, reconhecer valores, reencontrar velhos
companheiros, restaurar o equilíbrio, readquirir a confiança,
recanalizar energias; reequilibrar o prumo, reconhecer e
resgatar nosso passado, restabelecer a harmonia, realinhar
nossa trajetória, reabastecer inspirações, reconciliar
desejos, ruir a indiferença, reabastecer amizades,
reaproximar de outras regionais, revitalizar o ânimo, ressurgir
projetos, relevar mágoas, reparar avarias sofridas, renascer
a paz, responder aos novos desafios, reacender a esperança,
enfim, rumar ao futuro com as baterias recarregadas e as
velas plenamente enfunadas. E estas palavras assumem um
sabor especialíssimo por estarmos no mês de Natal, quando
toda a cristandade comemora o nascimento do Salvador, nosso
senhor Jesus Cristo.
A Sobrames – SP tem se destacado ao largo dos anos
não somente pelas qualidades humanas e literárias de seus
participantes, como também pela enorme quantidade de
serviços que presta aos seus membros, desproporcionalmente
grande em função do número diminuto de associados que a
mantém financeiramente. Para que tudo isso continue, deve,
necessariamente, contar com uma diretoria despojada e
desmedidamente atuante.
Sabemos que a grande maioria dos associados gosta
de freqüentar nossas reuniões sociais, ler seus trabalhos e
ouvir os dos outros companheiros; participar de nossos
concursos, antologias, coletâneas, jornadas; receber o
informativo O Bandeirante... mas, nem todos “podem” ou
desejam disponibilizar parcas horas de seu precioso tempo
para que a entidade continue funcionando em beneficio da
coletividade.
Neste cenário, a atual diretoria está muito
empenhada em abrir suas reuniões a todos aqueles que não
somente delas desejam participar, fazendo
críticas, trazendo idéias, oxigenando o
ambiente, mas, sobretudo, agregando muita
vontade de trabalhar. Como é bom escutar
sentenças como “o que eu posso fazer para
ajudar?”; “eu tenho essa ou aquele idéia
para a entidade e, se aprovada, poderia
desenvolvê-la”; “vocês gostariam que eu
fizesse isso ou aquilo?”; ou, ainda, “neste
ou naquele projeto eu gostaria de participar.
Posso?”. Tenham certeza de que quaisquer
ações em prol da Sobrames – SP, desde que
aprovada pela diretoria, a resposta só poderá ser afirmativa.
Durante este ano participamos inicialmente a
convite e, posteriormente, por nossa própria iniciativa, de
várias reuniões da diretoria que ora conclui seu mandato, e
com total espírito de colaboração. Somos testemunha do
trabalho e da dedicação de seus membros à causa da
entidade.
Por isso gostaríamos de reconhecer o labor, o
desprendimento, o carinho e o amor que nossos
companheiros, ora membros da diretoria que finda seu
mandato, devotaram à Sobrames – SP. Essas palavras de elogio
assumem maiores proporções, considerando os injustos e
desgastantes danos morais sofridos em 2005; os problemas
profissionais e familiares que a todos invariavelmente
acometem; as agruras de doenças inevitáveis infligidas a entes
queridos pela insidiosa e misteriosa saga da vida; além da
desolação da morte que surpreendeu a família de um de
seus diretores pela irreparável perda de um filho.
Reconhecer os valores das pessoas é sempre
necessário, justo e salutar. Assim, consignamos nosso preito
de gratidão, gritos de alegria e ovação de louvor aos
membros da diretoria que deixa a entidade. Somos
orgulhosos de ser seus amigos. Somos envaidecidos por ser
membro da querida Sobrames de São Paulo, celeiro não
somente de talentosos escritores, briosos companheiros,
mas também de verdadeiros heróis.
Rogamos a Deus por eles, pois nos legaram exemplos
da estatura dos grandes homens.
Que neste biênio, a exemplo do anterior, o Senhor
nos conceda saúde, mas também traços da humildade, da
firmeza, da lucidez, e da sabedoria de Salomão (1032-975
a.C.) para coordenar nossa diretoria, a fim de que a nossa
querida Sobrames – SP cresça com o desprendimento e o
engrandecimento de seus membros.
PRÓXIMA PIZZA LITERÁRIA:18.01.2007
Pizzaria Bonde Paulista - Rua Oscar Freire, 1597 - 19h30.
O Bandeirante - ANO XV - nº 169 - Dezembro 2006 - Publicação da SOBRAMES-SP - Sociedade Brasileira de Médicos
Escritores Regional do Estado de São Paulo - Sede: Rua Alves Guimarães, 251 - CEP 05410-000 - Pinheiros - São Paulo - SP - telefax (11)
3062.9887 / 3062-3604 - Projeto Gráfico e Diagramação: Rumo Editorial Produções e Edições Ltda. - E-mail: rumoeditorial@uol.com.br
Editores: Flerts Nebó, Marcos Gimenes Salun. Redatores: Luiz Giovani, Marcos Gimenes Salun. Jornalista Responsável: Marcos Gimenes
Salun - MTb 20.405 - SP - Correspondência: Av.Prof. Sylla Mattos, 652 - apto. 12 - Jardim Santa Cruz - São Paulo - SP - CEP 04182-010 -
E-mail: sobrames@uol.com.br - Diretoria Gestão 2005/2006 - Presidente: Flerts Nebó. Primeiro-secretário: Marcos Gimenes Salun
Segundo-secretário: Maria do Céu Coutinho Louzã. Tesoureiro: Milton Maretti. Conselho Fiscal Efetivos: Luiz Giovani, Madalena
J.G.M.Nebó, José Rodrigues Louzã. Suplentes: Sérgio Perazzo, José Jucovsky, Arlete M.M.Giovani.
Matérias assinadas são de responsabilidade de seus autores e não significam, necessariamente, a opinião da SOBRAMES-SP
O Bandeirante
Dezembro 2006
Fechando cortinas em 2006
HOSPITAL METROPOLITANO
Serviços de Pronto-socorro
e tratamentos de ambulatório.
Rua Marcelina, 441 - Vila Romana - SP
(11) 3677.2000
2
LIFE SYSTEM
ASSISTÊNCIA MÉDICA E ODONTOLÓGICA
Avenida Brasil, 598 – Jardim América – SP
(11) 3885 – 8000
lifesystem@uol.com.br
Flerts Nebó
EM BUSCA DE ANUNCIANTES - A manutenção desta publicação
de forma regular tem sido um dos principais desafios e
também representa um dos maiores gastos da sociedade ao
longo do tempo. Além dos custos de produção e impressão
do jornal, há ainda o custo da sua distribuição, envolvendo
aquisição de envelopes e o custo da postagem. Para fazer
face a essas despesas elevadas para uma arrecadação
pequena da SOBRAMES-SP, a diretoria inicia aqui uma
campanha para conseguir novos anunciantes, visando manter
e até mesmo ampliar a produção e distribuição deste jornal.
Você também pode ajudar. ANUNCIE: sobrames@uol.com.br.
AUTORES MOSTRAM A CARA EM 2007 - Dentre as novidades
na apresentação visual deste jornal, o Suplemento Literário
ganhará uma nova aparência a partir da edição de janeiro
de 2007. Todos os textos literários publicados terão, além
da indicação da autoria, uma foto do seu autor. É importante
que os autores, especialmente aqueles que não podem
comparecer às reuniões mensais das Pizzas Literárias, nos
enviem as fotos digitais que gostariam que acompanhassem
seus textos. A remessa poderá ser feita pelo e-mail
sobrames@uol.com.br.
TRANSMISSÃO DE CARGOS DA DIRETORIA - Acontecerá no
dia 21 de dezembro de 2006 a transmissão dos cargos de
diretoria. A nova gestão, que abrange o biênio 2007/2008,
terá como presidente o Dr. Helio Begliomini e o exercício
efetivo dos cargos tem início no dia 1º de janeiro de 2007. A
reunião de dezembro promete ser uma das mais concorridas
do ano de 2006, pois além da posse da nova diretoria, haverá
a entrega dos prêmios de prosa e poesia e a tradicional
apresentação de textos literários dos autores presentes.
SUPERPIZZA COM TEMA LIVRE - Todos os dez textos
apresentados durante a Pizza Literária de novembro estão
concorrendo na última edição do desafio SUPERPIZZA de
2006. Convidamos para escolher o melhor deles o empresário
Octaviano Du Pin Galvão Neto. O autor do texto apontado
pelo nosso leitor convidado ganhará uma garrafa de vinho.
O anúncio será feito na Pizza Literária do dia 21.12.2006.
Expediente
Editorial Rápidas
Chegamos ao último número do jornal O Bandeirante
deste ano, no qual a nossa SOBRAMES, com imensa satisfação,
teve a alegria conseguir realizar mais doze Pizzas Literárias.
Isto é, nos reunimos em todos os meses do ano para gozarmos
da companhia de nossos ilustres associados, mas sobretudo,
para reencontramos nossos queridos amigos, visto que a
amizade é um dom da natureza, que une a raça humana.
Um fato marcante neste ano foi a eleição da nova
Diretoria, que sob o comando do Dr. Helio Begliomini, e
com a participação de novos companheiros, conduzirá os
destinos da Regional São Paulo no próximo biênio.
Certamente será uma equipe dinâmica e temos a certeza
que levará ainda mais alto o nome de nossa Regional, dentro
do cenário nacional.
Outro marco importante de 2006 foi o lançamento
da nossa tradicional coletânea, que é bianual, e que chegou
à sua nona edição. Trata-se da obra “A Pizza Literária – nona
fornada”, da série que vem sendo uma das mais expressivas
publicações da SOBRAMES-SP ao longo dos anos.
Há de se destacar ainda que este é o último mês da
gestão atual da diretoria, que apesar de alguns percalços,
conseguiu realizar muito durante os dois anos em que atuou.
Destaque-se a realização da VIII Jornada Médico-literária
Paulista que aconteceu em setembro de 2005 na cidade de
Serra Negra e à qual compareceram oito companheiros vindos
da Argentina, transformando a jornada num evento
internacional.
Não poderia deixar de se mencionar também a
realização da Mostra Artística de Médicos Escritores,
realizada em maio de 2005 na Casa da Fazenda da Morumbi,
sob o patrocínio do Laboratório Apsen, que foi outro sucesso
para nosso grupo, com expressiva participação do público
externo e uma edição especial do jornal “O Bandeirante”,
com 10.000 exemplares distribuídos para todo o Brasil.
Missão cumprida! Deixo aqui consignados o meu
agradecimento a todos os que colaboraram com a SOBRAMES-
SP durante esta gestão e os mais ardentes votos de um Bom
Natal e um Felicíssimo Ano de 2007 para todos os nossos
leitores e queridos amigos. Que o ano de 2007 seja dos mais
proveitosos na existência de nossa regional.
Se eu fosse você, não faltaria em nenhum dos
eventos programados para 2007. Na próxima
edição você terá a agenda completa. Aguarde as
surpresas que vem por aí.
3O Bandeirante
Dezembro 2006
Prêmio Flerts Nebó
Melhor prosa 2005/2006
Alitta Guimarães Costa Reis
Médica psiquiatra
São Lourenço - MG
Suplemento
Literário
Olho de Elefante
“De Viena pulei para Berlim. Embora Buda tivesse apagado
muitas das minhas sedes íntimas, não conseguiu extinguir a
sede de ver o maior número possível de lugares da terra e dos
mares. Ele me dera o que ele mesmo chamou de “olho de
elefante”, a capacidade de ver todas as coisas como se fosse a
primeira vez e saúda-las, de ver todas as coisas como
se fosse a última vez e dizer-lhes adeus.” -
Nikos Kazantzakis (1885-1957) - (“Relatório para Greco”)
Por muitos anos venho guardando lembrança da prodigiosa
memória de uma amiga de meu pai. Amiga de circo.
O circo ocupou por semanas o terreno baldio próximo à
nossa casa. Eu era bem pequena, e tudo era um deslumbramento.
O circo chegava com estrépito, um desfile com artistas e animais
pela cidade, música empolgante, a montagem da lona. Podíamos
conviver com o dia-a-dia dos artistas. Víamos como eram feitas as
cornucópias azuis de papel, com rendas e laços, cheios de doces,
que eram vendidas à noite, no espetáculo, com canudinhos de
amendoim, pipocas e pirulitos de tábua. Víamos também a higiene,
a alimentação e o treinamento dos bichos. Eram boas pessoas,
tratavam bem os animais. Aprendíamos sobre a vida nômade, nos
“traillers” e tendas, como se arrumava a serragem e a palha de
arroz, como se faziam as roupagens. Para a nossa surpresa, as
crianças estudavam, freqüentavam escolas por onde passavam, e
os pais acompanhavam seus estudos, assim como os treinos do
circo. Assistíamos aos treinos, eles não se importavam. Bem sabiam
que era à noite que a mágica acontecia: homens e mulheres comuns
transformavam-se em palhaços, trapezistas, equilibristas, com
roupas coloridas e brilhantes.
Era inverno. A temperatura caíra a menos de 5° C e o circo
ficava próximo ao rio. Meus pais falaram com eles, as crianças
menores foram convidadas a dormirem no quarto grande que eu
dividia com minha irmã. Foi assim que me tornei amiga de uma
garotinha de franja e cabelos lisos, que regulava comigo de idade.
Ela contava histórias sobre o circo, e nós brincávamos muito.
Minha mãe contava histórias à noite, mas de dia aproveitava para
ensinar a nós duas português e matemática. Foi assim também que
meu pai tornou-se amigo do dono do circo. Sempre achei meu pai,
que era piloto, herói condecorado, muito fechado e sério, e foi
uma boa surpresa vê-lo rindo, contando histórias, e até falando
numa língua que eu não conhecia. Ele dizia apreciar a tenacidade
da gente de circo, vencendo um desafio a cada dia. Assim os homens
ficavam conversando por muito tempo, próximos à elefanta, que
ficava numa espécie de dança, presa pela pata por correntes. Ela
queria atenção. Meu pai levava amendoins, falava com ela, que se
afeiçoou bastante a ele. Tento, agora, lembrar o nome da elefanta,
mas só me lembro bem do seu olhar arguto, fixo. Perguntei a quem
poderia me dizer, ninguém se recordou do nome dela. Vou, então,
chamá-la aqui de Lia. O som desse nome parece-me ser o mais
próximo.
Estudei os elefantes depois disso: que animais fantásticos!
São os maiores quadrúpedes que existem. Neles, o nariz e o lábio
superior vêm unidos, formando a tromba, com função olfativa, que
serve para obter água, pegar objetos pesados como uma pessoa
ou leves como um palito. São surpreendentemente delicados e
preciosos. Lia era de origem asiática, talvez da Índia ou do Ceilão
(“Elephas maximus”), uma fêmea (“aliya”, em cingalês) com mais
ou menos sete anos, cerca de três toneladas, incisos curtos (presas
de marfim), e problemas recorrentes de pele.
Parentes longínquos dos mamutes e mastodontes, os
elefantes evoluíram sendo sociáveis. Às vezes vistos no Ocidente
como símbolos de peso e lentidão, no Oriente o simbolismo é outro:
força e potência (“mâtangi”), longevidade, prosperidade.
Chamados “Ga-já”, são considerados as cariátides (suporte) do
Universo, as montarias de deuses e reis, e também, por serem
arredondados e de cor cinza, o símbolo das nuvens que trazem
chuvas. Ganesha, o filho de Shiva, é representado na Índia com
cabeça de elefante.
Várias lendas falam do horror dos elefantes a ratos (porque
lhe roem as patas) e de sua prodigiosa memória. Nas aventuras de
Simbad, o marujo, elefantes mostram ao caçador seu cemitério
repleto de marfim, para que ele pare de persegui-los e mata-los
apenas por suas presas.
Na Idade Média ocidental os elefantes foram associados à
sabedoria, à temperança, à eternidade e à castidade, isso porque
Aristóteles, séculos atrás, teria dito que eles se mantêm fiéis
durante a prenhez de quase dois anos das fêmeas.
O circo voltou à cidade uns dois anos depois. Minha
amiguinha havia crescido e treinava para ser equilibrista. O circo
prosperara, lona nova, novos animais, números diferentes: globo
da morte, cavalos, uma peça teatral...
Meu pai viajara, chegou no dia da estréia, quase na hora
do espetáculo. Como de costume, trouxera livros e eu tive que
insistir para que largasse deles e me levasse ao circo. Minha
amiguinha se equilibraria na grande bola cheia de estrelas! Ficamos
próximos ao picadeiro, e eu estava impaciente.
Depois de alguns números, o homem de cartola anunciou o
elefante. Banquetas foram posicionadas, o elefante entrou em cena.
Olhando bem, era uma fêmea. Olhando melhor ainda, que boa
surpresa, era Lia! Que bom encontrar uma velha amiga, eu pensei,
vou passear de elefante outra vez. Quando vieram os aplausos
para a primeira parte do número, meu pai se levantou: “ – Bravo,
Lia!”
E, de repente, ela o olhou.
Parou de fazer seu número, levantou a tromba e barriu, um
alto e estranho som que se sobrepôs à música do espetáculo, e
deixou as pessoas em sobressalto, inclusive o domador e a moça de
maiô laranja cintilante que já ia subir pelas suas patas. O que teria
acontecido?
Lia movia-se bem rápido para uma criatura tão grande, e
avançava com toda determinação em direção às arquibancadas.
As pessoas recuaram, cadeiras voavam nos camarotes, mas,
subitamente, Lia parou, e, delicadamente, pôs a tromba no ombro
esquerdo de meu pai. Coincidentemente ou não, ele estava com
amendoins, e os deu a ela. Enquanto Lia pegava os amendoins, a
platéia passou do pasmo ao aplauso. De pé! Meu pai sorria, e logo
ela voltou sossegadamente ao picadeiro, e completou sua função.
Dessa vez, o circo não ficou tanto tempo na cidade. Estava
quente, e a temporada prometia. Meu pai sempre ia lá para
conversar, e agradava Lia com amendoins. Quis até comprá-la:
minha mãe, irritadíssima, perguntou a ele se sabia o preço de um
elefante e o custo de mantê-lo...
Quando o circo levantou lona e se foi, meu pai assistiu a
partida da varanda, com seu cachimbo favorito, disfarçando muito
bem a comoção. Passando por nós, Lia levantou a tromba e barriu,
e só não voltou porque o domador a impediu. Mesmo assim, olhou
para trás.
- “ É a última vez que a vejo”, ele disse.
- “ Pai, o circo volta”, respondi.
Tempos depois, um trabalhador contratado para uma
empreitada na cidade contou no bar que havia ajudado a cavar o
maior buraco que qualquer um já tinha visto, para um elefante
morto. Então soubemos que Lia havia sofrido um acidente durante
uma tempestade, tocando com a tromba um fio de alta tensão.
Como sempre, em horas como essa, eu e meu pai não
dizíamos uma só palavra ponto. Compartilhávamos longos silêncios.
Dessa vez, no entanto, brilhou em meu pai o “olho de elefante”,
que pressentiu a morte da amiga e em seu coração lhe disse adeus.
4 O Bandeirante
Dezembro 2006 Suplemento
Literário
Menção Honrosa
Prêmio Flerts Nebó 2005/2006
Walter Whitton Harris
Médico ortopedista
São Paulo - SP
O mendigo de gravata
FAZIA MINHA CAMINHADA MATINAL pelo canteiro central da
avenida, quando me deparei com um mendigo mexendo em sacos
de lixo na calçada, do outro lado da rua. O que prendeu minha
atenção foi que parecia estar usando terno e gravata. Mesmo
assim, foi apenas uma imagem que rapidamente passou pelos meus
olhos. Continuei andando.
Quando voltava, encontrei-o novamente. Desta vez,
chafurdava uns sacos pretos que estavam colocados no próprio
canteiro central. E não me enganara, ele estava mesmo de terno
e gravata. O terno marrom era bem surrado, mas, de onde eu
estava, não se via um único remendo. Não dava para saber a cor
da camisa, porque só se via o colarinho, mas juro que algum dia
fora branca. Com o tempo frio se aproximando, justificava-se o
pulôver que vestia. A gravata vermelha desbotada se escondia,
em parte, sob o colarinho e debaixo do pulôver.
O mendigo não teria 50 anos, porém, maltrapilho assim,
aparentava bem mais. Portava duas sacolas a tiracolo e estava
absorto escolhendo garrafas, algumas de vidro, outras de plástico
e latas de refrigerante e cerveja, que colocava com cuidado nas
sacolas. Só se deu por satisfeito quando as duas estavam cheias
e transbordando.
Pareceu que minha presença passara despercebida, pois
situava-me a uns dez metros de distância. Havia parado para
observá-lo. Com tempo de sobra naquela manhã, decidi seguí-lo,
pois queria desvendar o mistério desse homem e saber porque um
mendigo se trajava daquele jeito.
Tendo terminado de coletar seus objetos, atravessou a
avenida e começou a andar na direção oposta àquela de onde eu
tinha vindo. Fui acompanhando-o, porém, pelo canteiro central.
Só passei para a outra calçada quando o mendigo entrou numa
rua que saía da avenida. Quando eu consegui chegar na esquina,
vi que ele havia progredido bastante, pois estava quase um
quarteirão à minha frente. Dobrou outra esquina. Tive a sorte de
vê-lo entrando num terreno cercado. Quando cheguei ao portão,
entendi onde me encontrava, pois havia um cartaz anunciando
que aquele era um depósito de material para reciclagem. Havia
sacos de lixo e caixas de papelão cheios por todos os lados,
provavelmente trazidos pelas carrocinhas, das quais havia várias
estacionadas. Contudo, nada do mendigo de gravata. Assim que
vi alguém circulando pela área, indaguei pelo homem de terno.
— Ah — respondeu —, deve ser Seu Benedito. Ele está lá no
escritório.
Apontou para uma estrutura que eu não tinha observado
antes e que ficava a poucos metros de lá. Era um barracão de
madeira, com janela, da qual saía um feixe de luz emanado do teto
do recinto, proveniente de uma luminária de luz branca. Dirigi-
me ao local e entrei pela porta semi-aberta.
Sentado atrás de uma escrivaninha delapidada, estava nosso
homem, com um jornal na mão e um charuto na boca. Não havia
sequer tirado o paletó. Na mesa, havia uma garrafa térmica e um
copo descartável com café pela metade.
— Então conseguiu chegar até aqui... — comentou, tirando o
charuto da boca e esboçando um sorriso, com dentes amarelados
e cariados à vista.
Para justificar minha curiosidade, expliquei-lhe que desejava
entrevistá-lo. Foi, então, que contou-me um pouco de sua vida.
Fazia dois anos que perdera tudo que tinha quando ocorreu
uma enchente na periferia da cidade. Sua moradia desabou,
levando junto sua mulher e único filho. Na ocasião, estava
desempregado e soube da tragédia apenas quando retornou para
casa à noite, após longo dia em busca de trabalho. Só lhe restara
a roupa do corpo. Com um gesto, deu a entender que era a mesma
que estava usando!
Fora acolhido por vizinhos, que sofreram menos com a
catástrofe, porém, também se encontravam em situação crítica.
Um deles trabalhava neste depósito de reciclagem e o convidou
para vir com ele. A caminho, foram recolhendo os utensílios que
pudessem ser aproveitados para reciclar.
Por usar terno e gravata, fato inusitado entre os demais
trabalhadores, logo foi elevado a gerente do depósito. Desde então,
apesar de ter arranjado um novo lugar para residir e estar numa
situação econômica um pouco melhor, vinha diariamente ao
depósito vestido tal qual no primeiro dia, para nunca mais se
esquecer que fora com a ajuda dos amigos que conseguira superar
as dificuldades ocasionadas pela tempestade.
No entanto, não conseguiu perder o hábito de separar todos
os objetos para reciclagem que achava a caminho do trabalho,
pois sabia que fora isso que se tornou seu ganha-pão, e que o
fizera se reerguer.
Agora, quando vou caminhar e vejo alguém revirando o lixo da
avenida, eu me pergunto:
— Será o Benedito?
Menção Honrosa
Prêmio Flerts Nebó 2005/2006
Sérgio Perazzo
Médico psicodramatista
São Paulo - SP
Wagner está
esperando lá fora
Era uma dessas noites de outubro carregada de vaticínios
e eletricidade, que depois se transformava em garoa insistente.
Fazia um frio de julho embaixo do viaduto. Alguém acendeu uma
fogueira, que fosse para espantar mosquito, e para ali foram
rodeando todos os homens, mulheres e crianças de rua do pedaço.
Catadores de lixo e de papel. Malabaristas de sinal de trânsito. A
sombra bruxuleante das chamas pintava em cada rosto uma
maquiagem de teatro. De acordo com as preferências, rodava,
vez por outra, uma garrafa de branquinha, cachimbo de crack ou
lata de cola.
Mais adiante, um grupo de voluntárias distribuía pratos
fundos de sopa. Uma espécie de minestrone que os sem-teto
tomavam como um aperitivo. Não tinham cara nem postura de
famintos. Sabiam que homem de rua não passa fome? Podiam até
escolher entre os fundos de um restaurante francês e os de um
italiano ou árabe ou português, como um grande cardápio
internacional de sobras à Ia carte. Um fricassê de restos ainda
cheirando a alho e pimenta.
Naquela noite já tinham jantado e a sopa de altruísmo e
de filantropia, assim como podia ser de letrinhas, só por via das
dúvidas, era a garantia de um sono até mais tarde, uma espécie de
cobertor por dentro. Afinal de contas amanhã era sábado e seria
falta de caridade deixar as voluntárias com as mãos abanando
depois de tanto esforço em acordar cedo para ir ao Ceagesp e
escolher cada legume de encomenda para o tal minestrone. Mesmo
que tivessem se fartado de vichyssoise do Chez Qualquer Coisa ali
da esquina uma hora antes.
Enquanto molhavam o pão na sopa, encaravam de vez em
quando o enxame de travestis na calçada em frente, com sua
ousadia displicente e escarrada, microssaias, salto agulha num pé
42 e decotes que mostravam até o avesso de cada decilitro de
silicone com marquinha de biquíni da Praia Grande, a BB, Big Beach
da Flórida dos pobres.
continua na página 5
O Bandeirante
Dezembro 2006
5Suplemento
Literário
Não muito longe das bancas de flores do Largo do Arouche
as putas faziam outro ponto mais abaixo, com seus pneuzinhos
pedindo uma lipo, seus piercings no umbigo e suas cicatrizes de
cesariana disfarçadas com tatuagens.
Lá pros lados da Consolação veio surgindo, em direção à
Santa Casa, umas figuras que pareciam estar vestidas com uma
espécie de camisolões azul-claro, pregueados como paramentos
de sacristia.
Ensaio de escola de samba em outubro? Não podia ser. É
claro que não.
Foram chegando um a um, se abancando em torno da
fogueira. Era um coral que depois do ensaio resolvera se
apresentar ali, na chuva, bem embaixo do Minhocão, em plena
Amaral Gurgel. O dificil era começar. Explicavam ou não porque
estavam ali? Começavam logo a cantar sem mais? Sentiam na pele
todo o constrangimento que o choque da pobreza sem disfarce
provocava sempre.
Afinal, meio desenxabidos, foram se compondo na sua
formação de sopranos, contraltos, tenores e baixos. Só faltavam
os castrati.
O regente deu o sinal, depois de afinar as vozes com o
diapasão, e das gargantas inibidas ressoou, enfim livre, o Te Deum
de Haydn, passando pela Abertura dos mestres cantores, até
explodir no Coro dos peregrinos da ópera Tannhauser de Wagner.
Mesmo que alguns preferissem um sambinha de pagode,
que não tinham coragem de pedir, intimidados que estavam por
uma beleza gratuita a que não estavam acostumados, a música
exercia o seu poder hipnótico, a sua magia inexplicável, de uma tal
forma, que a sopa esfriou e ficou pela metade e as putas e os
travestis deixaram de rodar bolsinha e atravessaram a rua
juntando-se aos sem-teto para ouvir melhor o dueto entre soprano
e tenor em seus solos cristalinos. As voluntárias largaram panelas
e conchas num vão de concreto.
O viaduto virara uma sala de visitas de um sarau de
família com um clima solene de nave de catedral. De uma sala de
concertos informal de algum urbanista um tanto pirado.
O fogo, como a luz vacilante de velas votivas, escaneava
cada ruga, cada cabelo desgrenhado, cada cicatriz, do corpo ou
da alma, cada remela, cada barba arrepiada, cada tufo de pêlo,
cada pé imundo, um capítulo de Vítor Hugo ilustrado com uma
composição do velho Pieter Brueghel e gravuras de Gustave Doré.
A princípio, sem que se notasse, um vulto veio vindo do
fim da rua. Como se estivesse esse tempo todo esperando do lado
de fora. Uma cabeçorra atarraxada num sobretudo escuro de lã.
O cachecol enrolado no pescoço mal deixando distinguir o rosto.
De repente levantou os braços como um maestro na
iminência de um concerto e um tropel de sopros e percussão
começou a se fazer ouvir, primeiro em surdina, depois em
crescendo, duelando com o Coro dos peregrinos.
A cada acorde que soava, brotava do asfalto um soldado
de uniforme negro de rosto lívido, frio e cruel, de olhos vazados,
como um fantasma do inferno, com um distintivo de caveira acima
da aba do quépi, numa cadência de passo de ganso.
Logo o coro, as putas, os travestis, as crianças perdidas,
as voluntárias e os homens de rua estavam cercados por uma
tropa espectral das SS, como num campo polonês de extermínio de
prisioneiros judeus. Um clima de mo Reich.
Ninguém saiu, ninguém parou de cantar, mas o Cabeção
Encapotado não parava de reger como um führer enlouquecido
discursando e esmurrando o ar numa praça repleta de fanáticos.
O tropel chegou ao seu volume máximo e loiras donzelas
angelicais, tranças escorrendo pelas vestimentas brancas,
desceram em chusmas de seus cavalos imaculados e acolheram no
colo os peregrinos, os sem-teto, as putas, os travestis, as crianças
abandonadas, as voluntárias, cada membro do coro e até mesmo o
regente, no seu êxtase e no desamparo.
E do lado de fora, como um louco, como um alucinado,
Wagner gargalhava e não parava de reger, amplificando os metais
estrepitosamente na sua Cavalgada das Valquirias.
Wagner está esperando lá fora - continuação
Não é culpa de ninguém.
A vida é que é mesmo assim.
O menino maltrapilho
que te amola pedindo esmola
no sinal vermelho,
este menino pentelho
que tem a idade do teu filho,
sujo, descalço, de calça arregaçada,
uma triste premonição,
é o mesmo que te dá as costas
para cheirar um resto de cola
num pedaço de muro de demolição
num canto escuro de calçada.
Com sorte seu destino é a Febem.
Não é culpa de ninguém.
Não é culpa de ninguém?
O motorista arrogante
ouvindo rock do Supla
parado em fila dupla
só para comer caviar
e beber até vomitar
no abrigo do restaurante.
Prêmio Bernardo de
Oliveira Martins
Melhor poesia 2005/2006
Sérgio Perazzo
Médico psicodramatista
São Paulo - SP
Não é culpa de ninguém.
Não é culpa de ninguém?
A madame consumista,
como quem nada quer,
arrastando o seu lulu
pela escada do shopping center,
estufada de silicone.
Detona na ponta de estoque
o cartão de ouro da Daslu,
do biquíni até o sarongue,
a maquiagem sem retoque.
Estagiária de aspone, bate
o ponto numa ONG onde
tem salário e cota e ainda
por cima vota
no partido comunista.
Não é culpa de ninguém.
Não é culpa de ninguém?
A ninfeta soropositiva,
por milagre ainda viva,
que vende o corpo e a vida
por um punhado de comida,
por meia dúzia de reais
ou assalta, na manha,
o bolso cheio do turista sexual,
num lance legal
de boa-noite-cinderela,
por um pouco mais,
para pegar a xepa da feira,
até ontem balconista sem salário
que, em casa, ainda apanha
do esquenta-cama temporário
como cão sem dono, sem porém,
dorme à noite no trem
um sono de mãe solteira,
um sonho de passionária,
um sonho só dela,
que termina na cela
de uma penitenciária.
Não é culpa de ninguém.
Não é culpa de ninguém?
A rave em onda de ecstasy
entrando de sola
na porta da escola
e a polícia de Honda
na lista de elite
do tráfico da favela,
um rap batucando panela,
o mano de gorro
baleado (Socorro!)
na porta do baile funk,
a mãe, lavadeira, no tanque.
Não é culpa de ninguém.
Não é culpa de ninguém?
O clero na sacristia
sem perder a fé e a linha.
Sou contra a camisinha.
Pedofilia!
Pedofilia?
Filhos de ninguém
continua na página 6
Não é culpa de ninguém.
Não é culpa de ninguém?
O político de Brasília,
terno branco, bico fino,
enfim, um pai de família,
só falta ser pai-de-santo.
Chamado aqui de canto,
um cara-de-pau na lata,
discurso de burocrata
dando uma de militante,
se fingindo sem camisa,
terninho petista à Ia Marisa,
braços dados com o lobista,
campeão de vela e remo
consagrado herói e artista
no altar ilibado da História
com a vitória no Supremo. A
escória vestida de beca na
praia jogando peteca,
eu sou mais eu, mais eu.
Passaporte azul europeu
carimbado no paraíso fiscal
acima do bem e do mal.
Não é culpa de ninguém.
Não é culpa de ninguém?
A consciência babando tevê não
está no aqui nem no agora. Ri
como hiena não sei de quê.
Geme com as popozudas
do Domingão do Faustão
de peminha grossa
e de bunda de fora.
Afinal, ninguém se safa
da boquinha da garrafa.
Roça o biscoito escondido
do desfecho de todo este drama.
Rega ilusão e transplanta mudas.
Treme com o capítulo colorido da
nova novela das oito
6 O Bandeirante
Dezembro 2006 Suplemento
Literário
Filhos de ninguém - continuação
Era um dia
A rodinha
Erodia.
Heródes,
Herói
Que corrói,
Heroína
E cocaína;
É a América latrina.
Panem et circes,
More circus than bread.
Bread! Bread!
Pane! Pão!
Não!
No lo ganas!
La grana,
No ves ella.
Caracoles!
Caracas.
Venezuela.
Bolívia.
Cuba.
Havana,
Nirvana.
Me engana.
Tirana.
Choupana.
Dava cana.
Cana dá.
É só “piá”.
Chupa cana
Pero no mucho...
Pra encher o bucho
que começa e termina na cama.
A propaganda não dá trela.
O olho se acostuma.
Em suma,
está acostumado.
Um olho cheio de remela.
Completamente chapado.
Não é culpa de ninguém.
Não é culpa de ninguém?
Perto de tudo isso,
meu filho,
a porta que nos bate na cara a
mulher amada
parece grande,
mas no fundo é pouco,
é quase nada,
nada pesada.
Coisa de doce namorada
se comparada ao último seqüestro.
Mero acidente de estrada.
Dupla mão.
Ambidestro.
Essas são coisas
pelas quais a gente chora.
Ou não chora.
E agora?
Cante a brisa.
Espane este rastilho
seco de pólvora.
Essa dor
que parece infinita,
essa dor passa.
Um dia ela passa.
Ou não passa.
Vai por mim.
Durma meu filho.
Sonhe com o amanhã.
A vida não é sempre assim.
Menção Honrosa
Prêmio Bernardo de Oliveira
Martins 2005/2006
Geovah Paulo da Cruz
Médico oftalmologista
São Paulo - SP
O vírus
Solo mierda.
Habrá mierda pra todos?
Para os burocratas?
Os estatais?
E outros que tais.
Quais?
Os mais iguais.
E aqui no Brasil?
Por quanto tempo mais?
Oh tempora, oh mores!
Não mores
Não comas
Não bebas
Não trabalhes
Não vivas.
Siamo foduto
Tutto puto
Fajuto
Da Silva.
“Deitado eternamente em berço
esplêndido”
E perdendo o barco da história
Por esta esquerda simplória,
Sem glória,
Nem memória,
Enquanto o resto do mundo exorciza
O socialismo
E sua turva divisa,
O fracassado comunismo.
Gentes grosseiras
E sem maneiras.
Companheiros!
Os home come as muié!
Imagem no espelho
retrato da gente
reflete o semblante
do ente que passa
daquele que olha
contornos do corpo
buscando um conforto
ao ver na pantalha
a bela figura
sorriso aberto!
Alegria que espalha
nas faces rosadas
nos olhos brilhantes.
Menção Honrosa
Prêmio Bernardo de Oliveira
Martins 2005/2006
Alcione Alcântara Gonçalves
Médico psiquiatra
Tupã - SP
Espelho quebrado
Cabelos sedosos
um busto que arfa
cintura delgada
no corpo esbelto
mãos afiladas
pernas torneadas
que vulto mirabolante
surgiu num relâmpago
e sumiu de repente
no espelho quebrado.
Cantando na Praça da Sé:
“Meu bem, vamos embora
Que esperar não é fazer.
Quem sabe faz na hora,
Não espera amolecer”.
É frei de mente aberta
Louvando a cultura analfabeta.
Bispo com jeito de bicha
Chelebrando missha
Pra quem tem ficha
No shindicato.
Passeata.
Ato.
Carrapato
Grudado no imposto do trabalhador
Assim não dá pé.
E agora José?
Se você tivesse vergonha,
Se você tivesse brio,
Se você tivesse moral,
Não votava.
Rasgava.
Anulava.
Deletava.
Descartava.
Depois alguém violava
A Constituição
E outra faria,
Clone da atual.
A dos miseráveis,
Dos descartáveis,
Dos enganáveis.
Monumental.
Nacional.
Federal.
Municipal
Estadual.
Estado anal
(No da gente, sem lubrificante...)
“Mas se um dia a pátria amada
Precisar da macacada,
Puta merda, que mancada!
Amor febril,
Pelo barril”.
Tudo pelo social.
Hosanas ao boçal!
Viva a república sindical
E suas éticas flácidas!
“O virus do Ipiranga às margens plácidas...”
O prêmio é uma homenagem a um
dos ilustres membros da SOBRAMES
São Paulo, o médico e poeta Dr.
Bernardo de Oliveira Martins. Ele
nasceu em 13.03.1919, na cidade da
Lapa, no Paraná. Foi médico ginecologista, e também Mestre
em Saúde Pública. Ingressou na SOBRAMES-SP em 1991 e
sempre teve grande destaque com seus textos poéticos.
Faleceu em 10.07.1997. O “Prêmio Bernardo de Oliveira
Martins” foi criado nesse ano, chegando à nona edição. Dele
participam todas as poesias apresentadas durante as Pizzas
Literárias no período de um ano. Já receberam a medalha
que simboliza o prêmio os confrades Edson Batista de Lima
(1998), Aldo Miletto (1999), Roberto Caetano Miraglia (2000),
José Rodrigues Louzã (2001), Aldo Miletto (2002), Luiz Jorge
Ferreira (2003), Marcos Roberto dos Santos Ramasco (2004)
e Sérgio Perazzo (2005), além de menções honrosas a outros
poetas. Em 2006 o poeta Sérgio Perazzo é mais uma vez
agraciado com o prêmio deste concurso, com a poesia “Filhos
de Ninguém”.
O Bandeirante
Dezembro 2006 7Patronos dos Concursos
POESIA
Prêmio Bernardo
de Oliveira Martins
PROSA
Prêmio Flerts Nebó
Visando premiar também os
prosadores da SOBRAMES-SP criou-
se em 2000 o prêmio para a melhor
prosa de cada ano, dentre os textos
apresentados durante as Pizzas
Literárias, e que recebeu o título
de Prêmio Flerts Nebó. Médico
reumatologista, Flerts Nebó nasceu em São Paulo, em 9 de
setembro de 1920. É um dos fundadores da SOBRAMES-SP, já
tendo ocupado sua presidência por três gestões, além de
inúmeros cargos na diretoria. É Membro Honorário e Membro
Emérito da Regional São Paulo. É autor de mais de 65 livros,
a grande maioria romances. O prêmio chega em 2006 à sua
sétima edição e já teve os seguintes contemplados: Roberto
Caetano Miraglia (2000), Marcos Gimenes Salun (2001), Paulo
Adolpho Leierer (2002), Walter Whitton Harris (2003),
Josyanne Rita de Arruda Franco (2004) e Marcos Roberto
dos Santos Ramasco (2005), além de menções honrosas a
outros escritores. Alitta Guimarães Costa Reis, com o conto
“Olho de elefante” é a vencedora em 2006.
Nossos convidados para o JURI de 2006
POESIA - A escolha da melhor poesia 2005/2006 e de duas menções honrosas, dentre os 62 textos inscritos ficou a cargo dos
seguintes confrades, membros de outras regionais: Lilian Maial (Rio de Janeiro), Paulo Camelo de Andrade Almeida
(Pernambuco), João Batista de Alencastro (Goiás), Luiz Gonzaga Barreto (Pernambuco) e Sonia Maria Barbosa (Paraná).
PROSA - Para escolher a melhor prosa 2005/2006 e duas menções honrosas, dentre os 63 textos inscritos, participaram do
juri os seguintes confrades: Laércio Ney Nicaretta Oliani (Goiás), Eberth Franco Vêncio (Goiás), Ruy Perini (Espírito Santo)
e Josemar Otaviano de Alvarenga (Minas Gerais).
Junto aos seus votos, alguns de nossos jurados também
enviaram comentários ou deram opiniões sobre o evento.
Destacamos a seguir as palavras de dois deles:
De Josemar Otaviano Alvarenga, presidente da
SOBRAMES-MG: “Foi com imenso prazer, honra e alegria que,
esta presidência da SOBRAMES/MG aceitou o convite para participar
como jurado, de trabalho tão importante e significativo para a
SOBRAMES, o prêmio da justa homenagem ao grande Flerts Nebó.
Aproveito a oportunidade para cumprimentar a SOBRAMES-SP, a
diretoria atual, os sócios, pela grandeza democrática
demonstrada, em respeito ao estatuto. Estendo os cumprimentos
ao confrade Begliomini e sua chapa, eleitos à presidência do novo
biênio. Além de escritores, não devemos só pissitar. Nos devemos
ao exemplo ético e moral, a que todos se possam ao espelho
desejável. SOBRAMES é maior que as vaidades e solipsismos
redundantes. Parabéns e avante, SOBRAMES!”
De Laércio Nei Nicaretta Oliani, membro da
SOBRAMES-GO: “É com imensa satisfação e orgulho que envio
minha modesta contribuição para este prestigiado evento de nossa
regional paulista da SOBRAMES. Eternamente grato e envaidecido
pela oportunidade, espero ter realizado à altura a nobre missão
que me foi confiada, parabenizando de antemão aos participantes
pela qualidade dos trabalhos, à diretoria pela competente
organização e a todos os confrades que não olvidam esforços para
dignificar os princípios sobrâmicos. Por conta de compromissos
inadiáveis não poderei estar presente ao evento, porém deixo aqui
meus fraternos votos de Boas Festas e sucesso a todos.”
Algumas opiniões Registro
OFERENDA, ATÉ FEVEREIRO - De 13.12.2006 até 12.02.2007
estará aberta ao público no Centro Cultural APSEN a
exposição “Oferenda”, da artista plástica Martha W.Farias.O
Candomblé e uma série de Orixás inspirados na cultura afro-
brasileira é o tema da exposição. As obras terão legendas
em português e em braile. Há ainda esculturas que podem
ser manuseadas por deficientes visuais, além de miniaturas
de instrumentos e ferramentas utilizadas pelos Orixás. O
Centro Cultural APSEN funciona de terça a sábado, das 12h00
às 20h00 e domingos das 12h00 às 18h00. Fica na Av.Morumbi,
5594 (Casa da Fazenda do Morumbi). Veja maiores detalhes
em www.apsen.com.br.
MEMÓRIA DA DESTRUIÇÃO - Recebemos da FAPEAL - Fundação
de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas, o Calendário
2007, que tem como tema 12 edifícios e monumentos daquele
Estado que sofreram processo de abandono ao longo dos
anos. É um importante documento histórico, com fotos
atuais e dos tempos de glória desse patrimônio histórico
degradado. Informações: www.fapeal.br.
REVISTA OFICINA DE LETRAS - Recebemos da SOBRAMES -
regional Pernambuco, através de seu presidente, Dr. Luiz
Barreto, o livro “Revista Oficina de Letras”. Trata-se da 23ª
edição dessa obra cuja publicação teve início em 1990.
Partricipam desta edição 39 autores, a maioria vinculados à
regional pernambucana e também a alguns outros Estados.
Informações pelo e-mail igbarreto@uol.com.br.
8
O Bandeirante
Dezembro 2006
Coletânea
A Pizza Literária: flagrantes do lançamento
Nem mesmo um dos maiores congestionamentos do ano registrados na cidade de São Paulo, ocorrido no último dia
4 de dezembro, impediu que cerca de oitenta pessoas estivessem presentes no singelo coquetel que marcou o lançamento
da coletânea 2006 da SOBRAMES-SP. A chuva intensa que se abateu sobre a cidade desde o final da tarde daquela segunda-
feira não permitiu que boa parte dos convidados pudessem se locomover até a Rua Alves Guimarães, onde acontecia o
lançamento. O fato, porém, não ofuscou o brilho do evento. Contando com a participação de 33 autores, os 1350
exemplares de “A Pizza Literária - nona fornada”, publicados pela Rumo Editorial já estão circulando. Alguns dos autores
que não puderam comparecer ao encontro devem receber seus livros pelo correio nos próximos dias. A seguir alguns
flagrantes do lançamento, que você poderá ver também no blog da coletânea em http://coletanea2006.blogspot.com. A
obra poderá ser adquirida com os autores ou através do e-mail SOBRAMES@UOL.COM.BR.
ABRAMES PREMIA HELIO E NELSON: Durante a realização
da Semana da Academia Brasileira de Médicos Escritores,
em 22 e 23 de novembro, na Sociedade de Medicina e Cirurgia
do Rio de Janeiro, Nelson Jacintho tomou posse da cadeira
nº 16 daquele sodalício, e ganhou o primeiro lugar num dos
temas de trovas. No mesmo evento, Helio Begliomini recebeu
menção honrosa no concurso de poesias, segundo lugar no
concurso de crônicas e primeiro lugar no concurso de
ensaios.
MARCOS GIMENES SALUN recebeu o título de Membro
Honorário da SOBRAMES-SP no último dia 9 de dezembro,
durante almoço realizado no Consulado Geral Britânico em
São Paulo, ao qual compareceram presidentes e integrantes
da diretoria das últimas quatro gestões nas quais Salun atuou,
além de membros da diretoria eleita para o próximo biênio,
da qual ele também faz parte.
HELIO BEGLIOMINI tomou posse no dia 23 de novembro, na
cidade no Rio de Janeiro, como membro correspondente da
tradicional Academia Nacional de Medicina, sendo saudado
pelo acadêmico Ronaldo Damião. Em seu discurso de posse
enalteceu a saga desse augusto sodalício com 177 anos de
existência, o mais antigo em atividade no Brasil, celeiro de
destacados profissionais que fizeram e que fazem parte da
história da medicina brasileira, assim como exaltou a arte de
curar como uma profissão privilegiada, ao mesmo tempo em
que divina, e, particularmente, dissertou sobre sua alegria
pela vocação ao sacerdócio de Hipócrates coroado de
realizações, reforçado agora com esse inaudito galardão.
Walter Harris,
Luiz Giovani e
Helio Begliomini.
A Pizza Literária
Carlos Galvão,
Walter Harris e
Naira Gimenes
Nelson Jacintho e
Rubens Paulo
Gonçalves
Marcos Salun, Mélida
Velasco (centro) e
duas convidadas.
Flerts Nebó e
Evanir Carvalho
Evanir Carvalho, Sonia
Andruskevicius e Arlete
Giovani (ao fundo)
Destaques da regional São Paulo
Registramos aqui os destaques mais recentes envolvendo alguns membros da regional São Paulo:
NãopercaapróximaPIZZALITERÁRIA:18.01.2007
PizzariaBondePaulista-RuaOscarFreire,1597-19h30.

Más contenido relacionado

La actualidad más candente

Boletim ARAL Julho 2014
Boletim ARAL Julho 2014Boletim ARAL Julho 2014
Boletim ARAL Julho 2014ARALumiar
 
O Bandeirante - n.227 - Outubro de 2011
O Bandeirante - n.227 - Outubro de 2011O Bandeirante - n.227 - Outubro de 2011
O Bandeirante - n.227 - Outubro de 2011Marcos Gimenes Salun
 
Boletim da UMP – ano 1, edição nº 1
Boletim da UMP – ano 1, edição nº 1Boletim da UMP – ano 1, edição nº 1
Boletim da UMP – ano 1, edição nº 1umpippa
 
Memórias de jandaia do sul 3ª edição
Memórias de jandaia do sul   3ª ediçãoMemórias de jandaia do sul   3ª edição
Memórias de jandaia do sul 3ª ediçãobicho_do_mato
 
Memórias de jandaia do sul professor milton lopes
Memórias de jandaia do sul   professor milton lopesMemórias de jandaia do sul   professor milton lopes
Memórias de jandaia do sul professor milton lopesbicho_do_mato
 
Meu Bairro Zona Norte - Agosto
Meu Bairro Zona Norte - AgostoMeu Bairro Zona Norte - Agosto
Meu Bairro Zona Norte - AgostoACIDADE ON
 
Espaço SINDIMETAL 73
Espaço SINDIMETAL 73Espaço SINDIMETAL 73
Espaço SINDIMETAL 73SINDIMETAL RS
 
Jb news informativo nr. 0300
Jb news   informativo nr. 0300Jb news   informativo nr. 0300
Jb news informativo nr. 0300JB News
 
Malhe e pague por um só dia da semana
Malhe e pague por um só dia da semanaMalhe e pague por um só dia da semana
Malhe e pague por um só dia da semanaJosé Gabriel Navarro
 
Carta fevereiro 2014
Carta fevereiro 2014Carta fevereiro 2014
Carta fevereiro 2014Distrito4680
 
revista_tracos_edicao_50_final.pdf
revista_tracos_edicao_50_final.pdfrevista_tracos_edicao_50_final.pdf
revista_tracos_edicao_50_final.pdfJulianaValentim10
 
Junta de Freguesia da Sé
Junta de Freguesia da SéJunta de Freguesia da Sé
Junta de Freguesia da Séradioff
 
Estacao 23 final
Estacao 23 finalEstacao 23 final
Estacao 23 finalMichael Yoo
 

La actualidad más candente (19)

Boletim ARAL Julho 2014
Boletim ARAL Julho 2014Boletim ARAL Julho 2014
Boletim ARAL Julho 2014
 
Jornal site
Jornal siteJornal site
Jornal site
 
O Bandeirante - n.227 - Outubro de 2011
O Bandeirante - n.227 - Outubro de 2011O Bandeirante - n.227 - Outubro de 2011
O Bandeirante - n.227 - Outubro de 2011
 
Boletim 38
Boletim 38Boletim 38
Boletim 38
 
Boletim da UMP – ano 1, edição nº 1
Boletim da UMP – ano 1, edição nº 1Boletim da UMP – ano 1, edição nº 1
Boletim da UMP – ano 1, edição nº 1
 
Memórias de jandaia do sul 3ª edição
Memórias de jandaia do sul   3ª ediçãoMemórias de jandaia do sul   3ª edição
Memórias de jandaia do sul 3ª edição
 
Memórias de jandaia do sul professor milton lopes
Memórias de jandaia do sul   professor milton lopesMemórias de jandaia do sul   professor milton lopes
Memórias de jandaia do sul professor milton lopes
 
Jornal100912
Jornal100912Jornal100912
Jornal100912
 
Meu Bairro Zona Norte - Agosto
Meu Bairro Zona Norte - AgostoMeu Bairro Zona Norte - Agosto
Meu Bairro Zona Norte - Agosto
 
Espaço SINDIMETAL 73
Espaço SINDIMETAL 73Espaço SINDIMETAL 73
Espaço SINDIMETAL 73
 
Jb news informativo nr. 0300
Jb news   informativo nr. 0300Jb news   informativo nr. 0300
Jb news informativo nr. 0300
 
O Bandeirante 082006
O Bandeirante 082006O Bandeirante 082006
O Bandeirante 082006
 
Newsletter nº1 balanço 2012
Newsletter nº1 balanço 2012Newsletter nº1 balanço 2012
Newsletter nº1 balanço 2012
 
Malhe e pague por um só dia da semana
Malhe e pague por um só dia da semanaMalhe e pague por um só dia da semana
Malhe e pague por um só dia da semana
 
Carta fevereiro 2014
Carta fevereiro 2014Carta fevereiro 2014
Carta fevereiro 2014
 
Boletim5
Boletim5Boletim5
Boletim5
 
revista_tracos_edicao_50_final.pdf
revista_tracos_edicao_50_final.pdfrevista_tracos_edicao_50_final.pdf
revista_tracos_edicao_50_final.pdf
 
Junta de Freguesia da Sé
Junta de Freguesia da SéJunta de Freguesia da Sé
Junta de Freguesia da Sé
 
Estacao 23 final
Estacao 23 finalEstacao 23 final
Estacao 23 final
 

Destacado

WYDEN -- STOP THIS BOGUS FALSE FLAG WAR
WYDEN -- STOP THIS BOGUS FALSE FLAG WARWYDEN -- STOP THIS BOGUS FALSE FLAG WAR
WYDEN -- STOP THIS BOGUS FALSE FLAG WARRoch Steinbach
 
Trabajo practico nº6
Trabajo practico nº6Trabajo practico nº6
Trabajo practico nº6flormarini
 
Pedrezuela, Premios Nacionales de Seguridad Vial febrero 2012
Pedrezuela, Premios Nacionales de Seguridad Vial febrero 2012Pedrezuela, Premios Nacionales de Seguridad Vial febrero 2012
Pedrezuela, Premios Nacionales de Seguridad Vial febrero 2012Pedrezuela Activa
 
Gutuna gurasoei bisita eguna puertas abiertas
Gutuna gurasoei bisita eguna puertas abiertasGutuna gurasoei bisita eguna puertas abiertas
Gutuna gurasoei bisita eguna puertas abiertasiralekontsultazerbitzua
 

Destacado (12)

Matrikulazio egiaztagiria (eredua)
Matrikulazio egiaztagiria (eredua)Matrikulazio egiaztagiria (eredua)
Matrikulazio egiaztagiria (eredua)
 
PROGRAMACIÓN DE CUARESMA 2012
PROGRAMACIÓN DE CUARESMA 2012PROGRAMACIÓN DE CUARESMA 2012
PROGRAMACIÓN DE CUARESMA 2012
 
Memoria 11
Memoria  11Memoria  11
Memoria 11
 
WYDEN -- STOP THIS BOGUS FALSE FLAG WAR
WYDEN -- STOP THIS BOGUS FALSE FLAG WARWYDEN -- STOP THIS BOGUS FALSE FLAG WAR
WYDEN -- STOP THIS BOGUS FALSE FLAG WAR
 
Descripción del curso
Descripción del cursoDescripción del curso
Descripción del curso
 
Gissel rodriguez
Gissel rodriguezGissel rodriguez
Gissel rodriguez
 
Trabajo practico nº6
Trabajo practico nº6Trabajo practico nº6
Trabajo practico nº6
 
Corferias feria gastronomia
Corferias feria gastronomiaCorferias feria gastronomia
Corferias feria gastronomia
 
Pedrezuela, Premios Nacionales de Seguridad Vial febrero 2012
Pedrezuela, Premios Nacionales de Seguridad Vial febrero 2012Pedrezuela, Premios Nacionales de Seguridad Vial febrero 2012
Pedrezuela, Premios Nacionales de Seguridad Vial febrero 2012
 
Gutuna gurasoei bisita eguna puertas abiertas
Gutuna gurasoei bisita eguna puertas abiertasGutuna gurasoei bisita eguna puertas abiertas
Gutuna gurasoei bisita eguna puertas abiertas
 
Save Ganga
Save GangaSave Ganga
Save Ganga
 
Rotary kiln
Rotary kilnRotary kiln
Rotary kiln
 

Similar a O Bandeirante 122006

O Bandeirante - Outubro 2007 - nº 179
O Bandeirante - Outubro 2007 - nº 179O Bandeirante - Outubro 2007 - nº 179
O Bandeirante - Outubro 2007 - nº 179Marcos Gimenes Salun
 
O Bandeirante - n.198 - Maio de 2009
O Bandeirante - n.198 - Maio de 2009O Bandeirante - n.198 - Maio de 2009
O Bandeirante - n.198 - Maio de 2009Marcos Gimenes Salun
 
O Bandeirante - n.191 - Outubro de 2008
O Bandeirante - n.191 - Outubro de 2008O Bandeirante - n.191 - Outubro de 2008
O Bandeirante - n.191 - Outubro de 2008Marcos Gimenes Salun
 
O Bandeirante - n.188 - Julho de 2008
O Bandeirante - n.188 - Julho de 2008O Bandeirante - n.188 - Julho de 2008
O Bandeirante - n.188 - Julho de 2008Marcos Gimenes Salun
 
O Bandeirante - Julho 2007 - nº 176
O Bandeirante - Julho 2007 - nº 176O Bandeirante - Julho 2007 - nº 176
O Bandeirante - Julho 2007 - nº 176Marcos Gimenes Salun
 
O Bandeirante - Abril 2007 - nº 173
O Bandeirante - Abril 2007 - nº 173O Bandeirante - Abril 2007 - nº 173
O Bandeirante - Abril 2007 - nº 173Marcos Gimenes Salun
 
O Bandeirante - Junho 2007 - nº 175
O Bandeirante - Junho 2007 - nº 175O Bandeirante - Junho 2007 - nº 175
O Bandeirante - Junho 2007 - nº 175Marcos Gimenes Salun
 
Bandeirante - Março 2007 - nº 172
Bandeirante - Março 2007 - nº 172Bandeirante - Março 2007 - nº 172
Bandeirante - Março 2007 - nº 172Marcos Gimenes Salun
 
Revista Boa Vontade, edição 213
Revista Boa Vontade, edição 213Revista Boa Vontade, edição 213
Revista Boa Vontade, edição 213Boa Vontade
 
Bandeirante - Janeiro 2007 - nº 170
Bandeirante - Janeiro 2007 - nº 170Bandeirante - Janeiro 2007 - nº 170
Bandeirante - Janeiro 2007 - nº 170Marcos Gimenes Salun
 
O Bandeirante - n.190 - Setembro de 2008
O Bandeirante - n.190 - Setembro de 2008O Bandeirante - n.190 - Setembro de 2008
O Bandeirante - n.190 - Setembro de 2008Marcos Gimenes Salun
 
O Bandeirante - Setembro 2007 - nº 178
O Bandeirante - Setembro 2007 - nº 178O Bandeirante - Setembro 2007 - nº 178
O Bandeirante - Setembro 2007 - nº 178Marcos Gimenes Salun
 
Bandeirante - Fevereiro 2007 - nº 171
Bandeirante - Fevereiro 2007 - nº 171Bandeirante - Fevereiro 2007 - nº 171
Bandeirante - Fevereiro 2007 - nº 171Marcos Gimenes Salun
 
Boletim Informativo nº 01
Boletim Informativo nº 01Boletim Informativo nº 01
Boletim Informativo nº 01CSSExCuritiba
 

Similar a O Bandeirante 122006 (20)

O Bandeirante 052006
O Bandeirante 052006O Bandeirante 052006
O Bandeirante 052006
 
O Bandeirante - Outubro 2007 - nº 179
O Bandeirante - Outubro 2007 - nº 179O Bandeirante - Outubro 2007 - nº 179
O Bandeirante - Outubro 2007 - nº 179
 
O Bandeirante 102006
O Bandeirante 102006O Bandeirante 102006
O Bandeirante 102006
 
O Bandeirante - n.198 - Maio de 2009
O Bandeirante - n.198 - Maio de 2009O Bandeirante - n.198 - Maio de 2009
O Bandeirante - n.198 - Maio de 2009
 
O Bandeirante - n.191 - Outubro de 2008
O Bandeirante - n.191 - Outubro de 2008O Bandeirante - n.191 - Outubro de 2008
O Bandeirante - n.191 - Outubro de 2008
 
O Bandeirante - n.188 - Julho de 2008
O Bandeirante - n.188 - Julho de 2008O Bandeirante - n.188 - Julho de 2008
O Bandeirante - n.188 - Julho de 2008
 
O Bandeirante - Julho 2007 - nº 176
O Bandeirante - Julho 2007 - nº 176O Bandeirante - Julho 2007 - nº 176
O Bandeirante - Julho 2007 - nº 176
 
O Bandeirante - Abril 2007 - nº 173
O Bandeirante - Abril 2007 - nº 173O Bandeirante - Abril 2007 - nº 173
O Bandeirante - Abril 2007 - nº 173
 
O Bandeirante - Junho 2007 - nº 175
O Bandeirante - Junho 2007 - nº 175O Bandeirante - Junho 2007 - nº 175
O Bandeirante - Junho 2007 - nº 175
 
Bandeirante - Março 2007 - nº 172
Bandeirante - Março 2007 - nº 172Bandeirante - Março 2007 - nº 172
Bandeirante - Março 2007 - nº 172
 
Bolcultset2
Bolcultset2Bolcultset2
Bolcultset2
 
Revista Boa Vontade, edição 213
Revista Boa Vontade, edição 213Revista Boa Vontade, edição 213
Revista Boa Vontade, edição 213
 
Bandeirante - Janeiro 2007 - nº 170
Bandeirante - Janeiro 2007 - nº 170Bandeirante - Janeiro 2007 - nº 170
Bandeirante - Janeiro 2007 - nº 170
 
O Bandeirante 112006
O Bandeirante 112006O Bandeirante 112006
O Bandeirante 112006
 
O Bandeirante - n.190 - Setembro de 2008
O Bandeirante - n.190 - Setembro de 2008O Bandeirante - n.190 - Setembro de 2008
O Bandeirante - n.190 - Setembro de 2008
 
O Bandeirante - Setembro 2007 - nº 178
O Bandeirante - Setembro 2007 - nº 178O Bandeirante - Setembro 2007 - nº 178
O Bandeirante - Setembro 2007 - nº 178
 
Bandeirante - Fevereiro 2007 - nº 171
Bandeirante - Fevereiro 2007 - nº 171Bandeirante - Fevereiro 2007 - nº 171
Bandeirante - Fevereiro 2007 - nº 171
 
O Bandeirante 012006 - n158
O Bandeirante 012006 - n158O Bandeirante 012006 - n158
O Bandeirante 012006 - n158
 
Boletim Informativo nº 01
Boletim Informativo nº 01Boletim Informativo nº 01
Boletim Informativo nº 01
 
O Bandeirante - 257 - Abril 2014
O Bandeirante - 257 - Abril 2014O Bandeirante - 257 - Abril 2014
O Bandeirante - 257 - Abril 2014
 

Más de Marcos Gimenes Salun

O Bandeirante - n® 269 - Abril de 2015
O Bandeirante - n® 269 - Abril de 2015O Bandeirante - n® 269 - Abril de 2015
O Bandeirante - n® 269 - Abril de 2015Marcos Gimenes Salun
 
O Bandeirante - nº 268 - março de 2015
O Bandeirante - nº 268 - março de 2015O Bandeirante - nº 268 - março de 2015
O Bandeirante - nº 268 - março de 2015Marcos Gimenes Salun
 
Revista opinias nº 8 - janeiro 2015
Revista opinias nº 8  -  janeiro 2015Revista opinias nº 8  -  janeiro 2015
Revista opinias nº 8 - janeiro 2015Marcos Gimenes Salun
 
Jornal "O Bandeirante" - nº 266 - Janeiro de 2015
Jornal "O Bandeirante" - nº 266 - Janeiro de 2015Jornal "O Bandeirante" - nº 266 - Janeiro de 2015
Jornal "O Bandeirante" - nº 266 - Janeiro de 2015Marcos Gimenes Salun
 
Revista OPINIAS nº 07 - Dezembro 2014
Revista OPINIAS nº 07 - Dezembro 2014Revista OPINIAS nº 07 - Dezembro 2014
Revista OPINIAS nº 07 - Dezembro 2014Marcos Gimenes Salun
 
O Bandeirante - nº 265 - Dezembro 2014
O Bandeirante - nº 265 - Dezembro 2014O Bandeirante - nº 265 - Dezembro 2014
O Bandeirante - nº 265 - Dezembro 2014Marcos Gimenes Salun
 
Revista Opinias nº 06 - Novembro 2014
Revista Opinias  nº 06 - Novembro 2014Revista Opinias  nº 06 - Novembro 2014
Revista Opinias nº 06 - Novembro 2014Marcos Gimenes Salun
 
O Bandeirante - nº 264 - novembro 2014
O Bandeirante - nº 264 - novembro 2014O Bandeirante - nº 264 - novembro 2014
O Bandeirante - nº 264 - novembro 2014Marcos Gimenes Salun
 
Revista OPINIAS - nº 05 - Outubro de 2014
Revista OPINIAS - nº 05 - Outubro de 2014Revista OPINIAS - nº 05 - Outubro de 2014
Revista OPINIAS - nº 05 - Outubro de 2014Marcos Gimenes Salun
 
Revista OPINIAS nº 04 - Setembro 2014
Revista OPINIAS nº 04 - Setembro 2014Revista OPINIAS nº 04 - Setembro 2014
Revista OPINIAS nº 04 - Setembro 2014Marcos Gimenes Salun
 
Revista OPINIAS nº 04 - Setembro 2014
Revista OPINIAS nº 04 - Setembro 2014Revista OPINIAS nº 04 - Setembro 2014
Revista OPINIAS nº 04 - Setembro 2014Marcos Gimenes Salun
 
O Bandeirante - Setembro 2014 - nº 262
O Bandeirante -  Setembro 2014 - nº 262O Bandeirante -  Setembro 2014 - nº 262
O Bandeirante - Setembro 2014 - nº 262Marcos Gimenes Salun
 
Revista OPINIAS - nº 03 - Agosto 2014
Revista OPINIAS - nº 03 - Agosto 2014Revista OPINIAS - nº 03 - Agosto 2014
Revista OPINIAS - nº 03 - Agosto 2014Marcos Gimenes Salun
 
"O Bandeirante" - nº 261 - agosto 2014
"O Bandeirante" - nº 261 - agosto 2014"O Bandeirante" - nº 261 - agosto 2014
"O Bandeirante" - nº 261 - agosto 2014Marcos Gimenes Salun
 
O Bandeirante - n.260 - julho 2014
O Bandeirante - n.260 - julho 2014O Bandeirante - n.260 - julho 2014
O Bandeirante - n.260 - julho 2014Marcos Gimenes Salun
 
Revista Opinias n 02 - julho de 2014
Revista Opinias n 02 - julho de 2014Revista Opinias n 02 - julho de 2014
Revista Opinias n 02 - julho de 2014Marcos Gimenes Salun
 
Revista OPINIAS - n.1 - junho 2014
Revista OPINIAS - n.1 - junho 2014Revista OPINIAS - n.1 - junho 2014
Revista OPINIAS - n.1 - junho 2014Marcos Gimenes Salun
 

Más de Marcos Gimenes Salun (20)

O Bandeirante - n® 269 - Abril de 2015
O Bandeirante - n® 269 - Abril de 2015O Bandeirante - n® 269 - Abril de 2015
O Bandeirante - n® 269 - Abril de 2015
 
O Bandeirante - nº 268 - março de 2015
O Bandeirante - nº 268 - março de 2015O Bandeirante - nº 268 - março de 2015
O Bandeirante - nº 268 - março de 2015
 
Revista OPINIAS nº 09
Revista OPINIAS   nº 09Revista OPINIAS   nº 09
Revista OPINIAS nº 09
 
O Bandandeirante - fevereiro 2015
O Bandandeirante - fevereiro 2015O Bandandeirante - fevereiro 2015
O Bandandeirante - fevereiro 2015
 
Revista opinias nº 8 - janeiro 2015
Revista opinias nº 8  -  janeiro 2015Revista opinias nº 8  -  janeiro 2015
Revista opinias nº 8 - janeiro 2015
 
Jornal "O Bandeirante" - nº 266 - Janeiro de 2015
Jornal "O Bandeirante" - nº 266 - Janeiro de 2015Jornal "O Bandeirante" - nº 266 - Janeiro de 2015
Jornal "O Bandeirante" - nº 266 - Janeiro de 2015
 
Revista OPINIAS nº 07 - Dezembro 2014
Revista OPINIAS nº 07 - Dezembro 2014Revista OPINIAS nº 07 - Dezembro 2014
Revista OPINIAS nº 07 - Dezembro 2014
 
O Bandeirante - nº 265 - Dezembro 2014
O Bandeirante - nº 265 - Dezembro 2014O Bandeirante - nº 265 - Dezembro 2014
O Bandeirante - nº 265 - Dezembro 2014
 
Revista Opinias nº 06 - Novembro 2014
Revista Opinias  nº 06 - Novembro 2014Revista Opinias  nº 06 - Novembro 2014
Revista Opinias nº 06 - Novembro 2014
 
O Bandeirante - nº 264 - novembro 2014
O Bandeirante - nº 264 - novembro 2014O Bandeirante - nº 264 - novembro 2014
O Bandeirante - nº 264 - novembro 2014
 
Revista OPINIAS - nº 05 - Outubro de 2014
Revista OPINIAS - nº 05 - Outubro de 2014Revista OPINIAS - nº 05 - Outubro de 2014
Revista OPINIAS - nº 05 - Outubro de 2014
 
O Bandeirante - Outubro 2014
O Bandeirante - Outubro 2014O Bandeirante - Outubro 2014
O Bandeirante - Outubro 2014
 
Revista OPINIAS nº 04 - Setembro 2014
Revista OPINIAS nº 04 - Setembro 2014Revista OPINIAS nº 04 - Setembro 2014
Revista OPINIAS nº 04 - Setembro 2014
 
Revista OPINIAS nº 04 - Setembro 2014
Revista OPINIAS nº 04 - Setembro 2014Revista OPINIAS nº 04 - Setembro 2014
Revista OPINIAS nº 04 - Setembro 2014
 
O Bandeirante - Setembro 2014 - nº 262
O Bandeirante -  Setembro 2014 - nº 262O Bandeirante -  Setembro 2014 - nº 262
O Bandeirante - Setembro 2014 - nº 262
 
Revista OPINIAS - nº 03 - Agosto 2014
Revista OPINIAS - nº 03 - Agosto 2014Revista OPINIAS - nº 03 - Agosto 2014
Revista OPINIAS - nº 03 - Agosto 2014
 
"O Bandeirante" - nº 261 - agosto 2014
"O Bandeirante" - nº 261 - agosto 2014"O Bandeirante" - nº 261 - agosto 2014
"O Bandeirante" - nº 261 - agosto 2014
 
O Bandeirante - n.260 - julho 2014
O Bandeirante - n.260 - julho 2014O Bandeirante - n.260 - julho 2014
O Bandeirante - n.260 - julho 2014
 
Revista Opinias n 02 - julho de 2014
Revista Opinias n 02 - julho de 2014Revista Opinias n 02 - julho de 2014
Revista Opinias n 02 - julho de 2014
 
Revista OPINIAS - n.1 - junho 2014
Revista OPINIAS - n.1 - junho 2014Revista OPINIAS - n.1 - junho 2014
Revista OPINIAS - n.1 - junho 2014
 

O Bandeirante 122006

  • 1. “ Informativo Mensal da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores SOBRAMES-SP - Regional do Estado de São Paulo OBandeirante 15 Ano XV - n° 169 - Dezembro de 2006 François René de Chateubriand - escritor francês - (1768-1848) “ Recomeçar e reconher: o editorial dos erres Uma publicação feita por Médicos Escritores O escritor original não é aquele que não imita ninguém, mas sim aquele que ninguém pode imitar. Helio Begliomini Helio Begliomini é médico urologista em São Paulo. Foi eleito presidente da SOBRAMES-SP para o biênio 2007/2008 “Daí, pois, ao vosso servo um coração sábio, capaz de julgar o vosso povo e discernir entre o bem e o mal (...)”. Oração de Salomão – I Reis 2:9. Estamos em dezembro de 2006, prestes ao início de uma nova gestão na querida Sobrames – SP. A consciência de que os dirigentes enquanto tais estão escrevendo automaticamente a história de suas agremiações e, que a mesma, transcenda a própria materialidade de seus seres, não se faz presente de modo notório em nossa cultura. Temos clara ciência de que estaremos recomeçando uma nova etapa na história da entidade. Daí, ser oportuno renovar sua tábua diretiva com novos talentos; reciclar conceitos, reconhecer valores, reencontrar velhos companheiros, restaurar o equilíbrio, readquirir a confiança, recanalizar energias; reequilibrar o prumo, reconhecer e resgatar nosso passado, restabelecer a harmonia, realinhar nossa trajetória, reabastecer inspirações, reconciliar desejos, ruir a indiferença, reabastecer amizades, reaproximar de outras regionais, revitalizar o ânimo, ressurgir projetos, relevar mágoas, reparar avarias sofridas, renascer a paz, responder aos novos desafios, reacender a esperança, enfim, rumar ao futuro com as baterias recarregadas e as velas plenamente enfunadas. E estas palavras assumem um sabor especialíssimo por estarmos no mês de Natal, quando toda a cristandade comemora o nascimento do Salvador, nosso senhor Jesus Cristo. A Sobrames – SP tem se destacado ao largo dos anos não somente pelas qualidades humanas e literárias de seus participantes, como também pela enorme quantidade de serviços que presta aos seus membros, desproporcionalmente grande em função do número diminuto de associados que a mantém financeiramente. Para que tudo isso continue, deve, necessariamente, contar com uma diretoria despojada e desmedidamente atuante. Sabemos que a grande maioria dos associados gosta de freqüentar nossas reuniões sociais, ler seus trabalhos e ouvir os dos outros companheiros; participar de nossos concursos, antologias, coletâneas, jornadas; receber o informativo O Bandeirante... mas, nem todos “podem” ou desejam disponibilizar parcas horas de seu precioso tempo para que a entidade continue funcionando em beneficio da coletividade. Neste cenário, a atual diretoria está muito empenhada em abrir suas reuniões a todos aqueles que não somente delas desejam participar, fazendo críticas, trazendo idéias, oxigenando o ambiente, mas, sobretudo, agregando muita vontade de trabalhar. Como é bom escutar sentenças como “o que eu posso fazer para ajudar?”; “eu tenho essa ou aquele idéia para a entidade e, se aprovada, poderia desenvolvê-la”; “vocês gostariam que eu fizesse isso ou aquilo?”; ou, ainda, “neste ou naquele projeto eu gostaria de participar. Posso?”. Tenham certeza de que quaisquer ações em prol da Sobrames – SP, desde que aprovada pela diretoria, a resposta só poderá ser afirmativa. Durante este ano participamos inicialmente a convite e, posteriormente, por nossa própria iniciativa, de várias reuniões da diretoria que ora conclui seu mandato, e com total espírito de colaboração. Somos testemunha do trabalho e da dedicação de seus membros à causa da entidade. Por isso gostaríamos de reconhecer o labor, o desprendimento, o carinho e o amor que nossos companheiros, ora membros da diretoria que finda seu mandato, devotaram à Sobrames – SP. Essas palavras de elogio assumem maiores proporções, considerando os injustos e desgastantes danos morais sofridos em 2005; os problemas profissionais e familiares que a todos invariavelmente acometem; as agruras de doenças inevitáveis infligidas a entes queridos pela insidiosa e misteriosa saga da vida; além da desolação da morte que surpreendeu a família de um de seus diretores pela irreparável perda de um filho. Reconhecer os valores das pessoas é sempre necessário, justo e salutar. Assim, consignamos nosso preito de gratidão, gritos de alegria e ovação de louvor aos membros da diretoria que deixa a entidade. Somos orgulhosos de ser seus amigos. Somos envaidecidos por ser membro da querida Sobrames de São Paulo, celeiro não somente de talentosos escritores, briosos companheiros, mas também de verdadeiros heróis. Rogamos a Deus por eles, pois nos legaram exemplos da estatura dos grandes homens. Que neste biênio, a exemplo do anterior, o Senhor nos conceda saúde, mas também traços da humildade, da firmeza, da lucidez, e da sabedoria de Salomão (1032-975 a.C.) para coordenar nossa diretoria, a fim de que a nossa querida Sobrames – SP cresça com o desprendimento e o engrandecimento de seus membros. PRÓXIMA PIZZA LITERÁRIA:18.01.2007 Pizzaria Bonde Paulista - Rua Oscar Freire, 1597 - 19h30.
  • 2. O Bandeirante - ANO XV - nº 169 - Dezembro 2006 - Publicação da SOBRAMES-SP - Sociedade Brasileira de Médicos Escritores Regional do Estado de São Paulo - Sede: Rua Alves Guimarães, 251 - CEP 05410-000 - Pinheiros - São Paulo - SP - telefax (11) 3062.9887 / 3062-3604 - Projeto Gráfico e Diagramação: Rumo Editorial Produções e Edições Ltda. - E-mail: rumoeditorial@uol.com.br Editores: Flerts Nebó, Marcos Gimenes Salun. Redatores: Luiz Giovani, Marcos Gimenes Salun. Jornalista Responsável: Marcos Gimenes Salun - MTb 20.405 - SP - Correspondência: Av.Prof. Sylla Mattos, 652 - apto. 12 - Jardim Santa Cruz - São Paulo - SP - CEP 04182-010 - E-mail: sobrames@uol.com.br - Diretoria Gestão 2005/2006 - Presidente: Flerts Nebó. Primeiro-secretário: Marcos Gimenes Salun Segundo-secretário: Maria do Céu Coutinho Louzã. Tesoureiro: Milton Maretti. Conselho Fiscal Efetivos: Luiz Giovani, Madalena J.G.M.Nebó, José Rodrigues Louzã. Suplentes: Sérgio Perazzo, José Jucovsky, Arlete M.M.Giovani. Matérias assinadas são de responsabilidade de seus autores e não significam, necessariamente, a opinião da SOBRAMES-SP O Bandeirante Dezembro 2006 Fechando cortinas em 2006 HOSPITAL METROPOLITANO Serviços de Pronto-socorro e tratamentos de ambulatório. Rua Marcelina, 441 - Vila Romana - SP (11) 3677.2000 2 LIFE SYSTEM ASSISTÊNCIA MÉDICA E ODONTOLÓGICA Avenida Brasil, 598 – Jardim América – SP (11) 3885 – 8000 lifesystem@uol.com.br Flerts Nebó EM BUSCA DE ANUNCIANTES - A manutenção desta publicação de forma regular tem sido um dos principais desafios e também representa um dos maiores gastos da sociedade ao longo do tempo. Além dos custos de produção e impressão do jornal, há ainda o custo da sua distribuição, envolvendo aquisição de envelopes e o custo da postagem. Para fazer face a essas despesas elevadas para uma arrecadação pequena da SOBRAMES-SP, a diretoria inicia aqui uma campanha para conseguir novos anunciantes, visando manter e até mesmo ampliar a produção e distribuição deste jornal. Você também pode ajudar. ANUNCIE: sobrames@uol.com.br. AUTORES MOSTRAM A CARA EM 2007 - Dentre as novidades na apresentação visual deste jornal, o Suplemento Literário ganhará uma nova aparência a partir da edição de janeiro de 2007. Todos os textos literários publicados terão, além da indicação da autoria, uma foto do seu autor. É importante que os autores, especialmente aqueles que não podem comparecer às reuniões mensais das Pizzas Literárias, nos enviem as fotos digitais que gostariam que acompanhassem seus textos. A remessa poderá ser feita pelo e-mail sobrames@uol.com.br. TRANSMISSÃO DE CARGOS DA DIRETORIA - Acontecerá no dia 21 de dezembro de 2006 a transmissão dos cargos de diretoria. A nova gestão, que abrange o biênio 2007/2008, terá como presidente o Dr. Helio Begliomini e o exercício efetivo dos cargos tem início no dia 1º de janeiro de 2007. A reunião de dezembro promete ser uma das mais concorridas do ano de 2006, pois além da posse da nova diretoria, haverá a entrega dos prêmios de prosa e poesia e a tradicional apresentação de textos literários dos autores presentes. SUPERPIZZA COM TEMA LIVRE - Todos os dez textos apresentados durante a Pizza Literária de novembro estão concorrendo na última edição do desafio SUPERPIZZA de 2006. Convidamos para escolher o melhor deles o empresário Octaviano Du Pin Galvão Neto. O autor do texto apontado pelo nosso leitor convidado ganhará uma garrafa de vinho. O anúncio será feito na Pizza Literária do dia 21.12.2006. Expediente Editorial Rápidas Chegamos ao último número do jornal O Bandeirante deste ano, no qual a nossa SOBRAMES, com imensa satisfação, teve a alegria conseguir realizar mais doze Pizzas Literárias. Isto é, nos reunimos em todos os meses do ano para gozarmos da companhia de nossos ilustres associados, mas sobretudo, para reencontramos nossos queridos amigos, visto que a amizade é um dom da natureza, que une a raça humana. Um fato marcante neste ano foi a eleição da nova Diretoria, que sob o comando do Dr. Helio Begliomini, e com a participação de novos companheiros, conduzirá os destinos da Regional São Paulo no próximo biênio. Certamente será uma equipe dinâmica e temos a certeza que levará ainda mais alto o nome de nossa Regional, dentro do cenário nacional. Outro marco importante de 2006 foi o lançamento da nossa tradicional coletânea, que é bianual, e que chegou à sua nona edição. Trata-se da obra “A Pizza Literária – nona fornada”, da série que vem sendo uma das mais expressivas publicações da SOBRAMES-SP ao longo dos anos. Há de se destacar ainda que este é o último mês da gestão atual da diretoria, que apesar de alguns percalços, conseguiu realizar muito durante os dois anos em que atuou. Destaque-se a realização da VIII Jornada Médico-literária Paulista que aconteceu em setembro de 2005 na cidade de Serra Negra e à qual compareceram oito companheiros vindos da Argentina, transformando a jornada num evento internacional. Não poderia deixar de se mencionar também a realização da Mostra Artística de Médicos Escritores, realizada em maio de 2005 na Casa da Fazenda da Morumbi, sob o patrocínio do Laboratório Apsen, que foi outro sucesso para nosso grupo, com expressiva participação do público externo e uma edição especial do jornal “O Bandeirante”, com 10.000 exemplares distribuídos para todo o Brasil. Missão cumprida! Deixo aqui consignados o meu agradecimento a todos os que colaboraram com a SOBRAMES- SP durante esta gestão e os mais ardentes votos de um Bom Natal e um Felicíssimo Ano de 2007 para todos os nossos leitores e queridos amigos. Que o ano de 2007 seja dos mais proveitosos na existência de nossa regional. Se eu fosse você, não faltaria em nenhum dos eventos programados para 2007. Na próxima edição você terá a agenda completa. Aguarde as surpresas que vem por aí.
  • 3. 3O Bandeirante Dezembro 2006 Prêmio Flerts Nebó Melhor prosa 2005/2006 Alitta Guimarães Costa Reis Médica psiquiatra São Lourenço - MG Suplemento Literário Olho de Elefante “De Viena pulei para Berlim. Embora Buda tivesse apagado muitas das minhas sedes íntimas, não conseguiu extinguir a sede de ver o maior número possível de lugares da terra e dos mares. Ele me dera o que ele mesmo chamou de “olho de elefante”, a capacidade de ver todas as coisas como se fosse a primeira vez e saúda-las, de ver todas as coisas como se fosse a última vez e dizer-lhes adeus.” - Nikos Kazantzakis (1885-1957) - (“Relatório para Greco”) Por muitos anos venho guardando lembrança da prodigiosa memória de uma amiga de meu pai. Amiga de circo. O circo ocupou por semanas o terreno baldio próximo à nossa casa. Eu era bem pequena, e tudo era um deslumbramento. O circo chegava com estrépito, um desfile com artistas e animais pela cidade, música empolgante, a montagem da lona. Podíamos conviver com o dia-a-dia dos artistas. Víamos como eram feitas as cornucópias azuis de papel, com rendas e laços, cheios de doces, que eram vendidas à noite, no espetáculo, com canudinhos de amendoim, pipocas e pirulitos de tábua. Víamos também a higiene, a alimentação e o treinamento dos bichos. Eram boas pessoas, tratavam bem os animais. Aprendíamos sobre a vida nômade, nos “traillers” e tendas, como se arrumava a serragem e a palha de arroz, como se faziam as roupagens. Para a nossa surpresa, as crianças estudavam, freqüentavam escolas por onde passavam, e os pais acompanhavam seus estudos, assim como os treinos do circo. Assistíamos aos treinos, eles não se importavam. Bem sabiam que era à noite que a mágica acontecia: homens e mulheres comuns transformavam-se em palhaços, trapezistas, equilibristas, com roupas coloridas e brilhantes. Era inverno. A temperatura caíra a menos de 5° C e o circo ficava próximo ao rio. Meus pais falaram com eles, as crianças menores foram convidadas a dormirem no quarto grande que eu dividia com minha irmã. Foi assim que me tornei amiga de uma garotinha de franja e cabelos lisos, que regulava comigo de idade. Ela contava histórias sobre o circo, e nós brincávamos muito. Minha mãe contava histórias à noite, mas de dia aproveitava para ensinar a nós duas português e matemática. Foi assim também que meu pai tornou-se amigo do dono do circo. Sempre achei meu pai, que era piloto, herói condecorado, muito fechado e sério, e foi uma boa surpresa vê-lo rindo, contando histórias, e até falando numa língua que eu não conhecia. Ele dizia apreciar a tenacidade da gente de circo, vencendo um desafio a cada dia. Assim os homens ficavam conversando por muito tempo, próximos à elefanta, que ficava numa espécie de dança, presa pela pata por correntes. Ela queria atenção. Meu pai levava amendoins, falava com ela, que se afeiçoou bastante a ele. Tento, agora, lembrar o nome da elefanta, mas só me lembro bem do seu olhar arguto, fixo. Perguntei a quem poderia me dizer, ninguém se recordou do nome dela. Vou, então, chamá-la aqui de Lia. O som desse nome parece-me ser o mais próximo. Estudei os elefantes depois disso: que animais fantásticos! São os maiores quadrúpedes que existem. Neles, o nariz e o lábio superior vêm unidos, formando a tromba, com função olfativa, que serve para obter água, pegar objetos pesados como uma pessoa ou leves como um palito. São surpreendentemente delicados e preciosos. Lia era de origem asiática, talvez da Índia ou do Ceilão (“Elephas maximus”), uma fêmea (“aliya”, em cingalês) com mais ou menos sete anos, cerca de três toneladas, incisos curtos (presas de marfim), e problemas recorrentes de pele. Parentes longínquos dos mamutes e mastodontes, os elefantes evoluíram sendo sociáveis. Às vezes vistos no Ocidente como símbolos de peso e lentidão, no Oriente o simbolismo é outro: força e potência (“mâtangi”), longevidade, prosperidade. Chamados “Ga-já”, são considerados as cariátides (suporte) do Universo, as montarias de deuses e reis, e também, por serem arredondados e de cor cinza, o símbolo das nuvens que trazem chuvas. Ganesha, o filho de Shiva, é representado na Índia com cabeça de elefante. Várias lendas falam do horror dos elefantes a ratos (porque lhe roem as patas) e de sua prodigiosa memória. Nas aventuras de Simbad, o marujo, elefantes mostram ao caçador seu cemitério repleto de marfim, para que ele pare de persegui-los e mata-los apenas por suas presas. Na Idade Média ocidental os elefantes foram associados à sabedoria, à temperança, à eternidade e à castidade, isso porque Aristóteles, séculos atrás, teria dito que eles se mantêm fiéis durante a prenhez de quase dois anos das fêmeas. O circo voltou à cidade uns dois anos depois. Minha amiguinha havia crescido e treinava para ser equilibrista. O circo prosperara, lona nova, novos animais, números diferentes: globo da morte, cavalos, uma peça teatral... Meu pai viajara, chegou no dia da estréia, quase na hora do espetáculo. Como de costume, trouxera livros e eu tive que insistir para que largasse deles e me levasse ao circo. Minha amiguinha se equilibraria na grande bola cheia de estrelas! Ficamos próximos ao picadeiro, e eu estava impaciente. Depois de alguns números, o homem de cartola anunciou o elefante. Banquetas foram posicionadas, o elefante entrou em cena. Olhando bem, era uma fêmea. Olhando melhor ainda, que boa surpresa, era Lia! Que bom encontrar uma velha amiga, eu pensei, vou passear de elefante outra vez. Quando vieram os aplausos para a primeira parte do número, meu pai se levantou: “ – Bravo, Lia!” E, de repente, ela o olhou. Parou de fazer seu número, levantou a tromba e barriu, um alto e estranho som que se sobrepôs à música do espetáculo, e deixou as pessoas em sobressalto, inclusive o domador e a moça de maiô laranja cintilante que já ia subir pelas suas patas. O que teria acontecido? Lia movia-se bem rápido para uma criatura tão grande, e avançava com toda determinação em direção às arquibancadas. As pessoas recuaram, cadeiras voavam nos camarotes, mas, subitamente, Lia parou, e, delicadamente, pôs a tromba no ombro esquerdo de meu pai. Coincidentemente ou não, ele estava com amendoins, e os deu a ela. Enquanto Lia pegava os amendoins, a platéia passou do pasmo ao aplauso. De pé! Meu pai sorria, e logo ela voltou sossegadamente ao picadeiro, e completou sua função. Dessa vez, o circo não ficou tanto tempo na cidade. Estava quente, e a temporada prometia. Meu pai sempre ia lá para conversar, e agradava Lia com amendoins. Quis até comprá-la: minha mãe, irritadíssima, perguntou a ele se sabia o preço de um elefante e o custo de mantê-lo... Quando o circo levantou lona e se foi, meu pai assistiu a partida da varanda, com seu cachimbo favorito, disfarçando muito bem a comoção. Passando por nós, Lia levantou a tromba e barriu, e só não voltou porque o domador a impediu. Mesmo assim, olhou para trás. - “ É a última vez que a vejo”, ele disse. - “ Pai, o circo volta”, respondi. Tempos depois, um trabalhador contratado para uma empreitada na cidade contou no bar que havia ajudado a cavar o maior buraco que qualquer um já tinha visto, para um elefante morto. Então soubemos que Lia havia sofrido um acidente durante uma tempestade, tocando com a tromba um fio de alta tensão. Como sempre, em horas como essa, eu e meu pai não dizíamos uma só palavra ponto. Compartilhávamos longos silêncios. Dessa vez, no entanto, brilhou em meu pai o “olho de elefante”, que pressentiu a morte da amiga e em seu coração lhe disse adeus.
  • 4. 4 O Bandeirante Dezembro 2006 Suplemento Literário Menção Honrosa Prêmio Flerts Nebó 2005/2006 Walter Whitton Harris Médico ortopedista São Paulo - SP O mendigo de gravata FAZIA MINHA CAMINHADA MATINAL pelo canteiro central da avenida, quando me deparei com um mendigo mexendo em sacos de lixo na calçada, do outro lado da rua. O que prendeu minha atenção foi que parecia estar usando terno e gravata. Mesmo assim, foi apenas uma imagem que rapidamente passou pelos meus olhos. Continuei andando. Quando voltava, encontrei-o novamente. Desta vez, chafurdava uns sacos pretos que estavam colocados no próprio canteiro central. E não me enganara, ele estava mesmo de terno e gravata. O terno marrom era bem surrado, mas, de onde eu estava, não se via um único remendo. Não dava para saber a cor da camisa, porque só se via o colarinho, mas juro que algum dia fora branca. Com o tempo frio se aproximando, justificava-se o pulôver que vestia. A gravata vermelha desbotada se escondia, em parte, sob o colarinho e debaixo do pulôver. O mendigo não teria 50 anos, porém, maltrapilho assim, aparentava bem mais. Portava duas sacolas a tiracolo e estava absorto escolhendo garrafas, algumas de vidro, outras de plástico e latas de refrigerante e cerveja, que colocava com cuidado nas sacolas. Só se deu por satisfeito quando as duas estavam cheias e transbordando. Pareceu que minha presença passara despercebida, pois situava-me a uns dez metros de distância. Havia parado para observá-lo. Com tempo de sobra naquela manhã, decidi seguí-lo, pois queria desvendar o mistério desse homem e saber porque um mendigo se trajava daquele jeito. Tendo terminado de coletar seus objetos, atravessou a avenida e começou a andar na direção oposta àquela de onde eu tinha vindo. Fui acompanhando-o, porém, pelo canteiro central. Só passei para a outra calçada quando o mendigo entrou numa rua que saía da avenida. Quando eu consegui chegar na esquina, vi que ele havia progredido bastante, pois estava quase um quarteirão à minha frente. Dobrou outra esquina. Tive a sorte de vê-lo entrando num terreno cercado. Quando cheguei ao portão, entendi onde me encontrava, pois havia um cartaz anunciando que aquele era um depósito de material para reciclagem. Havia sacos de lixo e caixas de papelão cheios por todos os lados, provavelmente trazidos pelas carrocinhas, das quais havia várias estacionadas. Contudo, nada do mendigo de gravata. Assim que vi alguém circulando pela área, indaguei pelo homem de terno. — Ah — respondeu —, deve ser Seu Benedito. Ele está lá no escritório. Apontou para uma estrutura que eu não tinha observado antes e que ficava a poucos metros de lá. Era um barracão de madeira, com janela, da qual saía um feixe de luz emanado do teto do recinto, proveniente de uma luminária de luz branca. Dirigi- me ao local e entrei pela porta semi-aberta. Sentado atrás de uma escrivaninha delapidada, estava nosso homem, com um jornal na mão e um charuto na boca. Não havia sequer tirado o paletó. Na mesa, havia uma garrafa térmica e um copo descartável com café pela metade. — Então conseguiu chegar até aqui... — comentou, tirando o charuto da boca e esboçando um sorriso, com dentes amarelados e cariados à vista. Para justificar minha curiosidade, expliquei-lhe que desejava entrevistá-lo. Foi, então, que contou-me um pouco de sua vida. Fazia dois anos que perdera tudo que tinha quando ocorreu uma enchente na periferia da cidade. Sua moradia desabou, levando junto sua mulher e único filho. Na ocasião, estava desempregado e soube da tragédia apenas quando retornou para casa à noite, após longo dia em busca de trabalho. Só lhe restara a roupa do corpo. Com um gesto, deu a entender que era a mesma que estava usando! Fora acolhido por vizinhos, que sofreram menos com a catástrofe, porém, também se encontravam em situação crítica. Um deles trabalhava neste depósito de reciclagem e o convidou para vir com ele. A caminho, foram recolhendo os utensílios que pudessem ser aproveitados para reciclar. Por usar terno e gravata, fato inusitado entre os demais trabalhadores, logo foi elevado a gerente do depósito. Desde então, apesar de ter arranjado um novo lugar para residir e estar numa situação econômica um pouco melhor, vinha diariamente ao depósito vestido tal qual no primeiro dia, para nunca mais se esquecer que fora com a ajuda dos amigos que conseguira superar as dificuldades ocasionadas pela tempestade. No entanto, não conseguiu perder o hábito de separar todos os objetos para reciclagem que achava a caminho do trabalho, pois sabia que fora isso que se tornou seu ganha-pão, e que o fizera se reerguer. Agora, quando vou caminhar e vejo alguém revirando o lixo da avenida, eu me pergunto: — Será o Benedito? Menção Honrosa Prêmio Flerts Nebó 2005/2006 Sérgio Perazzo Médico psicodramatista São Paulo - SP Wagner está esperando lá fora Era uma dessas noites de outubro carregada de vaticínios e eletricidade, que depois se transformava em garoa insistente. Fazia um frio de julho embaixo do viaduto. Alguém acendeu uma fogueira, que fosse para espantar mosquito, e para ali foram rodeando todos os homens, mulheres e crianças de rua do pedaço. Catadores de lixo e de papel. Malabaristas de sinal de trânsito. A sombra bruxuleante das chamas pintava em cada rosto uma maquiagem de teatro. De acordo com as preferências, rodava, vez por outra, uma garrafa de branquinha, cachimbo de crack ou lata de cola. Mais adiante, um grupo de voluntárias distribuía pratos fundos de sopa. Uma espécie de minestrone que os sem-teto tomavam como um aperitivo. Não tinham cara nem postura de famintos. Sabiam que homem de rua não passa fome? Podiam até escolher entre os fundos de um restaurante francês e os de um italiano ou árabe ou português, como um grande cardápio internacional de sobras à Ia carte. Um fricassê de restos ainda cheirando a alho e pimenta. Naquela noite já tinham jantado e a sopa de altruísmo e de filantropia, assim como podia ser de letrinhas, só por via das dúvidas, era a garantia de um sono até mais tarde, uma espécie de cobertor por dentro. Afinal de contas amanhã era sábado e seria falta de caridade deixar as voluntárias com as mãos abanando depois de tanto esforço em acordar cedo para ir ao Ceagesp e escolher cada legume de encomenda para o tal minestrone. Mesmo que tivessem se fartado de vichyssoise do Chez Qualquer Coisa ali da esquina uma hora antes. Enquanto molhavam o pão na sopa, encaravam de vez em quando o enxame de travestis na calçada em frente, com sua ousadia displicente e escarrada, microssaias, salto agulha num pé 42 e decotes que mostravam até o avesso de cada decilitro de silicone com marquinha de biquíni da Praia Grande, a BB, Big Beach da Flórida dos pobres. continua na página 5
  • 5. O Bandeirante Dezembro 2006 5Suplemento Literário Não muito longe das bancas de flores do Largo do Arouche as putas faziam outro ponto mais abaixo, com seus pneuzinhos pedindo uma lipo, seus piercings no umbigo e suas cicatrizes de cesariana disfarçadas com tatuagens. Lá pros lados da Consolação veio surgindo, em direção à Santa Casa, umas figuras que pareciam estar vestidas com uma espécie de camisolões azul-claro, pregueados como paramentos de sacristia. Ensaio de escola de samba em outubro? Não podia ser. É claro que não. Foram chegando um a um, se abancando em torno da fogueira. Era um coral que depois do ensaio resolvera se apresentar ali, na chuva, bem embaixo do Minhocão, em plena Amaral Gurgel. O dificil era começar. Explicavam ou não porque estavam ali? Começavam logo a cantar sem mais? Sentiam na pele todo o constrangimento que o choque da pobreza sem disfarce provocava sempre. Afinal, meio desenxabidos, foram se compondo na sua formação de sopranos, contraltos, tenores e baixos. Só faltavam os castrati. O regente deu o sinal, depois de afinar as vozes com o diapasão, e das gargantas inibidas ressoou, enfim livre, o Te Deum de Haydn, passando pela Abertura dos mestres cantores, até explodir no Coro dos peregrinos da ópera Tannhauser de Wagner. Mesmo que alguns preferissem um sambinha de pagode, que não tinham coragem de pedir, intimidados que estavam por uma beleza gratuita a que não estavam acostumados, a música exercia o seu poder hipnótico, a sua magia inexplicável, de uma tal forma, que a sopa esfriou e ficou pela metade e as putas e os travestis deixaram de rodar bolsinha e atravessaram a rua juntando-se aos sem-teto para ouvir melhor o dueto entre soprano e tenor em seus solos cristalinos. As voluntárias largaram panelas e conchas num vão de concreto. O viaduto virara uma sala de visitas de um sarau de família com um clima solene de nave de catedral. De uma sala de concertos informal de algum urbanista um tanto pirado. O fogo, como a luz vacilante de velas votivas, escaneava cada ruga, cada cabelo desgrenhado, cada cicatriz, do corpo ou da alma, cada remela, cada barba arrepiada, cada tufo de pêlo, cada pé imundo, um capítulo de Vítor Hugo ilustrado com uma composição do velho Pieter Brueghel e gravuras de Gustave Doré. A princípio, sem que se notasse, um vulto veio vindo do fim da rua. Como se estivesse esse tempo todo esperando do lado de fora. Uma cabeçorra atarraxada num sobretudo escuro de lã. O cachecol enrolado no pescoço mal deixando distinguir o rosto. De repente levantou os braços como um maestro na iminência de um concerto e um tropel de sopros e percussão começou a se fazer ouvir, primeiro em surdina, depois em crescendo, duelando com o Coro dos peregrinos. A cada acorde que soava, brotava do asfalto um soldado de uniforme negro de rosto lívido, frio e cruel, de olhos vazados, como um fantasma do inferno, com um distintivo de caveira acima da aba do quépi, numa cadência de passo de ganso. Logo o coro, as putas, os travestis, as crianças perdidas, as voluntárias e os homens de rua estavam cercados por uma tropa espectral das SS, como num campo polonês de extermínio de prisioneiros judeus. Um clima de mo Reich. Ninguém saiu, ninguém parou de cantar, mas o Cabeção Encapotado não parava de reger como um führer enlouquecido discursando e esmurrando o ar numa praça repleta de fanáticos. O tropel chegou ao seu volume máximo e loiras donzelas angelicais, tranças escorrendo pelas vestimentas brancas, desceram em chusmas de seus cavalos imaculados e acolheram no colo os peregrinos, os sem-teto, as putas, os travestis, as crianças abandonadas, as voluntárias, cada membro do coro e até mesmo o regente, no seu êxtase e no desamparo. E do lado de fora, como um louco, como um alucinado, Wagner gargalhava e não parava de reger, amplificando os metais estrepitosamente na sua Cavalgada das Valquirias. Wagner está esperando lá fora - continuação Não é culpa de ninguém. A vida é que é mesmo assim. O menino maltrapilho que te amola pedindo esmola no sinal vermelho, este menino pentelho que tem a idade do teu filho, sujo, descalço, de calça arregaçada, uma triste premonição, é o mesmo que te dá as costas para cheirar um resto de cola num pedaço de muro de demolição num canto escuro de calçada. Com sorte seu destino é a Febem. Não é culpa de ninguém. Não é culpa de ninguém? O motorista arrogante ouvindo rock do Supla parado em fila dupla só para comer caviar e beber até vomitar no abrigo do restaurante. Prêmio Bernardo de Oliveira Martins Melhor poesia 2005/2006 Sérgio Perazzo Médico psicodramatista São Paulo - SP Não é culpa de ninguém. Não é culpa de ninguém? A madame consumista, como quem nada quer, arrastando o seu lulu pela escada do shopping center, estufada de silicone. Detona na ponta de estoque o cartão de ouro da Daslu, do biquíni até o sarongue, a maquiagem sem retoque. Estagiária de aspone, bate o ponto numa ONG onde tem salário e cota e ainda por cima vota no partido comunista. Não é culpa de ninguém. Não é culpa de ninguém? A ninfeta soropositiva, por milagre ainda viva, que vende o corpo e a vida por um punhado de comida, por meia dúzia de reais ou assalta, na manha, o bolso cheio do turista sexual, num lance legal de boa-noite-cinderela, por um pouco mais, para pegar a xepa da feira, até ontem balconista sem salário que, em casa, ainda apanha do esquenta-cama temporário como cão sem dono, sem porém, dorme à noite no trem um sono de mãe solteira, um sonho de passionária, um sonho só dela, que termina na cela de uma penitenciária. Não é culpa de ninguém. Não é culpa de ninguém? A rave em onda de ecstasy entrando de sola na porta da escola e a polícia de Honda na lista de elite do tráfico da favela, um rap batucando panela, o mano de gorro baleado (Socorro!) na porta do baile funk, a mãe, lavadeira, no tanque. Não é culpa de ninguém. Não é culpa de ninguém? O clero na sacristia sem perder a fé e a linha. Sou contra a camisinha. Pedofilia! Pedofilia? Filhos de ninguém continua na página 6 Não é culpa de ninguém. Não é culpa de ninguém? O político de Brasília, terno branco, bico fino, enfim, um pai de família, só falta ser pai-de-santo. Chamado aqui de canto, um cara-de-pau na lata, discurso de burocrata dando uma de militante, se fingindo sem camisa, terninho petista à Ia Marisa, braços dados com o lobista, campeão de vela e remo consagrado herói e artista no altar ilibado da História com a vitória no Supremo. A escória vestida de beca na praia jogando peteca, eu sou mais eu, mais eu. Passaporte azul europeu carimbado no paraíso fiscal acima do bem e do mal. Não é culpa de ninguém. Não é culpa de ninguém? A consciência babando tevê não está no aqui nem no agora. Ri como hiena não sei de quê. Geme com as popozudas do Domingão do Faustão de peminha grossa e de bunda de fora. Afinal, ninguém se safa da boquinha da garrafa. Roça o biscoito escondido do desfecho de todo este drama. Rega ilusão e transplanta mudas. Treme com o capítulo colorido da nova novela das oito
  • 6. 6 O Bandeirante Dezembro 2006 Suplemento Literário Filhos de ninguém - continuação Era um dia A rodinha Erodia. Heródes, Herói Que corrói, Heroína E cocaína; É a América latrina. Panem et circes, More circus than bread. Bread! Bread! Pane! Pão! Não! No lo ganas! La grana, No ves ella. Caracoles! Caracas. Venezuela. Bolívia. Cuba. Havana, Nirvana. Me engana. Tirana. Choupana. Dava cana. Cana dá. É só “piá”. Chupa cana Pero no mucho... Pra encher o bucho que começa e termina na cama. A propaganda não dá trela. O olho se acostuma. Em suma, está acostumado. Um olho cheio de remela. Completamente chapado. Não é culpa de ninguém. Não é culpa de ninguém? Perto de tudo isso, meu filho, a porta que nos bate na cara a mulher amada parece grande, mas no fundo é pouco, é quase nada, nada pesada. Coisa de doce namorada se comparada ao último seqüestro. Mero acidente de estrada. Dupla mão. Ambidestro. Essas são coisas pelas quais a gente chora. Ou não chora. E agora? Cante a brisa. Espane este rastilho seco de pólvora. Essa dor que parece infinita, essa dor passa. Um dia ela passa. Ou não passa. Vai por mim. Durma meu filho. Sonhe com o amanhã. A vida não é sempre assim. Menção Honrosa Prêmio Bernardo de Oliveira Martins 2005/2006 Geovah Paulo da Cruz Médico oftalmologista São Paulo - SP O vírus Solo mierda. Habrá mierda pra todos? Para os burocratas? Os estatais? E outros que tais. Quais? Os mais iguais. E aqui no Brasil? Por quanto tempo mais? Oh tempora, oh mores! Não mores Não comas Não bebas Não trabalhes Não vivas. Siamo foduto Tutto puto Fajuto Da Silva. “Deitado eternamente em berço esplêndido” E perdendo o barco da história Por esta esquerda simplória, Sem glória, Nem memória, Enquanto o resto do mundo exorciza O socialismo E sua turva divisa, O fracassado comunismo. Gentes grosseiras E sem maneiras. Companheiros! Os home come as muié! Imagem no espelho retrato da gente reflete o semblante do ente que passa daquele que olha contornos do corpo buscando um conforto ao ver na pantalha a bela figura sorriso aberto! Alegria que espalha nas faces rosadas nos olhos brilhantes. Menção Honrosa Prêmio Bernardo de Oliveira Martins 2005/2006 Alcione Alcântara Gonçalves Médico psiquiatra Tupã - SP Espelho quebrado Cabelos sedosos um busto que arfa cintura delgada no corpo esbelto mãos afiladas pernas torneadas que vulto mirabolante surgiu num relâmpago e sumiu de repente no espelho quebrado. Cantando na Praça da Sé: “Meu bem, vamos embora Que esperar não é fazer. Quem sabe faz na hora, Não espera amolecer”. É frei de mente aberta Louvando a cultura analfabeta. Bispo com jeito de bicha Chelebrando missha Pra quem tem ficha No shindicato. Passeata. Ato. Carrapato Grudado no imposto do trabalhador Assim não dá pé. E agora José? Se você tivesse vergonha, Se você tivesse brio, Se você tivesse moral, Não votava. Rasgava. Anulava. Deletava. Descartava. Depois alguém violava A Constituição E outra faria, Clone da atual. A dos miseráveis, Dos descartáveis, Dos enganáveis. Monumental. Nacional. Federal. Municipal Estadual. Estado anal (No da gente, sem lubrificante...) “Mas se um dia a pátria amada Precisar da macacada, Puta merda, que mancada! Amor febril, Pelo barril”. Tudo pelo social. Hosanas ao boçal! Viva a república sindical E suas éticas flácidas! “O virus do Ipiranga às margens plácidas...”
  • 7. O prêmio é uma homenagem a um dos ilustres membros da SOBRAMES São Paulo, o médico e poeta Dr. Bernardo de Oliveira Martins. Ele nasceu em 13.03.1919, na cidade da Lapa, no Paraná. Foi médico ginecologista, e também Mestre em Saúde Pública. Ingressou na SOBRAMES-SP em 1991 e sempre teve grande destaque com seus textos poéticos. Faleceu em 10.07.1997. O “Prêmio Bernardo de Oliveira Martins” foi criado nesse ano, chegando à nona edição. Dele participam todas as poesias apresentadas durante as Pizzas Literárias no período de um ano. Já receberam a medalha que simboliza o prêmio os confrades Edson Batista de Lima (1998), Aldo Miletto (1999), Roberto Caetano Miraglia (2000), José Rodrigues Louzã (2001), Aldo Miletto (2002), Luiz Jorge Ferreira (2003), Marcos Roberto dos Santos Ramasco (2004) e Sérgio Perazzo (2005), além de menções honrosas a outros poetas. Em 2006 o poeta Sérgio Perazzo é mais uma vez agraciado com o prêmio deste concurso, com a poesia “Filhos de Ninguém”. O Bandeirante Dezembro 2006 7Patronos dos Concursos POESIA Prêmio Bernardo de Oliveira Martins PROSA Prêmio Flerts Nebó Visando premiar também os prosadores da SOBRAMES-SP criou- se em 2000 o prêmio para a melhor prosa de cada ano, dentre os textos apresentados durante as Pizzas Literárias, e que recebeu o título de Prêmio Flerts Nebó. Médico reumatologista, Flerts Nebó nasceu em São Paulo, em 9 de setembro de 1920. É um dos fundadores da SOBRAMES-SP, já tendo ocupado sua presidência por três gestões, além de inúmeros cargos na diretoria. É Membro Honorário e Membro Emérito da Regional São Paulo. É autor de mais de 65 livros, a grande maioria romances. O prêmio chega em 2006 à sua sétima edição e já teve os seguintes contemplados: Roberto Caetano Miraglia (2000), Marcos Gimenes Salun (2001), Paulo Adolpho Leierer (2002), Walter Whitton Harris (2003), Josyanne Rita de Arruda Franco (2004) e Marcos Roberto dos Santos Ramasco (2005), além de menções honrosas a outros escritores. Alitta Guimarães Costa Reis, com o conto “Olho de elefante” é a vencedora em 2006. Nossos convidados para o JURI de 2006 POESIA - A escolha da melhor poesia 2005/2006 e de duas menções honrosas, dentre os 62 textos inscritos ficou a cargo dos seguintes confrades, membros de outras regionais: Lilian Maial (Rio de Janeiro), Paulo Camelo de Andrade Almeida (Pernambuco), João Batista de Alencastro (Goiás), Luiz Gonzaga Barreto (Pernambuco) e Sonia Maria Barbosa (Paraná). PROSA - Para escolher a melhor prosa 2005/2006 e duas menções honrosas, dentre os 63 textos inscritos, participaram do juri os seguintes confrades: Laércio Ney Nicaretta Oliani (Goiás), Eberth Franco Vêncio (Goiás), Ruy Perini (Espírito Santo) e Josemar Otaviano de Alvarenga (Minas Gerais). Junto aos seus votos, alguns de nossos jurados também enviaram comentários ou deram opiniões sobre o evento. Destacamos a seguir as palavras de dois deles: De Josemar Otaviano Alvarenga, presidente da SOBRAMES-MG: “Foi com imenso prazer, honra e alegria que, esta presidência da SOBRAMES/MG aceitou o convite para participar como jurado, de trabalho tão importante e significativo para a SOBRAMES, o prêmio da justa homenagem ao grande Flerts Nebó. Aproveito a oportunidade para cumprimentar a SOBRAMES-SP, a diretoria atual, os sócios, pela grandeza democrática demonstrada, em respeito ao estatuto. Estendo os cumprimentos ao confrade Begliomini e sua chapa, eleitos à presidência do novo biênio. Além de escritores, não devemos só pissitar. Nos devemos ao exemplo ético e moral, a que todos se possam ao espelho desejável. SOBRAMES é maior que as vaidades e solipsismos redundantes. Parabéns e avante, SOBRAMES!” De Laércio Nei Nicaretta Oliani, membro da SOBRAMES-GO: “É com imensa satisfação e orgulho que envio minha modesta contribuição para este prestigiado evento de nossa regional paulista da SOBRAMES. Eternamente grato e envaidecido pela oportunidade, espero ter realizado à altura a nobre missão que me foi confiada, parabenizando de antemão aos participantes pela qualidade dos trabalhos, à diretoria pela competente organização e a todos os confrades que não olvidam esforços para dignificar os princípios sobrâmicos. Por conta de compromissos inadiáveis não poderei estar presente ao evento, porém deixo aqui meus fraternos votos de Boas Festas e sucesso a todos.” Algumas opiniões Registro OFERENDA, ATÉ FEVEREIRO - De 13.12.2006 até 12.02.2007 estará aberta ao público no Centro Cultural APSEN a exposição “Oferenda”, da artista plástica Martha W.Farias.O Candomblé e uma série de Orixás inspirados na cultura afro- brasileira é o tema da exposição. As obras terão legendas em português e em braile. Há ainda esculturas que podem ser manuseadas por deficientes visuais, além de miniaturas de instrumentos e ferramentas utilizadas pelos Orixás. O Centro Cultural APSEN funciona de terça a sábado, das 12h00 às 20h00 e domingos das 12h00 às 18h00. Fica na Av.Morumbi, 5594 (Casa da Fazenda do Morumbi). Veja maiores detalhes em www.apsen.com.br. MEMÓRIA DA DESTRUIÇÃO - Recebemos da FAPEAL - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas, o Calendário 2007, que tem como tema 12 edifícios e monumentos daquele Estado que sofreram processo de abandono ao longo dos anos. É um importante documento histórico, com fotos atuais e dos tempos de glória desse patrimônio histórico degradado. Informações: www.fapeal.br. REVISTA OFICINA DE LETRAS - Recebemos da SOBRAMES - regional Pernambuco, através de seu presidente, Dr. Luiz Barreto, o livro “Revista Oficina de Letras”. Trata-se da 23ª edição dessa obra cuja publicação teve início em 1990. Partricipam desta edição 39 autores, a maioria vinculados à regional pernambucana e também a alguns outros Estados. Informações pelo e-mail igbarreto@uol.com.br.
  • 8. 8 O Bandeirante Dezembro 2006 Coletânea A Pizza Literária: flagrantes do lançamento Nem mesmo um dos maiores congestionamentos do ano registrados na cidade de São Paulo, ocorrido no último dia 4 de dezembro, impediu que cerca de oitenta pessoas estivessem presentes no singelo coquetel que marcou o lançamento da coletânea 2006 da SOBRAMES-SP. A chuva intensa que se abateu sobre a cidade desde o final da tarde daquela segunda- feira não permitiu que boa parte dos convidados pudessem se locomover até a Rua Alves Guimarães, onde acontecia o lançamento. O fato, porém, não ofuscou o brilho do evento. Contando com a participação de 33 autores, os 1350 exemplares de “A Pizza Literária - nona fornada”, publicados pela Rumo Editorial já estão circulando. Alguns dos autores que não puderam comparecer ao encontro devem receber seus livros pelo correio nos próximos dias. A seguir alguns flagrantes do lançamento, que você poderá ver também no blog da coletânea em http://coletanea2006.blogspot.com. A obra poderá ser adquirida com os autores ou através do e-mail SOBRAMES@UOL.COM.BR. ABRAMES PREMIA HELIO E NELSON: Durante a realização da Semana da Academia Brasileira de Médicos Escritores, em 22 e 23 de novembro, na Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, Nelson Jacintho tomou posse da cadeira nº 16 daquele sodalício, e ganhou o primeiro lugar num dos temas de trovas. No mesmo evento, Helio Begliomini recebeu menção honrosa no concurso de poesias, segundo lugar no concurso de crônicas e primeiro lugar no concurso de ensaios. MARCOS GIMENES SALUN recebeu o título de Membro Honorário da SOBRAMES-SP no último dia 9 de dezembro, durante almoço realizado no Consulado Geral Britânico em São Paulo, ao qual compareceram presidentes e integrantes da diretoria das últimas quatro gestões nas quais Salun atuou, além de membros da diretoria eleita para o próximo biênio, da qual ele também faz parte. HELIO BEGLIOMINI tomou posse no dia 23 de novembro, na cidade no Rio de Janeiro, como membro correspondente da tradicional Academia Nacional de Medicina, sendo saudado pelo acadêmico Ronaldo Damião. Em seu discurso de posse enalteceu a saga desse augusto sodalício com 177 anos de existência, o mais antigo em atividade no Brasil, celeiro de destacados profissionais que fizeram e que fazem parte da história da medicina brasileira, assim como exaltou a arte de curar como uma profissão privilegiada, ao mesmo tempo em que divina, e, particularmente, dissertou sobre sua alegria pela vocação ao sacerdócio de Hipócrates coroado de realizações, reforçado agora com esse inaudito galardão. Walter Harris, Luiz Giovani e Helio Begliomini. A Pizza Literária Carlos Galvão, Walter Harris e Naira Gimenes Nelson Jacintho e Rubens Paulo Gonçalves Marcos Salun, Mélida Velasco (centro) e duas convidadas. Flerts Nebó e Evanir Carvalho Evanir Carvalho, Sonia Andruskevicius e Arlete Giovani (ao fundo) Destaques da regional São Paulo Registramos aqui os destaques mais recentes envolvendo alguns membros da regional São Paulo: NãopercaapróximaPIZZALITERÁRIA:18.01.2007 PizzariaBondePaulista-RuaOscarFreire,1597-19h30.